Buscar

Dermatophilus congolensis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Dermatophilus congolensis
Dermatophilus congolensis está classificado na ordem Actinomycetales e família Dermatophilaceae.
A ordem Actinomycetales representa um grupo de germes classificados atualmente entre as bactérias por apresentarem diversas características que os aproximam mais delas do que dos fungos. 
Produz uma dermatite exsudativa em animais, com formação de crostas secas, originadas da superposição de camadas de células da epiderme, contendo o Dermatophilus congolensis e neutrófilos. A doença é denominada dermatofilose e são zoonoses.
Pode atingir diversas espécies de animais, incluindo o homem, sendo mais comum em bovinos, ovinos, equinos e caprinos.
Além das consequências que uma dermatite pode trazer para o rendimento geral do animal, ela pode determinar prejuízos devido às perdas de couro e lã e, também, por ser capaz de causar a morte de animais.
O germe não é queratinofílico, e sua localização na pele se limita à epiderme. Uma das razões de sua não progressão até a derme é a formação de uma barreira de neutrófilos localizada entre a epiderme e a derme. O Dermatophilus congolensis cresce lateralmente, procurando sempre ultrapassar essa barreira e penetrar mais profundamente, atingindo a derme. Porém, uma nova barreira de neutrófilos será formada, impedindo que o germe atinja a derme. Durante esse tempo, ocorre a regeneração da epiderme lesada logo baixo da camada de neutrófilos. Toda vez que o germe tentar atingir a derme esse comportamento vai se repetindo indefinidamente, tendo como consequência a formação de crostas secas e duras. 
De maneira geral, essas crostas apresentam uma concavidade em sua porção inferior, e a pele no local de onde ela for retirada mostrar-se-á elevada, inflamada e com exsudato. Em alguns casos a crosta não possui a concavidade típica e pode ser confundida com lesões produzidas por dermatófitos, principalmente em bovinos infectados pelo Trichophyton verrucosum.
Barreiras naturais impedem a penetração de germes através da pele. As mais importantes são os pelos (barreira física), gordura produzida pelas glândulas sebáceas (possui ação microbicida ou microbiostática) e o extrato córneo (barreira física). Ou seja, para o Dermatophilus congolensis se instalar e promover um processo infeccioso na pele é preciso que parte dessas barreiras seja eliminada.
Na chuva, por uma ação continuada da água, ocorre a emulsificação da gordura e sua consequente retirada da superfície da pele e a maceração do extrato córneo. Neste ambiente úmido o zoósporo germina e a hifa produzida será atraída pelo CO2 eliminado pela pele, penetrando na epiderme e iniciando a dermatite exsudativa.
Nos recém nascidos o extrato córneo não se encontra totalmente formado e não existe ainda a cobertura lipídica, pois as glândulas sebáceas só iniciam suas atividades após o nascimento. Além disso, ele possui a pele úmida e não possui proteção imunológica, devido a isso, se a mãe possuir uma lesão próxima ao úbere, o bezerro poderá contaminar-se logo após o nascimento e a infecção desenvolver-se rapidamente.
Com relação à prática da tosquia em ovelhas, pois ao tosquiar animais infectados, a máquina tornar-se-á contaminada com fragmentos de crostas contendo o D. congolensis e irá contaminar os outros animais através dos pequenos ferimentos produzidos na pele pela ação da máquina. Nesse caso a dermatofilose pode ficar inaparente devido a cobertura de lã até que haja uma nova tosquia. Em equinos a transmissão é feita através do uso de rasqueadeiras, arreios, cordas, chicotes etc. Em todos os animais, a dermatofilose pode ser adquirida diretamente pelo contato com uma crosta contendo zoósporos na sua superfície. Seja em contato com alguma animal infectado ou encostando em cercas, paredes, árvores onde um animal infectado possa ter encostado.
Os insetos são veiculadores de zoósporos, seja através de suas patas contaminadas ou de seu aparelho bucal contaminado.
O D. Congolensis tem como elemento multiplicador o zoósporo, um cocóide que possui um tufo de flagelos que lhe confere motilidade. Em condições adequadas (umidade e nutrientes), o zoósporo germina, dando origem a um elemento filamentoso (hifa) que se desenvolve linearmente e que se ramifica. Essa primeira parte do ciclo é estimulada pelo CO2 que é produzido pela pele. Em seguida, a hifa sofre septações longitudinais e transversais, formando numerosas micro células. Dentro de cada uma delas, ocorrerá a condensação de material nuclear acompanhada de seu envolvimento por um citoplasma e também por membrana e parede celular. Desta maneira, são formados novos zoósporos que, à microscopia óptica, aparecerão como cadeias de cocos dentro das hifas. Essa segunda parte do ciclo é estimulada pelo ar e retardada pelo CO2.
Possui quimiotaxia pelo CO2 que é um aspecto importante na epidemiologia da dermatofilose. É quando os zoósporos que se encontram em um meio liquido ou em local umedecido (como a pele) são atraídos para regiões que apresentam concentrações apropriadas de CO2. Ao entrar em contato com a pele do animal, o zoósporo será atraído para o seu interior, por causa da quimiotaxia positiva pelo CO2 que é eliminado através da pele, germinando e penetrando através da epiderme. Com a proliferação do D. congolensis na epiderme infectada, ocorrerão alterações no metabolismo local, com o aumento da concentração de CO2 produzido no tecido. Este irá se difundir no exterior, formando um gradiente de concentrações. Os zoósporos, que são atraídos pelo CO2, irão se concentrar em uma área na qual o nível de CO2 lhe for mais favorável. Porque eles também produzem CO2 em seu metabolismo, esse nível logo irá aumentar, tornando-se inadequado para eles. Ocorrerá então um deslocamento dos zoósporos para uma região mais à frente e, assim, sucessivamente, os zoósporos irão se deslocando até atingirem a superfície da crosta, no animal, facilitando a transmissão do microorganismo para outros animais. Esta migração dos zoósporos através da crosta, que é seca, só ocorrerá se ela estiver molhada (pela chuva, por exemplo.)
D. congolensis é um germe Gram positivo que apresenta uma variedade de formas conforme a fase de seu ciclo biológico.
Para cultivar pode utilizar o ágar sangue. Ao ser cultivado em ágar sangue, formará colônias rugosas aderentes ao meio, medindo cerca de 0,5 a 1 mm de diâmetro, circulares e envolvidas por um halo de hemólise do tipo beta.
Outro ágar que pode ser utilizado é o de infusão de cérebro e coração. É o meio mais adequado. Observam-se três tipos de colônias: rugosas, lisas e intermediárias, a maioria na cor amarelo-ouro e algumas brancas.
As colônias rugosas são aderentes ao meio, tamanho entre 1 e 4 mm de diâmetro, forma circular, bordas onduladas, elevadas. Na suspensão em salina observa-se presença de grumos. À microscopia observam-se predominância de filamentos em diversas fases de evolução e poucos zoósporos livres.
As colônias lisas não aderentes ao meio, viscosas, tamanho entre 1 e 4 mm de diâmetro, forma circular, bordas inteiras, elevadas. Na suspensão em salina observa-se homogênea, sem grumos. À microscopia observam-se predominância de zoósporos e poucos filamentos.
As colônias intermediárias são colônias rugosas em transição para lisas, sua periferia é rugosa e o centro é liso. A microscopia feita com as duas partes em separado revela as características descritas, respectivamente para colônia rugosa e lisa.
Para fazer o diagnóstico laboratorial deve-se coletar e acondicionar o material e para isso não deve haver contato direto com o material patológico, por que o D. congolensis é patogênico para o homem. O material adequado para o diagnóstico laboratorial consiste em crostas presentes na pele. Elas devem ser arrancadas com o auxílio de uma pinça, mas não podem estar úmidas, porque as bactérias presentes naturalmente na pele poderão se multiplicar tanto que o resultado dos exames laboratoriais poderá ser mascarado. As crostas recolhidas deverão ser enviadas ao laboratório embrulhadas em papel.
Na microscopia direta odiagnóstico da dermatofilose é baseado na observação de formas filamentosas com típicas cadeias de zoósporos no seu interior, quando se examinam com objetiva de 100x, esfregaços corados pelos métodos de Gram ou Giemsa.
E para confirmação deve ser feita o isolamento de D. congolensis em cultura pura. Primeiro faz o método de gram, pois para que se tenha uma preparação que permita a observação das hifas contendo as cadeias de zoósporos, é necessário tomar alguns cuidados quando da execução do método Gram. Depois se faz esfregaço pequeno (0,5 cm de diâmetro) e deve ser preparado no centro da lâmina. Esfregaços grandes, além de gastar muito corante, sujar as mãos e as mesas, dificultam o processo de diferenciação pelo álcool. O tempo de exposição ao cristal violeta não deve exceder 15 segundos. A diferenciação pelo álcool deve ser feita até o momento em que ele comece a sair incolor. Assim que isso ocorrer, lavar imediatamente com água corrente, para interromper a ação do álcool.
Para a coloração de gram:
1) Triturar a crosta em gral e preparar uma suspensão espessa em salina.
2) Preparar o esfregaço, secar e fixá-lo pelo calor.
3) Corar com cristal violeta durante 15 segundos.
4) Escorrer o corante e cobrir o esfregaço com Lugol.
5) Escorrer o Lugol e lavar (diferenciar) com álcool, até que ele comece a sair descolorado.
6) Lavar em água corrente.
7) Corar durante 30 segundos com fucsina.
8) Lavar e secar.
9) Examinar com objetiva de imersão.
A Técnica de isolamento em cultura pura: empregando a técnica de Haaltra que se baseia na saída dos zoósporos das hifas em um ambiente úmido e em sua quimiotaxia positiva pelo CO2, fragmentos de crostas são colocados no fundo de tubos de ensaio, presos a uma tela de arame e cobertos com água destilada. Após 3 horas de repouso em temperatura ambiente, o tubo deve ser colocado em uma jarra fechada, em uma atmosfera com cerca de 20% de CO2. Após 15 minutos, com o auxilio de uma alça de platina, retiram-se gotas da superfície e semeiam-se em placas com o meio ágar infusão de cérebro e coração bovino (BHIA) e ágar sangue de bovino. A incubação deve ser feita a 37 C em ambiente com cerca de 20% de CO2 e, também, em aerobiose.
Macerados de crosta suspensos em solução fisiológica salina, também podem ser semeados diretamente em placas com ágar infusão de cérebro e coração, incubando conforme indicado anteriormente.
Para o tratamento foi possível ver excelentes resultados podem ser conseguidos com a associação entre penicilina e estreptomicina. Se necessário, pode-se fazer uma única administração desses antibióticos nas concentrações de 70000 UI de penicilina/kg e 70mg de estreptomicina/kg.

Outros materiais