Buscar

Material Competência Penal - 2ª parte

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
2ª Parte – Prof. Me. Letícia Sinatora das Neves
*
*
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA
1) Competência da Justiça Militar 
Art. 124, CF - À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Art. 125, CF - Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças
*
*
1.1) Comparativo entre a Justiça Militar da União e Justiça Militar Estadual – aspectos constitucionais
1.2) Observações – Conclusões a partir da leitura da Constituição Federal.
1.3) Conceito de Crimes Militares
Crimes propriamente militares 
Crimes impropriamente militares
*
*
- 1.4) Conceito de crimes militares – artigo 9 do Código Penal Militar 
Art. 9º, COM - Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 
*
*
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal; 
*
*
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; Ex.: Estelionato – continuar a usufruir de pensão – artigo 251, CPM / artigo 351 do COM – falsificação. 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; (Ex.: corrupção ativa contra militar do exército). 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. (discute-se resistência / desacato – prevalece Justiça Federal.)
*
*
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432 de 2011) 
Lei n. 9299/96
Observação: Crimes dolosos contra a vida – Justiça Militar da União e Justiça Militar Estadual – Tribunal do Júri = militares X civil
- CF/88 só excepciona para os militares estaduais – já o CPM dispõe como regra geral, abrangendo os militares da União. 
*
*
Órgãos da Justiça Militar 
*São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
** Juízes de Direito: crimes militares X civis - artigo 125,§5º, CF / Ressalvada a competência do Tribunal do Júri. 
*
*
- Crimes propriamente militares – exemplos: 
Deserção - Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Embriaguez em Serviço - Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Dormir em Serviço - Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
*
*
- Decisão para ilustrar a matéria – caso prático 
Ministro determina que Justiça Federal julgue civil acusado de uso de documento militar falso (07/03/2014)
Apoiado em jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli concedeu o Habeas Corpus (HC) 120913 para declarar que não cabe à Justiça Militar julgar um civil acusado do crime de uso de documento militar falso (artigo 315 do Código Penal Militar – CPM). Em consequência, anulou todos os atos processuais praticados na ação penal em curso contra P.R.F. na 4ª Auditoria da 1ª Circunscrição da Justiça Militar (CJM), reconhecendo a competência da Justiça Federal para processar e julgar o caso.
O acusado teria se utilizado de documento falso da Marinha do Brasil, a Caderneta de Inscrição e Registro (CIR), junto a empresas particulares. Consta dos autos que ele usou a carteira para embarcar e prestar serviço em diversos navios de frota privada. O juiz auditor decidiu pela incompetência da Justiça Militar, por entender que o fato criminoso não gerou prejuízo à Marinha e que seu autor só pretendia usar a carteira para obter trabalho em navios privados. O Ministério Público Militar, entretanto, interpôs recurso ao Superior Tribunal Militar (STM), que lhe deu provimento para reconhecer a competência da Justiça Militar. É contra essa decisão que a defesa impetrou HC no Supremo. Em 6 de fevereiro passado, o relator, ministro Dias Toffoli, já havia concedido liminar suspendendo o andamento do procedimento penal.
 
*
*
Alegações
 
A defesa alegou que o uso do documento falso afeta não a Marinha, mas sim empresa particular e o direito de terceiros, mas nunca a estrutura militar. Além disso, de acordo com os advogados, existem provas de que o documento não foi forjado no interior de unidade militar. Tampouco, segundo a defesa, houve participação de militares ou funcionários civis de instituições militares na confecção do documento falso, que também não teria sido gerado no interior da capitania dos portos, e a assinatura nele aposta não conferiria com a do militar responsável por sua expedição.
Decisão
Em sua decisão, o ministro Dias Toffoli observou que o STM, ao assentar a competência da Justiça Militar no caso, “decidiu na contramão da jurisprudência da Suprema Corte”. Ele lembrou que, em casos precedentes, se assentou que “cabe à Justiça Federal processar e julgar civil denunciado pelo crime de uso de documento falso, quando se tratar de falsificação de CIR expedida pela Marinha do Brasil, por aplicação dos artigos 21, XXII; 109, IV e 144, parágrafo 1º, III, todos da
Constituição da República”.
O ministro citou uma série de precedentes no mesmo sentido, entre eles os HCs 104619 e 90451, julgados pela Primeira Turma do STF, e 104617 e 96561, pela Segunda Turma da Corte. “Conclui-se, portanto, que o tema trazido à baila é objeto de jurisprudência consolidada desta Suprema Corte, razão pela qual, nos termos do artigo 192 do Regimento Interno – atualizado pela Emenda Regimental 30/09, concedo a ordem de habeas corpus para o fim de declarar a incompetência absoluta da Justiça Militar, anulando, por consequência, todos os atos processuais praticados na ação penal, inclusive a denúncia, devendo os autos serem remetidos a uma das Varas Federais da Subseção Judiciária de Macaé (RJ)”, concluiu o ministro.
*
*
Questão MP – SC 
( ) Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar que pratica crime de tortura, definido na Lei n. 9.455/97, ainda que no exercício da função. 
( ) O crime de abuso de autoridade é da considerado crime militar, devendo o militar que o praticar contra civil ser julgado na Justiça Militar competente. 
( ) De acordo com a Constituição Federal a Justiça Militar Estadual é competente para o julgamento de todos os crimes praticados por militares.
*
*
Trata-se de competência em razão da matéria – artigo 118, CF
O que é crime eleitoral? Aqueles previstos no Código Eleitoral - LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965 – (Ex.: crimes contra honra, praticados durante a propaganda eleitoral) e aqueles que a lei eventualmente assim os defina. São condutas que atentam o processo eleitoral (ex.: falsificação de título de eleitor para fins eleitorais – artigo 348 do Código Eleitoral). 
A Justiça Eleitoral somente julga crimes que detenham essa definição;
*
*
Crimes com motivação política não é suficiente para determinar a competência. 
 Definidos a partir do artigo 289 do C.E; 
 Havendo conexão com a Justiça Eleitoral, de infrações conexas de competência da Justiça Estadual, a Justiça Eleitoral exercerá força atrativa, nos termos do artigo 78, IV, do CPP c/c artigo 35, inciso II do C.E. 
Discute-se se teria abrangência para julgar infrações conexas de competência federal. Todavia, como a competência da Justiça Federal está firmada na própria Constituição Federal – artigo 109, não poderá ser colocada em segundo plano, por força de leis processuais. 
*
*
Consequência: haverá separação dos processos. 
A Justiça Eleitoral teria competência para julgar crimes dolosos contra a vida (homicídio conexo a crime eleitoral)? 
Organização da Justiça Eleitoral – A Justiça Eleitoral não dispõe de um corpo próprio e permanente de magistrados, por isso são utilizados os magistrados da Justiça Federal e da Justiça Estadual. 
*
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes