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Eletrônica Diodos Módulo II 1 Objetivos Após completar o estudo desta apostila o aluno deverá estar apto a Reconhecer as características dos semicondutores Conhecer o semicondutor tipo N Conhecer o semicondutor tipo P Conhecer a junção N-P Conhecer a junção diodo Saber o que é polarização direta e indireta Conhecer o diodo de sinal Saber a função de um diodo de proteção Conhecer o diodo de potência Distinguir os tipos de retificação Conhecer o diodo zener Conhecer os LEDs e suas aplicações Conhecer os displays de 7 segmentos 2 1. Introdução Os componentes passivos básicos na eletricidade e eletrônica são o resistor, o capacitor e o indutor e podemos citar os diodos de sinal como o componente ativo básico mais usado. O diodo é um componente linear muito simples e permite o fluxo eletrônico em uma só direção podendo atuar como se fosse uma chave ou interruptor elétrico, sendo usado nos circuitos de chaveamento eletrônico. Nesta aula vamos estudar este componente começando por dar uma olhada nos conceitos básicos e em sua construção. Os diodos são fabricados de um material semicondutor que tem uma região positiva que chamaremos de região P e de uma região negativa que chamaremos de região N. Ele tem uma resistividade entre aquela de um condutor elétrico e de um isolante por isso chamado de semicondutor. Neste ponto queremos dizer-lhe que você poderia fazer, se quiser, uma releitura da apostila sobre Corrente Continua até o capítulo 4, pois isto refrescará a memória sobre conceitos básicos como resistividade, condutores e isolantes. Falaremos sobre os semicondutores do item seguinte em diante. 2. Semicondutores Existem materiais como o mármore, a ardósia, e compostos de silício, que permitem o fluxo eletrônico, embora com maior resistência elétrica. Podemos dizer que estes materiais estão em uma classe intermediária entre os condutores e não condutores, ou isolantes. Estes materiais são chamados de semicondutores, e alguns deles têm muita aplicação na prática, como vamos ver mais adiante quando falarmos dos diodos e transistores, tais como o silício, o germânio e o boro. Neste capítulo nós vamos estudar algumas das características dos semicondutores. Somente as cargas negativas se movimentam (os elétrons). As cargas elétricas positivas são fixas, tanto no metal como nos materiais isolantes. Vamos ver os elétrons livres. Quando vários átomos se unem, alguns elétrons permanecem ligados e outros ficam soltos, vagando como se fossem nuvens por todo o bloco de material. Os metais têm uma valência positiva e formam íons positivos quando em solução, indicando que os metais libertam com certa facilidade alguns de seus elétrons. Já no material isolante não existem elétrons livres, ou se existirem, são em número muito pequeno. Existem na natureza outros materiais, que possuem uma condutividade intermediária entre os condutores e os isolantes: são os semicondutores. Nesta classe de materiais estão o silício, germânio, boro, selênio, etc. O efeito da temperatura é diverso nos condutores e semicondutores: nos condutores, ao aumentar a temperatura aumenta a resistência elétrica ou, dito de outra maneira, a resistividade elétrica (ρ) cresce com a temperatura (T). Já nos semicondutores o fenômeno se inverte: um aumento de temperatura diminui a resistividade. Quanto ao efeito da luz, os condutores não são sensíveis a ela, já nos semicondutores, a luz produz uma sensível diminuição de sua resistência elétrica. 3 Assim podemos dizer que os semicondutores são sensíveis à temperatura, à iluminação, aos campos magnéticos e às impurezas. Este último item tem especial importância sobre os diodos, como vamos ver adiante. Vamos agora falar de um conceito muito importante: o dos elétrons e lacunas, usando o exemplo os átomo do elemento germânio e do silício. O germânio, assim como o silício, tem 4 elétrons no seu nível de valência. Mas que é nível de valência? Chamamos de nível de valência ao último nível do átomo e de elétron de valência aos elétrons que estão nesse nível. Banda de valência é a faixa de energia que contém os elétrons de valência. Na Figura 2.1 você vê o gráfico de um átomo de silício e um de germânio onde estão indicados os elementos que compõem esses átomos e que são: 1. Prótons (P) que têm cargas positivas 2. Nêutrons (N), que não têm cargas elétricas 3. Elétrons que têm carga negativa Você vê também aí indicado o nível de valência. Figura 2.1 Na figura podemos ver os dois átomos. À esquerda o átomo de germânio e à direita o átomo de silício. Temos as várias camadas de elétrons com os elétrons em cada camada. Dentro do núcleo temos, no caso do germânio, 32 cargas positivas - os prótons e no silício 14 prótons. Os neutrons não são apresentados por terem carga neutra e serem praticamente irrelevantes. Cada um deles tem o mesmo número de prótons e de elétrons e ambos têm também 4 elétrons de valência que são os elétrons da camada exterior. Na eletrônica os elétrons com mais importância são os de elétrons de valência (os da camada exterior), já que estes são os que têm mais facilidade em se separar de um átomo para se unir a outro. Voltando ao átomo de germânio, quando em associação, eles tendem a “emprestar” um elétron do átomo vizinho, para formar oito elétrons na camada exterior, que é a formação mais estável. O germânio tem um total de 32 elétrons, em 4 níveis: no primeiro 2 e nos níveis sucessivos: 8, 18 e 4 elétrons. Podemos imaginar esses níveis como esferas concêntricas, sendo que a esfera exterior, a do nível de valência, 4 tem 4 elétrons circulando. Como é difícil desenhar essa figura, fizemos uma figura em somente duas dimensões, como vemos na Figura 2.2, onde vemos de forma simplificada, à esquerda um átomo de germânio, no centro vemos dois átomos de germânio que estão próximos e estão tentando dividir o elétron do último nível, na direita vemos os átomos com os elétrons partilhados. Nessa figura somente mostramos os elétrons no nível de valência. Figura 2.2 Na Figura 2.3, vemos alguns átomos em um cristal de germânio, e sua forma de compartilhamento, com oito elétrons na camada exterior. Devemos ver que esta representação é a ideal, a fim de entendermos o que está acontecendo, mas não é a real no interior de um cristal de germânio, que se compõe de muitos átomos unidos entre si. Isto que descrevemos não acontece na prática, sendo uma condição ideal, quando as condições seriam de uma temperatura de zero absoluto (-273o C) e na ausência de luz. Figura 2.3 Quando à temperatura ambiente, essa distribuição perfeita como desenhamos, é destruída devido à agitação provocada pela temperatura. Dessa forma alguns dos elétrons podem se unir a uma outra dupla de elétrons ou podem simplesmente “vagar” entre os átomos. Neste caso, cria-se um vazio que é deixado pelo elétron “vagabundo”, o que vem a corresponder a uma região de carga positiva no cristal. Este lugar vazio recebe o nome de “lacuna”, indicado pelo sinal + nos diagramas e figuras. Como a lacuna é instável, outro elétron move-se de um átomo vizinho para preenchê-la, o que cria nova lacuna em outro lugar do cristal. O movimento eletrônico é facilitado pelo aumento de temperatura. Dessa maneira os elétrons passam a andar ou dançar dentro do cristal, mas como eles não têm uma direção preferencial, estão distribuídos ao acaso e não há transporte de energia elétrica de um ponto para outro. Caso se aplique um campo elétrico ao blocode germânio, este movimento ao acaso, passa a ser orientado, sendo que as cargas positivas (as lacunas) deslocam-se na direção do campo, enquanto as cargas negativas (os elétrons), se movimentam no sentido contrário. Surge dessa forma uma corrente elétrica, causada por dois tipos de portadores: elétrons e lacunas. Note que há uma diferença na produção desta diferença de potencial: enquanto nos metais a corrente é produzida somente por C 5 elétrons, nos semicondutores ela é produzida por elétrons e lacunas. Falaremos mais sobre isto mais na frente quando tratarmos dos diodos. A corrente produzida por este movimento é muito pequena, mesmo a temperaturas mais altas e, para fazer com que os semicondutores tenham as características necessárias para aplicação prática, recorre-se ao recurso de “dopar”, ou misturar elementos estranhos, ou “impurezas” ao bloco de cristal puro. Estas impurezas são átomos de outros elementos, tais como, por exemplo, o arsênio e o índio, conseguindo-se com isso aumentar a mobilidade das lacunas e elétrons. Devemos compreender que o que falamos sobre o germânio vale igualmente para o silício, outro semicondutor muito usado. Vamos falar agora um pouco sobre os semicondutores dopados. 2.1 Semicondutor tipo N Para fins práticos na eletrônica, os cristais puros não têm muito valor. Por isso pratica-se a dopagem dos semicondutores feita sob cuidadoso controle. Esta dopagem tem a intenção de aumentar o número de portadores (elétrons e lacunas), e pela união de cristais com diferentes dopagens criam-se os diodos, transistores, termistores e outros componentes eletrônicos de grande utilidade prática. Silício N- Usando o silício como exemplo, podemos falar do silício N e do silício P. O silício N é formado pela adição de arsênio ou antimônio que tem cinco elétrons de valência e, quando introduzido no retículo cristalino do silício, o átomo de arsênio passa a ocupar uma posição fixa no cristal. Ele passa a compartilhar quatro de seus elétrons com os átomos adjacentes do silício, mas como ele tem cinco elétrons de valência, um elétron fica passeando ao acaso pelo cristal. Vemos que o arsênio introduz no bloco de cristal de silício, um elétron livre e é então negativamente carregado. Por essa razão, o arsênio é chamado de impureza doadora, e a liga produzida é chamada de silício N, de negativo, por ter um excesso de elétrons ou de cargas negativas livres. Dessa maneira, como o cristal fica muito rico em elétrons, ele tem a sua condutibilidade elétrica aumentada. Por outro lado como está faltando um elétron no átomo de arsênio, ele fica com uma carga positiva. Podemos entender então que o silício N tem cargas positivas e elétrons livres, sendo que as cargas móveis são as que determinam a condutibilidade do silício. Ver Figura 2.4. Figura 2.4 6 2.2 Semicondutor tipo P Silício P- Vamos falar agora um pouco sobre o silício P. Neste caso o elemento dopador é o índio. Este elemento tem três elétrons de valência. Devido a esta configuração eletrônica, os fenômenos que ocorrem no interior do silício são diferentes do caso que estudamos acima, da dopagem por arsênio. Ao redor do átomo de índio temos os três elétrons do índio unidos aos elétrons do silício: 3+4= 7 elétrons. Existe, portanto vaga para um elétron, para dar a configuração estável de oito elétrons. Como conseqüência este elétron deixa uma lacuna no seu lugar de onde se originou, que deve ser preenchida por outro elétron. Assim, as lacunas se movimentam no cristal, como faziam os elétrons no caso do silício N. Vemos assim que se o arsênio introduz elétrons livres no cristal de silício, o índio faz o oposto: introduz lacunas na estrutura cristalina. Temos assim o segundo tipo de portadores de corrente elétrica nos semicondutores. Como vemos as lacunas podem ser consideradas como cargas positivas, sendo o silício neste caso chamado de silício P, de positivo. Devido a esta característica o índio recebe o nome de impureza aceitadora. Podemos então considerar o silício P como contendo cargas negativas imóveis e cargas positivas móveis. Ver Figura 2.5. Figura 2.5 Como você vê os elétrons procuram se organizar para ter 8 elétrons na última camada. Dizemos que uma substância é um cristal ou cristalina quando ela possui uma estrutura cúbica como vemos na Figura 2.6. Figura 2.6 7 Nessa estrutura os átomos ocupam os vértices do cubo. O germânio e o silício são substâncias cristalinas. Podemos para fechar este capítulo falar sobre duas coisas: o teorema do octeto e a ligação covalente. Primeiramente citar o teorema do octeto: um átomo tem configuração estável se possuir 8 elétrons no último nível e, segundo, uma ligação é dita ser covalente quando os átomos estão ligados entre si por um emparelhamento de elétrons de forma a garantir a estabilidade como vimos no teorema dos octetos. Demos estas explicações um pouco longas para que você tenha uma melhor compreensão dos semicondutores. Exercícios 1. Os doadores são positivamente carregados. A afirmação é: a. Correta b. Errada 2. Os aceitadores são positivamente carregados.A afirmação é: a. Correta b. Errada 3. Os aceitadores têm lacunas ou buracos. A afirmação é: a. Errada b. Certa 4. A dopagem por aceitadores fornece buracos. A afirmação é: a. Certa b. Errada 8 3. Junção PN Tanto o silício N como o P são bons condutores da eletricidade, devido às cargas livres introduzidas pelas impurezas. Ambos conduzem a eletricidade com facilidade em ambos os sentidos. Para formar os diodos e transistores torna-se necessário colocar blocos de cristais dos dois tipos, associados de diversas maneiras, como veremos em seguida. Sem dúvida um dos grandes avanços técnicos conseguidos no século passado foi, na engenharia eletrônica, a invenção dos componentes sólidos capazes de controlar a corrente elétrica, por essa razão chamados de componentes ativos. Antes desses componentes sólidos existiam as válvulas à vácuo, que tinham diversos inconvenientes, entre eles: seu tamanho, alto consumo de energia elétrica e, por conseqüência, grande aquecimento, e sua delicadeza de construção que as tornavam muito propícias para defeitos e por isso uma vida relativamente curta. Podemos dizer que as válvulas são hoje coisa do passado, tendo sido substituídas pelos diodos e transistores, construídos com base nos semicondutores, sendo chamados de componentes de estado sólido. Os diodos foram os primeiros componentes sólidos que apareceram, e eles têm em princípio as mesmas características do diodo à válvula, isto é, quando diretamente polarizados comportam-se como condutores e quando inversamente polarizados como isolantes. Entretanto devido às características dos semicondutores, podem ser construídos outros componentes, tais como diodos especiais que operam como resistores especiais, de tal maneira que qualquer que seja a corrente em que está trabalhando, a tensão em seus terminais permanece constante, sendo extensivamente usados como estabilizadores de tensão em circuitos de medição como veremos adiante no capítulo 5. Vamos estudar no capítulo 4 como funcionam os diodos. Como vimos, um metal é constituído por átomos que tem uma certa tendência a perder um ou mais elétrons na última camada eletrônica, ou nível de valência. Podemos citar como exemplo os metais alcalinos: lítio, sódio, potássio, rubídio, césio e frâncio. Esses elétrons livres conferem ao metal certa facilidade de deixar a eletricidade passar, assim como ter outras propriedadestais como o brilho, calor, etc. Existe uma teoria, chamada de teoria das bandas, que explica esse comportamento dos metais. Porém a descrição e o estudo dessa teoria está além do âmbito deste curso, pois combina a mecânica quântica, estatística e relatividade. Citamos isto para que vocês saibam a eletrônica é um campo muito fértil para investigação. 4. Funcionamento dos diodos Os diodos de estado sólido foram os primeiros componentes que apareceram na técnica dos semicondutores. Os diodos de estado sólido, que chamaremos de agora em diante simplesmente por diodos, são constituídos por um cristal de semicondutor, que pode ser o silício ou o 9 germânio, que se divide em dois blocos. Um dos blocos, chamado tipo N, é dopado com impurezas aceitadoras de elétrons; o outro chamado de tipo P, é dopado com impurezas doadoras. Reveja o capítulo 2 acima se você já esqueceu o que isto significa. Como estudamos ali, o arsênio é uma impureza doadora e o índio é uma impureza aceitadora. 4.1 A junção PN Os materiais P e N separados são de pouca importância para nós, entretanto, se acoplarmos os dois, sem que sua estrutura cristalina seja rompida, forma-se uma junção dos dois, que é de grande utilidade e que é chamada de diodo de junção. Na Figura 4.1 vemos esses blocos separados, estando representadas somente os átomos das impurezas. . Figura 4.1 Vamos agora estudar o que acontece quando se unem os dois cristais, isto é, quando é feita a junção. Ocorrem então duas coisas: 1. Assim que as duas partes são unidas, as bordas que formam a junção, que são pouco dopadas, fazem com que os elétrons livres do material N encontram na região da junção uma região com poucos elétrons livres, acontecendo do outro lado coisa semelhante, as lacunas do material P encontram na junção uma região com poucas lacunas. Assim os elétrons e as lacunas começam a se difundir na região da junção, espalhando-se arbitrariamente nela, e então aparecem elétrons nas proximidades do material P e lacunas nas proximidades do material N, provocando dessa forma uma neutralização das cargas: um elétron se anula com uma lacuna. 2. Como vimos acima, os átomos das impurezas são fixos na estrutura do cristal e, portanto, não podem se mover. Quando um elétron se encontra com uma lacuna, suas cargas se neutralizam, deixando um átomo de impureza carregado, sendo que o átomo que doou o elétron se carrega positivamente, e o átomo que recebeu o elétron carregou-se negativamente. A esses átomos eletricamente carregados damos o nome de íons. Surge então um campo elétrico nessa região e a diferença de potencial produzida por esse campo elétrico recebe o nome de BARREIRA DE POTENCIAL, Figura 4.2 abaixo. O campo produzido pela soma das cargas individuais das impurezas, é o bastante grande para fazer com que os outros portadores majoritários permaneçam fora da região da junção. Após algum tempo se estabelece uma condição de equilíbrio, isto é, deixa de haver recombinações na junção, e daí por diante o cristal permanecerá estático, nada mais ocorrendo. Explicado de outra maneira, no período de fabricação do diodo, as cargas fixas atraem as cargas móveis, o que quer dizer que elétrons atravessam a fronteira entre os dois cristais, e neutralizam algumas lacunas; por outro lado, algumas lacunas 10 também atravessam a região de fronteira e vão neutralizar cargas negativas, provocando a criação de uma região da fronteira que não tem lacunas ou elétrons, somente cargas fixas de um lado e do outro, criando-se uma região chamada de potencial de junção ou barreira de potencial. Figura 4.2 4.2 Polarização direta Vamos supor que nós ligamos uma pilha, ou outra fonte de corrente contínua, aos pólos do diodo. Vamos ligar o pólo negativo da pilha à região N do diodo, e o pólo positivo à região P do diodo, conforme Figura 4.3 na parte direita da figura. Quando se ligar a chave, a diferença de potencial introduzida pela fonte se opõe à barreira de potencial da junção, havendo então um deslocamento de lacunas na direção da fronteira, pelo lado P, e um deslocamento de elétrons pelo lado N. Produz-se assim uma passagem de corrente elétrica através da junção. Esta forma de polarização recebe o nome de polarização direta. Vemos na figura uma visualização deste tipo de polarização. Figura 4.3 Nessa figura BP significa a Barreira de Potencial, I é a corrente devida aos portadores majoritários e Io a corrente devida aos portadores minoritários. Você deve observar como se comporta a barreira de potencial em cada um dos casos. Na esquerda, sem polarização a barreira tem uma determinada largura, na figura central com a polarização inversa (que veremos a seguir) a barreira aumentou de largura e na figura da esquerda com a polarização direta a barreira diminuiu. 4.3 Polarização inversa Vamos supor agora uma ligação diferente da fonte de corrente contínua. O pólo positivo da pilha se liga à região N do diodo, e o pólo negativo à região P, Figura 4.3 na figura central. Nessas condições, à barreira de potencial do diodo deve ser somada a diferença de potencial da fonte externa. Agora lacunas são tiradas da junção e elas se dirigem para o lado P, e elétrons da junção passam para o lado oposto (N). Neste caso Junç ão Barre ira de Potencia l P N P N I Io BP Diodo não pola rizado P N I Io BP Diodo d iretam ente pola rizado Diodo inversam ente pola rizado P N I Io BP 11 há um aumento de potencial na barreira de potencial, ocorrendo maior dificuldade para a passagem da corrente elétrica. Temos neste caso o que se chama uma polarização inversa. 4.4 Conseqüências da polarização Temos como conseqüência da polarização, na polarização direta uma passagem mais fácil da corrente, e na polarização inversa um impedimento na passagem dessa corrente. Temos então uma aplicação imediata: a retificação da corrente alternada. Vamos estudar isto logo mais neste capítulo. Exercícios 5. Os semicondutores têm quatro tipos de cargas móveis: a. Lacunas e elétrons. b. Positivas c. Negativas d. Neutras 6. Os semicondutores são dopados com aceitadores para: a. Por serem doentes b. Para conter cargas móveis como lacunas c. Por serem viciados d. Por serem necessitados de carga 7. Os semicondutores são dopados com doadores por: a. Serem pobres b. Por estarem sem carga c. Por serem necessitados de cargas d. Para conter elétrons 8. Quando um diodo está polarizado diretamente sua junção é: a. Aumentada b. Fica igual c. Diminuída d. Não tem nada a ver 12 4.5 Tipos de diodos Fica claro pelo que estudamos que um tipo de diodo é formado por duas fatias de semicondutor, um P e outro N. Mas com a evolução da eletrônica, outro tipo de diodo surgiu. É o diodo de contato de ponta. Este diodo é formado por um bloco de semicondutor N e de uma agulha metálica, criando-se ao redor da ponta da agulha uma zona de contato do tipo P. Este diodo recebe o nome de contato de ponta. Temos os diodos de sinal, de potência, os diodos zener e outros. 4.6 Curva característica do diodo de junção As características dos componentes são freqüentemente indicadas por meio de gráficos, como o da Figura 4.4. Essas curvas são chamadas de curvas características. Figura 4.4 Essas curvas são usadas na prática, quando o projetista que utiliza o componente está projetando um determinado circuito eletrônico. Esses gráficos, chamados de gráficos cartesianos, têm a vantagem de facilitar a compreensão do comportamento do componente sob diversas condições.Dessa maneira, na figura apresentada, a tensão marcada no eixo horizontal no sentido positivo, indica a polarização direta do diodo, enquanto a tensão marcada no sentido negativo indica a polarização inversa. Já no eixo vertical estão indicados os fluxos de corrente: a corrente no sentido vertical positivo é a corrente de polarização direta, e a corrente no eixo vertical negativo, indica a corrente quando a polarização é inversa. Analisando a curva vemos que, na polarização direta a corrente aumenta quase linearmente com um pequeno aumento de tensão, entretanto o diodo só começa a conduzir após uma tensão V que é basicamente de 0,7V para o diodo de silício e de 0,2 V para o diodo de germânio. Essa tensão toma o nome de tensão de joelho. Já na polarização inversa temos uma tensão máxima inversa, que quando ultrapassada o diodo se queima, e esta tensão recebe o nome de tensão de ruptura. Esta propriedade é aproveitada nos diodos zener que veremos adiante. Dizemos que um diodo é ideal, quando ele conduz se polarizado diretamente, e quando não conduz se polarizado inversamente. Voltagem C o rr e n te 0,7 V 13 Graficamente os diodos são representados como vemos na Figura 4.5. Figura 4.5 4.7 O diodo de sinal Os diodos de sinal são geralmente pequenos dispositivos semicondutores não lineares onde estão envolvidos pequenos sinais de corrente de até 100 mA e de alta freqüência e quando são desejados baixos valores da capacitância. Estes sinais são encontrados nos circuitos de radio, televisão e nos circuitos digitais. Estes diodos são muito pequenos e a junção PN está geralmente encapsulada em vidro e têm uma cinta preta ou vermelha em um extremo de seu corpo para ajudar na identificação do seu catodo sendo o mais comum o diodo 1N4148 que vemos na foto abaixo. Para ler os valores escritos no corpo deste diodo é necessário o uso de lupas para facilitar a leitura. As características dos diodos de sinal são diferentes das dos diodos de germânio e de silício e são as seguintes: Diodos de germânio: têm valores da resistência inversa baixa que produzem uma voltagem direta mais baixa através da junção, que é tipicamente de 0,2V, mas têm uma resistência direta mais alta através da junção devido à sua pequena área. Os diodos de sinal de silício têm valores da resistência inversa muito altos que produzem uma tensão direta na junção de ao redor de 0,6V. Sua resistência direta é bastante baixa e assim produz uma corrente e tensão direta alta. Estes diodos são usados em aplicações de retificadores, limitadores ou na conformação de ondas. 4.8 Parâmetros dos diodos Os diodos são fabricados com uma ampla faixa de correntes e de tensões e por isso deve-se tomar cuidado quando de sua aplicação. Vamos ver as características mais importantes. P N Anodo Ca todo I 14 4.8.1 Corrente direta máxima A corrente direta máxima é a máxima corrente direta permitida para o componente. Quando o diodo estiver conduzindo na condição de polarização direta ele terá uma pequena resistência na junção e dessa forma uma certa potência é dissipada na passagem da junção na forma de calor. Fica claro que se a corrente máxima for excedida mais calor será gerado que poderá ter como conseqüência sua destruição. Dessa forma quando um diodo opera ao redor de sua taxa máxima de corrente deve-se montá-lo com um dissipador de calor. Estes dissipadores de calor são feitos de alumínio e vemos na foto abaixo alguns tipos. Dissipadores de calor 4.8.2 Pico da voltagem inversa A máxima voltagem inversa é a operação em voltagem máxima quando operando com polarização inversa, que pode ser aplicada ao diodo sem que ocorra a tensão de ruptura ou queima do diodo. Este nível de tensão é usado para os diodos retificadores em circuitos de retificação onde a onda senoidal muda de positiva para negativa em cada ciclo. 4.8.3 Temperatura máxima de operação A temperatura máxima de operação se relaciona com a temperatura da junção do diodo e é a temperatura máxima permitida para a operação do diodo antes que sua estrutura se deteriore sendo exprimida em °C por watt. Este valor está relacionado com a corrente direta máxima de maneira que com esta corrente a temperatura da junção do diodo não é excedida. Mas a máxima corrente direta também depende da temperatura ambiente onde o diodo está operando e assim a corrente direta máxima é usualmente alguns graus acima da ambiente. 15 Exercícios 9. Quantos tipos de diodos existem? a. Somente um tipo: diodo b.Somente dois tipos: são diodos c. Muitos tipos diferentes d. Zener e de sinal 10. Para que se faz a polarização dos diodos a. Para unificar os tipos b. Para poder usá-lo como um componente prático c. Para poder usar como eletrodo d. Para carregar energia 11. Qual é a resposta correta quando um diodo não está polarizado? a. Ele não tem carga b. Ele não tem lacunas c, Nenhum tensão externa foi aplicada d. Ele não tem elétrons 12. Por que um diodo é polarizado diretamente? a. Porque deve correr uma corrente b. Para reduzir a junção e facilitar a passagem da corrente c. Para aumentar a junção d. Para carregar a voltagem 16 4.9 Diodos de proteção Os diodos de sinal podem ser usados em diversos circuitos sendo o mais comum o uso na proteção de surtos de tesão. Por exemplo, quando a bobina de um relê é desligada, Figura 4.6 abaixo. Figura 4.6 A corrente que circula pela bobina do relê cria um campo magnético que termina subitamente quando a chave é desligada. O colapso instantâneo do campo magnético induz uma alta voltagem de curta duração na bobina do relê que pode causar danos na bobina e outros componentes do circuito. O diodo de proteção permite que a voltagem induzida faça circular uma corrente de curta duração no circuito de maneira que o campo magnético cessa rapidamente e dessa forma impede que a voltagem induzida se torne muito alta para causar danos nos componentes do circuito. 4.10. Diodos de potência Vimos até agora que um diodo pode somente conduzir corrente em uma só direção e não na direção contrária como se fosse uma válvula de uma só direção. Uma aplicação para esta característica é a conversão da corrente alternada em corrente contínua, um processo chamado de retificação. Este circuito é usado principalmente em fontes de força. Os pequenos diodos de sinal podem ser usados como retificadores de baixa potência e nos circuitos onde se exige uma maior potência são usados os diodos de potência ou de força. Os diodos de potência são diodos de junção de tamanho maior que fornecem uma maior capacidade de corrente de até algumas centenas de ampères. Como os diodos de potência têm uma grande zona de junção eles não são apropriados para altas freqüências, mas existem disponíveis diodos para essas aplicações. Os diodos de potência são projetados para ter uma resistência direta de frações de ohm sendo sua resistência inversa alta de vários megohms que bloqueia a corrente inversa. Eles são usados principalmente na conversão de energia em suprimentos de força, retificadores e inversores. Os diodos de potência podem ser instalados individualmente ou junto com outros em diversos tipos de circuito como de meia onda, onda completa ou de ponte. Os diodos mais usados são os de uso geral da série 1N400X com correntes de 1 ampère e maiores e tensões de 50 V até 1000. Vamos a seguir estudar estas aplicações. Relê Transistor D io do de p ro te çã o17 4.11 Outros tipos de diodos Existem outros tipos de diodos que não estudaremos aqui, tais como fotodiodos, diodos PIN, diodos de túnel e diodos Schottky de barreira. Podem-se adicionar mais junções PN à estrutura básica que vimos aqui sendo assim construídos outros tipos de diodos. Assim com um diodo de 4 camadas de semicondutores temos um tiristor ou retificador controlado de silício e com 5 camadas temos os Triacs 4.12 Definição de retificador A corrente alternada na instalação de uma casa, no Brasil, é uma corrente que tem uma freqüência de 60 ciclos que se alterna 120 vezes por segundo de um valor positivo para um valor negativo. Na Europa a corrente tem 50 ciclos e na América do Sul o Paraguai também tem 50 ciclos. Os circuitos usados na eletrônica utilizam normalmente uma corrente constante ou contínua e assim devemos transformar as correntes alternadas (CA) em correntes contínuas (CC). O circuito utilizado para isso é chamado de retificador e usa as características dos diodos de junção que vimos acima de permitir a passagem da corrente em uma direção e impedir na outra. Vemos abaixo um diagrama de blocos de um retificador, Figura 4.7. Nessa figura temos um diagrama de blocos de um retificador que pode transformar uma onda CA em CC de meia onda ou de onda completa. Vamos ver em seguida com mais detalhe estes retificadores. Figura 4.7 4.12.1 Retificador de meia onda Temos na Figura 4.8 abaixo o circuito de um retificador de meia onda. Este retificador é capaz de retificar apenas meia onda da corrente alternada aplicada. Para entender melhor como funciona este circuito temos que saber o seguinte: uma onda de CA completa tem dois semiciclos, um positivo e um negativo. O semiciclo positivo polariza o diodo diretamente e este conduz deixando passar esse semiciclo, no semiciclo negativo seguinte, o diodo é polarizado inversamente e ele não conduz e, portanto, não deixa passar este semiciclo, como vemos na figura. Figura 4.8 18 Vemos então nessa figura que a corrente alternada tem CA tem dois semiciclos um positivo e um negativo e que ao passar pelo diodo somente o semiciclo positivo passa e o semiciclo negativo é eliminado. Durante cada meio ciclo quando a onda passa pelo lado digamos positivo da senóide o diodo é diretamente polarizado, ou seja, o anodo é positivo em relação ao catodo, e a corrente flui por ele. Como a carga que mostramos é um resistor a corrente que flui pela carga é proporcional à voltagem conforme a lei de Ohm. Durante o semiciclo negativo da onda senoidal, o diodo é inversamente polarizado ou seja o anodo está negativo em relação ao catodo nenhuma corrente flui por ele. Portanto no meio ciclo negativo nenhuma corrente flui pelo resistor, pois não existe voltagem. Por essa razão na figura acima no lado da CC existe uma “falha” no diagrama de voltagem. Depois de passar pelo retificador a onda tem a forma da Figura 4.9. Você nota que a corrente foi parcialmente retificada, pois apresenta uma forma ondulada acompanhando parte da curva da onda senoidal. Figura 4.9 A corrente no lado de CC flui em somente uma direção tornando o circuito unidirecional e o valor da voltagem que passa pelo resistor é dada pela equação: onde Vmax= máxima voltagem da CA e Vs é a rms da voltagem de entrada Exemplo 1. Calcular a corrente e a potência que passa por um resistor de 1kΩ que está ligado em um circuito de 110 V por meio de um retificador de meia onda. V=0,45*110= 49,5 V I=49,5/1000=0,0495 A P=(0,0495)2*1000=2,45 W Como vemos na figura acima a voltagem de saída é pulsante com duas meias ondas de CC. Veremos a seguir como tratar esta onda para torná-la mais linear. scc VV V V 45,0318,0 max max 19 4.12.2 Retificador de onda completa O circuito anterior não é muito eficiente, pois perdemos meia onda. Neste retificador de onda completa ambas as partes da onda são retificadas como vamos ver, o que torna este circuito mais eficiente. Figura 4.10 Como vemos na Figura 4.10 acima são usados dois diodos com um transformador que têm uma tomada central no secundário para ter dois ciclos de CA. Assim cada diodo conduz quando seu anodo está positivo como vimos acima quando o anodo se torna positivo sendo então diretamente polarizado. A curva toma a forma da Figura 4.11. Figura 4.11 Vemos na figura que temos agora meias ondas de CC sem espaço entre elas. Podemos agora modificar a equação dada acima para o retificador de meia onda para: A voltagem pico da onda é a mesma quando a tomada do secundário do transformador for central. Algumas vezes para obter voltagens CC diferentes o secundário tem relações diferentes, mas este arranjo não é ideal, pois o transformador tem que ser mais pesado para uma certa potência de saída. Neste caso é melhor usar uma ponte retificadora como veremos adiante. Exemplo 1.. Calcular a corrente e a potência que passa por um resistor de 1K que está ligado em um circuito de 110 V por meio de um retificador de onda completa. Este exercício é feito para fins de comparação com o exercício acima. V=0,9x110= 99 V I=99/1000=0,099 A P=(0,099)2X1000=9,80 W R ed e Tr af o R CA CA CC I1 I2 scc VV V V 9,0637,0 2 max max 20 Você vê que a potência é muito maior que no exemplo anterior o que significa que este circuito é mais eficiente do que o anterior. 4.12.3 Retificador de onda completa com circuito de ponte A ponte retificadora é um circuito que produz uma retificação de onda completa. Este tipo de retificador usa quatro diodos como vemos na Figura 4.12 abaixo. Figura 4.12 Os diodos funcionam assim: para semiciclos positivos do secundário do transformador os diodos D1 e D2 conduzem ou estão fechados, e os D3 e D4 estão abertos, nos semiciclos negativos os diodos D3 e D4 conduzem ou stão fechados e os D1 e D2 estão abertos.e dessa forma temos uma retificação de onda completa. Vemos que os diodos estão ligados em série em pares com somente dois diodos conduzindo durante cada meio ciclo. Vemos na figura a forma das ondas CC que são idênticas à do retificador de onda completa que vimos nas Figuras 4.10 e 4.11. Vemos que a corrente de saída é unidirecional e para este circuito valem as fórmulas que demos acima para o retificador de onda completa. 4.12.4 Circuito de filtro Vimos acima que o retificador de meia onda produz uma onda de saída cada meio ciclo e que não é muito prático para uma alimentação contínua. Já o retificador de onda completa produz um valor de CC médio mais alto, como vimos de 0,637Vmax, com uma oscilação menor com uma saída dupla da freqüência de entrada. Podemos ainda aumentar a CC de saída um pouco mais ligando um capacitor na saída do circuito de ponte como mostramos na figura 4.13 abaixo. Figura 4.13 Re de D1 D4D2 D3 CCCA Re de D1 D4D2 D3 CCCA C 21 Esse capacitor eletrolítico converte a oscilação da onda completa do retificador em uma corrente contínua mais plana como vemos na Figura 4.14 abaixo. Figura 4.14 Temos dois parâmetros importantes para considerar quando vamos escolher este capacitor que são: sua voltagem de trabalho que deve ser mais alta que a voltagem de saída em vazio (isto é sem carga) do retificador e seu valor de capacitância que determina a oscilação que vai passar superposta sobre a voltagem de CC, como vemos na figura acima. Um valor do capacitor muito baixo poderá ter um efeito quase nuloe muito grande poderá ter um custo muito alto. Uma regra usual é de ter uma ondulação da voltagem da ordem de 110 mV pico a pico. Uma vantagem do retificador de onda completa que você deve ter notado pelas figuras acima é que ele produz uma ondulação menor e com um capacitor adequado a ondulação se torna muito pequena. Se a freqüência do circuito for de 60 Hz para uma onda completa a freqüência será de 120 ciclos e para a meia onde será de 60Hz. Pode-se acrescentar um filtro (filtro pi) que é um filtro passa baixa com dois capacitores para suavizar as ondas de saída de mesmo valor e uma indutância ou bobina para introduzir uma alta impedância para o componente da ondulação. Também existe a alternativa mais barata de empregar os circuitos integrados da família LM78xx, que podem reduzir a ondulação em mais de 78dB conforme a folha de dados do fabricante desses CIs, quando fornecendo acima de 1A de corrente. Estudaremos exemplos deste CI na apostila de experiências eletrônicas. Exercícios 13. Nos retificadores de onda completa com diodos estes estão ligados em: a. Paralelo b. Série c. De qualquer jeito d. Paralelo e série 14. A retificação de onda completa é: a. Menos eficiente b. Melhor para surfe c. Mais eficiente d. É mais perigosa 15. Os CIs 78xx são bons para: a. Custam barato b. Usar para economizar espaço c. Mais eficientes para eliminar a ondulação d. São mais elegantes no circuito 22 16. No Brasil a rede de distribuição elétrica tem uma freqüência de: a. 60 ciclos b.120 ciclos c. É de corrente contínua d. 30 ciclos 23 5. Circuito regulador- O diodo Zener Vimos no capítulo 4.6 acima que um diodo em polarização inversa deixa passar uma pequena corrente, mas poderá sofrer um sério dano se a voltagem aplicada for muito alta. Existe, entretanto, um diodo de “ruptura” chamado Zener que á basicamente o mesmo diodo de junção, porém é feito especialmente para uma determinada voltagem de ruptura ou tensão de Zener, Vz. Este diodo trabalha da mesma forma de um diodo normal deixando passar corrente na polarização direta, mas quando a voltagem reversa passa de um determinado valor existe uma voltagem reversa de ruptura onde ocorre uma ruptura na zona da barreira de potencial e a corrente aumenta para o valor máximo do circuito que é usualmente limitada por meio de um resistor. Este ponto pode ser precisamente controlado no estágio de dopagem do diodo o que produz uma voltagem específica de ruptura do Zener que vai desde uns poucos volts até algumas centenas de volts. Vemos na Figura 5.1 abaixo uma curva característica do Zener. Figura 5.1 O Zener é usado no modo de polarização inversa onde podemos ver na figura ele tem uma voltagem praticamente constante (quase vertical) qualquer que seja a corrente que está fluindo por ele. Esta característica de voltagem constante é usada para controlar ou estabilizar a voltagem de saída. O diodo continuará a controlar até que a corrente atinja um valor mínimo Iz na região de ruptura. 5.1 Regulador Zener Existem vários tipos de reguladores que estudaremos na lição sobre transistores, por isso aqui estudaremos somente o regulador Zener. Voltagem inversa de ruptura -V +V Vo lta ge m co ns ta nt e Corrente direta Corrente inversa -I +I Região Zener An od o Ca to do C A Símbolos usuais do Zener 24 No circuito da Figura 5.2 vemos um regulador Zener e você deve notar que seu símbolo é um pouco diferente do diodo normal tendo um acréscimo no seu traço transversal. Figura 5.2 Entre outras aplicações o diodo Zener pode ser usado para produzir uma tensão estabilizada pela passagem de uma pequena corrente por ele por meio de um resistor (Re) que limita a corrente. Vimos que os retificadores de meia e de onda inteira deixam uma ondulação na tensão retificada. O Zener pode ser aplicado nestes casos para estabilizar a voltagem. A voltagem Ve é a voltagem que vem do retificador e circuito de eliminação da ondulação e Vs é a voltagem estabilizada retirada entre os terminais do Zener. Vemos que o catodo está ligado ao positivo e está inversamente polarizado e operando na zona de ruptura. O resistor Re é escolhido a fim de limitar a corrente máxima que passa pelo circuito e deve ser escolhido de maneira que a taxa máxima de potência não seja excedida na condição de trabalho em vazio ou Rc=0. Existe uma corrente zener mínima para a qual a estabilização da voltagem é efetiva e a corrente do zener deve estar acima deste valor na região de ruptura e o limite superior da corrente depende da taxa de potência do zener. Exemplo 1. Uma fonte de tensão de 9 V tem uma entrada de tensão de 12VCC. Usando um zener de 2W de potência calcular a corrente máxima, o valor do resistor em série, a corrente Ic com 500Ω para o resistor de carga e a corrente de alimentação. a) Corrente máxima O valor da corrente máxima é dada por: Aax 22,0 9 2 Voltagem zener do Potência Im b) Resistor Re 5,13 22,0 3 22,0 912 Re c) Corrente Ic AIc 018,0 500 9 d) Corrente total de alimentação Ic=Imax+Ic=0,22+0,018=0,238 A Ve Vs Re Rc Ie Ic 25 5.2 Valores dos Zener Os diodos Zener são utilizados para produzir diferentes voltagens desde 2,4V até 47V para potências de 500 mW e de 3,3V até 62V para potências de 1,3W 6. Circuitos diversos com diodos Existem outros circuitos à diodos usados para fins especiais tais como o recortador, o limitador, os dobradores e o grampeador que vamos ver sucintamente. 6.1 Circuito recortador ou clipping Este circuito é usado para selecionar uma parte da onda a ser transmitida que poder a parte inferior ou superior da onda. Vemos este circuito na Figura 6.1 e a onda produzida é a parte superior sendo a parte inferior cortada. Figura 6.1 Este circuito funciona assim: temos uma tensão alternada de entrada e uma de CC de referência. Quando o semiciclo positivo da tensão alternada atingir valores iguais ou maiores do que a de referência o diodo conduzirá porém com valores menores ele estará polarizado inversamente e não conduzirá. 6.2 Circuito limitador Este circuito que vemos na Figura 6.2 serve para limitar o valor da onda e funciona da seguinte maneira: quando os valores da onda senoidal forem superiores ao valor da CC o diodo não conduzirá pois estará polarizado inversamente. 26 Figura 6.2 6.3 Dobradores de tensão Temos os dobradores de meia onde o os de onda completa que vemos nas Figuras 6.3 e 6.4 respectivamente. Figura 6.3 27 Figura 6.4 7. Diodo emissor de luz LED Os diodos emissores de luz conhecidos por LEDs estão entre os mais usados de todos os diodos. Os LEDs emitem luz de diversas cores ao serem atravessados por uma corrente elétrica e a faixa de cores emitida vai desde o infravermelho ao laser. Os LEDs estão em franco desenvolvimento e são olhados como a iluminação do futuro devido ao seu alto rendimento, longa vida e sua capacidade de produzir cores em um largo espetro de freqüências e podem se comportar como fontes de iluminação convencionais.Os LEDs comuns são produzidos com substâncias inorgânicas como o arseneto de gálio que são dopadas com diferentes impurezas para produzir diferentes freqüências de emissão ou diferentes cores. Mas estão sendo desenvolvidos os OLEDs que são produzidos com materiais orgânicos que são muito promissores. O LED é basicamente um diodo de junção feito de uma fina camada de material semicondutor dopado. Quando o LED é diretamente polarizado as lacunas se combinam com os elétrons liberando energia suficiente para produzir fótons de luz e assim um número razoável de fótons pode escapar e produzir luz. Os LEDs são feitos com arseneto de gálio, fosfeto de gálio e outros compostos químicos de gálio. A escolha do material determinará o comprimento de onda e as emissões de fótons de luz e da cor de luz emitida. Vemos na tabela abaixo os tipos principais de LEDs e suas características. TIPO COR If Max mA Vf tip. V Vf Max V Vr min V Intensidade Luminosa Ângulo de visão Compr. de onda Padrão Vermelha 30 1,7 2,1 5 5mcd@10mA 60º 660nm Padrão Vermelho 30 2,0 5 80 80mcd@10mA 60º 625nm 28 vivo Padrão Amarelo 30 2,1 2,5 5 32mcd@10mA 60º 590nm Padrão Verde 25 2,2 2,5 5 32mcd@10mA 60º 565nm Alta in- tensidade Azul 30 4,5 5,5 5 60mcd@20mA 50º 430nm Super brilho Vermelho 30 1,85 2,5 5 500mcd@20mA 60º 660nm Baixa corrente Vermelho 30 1,7 2,0 5 5mcd@2mA 60º 625nm 7.1 Resistência em série Os LEDs devem ter uma resistor em série para limitar a corrente que o atravessa em caso contrário ele poderá se queimar rapidamente. Veja o esquema da Figura 7.1 abaixo para entender como este resistor é instalado. Figura 7.1 Para calcular o valor do resistor R vamos utilizar a equação: . If VfVe R Exemplo 1. Queremos usar um LED vermelho padrão com uma tensão de alimentação de 9VCC. Qual o valor de R? Na tabela acima vemos que a corrente If máxima para um LED vermelho padrão é de 30 mA e sua voltagem máxima é de 2,1V. Então teremos: 230 030,0 1,29 R . Como você deve se lembrar do estudo dos resistores, estes são fabricados dentro de certos padrões de resistência. Assim você deve usar o resistor padrão mais próximo. Neste caso as série E24 de 5% de tolerância de fabricação os mais próximos são de 220Ω e 240Ω. Deveríamos utilizar o de 240Ω. V e V f a c If R 29 6.2 Multi-LEDs Os LEDs estão disponíveis em uma faixa muito grande de formas, cores, tamanhos e com diferentes intensidades. Para uso comum o mais barato é o vermelho padrão de 5mm de diâmetro. Existem também diversos tipos com duas cores e também três cores. No site www.para.com.tw você encontrará muitos tipos e informações sobre LEDs. Na fotografia abaixo você vê diversos tipos de LEDs e em nosso kits também são fornecidos alguns para suas experiências. Outro LED muito utilizado é o display de 7 segmentos que também aparece na fotografia acima. Existem dois tipos:o de anodo comum e o de catodo comum. 6.3 Notas diversas sobre os LEDs Você deve notar que os LEDs têm uma parte chata e uma das pernas mais curta. O terminal mais perto deste chato e de perna mais curta é o catodo ou pólo negativo. Ao soldar você deve tomar cuidado de não aquecer demais, pois eles são muito sensíveis. Também você deve evitar ligar LEDs em paralelo com somente um resistor,pois eles podem ter podem receber correntes diferentes e podem se queimar. Lembre-se de que os resistores são muito baratos e é preferível que cada LED tenha seu resistor individual. 30 6.4 Display de 7 segmentos Além dos LEDs de cores únicas ou multicoloridos como falamos acima, existem outros tipos como o de barras gráficas, de fitas, e os conjuntos de 7 segmentos. UM LED de 7 segmentos produz um mostrador muito interessante para produzir informações ou dados digitais na forma de números, letras ou mesmo caracteres alfadigitais. Como seu nome diz ele consiste de 7 LEDs individuais ou 7 segmentos em um único invólucro colocados de forma a indicar os números e letras na combinação correta quando iluminados. Você vê ba foto acima 2 LEDs de 7 segmentos que parecem ter um número 8 escrito neles. Na Figura 6.2 abaixo mostramos este LED com a indicação dos LEDs individuais. Figura 6.2 Existem dois tipos de displays de 7 segmentos: o de anodo comum e o de catodo comum. O de anodo comum tem um anodo comum para todos os LEDs e os segmentos são iluminados quando um sinal alto ou de lógica 1 for enviado para o catodo dos LEDs individuais na seqüência para que ele indique o sinal desejado. O de catodo comum tem um catodo comum para todos os LEDs e os segmentos são iluminados quando um sinal baixo ou de lógica 0 for aplicado no anodo dos LEDs individuais para que ele indique o sinal desejado. Exercícios 17. A perna mais curtas dos LEDs indica: a. Um pólo do LED b. Uma economia de material c. O pólo negativo d. O pólo positivo 18. Para que serve o resistor em série com o LED? a. Para facilitar o circuito b. Para proteger o LED c. Para aumentar o custo 31 d. Para limitar a corrente 19. Os Zener são usados para: a. Produzir tensões mais suaves b. Como estabilizador de tensão c. Para proteção do circuito de estabilização d. Para retificação da corrente 20. Os LEDs são uma tecnologia: a. Ultrapassada b. Em grande desenvolvimento c. São utilizados para enfeitar os equipamentos d. Servem como referência do circuito 32 Respostas dos exercícios 1. a 2. b 3. b 4. a 5. a 6. b 7. d 8. c 9 c 10. b 11. c 12. b 13. b 14. b 15. c 16. a 17. a 18. d 19. b 20. b .
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