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prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 1 3. Fundações Profundas A ABNT NBR 6122 em seu item 3.8 define elementos de fundação profunda como sendo aquela que transmite a carga ao terreno ou pela base (resistência de ponta) ou pela superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, devendo sua ponta ou base estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3,0 m. Nesse tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões. Figura 3.1 – Fundações profundas: Estacas e Tubulões Quadro 3.1 – Elementos de fundação profunda Elementos de Fundação Profunda Estaca Pré-moldada Moldada in loco Tubulão a céu aberto a ar comprimido Elementos de transição Bloco sobre estacas Laje sobre estacas 3.1 Estacas São consideradas elementos estruturais esbeltos, comparados com o bloco, cravadas ou perfuradas no solo, cuja finalidade é a de transmitir as cargas à pontos resistentes do solo, por meio de sua extremidade inferior (resistência de ponta) ou através do atrito lateral estaca x solo (resistência de fuste). De acordo com a ABNT NBR 6122, item 3.8, estaca é um elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que em qualquer fase de sua execução, haja descida de operário. Os materiais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in situ ou mistos. Quadro 3.2 – Tipos de Estacas Estacas Pré-moldada Madeira Concreto Metálica Moldada in loco Broca Strauss Franki Raiz Hélice prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 2 3.1.1 Estacas de Madeira As estacas de madeiras devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas, roliças e descascadas. O diâmetro da seção pode variar de 18 a 40 cm e o comprimento de 5 a 8 metros, geralmente limitado a 12 metros com emendas. Figura 3.2 - Eucalipto Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um anel cilíndrico de aço, destinado a evitar seu rompimento sob os golpes do pilão, assim como é recomendável o emprego de uma ponteira metálica, a fim de facilitar a penetração e proteger a madeira. Tabela 3.1 – Capacidade de cargas das estacas de madeira Diâmetro (cm) Carga admissível (KN) 25 280 30 330 35 380 40 450 3.1.2 Estacas de pré-moldada ou pré-fabricada de concreto São segmentos de concreto armado ou protendido com seção quadrada, ortogonal, circular vazada ou não, cravada no solo com o auxílio de bate estacas. A ABNT NBR 6122 – item 3.10 define que as estacas pré-moldadas de concreto são constituídas de segmentos de concreto pré-moldado ou pré-fabricados e introduzidas no terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou martelo vibratório. i) Requisitos do elemento estrutural da estaca a) Material constitutivo, dimensionamento e processo de produção De acordo com o manual da ABEF, as estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado ou protendido, vibrado ou centrifugado, e concretadas em formas horizontais ou verticais. Devem ser executadas com concreto adequado e submetidas à cura necessária para que possuam resistências compatíveis com os esforços decorrentes do transporte, No Brasil as madeiras mais utilizadas são: eucalipto para obras provisórias e peroba, ipê, aroeira, as chamadas madeiras de lei, para as obras definitivas. Recomenda-se o seu uso abaixo do nível d’água e, existindo variação desse nível d’água correm o risco de se decomporem pela ação de fungos que se desenvolvem em ambiente água-ar. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 3 manuseio e da instalação bem como resistência a eventuais solos agressivos, atendendo as NBR 6118 e NBR 9062. Nas extremidades recomenda-se um reforço da armação transversal para levar em conta as tensões que surgem durante a cravação. b) Programa da qualidade O fabricante de estacas pré-moldadas de concreto deve manter um programa da qualidade assegurada, que permita a produção de elementos pré-moldados que satisfaçam às especificações: • De resistência dos materiais de concreto e aço; • Da forma e das dimensões dentro das tolerâncias; • Referentes aos critérios para aceitação ou rejeição; e • Das curvas de interação de flexão composta do elemento estrutural. c) Dados para projeto e cálculo do elemento estrutural Os esforços resistentes devem ser calculados conforme NBR 6122, que prescreve entre outros: • Levar sempre em conta os esforços de tração que podem decorrer da cravação da própria estaca ou de estacas vizinhas; • Dimensionar, não só para suportar os esforços nelas atuantes como elemento estrutural de fundação, como também aqueles que decorram do seu manuseio, transporte, levantamento ou içamento e cravação. • Para a fixação da carga estrutural admissível, deve-se adotar coeficiente de minoração da resistência característica do concreto γ c = 1,3 quando se utiliza controle sistemático, caso contrário, utilizar γ c = 1,4. ii) Tipos de estacas pré-moldadas em concreto armado prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 4 σ σ σ σ = Tensão de trabalho (depende da armadura e da qualidade do concreto) iii) Detalhe de emenda Anexo D da NBR 6122 – item D.6 - As estacas pré-moldadas de concreto podem ser emendadas, desde que resistam a todas as solicitações que nelas ocorram durante o manuseio, a cravação e a utilização da estaca. As emendas devem ser feitas através de anéis soldados ou outros dispositivos que permitam a transferência dos esforços de compressão, tração (mesmo durante a cravação) e flexão. Deve-se, ainda, garantir a axialidade (manutenção do eixo) dos elementos emendados. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 5 Figura 3.3 Emendas de estacas de concreto 3.1.3 Estacas metálicas ou de aço Estacas metálicas são constituídas por peças de aço soldado, com perfis de secção I e H. Os trilhos geralmente são reaproveitados após sua remoção de linhas férreas, quando já desgastados. Visando o desgaste natural proveniente de corrosões, a NBR 6122 exige que estacas metálicas enterradas tenham uma espessura adicional de 1,5 mm em toda a sua superfície que esteja em contato com o solo. De acordo com a ABNT NBR 612 – item 3.20 a estaca metálica é uma estaca cravada, constituída de elemento metálico produzido industrialmente, podendo ser de perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa dobrada ou calandrada, tubos com ou sem costura e trilhos CARACTERÍSTICA DA ESTACA Tipo de perfil Denominação Área (cm²) Peso (N/m) Carga máxima (kN) Perfis laminados C.S.N. (1ª alma) I 8” x 4” 34,8 273 300 I 10” x 4⅝” 48,1 377 400 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 6 I 12” x 5¼” 77,3 606 700 Trilhos C.S.N. TR 26 31,4 246,5 250 (200) TR 32 40,9 320,5 350 (250) TR 37 47,3 371,1 400 (300) TR 45 56,8 446,5 450 (350) Notas: 1 – Os valores entre parênteses referem-se a trilhos velhos com redução máxima de peso de 20% e com nenhuma seção com redução superior a 40%. 2 – Para calcular a carga de estacas com perfis compostos basta multiplicar a carga da Tabela pelo número de perfis que compõe a estaca. 3.1.4 Estacas de concreto – moldadas “in loco” i) Brocas As brocas, como são mais conhecidas, são executadas “in loco” com um trado de concha ou helicoidais (tipo saca rolha). Normalmente recomendam-se comprimentos de 5 a 6 metros de profundidade. De acordo com a ABNT NBR 6122, item 3.14, estaca tipo broca é um tipo de fundaçãoprofunda executada por perfuração com trado (manual na maioria das vezes) e posterior concretagem através de lançamento do concreto a partir da superfície.. Figura 3.4 - Broca Fonte: Constancio Sua capacidade admissível de carga é da ordem de 50 (5 tf) a 100 KN (10 tf), com diâmetros variando entre 15 a 25 cm. São recomendadas para terrenos secos, acima do nível da d’água (lençol freático) para evitar estrangulamento da estaca. Para sua cravação são necessárias duas pessoas (serventes) devido ao grande desgaste físico (trabalho manual). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 7 ii) Strauss Também são estacas executadas “in loco” através de equipamento de perfuração, conforme mostra a figura abaixo, e tem capacidade admissível de carga, compreendida entre 200 (20 tf) e 800 kN (80 tf). Seu diâmetro varia entre 25 e 40 cm. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 8 Figura 3.3 – Estaca Strauss Segundo definição da ABNT NBR 6122 – item 3.16, estaca Strauss é uma estaca executada por perfuração do solo com uma sonda ou piteira e revestimento total com camisa metálica, realizando-se o lançamento do concreto, e retirada gradativa do revestimento, com simultâneo apiloamento do concreto. Uma estaca do tipo Strauss com diâmetro de 25 cm pode suportar até 20 toneladas, de 32 cm até 30 t e de 38 cm chega a suportar 40 t. iii) Estaca Franki NBR 6122 - 3.18 Estaca Franki Estaca moldada in loco executada pela cravação, por meio de sucessivos golpes de um pilão, de um tubo de ponta fechada sobre uma bucha seca de pedra e areia previamente firmada na extremidade inferior do tubo por atrito. Esta estaca possui base alargada e é integralmente armada. A concretagem do fuste da estaca é executada sem que a água ou o solo possam se misturar ao concreto. Resistência do Concreto: A dosagem do concreto utilizado varia de 300 kg a 450 kg de cimento por metro cúbico de concreto. O adesamento desse concreto, por apiloamento enérgico resulta em um concreto muito compacto e homogêneo de elevada resistência a compressão. O σc28 está sempre acima de 200 kg/cm². prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 9 Figura 3.6 – Estaca Franki iv) Estaca Raiz Realizar a perfuração do solo por meio da perfuratriz rotativa ou roto-percussiva com a descida de tubo de revestimento. A circulação da água é feita pelo interior do tubo de revestimento e saindo por fora do mesmo transportando o material - chamada de circulação direta de água. É uma estaca concretada "in-loco", injetadas considerada de pequeno diâmetro, pois o mesmo varia entre 100 mm e 410 mm, elevada capacidade de carga baseada essencialmente na resistência por atrito lateral do terreno. NBR 6122 - 3.13 Estaca raiz Estaca armada e preenchida com argamassa de cimento e areia, moldada in loco executada através de perfuração rotativa ou roto-percussiva, revestida integralmente, no trecho em solo, por um conjunto de tubos metálicos recuperáveis. Os valores da capacidade máxima de carga nas estacas pré-moldadas em concreto são bastante variáveis de empresa para empresa. Os valores indicados nos quadros neste trabalho são valores sugeridos. Fonte: Alves prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 10 Figura 3.7 – Cravação de estaca Raiz Figura 3.8 – Refluxo do fluído de perfuração v) Estaca Hélice NBR 6122 - 3.21 Estaca hélice contínua monitorada Estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a perfuração do terreno com a introdução, por rotação, de um trado helicoidal contínuo e injeção de concreto pela própria haste central do trado simultaneamente com a retirada do mesmo,sendo que a armadura é colocada após a concretagem da estaca.. O material proveniente da perfuração é eliminado continuamente pelo refluxo do fluído de perfuração através do interstício criado entre o tubo de revestimento e o solo, devido à diferença existente entre diâmetros (Ø coroa > Ø tubo), lubrificando ainda a coluna e facilitando a descida do tubo. Aplicam-se injeções de ar comprimido após a perfuração do fuste e, simultaneamente retira-se o tubo de revestimento. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 11 vi) Estacas Escavadas NBR 6122 item - 3.17 Estaca escavada com fluido estabilizante Estaca moldada in loco sendo a estabilidade da parede da perfuração assegurada pelo uso de lama bentonítica, fluído estabilizante ou revestimento metálico total ou parcial. Recebe a denominação de estaca escavada quando a perfuração é feita por uma caçamba acoplada a uma perfuratriz, e estaca barrete quando a seção for retangular e escavada com utilização de “clam-shell”. Clam-Shel A lama tem a finalidade de dar estabilidade à escavação. Existem dois tipos: Estacões (circulares com diâmetros variando de 60 cm a 200 cm – perfuradas ou escavadas) e barretes ou diafragmas (retangular ou alongadas,, escavadas com “clam- shells” Figura ao lado prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 12 3.1.5 Escolha do Tipo de Estacas Os fatores fundamentais que devem ser considerados na determinação do tipo de estaca são: i) Esforços nas fundações, procurando distinguir: a) Nível de carga nos pilares; b) Ocorrência de outros esforços além dos de compressão (tração e flexão). c) Característica do solo, em particular quanto à ocorrência de: − Argilas muito moles, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in loco; − Solos muito resistentes (compactos ou com pedregulhos) que devem ser atravessados, dificultando ou mesmo impedindo a cravação de estacas de concreto pré-moldadas; − Solos com matacões, dificultando ou mesmo impedindo o emprego de estacas cravadas de qualquer tipo; − Nível do lençol freático elevado, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in loco sem revestimento ou uso de lama; − Aterros recentes (em processo de adensamento) sobre camadas moles, indicando a possibilidade de atrito negativo, neste caso, estacas mais lisas ou com tratamento betuminoso são mais indicadas ii) Durabilidade a longo prazo: a. Estacas de madeira ficam sujeitas à decomposição (especialmente acima do lençol freático) e ao ataque dos microorganismos marinhos. b. O concreto é suscetível ao ataque químico na presença de sais e ácidos do solo, e as estacas de aço podem sofrer corrosão, se a resistividade específica da argila for baixa e o grau de despolarização for alto. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 13 iii) Características do local da obra, em particular: a. terrenos acidentados, dificultando o acesso de equipamentos pesados (bate- estacas, etc.); b. local com obstrução na altura, como telhado e lajes, dificultando o acesso de equipamentos altos; c. obra muito distante de um grande centro, encarecendo o transporte de equipamento pesado; d. ocorrência de lâmina d'água. iv) Características das construções vizinhas, em particular quanto a: a. tipo e profundidade das fundações; b. existência de subsolos; c. sensibilidade a vibrações; d. danos já existente v) Custos totais para o cliente: a. A forma mais barata de estaqueamento não é necessariamente a estaca mais barata por metro de construção. b. Atrasos no contrato, devido à falta de experiência ou à falta de apreciação de um problema particular por parte do empreiteiro que executa as estacas, podem aumentar consideravelmente o custo total de um projeto. c. O custo de ensaios deve ser considerado se o empreiteiro que executará as estacas tiver pouca experiência para estabelecer o comprimentoou o diâmetro exigido para as estacas. Em particular, a ruptura de uma estaca durante a prova de carga pode implicar em despesas adicionais muito grandes ao contrato. É conveniente recorrer a uma firma conhecida, com boa experiência local. d. Deve-se enfatizar que a maioria dos atrasos e problemas em contrato de estaqueamento pode ser evitada por meio de uma pesquisa completa do local, tão cedo quanto possível. 3.1.6 Número de Estacas Uma vez escolhido o tipo de estaca, parte-se para a determinação do n.º de estacas necessárias. Para considerar o peso próprio do bloco deve-se majorar a carga do pilar em 5 a 10%. NE = ��,�� �,��∗ �� �� ��� � �� ������í��� � ��� � 3.1 Importante destacar que esse tipo de cálculo somente é válido para o caso de cargas centradas, coincidindo com centro de carga do estaqueamento e se, as estacas forem todas do mesmo tipo e diâmetro. No caso da existência de momentos aplicados ou excentricidade da carga o cálculo será feito considerando esses efeitos. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 14 3.1.7 Disposição das Estacas Procurar dispor as estacas de modo a conduzir à menor dimensão de Bloco possível. A seguir algumas recomendações e disposições mais usuais. a) Distância mínima entre estacas 2,5 φ - para estacas pré-moldadas l ≥ 3,0 φ - para estacas moldadas “in-loco” 60 cm a) O espaçamento “l” entre as estacas do mesmo bloco, também é o mesmo entre estacas de blocos contíguos (ao lado). c) A distância “a” entre a estacas e a borda do bloco mais próxima deve ser de 1,0 a 1,5φ b) Distribuições padrões de 2 a 6 estacas prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 15 l = 2,5φφφφ (pré), 3φφφφ (in loco) ≥ 60 cm a ≥ 1,5φφφφ b ≥ 2φφφφ prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 16 e) A distribuição das estacas deve, sempre que possível, ser alinhada com a maior dimensão do bloco. 3.1.8 Carga nas Estacas – Estaqueamento A determinação nos esforços nas estacas é feita normalmente pelo método de Nökkentved. Geralmente adota-se a hipótese de que a estaca é articulada no bloco e na outra extremidade, articulada no solo. Admite-se ainda que o bloco seja rígido e que as estacas possuam o mesmo diâmetro e que todas terminam no mesmo nível. i) Centro Elástico – CE Denomina-se Centro Elástico o ponto onde ao se aplicar uma carga ela provocará apenas deslocamento horizontal e vertical do bloco (o bloco não gira). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 17 Procedimento para o cálculo do CE O procedimento consiste em dar um deslocamento vertical unitário ao bloco e determinar a resultante dos esforços desenvolvidos nas estacas decorrentes desse deslocamento. Procede-se da mesma maneira, provocando um deslocamento na horizontal unitário. O encontro das resultantes fornece o Centro Elástico. Denominam-se R’ e R’’ as resultantes decorrentes dos esforços ao se deslocar o bloco na vertical e horizontal, respectivamente. R’ = resultante dos esforços nas estacas devido à deformação vertical do bloco - ∆S = 1; R’’ = resultante dos esforços nas estacas devido à deformação horizontal do bloco – ∆w = 1 O encontro de R’ e R’’ corresponde, portanto, ao CE. Caso a resultante do carregamento externo não passe pelo CE, o bloco sofrerá rotação, além de deslocamento horizontal e vertical. Determinação dos esforços nas estacas devido aos deslocamentos horizontal e vertical. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 18 1. Deslocamento vertical – ∆s = 1 Sendo: ∆s*cosα – valor do encurtamento da estaca; l – comprimento da estaca; A – área da seção transversal da estaca; E – módulo de elasticidade; P – carga na estaca; Pv – carga vertical na estaca = P*cosα; Ph – carga horizontal na estaca = P*senα. Como a estaca é admitida articulada, os esforços serão transmitidos sempre pelo eixo da estaca (barra). � = � ∗ � = ∗ ! ∗ � = ∆#$ ∗ %&# ' ∗ ! ∗ � = !�$ ∗ %&# ' ∗ ∆#�= 1� �) = � ∗ %&# ' = *+, ∗ %&# '- = ) Ao adotar “ν” com valor de referência se obtém: �ℎ = !�$ ∗ %&#' ∗ #/0' = !�$ ∗ %&# ' ∗ #/0 ' ∗ %&# '%&# ' = ) ∗ 12 ' Logo: ) = *+, ∗ %&#-' Portanto, �) = ); �ℎ = ) ∗ 12 ' 2. Deslocamento horizontal ∆w = 1 � = ! ∗ � ∗ ∆4 ∗ #/0 '$ = ! ∗ �$ ∗ #/0 ' ∗ ∆4�= 1� prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 19 �) = � %&# ' = ! ∗ �$ ∗ #/0 ' ∗ %&# ' ∗ %&# '%&# ' = ! ∗ �$ ∗ %&#-' ∗ 12 ' �) = ) ∗ 12 ' �ℎ = � ∗ #50 ' = ! ∗ �$ ∗ #/0-' ∗ %&# -'%&#-' = ) ∗ 12-' Determinação das Resultantes R´ e R´´ Da figura se obtém: 12 '6 = ∑ �ℎ58�∑ �)8� = ∑ )5 ∗ 12 '′58� ∑ )58� �:/#$&%;</01& )/=15%;$� 12 '66 = ∑ �ℎ58�∑ �)8� = ∑ )5 ∗ 12-8� '>66∑ )58� ∗ 12 '5′′ �:/#$&%;</01& ℎ&=5?&01;$� Essa expressão resulta das equações de equilíbrio das forças, isto é, @6%&#'6 = A �)5 �B/=15%;$�8� prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 20 @6#/0'6 = A �ℎ5 �ℎ&=5?&01;$�8� Dividindo-se uma pela outra se obtém tgα´ Determinação do Ponto onde R´ corta o eixo “X” Fazendo equilíbrio de momento em torno do ponto “K” (somente para o deslocamento vertical ∆s=1), se obtém: @´ ∗ %&# '′ ∗ D&6 = A �)5 ∗ D58� D&6 = ∑ )5 ∗ D58�∑ �)58� = ∑ )5 ∗ D58�∑ )58� Determinação do Ponto onde R´´ corta o eixo “X” Com o mesmo procedimento anterior, ou seja, fazendo equilíbrio de momento em torno do ponto “K” (somente para o deslocamento horizontal ∆w=1), se obtém: @´´ ∗ %&# '′′ ∗ D&′′ = A �)5 ∗ D58� D&′′ = ∑ �)5 ∗ D58�∑ �)58� = ∑ )5 ∗ 12 '′′5 ∗ D58�∑ )58� ∗ 12 '′′5 Determinação das coordenadas do ponto “O” (Centro Elástico) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 21 E& 12 '′6 − E& ∗ 12 '′ = G = D&6 − D&′′ E& = D&6 − D&′′12 '′′ − 12 '′ D& = D&6 + E& ∗ 12 '6 = D&66 + E& ∗ 12 '′′ A relação entre a carga externa “P” aplicada no Centro Elástico “O” (CE) é a carga aplicada nas estacas. Desta forma denomina-se R´proj como a componente de “Q” na direção de R´ e, da mesma forma, denomina-se R´´proj. como a componente de “P” na direção de R´´. Esforços nas estacas devido a R´proj. �)5 = �5 ∗ %&# ' = @´IJKL. ∗ %&# '6 ∗ )5∑ )5 Essa expressão é obtida diretamente por proporção. Sabe-se que a expressão resultante “R´” correspondem cargas “vi” nas estacas. Para a componente R´proj. as cargas verticais nas estacas serão: �)5 = @′IJKL.@′ ∗ )5 = @′IJKL. ∗ %&# '′@6 ∗ %&# '′ ∗ )5 = @′IJKL. ∗ %&# '′ ∗ )5∑ )5 Com idêntico raciocício as cargas nas estacas, devido à componete R´´proj.(provoca deslocamento horizontal) serão: �)5 = �5 ∗ #/0 '5 = @′IJKL.@6 ∗ )5 ∗ 12 '′ = �)5 = @′′IJKL. ∗ #/0 '′′@6 ∗ #/0 '′′ ∗ )5 ∗ 12 '6 = @66IJKL. ∗ #50 '66 ∗ )5 ∗ 12 '>∑ )5 ∗ 12-'> Cálculo dos esforços devido à rotação Caso o carregamento externo não passe pelo pondo “O” (Centro Elástico – CE) será necessário transportá-lo para o ponto “O”, fazendo acompanhar do momento de transporte prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 22 correspondente. Esse momento tenderá a rodar o bloco em trono do ponto “O”, carregando algumas estacas e descarregando outras. Procura-se determinar a relação entre a rotação em torno do ponto “O” e a carga em uma estaca genérica decorrente dessa rotação. Provocando uma rotação ∆ϕ em torno do ponto “O” a estaca “AB” sofrerá um alongamento ∆l (∆l é a projeção de AA’ em AB). O esforço na estacadevido a ∆ϕ será: �NOPQRQ = � ∗ � = ∗ ! ∗ � = ∆$$ ∗ ! ∗ � = ∆$ ∗ !�$ Observa-se da figura que o ângulo A´ÂD = ao ângulo AÔD = γ por possuírem lados perpendiculares entre si. ∆$ = ��6 ∗ %&# S ∆T = ��′= Logo: ∆$ = ��6 ∗ %&# S = ∆T ∗ = ∗ %&# S Portanto, ∆$ = ∆T ∗ U �VW/ é ; =&1;çã& U=&%W=;:;� A fim de se obter fórmulas mais simples, coloca-se “p” em função de “n”. Dessa maneira, todas as medidas passam a ser feitas utilizando-se da reta horizontal que passa pelo ponto “O”. Sendo “n” a distância do ponto “O” à intersecção do eixo da estaca com a horizontal que passa por “O”. Portanto, U = 0 ∗ %&# '; conseqüentemente: ∆$ = ∆T ∗ 0 ∗ %&# ' Devido às pequenas deformações pode-se admitir que a corda AA’ seja igual ao arco prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 23 A carga na estaca, em função da rotação ∆ϕ, pode ser expressa por: �NOPQRQ = !�$ ∗ ∆$ = !�$ ∗ 0 ∗ %&# ' ∗ ∆T Em seguida determina-se a expressão do momento desenvolvido pelas cargas nas estacas em torno do ponto “O”. [ = A �\> ∗ 0> = A �> ∗ %&# ' ∗ 0> = A !�$ ∗ 0> ∗ %&# ' ∗ ∆T ∗ %&# ' ∗ 0> = 8 � 8 � � � [ = ∆T ∗ A �!$ ∗ 0>- ∗ %&#-' = ∆T ∗ A )> ∗ 0>- 8 � 8 � [ = ∆T ∗ A )>8� ∗ 0>- $&2&: ∆T = [∑ )> ∗ 0>-8� Como o momento interno, dado pela expressão deve equilibrar o momento externo pode-e dizer que o valor de “M” calculado acima é igual ao momento externo aplicado. Para se determinar a carga na estaca basta substituir, na expressão da carga da estaca, o valor de “∆ϕ” em função de “M” �)> = !�$ ∗ 0> ∗ %&#-' ∗ ∆T = )> ∗ 0> ∗ ∆T = [ ∗ )> ∗ 0>∑ )> ∗ 0>- E interessante observar a analogia da fórmula encontrada com a equação do cálculo de tensões normais devido ao momento, da resistência dos materiais. � = [^ ∗ _ Dessa anolagia pode-se tirar: prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 24 A�)> ∗ 0>-� = ^; )> ∗ 0> = _ Após o cálculo dos esforços nas estacas, separadamente para cada ação, ou seja, deslocamento vertical do bloco, deslocamento horizontal e rotação, pode-se escrever a equação completa, com a superposição dos efeitos: Colocando os valores de “R´” e “R´´” em função das componentes horizontais e verticiais do carregamento externo se obtém: Carga vertical: B = @IJKL.6 ∗ %&# '6 + @IJKL.66 ∗ %&# '66 Carga Horizontal: ` = @IJKL.6 ∗ #50 '6 + @IJKL.66 ∗ #50 '66 Substituindo os valores da carga horizontal e vertical na expressão de de Pvi obtém-se: �)> = B ∗ )>∑ )> ∗ �12 ' 66 − 12 '>��1;0 '66 − 1;0 '6� + ` ∗ )>∑ )> ∗ �1;0 '> − 1;0 ' 6��1;0 '66 − 1;0 '6� + [ ∗ )> ∗ 0>∑ )> ∗ 0>- = prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 25 Cargas nas estacas utilizando-se do formulário apresentado no Beton-Kalender Exemplo de Aplicação Determinar os esforços nas estacas para o bloco da figura. Obs: A inclinação de 1:4 para as estacas inclinadas é a inclinação máxima utilizada na prática prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 26 1. Determinação do Centro Elático 1.1 O estaqueamento sendo simétrico, indica que, quando se aplica o deslocamento vertical ∆v = 1, a resultante R´ dos esforços que ocorrem nas estavas, devido a ∆v, estará no eixo de simetria (conforme indicado na figura); 1.2 Para se determinar a posição de R´´ provoca-se um deslocamento horizontal do bloco de ∆w = 1. Espaçamento mínimo entre estacas 3φ O deslocamento ∆w irá encurtar ou alongar as estacas de ∆w*senα (valor igual para todas as estacas), o que quer dizer que a força despertada nas estacas são todas iguais e valem @ = ∆4 ∗ #50 '$ ∗ !� prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 27 Calculando as resultantes das forças nas estacas comprimidas (estacas à esquerda) pode-se determinar a sua posição fazendo somatória de momento em relaçao ao ponto “O”, obtendo-se: Da mesma forma calcula-se a resultante das estacas inclinadas que estão tracionadas. No ponto onde essas resultantes se encontram pode-se determinar R´´ (horizontal) e R´(vertical) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 28 1.3 Verifica-se que nos casos de estaqueamento simétrico a resultante R´ estará sempre aplicada no eixo de simetria. 2. Transporte das cargas aplicadas para o Centro Elástico (CE) Fazendo somatória de momentos em trono de CE se obtém: MCE = 1418,5*10 -1281,5*10 – 250*(10,20-6,20) = 370 KN.m V = N = 1281,5+1418,5 = 2.700 KN H = 250 KN prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 29 3. Cálculo das Reações nas Estacas: 3.1 – Devido à carga vertical (N= 2.700 KN) Serão desprezadas, a favor da simplicidade, as inclinações nas estacas, admitindo previamente todas na vertical (erro é de ≅ 3% ; cos14,03º = 0,97) �)5 = B0 = 2.700 de12 �/#1%;#� = 225 de �%<U=5<50:& ;# /#1%;#� Para o cálculo da reação na estaca deve-se levar em conta o cosα: @NOPQRQ = B0 ∗ %&# ' = 2.70012 ∗ 0,97 = 231,93 de Fazendo uso da fórmula, desenvolvida anteriormente e utilizando-se somente da primeira parcela, onde α´ = 00 e α´´ = 900 obtem-se: �)> = B ∗ )>∑ )> ∗ �12 ' 66 − 12 '>��1;0 '66 − 1;0 '6� = B ∗ )>∑ )> ∗ ∞∞ = Uma vez que todas as estacas têm inclinações iguais e mesmos valores �)5 = B ∗ )>0 ∗ )> = B0 Devido à carga Horizontal Decompondo o esforço horizontal “H” nas direções das estacas inclinadas (direção da estaca equivalente ou resultante) obtêm-se as Resultantes de Tração e de Compressão. @1 = @% = 2` ∗ 1#50 ' = 2502 ∗ 10,2425 = ±515,40 de = 4@ prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 30 Os esforços de tração e compressão por estaca será: R1=R2=R3=R5 = - 515,4/4 = - 128,85 KN R8=R10=R11=R12 = + 515,4/4 = + 128,85 KN 3.3 Devido ao momento fletor @/#1;%; = �/#1;%; = [ ∗ )> ∗ 0>∑ )> ∗ 0>- Sendo que ni é indicado na horizontal que passa pelo ponto “O” Paras as estacas: E1,E2,E3 ∴n1=n2=n3 = 0,25 m E10,E11,E12 ∴n10=n11=n12 = 0,25 m E4,E6,E7, E9 ∴ n4=n6=n7=n9 = 1,00 E5,E8 ∴ n5=n8 = 0,75 A 0>- = 6,0 ∗ 0,25- + 4,0 ∗ 1,0- + 2 ∗ 0,75- = 5,5 Reações ou esforços nas estacas: @5 = 370de. <5,5 <- ∗ 0>�<� = R1=R2=R3 = 370*0,25/5,5 = 16,82 KN (tração) R10=R11=R12 = 16,82 KN (compressão) R4=R6 = 370*1,0/5,5 = 67,27 KN (tração) R7=R9 = 370*1,0/5,5 = 67,27 (compressão) R5 = 370*0,75/5,5 = 50,45 KN (tração) R8 = 370*0,75/5,5 = 50,45 KN (compressão) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 31 Esforços globais nas estacas (superposição de efeitos) O esfoço vertical desenvolvido nas estcas pelo momento “M” irá corresponder ao esforço horizontal de tal maneira que a resultante Pv + Ph tenha direção do eixo da estaca. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 32 Observa-se que a somatória dos esforços horizontais devido ao momento é zero, pois os esforços se equilibram. Admitindo-se, para ampliar a discussão no exemplo, uma força horizontal de 100 KN, na direção longitudinal (Tabuleiro) aplicada a 9 m de altura, em relação do afundo do bloco, o cálculo dos esforços nas estacas é o seguinte: prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 33 3.2 Fundação em Tubulão Tubulão – NBR 6122:2010 – item 3.9 Elemento de fundação profunda, escavado no terreno em que, pelo menos na sua etapa final, há descida de pessoas, que se faz necessária para alargamento da base ou pelo menos a limpeza do fundo da escavação,uma vez que neste tipo de fundação as cargas são transmitidas preponderantemente pela ponta. Figura 3. 1 - Tubulão Figura 3.2.2 – Tubulão Solos Coesivos - Argilosos Ao receber água, tendem a se tornarem plásticos (surge a “lama”). Apresentam maior grau de estabilidade quando secos. Os tubulões são elementos utilizados em fundações profundas que transmitem cargas diretamente ao solo. Constituem-se de um poço (fuste) de diâmetro variando de 0,7 a 2,0 m ou mais. No final do fuste é usual fazer um alargamento de base, igual ou maior do que 3 vezes o fuste, cuja finalidade é diminuir as tensões no solo. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 34 Solos Não Coesivos (Granulares) Como solos não coesivos compreendem-se os solos compostos de pedras, pedregulhos, cascalhos e areias, ou seja, de partículas grandes (grossas). 3.2.1 Classificação dos tubulões Os tubulões serão classificados quanto a forma de execução, em: i) Tubulão a céu aberto ii) Tubulão a ar comprimido e, iii) Tubulão aberto mecanicamente (Mecanizado) i) Tubulão a céu aberto São abertos manualmente, em solos coesivos, para não ocorrer desmoronamento durante a escavação, e acima do nível d água (N.A.). Figura: 3.2.3 - Foto Tubulão Constitui-se da abertura de um poço (fuste) com diâmetro maior ou igual a setenta centímetros (φf ≥ 70 cm), para possibilitar o acesso e trabalho do operário (poceiro). Na parte inferior é escavada uma base (B) com diâmetro aproximadamente maior ou igual a três vezes o diâmetro do fuste (B ≥ 3φf). Em seguida são colocadas as armaduras e posteriormente se faz a concretagem. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 35 Figura 3.2.4 – paço com camisa pré-moldada Figura 3.2.5 – mudança de camada da base NBR 6122:201 – Anexo J – J.9 – Concreto O concreto a ser utilizado nos tubulões deve satisfazer as seguintes exigências: a) Consumo de cimento não inferior a 300 Kg/m3; b) Abatimento ou slump test entre 8 cm e 12 com; c) Agregado: diâmetro máximo 25 mm; d) fck ≥ 20 MPa aos 28 dias. A integridade dos tubulões deve ser verificada em no mínimo um por obra, por meio de escavação do seu fuste. (ver figura 3.2.2) ii) Tubulão a ar comprimido Caso o terreno natural não tenha capacidade de permanecer sem fluir (desbarrancar) para o poço pode-se executá-lo com camisa pré-moldada. No caso de se necessário abrir base em uma camada de areia pura existe o perigo de desmoronamento do sino por falta de coesão. Nesse caso pode-se descer o tubulão com fuste e base pré-moldados. Esse tipo de execução exige bastante cuidado para se evitar desaprumo. Outra possibilidade é de se aprofundar o tubulão até atingir a camada que possibilite o alargamento da base. Evidentemente essa camada deve estar relativamente próxima da camada de areia. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 36 3.2.6 – Tubulão a ar comprimido iii) Tubulão escavado mecanicamente Figura 3.2.7 – Tubulão mecanizado Fonte: Ronaldo da Silva Ferreira Os diâmetros mais comuns no mercado são de φf ≤ 150 mm. iv) Os tubulões ainda podem ser cheios ou vazados – Executado com utilização de ar comprimido com o objetivo de eliminar a água do poço. Esse tipo deve ser utilizado quando a base está abaixo do N.A - Executado com camisas pré-moldadas, em módulos, que variam de 3 a 4 m. A cravação é feita manual em um espaço confinado utilizando- se ar comprimido. - O limite de pressão para esse tipo de tubulão deve ser inferior a 3 kg/m2 (30 mca). Recomenda-se, entretanto, não passar de 2 Kg/m2, ou seja de 20 mca.. A execução do fuste é feita com broca (mecanizada), podendo ter ou não alargamento de base (depende do equipamento). A execução pode se feita abaixo ou acima do N.A. Esse tipo de tubulão torna-se obrigatório quando a coluna d água atinge 30 m (limite de pressão para a utilização de ar comprimido é de 3 atm, isto é, 30 m de coluna d água. Para esse valor de profundidade a fiscalização deve intensa e, dentro do possível, deve ser evitado. O tubulão mecanizado é, as vezes, chamado de ESTACÃO. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 37 Figura 3.2.8 – Tubulão vazado e cheio 3.2.3 Dimensionamento e Detalhamento dos vários elementos que compõem o tubulão Ao se dimensionar uma fundação utilizando-se de tubulão, seja ele curto, ou não, procura- se fazer coincidir o centro de aplicação da carga, com o centro de gravidade do fuste e do tubulão (existindo Normal e momento os CG’s devem coincidir com a aplicação da carga aplicada do eixo do pilar de e= M/N). É comum a transferência de carga ser direta pilar – tubulão, sem a utilização de blocos (quando as tensões são baixas). i) Cabeçote É a transição entre pilar e fuste propriamente dito. Figura 3.2.9 – Cabeçote Essa transição existe também nos casos de tubulão vazado, entre bloco e fuste. O objetivo do cabeçote, nesse caso, é o de distribuir, ou melhor, diminuir a tensão na biela de compressão e melhor distribuir a carga de contato entre o tubulão e o bloco (quando existir). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 38 a) Tipos de Transição • Transição direta do pilar para o tubulão 1.º caso - Pilar retangular chegando diretamente no tubulão 2.º caso - Pilar chegando no tubulão através de um bloco de transição A Cabeça pode ser substituída por um bloco sobre o topo do fuste Figura – Bloco no topo do fuste do tubulão 1.º caso - Pilar retangular chegando diretamente no tubulão a) Pilar tendo uma de suas dimensões maior que o diâmetro do tubulão Figura 3.2.10 - Solução para pilar folgado em termos de tensão no concreto. Figura 3.2.11 - Solução para pilar com tensões prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 39 Figura 3.12 – Pilar chegando Diretamente no tubulão Figura 3.13 – Desenvolvimento de tensões, Tanto no pilar quanto no tubulão • Tensão máxima de tração Segundo Langendonck (1959) a maior tensão de tração, ou também tensão de fendilhamento será: σ�,n�� � = 0,4 ∗ o1 − φaq ∗ PAn�� � σ�,tu��� = 0,4 ∗ o1 − φaq ∗ PAtu��� Nesse caso torna-se necessário fazer uma fretagem tanto no tubulão, quanto no pilar, devido a abertura de carga. Além disso, é necessário fazer a verificação da tensão no concreto na seção de contato entre o tubulão e pilar (seção reduzida). Necessário fazer fretagem tanto no tubulão, quanto no pilar. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 40 O CEB dispensa a armadura de fretagem, quando: σ�� ≤ f��x2 f��x = 0,351 ∗ f�x-/z segundo NBR 6118 − item 8.2.5 Em caso contrário, há a necessidade de se calcular a armadura de fretagem. Fretagem do pilar Figura 3.14 – Fretagem no pilar Segundo Leonhard (Vol.2 - 1977) a distribuição da armadura para combater o fendilhamento é obtida do desenvolvimento das tensões σy. Figura 3.15 – Valores do esforço de fendilhamento Fonte: Leonhardt (1977) Mörsh (apud Leonhardt) conduz a uma solução semelhante à desenvolvida acima. Para isso supõem que as trajetórias das tensões principais de compressão se concentrem em uma resultante de trechos retos, conforme figura Cálculo como bloco parcialmente carregado Z = [(P/a)*(a-φ)/2]*(1/tgθ) tgθ= 1,5 (θ ≅ 56,30) Z = P*(1 – φ/a) 3 As = Zd/fyd A linha que representa Z/P é quase reta de modo que se pode adotar, aproximadamente Z ≅ 0,3P(1-φ/a). Comoφ/a > 10 raramente acontece pode-se adotar, como critério prático Z ≅ 0,25P prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 41 Figura 3.16 – Esforço de fendilhamento através de um polígono Leonhardt (1977) recomenda ainda que, para o cálculo da armadura, a tensão no aço deve ficar entre 180 a 200 MPa. Figura 3.17 – Armação no pilar Deve-se majorar a armadura de fretagem em 25%, ou seja, 1,25*As e distribuir a armadura na altura “a”. O fator 1,25 leva em conta que a armadura deveria ser distribuída, na realidade, na altura 0,8 de “a” e não na altura “a” (ver figura 3.13). ZP/2 = � a4 − φ4�a/2 Z ≅ 0,25*P ( 1 –φ/a) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 42 Fretagem do Tubulão Figura 3.15 – Armação de fretagem no Tubulão Também majorar a armadura de fretagem em 25%, ou seja, 1,25*As para distribuir a armadura na altura “φ”. Detalhe da Fretagem Figura 3.16 – Detalhe da fretagem no tubulão Observar que parte da armadura do tubulão, devido a forma retangular do pilar, morre, sem entrar no pilar, não podendo, portanto, constituir-se em armadura de espera. Z = P3 ∗ �1 − bφ� As = Zd/fyd prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 43 Figura 3.17 – Ligação Pilar - Tubulão Figura 3.18 – Ligação pilar – tubulão (corte) Esse fato, associado ao reforço de armadura decorrente do dimensionamento da seção de contato, exige a colocação de uma gaiola de armação, de forma retangular, na ligação tubulão - pilar, constituindo assim a transição entre as duas armações. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 44 b) Pilar tendo as duas dimensões inferiores ao diâmetro do tubulão Figura 3.19 – Pilar apoiado diretamente no fuste 2.º Caso) Transição através de bloco Nesse caso toda transição é feita no bloco, que deverá ser conveniente fretado e ter altura suficiente de forma a permitir a emenda das barras do pilar com as barras do tubulão. O cálculo da armadura de fretagem é análogo ao caso de transição direta “pilar – tubulão”. Z = P3 ∗ �1 − ab� sendo “a” a menor dimensão e “b” a maior dimensão. Detalhe da gaiola de ligação prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 45 2. Tubulão Vazado Detalhamento da Cabeça Caso o ângulo α > 600 colocar armadura de fretagem adicional (1,25*As), como se o tubulão fosse cheio. Detalhamento com armadura perimetral (estribo) Considerando o sistema de treliça da figura obtém-se: Z = P * 1 = 0,25(*)P = P 2 tgα 2 8 α > 450 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 46 q = carga distribuída no perímetro = P/2pir p = pressão radial atuante na armadura = q/tgα Considerando a fórmula de tubos (ver figura acima) se obtém a tração atuante nos estribos. Z = p*r = q*r/tgα = P*r = P . 2pirtgα 2pitgα As = Zd/fyd = Pd . 2pitgα*fyd Caso essa altura seja insuficiente pode-se diminuir o comprimento de ancoragem diminuindo a tensão no aço. Detalhe da armação Armadura de fretagem calculada como se o tubulão fosse cheio A altura “y” deve proporcionar a ligação das armaduras do pilar com as do tubulão. As1 = Zd/fyd prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 47 Região da transição do fuste para a base (caso de tubulão vazado) Considerando uma abertura de ≅ 500 obtém-se: Z = p*r = q*r/tg500 = P*r = P . 2pirtg500 7,5 As = Zd/fyd = Pd . 7,5*fyd Detalhamento análogo ao do cabeçote Dimensionamento da base Normalmente, a base do tubulão é dimensionada como um bloco de concreto simples, sem armadura. Na transição do fuste para a base, no caso de tubulões vazados é recomendável colocar uma armadura de estribos que consiga absorver os esforços de tração decorrentes da abertura de carga do fuste para a base, conforme indicado na figura. O diâmetro da base é obtido dividindo-se a carga atuante pela tensão admissível do solo. Abase = P/σadm.solo = piD2/4 ∴ D = √(4P/piσadm) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 48 Dimensionamento da Base – NBR 6122:201 – item 8.2.2.6.1 Os tubulões devem ser dimensionados de maneira que as bases não tenham alturas superiores a 1,8 m. Para tubulões a ar comprimido, as bases podem ter alturas de até 3,0 m, desde que as condições do maciço permitam ou sejam tomadas medidas para garantir a estabilidade da base durante sua abertura. Havendo base alargada, esta deve ter a forma de tronco cone (com base circular ou de falsa elipse), superposto a um cilindro de no mínimo 20 cm, denominando rodapé. As armaduras de fuste e de ligação fuste-base, quando necessárias, devem ser projetadas e executadas de modo a assegurar a plena concretagem do tubulão. Caso a base necessite ser uma falsa elipse, a área é dada por: Abase = pib2 + b*x = P/σadm.solo 4 Fonte: Livro: Exercício de Fundações – Urbano Rodrigues Alonso Recomenda-se para esse caso a/b ≤ 2,5 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 49 Inclinação do sino Os critérios utilizados para determinação de “β” são dois: a) Critério utilizado pelos projetistas de concreto; b) Critério utilizado pelos projetistas de solos. a) Critério utilizado pelos projetistas de concreto – o ângulo “β” é determinado de maneira que as tensões de tração desenvolvidas na base não ultrapassem fct/2 (resistência do concreto à tração direta). fct = 0,9*fct,sp (fct,sp = resistência à tração indireta) Na falta de ensaios para obtenção de fct,sp = 1,3*fct,m fct,m = 0,3*fck2/3 portanto, fct = 1,3*0,9*0,3*fck2/3 = 0,351*fck2/3 b) Critério utilizado pelos especialistas em solos – Adota-se o critério recomendado pela NBR 6122 (item 8.2) Os blocos de fundação podem ser dimensionados de tal maneira que o ângulo β, expresso em radianos e mostrado na Figura acima, satisfaça à equação: tanβ ≥ σadm.solo + 1 β fct σadm.solo = tensão admissível do terreno, em MPa fct= tensão de tração no concreto (fct = 0,4ftk < 0,8 MPa) ftk = resistência característica à tração do concreto, cujo valor pode ser obtido a partir da resistência característica à compressão (fck) pelas equações: ftk = fck/10 para fck ≤ 18 MPa A transição do fuste para a base é feita através de uma superfície tronco- cônica, chamada “sino”. A altura “h” é determinada através do ângulo “β” prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 50 ftk = 0,06 fck + 0,7 MPa para fck > 18 MPa Desde que a base esteja no mínimo 30 cm dentro do mesmo solo, adotar-se-á β = 600, independentemente da tensão no solo. Exercício: Projetar e dimensionar um tubulão para o pilar da figura, com taxa admissível no solo de 0,6 MPa (600 KN/m2) a. Cálculo da área da base D = √(4*P)/(pi*σadm) = √(4*1.200)/(pi*600) = 1,6 m ∴Logo, não cabe na distância até a divisa. Necessário adotar uma falsa elipse: prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 51 Inicialmente adotar b = 2*0,65 = 1,25 (não é necessário deixar folga, pois, está a 12 metros de profundidade) Portanto:A �� = π ∗ b-4 + b ∗ X = Pσ ��,���� 3,1416 ∗ 1,25-4 + 1,25 ∗ X = 1.200600 ∴ X = 0,65 m b. Cálculo do diâmetro do fuste (carga somente de compressão) φ = √(4*P)/(pi*σadm.conc) = √(4*1.200)/(pi*0,85*15.000) = 0,35 m (adotar o mínimo de 70 cm) a = x + b = 0,65 + 1,25 = 1,90 m ∴ Verificação da relação de a/b = 1,90/1,25 = 1,52 < 2,5 (OK.) c. Cálculo da altura da base H = (D – φ)*tg600 = (1,9-0,7)*1,732/2 = 1,04 ≅1,05 m 2 Dimensionamento do fuste Esforços solicitantes: Quando o tubulão não é executado com base alargada admite-se que ele esteja contido em um meio elástico que é o solo. Assim a determinação dos esforços solicitantes pode ser feito utilizando-se as fórmulas de vigas sobre apoios elásticos. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 52 Titze e Sheriff fornecem tabelas de fácil manuseio e, que serão utilizadas adiante. É importante ressaltar que, no caso de tubulões executados com alargamento de base pré- moldada, não é recomendável admitir-se o confinamento do solo, uma vez que o preenchimento de vazios entre a camisa do tubulão e o solo é feito durante a execução a medida que ocorra a queda e desmoronamento das paredes do poço. Esse material não é, portanto, compactado e, sua eficiência como elemento de consistência é duvidosa. No caso de tubulão executado com camisa pré-moldada é importante verificar se existe folga entre o fuste e poço. Caso haja esse vazio deve ser injetado argamassa, de maneira a garantir o confinamento do solo ( o fuste deve estar em contato com o solo). Aplicação das tabelas de Titze (anexo) Quando um tubulão se desloca horizontalmente dentro do solo, este exerce sobre a superfície do fuste uma pressão variável com a profundidade. Cx = Ct*x/t = m*x; sendo m = Ct/t A existência dessa folga deve ser verificada pelo engenheiro da obra ou pela fiscalização. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 53 Onde: - m (KN/m4) é o coeficiente de proporcionalidade que caracteriza a variação do coeficiente Cx em relação à qualidade do solo nas diferentes camadas; - X é a profundidade das respectivas camadas do solo consideradas a partir da superfície do solo ou do nível da base do bloco sobre o topo dos tubulões. Considerações sobre a hipótese de viga sobre apoio elástico aplicada para tubulões imersos em solo. - Dentro dos limites de utilização é razoável admitir para o solo um comportamento elástico (σ ∝ ε); - Os esforços nos tubulões são pouco sensíveis a uma variação da característica do solo uma vez que o coeficiente do solo é função de uma raiz quarta; - É importante lembrar que a deformação do tubulão é sensível aos parâmetros do solo; - As tabelas fornecem coeficientes com a variação linear ao longo da profundidade, nos casos de areia e, constantes ao longo da profundidade, no caso de argilas. - Indicações do coeficiente de proporcionalidade fornecidas por Tietze na revista estrutura n.º 76, também no livro de Sheriff – Elastically fixed structurs. Ct é o coeficiente do solo (KN/m3) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 54 Solos Arenosos Amostrador SPT MOHR Coeficiente de Proporcionalidade (m). Areia Solos Compacidade N.º de golpes N.º de golpes (KN/m4) (Granulação) Areias Siltes Areias argilosas Fofa 0 – 4 0 – 2 1.000 – 2.000 Muito fina Pouco compacta 5 – 10 3 – 5 2.000 – 4.000 Fina Compacidade média 10 – 30 6 – 12 4.000 – 6.000 Média Compacta 30 – 50 12 -24 6.000 – 10.000 Grossa Muito compacta > 50 > 24 10.000 – 20.000 c/Pedregulho Solos argilosos Solos Consistência SPT (N.º de Golpes) MOHR (N.º de Golpes) Coeficiente de Proporcionalidade – m (KN/m4) IL (Índice de liquidez) Lodo, Turfa etc. Meio líquido 0 0 0 - 500 ≥ 0,7 Argila Muito mole < 2 < 1 500 – 1.000 0,6 ″ Mole 2 - 4 2 - 3 1.000 – 2.000 0,5 ″ Média 4 – 8 3 - 6 2.000 – 4.000 0,4 ″ Rija 8 - 15 6 – 10 4.000 – 6.000 0,3 ″ Muito Rija 15 - 30 10 – 12 6.000 – 8.000 0,2 ″ Dura > 30 > 12 8.000 – 10.000 0,1 - 0 Além disso, são fornecidos dois gráficos, sendo um para esforço horizontal atuante H (gráfico da esquerda) e outro gráfico para momento fletor atuante – M (gráfico da direita). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 55 Tabela I – Coeficiente do solo Constante com a profundidade Coeficientes para H Coeficientes para M Parâmetros que se encontram na tabela: Atuando força horizontal: pfic (pressão fictícia)= H/(φ*t) Mfic (momento fictício) = H*t Atuando Momento: pfic (pressão fictícia) = M/(φ*t2) Mfic (momento fictício) = Matuante prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 56 Onde: φ = diâmetro do fuste do tubulão ou da estaca; t = profundidade do tubulão; H = Força horizontal aplicada no tubulão; M = momento fletor aplicado no tubulão. Comprimento elástico: L� = 4EIθ ∗ C� para C = cte − tabela I Lz = EI ∗ tθ ∗ C� para C variando linerarmente − Tabela III Para utilizar os gráficos, inicialmente, determina-se o coeficiente “λ= t/L” (adimensional). Em seguida calculam-se os valores de: Pressão no solo: pmax. = maxβ*pfic; pi = βi*pfic Momento no fuste do tubulão: Mmax. = maxα*Mfic.; Mi = αi*Mfic. Deslocamento da cabeça do tubulão: δ0 = δ*(pfic./Ct); Rotação na cabeça do tubulão: tgϕ0 = ϕ*[pfic./(Ct*t)]; Ângulo da tangente à curva de pressão, em x=0: tgϕ0 = ϕ*(pfic./t) Para a determinação do momento final do tubulão devido aos esforços H e M é necessário fazer a superposição dos esforços, ou seja, a somatória dos valores encontrados para cada carregamento. prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 57 Valores finais prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 58 Tabela II – Coeficiente do solo Parabólico com a profundidade Coeficientes para H Coeficientes para M prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 59 Tabela III – Coeficiente do solo variando linearmente com a profundidade Coeficientes para H Coeficientes para M prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 60 Exercício: Para a estrutura da figura: elaborar os sistemas estruturais dos vários elementos; os esboços dos diagramas dos esforços solicitantes; e as respectivas posições das armaduras principais de cada peça. Determinar os esforços solicitantes máximos nos tubulões e sua base. Dados: • Ângulo de atrito interno do solo ρ = 300 • Ângulo de atrito entre o paramento e o solo δ = 00 • Coeficiente elástico do solo: constante com a profundidade c = 7000 KN/m3 (700 tf/m3); • Admitir que os aparelhos de neuprene transfiram somente carga vertical; • Tensão admissível na base 400KN/m2 (40 tf/m2); • Massa específica do solo γsolo = 18 KN/m3 (1,8 tf/m3). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 61 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 62 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 63 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 64 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 65prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 66 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 67 Exercício: Determinar os esforços nos tubulões da figura, dimensionar e detalhar as partes principais (cabeça, fuste e base). Considerar solo areia média. Dados: - Diâmetro do tubulão: φ = 1,40 m - Tubulões iguais morrendo em ponta (sem alargamento de base) - Esforço horizontal: H = 200 KN aplicado na altura do neuprene. - Concreto: fck = 20 MPa - Aço: CA-50 Esforços no nível do terreno Carga Vertical: N = 200*13 = 2.600 KN Esforço horizontal: H = 100 KN Momento Fletor: M = 100*15 = 1.500 KN.m prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 68 Pelas tabelas de titze, para areia média Cx = m*x Solos Arenosos Amostrador SPT MOHR Coeficiente de Proporcionalidade (m). Areia Solos Compacidade N.º de golpes N.º de golpes (KN/m4) (Granulação) Areias Siltes Areias argilosas Fofa 0 – 4 0 – 2 1.000 – 2.000 Muito fina Pouco compacta 5 – 10 3 – 5 2.000 – 4.000 Fina Compacidade média 10 – 30 6 – 12 4.000 – 6.000 Média Compacta 30 – 50 12 -24 6.000 – 10.000 Grossa Muito compacta > 50 > 24 10.000 – 20.000 c/Pedregulho Para solo: areia média, adotar m = 5.000 KN/m4, Para x = t = 12 m (t – profundidade do tubulão) C� = m ∗ t = 5.000 ∗ 12 = 60.000 KN/mz Em seguida calculam-se os parâmetros: Atuando força horizontal: H = 100 KN M�� = H ∗ t = 100 ∗ 12 = 1.200 KN. m Atuando o Momento: M = 1.500 KN.m M�� = M �u �� = 1.500 KN. m Comprimento elástico (solo arenoso): Itu��� = πd 64 = 3,1416 ∗ 1,4 64 = 0,1886 m prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 69 E�-¡ = 5.600 ∗ f�x� -¢ = 5.600 ∗ √20¤ = 25.043,96 MPa E�� = 0,85 ∗ E�-¡ = 0,85 ∗ 25.043,96 = 21.287 Mpa = 21 ∗ 10¥ KN/m- Lz = EI ∗ tθ ∗ C� = 21 ∗ 10¥ ∗ 0,1886 ∗ 121,4 ∗ 60.000 = 3,55 m para Cx = cte – Tabela I λ = tLz = 123,55 = 3,38 Com uso das tabelas se obtém Mmax.: Atuando H M� = max. ' ∗ M�� = 12,8% ∗ 1.200 = 153,6 KN. m ( M�� = H ∗ t = 100 ∗ 12 = 1.200 KN. m Atuando M α1 = 95%; α2 = 80% M� = max. ' ∗ M�� = 87,5% ∗ 1.500 = 1.312,5 KN. m M�� = M �u �� = 1.500 KN. m Momento máximo entre seção 1 e 2 Logo: Mmax =153,60 + 1.050 = 1.206,60 KN.m Calculo da armadura para o fuste – Flexo-compressão (Ábacos Motoya - Anexo) Nk = 2.600 KN Mk = 1.500 KN.m prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 70 ν = 2,5 ∗ Nxh- ∗ f�x = 26001,4- ∗ 20.000 = 0,066 μ = 2,5 ∗ Mxhz ∗ f�x = 1.5001,4z ∗ 20.000 = 0,027 Utilizando-se da tabela, obtém-se: w = 0 Asmin = 0,15*Nd/fyd ≥ 0,004*Ac (NBR 6118 – item 17.3.5.3.1) A�,�� = 0,15 ∗ N�fª� = 0,15 ∗ 2.60050 1,15¢ = 8,97 cm - A�,�� = 0,004 ∗ 3,1416 ∗ 140-4 = 61,6 cm- prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 71 3.3 Blocos sobre Estacas – Fundações Os blocos são considerados elementos de transição entre a superestrutura e as estacas ou tubulões. NBR 6118 22 Elementos especiais 22.1 Introdução Para os efeitos desta Norma são considerados como elementos especiais os elementos estruturais que se caracterizam por um comportamento que não respeita a hipótese das seções planas, por não serem suficientemente longos para que se dissipem as perturbações localizadas. Vigas-parede, consolos e dentes Gerber, bem como sapatas e blocos, são elementos desse tipo. Os elementos especiais devem ser calculados e dimensionados por modelos teóricos apropriados, quando não contemplados por esta Norma. Tendo em vista a responsabilidade desses elementos na estrutura, deve-se majorar as solicitações de cálculo por um coeficiente adicional γγγγn, conforme NBR 8681. Blocos Sobre Estacas (NBR6118:03 - 22.5.1) Blocos são estruturas de volume usadas para transmitir às estacas as cargas de fundação, e podem ser considerados rígidos ou flexíveis por critério análogo ao definido para as sapatas. No caso de conjuntos de blocos e estacas rígidos, com espaçamento de 2,5 φ a 3 φ (onde φ é o diâmetro da estaca), pode-se admitir plana a distribuição de carga nas estacas. Para blocos flexíveis ou casos extremos de estacas curtas, apoiadas em substrato muito rígido, essa hipótese deve ser revista. Hipóteses Básicas: Para o dimensionamento é necessário conhecer os esforços atuantes em cada estaca do bloco. Comumente os estaqueamentos são simétricos com estacas atingindo a mesma profundidade. Admite-se que o bloco seja rígido e costuma-se considerar a hipótese das estacas serem elementos resistentes apenas a força axial (elemento de treliça), desprezando-se os esforços de flexão. NBR6118/03 22.5.2 Comportamento estrutural 22.5.2.1 Bloco rígido O comportamento estrutural se caracteriza por: a) trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente concentradas nas linhas sobre as estacas (reticulado definido pelo eixo das estacas, com faixas de largura igual a 1,2 vez seu diâmetro); b) cargas transmitidas do pilar para as estacas essencialmente por bielas de compressão, de forma e dimensões complexas; prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 72 c) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por tração diagonal, e sim por compressão das bielas, analogamente às sapatas. 22.5.2.2 Bloco flexível Para esse tipo de bloco deve ser realizada uma análise mais completa, desde a distribuição dos esforços nas estacas, dos tirantes de tração, até a necessidade da verificação da punção. 22.5.3 Modelo de cálculo Para cálculo e dimensionamento dos blocos são aceitos modelos tridimensionais lineares ou não e modelos biela-tirante tridimensionais, sendo esses últimos os preferidos por definir melhor a distribuição de esforços pelos tirantes. Esses modelos devem contemplar adequadamente os aspectos descritos em 22.5.2. Sempre que houver esforços horizontais significativos ou forte assimetria, o modelo deve contemplar a interação solo-estrutura. 3.3.1 Dimensionamento de Blocos com Cargas Centradas Os blocos sobre estacas têm, em geral, dimensões tais que a eles não se aplicam mais as hipóteses admitidas na Resistência dos Materiais, para o cálculo de esforços em barras. O "método das bielas" é um dos processos aproximados empregados com freqüência no dimensionamento de blocos. Esse processo foi inspirado no trabalho de Lebelle [l] proposto para o cálculo de sapatas diretas e é descrito a seguir, tendo por roteiro o trabalho de J. Blévot [2], que também realizou pesquisas experimentais relativas à precisão do método e os detalhes construtivos utilizados. O "método das bielas" consiste em admitir no interior do bloco uma treliça espacial, constituída de: a) barras tracionadas, situadas no plano médio das armaduras. Esse plano é horizontal e se localiza logo acima do plano de arrazamento das estacas; b) e barras comprimidas, inclinadas, chamadas "bielas". As bielas têm suas extremidades: de um lado na intersecção do eixo das estacas com o plano das armaduras e do outro lado, em ponto conveniente do pilar (que é suposto sempre de secção quadrada). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 73 Exemplo do bloco de quatro estacas: As forças de compressão das bielas são resistidas pelo concreto e as de tração, que atuam nas barras horizontais, são resistidas por armaduras colocadas na posição do eixo dessas barras. Calculadosos esforços nas barras da treliça, pode-se: a) determinar a secção necessária das armaduras; b) verificar a tensão de compressão nas bielas, nos pontos críticos, que são as seções situadas junto ao pilar e a cabeça da estaca. Descrevem-se, a seguir, para blocos regulares com duas até sete estacas, as estruturas (treliças) resistentes, de acordo com o método das bielas, e os respectivos esforços nas barras: de compressão (nas bielas) e de tração (nas armaduras). 3.3.2 Blocos com duas estacas Inclinação das bielas: tgθ = d/�$/2 − a/4� prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 74 Esforços: 3.3.3 Blocos com três estacas Inclinação das bielas: tgθ = d/�$√3/3 − 0,3a� Esforços: Se as armaduras forem dispostas segundo os lados do triângulo, basta decompor o valor Rs(diag.), nas direções dos lados: Rs = P2 ∗ 1tgθ = P4h ∗ �$ − a2� Rc = P2senθ Rs�diag. � = P3 ∗ 1tgθ = P9h ∗ �$√3 − 0,9 a� Rc = P3senθ prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 75 3.3.4 Bloco com 04 (quatro) estacas Se as barras tracionadas forem os lados do quadrado, que tem por vértices as Rs�lados� = Rs�diag. �2cos30� = Rs�diag. �√3 tgθ = d$√22 − a√24 Rs �diag. � = P4 ∗ 1tgθ = P√28d ∗ �$ − a2� @% = �4#/0« Inclinação das Bielas: Esforços: prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 76 intersecções dos eixos das estacas com o plano médio das armaduras, basta decompor o valor de Rs (diag.), nas direções dos lados: Recomendações: 1. Quando existir a possibilidade de dispor as armaduras (barras tracionadas) de maneiras diversas (normalmente em todos os blocos com mais de duas estacas), pode-se imaginar que a carga seja resistida por duas treliças, cada uma delas com barras tracionadas e colocadas segundo uma das disposições possíveis. Por exemplo: no bloco de quatro estacas, o quinhão αP (α ≤ 1) será resistido pela treliça com barras tracionadas, segundo os lados da base; o quinhão complementar (1 - α)*P caberá à treliça, cujas barras tracionadas estão nas diagonais da base. @#�$;:&#� = @#�:5;2. �√2 @#�$&02. � = @#�:5;2. �√2 Ou prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 77 Nessas treliças, as bielas se superpõem e o esforço final será sempre o mesmo, qualquer que sejam os quinhões atribuídos às treliças. Nas barras tracionadas que ocupam a posição dos lados da base o esforço será α.Rs e, nas que barras tracionadas que ocupam as diagonais será igual a (1-α)*Rs. 2. Sempre que o pilar for retangular, pode-se, a favor da segurança, admiti-lo quadrado, de lado igual ao menor deles. Há teorias mais elaboradas que a das bielas, onde se permite levar em conta as dimensões dos pilares retangulares. 3.3.5 Ensaios de Blévot – Recomendações para Dimensionamento Blévot ensaiou blocos de 2, 3 e 4 estacas. Numa primeira série empregou modelos de concreto de tamanho reduzido, com os quais diminuiu o campo das opções a examinar (inclinação máxima e mínima de bielas, tipos de armação, etc.). Os resultados foram confirmados pelo ensaio de blocos em tamanho natural, realizados em menor número. Blocos sobre 02 Estacas prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 78 Trata-se dos corpos da 2.ª série (tamanho natural). As armaduras de barras lisas eram retas e terminavam em gancho; as de barras com mossas e saliências, também eram retas, mas não tinham ganchos nas extremidades. Tipos de Ruptura Sempre que a inclinação da biela se manteve superior a 400 (θ > 400): 1) apareceu fissura ligando a face pilar à estaca ; 2) com o aumento progressivo da carga, houve esmagamento da biela junto ao pilar, junto à estaca, ou nos dois lugares, simultaneamente. Fez-se exceção aos corpos de prova onde o escorregamento das armaduras mal ancoradas se deu prematuramente, e isso só ocorreu para as barras que tinham mossas e saliências. - Tensões no concreto e no aço, na ruptura: a. A tensão de compressão no concreto, junto ao pilar, calculado através de: �R¬�I>,QJ� = R��A�2 ∗ senθ = P�A� ∗ sen-θ ≤ 1,4σú��. σú��. = 0,85 ∗ f�� �R¬�I>,QJ� = P�A� ∗ sen-θ ≤ 1,4 ∗ 0,85 ∗ f�� Resultou cerca de 40% superior à resistência característica do concreto σúlt..(1) b. A tensão de tração no aço, calculada pelo processo das bielas, foi, em média 15% inferior à tensão de escoamento, real ou convencional, do aço (2). - influência da inclinação das bielas, com θ < 400, as tensões no concreto e no aço, calculadas pelo procedimento acima empregados (2.2..1-3), dão valores inferiores aos ali encontrados, ou seja, prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 79 As cargas de ruptura, calculadas com as tensões obtidas quando θ > 400 e pelos procedimentos de 2.2.3-1, são menores que as encontradas experimentalmente. Quando θ > 600, admite-se por extensão do que ocorre com blocos de 3 e 4 estacas, poderá ocorrer, para cargas inferiores às calculadas com as tensões médias dos ensaios em que θ > 400, um escorregamento da biela, já muito próxima da vertical, em relação à face do pilar; Blocos sobre 03 Estacas 1 Observações extraídas dos ensaios 1.1 Disposição das armaduras ensaiadas Na 1.ª série, com modê1os reduzidos, as disposições das armaduras utilizadas são as indicadas na fig. 5.3.1 Na 2.ª série, com modelos em tamanho natural, foram ensaiados dois grupos de blocos: a) com inclinações de bielas, θθθθ ≅ 450 e, com duas disposições de armadura: de acordo a figura 5.3.1- (1) ou 2 (acima) acrescidas de malha fina para distribuição de fissuras e, segundo com a disposição de armadura da figura 5.3.1 – (4); b) as mesmas disposições de armaduras citadas em “a”, mas, com a inclinação da biela, θθθθ ≅ 550 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 80 Também foi observado em vários corpos de prova (Blocos), a ruptura a partir de fissuras saindo da estaca ocasionando o destacamento de parte do bloco, conforme se observa na figura 5.4.2. 5.3.1.2 – Segurança à Ruptura a) Influência da disposição da armadura: c) Influência da inclinação das bielas: Para 400 <<<< θθθθ <<<< 550 e porcentagem (taxa) de armadura não muito alta, a ruptura, embora complexa, correspondem, em média, valores maiores que a carga de ruptura calculada pelo método das bielas colocando considerando a tensão no aço igual a fyk (tensão de escoamento). Apesar da impossibilidade de determinação da causa da ruptura, pode-se dizer, sem com isso querer identificar a referida causa, que a ruptura se dá após o escoamento da armadura. Ou, de outra maneira, que uma peça calculada pelo método das bielas com tensão na armadura σs = f yk/γγγγs, respeitados os limites de 400 < θθθθ < 550 e a condição abaixo exposta relativa, à máxima porcentagem de armadura, tem coeficiente de segurança à ruptura não inferior a γγγγs prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 81 b. A tensão de compressão no concreto, junto ao pilar, calculado através de: �R¬�I>,QJ� = R��A�3 ∗ senθ = P�A� ∗ sen-θ ≤ 1,75σú��. Resultou cerca de 75% superior à resistência característica do concreto σúlt..(1) σú��. = 0,85 ∗ f�� �R¬�I>,QJ� = P�A� ∗ sen-θ ≤ 1,75 ∗ 0,85 ∗ f�� = 1,5 ∗ f�� Quando, mesmo com 400 < θθθθ < 550, a porcentagem de armadura cresce muito, a carga de ruptura no ensaio, Prup.exp.,torna-se em média menor que a calculada pelo método das bielas Prup.calc., com tensão fyk na armadura. A ruptura mantém-se complexa, impossibilitando identificar-lhe a causa. Blevot idealizou restringir a quantia de armadura limitando a tensão máxima de compressão σcb na biela, junto às secções do pilar e da estaca, sem querer com isso, relacionar o procedimento descrito com a causa da ruptura. Se θθθθ < 400 ou θθθθ > 550, os ensaios mostraram que Prup.ensaios. < Prup.calc., continuando a ruptura a mostrar aspecto complexo. Com θθθθ > 55 notaram-se como que escorregamentos das bielas junto às faces do pilar. Para os modelos com ângulos de inclinação das bielas entre 40º e 55º os valores de força de ruína obtidos pelo método das bielas é menor que os valores de ensaio. Os resultados da 2.ª série confirmaram os da 1.ª série. Blocos sobre 04 Estacas 1 Observações extraídas dos ensaios 1.1 Disposição das armaduras ensaiadas: prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 82 Na 1.ª série, com modelos reduzidos, as disposições das armaduras foram as indicadas na figura abaixo. Na 2.ª série, com modelos em tamanho natural, foram ensaiados dois grupos de blocos: a) com inclinações de bielas, θθθθ ≅ 450 e, com duas disposições de armadura: de acordo com a disposição de armaduras da figura 5.4.1 (1) ou (2) acrescidas de malha fina para distribuição de fissuras e, segundo a disposição de armadura da figura 5.4.1 (4); b) as mesmas disposições de armaduras citadas em “a”, mas, com a inclinação da biela, θθθθ ≅ 550 1.2 Segurança à Ruptura a) Influência da disposição da armadura: os esquemas das figuras 5.4.2.(1), (2), (3) e (4) se mostraram igualmente eficientes com relação à segurança; já, a disposição de armadura da figura 5.4.1.(5) apresentou uma eficiência de 80%, ou seja, mais baixa. b) Influência da inclinação das bielas: São os mesmos comentários feitos para os blocos sobre 03 estacas, em 5.3.2.b 1.3. Fissuração O ensaio do bloco com disposição de armadura da figura 5.4.1.(3) apresentou fissuras laterais muito grandes para cargas baixas. Já, para os detalhes de armaduras, indicados nas prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 83 figuras 5.4.1.(1) e (2), as fissuras apareceram na face inferior e mostrou a importância de se acrescentar, nessa face, uma malha de armadura fina para distribuição dessas fissuras, como se fez na 2.ª série de ensaios. O bloco com detalhes do tipo da figura 5.4.1.(4) apresentou o melhor comportamento à fissuração, por causa da presença de armaduras na periferia e nas diagonais da base do bloco. 1.4. Puncionamento Valem, neste caso, os mesmos comentários feitos para os blocos sobre 03 estacas. Recomendações para o Dimensionamento – Roteiro de Cálculo Bloco sobre 04 estacas 5.4.2.1 – Altura do Bloco ( h = d + c) Para que se tenha 450 ≤ θθθθ ≤ 550 Deve-se ter 0,71�$ − a 2⁄ � ≤ d ≤ �$ − a 2¢ � 2.2. Tensões máximas de compressão no concreto Deve-se verificar o concreto junto ao pilar e junto à estaca h = d +c d = altura útil c = cabeça da estaca dentro do bloco – 5 a 10 cm prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 84 Junto ao pilar: σ���n�� �� = ¯ P�4 ∗ senθ °�A�4 senθ� ≤ γ� ∗ σú��. σú��. = 0,85 ∗ f�x; S² = 2.11 Ac – Área da seção transversal do pilar γm = 2,11 (devido ao fato de se ter encontrado, nos ensaios realizados por Blévot, valores muito superiores aos valores calculados). σ���n�� �� = ¯ P�4 ∗ senθ °�A�4 senθ� ≤ 2,11 ∗ 0,85 ∗ f�� σ���n�� �� = PA� ∗ sen-θ ≤ 1,8 ∗ f�� Junto à estaca: σ������ � � = ¯ P�4 ∗ senθ °�A� ∗ senθ� ≤ 0,85f�� σ������ � � = P�4 ∗ A� ∗ sen-θ ≤ 0,85 ∗ f�� Ae – Área da seção transversal da estaca prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 85 Observação: No caso da atuação de cargas permanentes ou pequena velocidade de atuação pode-se reduzir em até 15% o valor de fck. 5.4.2.3 – Armaduras necessárias a) somente segundo os lados da base Recomenda-se neste caso acrescentar uma malha junto à base do bloco, com seção total, pelo menos igual a 1/5*As(l) (20% - NBR6118), em cada direção. b) segundo os lados e as diagonais da base prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 86 Recomenda-se manter 1/2 ≤ αααα ≤ 2/3 2.4 – Detalhamento NBR6118 22.5.4 Detalhamento 22.5.4.1 Blocos rígidos 22.5.4.1.1 Armadura de flexão A armadura de flexão deve ser disposta essencialmente (mais de 85%) nas faixas definidas pelas estacas, em proporções de equilíbrio das respectivas bielas. As barras devem se estender de face a face do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. Para barras com φ ≥ 20 mm devem ser usados ganchos de 135º ou 180º. Deve ser garantida a ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as estacas, medida a partir da face das estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da compressão transversal às barras, decorrente da compressão das bielas (ver seção 9). 22.5.4.1.2 Armadura de distribuição Para controlar a fissuração, deve ser prevista armadura adicional em malha uniformemente distribuída em duas direções para no máximo 20% dos esforços totais, completando a armadura principal, calculada com uma resistência de cálculo de 80% de fyd. 22.5.4.1.3 Armadura de suspensão Se for prevista armadura de distribuição para mais de 25% dos esforços totais ou se o espaçamento entre estacas for maior que 3 φ, deve ser prevista armadura de suspensão para a parcela de carga a ser equilibrada. 22.5.4.1.4 Armadura de arranque dos pilares O bloco deve ter altura suficiente para permitir a ancoragem da armadura de arranque. Nessa ancoragem pode-se considerar o efeito favorável da compressão transversal às barras decorrente da flexão da sapata (ver seção 9). 22.5.4.2 Blocos flexíveis Devem ser atendidos os requisitos relativos a lajes e punção (ver seções 19 e 20). prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 87 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 88 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 89 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 90 prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 91 Dimensionamento de Bloco à Flexão Em geral, a flexão pode ser verificada nas seções de referência S1 (S1a e S1b), conforme mostra a fig. No cômputo dos momentos M1a e M1b pode-ser desprezada a inclinação das estacas, (cosα ≅ 1); normalmente, pode-se adotar d1 ≅ h - aest/4. As barras que compõem as armaduras principais de flexão devem cobrir toda a extensão da base e ter ganchos de extremidade. Pode-se adotar φ ≥ 10 mm e espaçamento e ≤ 20 cm. Normalmente, estas armaduras podem ser distribuídas de maneira uniforme por toda a base. Verificação ao cisalhamento Em geral, a resistência ao esforço cortante pode ser verificada nas seções S2 (S2a e S2b) definidas na fig. M1a = momento na seção S1a (CG) provocado pelas estacas posicionadas na área (CDFG) M1b = momento na seção S1b (AE) provocado pelas estacas posicionadas na área (ABDE) prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 92 Quando uma ou mais estacas estiverem situadas a distâncias inferiores a d1 /2 da face do pilar, a seção S2 deve ser tomada junto à face deste pilar com largura b2 e altura útil d1; e no cômputo das forças cortantes, pode-se desprezar a inclinação das estacas (admitir cosα ≅ 1) A tensão de cisalhamento
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