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UNIDADE 2: Princípios do Direito Penal CONCEITO: só se produz o direito através da norma. O principio é uma forma de manifestação da norma. É uma namora que não é regra, é abstrata e tem inúmeras aplicações. Vale para toda a situação na qual ele se adequar. 1. Principio da legalidade ou reserva legal: Sem legislação especifica, não há crime. É uma forma de limitação do poder punitivo do Estado. Não existe crime, ou pena, sem lei previa que o defina. 2. Taxatividade: Não basta existir uma lei que defina uma conduta como crime. A norma incriminadora legal deve ser clara, compreensível, permitindo ao cidadão a real consciência acerca da conduta punível pelo Estado. 3. Proibição da analogia “in malam partem”: Em caso de omissão do legislador quanto à determinada conduta, aplica-se a analogia, sendo que a analogia in malam partem é aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu, reguladora de caso semelhante. 4. Principio da culpabilidade: Para que haja culpa no Direito Penal, a responsabilidade deve ser subjetiva, ou seja, de um determinado sujeito que perpetrou a ação. Só responde pelo fato quem expressa sua responsabilidade individual e subjetiva. 5. Principio da fragmentariedade: O Estado só protege os bens jurídicos mais importantes, assim intervém só nos casos de maior gravidade. 6. Principio da ultima raio: Só se decorre ao D.P quando não houver outra alternativa, pois este é muito desgastante socialmente e intenso. É uma forma para não banalizar o uso do Direito penal. 7. Subsidiariedade: É aquilo que não é principal, ou seja, o D.P deve ser sempre usado em ultima ratio, como ultima estratégia punitiva. 8. Principio da ofensividade: Não basta que a conduta seja imoral ou pecaminosa, ela deve ofender um bem jurídico provocando uma lesão efetiva ou um perigo concreto ao bem. O DP só irá intervir quando houver uma ameaça ou um dano a um bem jurídico. 9. Principio da insignificância ou bagatela: Situação em que o bem jurídico é tão pouco afetado que torna o uso do DP muito forte para resolve-lo. Utilizam-se outras fontes do direito para resolver o caso. Baseia no pressuposto de que a tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico, reconhecendo a “atipicidade do fato nas perturbações jurídicas mais leves.” 10. Principio da Adequação social: É um principio que se dá pela analise de um caso concreto no qual a conduta é um padrão aceito socialmente, fundado na moralidade que por isso pode ultrapassar o bem jurídico formalmente tutelado. 11. Principio da irretroatividade das leis: A lei só pode retroagir se beneficiar o reu. 12. Principio da intervenção mínima: O Estado só deve intervir pelo DP quando os outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita. 13. Principio da proporcionalidade: Cabe ao Estado dar a seus cidadãos um mínimo de proporcionalidade entre a garantia de seus direitos. Segundo esse princípio, o sistema penal se firma na sua capacidade de fazer frente aos delitos existentes em um meio social que absorva sua eficácia. UNIDADE 6: Do fato punível Conceito de crime: Crime é uma ação típica, antijurídica, culpável e punível. Os crimes podem ser praticados por ação (crimes comissivos) ou por omissão (crimes omissivos). Nexo de causalidade: Nexo de causalidade, também chamado de nexo causal ou relação de causalidade, é o elo que existe entre a conduta e o resultado. È a relação de causa e efeito existente entre a ação ou omissão do agente e a modificação produzida no mundo exterior. Existem várias teorias que estudam a ação e a omissão como causas do crime, dentre as quais podemos citar: a) teoria da causalidade adequada, segundo a qual a causa é a condição mais adequada a produzir o evento. Baseia-se essa teoria no critério de previsibilidade do que usualmente ocorre na vida humana; b) teoria da eficiência, segundo a qual a causa é a condição mais eficaz na produção do evento; c) teoria da relevância jurídica, segundo a qual a corrente causal não é o simples atuar do agente, mas deve-se ajustar às figuras penais, produzindo os resultados previstos em lei; d) teoria da equivalência dos antecedentes ou teoria da “conditio sine qua non”, que foi adotada pelo nosso sistema penal; e) teoria da imputação objetiva, segundo a qual a causalidade natural, base da teoria da equivalência dos antecedentes, conduz a exageros que precisam ser limitados através da verificação de existência de relação de imputação objetiva entre a conduta e o resultado, de modo que a conduta do agente tenha produzido um risco juridicamente relevante e proibido ao bem jurídico. Teoria da equivalência dos antecedentes: Também chamada de teoria da “conditio sine qua non”, foi a adotada pelo nosso Código Penal, no art. 13. De acordo com essa teoria, tudo quanto concorre para o resultado é causa. Todas as forças concorrentes para o evento, no caso concreto, apreciadas, quer isolada, quer conjuntamente, equivalem-se na causalidade. Só imputa-se o resultado a quem o deu causa. Para a solução do problema do nexo causal utiliza-se o chamado processo de eliminação hipotética, que consiste no seguinte: Pergunta-se; quando a ação é causa? Responde-se: quando eliminada, mentalmente, o resultado em concreto não teria ocorrido. Crimes materiais. A consumação só ocorre se houverem resultados naturalísticos, como o homicídio, que só se consuma com a morte da vítima. Crimes formais. O resultado naturalístico é até possível, mas é “irrelevante”, pois o “resultado final” não precisa necessariamente acontecer, como na extorsão mediante sequestro, que se consuma no momento em que a vítima é sequestrada, mesmo que os criminosos recebam ou não o resgate. Crimes de mera conduta. Não produzem nenhuma alteração no mundo concreto, como o crime de desobediência. Crimes Omissivos e Comissivos (Formas de conduta): Dividem-se em crimes omissivos próprios ou puros, e comissivos por omissão. Os crimes omissivos próprios podem ser imputados a qualquer pessoa. São crimes ligados à conduta omitida, independentemente do resultado, tendo como objeto apenas a omissão. Já nos crimes comissivos por omissão, a simples prática da omissão causa um resultado delituoso, que é punível se o agente tinha como obrigação vigiar ou proteger alguém. É a materialização de um crime por meio de uma omissão. Esses crimes podem ser praticados por dolo e culpa. UNIDADE 7: Tipo de Tipicidade Tipo: Descrição contida na lei de um determinado fato delituoso, para efetiva aferição da ocorrência de crime. Fato Típico: São os elementos do crime, ou seja: a ação (dolosa ou culposa), o resultado, a causalidade e a tipicidade. Tipicidade: analisar a capacidade que a conduta concreta tem de ser típica de um crime. Elementos do tipo: 1) objetivo: resultado da ação 2) subjetivo: a intenção da conduta realizada (vontade do agente) 3) normativo: a norma impõe conceitos mas exige interpretação fora do texto. Tipos penais de crimes DOLOSOS: Dolo (conceito): é a vontade consciente dirigida a praticar ou assumir o risco de praticar a conduta prevista em lei como crime (tipo penal incriminador) ou assumir o risco de praticá-la. Teorias do dolo: 1) Teoria da Vontade: Essa teoria diz que dolo é a vontade consciente de praticar a conduta prevista em lei como crime, de praticar a infração penal. 2) Teoria do consentimento: É quando o agente prevendo o resultado como possível, prossegue com conduta mesmo assim. Ele assume o risco de praticar tal resultado, mesmo não querendo que o mesmo aconteça. (Teoria do foda-se) Tipos de dolo: Dolo direto: Baseia-se na teoria da vontade. Dolo eventual: Baseia-se na teoria do consentimento. (ex: Estou cometendo um crime de andar em alta velocidade. Assumo o risco de que, fazendo isso, eu posso matar alguém e não me importo se eu ofizer). Tipos penais de crimes CULPOSOS: Culpa (conceito): A culpa se baseia na falta de vontade de trazer um resultado delituoso sobre a ação praticada. A ação é praticada sem intenção, podendo a culpa se manifestar por meio da imperícia (falta de habilitação técnica para a prática de determinado ato), da imprudência (precipitação e falta de cuidados necessários no exercício de um ato) e da negligência. Tipos de culpa: Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas assume o risco por acreditar que dano algum será causado. (Teoria do fudeu) EX: Estou cometendo um crime de andar em alta velocidade. Assumo o risco de que eu sou uma ótima motorista e eu nunca poderia matar alguém. Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado (que era previsível) porém não o quer e nem o aceita. Elementos do crime culposo: Imprudência: é a ação descuidada. Sempre causada por ação. Ex: atravessar pela placa “Pare” sem parar e acabar atropelando alguém; passar sinal vermelho etc. Negligência: é a falta de precaução, falta de cautela. Sempre por omissão. Ex: omissão de cautela e deixa arma ao alcance de crianças. Imperícia: é a falta de aptidão técnica para o exercício de profissão, arte ou ofício. Tem diploma, mas o caso concreto demonstra que não possui perícia para tanto. Ex: atirador de elite que mata; médico que amputa a perna equivocadamente etc. A diferença prática entre as modalidades é muito tênue. Na verdade, tudo parte de uma negligência inicial, de modo que quem é imprudente agiu sem precaução; e quem é imperito também age sem precaução. c) Resultado: todo crime culposo produz resultado naturalístico. Assim, sempre será crime material, pois depende de resultado naturalístico para sua consumação. d) Nexo causal entre a conduta e o resultado: a conduta imprudente, negligente ou imperita tem de ser a causa do resultado. e) Previsibilidade: o resultado produzido deve estar abrangido pela previsibilidade do agente. É a possibilidade (potencialidade) de conhecer o perigo decorrente de sua conduta. Não se confunde com previsão, pois nesta a pessoa conhece o perigo. Assim, a espécie de crime culposo que tem previsão é a culpa consciente. A culpa consciente, mais do que previsibilidade, tem previsão, já que o agente efetivamente conhece o perigo. f) Tipicidade: para que o agente responda por crime culposo é necessário a previsão expressa em lei da forma culposa, sob pena de só poder ser praticado dolosamente. Consciência Vontade Dolo direto Prevê o resultado Quer o resultado D o l o eventual Prevê o resultado Não quer, mas assume o risco C u l p a consciente Prevê o resultado Não quer, não assume risco e pensa poder evitar C u l p a inconscien te Não prevê o resultado (que era previsível) Não quer e não aceita o resultado UNIDADE 8: Ilicitude: Conceito: ilícito é aquilo que é contrário ao ordenamento jurídico. “O fato só será crime se for típico, ilícito e culpável”. Esta divisão, para fins de avaliação e valoração, facilita a aplicação do direito, pois garante a segurança contra arbitrariedades e as contradições que podem vir a ocorrer. Essa divisão tripartida (tipicidade, antijuricidade e culpabilidade) permite a busca de um resultado final mais adequado e mais justo. A teoria da antijuricidade limita-se à caracterização negativa do fato; ela é um juízo sobre o acontecer, e não sobre a pessoa que comete o fato típico. A ilicitude ou a antijuricidade exprime a relação de contrariedade objetiva de um fato com todo o ordenamento jurídico (uno e indivisível), com o Direito positivo em seu conjunto. O mais importante se dá na constatação de que logo após a verificação da tipicidade, será aferida a ilicitude através de um procedimento negativo, ou seja, pela averiguação de que não concorre qualquer causa justificante. De fato, o direito permite que se realize, em certas circunstâncias, um comportamento típico não antijurídico. Excludentes de ilicitude: Estado de Necessidade: Segundo o artigo 24 do CPB, "considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para se salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se". a) Perigo atual: é algo que está acontecendo b) Não dolosamente provocado: o perigo não pode ser provocado por vontade própria da pessoa que pratica a ação, ou seja, não se escusa do cumprimento da obrigação por torpeza c) Inevitabilidade: a solução do perigo não era evitável de nenhuma outra maneira. Na Alemanha, há o estado de necessidade justificante e o exculpante. Aquele justifica a conduta e, portanto, exclui a ilicitude. Já este, apesar de não justificar a conduta, retira a culpabilidade. Nesse código, então, quando se protege algo maior do que se sacrifica, é justificável. Por outro lado, quando é igual ou menor, isso não é permitido, mas é justificável. No Brasil, diferentemente da Alemanha, o estado de necessidade só é justificante, ou seja, só exclui a ilicitude. Dessa forma, só há essa situação quando se protege algo igual ou maior ao que se sacrifica. Legitima defesa: A legítima defesa nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação. A formação da legítima defesa depende de alguns requisitos objetivos. São eles: a) Agressão injusta, atual ou iminente; b) Direito próprio ou alheio; c) Utilização de meios necessários com moderação. Estrito cumprimento do dever legal: Inexiste crime se o autor do fato o pratica em estrito cumprimento de seu dever legal. Ex.: O poder de polícia e a fé pública. Exercício Regular de Direito: Praticar ou deixar de praticar algo, devido ao exercício regular de direito. Ex.: sigilo profissional dos médicos e advogados. UNIDADE 9: Culpabilidade Conceito: A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um crime, a culpabilidade deve estar necessariamente fora dele. O Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual são seus requisitos: a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa. Imputabilidade: Capacidade do agente de entender e de ser responsabilizado penalmente. No caso de inexistência desta capacidade, o agente delituoso é considerado inimputável. Elementos e causas de exclusão: Os critérios gerais para que a pessoa possa receber censura são: 1 Imputabilidade: não se analisa a pessoa individualizada, mas os requisitos gerais para ver se há capacidade de culpa. Para tanto, usa-se o critério de maturidade (ter mais de 18 anos) e a higidez mental (não basta ter um transtorno mental, a pessoa não deve ter consciência para a prática do ato). 2 Potencial Consciência da ilicitude: é analisar se a pessoa, potencialmente (senso comum), tinha a capacidade de reconhecer a ilicitude de sua conduta. 3 Exigibilidade de conduta diversa: entendendo que não há nenhum tipo de coação, é exigível que a pessoa tenha outra conduta Atendendo aos 3 critérios supracitados a pessoa pode receber censura. Todavia, há causas que excluem cada um desses critérios gerais. São elas: Isenção de pena = exclusão de culpabilidade 1 Causas de exclusão da PotencialConsciência da Ilicitude: (art. 21, CPB) erro de proibição. Quando o erro é excusável, a pessoa fica isenta de pena. Quando o erro é evitável, reduz-se a censura. Excusável é quando não há outra opção de ação, enquanto no evitável há. 2 Diferentemente, o erro de tipo exclui a consciência do fato, ou seja, a pessoa não sabe o que está fazendo e por isso não há dolo, excluindo a tipicidade e portanto o crime. No erro de proibição, por outro lado, a pessoa sabe que sua conduta é proibida, mas acredita que no caso concreto é permissivo. 3 Ex.: erro de tipo → está-se caçando em local onde raramente passam seres humanos. Atira-se em uma folhagem crendo ser um animal mas é um ser humano. Como não há consciência do fato, é um erro de tipo, excluindo o dolo e, portanto, o tipo. 4 erro de proibição → uma parte pede a outra para que esta leve carregamento de drogas ilícitas, alegando que caso seja parado pela fiscalização, é só alegar que o material é da parte que pediu pelo favor. Caso comprovada essa situação, seria um erro de proibição evitável, reduzindo a censura.
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