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Teoria da Comunicação Jurídica e Funções da Linguagem

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TEORIA DA COMUNICAÇÃO JURÍDICA
Euda de Araújo Cordeiro
1. Introdução 
Muitos operadores do Direito ficam apavorados quando precisam redigir suas peças processuais, visto que são textos jurídicos. Basta a leitura de algumas petições iniciais, contestações, denúncias, sentenças etc., para se encontrar um verdadeiro festival de textos mal elaborados, desconexos, incoerentes, cujos defeitos causam obscuridade e ambiguidade, impedindo a compreensão da mensagem veiculada nas diversas peças processuais. 
A professora Célia Passoni afirma que duas coisas são fundamentais para a iniciação ou o aperfeiçoamento do ato de redigir: 
A mais importante é saber que escrever é uma técnica e, como tal, pode ser aprendida. A segunda é reconhecer que não se é o único ─ todos passam por dificuldades semelhantes, tudo é questão de superá-las, ou melhor, de enfrentar o problema e dizer “eu vou conseguir”. 
Não há dúvida de que o Advogado, o Juiz de Direito, o Promotor de Justiça, o Procurador do Estado, o Delegado de Polícia, o Defensor Público e outros operadores do Direito redigem diariamente peças processuais, tais como petições iniciais, contestações, recursos, portarias para instauração de inquéritos policiais, denúncias, sentenças etc., já que o ato de escrever é inerente ao desenvolvimento das atividades desses profissionais. Por exemplo, ninguém pode conceber a ideia de que um advogado não saiba redigir um texto jurídico, pois a imagem que todas as pessoas têm do advogado é que ele possui o dom da palavra. 
Embora muitos profissionais do Direito tenham dificuldades de redigir um texto jurídico claro e objetivo, pode-se perfeitamente aprender e dominar as técnicas da redação forense, pois são eficazes para a elaboração de um texto bem articulado. Por outro lado, deve-se entender que não existem técnicas redacionais para ensinar como se produz um texto jurídico com conteúdo substancial. A posição defendida aqui é a seguinte: quem lê muito possui um vasto conhecimento e redige uma peça processual com conteúdo; quem escreve muito, escreve bem. A leitura é necessária para adquirir conhecimento e a prática redacional é necessária para desenvolver o ato de se escrever bem. 
A elaboração das peças processuais obedece a esse mesmo critério, isto é, o nível de conhecimento jurídico que o profissional do Direito possui sobre o assunto que vai desenvolver depende do conhecimento adquirido pela leitura e experiência de mundo. Isso quer dizer que quanto mais leitura, mais conteúdo terá a peça processual. Trata-se do binômio leitura/redação. 
2. Aspectos gerais da comunicação 
Desde os primórdios, o homem sempre quis se comunicar, a fim de compartilhar seus pensamentos, ideias e experiências de mundo. A aquisição da capacidade de transmitir uma determinada mensagem e ser compreendido pelo seu interlocutor tornou-se uma espécie de busca incansável do indivíduo através dos tempos, e, por esse motivo, o homem está sempre desenvolvendo novas formas de comunicação. 
Há vários meios eficazes para a veiculação de uma mensagem, no entanto, sem dúvida alguma, a linguagem humana se sobrepõe a qualquer outro meio de comunicação. Entende-se por comunicação o ato de tornar algum acontecimento comum a outras pessoas. 
Comunicação pressupõe comunidade. A comunidade é composta por indivíduos que se comunicam entre si, usando o mesmo código, isto é, o mesmo sistema convencional de palavras. Não haverá comunidade, se não houver comunicação ou entendimento entre as pessoas que compõem aquela mesma comunidade. Se não houver comunicação entre os integrantes de uma mesma comunidade, existirá apenas um grupo de pessoas reunidas, uma vez que elas não se entendem. Não se pode afirmar que existe interação social entre essas pessoas, exatamente, porque elas não se entendem. 
A comunicação é considerada um ato praticado entre os indivíduos que usam os mesmos signos linguísticos, ou seja, as mesmas palavras, cuja finalidade é transmitir uma determinada mensagem. Quem se comunica, age. 
3. Elementos da comunicação jurídica 
O conhecimento da teoria da comunicação tem em mira, entre outras vantagens, oferecer instrumentos capazes de eliminar qualquer problema redacional. Assim, quem se dispuser a redigir um texto, poderá fazê-lo de forma primorosa, aplicando-o na produção das peças processuais. Sem este conhecimento prévio, o profissional do Direito não estará apto a se comunicar adequadamente com seu interlocutor quer por meio da fala, quer por meio da escrita. 
Qualquer comunicação tem por escopo a transmissão de uma determinada mensagem. Assim, todo ato comunicativo pressupõe uma mensagem e, nessa relação comunicativa, estabelece-se uma interação entre os interlocutores, porquanto, após o recebimento da mensagem, o receptor transforma-se no emissor e o emissor no receptor, operando-se o ato comunicativo. 
No Direito, a comunicação é a transmissão de uma mensagem no universo jurídico, que também recebe o nome científico de discurso jurídico. Sendo assim, os elementos da teoria da comunicação jurídica estão presentes no discurso jurídico. 
O profissional do Direito que domina os elementos da teoria da comunicação jurídica tem a seu favor uma arma poderosíssima que o capacita a produzir peças processuais bem articuladas. O texto jurídico é a ferramenta de trabalho do operador do Direito. Espera-se, por exemplo, que um advogado redija suas petições iniciais com uma linguagem forense escorreita, clara e objetiva. Fundamentado nesse raciocínio, São Thomaz de Aquino disse que a linguagem forense exige “a arte de pensar em ordem e sem erros”. 
No mundo do Direito, a comunicação exerce papel fundamental, por isso ela não pode apresentar nenhum tipo de imperfeição, pois, nesse caso, se a mensagem for mal interpretada, o direito do cidadão será lesado. Em outras palavras, o advogado prejudicará seu cliente, já que não soube redigir diligentemente a petição inicial. 
O profissional do Direito que não dominar a linguagem forense não estará apto a desenvolver suas atividades jurídicas porque nem compreenderá os princípios básicos do Direito, nem se fará entender claramente. 
Existem seis elementos formadores do processo comunicativo, a saber: o emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente. Analisar-se-á cada um deles para melhor compreensão dessa teoria. 
O emissor ou remetente é responsável pela emissão da mensagem. Pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas. Ao longo do dia, a pessoa transforma-se em diversos emissores, já que representa vários papéis na comunicação humana. 
O receptor ou destinatário recebe a mensagem enviada pelo emissor. O receptor somente poderá entender a mensagem se as palavras utilizadas na construção dessa mesma mensagem pertencerem a seu vocabulário. Caso contrário, não haverá comunicação. Portanto, a seleção vocabular para a produção do discurso jurídico deve ter em mira o receptor. O resultado eficaz da comunicação relaciona-se com a escolha vocabular do emissor em função do receptor. 
O canal de comunicação ou contato é o meio utilizado pelo emissor para transmitir a mensagem ao receptor. A escolha do canal depende da situação em que se opera a comunicação, visto que pode ser o telefone, a carta comercial, o requerimento, a petição inicial, a contestação etc. O canal tem por objetivo manter a comunicação ativa entre os interlocutores. 
A mensagem é aquilo que se pretende transmitir ao receptor; é o objeto da comunicação que se concretiza no instante em que o receptor recebe e decodifica a mensagem enviada pelo emissor. 
O código é o conjunto de signos combinados entre si para transmitir a mensagem recebida. Para que o receptor consiga decodificar a mensagem enviada pelo emissor, os interlocutores devem dominar o mesmo código. No caso da linguagem forense, o código é o Português Jurídico. 
O referente é a situação contextual a que se refere a mensagem. Trata-se do contexto em que a mensagem foi produzida. Há de se observarque diversos fatores impedem a comunicação entre emissor e receptor. Todo elemento que interfere na comunicação dos interlocutores recebe o nome de ruído, ou seja, ruído é qualquer obstáculo que impede a comunicação, a compreensão da mensagem transmitida. 
Após essas considerações, é importante para o operador do Direito entender como funciona a teoria da comunicação na redação forense. Para aplicação dessa teoria na produção da peça processual, tome-se, como exemplo, a petição inicial que tem por função dar início à ação judicial. 
O art. 282 do CPC esclarece que os principais requisitos da petição inicial são: o juiz ou tribunal a que é dirigida a petição inicial; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; o pedido com suas especificações; o valor da causa; as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados e, por último, o requerimento para a citação do réu. Interessa à teoria da comunicação jurídica apenas estes requisitos: o juiz ou o tribunal, o autor, o réu, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido e o pedido. 
O juiz (primeira instância) ou tribunal (segunda instância) são os primeiros receptores da petição inicial. O Juiz de Direito recebe a petição inicial e toma conhecimento de seu conteúdo. Depois determina a citação do réu para que ele também saiba o teor da petição inicial. Assim, o réu defender-se-á das acusações que lhe pesam. Quando o réu for citado, ele passará a ser o receptor da mensagem jurídica. 
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido constituem a mensagem veiculada pelo emissor ao receptor. Trata-se de uma mensagem jurídica redigida em linguagem forense, inteiramente técnica. Por isso, o código utilizado para transmitir a comunicação jurídica recebe o nome de Português Jurídico. 
Saliente-se que na comunicação jurídica o fato e os fundamentos jurídicos resultam no pedido formulado pelo autor na petição inicial. Ele deve ter em mira a proteção jurisdicional e, para tanto, formula sua pretensão, submetendo-a ao crivo do Poder Judiciário, representado na pessoa do Juiz de Direito, a fim de que o pedido seja julgado procedente. Conclui-se deste raciocínio que o referente não só contextualiza os acontecimentos ocorridos no mundo jurídico que justificam a elaboração da petição inicial, como fundamenta o pedido formulado pelo autor. 
Os elementos da teoria da comunicação presentes na petição inicial podem ser, assim, classificados: 
a) emissor: é autor da petição inicial; 
b) receptor: em um primeiro momento, é o Juiz de Direito, depois, o réu; 
c) mensagem: é a veiculação do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido; 
d) canal: é a folha de papel onde se redige a petição inicial 
e) código: é o Português Jurídico ou a linguagem forense utilizada na produção do texto jurídico da petição inicial; 
f) referente: é o contexto que justifica a elaboração da petição inicial e fundamenta o pedido que deve ser claro e objetivo. 
Os elementos da teoria da comunicação jurídica têm como função identificar os requisitos essenciais da petição inicial. A ausência de um deles implica o indeferimento da petição inicial. O profissional do Direito deve ser cuidadoso ao redigir a peça processual, sobretudo ao expor o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. Se o texto estiver mal redigido, poderá provocar a incompreensão da mensagem jurídica veiculada na petição inicial, e o Juiz de Direito irá indeferi-la, porque será considerada inepta. 
IANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 3. ed., 2ª tiragem, São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2007, p. 1-12 (adaptado)
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Euda de Araújo Cordeiro
Para realizar um ato de comunicação verbal, o indivíduo escolhe, seleciona as palavras, depois passa a organizá-las e combiná-las conforme a sua vontade. E todo este trabalho de seleção e combinação não é aleatório, não é realizado por acaso, mas está intimamente ligado à intenção do emissor. Assim sendo, a linguagem passa a ter funções, cuja importância é saber utilizar a linguagem adequada no momento adequado. 
O esquema proposto por Roman Jakobson compreende um remetente que envia uma mensagem a um destinatário; para ser eficaz a comunicação, são necessários um contexto a que se refere, um código, parcial ou totalmente comum a remetente e destinatário, e um canal físico. 
O código compreende um estoque estruturado de elementos que se apresentam como alternativas de seleção para a produção de mensagens. Os subcódigos introduzem a questão da variação linguística. Assim, códigos diferentes não permitem a comunicação. Uma petição escrita numa variante linguística não aceita nos meios forenses pode impedir a consecução do objetivo do profissional do direito na defesa dos interesses de um cliente seu. Nunca podemos esquecer que há variantes linguísticas que gozam de prestígio entre os usuários e há outras que são estigmatizadas. 
Para Jakobson, a linguagem deveria ser examinada não em relação à função informativa (denotativa, referencial), que foi considerada pelos teóricos da informação a única e a mais importante. 
As funções estariam, para Jakobson, focadas em um dos elementos do processo de comunicação; a função emotiva estaria centrada no remetente; a referencial, no contexto ou referente; a poética, na mensagem; a fática, no contato; a metalinguística, no código; a conativa, no destinatário. 
a) Referencial – é a mais comum das funções da linguagem e centra-se na informação. A intenção do emissor é transmitir ao interlocutor dados da realidade de uma forma direta e objetiva, sem ambiguidades, com palavras empregadas em seu sentido denotativo. Portanto, essa é a função da linguagem que predomina em textos dissertativos, técnicos, instrucionais, jornalísticos ─ informativos por excelência. Como está centrado no referente, ou seja, naquilo de que se fala, prevalece o texto escrito em 3ª pessoa, com frases estruturadas na ordem direta. 
A informação jurídica é precisa, objetiva, denotativa; fala-se, então, de função referencial. Nada impede, porém, que o texto jurídico se preocupe, por exemplo, com a sonoridade e ritmo das palavras, valorizando a forma da comunicação; tem-se, assim, a função poética. 
Os textos em que predomina a função referencial apresentam qualidades objetivas ou concretas, uso de nomes próprios, estratégias argumentativas lógicas, como provas e demonstrações. Em geral, evitam o uso de adjetivação imprecisa, como belo, feio, grande, pequeno etc., bem como de expressões subjetivas como eu acho, eu quero. Esses procedimentos visam criar o efeito de distanciamento do sujeito e de verdade dos fatos. O uso da função referencial tem em vista a transmissão objetiva de informação sobre o contexto, sobre os fenômenos extralinguísticos. 
b) Emotiva ou expressiva - Quando a intenção do produtor do texto é posicionar-se em relação ao tema que está abordando, é expressar seus sentimentos e emoções, o texto resultante é subjetivo, um espelho do ânimo, das emoções, do temperamento do emissor. Nesse caso temos a função emotiva da linguagem (também chamada expressiva). A interjeição, o uso de pronomes e verbos na 1ª pessoa do singular, os adjetivos valorativos e alguns sinais de pontuação, como as reticências e os pontos de exclamação são algumas marcas da função emotiva utilizada para comover o receptor. Exemplo: linguagem do réu (que valoriza a primeira pessoa do singular); linguagem do advogado de defesa quando, no Júri, apela para o fato de que a condenação vai ultrapassar a pessoa do condenado e atingir outras pessoas inocentes. 
c) Apelativa ou conativa – observe que conativo significa “relativo ao processo da ação intencional sobre outra pessoa”: promover, suscitar, provocar estímulos, persuadir. A função apelativa ou conativa é, portanto, aquela em que há intenção do emissor de influenciar o destinatário. A mensagemse organiza em forma de ordem, chamamento, apelo ou súplica e está centrada no receptor. Para tentar persuadir o destinatário é preciso, antes de mais nada, falar a língua dele, apelar para exemplos e argumentos significativos em relação a sua classe social, a sua formação cultural, a seus sonhos e desejos. Cada leitor deve ter a sensação de que o texto foi escrito especialmente para ele, como se fosse uma conversa a dois. É o que os publicitários, por exemplo, fazem muito bem. Um produto sofisticado exige um anúncio também sofisticado, para atingir seu público-alvo. Por outro lado, um produto “popular” exige um anúncio objetivo, em linguagem clara e direta, explorando argumentos que fazem parte do repertório do consumidor-alvo. Marcam a função apelativa os verbos no imperativo, uso do vocativo e tratamento em 2ª pessoa (tu, vós, você, vocês). 
Sabe-se que o texto jurídico é, eminentemente, persuasório; dirige-se, especificamente, ao receptor; dele se aproxima para convencê-lo a mudar de comportamento, para alterar condutas já estabelecidas, suscitando estímulos, impulsos para provocar reações no receptor. 
O discurso persuasório apresenta duas vertentes: a vertente autoritária e a vertente exortativa. A vertente autoritária é típica do discurso jurídico; basta atentar-se para o Código Penal e para expressões como: “intime-se, “afixe-se e cumpra-se”, “revoguem-se as disposições em contrário”, “arquive-se”, conduzir “sob vara” ou manu militari, “justiça imperante” e muitas outras. Monteiro (1967:14) é taxativo: “Além de comum a lei é, por igual, „obrigatória‟. Ela ordena e não exorta (jubeat non suadeat); também não teoriza. Ninguém se subtrai ao seu tom imperativo e ao seu campo de ação.” Já a vertente exortativa é utilizada mais pelos textos publicitários que, para maior efeito, apelam para a linguagem poética. O discurso persuasório coercitivo, autoritário, já caracterizou a igreja católica que hoje usa mais o discurso exortativo. 
d) Fática – tem como propósito prender a atenção do destinatário visando prolongar a comunicação, testando o canal com frases do tipo “veja bem”, “entendeu?”,”certo?” “olha aqui”, etc. O principal exemplo é o diálogo. 
e) Poética - Quando a intenção do produtor do texto está voltada para a própria mensagem, para uma especial arrumação das palavras, quer na escolha, quer na combinação delas, quer na organização sintática da frase, temos a função poética da linguagem. É a função em que a mensagem é centrada na poesia, ou melhor, na linguagem poética, em que aparecem elementos como o ritmo, a sonoridade, o belo e inusitado das imagens. E importante lembrar que a função poética não é exclusiva da poesia é também encontrada em textos de prosa, em anúncios publicitários ou na linguagem cotidiana. Nestes casos, ela não será a função dominante. 
f) Metalinguística - É a linguagem falando da linguagem. É a metalinguagem. Nas avaliações, nos trabalhos escolares estamos sempre elaborando definições, estamos “explicando com as nossas palavras” alguma coisa. A análise de um texto, por exemplo, é um exercício de metalinguagem. A preocupação do emissor está voltada para o próprio código, isto é, o tema da mensagem é o próprio código. A mensagem é utilizada para explicar o código. Ocorre metalinguagem quando se dá uma definição, um conceito, quando se explica ou se pede explicação sobre o conteúdo da mensagem, ou seja, o código explica o código. E como se um filme falasse do filme, a peça de teatro falasse do teatro, a poesia falasse do ato de escrever. É a linguagem do dicionário, do vocabulário, no nosso caso, jurídico, centrada em códigos. A função metalinguística da linguagem, em que o código retorna ao próprio código, está presente em nosso dia-a-dia e desempenha um papel importante em nossos textos e conversas.
A linguagem técnica é produzida sobretudo com a função referencial da linguagem, centrada no contexto ou no referente. Na linguagem jurídica, as afirmações reivindicativas de direitos devem vir acompanhadas sempre das causas que lhes deram origem. Não é adequado, pois, reclamar, por exemplo, por uma indenização se o autor da ação não indica os fatos que deram origem a um suposto prejuízo. A correção gramatical, no caso das peças forenses, não é suficiente: conhecer a lei que foi infringida, bem como as variadas modalidades de documentos que permitem o acesso à Justiça, são outros requisitos relevantes. 
Fundamental é lembrar que toda e qualquer forma de comunicação se apoia no binômio emissor-receptor; não há comunicação unilateral. A comunicação é, basicamente, um ato de partilha, o que implica, no mínimo, bilateralidade.Estabelecido que a comunicação não é ato de um só, mas de todos os elementos dela participantes, verifica-se que a realização do ato comunicatório apenas se efetivará em sua plenitude quando todos os seus componentes funcionarem adequadamente. 
Qualquer falha no sistema de comunicação impedirá a perfeita captação da mensagem. Ao obstáculo que fecha o circuito de comunicação costuma-se dar o nome de ruído. As principais fontes de ruídos são: barulho, desatenção, desinteresse, problemas do código e do subcódigo, falta de conhecimento ou de crenças comuns. Este ruído poderá ser provocado pelo emissor, pelo receptor, pelo canal. 
(adaptado de DAMIÃO, Regina Toledo e HENRIQUES, Antônio. Curso de português jurídico, Atlas: São Paulo, 2000, p. 24-31. 
MEDEIROS, João Bosco e TOMASI, Carolina. Português forense: língua portuguesa para curso de Direito. 2. ed., Atlas: São Paulo, 2005, p. 268-273).

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