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ENCERAMENTO PROGRESSIVO 
 
Alfredo Julio Fernandes Neto & Marlete Ribeiro da Silva - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 
 
 
 
Os critérios para o sucesso de uma 
reabilitação oral incluem, além das 
habili-dades técnicas clínicas e 
laboratoriais, o conhecimento da 
harmonia entre os componentes 
fisiológicos do aparelho estomatognático 
- AE: ATMs, oclusão dentária 
(morfologia oclusal), sistema 
neuromuscular e periodonto. 
A morfologia oclusal em harmonia 
com os demais componentes do aparelho 
estomatognático, promove um estímulo 
fisiológico ao periodonto imprescindível 
na manutenção da estabilidade oclusal. 
Para isto, a superfície oclusal deve: 
1. Apreender e triturar alimentos; 
2. Estar em harmonia com os tecidos 
adjacentes; 
3. Direcionar as forças no longo eixo do 
dente; 
4. Promover conforto e, 
5. Ausência de interferência oclusal. 
1. Apreensão e corte dos alimentos. 
As estruturas que compõem a superfície 
oclusal dos dentes posteriores são: 
cúspides (ponta, vertentes triturantes e 
lisas, arestas longitudinais mesial e 
distal), sulcos, fossas e cristas marginais 
mesial e distal. 
As cúspides vestibulares superiores 
e linguais inferiores (cúspides não 
funcionais ou de não contenção cêntrica), 
exercem a função de apreensão e corte 
dos alimentos. 
As cúspides palatinas superiores e 
vestibulares inferiores (cúspides 
funcionais ou de contenção cêntrica), 
ocluem nas fossas dos antagonistas 
triturando o alimento que escapa pelo 
trajeto dos sulcos principais e 
secundários, (fig. 01). 
 
 
Fig. 01 - Apresentação esquemática da trituração 
e escape do alimento, pelo dentes posteriores. 
(desenho modificado de THOMAS, P.K.) 
 
2. Harmonia com os tecidos 
adjacentes. 
O movimento articular implica em 
movimento mandibular. Este movimento 
apresenta vários padrões de diferenças 
individuais, entre eles, a configuração de 
ambas as fossas condilares, o relaciona-
mento vertical dos dentes anteriores e o 
relacionamento da mandíbula com o 
crânio através do sistema neuromuscular, 
(fig. 02). 
O relacionamento ideal dos elemen-
tos da oclusão deve ser tal que os dentes 
posteriores nunca se contatem durante o 
movimento mandibular, e este inicie e 
termine na posição fisiológica inicial dos 
movimentos mandibulares, relação cêntri-
ca - RC. O contato dos dentes posteriores 
durante os movimentos mandibulares 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 27
poderá resultar ao sistema neuromuscular 
uma situação de estresse, uma desordem 
no periodonto de sustentação, um desgas-
te dentário e ou desordem nas ATMs. 
 
 
Fig. 02 - Harmonia dos elementos da oclusão, e 
entre estes e o sistema neuromuscular. (desenho 
modificado de THOMAS, P.K.) 
 
3. Direcionamento das forças 
oclusais no longo eixo dos dentes. 
A força lateral que incide sobre os 
dentes é sempre destrutiva ao periodonto. 
Quando os dentes naturais ocluem em 
uma relação cúspide-fossa, os contatos 
devem ser do tipo tripoidismo, (fig. 03). 
 
 
Fig.. 03 - Côn-
tatos de tripoidis-
mo na oclusão 
dentária. desenho 
modificado de 
THOMAS, P.K.) 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa maneira, quando os dentes 
posteriores ocluem numa relação cúspide-
fossa, a força é direcionada no longo eixo 
do dente (fig. 04). Assim, a força não será 
deflectiva, seja no sentido vestíbulo-
lingual ou mesio-distal. 
 
 
 
 
Fig. 04 - Direcionamento das 
forças oclusais no longo eixo 
dos dentes posteriores. 
(desenho modificado de 
THOMAS, P.K.) 
 
 
 
 
 
 
 
4. Promover conforto. 
Uma restauração fisiológica é 
aquela cujo paciente não tem consciência 
da mesma, seja em função ou não, não 
causando nenhum desconforto ao 
paciente. Dessa maneira, a superfície 
oclusal de uma restauração deve estar em 
harmonia com os movimentos mandibu-
lares, não induzindo nenhum estresse ao 
sistema neuromuscular, (fig. 05). 
 
 
Fig. 05 - Representação esquemática da estabili-
dade condilar e oclusal, proporcionando conforto 
ao sistema neuromuscular. (desenho modificado 
de THOMAS, P.K.) 
 
5. Ausência de interferência 
oclusal. 
Assim que se inicia o movimento 
mandibular os dentes posteriores são 
separados devido à função harmoniosa 
entre os dentes anteriores (guia anterior) 
e a fossa condilar. Os dentes posteriores 
antagônicos não podem contatar durante 
os movimentos mandibulares, essa 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 28
relação é chamada de desoclusão, (fig. 
06B). 
Já o contato das cúspides dos 
dentes posteriores durante os movimentos 
mandibulares são referidos como 
interferência oclusal, (fig. 06C). 
 
 
Fig. 06 - Relacionamento oclusal, A: ORC, B: 
desoclusão durantes os movimentos mandibu-
lares, C: interferência oclusal durante os 
movimentos mandibulares. (desenho modificado 
de THOMAS, P.K.) 
 
Oclusão orgânica 
 
O homem adquire no decorrer da 
vida vários tipos de oclusão. No entanto, 
estas relações oclusais nem sempre são 
ideais para os dentes naturais, periodonto, 
ATMs e demais componentes do 
aparelho estomatognático. 
Na busca de uma oclusão 
harmônica com a biologia dos tecidos e a 
fisiologia do aparelho estomatognático, 
Stallard, Stuart e Thomas baseados nos 
trabalhos de McCollum, que a princípio 
acreditava na oclusão balanceada, 
estabeleceram os requisitos da oclusão 
orgânica para dentes naturais. 
Sendo aplicada pelos gnatologistas 
na prática da reabilitação oral e no 
tratamento da oclusão patológica, a 
oclusão orgânica é também largamente 
reconhecida pelos periodontistas. 
A oclusão orgânica é o arranjo 
fisiológico da dentição. 
Requisitos de uma oclusão 
orgânica: 
1. Oclusão em relação cêntrica - ORC. 
2. Estabilidade oclusal - EO. 
3. Relacionamento oclusal. 
4. Força oclusal vertical. 
5. Tripoidismo. 
6. Guia anterior - GA. 
7. Limitação da mesa oclusal. 
1. Oclusão em relação cêntrica é a 
coincidência da relação cêntrica com a 
intercuspidação bilateral simultânea e 
uniforme, na oclusão dentária. 
2- Estabilidade oclusal é obtida 
através dos contatos dentários bilaterais 
simultâneos, em RC e com a mesma 
intensidade quando da oclusão dentária. 
Pequenos movimentos mandibulares 
desocluem os dentes posteriores. 
3- Relacionamento oclusal: 
3.1- cúspide x fossa: é a relação de 
um dente contra um dente, através da 
oclusão das cúspides funcionais dos 
dentes inferiores (vestibulares) ocluindo 
nas fossas dos dentes superiores (fig. 07A 
e 07C) e as cúspides funcionais dos 
dentes superiores (palatinas) nas fossas 
dos inferiores, (fig. 07B). 
 
Fig. 
07 - Relacionamento oclusal cúspide x fossa: A - 
oclusão das cúspides funcionais dos dentes 
inferiores (vestibulares) nas fossas dos dentes 
superiores; B - oclusão das cúspides funcionais 
A B C
B
A 
C 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 29
dos dentes superiores (palatinas) nas fossas dos 
inferiores; C- relação cúspide x fossa em OCR. 
 
A oclusão cúspide-fossa direciona 
as forças para o longo eixo dos dentes e é 
fisiológica (Fig. 08). 
 
 
 
Fig. 08 - Direcionamento 
das forças para o longo 
eixo do dente em uma 
relação cúspide x fossa. 
(desenho modificado de 
THOMAS, P.K.) 
 
 
 
 
 
 
3.2- Cúspide x crista marginal: 
Este tipo de oclusão é freqüente-
mente encontrado nos dentes naturais 
(fig. 09A). 
Ao contrário da oclusão cúspide x 
fossa, que é estável com o tripoidismo, na 
oclusão cúspide x crista marginal tanto a 
cúspide de contenção, como as cristas 
marginais tendem a se desgastar e a 
impactar alimentos no espaço interpro-
ximal (fig. 09B), sendo potencialmentedestrutiva ao periodonto. 
 
 
Fig. 09 - A: Relacionamento oclusal cúspide x 
crista marginal; B: relação de um dente contra 
dois dentes, resultando em impacção alimentar e 
injúrias ao periodonto. (desenho modificado de 
THOMAS, P.K.) 
No quadro 01 observa-se a 
comparação dos relacionamentos 
oclusais, cúspide versus fossa e cúspide 
vesus crista marginal: 
 
Quadro comparativo dos tipos de oclusão 
 Cúspide-
fossa 
Cúspide-crista 
marginal 
Localização 
dos contatos 
oclusais nos 
antagonistas 
Somente nas 
fossas 
oclusais 
Cristas 
marginais e 
fossas oclusais
Relação entre 
os dentes 
antagonistas 
Um dente 
contra um 
dente 
Um dente 
contra dois 
dentes 
Vantagens Forças 
oclusais no 
eixo médio 
longitudinal 
do dente 
Encontra-se 
em 95% dos 
adultos 
Desvantagens Raramente é 
encontrada 
em dentes 
naturais 
Impacções 
alimentares e 
deslocamento 
de dentes 
Aplicações Em 
reabilitações 
orais 
completas 
Na maioria 
das 
restaurações 
na prática 
diária 
Quadro 01- Comparação dos relacionamentos 
oclusais. 
 
4- Força oclusal vertical na oclusão 
dentária, é o contatar uniforme dos dentes 
posteriores quando ocluem numa relação 
cúspide fossa (Fig 10). 
Este relacionamento objetiva dire-
cionar a força oclusal no longo eixo 
médio do dente, evitando sobrecarga late-
ral e produzindo uma relação fisiológica. 
 
 
 
 
Fig. 10 - Força oclusal 
vertical na oclusão dentária. 
(desenho modificado de 
THOMAS, P.K.) 
 
 
 
 
 
A 
B 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 30
 
5- Tripoidismo é o contato tipo 
tripé entre as cúspides funcionais e as 
fossas antagonistas dos dentes em uma 
relação cúspide-fossa, (Fig. 11). 
 
Fig 11 - Dese-
nho esquema-
tico do tripé na 
fossa. (desenho 
modificado de 
THOMAS, 
P.K.). 
 
A fossa é uma depressão criada por 
três elevações e a cúspide toma a forma 
de uma esfera. O contato entre estas é 
similar ao de uma bola suportada por três 
dedos, criando um tripé. Naturalmente, a 
cúspide nunca toca o fundo da fossa, fig. 
12. 
 
 
Fig. 12 - Representação esquemática do relacio-
namento cúspide fossa (desenho modificado de 
THOMAS, P.K.). 
 
 Esse relacionamento produz o 
máximo de estabilidade no sentido 
vestíbulo-lingual e mesio-distal, com o 
mínimo contato o que evita a abrasão de 
ponta de cúspide funcional, (fig. 13). 
 
 
Fig. 13: Representação esquemática do 
tripoidismo, (desenho modificado de THOMAS, 
P.K.). 
Numa vista vestíbulo lingual, na 
figura 14.A, os contatos na oclusão 
cúspide-fossa são denominados A, B, C. 
Sem o contato A ou C, a força oclusal 
pode ser direcionada próxima ao longo 
eixo do dente com grau de tolerância. No 
entanto sem o contato B, a força oclusal é 
aplicada lateralmente, criando uma 
oclusão patológica, logo o contato B é 
extremamente importante (fig. 14.B). 
 
 
Fig. 14 - Conatos na oclusão cúspide fossa, A: 
pontos de contatos A, B e C; B: ausência do 
contato B. (desenho modificado de THOMAS, 
P.K.) 
 
Onde ocorrer pontos de contato 
versus superfície de contato, haverá um 
aumento na eficiência de corte das 
restaurações e proporcionará uma 
desoclusão imediata, fazendo com que as 
restaurações se tornem mais duradouras. 
Já o contato entre duas superfícies 
desgastadas tem o perigo potencial de 
incluir força oclusal lateral, e são sempre 
deteriorantes. 
6- Guia anterior, ocorre durante os 
movimentos mandibulares, quando todos 
os dentes posteriores se afastam, não 
contatando, até que entrem em oclusão no 
final do ciclo mastigatório. 
Na oclusão orgânica os dentes 
anteriores protegem os posteriores e os 
posteriores, os anteriores. É a chamada 
oclusão mutuamente protegida. 
O termo desoclusão, significando 
separação, é utilizado em contraste com o 
termo oclusão. Especificamente, desoclu-
são significa que os dentes posteriores 
(que ocluem por meio das faces oclusais) 
são separados durante os movimentos 
A B 
AA BB CC
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 31
mandibulares pelos anteriores (que 
incisam por meio das faces incisais) e que 
os anteriores são separados quando os 
dentes posteriores ocluem. Por tanto em 
condições anatomo fisiológicas o 
indivíduo não oclui e incisa ao mesmo 
tempo. O fato dos posteriores não 
contatarem nos movimentos mandibu-
lares, mantém a superfície oclusal dos 
posteriores sem facetas, conservando a 
oclusão estável, (fig. 15). 
 
 
Fig. - 15 Representação esquemática da 
desoclusão dos dentes posteriores pela ação da 
guia anterior. (desenho modificado de THOMAS, 
P.K.) 
 
Qualquer contato nos dentes poste-
riores feito durante o movimento mandi-
bular, é chamado interferência oclusal. 
Quando esta interferência existe, a força 
oclusal é aplicada lateralmente ao dente 
sendo destrutiva ao periodonto, Fig. 16. 
 
 
 
 
Fig. 16 - Interferência 
oclusal durante movimento 
mandibular. (desenho 
modificado de THOMAS, 
P.K.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando ocorre uma interferência 
oclusal durante o ciclo mastigatório, esta 
é reconhecida pelos sensores proprio-
ceptivos do periodonto (aferentes), e a 
mensagem é transmitida ao SNC. Por sua 
vez, o SNC envia uma mensagem ao 
músculo, e este desvia a mandíbula de 
sua trajetória fisiológica. Esta tendência é 
particularmente aparente, no movimento 
que antecede o retorno da mandíbula para 
a posição fisiológica de fechamento. 
7-Limitação da mesa oclusal, em 
uma restauração, a mesa oclusal não deve 
ser maior que a dimensão original do 
dente natural, diretamente relacionada ao 
dente antagonista, pois seu aumento 
resulta em uma maior dificuldade em 
direcionar a força oclusal no longo eixo 
do dente, (Fig. 17). 
 
6
10
 
Fig. 17 - Limitação da mesa oclusal para melhor 
direcionamento das forças oclusais no longo eixo 
do dente. (desenho modificado de THOMAS, 
P.K.) 
 
Na superfície oclusal, cúspide, 
fossa e sulcos definidos proporcionam 
uma mastigação e desoclusão mais 
efetivas. 
Para o melhor entendimento de 
todos estes fundamentos se faz necessário 
o exercício de escultura pela técnica de 
enceramento progressivo, para o que 
deve-se primeiramente obter um modelo 
de trabalho a partir da moldagem com 
alginato de um modelo padrão e montá-lo 
em um articulador semi-ajustável. 
 
Modelo de trabalho 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 32
 
 
Para a obtenção de restaurações 
adequadas é fundamental um modelo de 
trabalho de boa qualidade. 
Requisitos de um modelo de 
trabalho: 
1. Abranger toda a arcada dentária. 
2. Ausência de bolhas, principalmente 
no término cervical dos preparos. 
3. Inexistência de distorções. 
4. Permitir a obtenção de troqueis 
removíveis e recortados, que facilite o 
acesso á área cervical dos preparos 
dentários, durante os procedimentos 
laboratoriais de enceramento e 
selamento de borbo. 
Troquel é a reprodução positiva da 
forma do dente preparado em material 
adequado, (figs. 18 e 19). Este material é 
o gesso, pois possui: resistência, 
compatibilidade com todos os materiais 
de moldagem, fácil vazamento, excelente 
tempo de trabalho (pode ser trabalhado 
em questão de horas), cor contrastante 
com a cera e o metal, fácil recorte e 
precisão dimensional (expansão 
aproximada de 0,1%). 
 
 
 
Fig. 18 - Modelo de trabalho do arco dentário 
superior. 
 
 
Fig. 19 - Modelo de trabalho do arco dentário 
superior, com troquel recortado do dente 21. 
 
Moldagem do modelo padrão 
 
Material e instrumental necessários, 
(fig. 20):- Modelos padrão da arcada dentária 
- Alginato (hidrocolóide irreversível) 
- Proporcionadores para o alginato 
- Jogo de moldeiras com retenção 
- Cubeta de borracha 
- Espátula para alginato 
 
 
Fig. 20 - Material e instrumental necessários para 
moldagem do modelo padrão. 
 
As moldeiras utilizadas necessitam 
de retenções para o material de 
moldagem (fig. 21). 
 
 
Fig. 21 - Moldeiras metálicas com retenção 
 
O material de moldagem utilizado é 
o alginato na proporção água/pó 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 33
recomendada pelo fabricante, manipulado 
manualmente por 45 a 60 seg. 
A estabilidade dimensional do 
modelo de trabalho está diretamente 
relacionada ao tempo de contato da 
superfície do gesso com o molde, e à 
expansão de presa do gesso, cujo controle 
está no uso da correta proporção água/pó 
recomendada pelo fabricante. 
 
 
Fig. 22 - Colocação da água proporcionada na 
cubeta de borracha, antes da colocação do pó de 
alginato. 
 
 
Fig. 23 - Manipulação do alginato por 45 seg., até 
adquirir consistência cremosa. 
 
 
Fig. 24 - Colocação do alginato sobre os dentes 
pilares com o dedo indicador. 
 
 
Fig. 25 - Carregamento da moldeira previamente 
selecionada com alginato. 
 
 
Fig. 26 - posicionamento do modelo padrão sobre 
a moldeira carregada com alginato, para a 
obtenção do molde. 
 
Vazamento do modelo de trabalho 
 
Material e instrumental necessários: 
- Gesso pedra especial, tipo IV 
- Gesso pedra, Tipo III 
- Pinos metálicos para troquel (um médio 
para pré-molar e um grande para molar) 
- Alfinetes de cabeça (quatro) 
- Vaselina 
- Pincel nº 02 
- Lâmpada a álcool com pavio 
- Cera pegajosa (um bastão) 
- Cubeta de borracha 
- Espátula e faca para gesso 
- Gotejador de cera. 
 
1- Lavagem e secagem do molde. 
2- Posicionamento e estabilização 
dos pinos para troquel no molde: 
centralizar o pino no molde do preparo 
com o chanfrado voltado para a proximal, 
tendo a extremidade inferior do pino em 
nível do término cervical. Em caso de 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 34
preparos múltiplos, os pinos devem ser 
paralelos entre si, para facilitar a remoção 
dos troqueis. As opções de fixação dos 
pinos são: aparelho posicionador de pinos 
para troquel, cera pegajosa, cola 
superbond e alfinetes (figs. 27 e 28). 
 
 
Fig. 27 - Posicionamento e estabilização dos 
pinos para troquel sobre o molde dos dentes 
preparados por meio de alfinetes. 
 
 
Fig. 28 - Centralização e posicionamento - altura 
do pino no molde em relação à margem cervical. 
 
 
Fig. 29 - Fixação dos pinos aos alfinetes suportes 
com cera pegajosa. 
 
3- Vazamento da primeira camada 
de gesso pedra do tipo IV. 
Proporção água/pó: pesar 30 g. de 
gesso pedra tipo IV e manipular na 
proporção recomendada pelo fabricante 
(qualquer alteração pode influenciar no 
tempo de presa, porosidade, expansão de 
presa e dureza final), (fig. 30). 
 
 
Fig. 30 - Material e instrumental necessário para o 
vazamento do modelo. 
 
A manipulação do gesso é manual 
por 45 seg. 
O vazamento do gesso sobre o 
molde inicia-se no lado próximo aos 
dentes preparados, fazendo com que o 
gesso escoe de distal para mesial sempre 
num único sentido. Utilizando-se de um 
pincel, com a moldeira inclinada sobre 
um vibrador, para auxiliar o escoamento 
do gesso e evitar a inclusão de bolhas de 
ar, que deverá apresentar ao final, 
aproximadamente 2,0 cm de altura. O 
gesso especial não deve ser estendido em 
direção ao palato ou região lingual, (figs. 
31 e 32). 
 
 
Fig. 31 - Início do vazamento do gesso sobre o 
molde pelo lado próximo aos dentes preparados. 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 35
 
Fig. 32 - Conclusão do vazamento da primeira 
camada de gesso. 
 
Retenções com o próprio gesso ou 
com alças metálicas devem ser 
confeccionadas com a finalidade de fixar 
a segunda camada de gesso a ser vazada. 
Estas devem ser posicionadas antes da 
presa final do gesso, na mesial e na distal 
dos pinos metálicos, assim como entre 
eles. 
4- Isolamento dos pinos e gesso 
adjacente: após a presa inicial da primeira 
camada de gesso (30 min.), com vaselina 
sólida e auxílio de um pincel isola-se os 
pinos e o gesso na área correspondente 
aos dentes preparados. Nesta etapa 
removem-se os alfinetes, (fig. 33). 
 
 
Fig. 33 - Isolamento dos pinos e gesso adjacente, 
observar as retenções com gesso. 
 
5- Cera utilidade na extremidade 
dos pinos: coloca-se uma porção de cera 
utilidade nas extremidades dos pinos para 
possibilitar a posterior localização e 
acesso aos mesmos, (fig. 34). 
 
 
Fig. 34 - Cera utilidade na extremidade dos pinos 
 
 
6- Vazamento da segunda camada 
de gesso tipo III. 
Proporção água/pó: pesar 100 g. de 
gesso pedra tipo III e manipular na 
proporção recomendada pelo fabricante, 
por 45 seg. 
 
 
 
Fig. 35 - Conclusão do vazamento da segunda 
camada de gesso. 
 
 
Faz-se o vazamento do gesso sobre 
a primeira camada, não cobrindo a cera 
utilidade nas extremidades dos pinos 
metálicos para facilitar a remoção dos 
troquéis do modelo, (fig. 35). 
7- Separação do modelo/molde e 
recorte: após uma hora remove-se o 
modelo do molde, na direção do longo 
eixo dos dentes, evitando movimentos 
laterais, o que levaria a possíveis fraturas 
dos mesmos, (fig. 36). 
 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 36
 
Fig. 36 - Após a separação do molde e modelo, o 
modelo padrão e o modelo trabalho em gesso. 
 
 
As características desejáveis de um 
modelo de trabalho em relação aos 
troquéis são: 
 1- a superfície do gesso deve estar 
lisa e resistente; 
 2- inexistência de bolhas, 
distorções ou partes ausentes; 
 3- nítida separação entre o término 
cervical do preparo e os tecidos 
adjacentes, permitindo visualização da 
margem cervical do prepara a ser 
recortada. 
 
Montagem dos modelos de trabalho em 
articulador: 
 
 
Material e instrumental necessários: 
- Articulador semi-ajustável 
- Modelos de gesso 
- Cubeta de borracha 
- Espátula e faca para gesso 
- Espátula nº 7 ou 31 
- Pincel nº 02 
- Quatro palitos de madeira ou hastes 
metálicas 
- Lâmpada a álcool com pavio 
- Gesso pedra 
- Vaselina sólida 
- Cera pegajosa ou cola superbond 
- Cera utilidade. 
 
Ajuste do articulador: 
9 Controle posterior (guias 
condilares) -parede mediana: 15º, (fig. 
37) e parede superior: 30º, (fig. 38). 
 
 
9 Fig. 37 - Ajuste das guias condilares -parede 
mediana: 15º 
 
 
9 Fig. 38 - Ajuste das guias condilares - parede 
superior: 30º. 
 
9 Controle anterior (guia incisal) - o 
pino guia deve ser posicionado em 
relação ao ramo superior do articulador 
no ponto zero, e em relação ao ramo 
inferior do articulador centralizado na 
mesa incisal, obtendo-se assim o 
paralelismo entre os ramos do ASA (fig. 
39). 
 
 
Fig. 39 - Ajuste do pino guia. 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 37
As placas de montagem devem ser 
fixas nos ramos superior e inferior do 
articulador, vaselinando as retenções das 
mesmas com o uso de pincel e vaselina 
sólida, (fig. 40). 
 
 
Fig. 40 Fixação das placas de montagem dos 
modelos. 
 
Na montagem dos modelos de 
trabalho de um caso clínico, faz-se 
inicialmente a montagem do modelo 
superior na posição determinada pela 
transferência com o arco facial, e em 
seguida o modelo inferior, por meio do 
registro maxilo-mandibular. 
Em se tratandoda montagem de um 
modelo simulando uma condição clínica 
para o desenvolvimento do exercício de 
enceramento progressivo, monta-se 
inicialmente o modelo inferior e, em 
seguida, o superior. 
Preparo dos modelos de trabalho 
para a montagem: 
1- Remover a porção de cera 
utilidade posicionada na extremidade dos 
pinos para troquéis no modelo inferior; 
2- Recortar o gesso, criando um 
acesso lateral às extremidades dos pinos 
cobrindo-os com uma camada de cera 
utilidade para preservá-los após a 
completa montagem dos modelos, (fig. 
41); 
 
 
Fig. 41 - remoção da porção de cera e recorte do 
modelo, criando acesso lateral. 
 
3- Fazer retenções nas bases dos 
modelos superior e inferior (utilizando 
faca para gesso ou disco cortante), e em 
seguida, hidratá-los somente na região da 
base, o que permitirá uma fixação efetiva 
com o gesso da montagem, (fig. 42). 
 
 
Fig. 42 - Colocação de camada de cera sobre o 
acesso lateral e confecção de retenções na base do 
modelo. 
 
Montagem do modelo inferior 
 
1- Pesar 100 g. de gesso pedra na 
proporção água/pó recomendada pelo 
fabricante, manipular por 45 seg., e 
colocar sobre a placa de montagem 
inferior e na base do modelo (figs 43 e 
44). 
 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 38
 
Fig. 43 - Proporcionamento do gesso e água. 
 
 
Fig. 44 - Manipulação do gesso e água em cubeta 
de borracha. 
 
2- Quando o escoamento do gesso 
diminuir o suficiente para suportar o peso 
do modelo, este deve ser centralizado, 
isto é, sua linha média coincide com a 
posição do pino guia incisal. Deve ser 
colocado exatamente sobre a placa de 
montagem, não tomando posição anterior 
ou posterior, o que poderá dificultar a 
montagem do modelo superior, (figs. 45 e 
46. 
 
 
Fig. 45 - Colocação do gesso sobre a base do 
modelo. 
 
 
Fig. 46 - Colocação do gesso sobre a placa de 
montagem do modelo no articulador. 
 
3- Com o auxílio de duas placas 
metálicas, posicionar o modelo no sentido 
antero-posterior, fazendo com que as 
pontas das cúspides do terceiro molar e 
do canino, toquem bilateralmente na 
superfície da placa, que deve estar com 
sua base devidamente apoiada na mesa de 
trabalho, (fig. 47). 
 
 
Fig. 47 - Posicionamento das placas para auxílio 
na montagem do modelo inferior. 
 
4- Regularização (acabamento) do 
contorno do gesso, deixando visível 
lateralmente a cera utilidade que cobre a 
extremidade dos pinos para troquéis. 
 
Montagem do modelo superior 
 
1- Após a montagem do modelo 
inferior, deve-se ocluir o modelo superior 
da melhor forma possível, 
particularmente do lado a ser encerado. 
Observar a relação do canino do lado em 
questão, para que seja possível uma 
desoclusão imediata. 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 39
2- Verificar a existência do espaço 
para a colocação do gesso de fixação 
entre o modelo e a placa de montagem do 
articulador, (fig. 48). 
 
 
Fig. 48 - Verificação da relação dos caninos e do 
espaço entre o modelo superior e a placa de 
montagem, para colocação do gesso de fixação. 
 
3- Fixar os modelos entre si com 
palitos de madeira e cera pegajosa e 
hidratar a base do modelo, (fig. 49 e 50). 
 
 
Fig. 49 - Fixação dos modelos. 
 
 
Fig. 50 - Colocação de algodão molhado para 
umedecer a base do modelo superior. 
 
4- Proporcionar o gesso pedra na 
quantidade suficiente, na proporção 
água/pó recomendada pelo fabricante e 
manipular por 45 seg., colocar sobre a 
base do modelo e fechar, em seguida o 
ramo superior do articulador. Neste 
momento, é importante estabilizar os 
côndilos nas paredes superior, posterior e 
mediana das guias condilares, (figs. 51 e 
52). 
 
 
Fig. 51 - Colocação do gesso sobre o modelo e a 
placa de montagem. 
 
 
Fig. 52 - posicionamento e contenção do ramo 
superior do articulador sobre o gesso de fixação, 
observando o contato do pino guia na mesa 
incisal. 
 
5- Fazer a regularização do 
contorno do gesso de fixação. 
6- Após a presa do gesso, remover 
os palitos de madeira que fixavam os 
modelos. Certifique-se de que a 
montagem esteja correta. Isto implica na 
estabilidade da oclusão dos modelos, com 
contatos bilaterais simultâneos e sem 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 40
existência de discrepâncias laterais, e 
com os côndilos estáveis na cavidade 
condilar do articulador. Desta maneira, os 
modelos estarão prontos para o início do 
exercício de enceramento progressivo, 
(figs. 53, 54 e 55). 
 
 
Fig. 53 - remoção dos palitos de fixação. 
 
 
Fig. 54 - Vista oclusal dos modelos montados em 
ASA. 
 
 
Fig. 55 - Verificação do espaço entre os dentes 
antagonistas, no modelo de trabalho montado em 
oclusão em relação cêntrica. 
 
Padrão de cera 
 
O padrão de cera é o precursor da 
restauração fundida que será instalada no 
preparo dentário. Essa restauração, obtida 
no processo de inclusão e fundição, é a 
duplicação exata do padrão de cera. 
Portanto, qualquer erro cometido nesse 
padrão, será transferido à restauração 
fundida. 
Há duas formas de se confeccionar 
um padrão de cera: 
Técnica Direta onde o padrão é 
obtido diretamente no preparo dentário, 
na boca do paciente. 
Técnica Indireta onde o padrão é 
obtido em laboratório sobre um troquel. 
A vantagem desta técnica é ter fácil 
acesso a todos os bordos marginais do 
preparo, facilitando a obtenção de um 
enceramento de boa qualidade. 
 
Cera para fundições odontológicas 
 
Composição: parafina, goma 
dammar, cera carnaúba, excipientes, 
corantes. 
Classificação quanto ao grau de 
dureza (especificação Nº 4 da 
ANSI/ADA): 
9 Tipo I ou média - empregada na 
técnica indireta. 
9 Tipo II ou macia - utilizada em 
técnicas indiretas para a confecção de 
restaurações fundidas. 
Características desejáveis: 
Estabilidade dimensional, reprodu-
ção fiel de detalhes, ausência de resíduos 
após sua eliminação no processo de 
fundição e cor contrastante com o 
troquel. 
Durante a confecção do padrão de 
cera aparecem tensões internas na cera 
devido ao aquecimento e à manipulação. 
Quando essas tensões são liberadas, o 
resultado é a distorção que se traduz em 
ajuste deficiente da restauração. Para 
manter o mínimo de distorção deve-se: 
9 plastificar a cera na menor 
temperatura possível; 
9 acrescentá-la em finas camadas 
circundando o troquel; 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 41
9 obtido o padrão, incluir tão rápido 
quanto possível. 
Fases de transição da cera do estado 
líquido para o estado sólido: 
1ª- Líquida de 57ºC a 45º C. 
2ª- Líquida /plástica. 
3ª- Plástica: de 45ª a 25ª C (contração). 
4ª- Plástica /sólida. 
5ª- Sólida (temperatura ambiente): 20ºC a 
23º C. 
 
Confecção do casquete 
 
O primeiro passo na obtenção de 
um padrão de cera é a confecção de um 
fino casquete de resina sobre o troquel. 
O casquete de resina acrílica 
fornece uma base para a escultura do 
padrão de cera, evitando a distorção, 
facilitando o manuseio pelo aumento da 
resistência e simplificando a escavação. 
Material e instrumental necessários: 
- 02 Pincéis (nº 0 e nº 1) 
- 02 Potes dappen 
- Lapiseira 
- Micromotor e peça reta 
- Mandril longo 
- Discos de lixa 
- Vaselina 
- Resina acrílica ativada quimicamente 
(duralay ou similar). 
Técnica: 
1. Isolar com vaselina os troquéis e 
estruturas adjacentes dos dentes a 
serem encerados, (fig. 56). 
 
 
Fig. 56 - Isolando o troquel com vaselina. 
 
2. Utilizando a técnica de Nylon 
(pincel), adiciona-seresina acrílica 
nas paredes oclusal ou incisal e axiais 
dos dentes a serem encerados com 
uma espessura uniforme de 0,5mm 
(não estendendo sobre o término 
cervical do preparo), (figs. 57 e 58). 
 
 
Fig.57 - Potes dappen com resina para confecção 
dos casquetes. 
 
 
Fig. 58 - Confecção dos casquetes em resina. 
 
3. O casquete deve ser removido dos 
troqueis antes da polimerização 
completa da resina, evitando assim 
uma retenção indesejada. 
4. Acabamento do casquete com discos 
de lixa, (fig. 59). 
 
 
Fig. 59 - Casquetes em resina concluídos, com 
limite aquém do término cervical do preparo. 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 42
5. Verificar a existência de espaço entre 
o casquete e o antagonista para o 
enceramento da superfície oclusal. 
 
Contornos axiais 
 
Serão estabelecidos os contornos 
vestibular, lingual e proximais do padrão 
de cera. 
Material e instrumental necessários: 
- Instrumental P.K.T. 
- Lâmpada a álcool com pavio 
- Espátula Lecron 
- Cera pegajosa 
- Cera para escultura (4 cores) 
- Lapiseira 
- Pincel 
- Talco 
- Vaselina 
- Meia de seda 
- Esmalte incolor. 
Técnica: 
Inicialmente, remover o casquete de 
resina e isolar o troquel e as áreas 
adjacentes com vaselina. Reposicioná-lo 
e iniciar a adição de cera sobre o mesmo, 
estabelecendo os contornos axiais. 
A cera deve estar entre a lâmpada a 
álcool e o modelo a ser encerado. Desta 
maneira o instrumento virá da fonte de 
calor para a cera e daí mais 
eficientemente para o modelo. 
Nos dentes posteriores, o ponto 
mais proeminente da face vestibular está 
situado no terço cervical; e na face 
lingual essa proeminência está localizada 
no terço cervical nos superiores e no 
terço médio nos inferiores. 
Os contatos proximais dos dentes 
posteriores se localizam no terço oclusal 
da coroa, ligeiramente desviados para a 
vestibular, com exceção do contato entre 
o primeiro e o segundo molar superior 
que está no terço médio e centralizado. O 
contato não deve ser de um ponto e nem 
tão extenso para a cervical, pois desta 
maneira ocupará o espaço da papila 
gengival. A superfície axial da coroa, da 
cervical ao ponto de contato, deve ser 
plana ou ligeiramente côncava, com o 
objetivo de não diminuir o espaço da 
papila. 
Os contatos proximais entre os 
dentes atuam como estabilizadores, sendo 
responsáveis pela continuidade do arco 
dental e pela prevenção de movimentação 
dentária individual. Quando os dentes 
ocluem durante a função há sempre um 
leve movimento, porém, o contato 
contínuo mantém os dentes em suas 
posições próprias, auxiliando assim a 
manutenção da oclusão fisiológica 
corretamente estabelecida. 
Outra função da relação de contato 
é a proteção da papila interdental contra o 
trauma mastigatório, função que é 
mantida pela continuidade do arco dental. 
Quando não existe essa relação 
harmônica de continuidade, os alimentos 
além de serem desviados para as faces 
vestibular e lingual, são forçados em 
grande parte entre os dentes ocasionando 
um trans-torno denominado impacção 
alimentar. 
Em 1979, THOMAS, P.K. numa 
análise clínica, detectou uma maior 
profundidade na sondagem dos dentes 
restaurados com coroas completas, 
comparando aos dentes naturais. Isto foi 
atribuído a uma tendência de se dar 
contorno excessivo às restaurações, além 
de má higiene e maloclusão. 
Para a adição de cera referente ao 
contorno dental, deve-se ter em mente 
que os instrumentos PKT se aquecem e se 
resfriam rapidamente. Desta forma deve-
se aquecer o instrumento (PKT 1 ou 2) 
através da chama, concentrando o calor a 
aproximadamente 1 cm da extremidade, 
(Fig. 60). 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 43
 
 
 
 
Fig.60 - 
Posicionamento 
do instrumento 
na chama 
 
 
 
 
 
 
 
Em seguida, encosta-se a parte 
convexa e aquecida do instrumento na 
cera de cor azul, a qual formará uma gota 
que será depositada no devido local pela 
aplicação correta da ponta não aquecida 
do instrumento (se esta for aquecida 
diretamente, a cera tende a escoar para a 
haste e não para a extremidade). Pode ser 
necessário passar o instrumento através 
da chama antes de aplicar nova porção de 
cera no modelo, (fig. 61). 
 
 
Fig. 61 - Acréscimo de cera sobre o casquete de 
resina, até atingir o término cervical do preparo. 
 
Uma forma confiável para julgar o 
adequado contorno axial, vestibular e 
lingual do padrão de cera, é a observação 
das superfícies correspondentes dos 
dentes adjacentes e do lado oposto. Ou 
ainda, quando o operador observar o 
dente encerado no modelo por uma vista 
oclusal não se deve visualizar a gengiva 
marginal livre que o contorna, quando 
houver excesso, este deve ser retirado 
com o instrumento PKT 4. 
 
Técnica de confecção do pôntico: 
Após a conclusão do enceramento 
do terço médio-cervical dos dentes 
pilares, isolar com vaselina a área do 
rebordo alveolar do modelo correspon-
dente ao dente ausente. 
Plastificar uma das extremidades do 
bastão de cera, evitando o contato direto 
do mesmo com a chama da lâmpada a 
álcool, o que causaria alteração dos 
componentes da cera. 
Pressionar a cera plastificada sobre 
o rebordo alveolar do modelo previa-
mente isolado, (fig. 62). 
 
 
Fig. 62 - Pressionando a cera plastificada sobre 
rebordo alveolar do modelo. 
 
Remover o excesso do bastão de 
cera ao nível do plano oclusal dos 
padrões de cera dos dentes adjacentes. 
Conformar os contornos vestibular 
e lingual à semelhança dos padrões de 
cera dos dentes adjacentes, (fig. 63). 
 
 
Fig. 63 - Vista oclusal do contorno do pôntico e 
dentes pilares (terço médio-cervical). 
 
O longo eixo axial do pôntico, tanto 
no sentido mesio-distal quanto no 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 44
vestíbulo- lingual, deve ser paralelo ao 
eixo axial dos dentes adjacentes. 
Deve ser observado entre o encera-
mento até aqui realizado e a superfície 
oclusal antagonista, um espaço 
interoclusal de aproximadamente 2 mm, o 
que permitirá a conformação da morfolo-
gia oclusal do enceramento, (fig. 64). 
 
 
Fig. 64 - Observação do espaço interoclusal. 
 
Evitar o fechamento do espaço 
inter-proximal, deixando que ocorra a 
união da cera apenas na região dos 
contatos proximais dos dentes. Esse 
espaço livre abaixo do contato dentário é 
imprescindível em qualquer trabalho 
restaurador, para acomodar a papila 
gengival sem compressão e também para 
permitir a higienização pelo paciente, 
evitando o acúmulo de placa em região 
de difícil limpeza (área de “col”), o que 
pode trazer como conseqüência a 
instalação da doença periodontal. 
 
Normas gerais 
 
A disposição das estruturas oclusais 
é de fundamental importância na 
manutenção da função. 
A cúspide é a porção mais alta do 
dente e a fossa é a mais baixa. A crista 
marginal encontra-se entre estas duas 
estruturas. Os sulcos de desenvolvimento 
vestibulares e linguais terminam em um 
nível abaixo das cristas marginais. 
Durante todo o exercício manter o 
pino guia incisal em contato com a mesa 
guia anterior. 
Acrescenta-se uma quantidade 
míni-ma de cera para cada passo, e 
sempre conferindo as excursões 
proporcionadas pelo articulador. Ao se 
acrescentar cera para formar as cúspides 
procurar sempre formar superfícies 
convexas. 
Objetivando um melhor 
aprendizado dos componentes da 
superfície oclusal dos dentes, a escultura 
é feita com ceras de cores diferentes. 
Enceramento da superfície oclusal 
dos dentes inferiores: 
Antes de se iniciar o enceramento 
oclusal propriamente dito, deve-se 
observaro espaço existente entre a 
superfície da cera onde se localizará a 
fossa do inferior, e a cúspide funcional 
(contenção cêntrica) palatina superior, 
quando os modelos estão ocluídos. Este 
espaço deve ser de 2 mm, o ideal para 
permitir o levantamento correto dos 
cones e uma escultura adequada, a fim de 
que não haja possibilidade de perfurações 
dos elementos fundidos durante os ajustes 
oclusais. 
No enceramento de casos clínicos 
aceita-se como mínimo indispensável, a 
distância de 1,5 mm entre dentes 
preparados e antagonistas, para que seja 
possível a obtenção das relações oclusais 
corretas. 
Observa-se na figura 65, que os 
contatos oclusais das cúspides funcionais 
(vestibulares inferiores e palatinas 
superiores) são correspondentes às 
demarcações anotadas nas respectivas 
fossas oclusais antagonistas. 
 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 45
 
Fig. 65 - ilustração do tripoidismo obtido no 
relacionamento cúspide-fossa dos dentes 
antagonistas. 
 
Após o entendimento correto das 
relações cúspide-fossa, localizar no 
modelo superior antagonista ao 
enceramento, as fossas que receberão as 
cúspides funcionais inferiores e demarcá-
las com uma gota de cera azul. Em 
seguida, com lápis de ponta fina e com 
base na figura 65 delimitar os contatos de 
cada fossa, assim como de cada cúspide 
funcional superior. 
Depois de certificar-se do 
posicionamento correto dos pontos, 
pincela-se uma fina camada de esmalte 
incolor sobre a superfície destes e dos 
demais dentes íntegros dos modelos, 
evitando assim o desgaste dos mesmos 
pelo contato, durante os vários 
movimentos funcionais a serem 
realizados com o articulador. 
 
Levantamento dos cones 
 
Antes de se iniciar o levantamento 
dos cones propriamente dito, é 
conveniente aplicar uma fina camada de 
cera pegajosa, sobre as superfícies onde 
eles serão colocados, para evitar que se 
soltem posteriormente, utiliza-se para 
isso a espátula Lecron. 
Cones vestibulares inferiores: 
O levantamento dos cones é 
iniciado pela cúspide vestibular do 
segundo pré-molar inferior, utilizando 
cera marfim ou amarela. O levantamento 
do cone é feito utilizando-se o 
instrumento PKT 1 ou 2 (gotejador), 
sempre procurando um apoio efetivo da 
mão sobre os dentes próximos, (fig. 66 A 
e B e 67). O cone deve ser dirigido para o 
fundo da fossa antagonista. Nesta fase, a 
ponta do cone deve tocar a cera azul que 
identifica a fossa superior e é terminado 
com o instrumento PKT 4, estabelecendo 
sua forma final, (fig. 66B). 
 
 
Fig. 66 - Ilustração: A: levantamento e B: 
acabamento do cone vestibular do 2º pré-molar 
inferior. 
 
 
Fig. 67 - Levantamento do cone. 
 
 
Fig. 68 - Direcionamento do cone para o funda da 
fossa antagonista. 
 
Nas relações laterais de trabalho, a 
ponta do cone deve descrever uma 
trajetória mesial à ponta da cúspide do 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 46
segundo pré-molar superior sem 
interferência. Também não deve haver 
contato no movimento protrusivo. 
Os cones vestibulares do primeiro 
molar inferior são erguidos em seguida, 
ocluindo nas suas respectivas fossas. 
Durante a protrusão e latero-protrusão, 
deverá haver espaço adequado em relação 
aos antagonistas. Na lateralidade, a ponta 
da cúspide mesio-vestibular do primeiro 
molar superior deve passar eqüidistante 
dos cones mesio-vestibular e vestíbulo-
mediano do primeiro molar inferior. Da 
mesma forma, a ponta da cúspide disto-
vestibular do primeiro molar superior 
deve passar entre os cones vestíbulo-
mediano e disto-vestibular do primeiro 
molar inferior. 
Os cones vestibulares do segundo 
molar inferior seguem as mesmas 
diretrizes observadas para o primeiro 
molar. 
Os cones correspondentes às 
cúspides disto-vestibulares dos molares 
inferiores geralmente têm uma inclinação 
para distal mais acentuada que as demais, 
a fim de que se consiga estabelecer 
satisfatoriamente a relação cúspide-fossa 
desejada. 
A figura 69 mostra a posição dos 
cones que formarão as cúspides 
funcionais inferiores. 
 
 
Fig. 69 - Desenho esquemático dos cones 
vestibulares inferiores. 
 
Estes mesmos cones são mostrados 
nas figuras 70 e 71, em relação aos 
antagonistas. 
 
 
Fig. 70 - Desenho esquemático dos cones 
vestibulares inferiores ocluídos. 
 
 
Fig. 71 - Cones vestibulares inferiores ocluídos. 
 
Observa-se que todos os cones 
estão colocados ligeiramente para distal, 
para permitir a relação dente a dente e o 
contato cúspide-fossa. 
Ao final do levantamento dos cones 
correspondentes às cúspides funcionais 
dos dentes inferiores, estes deverão estar 
direcionados para as suas respectivas 
fossas antagonistas, de acordo com o 
quadro 2: 
 
CÚSPIDE FOSSA 
Vestibular do 2º pré-
molar inferior 
Mesial do 2º pré-molar 
superior 
Mesio-vestibular do 
1º molar inferior 
Mesial do 1º molar 
superior 
Vestibulo-mediana 
do 1º molar inferior 
Central do 1º molar 
superior 
Disto-vestibular do 1º 
molar inferior 
Distal do 1º molar 
superior 
Mesio-vestibular do 
2º molar inferior 
Mesial do 2º molar 
superior 
Vestibulo-mediana 
do 2º molar inferior 
Central do 2º molar 
superior 
Disto-vestibular do 2º 
molar inferior 
Distal do 2º molar 
superior 
Quadro 2 - Relacionamento cúspide-fossa dos 
cones vestibulares. 
 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 47
Sempre que possível, deve-se fazer 
com que as cúspides funcionais 
(vestibulares inferiores e palatinas 
superiores) ocluam nas fossas dos dentes 
antagonistas. Desta maneira, se 
estabelece os contatos do tripoidismo 
com os vértices das vertentes triturantes 
repousando sobre os sulcos, sem tocá-los 
o que evita a abrasão. As relações 
cúspide-fossa permitem o direcionamento 
das forças oclusais no sentido do longo 
eixo dos dentes, evitando sobrecarga no 
sentido lateral e permitindo ainda um 
travamento vestíbulo-lingual e mésio-
distal que dará estabilidade à oclusão 
nessas direções. 
No enceramento de um caso clínico 
ocorre freqüentemente a dificuldade de se 
obter a relação ideal, cúspide ocluindo na 
fossa. Nestas ocasiões, procura-se obter 
uma relação cúspide embrasura, 
estabelecendo-se dois pontos de contato, 
um em cada crista marginal (mesial e 
distal), sempre que o elemento 
antagonista for uma prótese fixa onde 
esta união é soldada. Quando os 
antagonistas forem dentes naturais ou 
mesmo peças protéticas unitárias, o cone 
deve ser desviado o suficiente para ocluir 
em fossa, mesmo que isto seja obtido às 
custas de uma modificação na anatomia 
dentária, pois na mastigação de alimentos 
fibrosos a cúspide pode agir como cunha, 
causando sua impacção no espaço 
interproximal. 
Outra situação que ocorre com 
relativa freqüência, consiste na 
dificuldade de colocação do cone 
correspondente à cúspide disto-vestibular 
dos molares, nos enceramentos de casos 
clínicos. Isto ocorre geralmente pela falta 
de espaço mesio-distal, sendo 
aconselhável a colocação de apenas duas 
cúspides vestibulares. 
Após o levantamento de todos os 
cones vestibulares, são feitos os 
movimentos de lateralidade direita e 
esquerda, protrusão e latero-protrusão, 
(fig. 72). 
 
 
Fig. 72 - Verificação da desoclusão dos cones 
vestibulares durante os movimentos excursivos. 
 
Durante o movimento de laterali-
dade, deve-se observar o trajeto em 
relação aos sulcos dos dentes 
antagonistas. Neste movimento ocorre a 
desoclusão pelos caninos, sendo estes os 
únicos dentes a tocarem, e as pontas dos 
cones deverão estar a uma distância de 
0,5 mm a 1,0 mm dos antagonistas,e 
devem sempre passar à mesial das pontas 
das cúspides superiores. 
No movimento protrusivo a 
desoclusão é efetuada pelos dentes 
anteriores, de tal forma que somente eles 
se tocam, devendo os posteriores estar 
separados cerca de 0,5 mm a 1,0 mm, 
onde é verificada a curva de Spee, (fig. 
73). 
 
 
Fig. 73 - Desenho esquemático dos cones 
vestibulares acompanhando a curva de Spee 
 
 
 
Cones linguais inferiores: 
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O passo seguinte consiste no 
levantamento dos cones correspondentes 
às cúspides linguais inferiores, 
utilizando-se os mesmos instrumentos. 
Inicia-se o levantamento dos cones 
pelo 2º pré-molar que dependendo de sua 
forma, pode ter uma ou duas cúspides 
linguais. Justifica-se a presença de duas 
cúspides linguais quando elas forem 
necessárias para a obtenção de uma 
contenção efetiva. As cúspides do 2º pré-
molar são mais altas do que as do 1º pré-
molar e menores do que as dos molares. 
O que se percebe é que as cúspides 
vestibulares inferiores são mais altas que 
as linguais nos pré-molares e que esta 
diferença vai diminuindo gradativamente 
à medida que se dirige para os molares, 
devido à menor inclinação para lingual 
que estes dentes apresentam no arco 
dentário, (fig. 74). 
 
 
Fig. 74 - Desenho esquemático dos cones linguais 
e seu posicionamento em relação aos vestibulares. 
 
Na verificação das relações 
protrusiva e lateroprotrusiva deve haver 
um bom espaçamento sob a ponta da 
cúspide palatina do 2º pré-molar superior. 
Durante a lateralidade, a ponta da cúspide 
palatina do segundo pré-molar superior 
deve passar sobre ou por distal das pontas 
das cúspides linguais do 2º pré-molar 
inferior. 
Os cones para as cúspides linguais 
do 1º molar inferior são agora colocados, 
de tal forma que haja espaço entre eles e 
as pontas de cúspides palatinas 
superiores, durante os movimentos 
protrusivo e lateroprotrusivo. No 
movimento lateral de trabalho, a ponta da 
cúspide mesio-palatina do 1º molar 
superior deve passar entre os cones das 
cúspides linguais inferiores, dividindo a 
distância entre elas. A ponta da cúspide 
disto-palatina do 1º molar superior deve 
passar distalmente à ponta do cone 
correspondente à cúspide disto-lingual do 
1º molar inferior. 
Os cones do 2º molar inferior são 
colocados na mesma posição e nas 
mesmas relações que os do 1º molar 
inferior, (fig. 74). 
Observa-se que os cones linguais 
inferiores sempre estão localizados à 
mesial das cúspides palatinas superiores. 
Este posicionamento garante a liberdade 
de movimentos laterais em trabalho e 
balanceio, sem que haja interferências 
oclusais. 
Após o levantamento de todos os 
cones, e mantidas as relações citadas, 
executa-se novamente os movimentos de 
lateralidade e protrusão observando a 
passagem dos cones que devem estar 
cerca de 1 mm de distância dos 
antagonistas, (fig. 75). 
 
 
Fig. 75 - Desenho esquemático do relaciona-
mento dos cones durante os movimentos 
excursivos, A: lateralidade e B: protrusão. 
 
Quando todos os cones estiverem 
devidamente colocados, pode-se notar 
que os cones linguais dos molares 
inferiores são ligeiramente mais curtos do 
que os vestibulares, caracterizando a 
curva lateral de Wilson, (fig. 76). 
 
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Fig. 76 - Desenho esquemático da curva de 
Wilson (desenho modificado de THOMAS, P.K.). 
 
O estudo das posições dos cones, e 
conseqüentemente das cúspides, é 
importante na confecção de núcleos 
intrarradiculares seja na clínica ou no 
laboratório, pelo conhecimento que 
propicia ao profissional no que diz 
respeito ao direcionamento dos núcleos, 
em função das fossas dos dentes 
antagonistas. Planeja-se assim, a oclusão 
ainda na fase de preparo dos retentores, 
objetivando uma função efetiva. 
 
Perímetro oclusal 
 
A colocação das arestas 
longitudinais que determinarão o 
perímetro oclusal, ou seja, a superfície 
mastigatória de cada dente, é iniciada 
pela ponta do cone correspondente à 
cúspide vestibular do 2º pré-molar 
inferior esquerdo, em direção mesial 
(sentido horário), reconstituindo a crista 
marginal e o contato proximal com o 1º 
pré-molar, seguindo até atingir o cone 
correspondente à cúspide lingual do 
mesmo dente. Isto é feito utilizando o 
instrumento PKT 2 (gotejador), com cera 
azul, (fig. 77). 
 
 
Fig. 77 - Desenho 
esquemático do 
posicionamento do 
gotejador para o 
início do encera-
mento do perímetro 
oclusal. 
 
 
 
Nesta fase, a aresta longitudinal 
mesial da cúspide vestibular do 2º pré-
molar inferior deverá estabelecer um 
ponto de contato (1) com a crista 
marginal mesial do 2º pré-molar superior. 
Este e os demais pontos devem ser 
mantidos em destaque em baixo relevo, 
para uma melhor visualização e 
desenvolvimento do enceramento. 
Em seguida, partindo do cone cor-
respondente à cúspide lingual, faz-se a 
aresta longitudinal distal e a crista 
marginal distal que deverá corresponder 
posteriormente, à área de contato 
proximal com o dente vizinho. Nesta 
fase, deve-se dar atenção quanto à 
existência ou não de duas cúspides 
linguais. Em caso afirmativo, esculpir 
distintamente as arestas longitudinais de 
cada uma. A crista marginal distal do 2º 
pré-molar inferior estabelece um ponto de 
contato oclusal (2) com a aresta 
longitudinal distal da cúspide palatina do 
2º pré-molar superior. Ainda a aresta 
longitudinal distal da cúspide vestibular 
do 2º pré-molar inferior oclui (3) com a 
vertente triturante mesial da cúspide 
vestibular do 2º pré-molar superior. 
A figura 78 mostra a superposição 
esquemática do dente superior e dente 
inferior, e as respectivas 
correspondências dos contatos obtidos. 
 
 
Fig. 78 - super-
posição do esque-
ma correspon-
dente ao dente 
superior e dente 
inferior, (desenho 
modificado de 
THOMAS, P.K.) 
 
 
Deve ser dada atenção especial a 
esta fase para que não ocorra 
inadvertidamente o aumento, pela 
deposição de cera, ou a diminuição, pelo 
aquecimento excessivo do instrumento, 
da altura dos cones. A ponta do cone em 
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cera marfim ou amarela deverá estar 
sempre visível entre as arestas 
longitudinais em cera azul. 
É importante observar que os 
pontos de contatos oclusais das arestas 
longitudinais, ocorrem geralmente a 
pouca distância do vértice da cúspide 
vestibular inferior (cúspide funcional), 
enquanto o contato da crista marginal 
ocorre geralmente na direção do sulco 
principal mesio-distal. 
Estas observações estabelecem de 
início os pontos de contatos oclusais 
necessários para se conseguir o 
tripoidismo ao final do trabalho de 
enceramento. Com isto, se consegue de 
forma precisa, o perímetro oclusal dos 
dentes, sem a necessidade de alterar 
posteriormente a morfologia oclusal, em 
busca dos contatos. É prática freqüente 
dos iniciantes em enceramento 
progressivo a tendência de diminuir o 
perímetro oclusal, por não terem ainda 
uma visão completa do trabalho 
concluído. 
Iniciando pela aresta longitudinal 
mesial da cúspide mesio-vestibular do 1º 
molar inferior, repete-se o mesmo 
procedimento executado para o 2º pré-
molar, obtendo-se para cada cúspide 
funcional inferior (vestibular) dois pontos 
de contato, um em cada aresta 
longitudinal, e um em cada crista 
marginal distal. Deve-se numerá-los 
seguindo o mesmo critério anterior, a 
partir da cúspide mesio-vestibular. 
Repetir o mesmo procedimento 
para o 2º molar. 
Os pontos de contatos oclusais das 
arestas longitudinais distais das cúspides 
disto-vestibularesdos 1º e 2º molares 
inferiores, são difíceis de serem obtidos 
nesta fase, devendo ser conseguidos no 
final, quando as cúspides estiverem 
compostas de todas as suas estruturas. 
No final desta fase, os dentes 
deverão estar individualizados e 
apresentar 17 pontos de contatos oclusais 
já estabelecidos, delimitando assim, a 
superfície triturante dos dentes 
esculpidos, (fig.79). 
 
 
Fig 89 - Desenho esquemático das arestas 
longitudinais e cristas marginais delimitando o 
perímetro oclusal. 
 
1- A aresta longitudinal mesial da 
cúspide vestibular do 2º pré-molar 
inferior oclui com a crista marginal 
mesial do 2º pré-molar superior. 
2- A crista marginal distal do 2º 
pré-molar inferior oclui com a aresta 
longitudinal distal da cúspide palatina do 
2º pré-molar superior. 
3- A aresta longitudinal distal da 
cúspide vestibular do 2º pré-molar 
inferior oclui com a vertente triturante 
mesial da cúspide vestibular do 2º pré-
molar superior. 
4- A aresta longitudinal mesial da 
cúspide mésio-vestibular do 1º molar 
inferior oclui com a crista marginal 
mesial do 1º molar superior. 
5- A crista marginal distal do 1º 
molar inferior oclui com a aresta 
longitudinal distal da cúspide disto-
palatina do 1º molar superior. 
6- A aresta longitudinal distal da 
cúspide disto-vestibular do 1º molar 
inferior oclui com a crista marginal distal 
do 1º molar superior. 
7- A aresta longitudinal mesial da 
cúspide disto-vestibular do 1º molar 
inferior oclui com a vertente triturante 
distal da cúspide disto-vestibular do 1º 
molar superior. 
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8- A aresta longitudinal distal da 
cúspide vestíbulo-mediana do 1º molar 
inferior oclui com a vertente triturante 
mesial da cúspide disto-vestibular do 1º 
molar superior. 
9- A aresta longitudinal mesial da 
cúspide vestíbulo-mediana do 1º molar 
inferior oclui com a vertente triturante 
distal da cúspide mésio-vestibular do 1º 
molar superior. 
10- A aresta longitudinal distal da 
cúspide mésio-vestibular do 1º molar 
infe-rior oclui com a vertente triturante 
mesial da cúspide mésio-vestibular do 1º 
molar superior. 
11- 12- 13- 14- 15- 16- 17- 
correspondem respectivamente a 4- 5- 6- 
7- 8- 9- e 10 só que obtidos no 2º molar 
inferior. 
Deve-se confirmar a obtenção de 
todos estes pontos com o uso de estearato 
de zinco ou talco. Pincela-se 
cuidadosamente o pó sobre as superfícies 
oclusais fecha-se em seguida o 
articulador suavemente até atingir a 
dimensão vertical de oclusão pré-
estabelecida para este enceramento, pelo 
contato entre o pino guia do articulador 
com a mesa guia anterior do mesmo. 
Deve-se encontrar todos os pontos 
desejados, visíveis pela remoção do pó 
utilizado na região do contato. Onde isto 
não ocorrer, acrescentar uma pequena 
porção de cera até que se consiga o 
contato. O contato em excesso 
apresentará amassamento da área, 
devendo a mesma ser retocada, até a 
centralização do ponto pela remoção da 
cera excedente. 
Nesta fase, em todos os 
movimentos excêntricos da mandíbula, o 
vértice de cada cúspide deverá passar 
sem contatar as arestas longitudinais 
antagonistas. 
As cristas marginais e arestas 
longitudinais que delimitam o perímetro 
das superfícies oclusais, são importantes 
por serem as principais lâminas de corte 
dos dentes. 
 
Vertentes lisas das cúspides 
 
O passo seguinte consiste em 
formar as vertentes lisas, vestibulares e 
linguais das cúspides. Começando pela 
vertente lisa vestibular do 2º pré-molar, 
deposita-se cera vermelha sobre a 
superfície vestibular do cone. Utiliza-se o 
instrumento PKT 2 de tal forma que a 
cera preencha aproximadamente 1/3 da 
dimensão mésio-distal do dente (Fig. 80). 
 
 
 
Fig. - 80 - Dese-
nho esquema-
tico da formação 
da vertente lisa 
pela deposição 
de cera. 
 
 
Utilizando o instrumento PKT 4, 
todo cuidado deve ser tomado, para não 
derreter o cone original à medida que a 
cera é esculpida uniformemente com a 
superfície da cera, (Fig. 81). 
 
 
Fig. - 81 Dese-
nho esquema-
tico do acaba-
mento da ver-
tente lisa, (dese-
nho modificado 
de THOMAS, 
P.K.). 
 
 
 
Segue-se esculpindo a vertente lisa 
lingual do 2º pré-molar, e a mesma 
seqüência deve ser obedecida para os 
molares. 
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É interessante observar que as 
vertentes lisas linguais são sempre 
menores que as vestibulares, (fig. 82). 
 
 
Fig .82 - Desenho esquemático das vertentes lisas 
concluídas. 
 
Nesta fase, não há nenhum contato 
a ser obtido, mas muito cuidado deve ser 
tomado para que os contatos já existentes 
sejam mantidos. Nas posições 
excêntricas, não deve haver nenhum 
contato. 
O contorno externo de cada dente 
deverá ser completado com cera verde, 
iniciando-se pela face vestibular do 2º 
pré-molar, seguida da face lingual do 
mesmo dente e assim por diante, 
utilizando para isso o instrumento PKT 2. 
Neste momento é preciso dedicar especial 
atenção ao espaço interproximal, onde as 
ameias linguais devem ser mais amplas 
do que as vestibulares. 
O contorno externo deve ser devi-
damente regularizado com o instrumento 
PKT 4, seguindo as inclinações próprias 
de cada dente. Utiliza-se sempre como 
termo de comparação, os dentes 
semelhantes do lado oposto do arco. 
Notar que sempre existe um sulco de 
direção vestibular ou lingual entre duas 
cúspides, que deve ser devidamente 
esculpido. 
Quando esta fase estiver terminada 
sem nenhum toque nos movimentos 
excêntricos e com todos os pontos 
anteriormente obtidos, têm-se a 
denominada “boca de peixe”, ou seja, 
todo o contorno externo de cada dente. 
Convém lembrar que no encera-
mento progressivo as características 
anatômicas do 1º molar inferior são em 
tudo semelhantes às do 2º molar inferior, 
sempre valendo como referência os 
dentes homônimos do lado oposto. 
 
Cristas transversais oblíquas e vertentes 
triturantes 
 
São elevações que se estendem das 
pontas das cúspides aos sulcos principais 
mésio-distais. Possuem forma triangular 
com o vértice na ponta da cúspide e a 
base no sulco projetado, tendo a forma 
arredondada ou convexa em todos os 
sentidos. 
São também conhecidas por cristas 
triangulares e compõem-se de duas 
vertentes uma mesial e outra distal. 
Utiliza-se o instrumento PKT 2 e 
cera vermelha para a sua formação. 
Inicia-se a escultura pela crista 
transversal correspondente à cúspide 
vestibular do 2º pré-molar inferior, sendo 
que suas bordas mesial e distal 
delimitarão, num passo posterior, os 
sulcos secundários. Esta vertente 
triturante vestibular deverá estabelecer 
um ponto de contato com a crista 
secundária mesial da cúspide palatina do 
2º pré-molar superior. 
Segue-se, esculpindo a crista trans-
versal da cúspide mesio-lingual, que não 
apresenta nenhum contato, e a cúspide 
disto-lingual que irá estabelecer um ponto 
de contato com a aresta longitudinal 
mesial da cúspide palatina do 2º pré-
molar superior. Quando a cúspide disto-
lingual não existe, a situação é transferida 
para a cúspide lingual presente, tal como 
ocorre no 1º pré-molar. 
Devido ao pequeno tamanho da 
cúspide disto-lingual do 2º pré-molar, o 
seu ponto de contato não tem uma 
posição definida, podendo ser obtido às 
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custas da vertente triturante mesial ou 
distal dessa cúspide. 
As bases destas vertentes triturantes 
se encontram, deixando nitidamente 
delimitado o sulco principal mésio-distal 
na região. 
A sistemática a ser desenvolvida 
para os molares é bastante semelhanteàquela desenvolvida para os pré-molares. 
Como orientação para o direcionamento 
dessas cristas, deve-se analisar as 
estruturas nos dentes do lado oposto, 
podendo inclusive delimitá-las com lápis 
de ponta fina para melhor visualização. 
Nos molares inicia-se a escultura pela 
crista oblíqua da cúspide mesio-
vestibular seguida da mesio-lingual, da 
vestíbulo-mediana, da disto-lingual e da 
disto-vestibular. 
As vertentes triturantes das 
cúspides mesio-vestibular, mesio-lingual 
e disto-vestibular terão cada uma apenas 
um ponto de contato. A crista da cúspide 
vestíbulo-mediana deverá ter dois pontos 
de contato: um correspondendo ao 
terceiro ponto de contenção desta 
cúspide, e o outro pertencente à cúspide 
mesio-palatino superior. Estes dois 
pontos são obtidos através da 
individualização de uma superfície de 
contato. Em determinados casos os 
pontos coincidem, tornando-se um ponto 
comum para as duas cúspides, a superior 
e a inferior. 
A vertente triturante da cúspide DV 
possui também dois pontos de contato: 
um para a cúspide MP e outro para a DP 
do 1º molar superior. 
O ponto existente na vertente 
triturante da cúspide DV é considerado 
comum tanto para esta quanto para a DP 
superior, em virtude do seu pequeno 
tamanho que dificulta a obtenção de dois 
pontos independentes, (fig. 83). 
 
 
Fig 83 - Desenho esquemático das cristas 
transversais oblíquas e vertentes triturantes 
concluídas 
 
Procede-se da mesma maneira para 
com o 2º molar. 
Todos os contatos assinalados na 
figura 83 devem ser obtidos, embora não 
necessariamente na mesma posição. O 
que interessa realmente é que se obtenha 
sempre o maior número possível de 
contatos, que fornecerão no final do 
trabalho uma estabilidade definida da 
R.C. com contatos trípodes e uma maior 
eficiência mastigatória. Numera-se todos 
os contatos na seqüência em que forem 
sendo obtidos. 
No final desta fase o número de 
contatos obtidos total de 35, deverá ser 
devidamente verificado com a aplicação 
de estearato de zinco (talco). Será 
possível observar que as cúspides 
vestibulares inferiores possuem três 
contatos cada uma, o tripoidismo. Nota-
se também, que as cúspides vestíbulo-
medianas dos molares possuem dois 
pontos de contatos nas suas cristas 
transversais, o quais são difíceis de serem 
estabelecidos e podem, para a facilidade 
do profissional ou do técnico, serem 
modificados para outras posições, 
contanto que mantenham a estabilidade 
que se procura enfatizar durante todo o 
desenvolvimento do trabalho. 
Devem ser testados os movimentos 
excêntricos, que devem ocorrer sem 
contatos, havendo uma desoclusão 
imediata pela guia canino. Como estes 
testes são realizados constantemente, é 
comum o desgaste da superfície palatina 
dos caninos propiciando uma condição de 
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maior aproximação e contato das estru-
turas que estão sendo enceradas.Caso isso 
ocorra, deve-se restituir nos caninos sua 
forma original, utilizando a mesma cera 
da escultura. Idealmente, este desgaste é 
evitado pela confecção de uma guia 
anterior personalizada, (fig, 84). 
 
 
Fig. 84 - Relação das vertentes triturantes postero 
inferiores com as guias articular e canina. 
 
Para melhor entendimento e 
visuali-zação dos contatos já 
estabelecidos, estudar o quadro que se 
segue, identi-ficando cada contato com a 
respectiva correspondência no modelo 
superior: 
18- a vertente triturante distal (ou 
crista oblíqua) da cúspide disto-lingual do 
2º pré-molar inferior, oclui com aresta 
longitudinal mesial da cúspide palatina 
do 2º pré-molar superior. 
19- a vertente triturante distal da 
cúspide mésio-vestibular do 1º molar 
inferior, oclui com a crista secundária 
mesial da cúspide mésio-palatina do 1º 
molar superior. 
20- a vertente triturante mesial da 
cúspide vestíbulo-mediana do 1º molar 
inferior, oclui com a crista transversal da 
cúspide mésio-palatina do 1º molar 
superior. 
21- a vertente triturante distal da 
cúspide mésio-lingual do 1º molar 
inferior, oclui com a aresta longitudinal 
mesial da cúspide mésio-palatina do 1º 
molar superior. 
22- a crista transversal da cúspide 
vestíbulo-mediana do 1º molar inferior, 
oclui com a crista transversal da cúspide 
mésio-palatina do 1º molar superior. 
23- a crista transversal da cúspide 
disto-vestibular do 1º molar inferior, 
oclui com a crista transversal da cúspide 
disto-palatina do 1º molar superior. 
24- a vertente triturante mesial da 
cúspide disto-lingual do 1º molar inferior, 
oclui com a aresta longitudinal distal da 
cúspide mésio-palatina do 1º molar 
superior. 
25- a vertente triturante distal da 
cúspide disto-lingual do 1º molar inferior 
oclui com a aresta longitudinal mesial da 
cúspide disto-palatina do 1º molar 
superior. 
26- a vertente triturante mesial da 
cúspide disto-vestibular do 1º molar 
inferior oclui com a vertente triturante 
distal da cúspide disto-palatina do 1º 
molar superior. 
27- 28- 29- 30- 31- 32- e 33 são 
iguais respectivamente aos contatos 20- 
21- 22- 23- 24- 25- e 26, a diferença é 
que são no 2º molar. 
 
Preenchimento dos espaços oclusais 
 
Após o enceramento das cristas 
transversais oblíquas inicia-se a fase do 
preenchimento dos espaços oclusais pela 
adição de cera e o acabamento das fossas. 
Olhando as superfícies oclusais 
nesta etapa, notam-se espaços vazios 
entre as cristas que devem ser cuidadosa-
mente preenchidos, utilizando para isso 
cera verde e o instrumento PKT 2 para 
fazer a sua colocação, e a cada acréscimo 
de cera, o articulador deve ser fechado 
para verificação dos contatos. Se houver 
algum excesso, deverá ser removido com 
um instrumento de escultura (PKT 4), 
sendo ao mesmo tempo esculpidas as 
cristas secundárias e os sulcos, em cujo 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 55
fundo as pontas de cúspides não devem 
tocar. 
O preenchimento oclusal é iniciado 
a partir da fossa mesial do 2 º pré-molar, 
dando-lhe as características próprias e 
tendo como parâmetro o dente do lado 
oposto. A seguir são esculpidas as 
estruturas oclusais distais desse dente, 
cuja fossa recebe a cúspide funcional 
superior. Esta cúspide já possui dois 
pontos de contato anteriormente 
estabelecidos, devendo receber agora o 3º 
que lhe conferirá estabilidade, e está 
localizado na crista secundária distal da 
cúspide vestibular. 
Nesta fase o dente já deve ter sua 
forma oclusal definida e regularizada, 
com os sulcos nitidamente delimitados. A 
figura 85 mostra a delimitação dos sulcos 
principais, tanto no sentido mésio-distal 
quanto vestíbulo-lingual, e apresenta 
também a direção dos sulcos secundários. 
A colocação e a direção dos sulcos 
podem ser modificadas quando 
necessário, para se obter os pontos de 
contato. 
Os sulcos secundários na maioria 
das vezes limitam as cristas transversas 
oblíquas e secundárias, dando nitidez à 
anatomia oclusal, que é traduzida em 
eficiência mastigatória. 
 
 
Fig. 85 - Desenho esquemático da delimitação dos 
sulcos A: principais e B: secundários. 
 
O contato nº 34 em relação às estruturas 
antagonistas, crista secundária distal da 
cúspide vestibular do 2º pré-molar 
inferior, oclui com a vertente triturante 
mesial da cúspide palatina do 2º pré-
molar superior. 
Nos molares o procedimento é o 
mesmo. Para se obter o tripoidismo para a 
cúspide disto-palatina do molar superior, 
que é de menor tamanho, pode haver 
pontos de contato comuns, isto é, pontos 
que são válidos para a estabilidade da 
cúspide funcional superior e inferior ou 
pontos diferentes, obtidos às custas de 
cristas secundárias. Por exemplo: o ponto 
26 e o 33 (vertentestriturantes das 
cúspides DV molares) são pontos comuns 
às cúspides disto-vestibulares inferiores e 
disto-palatinas superiores, que são 
cúspides de pequeno porte. Da mesma 
forma os pontos 22-23 e 29-30 podem 
também ser pontos comuns. Quando isto 
não ocorre, pode-se ter o 3º ponto 
localizado numa crista secundária. 
Porém, vale salientar novamente que o 
importante é a obtenção da estabilidade 
cêntrica através do tripoidismo. 
Deve-se verificar novamente todos 
os contatos utilizando estearato de zinco, 
e reconstituir aqueles que por qualquer 
motivo se perderam. 
Ao término desta primeira etapa do 
exercício consegue-se uma superfície 
oclusal com cúspides e fossas 
harmoniosamente relacionadas de acordo 
com a dinâmica do sistema mastigatório, 
figura 86 e 87, de tal forma que se obtém 
desoclusão dos dentes posteriores durante 
o movimento lateral, e movimento 
protrusivo. Esta desoclusão mantém a 
escultura protegida dos desgastes pelos 
movimentos mandibulares, pois os dentes 
posteriores não sofrem contato durante 
esses movimentos. 
 
Enceramento progressivo Fernandes Neto, AJ & Silva, MR - Univ. Fed. Uberlândia - 2006 56
 
Fig. 86 - Enceramento concluído -esquemático. 
 
 
Fig. 87 - Enceramento concluído 
 
Agora as figuras devem ser 
convenientemente estudadas e todos os 
pontos de contato identificados com 
aqueles obtidos pelo aluno no exercício. 
 
Características finais do enceramento 
progressivo 
 
1. As pontas de cúspides são os 
pontos mais altos, a partir de onde todas 
as vertentes se inclinam para baixo. 
2. As pontas de cúspides funcionais 
são projetadas precisamente na fossa do 
antagonista. 
3. As pontas de cúspide funcionais 
não contactam no fundo da fossa (e sim 
no perímetro adjacente). 
4. As cúspides linguais são 
menores do que as vestibulares. 
5. Os contatos cêntricos devem 
estar em ambos os lados do arco dentário. 
O enceramento não deve estar em supra-
oclusão, pois impedirá a oclusão do lado 
oposto. 
6. Todas as estruturas posteriores 
devem desocluir nos movimentos 
excursivos da mandíbula. 
 
Bibliografia Consultada 
 
01- ASH, M. M., RAMFJORD, S. P. 
Introdução à oclusão funcional.Traduzido 
por José dos Santos Jr. Guarulhos S.P.: 
Parma, 1987. 276 p. 
02- GUICHET, N. F. Occlusion. 
Anaheim, California: Denar Corp., 1977. 
117 p. 
03- JANSON, W. A. et al. Introdução ao 
estudo da oclusão, enceramento das 
superfícies oclusais. Bauru - S.P.: 
Universidade de São Paulo, Faculdade de 
Odontologia de Bauru, 1977. 78 p. 
04- RAMFJORD, S. P. & ASH, M. M. 
Oclusão. 3. edição, Trad. Dioracy 
Fonterrada Vieira. Rio de Janeiro: 
Interamericana, 1984. 
05- THOMAS. P. K.,TATENO, G. 
Gnathological Occlusion. Tokyo: Shorin, 
1979. 235p.

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