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Metodologia Científica

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - COED
Metodologia
Científica
LICENCIATURA EM LETRAS – ESPANHOL
UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UESPI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
COORDENAÇÃO GERAL EAD/UAB/UESPI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS - ESPANHOL
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
Regina Maria Teles Coutinho
Coutinho, Regina Maria Teles.
 Metodologia científica / Regina Maria Teles Coutinho. – Teresina:
[s.n.], 2009.
61 f. : il.
Acompanha avaliação do fascículo.
1. Metodologia científica. 2. Universidade Estadual do Piauí -
UESPI. II. Título.
CDD. 001.42
C871m
Copyrigth © 2009. UESPI - Universidade Estadual do Piauí - Núcleo de Educação à Distância.
Venda Proibida
MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/UESPI
EDIÇÃO:
Equipe Multidisciplinar da UAB/UESPI –
Universidade Aberta do Brasil –
Universidade Estadual do Piauí
Coordenadora EaD/UAB:
Profa. Msc. Maria de Lourdes de Melo Salmito
Mendes
Coordenadora Adjunta:
Profa. Dra. Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Coordenadora do Curso de Licenciatura
Plena em Letras – Espanhol:
Profa. Msc. Margareth Torres de Alencar
Coordenador de Tutoria:
Prof. Esp. Omar Mario Albornoz
Equipe Multidisciplinar:
Katiuscia Poliana Jamily de O. Damasceno
Manuel Gonçalves das Silva Neto
Prof. Esp. Marivaldo de Oliveira Mendes
Prof. Msc. Orlando Maurício de Carvalho Berti
Professores Conteudistas do Fascículo:
Regina Maria Teles Coutinho
Revisão:
Profa. Msc. Silvana da Silva Ribeiro
Diagramação:
Prof. Msc. Orlando Berti
Capa:
Orlando Berti
UAB-UESPI
Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),
CCN, Sala da UAB, Rua João Cabral, 2231,
bairro Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002-
150. Telefone: (86) 3213-5471, 3213-7398
(ramal 294).
http://ead.uespi.br
E-mails:
eaduespi@hotmail.com
 coordenacao.uab@uespi.br
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Vice-presidente da República
José Alencar Gomes da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação à Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Diretor de Educação à Distância CAPES/MEC
Celso José da Costa
Governador do Piauí
José Wellington Barroso de Araújo Dias
Vice-governador do Piauí
Wilson Nunes Martins
Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí
Prof. Antônio José Castelo Branco Medeiros
Reitora da UESPI – Universidade Estadual do Piauí
Prof. Valéria Madeira Martins Ribeiro
Vice-reitor da UESPI
Prof. Carlos Alberto Pereira da Silva
Pró-reitora de Ensino de Graduação – PREG
Prof. Maria Célia Leal e Silva
Coordenadora da UAB-UESPI
Prof. Maria de Lourdes de Melo Salmito Mendes
Coordenadora Adjunta da UAB-UESPI
Prof. Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação – PROP
Prof. Liliene Xavier Luz
Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
Prof. Maria do Socorro da Costa Machado
Pró-reitora de Administração e Finanças – PRAD
Prof. Joselita Izabel de Jesus
Pró-reitor dos Cursos Sequenciais – PRESE
Prof. Pedro Bispo de Miranda Filho
Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Espanhol - EAD
Prof. Margareth Torres de Alencar Costa
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................
UNIDADE I: ESTUDOS E CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS.........07
SEÇÃO I....................................................................................................................................
1.1 – Métodos que proporcionam a base lógica da investigação............................................
1.1.1 – Método dedutivo...........................................................................................................
1.1.2 – Método indutivo............................................................................................................
1.1.3 – Método hipotético – dedutivo......................................................................................
1.1.4 – Método dialético...........................................................................................................
1.1.5 – Método fenomenológico...............................................................................................
SEÇÃO II..................................................................................................................................
1.2 – Métodos que indicam os meios técnicos de investigação.............................................
1.2.1 – Método experimental..................................................................................................
1.2.2 – Método observacional.................................................................................................
1.2.3 – Método comparativo...................................................................................................
1.2.4 – Método estatístico.......................................................................................................
1.2.5 – Método clínico.............................................................................................................
1.2.6 – Método monográfico...................................................................................................
SEÇÃO III...............................................................................................................................
1.3 – Teorias e quadros de referência....................................................................................
1.3.1 – Funcionalismo..............................................................................................................
1.3.2 – Estruturalismo.............................................................................................................
1.3.3 – Compreensão..............................................................................................................
1.3.4 – Materialismo histórico...............................................................................................
1.3.5 – Etnometodologia........................................................................................................
SEÇÃO IV...............................................................................................................................
1.4 – O Conhecimento e os Métodos Científicos.................................................................
1.4.1 – Conhecimento sensorial e conhecimento intelectual................................................
1.4.2 – Conhecimento vulgar e conhecimento científico.......................................................
1.4.3 – Conhecimento intuitivo e conhecimento científico....................................................
1.4.4 – Conhecimento teológico e conhecimento científico..................................................
1.4.5 – Conhecimento Filosófico e conhecimento científico.................................................
05
15
15
15
14
13
13
12
11
11
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18
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16
16
16
23
22
22
21
20
20
20
19
19
19
18
UNIDADE II: DOCUMENTAÇÃO......................................................................................
2.1 – Bibliotecas.....................................................................................................................
2.2 – Arquivos.........................................................................................................................
2.3 – Centros de documentação bibliográfica ......................................................................
2.4 – Vantagens do uso de fontes documentais....................................................................
UNIDADE III: LEITURA: PAPEL E IMPORTÂNCIA......................................................3.l – Seleção de leitura na construção do saber....................................................................
3.1.1 – Velocidade e eficiência da leitura..............................................................................
3.1.2 – Comunidade e higiene na leitura...............................................................................
3.1.3 – Definição de propósitos de leitura............................................................................
3.1.4 – Desvelar as idéias-mestras contidas no texto.........................................................
3.1.5 – Sublinhar as idéias principais...................................................................................
3.1.6 – Vocabulário e leitura eficiente..................................................................................
3.1.7 – Leituras e resumos....................................................................................................
UNIDADE IV: O CONCEITO, A CIÊNCIA E O MÉTODO CIENTÍFICO.....................
4.1 – Concepções de Ciência baseadas nas contribuições dos autores citados.................
4.2 – Características das Ciências.......................................................................................
4.3 – Elementos essenciais no processo de pesquisa..........................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 61
34
30
27
53
47
47
46
45
45
44
44
43
39
36
35
58
57
56
APRESENTAÇÃO
OLÁ ESTUDANTE! SEJA BEM-VINDO!
A disciplina Metodologia da Pesquisa possui, dentre outras finalidades, orientá-lo
quanto à construção de um caminho para a investigação científica, bem como estudos e
interpretações de textos de forma crítica e reflexiva. Sabemos que ao planejar uma viagem
escolhemos o caminho mais curto e agradável possível, com vistas a evitar o desperdício
de tempo, e, consequentemente, o cansaço para chegarmos ao local para o qual nos
dirigimos.
Nessa perspectiva, procuraremos, de forma interativa, estudar os textos que a disciplina
oferece, buscando sempre articular a pesquisa com o ensino em prol de uma aprendizagem
significativa. Uma aprendizagem que prepare para a vida de forma agradável e construtiva.
Portanto, as três unidades que compõem o fascículo, pretende de forma harmoniosa
e coesa levá-lo a internalizar a importância do método científico como elemento indispensável
no processo de investigação, bem como à análise documental necessária à construção do
trabalho científico.
Insisto, é num aprendizado interativo, que juntos aprenderemos a traçar os caminhos
da investigação, que leva à ciência, ao conhecimento científico.
Profa. Dra. Regina Maria Teles Coutinho
Unidade 1
ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO
DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS
OBJETIVOS
=> Propiciar a aquisição de concepções de método.
Identificar os métodos científicos.
=>Articular os métodos científicos com situações
vivenciadas no cotidiano.
=>Proporcionar autoformação de acordo as
necessidades e aspirações do estudante.
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
09
Olá Estudante!
Iniciando o diálogo!
Esta unidade de estudos
teórico-prático-metodológicos será
dividida, para melhor compreensão
em sessões com vistas a uma melhor
aprendizagem. Ao término de cada unidade você terá condições de
responder as tarefas solicitadas por serem evidentemente coerentes
aos estudos realizados.
Ao iniciar o estudo do conteúdo denominado método científico
é imprescindível, um breve comentário do que seja método, que de
acordo com o dicionário básico de filosofia, é o conjunto de
procedimentos racionais,
baseados em regras que visam
atingir um objetivo
determinado. Em linhas gerais,
método é o caminho escolhido
para se chegar a determinado
fim com rigor, exatidão e
fidedignidade. Entendendo por
fidedignidade, a exatidão nos
achados de uma investigação.
Nesse sentido, o método é
caracterizado por dois
elementos importantes da matemática: a medida e a ordem, com a
finalidade de chegar à verdade dos fatos.
O método científico passou a ser o parâmetro para o
conhecimento verdadeiro dos fatos e a experimentação, um
instrumento capaz de verificar como os fenômenos ocorrem, a fonte
de autoridade para a construção do saber, na expectativa de chegar
à verdade dos fatos, à ciência.
A ciência é ao mesmo tempo a revelação do mundo e a
revelação do homem, como ser social, levando em
conta, o papel da cultura e do trabalho que, em cada
momento histórico, apresentam a possibilidade de
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10
expansão e aquisição de conhecimentos, pretendendo
ultrapassar o nível dos fenômenos isolados, para chegar
a sínteses explicativas, estas sínteses, por sua vez,
sugerem novas relações, novas buscas, novas sínteses,
que realimentam o processo do conhecimento (PÁDUA,
2000, p. 23)
Considerando a racionalidade e objetividade do método que
assumem a vanguarda do conhecimento científico; a ciência
considera-se onipotente para resolver questões sociais de modo
geral, a economia, até a moral, a racionalidade também garantindo o
progresso indefinido da técnica.
Nessa perspectiva, o método pode ser definido, como o percurso
traçado para se chegar a determinado fim.
Então, após este breve comentário do que seja método, nos
reportaremos ao tema central que é o método científico, esperando
contar com a participação ativa dos estudantes, como elementos
fundamentais no processo de formação:
pessoal, profissional e social, que
dependerá sobremaneira do seu
interesse.
De acordo com os estudos de GIL
(1999, p.26), Método Científico é o
conjunto de conhecimentos intelectuais e
técnicas adotadas para se chegar ao
conhecimento.
O autor em pauta caracteriza
método através de bases lógicas de
investigação, entendendo que cada
método vincula-se a uma corrente filosófica que se propõem a explicar
como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo
ao neopositivismo, o dialético ao materialismo dialético e o
fenomenológico, naturalmente, a fenomenologia,
Portanto, a utilização de um método depende de muitos fatores:
da natureza do objeto que se pretende pesquisar, dos recursos
materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo
da inspiração filosófica do pesquisador bem como de sua ideologia,
do seu senso crítico. No processo de investigação pode-se utilizar
um ou vários métodos, de acordo com a natureza a investigação.
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11
SEÇÃO I
1.1 - Métodos que Proporcionam a Base
Lógica da Investigação
· Método dedutivo;
· Método indutivo;
· Método hipotético-dedutivo;
· Método dialético
· Método fenomenológico.
Vejamos, de forma sucinta, cada método.
1.1.1 - Método dedutivo:
É o método que parte das generalizações
e, a seguir, desce ao particular. Parte de
princípios reconhecidos como verdadeiros e
indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões
de maneira puramente formal, isto é, em
virtude unicamente de sua lógica.
O silogismo é o protótipo do raciocínio
dedutivo, que consiste numa construção lógica
que, a partir de duas proposições chamadas
premissas, ret ira uma terceira, nelas
logicamente implicadas, denominadas
conclusão, conforme se pode observar no
exemplo a seguir:
Todo homem é mortal. (premissa maior)
Pedro é homem. (premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. (conclusão).
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12
O método dedutivo encontra larga aplicação em ciências da
natureza, como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser
enunciados como leis.
Mesmo do ponto de vista
puramente lógico são apresentadas
várias objetivações ao método
dedutivo. Uma delasé a de que o
raciocínio dedutivo é essencialmente
tautológico, ou seja, permite concluir,
de forma diferente, a mesma coisa.
1.1.2 - Método indutivo:
procede inversamente ao dedutivo –
partindo do particular e coloca a
generalização como um produto
posterior do trabalho de coleta de
dados particulares. Parte-se da
observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam
conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de
descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à
generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou
fenômenos. Vejamos:
Maria é mortal.
José é mortal.
Pedro é mortal...
Ora, Maria, José, Pedro, ... são pessoas.
Logo, todas as pessoas são mortais.
Assim, se por meio da dedução
chega-se a conclusões verdadeiras, já
que baseadas em premissas igualmente
verdadeiras, por meio da indução chega-
se a conclusões que são apenas
prováveis.
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13
1.1.3 - Método hipotético-dedutivo:
O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir
de críticas à indução, expressas em A lógica da investigação
científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.
O método hipotético-dedutivo goza de notável aceitação,
sobretudo no campo das ciências naturais.
De acordo com KAPLAN (1972) no método hipotético-dedutivo:
....o cientista, através de uma combinação de
observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuições
científicas, alcança um conjunto de postulados que
governam os fenômenos pelos quais está interessado
daí deduz ele as consequências por meio de
experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados,
substituindo-os, quando necessário por outros e assim
prossegue.(KAPLAN apud GIL, 2002, p.12)
1.1.4 - Método dialético:
O conceito de dialética é bastante antigo. Platão utilizou-o no
sentido de arte do diálogo. Na contemporaneidade, utiliza-se bastante
o termo dialética, para se dar uma aparência de racionalidade aos
modos de explicação e de demonstrações confusas e aproximativas.
Continuando com a contribuição de GIL (1999), O materialismo
dialético pode, pois, ser entendido como um método de interpretação
da realidade, que se fundamenta em três grandes princípios:
a) A unidade dos opostos. Todos os objetos e fenômenos
apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente
unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos
não se apresentam simplesmente lado a lado, mas num estado
constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte do
desenvolvimento da realidade.
b) Quantidade e qualidade - são características imanentes a
todos os objetos e fenômenos e estão inter-relacionados. No processo
de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram
mudanças qualitativas a essa transformação opera-se por saltos.
c) Negação da negação. A mudança nega o que é mudado e o
resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda negação conduz
a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes.
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14
1.1.5 - Método
fenomenológico
Na abordagem
fenomenológica, a
realidade é entendida como
o que emerge da
intencionalidade da
consciência voltada para o
fenômeno. A realidade é o
compreendido, o
interpretado, o comunicado.
A fenomenologia
ressalta a idéia de que o
mundo é criado pela
consciência, o que implica
o reconhecimento da
importância do sujeito no
processo da construção do
conhecimento.
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15
SEÇÃO II
1.2 - Métodos que indicam os meios
técnicos da investigação
Nessa seção estudaremos os métodos mais adotados nas
ciências humanas e ciências sociais que são:
Método experimental;
Método observacional;
Método comparativo;
Método estatístico;
Método clínico;
Método monográfico.
1.2.1 - Método
experimental
O método experimental consiste
essencialmente em submeter os
objetos de estudo à influência de
certas var iáveis, em condições
controladas e conhecidas pelo
invest igador, para observar os
resultados que a variável produz no
objeto. “A experimentação “verifica”
uma hipótese oriunda da experiência
e chega, eventualmente, a uma lei dita
experimental” (JAPIASSU, 1999 p.96).
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16
1.2.2 - Método observacional
O método observacional é um dos mais utilizados nas ciências
sociais e apresenta alguns aspectos curiosos. Nesse sentido, são
necessários cuidados especiais na
utilização de método, haja vista a sua
imprecisão, pois depende do ponto de
vista de quem observa. Portanto, deve
ser utilizado acompanhado de outros
métodos.
Há investigações em ciências
sociais que se valem exclusivamente do
método observacional. Outras o utilizam em conjunto com outros
métodos. E pode-se afirmar com muita segurança que qualquer
investigação em ciências sociais deve valer-se, em mais de um
momento, de procedimentos observacionais (GIL, 1999, p.34).
1.2.3 - Método comparativo
Sua ampla utilização nas ciências
sociais deve-se ao fato de possibilitar o
estudo comparativo de grandes
grupamentos sociais, separados pelo
espaço e pelo tempo. Esse método é
bastante utilizado nos estudos
etnográficos, por propiciar a comparação
entre culturas de diferentes povos.
Os trabalhos de Piaget, no campo
do desenvolvimento intelectual da criança,
constituem importantes exemplos da
utilização do método comparativo.
1.2.4 - Método estatístico
Esse método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística
da probabilidade e constitui importante auxílio para investigação em
ciências sociais. Com a utilização do método estatístico é possível
em termos numéricos, a probabilidade de acertos de determinada
conclusão, bem como a margem de erro de um valor obtido.
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17
1.2.5 - Método clínico
O método clínico apóia-se
numa relação profunda entre
pesquisador e pesquisado. O
método clínico tornou-se um dos
mais importantes na
investigação psicológica,
sobretudo depois dos trabalhos
de Freud. Todavia, o
pesquisador que adota o método
clínico deve cercar-se de muitos
cuidados ao propor
generalizações, visto que esse
método se apóia em casos
individuais e envolve experiências subjetivas.
1.2.6 - Método monográfico
O método monográfico parte do princípio de que o estudo de
um caso em profundidade pode ser considerado representativo de
muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes.
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18
SEÇÃO III
1.3 - Teorias e quadros de referência
As teorias
d e s e m p e n h a m
importante papel
metodológico na
pesquisa. Alguns
desses “quadros de
referência” ou
“grandes teorias”
chegam mesmo a ser
designados como
métodos. É o caso do
funcionalismo, do
estruturalismo, da
“compreensão”, do
materialismo histórico e da etnometodologia.
1.3.1- Funcionalismo
O funcionalismo é uma corrente das ciências humanas que
enfatiza as relações e o ajustamento entre os diversos
componentes de uma cultura ou sociedade.
O funcionalismo exerceu e continua exercendo,
significativamente, influência na pesquisa social, sendo inúmeros
os trabalhos desenvolvidos segundo esse enfoque, inclusive no
Brasil.
1.3.2 - Estruturalismo
O termo estruturalismo é utilizado para designar as correntes
de pensamento que recorrem à noção de estrutura para explicar a
realidade em todos os seus níveis.
Fica claro, pois, o caráter relativo dos elementos da estrutura:
o sentido e o valor de cada elemento advêm, exclusivamente, da
posição que ocupe em relação aos demais.
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19
1.3.3 - “Compreensão”
Este procedimento a que
ele chama de compreensão
envolve uma reconstrução no
sentido subjetivooriginal da
ação e o reconhecimento da
parcialidade da visão do
observador.
Weber distingue, ainda,
entre compreensão atual e
compreensão explicativa.
Compreende-se pela primeira,
por exemplo, o sentido do
comportamento de um caçador
que aponta sua espingarda.
Compreende-se pela segunda
maneira, por exemplo, o
sentido do comportamento do
caçador que se entrega a esse
esporte por motivo de saúde.
1.3.4 - Materialismo histórico
O materialismo histórico fundamenta-se no método dialético e
suas bases foram também definidas por Marx e Engels.
Para o materialismo histórico, a produção e o intercâmbio de
seus produtos constituem a base de toda a ordem social.
1.3.5 - Etnometodologia
A etnometodologia foi definida por Harold Garfinkel como a
“ciência dos etnométodos”, isto é, por procedimentos que constituem
o “raciocínio sociológico prático”.
A etnometodologia mostra evidentes influências da
fenomenologia, já que analisa as crenças e os comportamentos de
senso comum como os constituintes necessários de todo
comportamento socialmente organizado.
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20
SEÇÃO IV
1.4 - O Conhecimento e os Métodos
Científicos
Após o método científico e suas divisões, faremos um estudo
do que seja conhecimento e sua tipologia, baseados nas
contribuições de JAPIASSU (1999) e RUIZ (2002), dentre outros
estudiosos.
O ser humano é dotado de duas características que lhe são
inerentes, a capacidade de conhecer e a de pensar. Portanto,
conhecer e pensar constitui não somente duas capacidades, como
também uma necessidade para o Homem.
O conhecimento é representado por três elementos: o sujeito,
ou seja, a consciência cognoscente, o objeto ou aquilo a que o sujeito
se dirige para conhecer, e a imagem, que representa o ponto de
coincidência entre o objeto e o sujeito.
1.4.1 Conhecimento sensorial e conhecimento
intelectual
Os conhecimentos sensoriais, inerentes
aos homens e aos irracionais, apreendem o
fato, a coisa, o indivíduo na sua singularidade
concreta.
O conhecimento intelectual não atinge a
aparência, o fenômeno, a coisa em si, mas,
operando sobre as imagens sensoriais, e
ultrapassando-as, formula conceitos gerais,
abstratos, definições universais, relações
ideais. Apenas o Homem é dotado da capacidade de pensar, de ter
sentimentos, de generalizar, de definir, de elaborar idéias
transcendentes.
O conhecimento intelectual não se restringe a captar a imagem
sensorial dos objetos e a reconhecê-los nela; o pensamento, ou o
conhecimento intelectual, atinge o real por dentro, analisa-o,
contextualiza-o, não ficando apenas em sua aparência sensorial.
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21
1.4.2 - Conhecimento vulgar e conhecimento
científico
Já ficou dito que existem duas espécies de conhecimentos:
conhecimento sensorial, comum aos homens e aos animais, e o
conhecimento intelectual que é privativo dos seres humanos adultos
normais.
-Conhecimento vulgar
Conhecimento vulgar é o conhecimento do povo, conhecimento
de oitiva que atinge os fatos sem lhes desvelar as causas. São as
vivências retiradas do cotidiano do Homem, tendo, portanto, grande
importância por se tratar de sua história de vida.
Mas, são experiências causais, ametódicas e assistemáticas,
fragmentárias e ingênuas, que atingem o fato nas suas aparências
globais, sem análise, sem crítica e sem demonstração; que acolhem
informações e assimilam tradições sem analisar as credenciais do
testemunho e sem penetrar nos fundamentos das crenças tradicionais,
esse modo de conhecimento é o denominado vulgar.
- Conhecimento científico
O conhecimento científico não atinge simplesmente os
fenômenos na sua manifestação global, mas os atinge em suas
causas, na sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma,
pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar,
de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança eventos futuros.
Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas; saber
cientificamente é ser capaz de demonstrar. O conhecimento científico
difere do conhecimento vulgar e vai muito
além deste, porque explica os fenômenos e
não só os apreende. Através da explicação
dos fenômenos, busca caminhos alternativos
para a solução dos problemas.
Nesse sentido, conhecimento científico
é expressão que lembra laboratório,
instrumental de pesquisa, trabalho
programado, metódico, sistemático e como
tal, objetiva a veracidade dos fatos, não
provoca associações com inspiração
místicas ou artísticas, religiosas ou poéticas.
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22
1.4.3 - Conhecimento intuitivo e conhecimento
científico
Em sentido etimológico, Intuere significa ver; intuição é uma
espécie de conhecimento que, pela sua característica de atingir o
objeto sem “meio” ou sem os intermediários das comparações,
assemelha-se ao fenômeno do conhecimento sensorial,
especialmente da visão.
1.4.4 - Conhecimento teológico e conhecimento
científico
Tanto a teologia como a Filosofia e as ciências têm ou podem
ter o mesmo objeto de estudo, como, por exemplo, a origem do mundo,
das espécies ou do Homem.
Entretanto, “filósofo e fiel são guiados
por princípios diversos”. Este elemento
especificativo do conhecimento
teológico merecerá, pois, especial
consideração.
O conhecimento científico consiste
na evidência dos fatos observados e
controlados experimentalmente. O
conhecimento filosófico e seus
enunciados se fundamentam em
evidências lógicas. No conhecimento
teológico, o fiel não se detém na
pesquisa dos fatos, ou na análise dos
conteúdos dos dogmas, a procura de
evidência, de comprovação.
Se tudo que está na Bíblia encerra a própria ciência divina
comunicada por Deus aos homens; se Deus merece todo crédito e
exige que os homens recebam sua palavra e aceitem como condição
de salvação, é natural que não se procure a evidência dos conteúdos
de revelação divina, mas que se aceite o dogma “porque assim foi
divinamente revelado” (RUIZ, 2002, p.105).
Para melhor entendimento do conhecimento teológico, é a
aceitação da estrutura do dogma como verdade incontestável.
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1.4.5 - Conhecimento filosófico e conhecimento
científico
O sentido etimológico e o contexto histórico, que cercou a
origem da palavra filosofia, caracterizam-
se como esforço da razão pura para
questionar problemas humanos e discernir
entre o certo e o errado, sem fazer apelo à
iluminação divina, e recorrendo
unicamente às luzes da própria razão
humana.
O conhecimento científico é
baseado em fatos concretos, positivos,
fenômenos perceptíveis pelos sentidos,
mediante instrumentos, técnicas e recursos
de observação, enquanto o objeto da
Filosofia são idéias, relações conceptuais,
exigências lógicas não redutíveis a
realidades materiais e, por isso mesmo,
não passíveis de observação sensorial,
exigida pela ciência experimental.
Parte-se do pressuposto de que a filosofia indaga e a ciência
responde e avança. A ciência soma suas conquistas e progride;
está em constante reconstrução e
avança à medida que novas
descobertas são incorporadas aos
seus domínios. A filosofia indaga,
traça rumos, assume posições,
estruturas correntes que inspiram
ou dominam mentalidades em
determinados períodos, mas que,
em seguida, perdem vigor diante
de novas concepções, que
geralmente hosti l izam as
anteriores, à maneira das
correntes literárias, das artes em
geral ou das religiões.
23
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GLOSSÁRIO
EXPERIMENTAÇÃO - segundo JAPIASSU (1999), é interrogação
metódica dos fenômenos, efetuadas através de um conjunto de
operações, não somente supondo a repetitividade dos fenômenos
estudados, mas a medida dos diferentes parâmetros: primeiro
passado para amatematização da realidade.
DOGMA – doutrina ou opinião filosófica transmitida de modo
impositivo e sem contestação por uma escola ou corrente de
pensamento, fazendo apelo a uma adesão incondicional.
RACIONALIDADE – racional – caracteriza tudo aquilo que
pertence à razão ou é derivado dela, que se baseia na razão.
OBJETIVIDADE – caracteriza aquilo que existe
independentemente do pensamento. Opõe-se à subjetividade.
PLATÃO - filósofo grego que tinha por doutrina central, a distinção
de dois mundos: o mundo visível, sensível, ou mundo dos reflexos
e o mundo invisível, inteligível, ou mundo das idéias.
NEOPOSITIVISMO – Movimento filosófico contemporâneo,
também conhecido como fiscalismo, empirismo lógico e
positivismo lógico.
SILOGISMO - Método de dedução de uma conclusão a partir de
duas premissas, por indicação lógica.
24
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25
RESUMO
Nesta unidade de estudo, tivemos a oportunidade de ver as concepções de
método de acordo com vários estudiosos. Após essa visão sucinta do que seja a
terminologia método, iniciamos uma viagem sobre os tipos de métodos científicos que
de acordo com as bases lógicas de investigação, podem ser:
Método dedutivo;
Método indutivo;
Método hipotético-dedutivo;
Método dialético;
Método fenomenológico.
Os métodos que indicam os meios técnicos da investigação tiveram a seguinte
divisão:
Método experimental;
Método observacional;
Método comparativo;
Método estatístico;
Método clínico;
Método monográfico.
Após a explicitação de cada método fora apresentados os quadros de referência,
que foram os que seguem:
Funcionalismo;
Estruturalismo;
Compreensão;
Materialismo histórico;
Etnometodologia.
Em sequência, foi realizado o estudo do que seja conhecimento, a distinção
entre conhecer e pensar; sujeito e objeto de estudo, para, a partir daí, descrever os
tipos de conhecimentos que caracterizam o Homem.
Nesse particular, foram destacados os tipos de conhecimentos que seguem:
Conhecimento sensorial e conhecimento intelectual;
Conhecimento vulgar e conhecimento científico;
Conhecimento intuitivo e conhecimento científico;
Conhecimento teológico e conhecimento científico;
Conhecimento filosófico e conhecimento cientifico.
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26
PESQUISE MAIS!
Após esses estudos recomendamos maior
aprofundamento recorrendo a uma investigação
bibliográfica em livros, revistas ou outros materiais
didáticos que tratem do assunto. Entretanto, sugiro
o livro Metodologia Cientifica, de João Álvaro Ruiz,
no capítulo intitulado: Diferentes Modos de Conhecer,
pois este dará uma visão mais ampla do assunto.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
· Caro estudante, após o termino da unidade,
escreva sua concepção de
método.
· Destaque, dentre os
métodos científicos, os
utilizados nas pesquisas em
ciências humanas e sociais.
· Cite os tipos de
conhecimentos estudados e
suas características.
· Descreva uma situação
problema, vivenciada por
você, em que seja utilizado o
método observacional e o
método comparativo.
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2924
Unidade 2
DOCUMENTAÇÃO
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3024
OBJETIVOS
=> Analisar as principais fontes de investigação na
documentação.
=> Buscar subsídios junto à documentação que
contribuam para edificação do trabalho científico.
=> Construir o trabalho científico integrando sempre
a investigação empírica, a investigação bibliográfica
e a análise documental.
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29
Olá estudante!
Dando prosseguimento aos nossos
estudos, nesta unidade procuraremos visualizar
a importância do método documental, como um
dos elementos essenciais na construção do
trabalho científico, por trata-se de algo que
reforçará a pesquisa bibliográfica e a pesquisa
de campo, portanto, trata-se de uma ciência que
visa à sistematização da informação oral ou
escrita.
Tendo o exposto por premissa nos
reportaremos à contribuição de CHIZZOTTI, bem
como de outros estudiosos que tratam desse
assunto. Quanto à concepção de documentação, de acordo com
CHIZOTTI,
Documentação é a ciência que trata da organização do
manuseio de informações. Consiste na coleta,
classificação, seleção, difusão e na utilização de toda
espécie de informação, compreendendo não só as suas
técnicas de estocagem, conservação e de classificação,
mas também suas técnicas de uso e os métodos que
facilitam a sua busca e a sua identificação (CHIZOTTI,
1991, p. 109).
Continuando, o autor citado, apresenta as principais fontes de
investigações documentais:
· Bibliotecas;
· Arquivos;
· Centros de documentação bibliográfica;
· Os produtos documentários.
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30
2.1 - Bibliotecas
Umas das fontes de investigações mais utilizadas são as
bibliotecas, pela sua praticidade e por serem um importante centro
de documentação escrita em razão do volume da produção impressa
estocada, classificada, bem
como por oferecer um
ambiente propício ao estudo
e colocadas à disposição
dos usuários. Podem ser
caracterizadas como
bibliotecas enciclopédicas
ou especializadas; públicas
ou privadas, universitárias
ou de empresas, de
associações etc.
A pesquisa bibliográfica
é desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum
tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Uma parte dos
estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas
bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas
a partir da técnica de análise de conteúdo.
Nas pesquisas bibliográficas e em muitas pesquisas
documentais, o trabalho de consulta à biblioteca, após
essas fases iniciais, tende a se tornar mais intenso, pois
é justamente na biblioteca que se processa a coleta de
dados. Nos levantamentos de campo, nos estudos de
caso e nas outras modalidades de pesquisa, o uso da
biblioteca também não se encerra com o planejamento.
A necessidade de consultar o material publicado
manifesta-se ao longo de todo o processo de pesquisa
(GIL, 1999, p.75)
Nesse sentido, o uso da pesquisa bibliográfica se processa
no início, no percurso, indo até finalizar a produção de um trabalho de
cunho científico.
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31
Nas bibliotecas os documentos adquiridos através de
compras ou de doações são descritos segundo uma linguagem
documentária que os distinguem da forma apresentada a seguir:
· classifica em ordem alfabética, pelo nome e prenome
do autor e por títulos e/ou assunto;
· codifica por matéria, segundo o plano de classificação
adotado pela biblioteca; a classificação mais usual é a
Classificação Decimal Universal – CDU;
· indexa por meio de conceitos-chaves descritivos do
conteúdo (descritores); há uma tendência de se
construir uma lista internacional de descritores para
indexação da bibliografia sobre Educação, Ciências,
Ciências Sociais, e cultura, ou um índice multilingüe
de descritores (Unesco, Thesaurus de l’ Unesco);
· resume, condensando sistematicamente o conteúdo,
fornecendo informações genéricas (notícia
bibliográfica), ou uma síntese sumária do conteúdo
(sinalética) ou, ainda, resumindo as informações e
conclusões mais significativas (resumo analítico);
· enumera, segundo a numeração internacional ISBN
(Internacional Standard Book Number).
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32
Algumas bibliotecas dispõem de fontes mais sofisticadas
como: microfichas ou microfilmes.
Os documentos primários, contendo informações originais,
estão em:
- publicaçõesem série: revistas, jornais, anuários,
boletins;
- livros: publicações encapadas com editor, lugar e
data;
- relatórios emitidos ou difundidos por um órgão
responsável;
- teses, dissertações e trabalhos universitários para
obtenção de títulos e diplomas de final de cursos
de licenciaturas, bacharelados, etc.
- patentes de título de propriedade;
- atas de congresso e comunicações apresentadas
em congresso etc.
Os documentos secundários estão em bibliografia e obras de
referência, tais como: repertórios bibliográficos, catálogos,
enciclopédias e obras de terminologia, anuários e repertórios.
Além desses, há outros tipos de documentos escritos não
convencionais, contidos na literatura cinza (grey literature), que
compreende documentos datilografados, impressos, mimeografados,
ou cópias reprográficas, editados em quantidade inferior a mil
exemplares, fora dos circuitos comerciais de edição e difusão, tais
como: relatórios de pesquisa produzidos por organismos públicos ou
privados, preprints, teses universitárias, patentes, manuscritos, notas
de curso, cadernos de pesquisa de campo.
Na biblioteca encontra à disposição dos usuários:
- Fichários cartonados descritivos dos documentos primários,
por autor, assunto e uma classificação codificada das obras que podem
ser consultadas manualmente, ou, em algumas bibliotecas, por meio
de sistemas automatizados de consulta.
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- Terminais: os fichários podem estar transcritos em sistemas
informatizados que permitem a consulta através da digitação do nome
do autor, título ou dos descritores da obra. Os terminais podem estar
conectados a bancos de dados ou redes e dar acesso pessoal ou
por meio da bibliotecária aos acervos que estão integrados ao sistema
informatizado.
- Acervos de referência permitem a identificação e
recuperação de publicações ou informações sobre determinada área
do conhecimento, em forma de sumários, resumos (abstracts),
catálogos, bibliografias etc.
- Serviços abrangem: a consulta, utilização da obra no recinto
da biblioteca; o empréstimo domiciliar de livros, mediante algumas
condições estipuladas pela direção da biblioteca e o empréstimo de
publicações entre bibliotecas, quando o acervo não dispõe da
publicação solicitada pelo consulente.
As bibliotecas participam do programa, como Biblioteca-Base,
quando fornecem cópias de artigos dos periódicos a outras
bibliotecas, ou como Biblioteca-Solicitante, quando localizam e obtêm
de outras bibliotecas os artigos de periódicos que não possuem em
seu acervo.
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2.2 – Arquivos
Representam um conjunto de documentos, quaisquer que sejam
suas datas, forma ou suporte material, produzidos e recebidos por
pessoa física, moral e por quaisquer serviços ou organismos públicos
ou privados, no exercício de sua
atividade.
Os arquivos tendem a se
constituir em separado das
bibliotecas, seja pelos
problemas específicos de
estocagem, classificação e uso
deste tipo de documentação,
seja pela especialização e pelo
público que atende.
Os arquivos, como as
bibliotecas, podem ser públicos (nacionais, estaduais ou municipais)
ou particulares (de igreja, as associações, empresas, famílias etc.).
Dentre os arquivos públicos, os mais importantes são: o Arquivo
Nacional, os arquivos estaduais e municipais.
Os Estados e alguns ministérios e municípios possuem seus
respectivos arquivos que estocam a documentação relativa à sua
jurisdição.
34
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35
2.3 – Centros de documentação
bibliográfica
A informatização das
informações documentais gerou
novos sistemas de veiculação, tais
como: bancos, base ou arquivos de
dados e redes de trocas de
informações documentais que
extraem, classificam e estocam os
dados brutos de coleções, contidos
na documentação primária e
secundária.
Banco de Dados (Data Bank)
Reúnem conjuntos de dados relativos a um domínio do
conhecimento e incorporam as informações em fichas estruturadas,
segundo códigos informatizados de classificação. Esses dados são
arquivados em memória de computador para oferecer aos usuários
um acesso imediato às informações, quando da sua manipulação
automática.
Base de dados (Data Basis)
 Representam um conjunto de dados organizados em fichários
automatizados com a finalidade de serem utilizados por programas,
de modo a facilitar a interdependência dos dados e programas
informatizados.
Redes de informações
São organismos que trocam informações de modo regular e
organizado, seja pelo acesso ocasional aos serviços recíprocos, seja
pela integração completa dos participantes em um sistema único,
fazendo todo tipo de permuta, telecópias, fax, etc. Há redes
internacionais, nacionais, especializadas em disciplinas e áreas de
conhecimento que permutam (ou cumutam) informações, de modo
sistemático.
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36
2.4. Vantagens do uso de fontes
documentais
De acordo com Gil (1999), as vantagens do uso de fontes
documentais, são as descritas a seguir:
· Possibilita o conhecimento do passado;
· Possibilita a investigação dos processos de
mudança social e cultural;
· Permite a obtenção de dados com menor
custo;
· Favorece a obtenção de dados sem o
constrangimento dos sujeitos.
Possibilita o conhecimento do passado
Os experimentos e os levantamentos, a despeito do rigor
científico de que se revertem, não são apropriados para proporcionar
o conhecimento do passado. Nos levantamentos, quando se indaga
acerca do comportamento passado, o que se obtém, na realidade, é
a percepção do respondente a esse respeito. Já os dados
documentais, por terem sido elaborados no período que se pretende
estudar, são capazes de oferecer um conhecimento mais objetivo da
realidade.
Possibilita a investigação dos processos de
mudança social e cultural
 Todas as sociedades estão continuamente mudando. Mudam
as estruturas e as formas de relacionamento social, bem como a
própria cultura da sociedade. Para captar os processos de mudança,
não basta, portanto, observar as pessoas ou interrogá-las acerca de
seu comportamento. Nesse sentido, é que as fontes documentais
tornam-se importantes para detectar mudanças na população, na
estrutura social, nas atitudes e valores sociais, etc.
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37
Permite a obtenção de dados com menor custo
Pelo elevado empreendimento financeiro das pesquisas
experimentais, requerem a seleção de uma amostra com tamanho
adequado, bem como a elaboração de instrumentos padronizados
de coleta de dados e com freqüência pessoal qualificado para sua
obtenção.
Favorece a obtenção de dados sem
o constrangimento dos sujeitos
É amplamente reconhecida a
dificuldade de obtenção de dados
relacionados com a vida íntima das pessoas.
Muitas são as pessoas que se negam a
responder sobre assuntos cuja resposta possa
ser entendida como manifestação de
comportamento anti-social ou que respondem
de maneira inadequada.
Não obstante aos obstáculos que
venham surgir, é inegável a importância da
pesquisa documental, por se constituir em algo
que vem reforçar os dados coletados em
outras abordagens metodológicas. Nesse sentido é inegável o papel
das diversas pesquisas documentais, principalmente, da pesquisa
bibliográfica, mas respaldado por cuidados especiais, conforme
expressa SEVERINO (2002):
Antes, pois, de começar a ler a bibliografia, tenham-
se presentes na mente as grandes linhas que
serão as colunas mestras do trabalho. Essas
idéias são percebidas intuitivamente pelo aluno ou
são frutos da sugestão do próprio problema
levantado pela tese ou ainda de alguma insinuação
se estudos anteriores (SEVERINO, 2002, p.79).
É importante ressaltar que além das documentaçõesapresentadas, existem outras fontes, tais como: IBGE, bem como a
documentação inserida nas secretárias das instituições de ensino e
outros locais que contenham informações que venham a subsidiar o
trabalho do pesquisador.
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ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
· De acordo com o texto
explorado, qual sua concepção de
documentação?
· Faça uma visita a uma biblioteca
destacando os locais de pesquisas
em livros, revistas e Internet.
· Visite um arquivo público
estadual e/ou municipal, e descreva
em relatório os aspectos que mais
chamaram sua atenção.
· Dentre as vantagens do uso de
fontes documentais, citadas no
texto, qual ou quais você mais
utilizou em sua vida escolar?
RESUMO
Caro estudante, nesta unidade de estudo você viu e espero que tenha
assimilado as informações sobre o assunto: documentação, que conforme se
pode constatar é algo importante na sistematização de um trabalho científico,
por se tratar de informações que reforçam os dados empíricos e servem para
analisar e entender o objeto de estudo.
Nessa perspectiva, a pesquisa documental poderá ser realizada em
bibliotecas em que a investigação bibliográfica tem ponto alto, por se tratar
de informações contidas em livros, revistas, monografias de final de cursos,
dissertações, teses, bem como outros materiais didático-pedagógicos
inerentes à pesquisa empreendida.
Os Arquivos e o IBGE são fontes de informações, dentre outras
instituições, que guardam de forma sistematizada dados importantes para a
construção do trabalho científico.
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393324
Unidade 3
LEITURA: PAPEL E
IMPORTÂNCIA
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40 3933
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OBJETIVOS
=> Levar o aluno a conscientizar-se da importância de
construir o hábito da leitura.
=>Fazer leituras reflexivas e críticas.
=>Articular as leituras realizadas com contexto sócio-
cultural.
=>Estabelecer um diálogo com os autores, observando
os pontos de concordância e divergência.
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41
Caro estudante!
Iniciaremos a terceira unidade de estudos, com um assunto
por demais pertinente em se tratando do momento atual, que requer
que as pessoas leiam de forma crítica e reflexiva para que venham
a entender o mundo com suas mazelas e injustiças sociais, pois
através de uma leitura crítica e
contextualizada em que o leitor
interage com o autor,
indagando, concordando,
discordando, será possível a
construção de um país mais
desenvolvido.
Contudo, é preciso
adquirir o hábito da leitura, que
não é algo que se processa de
um momento para outro, mas,
deve ser construído por toda
vida, como uma constante em
nosso processo de formação
pessoal, profissional e social.
Entretanto, quando a pessoa começa adquirir, ou construir o hábito
da leitura desde criança, ao torna-se adulto, não sente o ato de ler
como algo desagradável, ao contrário, o sente como uma atividade
prazerosa, que permite viajar por lugares desconhecidos, conhecer
novas pessoas, manter um diálogo silencioso, mas altamente
produtivo. De acordo com RUIZ (2002, p.35):
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42
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando
a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do
saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de
comunicação, disciplinando a mente e alargando a
consciência pelo contato com formas e ângulos
diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser
considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem
não lê memoriza elementos de um todo que não se
atingiu.
A leitura de um texto requer antes de tudo o interesse pelo
assunto em pauta com vistas a internalizar as idéias centrais,
destacando elementos que sirvam para estabelecer uma ponte
entre as idéias e o novo raciocínio que se
desenvolve.
Os elementos a serem recolhidos
visam reforçar, esclarecer e apoiar as idéias
pessoais retiradas pelo autor do trabalho.
Essas idéias retiradas das várias fontes de
pesquisa fornecem várias afirmações do
autor, além do material sobre o qual se
trabalha, a garantia de maior objetividade, de
maior fidedignidade, verificada no testemunho
e nos resultados de outros pesquisadores.
É preciso ter perseverança na leitura, buscando sempre
construir um saber, que se dará, buscando a seleção de leitura,
integrando os dados acumulados e associando-os às leituras
realizadas.
Para trabalhar essa temática, nos reportaremos às
contribuições valiosas de pesquisadores como: Ruiz, Freire,
Severino, Kramer, Demo, dentre outros.
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43
3.1. Seleção de leituras na
construção do saber
Ao selecionar um livro para ler, é importante fazer uma leitura
panorâmica do assunto veiculado com vistas a aguçar nosso interesse
e despertar nossa vontade
de lê-lo, como uma viagem
agradável, com paragens
nos aspectos principais.
Nesse sentido, devemos ler
o titulo, o resumo, a “orelha”,
o índice da matéria, o
prefácio, a bibliografia e se
possível, a introdução, que
se constitui o espelho, o
retrato do contido no corpo
do livro, representado pelos
capítulos.
Para a consecução
desse intento, o primeiro
passo é a aquisição de
livros indicados pelos
professores como
ferramentas indispensáveis
ou básicas para o
desenvolvimento das
atividades didático-
pedagógicas, mas, também
se devem levar em conta as
leituras que visam à
formação da subjetividade
em prol de uma cidadania
social, em que os direitos civis, políticos e sociais sejam atendidos,
mas, quando este fato não acontecer saibam levantar bandeira de
luta para sua efetivação.
Portanto, para a seleção e um bom aproveitamento na leitura
é importante considerar alguns aspectos, tais como:
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44
3.1.1 – Velocidade e eficiência da leitura
A velocidade da leitura é algo subjetivo, pois depende da
preparação ou da preferência de quem lê, nesse particular, o
importante é que a leitura efetivada não perca o sentido pela lentidão
ou pela leitura apressada acarretando em prejuízo do leitor.
Normalmente, a leitura apressada não prejudica a eficiência ou
a compreensão. Quem lê bem e depressa encontra tempo para ler e
faz seu tempo render. Portanto, existe uma velocidade padrão de
leitura; a maior e menor velocidade depende do gênero do próprio
texto, bem como das peculiaridades do leitor. Não se lêem com a
mesma velocidade textos de gênero diferente, como por exemplo,
um romance e um manual de biologia. Por outro lado, cada um deve
atingir sua velocidade ideal, mas é certo que sempre é possível
aumentar a velocidade sem prejuízo de compreensão. O importante
é que a leitura leve à interpretação e à crítica, sendo mais lenta ou
com mais velocidade.
3.1.2 – Comodidade e higiene na leitura
O ambiente de leitura que venha a proporcionar uma boa
concentração e comodidade deve ser limpo,
arejado, bem iluminado e silencioso, tendo
ao alcance da mão dicionários, livros, lápis,
papel, bem como outros materiais que
venham ao encontro do trabalho a ser
empreendido.
Necessário se faz criar um ambiente que
favoreça a leitura, as pessoas que não tem
o hábito da leitura, vivem no mundo sem vê-
lo de fato como se apresenta, sem
condições de fazer uma análise crítica sem
condições intervir nessa realidade de forma consciente. Portanto,
recorro às contribuições de RUIZ (2002, p. 36) pessoas que não
construíram o hábito da leitura, que expressa: Não se julgue
impossibilitado de ler aquele que não puder fazê-lo em ambiente
de condições ideais, mas é importante conhecer estas condições e
procurar criá-las ou desfrutar delas tanto quanto possível.
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453.1.3 – Definição de propósitos de leitura
É importante ler com uma finalidade, com objetivos previamente
estabelecidos, tendo por premissa a leitura cultural como finalidade
básica, em que a procura, a captação,
a crítica e a retenção de conhecimento
se faz em primeiro lugar pela procura
das idéias mestras, pela procura das
idéias principais, que direcionam o
raciocínio para o
entendimento do texto.
O bom leitor deve
concentrar-se na procura das idéias
principais para construir as estruturas
do pensamento, enfim, o bom leitor lê
unidades de pensamento, lê as
idéias e as hierarquiza enquanto
lê, de maneira a encontrar as idéias mestras ou a palavra-chave. O
mau leitor, ou seja, o leitor que lê sem interagir com o autor, que lê por
ler, lê palavra por palavra, como se estas tivessem o mesmo valor,
sem interpretar o que lê com criticidade.
3.1.4 – Desvelar as idéias-mestras
contidas no texto
A idéia principal aparece
sempre numa constelação de
idéias que gravitam à sua volta;
um argumento que a justifique,
um exemplo que elucide uma
analogia que a torne verossímil
e um fato ao qual ela se aplique
são elementos de sustentação
da idéias principal. O bom leitor
procura construir os seus
resumos procurando montar o
encadeamento, a articulação
das idéias.
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46
3.1.5 – Sublinhar as idéias principais
Essa é uma atividade que ajuda a destacar as idéias principais, as
palavras-chave e os pormenores importantes. Existem normas para
sublinhar que devem ser seguidas, tais como:
· Sublinhar as idéias principais e os detalhes
importantes, procurando não sublinhar em
demasia, buscar sempre as palavras-chave,
ou seja, o que é significativo.
· Não sublinhar na primeira leitura realizada,
é preciso ter antes a visão do todo, para, a
partir daí, destacar na segunda leitura os
aspectos mais relevantes do texto lido.
· Reconstruir o parágrafo a partir das
palavras sublinhadas.
· Ler o texto sublinhado com continuidade
e plenitude de sentido de um telegrama. A
parte sublinhada deve ter começo, meio e
fim. Deve ter coerência, sentido fluente e
conectado...
· Sublinhar com dois traços as palavras-
chave da idéia principal, e com um traço os
pormenores.
· Assinalar com um sinal de interrogação, à
margem, os pontos de discordância.
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47
3.1.6 – Vocabulário e leitura eficiente
A melhor forma de ampliar o vocabulário é a prática da leitura.
O fundamental é que não se deve perder a oportunidade de
enriquecer o próprio vocabulário pela
preguiça da busca de palavras novas
em dicionário, pois ao pesquisar-se
o significado de uma palavra, por
extensão se internalizam outras.
3.1.7 – Leituras e
resumos
Para destacar os propósitos da
leitura, para melhor captar, discernir,
assimilar, gravar e facilitar a evocação
futura dos conteúdos da leitura, nada
melhor do que procurar reproduzir ou
parafrasear a aquilo que lemos. Essa atividade se efetivará através
de resumos e esquemas.
É importante ressaltar, de acordo com RUIZ (2002, p. 44) que:
O resumo difere do esquema e do sumário porque é
formado por parágrafo de sentido completo; sua leitura
dispensa a do texto original, no diz respeito ao
levantamento dos conteúdos; não indica tópicos apenas,
mas condensa sua apresentação. Ademais os resumos
comportam apreciação critica a partir de uma posição
assumida.
Nessa unidade de estudo o objetivo
maior é demonstrar a importância da
leitura, pois quem lê bem e com freqüência,
tendo esse ato como hábito, como uma
atividade diária, terá grandes vantagens,
viverá no mundo de forma a vê-lo com as
cores com as quais é pintado.
Para completar a importância da construção do
hábito de ler, recorro à contribuição de KRAMER
(1995).
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Formação de professores – recomendações
para uma política de leitura como política
cultural, pública e democrática
Muitas outras reflexões críticas foram provocadas pelos
depoimentos e textos que recebi. Por ora, contudo, gostaria
ainda, de destacar este aspecto já mencionado que me parece
polêmico e central no encaminhamento de alternativas: ao
concluir, ao denunciar que a escola produz não leitores estou
fundamentalmente falando de uma escola que foi perdendo
seu sentido cultural, sua função social, seu papel humano,
na medida em que não oferece condições objetivas para o
exercício da leitura, para o estudo, na medida em que, além
disso, esgarça as relações entre parceiros e agrava a
fragmentação dos laços de coletividade, marca do mundo
moderno. Assim, a revitalização do gosto de ler está ligada
à possibilidade de resgate da
dimensão cultural da escola
e do seu papel – como uma
instância dentre as demais -
na concretização de uma
política, de emancipação
cultural e de participação
efetiva da população na
criação, na produção (e não
apenas na reprodução) da
cultura.
Essas reflexões me
trazem de volta às
indagações iniciais: e o
ensino, a formação? Os
professores que não
gostavam de ler tornaram-se
como esta experiência
vivida – leitores? Posso dizer
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que em muitos casos sim. “A consciência que passaram a
ter da sua própria trajetória e o processo de rememoração
das suas experiências possibilitou que ressignificassem sua
própria maneira de se constituírem leitores, ou seja,
favoreceu a alguns que voltassem a ler, a gostar de ler, a
experimentar o sabor dos livros, a reencontrar autores, a
compartilhar pensamentos e obras que antes julgavam ‘muitos
profundos’ a reler compreendendo que cada leitura é uma
nova leitura”.
O gosto é fruto da memória, nos ensina ÍTALO
CALVINO (1983, 1994). Apreciar ou deixar de apreciar
alguma coisa resulta de um processo acontecido na história,
no decorrer de relações e interações entre sujeitos e objetos
sempre situados e contextualizados histórica e socialmente
(VYGOTSKY, 1984; KRAMER, 1993, JOBIM e SOUSA,
1994). Entender que o gosto é produzido historicamente
permite também revalorizar na importância de recontar, de
rememorar a historia vivida, coletivamente, para que seja
possível compreender o gosto e superar o desgosto ou o
contragosto em relação à leitura. Isso coloca de outra forma
a centralidade do espaço de narrativa como estratégia
formadora: (re)contar as experiências com livros, a trajetória
com a leitura e a escrita, as historias de vida, é crucial para
formar professores como leitores para que tais professores
e professoras possam retomar/reelaborar suas experiências
com leitura/escrita (re)constituindo-se como leitores.
Se gostar se relaciona à dimensão estética, e se a
pedagogia vem sendo definida e?ou legitimada
hegemonicamente de maneira a contrariar o gosto, o estético
o artístico, separando conhecimento de sentimento e
prendendo-se cada vez mais à perspectiva lógica, racional,
conteudística, cognitiva, como se o saber se desprendesse
do prazer, cabe redefenir esse pedagógico (KRAMER,
1993), marcá-lo com os signos da cultura, com os
significados flexíveis e dinâmicos construídos
historicamente. Sensibilidade, gosto, dimensão estética estão
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inseridos numa perspectiva cultural. Assim, gosto, cultura e
redefinição do sentido do que faz a escola, à prática
classificatória e à fragmentação presentes nos conhecimentos
que circulam na escola, ao fechamento e ao autoritarismo
da palavra monológica que nela se ensina, em particular
quando se ensina - supostamente - a ler e escrever. Vale
lembrar que essa cristalização migra, se pendura, se agarra,
impregna de maneira capilar a própria leitura, quando se
ensina o que se deve ler e do que se deve gostar de ler. Ao
mesmo tempo, essa cristalizaçãoe endurecimento da palavra
imiscui-se e passa a compor aquilo que se chama
genericamente de escrita.
A presença necessária da dimensão do gosto, se quer
formar pessoas leitoras e que não tenham medo ou vergonha
de escrever é, assim, uma das condições do processo de
humanização do homem e de efetiva garantia de mais direito
social: o de ler e escrever, direito que só conseguiremos
conquistar plenamente e para todos no bojo de uma política
de cultura. Isso significa que a escola pode também, produzir
leitores críticos, produtivos, sendo para tanto essencial
fundar sua prática em atividade de caráter cultural e social
que ultrapassem a mera repetitividade de ações impostas e
obrigatórias. É a escola que tem o dever (logo a
obrigatoriedade) de formar leitores. Professores e
professoras, alunos e alunas têm o direito de ler e de
escrever, têm o direito de gostar e de não gostar de ler.
Precisam, pois, de acesso a textos dos mais diferentes tipos
e a práticas reais de leitura e de escrita, práticas revertidas
de significado e que se consolidem como experiências
efetivas, e não como exercícios para prestar contas à
contabilidade escolar e suas exigências burocráticas. Salas
de leitura, bibliotecas públicas (estaduais, municipais e
regionais), rodas de leituras, núcleos de estudo e de leitura
coletiva, são, assim, espaços capazes de viabilizar as
condições necessárias a formação de professores como
leitores. Considerando, por outro lado, que a formação é
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direito dos profissionais, destaco ainda a necessidade de
que o tempo gasto nessa formação seja considerado pelas
instâncias públicas e pelas redes particulares como trabalho
efetivamente realizado, trabalho pago, para dizer mais
explicitamente, cuja eficácia na formação e sem dúvida
maior do que os treinamentos e “reciclagens” convencionais.
Práticas reais de leitura, é o que defendo aqui como
processo formador, aliado a alternativas de ampliação da
experiência cultural, quer seja em bibliotecas, cinemas,
museus, teatros, apresentações de artes plásticas, de
fotografia, de dança e de musica, vídeo e tantas outras quantas
forem as modalidades da expressão, da invenção, da criação
humana.
PESQUISE MAIS!
LEIA O LIVRO DE PAULO FREIRE – A
IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER, E FAÇA UM
RESUMO.
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ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
· De acordo com o texto
explorado, construa sua
concepção de leitura.
· Cite as principais características
de uma leitura significativa.
· Tendo por suporte o texto de
SONIA KRAMER sobre formação de
leitor, solicito, que destaque as
idéias mestras, as idéias
secundárias e faça um resumo com
o encadeamento destas, formando
um texto coeso e com sentido.
RESUMO
Prezado estudante!
 Nessa unidade de estudo tivemos a oportunidade de ver a importância
da leitura em nossas vidas, em nossas formações, como sujeitos cognoscentes,
ou seja, como alguém capaz de internalizar de forma crítica os saberes com
vistas a um aprender a aprender de forma a interpretar o que lê e construir seu
pensamento através das idéias levantadas no texto.
Portanto, vimos, de acordo com os autores citados, a concepção de
leitura e os procedimentos necessários para se efetivar uma leitura proveitosa,
com vistas a uma aprendizagem significativa. Nesse sentido, foram explorados
mecanismos de como destacar as idéias principais, as idéias secundárias e
seu encadeamento na elaboração de resumos, síntese, etc.
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Unidade 4
O CONCEITO, A CIÊNCIA E O
MÉTODO CIENTÍFICO
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OBJETIVOS
=>Diagnosticar as causas e os efeitos dos
problemas desvelados ao cotidiano das ações
desenvolvidas.
=>Construir conhecimentos tendo por suporte,
métodos adequados para atingir os objetivos
propostos.
=>Efetuar investigações bibliográficas e de
campo em prol da elucidação de problemas
detectados, visando sua solução.
=>Refletir sobre a prática pedagógica em busca
de ações transformadoras.
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Prezado estudante!
Convido-o a participar de forma
interativa dessa unidade de estudo que
objetivará, antes de tudo, fazer uma breve
retomada das três unidades de estudos
realizadas. Como contatamos, na primeira
unidade, tivemos a oportunidade de
estudar o método, o conhecimento
científico e sua tipologia. Na segunda
unidade estudamos a documentação
como instância imprescindível na
construção do trabalho acadêmico –
científico, em que a biblioteca tem papel
fundamental por contribuir com a pesquisa
bibliográfica para o entendimento do objeto
de estudo. Na terceira unidade, tivemos a
oportunidade de estudar a leitura como
ferramenta que visa dar suporte para o
entendimento dos aspectos
socioeconômicos e culturais do mundo,
bem como conhecimento do ser humano
em sua subjetividade, como célula magna
no processo de construção da cidadania.
Portanto, dando continuidade, nessa
unidade, procuraremos desvelar aspectos
como conceitos, ciência e o método
científico. Para a construção dessa
unidade utilizamos a contribuição de Ruiz
(2002); Coutinho (2002); Alves (1999),
dentre outros autores.
Nessa perspectiva, vejamos antes de
tudo a concepção de ciência. Essa palavra
pode ser assumida em duas acepções:
em sentido amplo e em sentido restrito.
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4.1 – Concepções de Ciência,
baseadas nas contribuições dos
autores citados
=> Ciência não significa um conhecimento qualquer,
e sim um conhecimento que não só se aprende
ou registra fatos, mas também os demonstra
pelas suas causas determinantes ou
constitutivas.
=> Ciência em seu sentido estrito e global, isto é,
como realidade uma e total, não como
especialidade em áreas delimitadas.
=> Ciência é também um produto social, nunca é
maior ou menor do que a mão que o faz, Leva a
marca do homem, contem artificialidades,
sofisticações rebuscadas, modismo conjunturais
=> Ciência é resultado de uma atividade cientifica,
que por sua vez é uma atividade social como
outra qualquer, cujo prestígio social nem sempre
possui base real;
=> Ciência está sempre na eminência de se tornar,
sobretudo, justificação social do cientista;
=> Ciência possui seus ritos, condensados,
sobretudo, na intersubjetividade, o eu pode
tender a ser mais prescritiva do que instância
de promoção da criatividade.
=> A ciência é uma investigação rigorosamente
metódica e controlada, nem será outra a razão
da confiança nas conclusões cientificas.
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4.2 – Características das Ciências
Conhecimento pelas causas – descobrir o que ocasiona o
aparecimento de determinados fenômenos. O conhecimento pelas
causas é o modo mais intimo e profundo de se atingir o real.
Conhece cientificamente quem é capaz de demonstrar os
porquês de determinado enunciado.
Profundidade e generalidade de suas conclusões - as
conclusões científicas ultrapassam as limitações do conhecimento
vulgar, a ciência exprime suas conclusões em enunciados gerais que
traduzem a relação constante do binômio causa-efeito.
A ciência generaliza porque atinge a constituição íntima e a causa
comum a todos os fenômenos da mesma espécie.
Assim é que o objeto “homem” pode ser atingido pela poesia
pela Filosofia, pela religião, e também pelas ciências, tais como
a Psicologia, a Biologia, e a Sociologia. O que caracteriza a
ciência é seu objeto formal, isto é, a maneira peculiar, o aspecto,
ou o ângulo sob o qual atinge seu objeto material. O modo
específico de a ciência atingir seu objeto é o controle experimental
das causas reais próximas;o cientista parte de fatos concretos e
permanece no plano dos fatos observáveis e controláveis
experimentalmente.
De modo contrário, o conhecimento vulgar é assistemático,
ametódico, pautado em fatos não comprováveis diferentemente do
conhecimento científico, em que o método constitui a vida real de
acesso da mente humana nos processos da pesquisa cientifica.
A experimentação científica processa-se em condições de rigoroso
controle de toda situação. Sem controle, sem técnica, não se pode
identificar a causa ou a fonte real dos fenômenos; se não eliminar a
possibilidade de ação ou atuação de causas não controladas, o
procedimento não será científico, nem conduzirá a uma conclusão segura.
Tanto os processos de pesquisa científica como os resultados
finais alcançados gozam de exatidão relativamente aos outros modos
de conhecer. Essa exatidão característica da ciência, relativa às suas
conclusões, decorre da possibilidade de se demonstrar, por via de
experimentação ou evidência dos fatos objetivos, observáveis e
controláveis, o mérito de seus enunciados.
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4.3 – Elementos
essenciais no
processo de
pesquisa
Espírito científico -
mentalmente científica, ou
atitude científica é um estado
de espírito, e uma disposição
subjetiva adequada à nobreza
e à seriedade do trabalho científico. Esse estado subjetivo
resulta do cultivo de uma constelação de virtudes morais e
intelectuais; não bastará, pois, conhecê-las; é preciso vivê-las,
reduzi-las à prática, cultivá-las.
A busca de evidência é uma característica do espírito
científico exatamente à medida que este, movido por intensa
curiosidade intelectual, não se satisfaz com o simples
conhecimento dos fatos, mas procura compreendê-los, justificá-
los e demonstrá-los.
Não basta conhecer o espírito científico. Quem conseguir
admirá-lo já está caminhando para seu cultivo. E quem cultivá-lo
tirará bom proveito de seu curso universitário e será profissional
voltado a um trabalho sério e profícuo no seu campo de atividades
e influências.
Espírito crítico - é a atitude amadurecida do homem, que busca
com seriedade a verdade, suprema virtude da mente; o espírito crítico
pondera razões confronta motivos, busca o desvelamento da verdade,
que tranqüilize as exigências da razão, dissipe as trevas da ignorância
e promova o progresso da mente.
Espírito de confiança na ciência – é ter certeza de que
através da pesquisa se conseguirá modificações significativas para
as ações desenvolvidas, que por sua vez levará a transformações
sociais.
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TEXTO PARA REFLEXÃO
A pesquisa em sala de aula
Autora: Profª Dra. Regina Maria Teles Coutinho
A pesquisa em sala de aula, com intuito de desvelar o objeto de estudo,
analisar suas características e, a partir daí levantar novos métodos alternativos
que venham a contribuir para a construção de conhecimentos inovadores, é o
que se espera do professor-formador, que deve ter a concepção de ensino com
algo complexo, que tenha como ponto de partida e de percurso a prática social
e as relações interpessoais.
Neste processo, tendo a consciência que, à medida que se ensina, se
aprende também e, juntos, com objetivos comuns, constroem suas identidades
como atores sociais, que desempenham vários papéis através das ações que
levam à construção do sujeito que possui uma história de vida e que está situado
em um determinado contexto. “A profissão de professor emerge em dado contexto
e momento histórico, tomando contornos conforme necessidades apresentadas
pela sociedade, e constrói-se com base nos significados sociais que lhe são
dados” (PIMENTA, 2002, p. 189)
Nessa perspectiva, é colocada em destaque a importância da pesquisa
como algo que valoriza o profissional professor, que buscará a construção de
métodos de acordo com o conteúdo a ser transmitido e do contexto sócio-
educacional em que exerce sua função. Questionam-se muito os saberes
docentes universitários, que, em muitos casos, a sua prática pedagógica não
diferencia muito das escolas de nível fundamental e médio, por serem meros
reprodutores de conhecimentos, sem uma preocupação maior com a
investigação científica com a produção de conhecimentos, em que se aprenda
sua gênese, a sua episteme.
Quando se trabalha com pesquisa como principio ativo do ensino, a
aprendizagem se torna mais agradável, mais instigante por estar pautada em algo
concreto, que pode ser verificável pelos professores investigadores.
A legislação atual, LDBEN- 9.394/96, pré-determina que as instituições
de ensino superior devem possuir nos seus quadros 1/3 (um terço) de mestres e
doutores para receber a denominação de universidade, entretanto, mesmo as
que atendem a este preceito, muitas não fazem pesquisas, como deveriam. De
acordo com o Censo do Ensino Superior, INEP/ MEC, 1998, do total de 165.12
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professores universitários, 35% (57.766) possuem cursos de especialização,
27,% (45.482) possuem mestrado e 18,8% concluíram o doutorado.
É um avanço significativo para as universidades que contam com um
quadro excelente de mestres e doutores, mas, ainda deixam a desejar na
efetivação de pesquisas, principalmente, as universidades das regiões norte
e nordeste, e, mais especificamente, do Estado do Piauí, onde as pesquisas
mais significativas são originadas das dissertações de mestrados e teses de
doutorados, ficado a comunidade acadêmica alijada desse bem comum, e,
como tal, deveria ser empreendida por toda a comunidade universitária.
A articulação do método de ensino com o método de pesquisa se dá
através do confronto de atores sociais: professores X alunos que, de acordo
com o objeto de estudo, traçam o plano de trabalho que será apresentado
para um colegiado formado pelos demais componentes da universidade, de
determinado Centro. Com esse proceder, visa ações em parcerias que se
efetivam na investigação e na execução (ensino) para posterior reflexão e
novamente o replanejar das ações. “Um primeiro já surge ai: trabalhar
colegiadamente, em torno de um projeto institucional comum, a ser efetivado
no projeto do Curso especifico em que se atua como docente. Nesse projeto,
serão definidas as decisões que competem a sua disciplina.” (PIMENTA,
2002, p. 193).
A construção da identidade da educação como lócus de produção
de conhecimentos sistematizados e de cidadania se torna muito complicado.
A investigação sobre o processo educativo, tomando por base diferentes
parâmetros, foi acumulando, ao longo dos tempos, um conjunto de
conhecimentos sistematizados (científicos) que muitas vezes vieram através
de conflitos, tensões e contradições, mesmo nas disciplinas instituídas.
Na perspectiva de construir a identidade de professor como
pesquisador, é necessário uma reflexão de sua atuação, se permite mudanças
que venham a consolidar um estatuto de pesquisador que age após uma
análise crítica de suas ações. Entendendo que “a formação do professor se
baseará prioritariamente na aprendizagem da pratica, para a prática a partir
da prática. A prática é a grande influenciadora no processo de ensino e a
aprendizagem. A aprendizagem é o resultado de uma atitude investigativa da
prática.” (SACRISTÁN, 1998, p. 363).
Nessa atitude investigativa da prática estão subjacentes dimensões que
necessitam ser consideradas, tais como: psicossociais, ideológicas, políticas,
étnicas e culturais, dentre outras.
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e
documentação. Trabalhos acadêmicos, apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, ago.2002.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1991.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª

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