Buscar

G2 DE IED2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aluna: Caroline Rodrigues Coelho 
PUC –RIO: G2 de Introdução ao Ensino do Direito II 
Justiça 
Há três mil anos o homem tenta responder qual a função teológica da justiça? Como realizar a justiça? Dessa maneira, os primeiros e grandes pensadores que tentaram desenvolver essa questão foram Platão e Aristóteles. 
Contudo, naquela época, percebe-se que o conceito de lei para os gregos era muito diferente do nosso conceito atual. Determinada pela ideia de círculos concêntricos, a lei estava contida no direito, e este por sua vez contida na grande esfera da justiça. Traduzindo então que a razão de ser do direito era a busca pela justiça.
Primeiramente Platão, através de seu personagem Sócrates, grande idealizador do pensamento humano, tentava incessantemente a busca pela verdade. Diferente da visão antagônica dos sofistas, cujo olhar era cético do saber pelo saber, Sócrates buscava a verdade por meio da maiêutica, procurando a essência das coisas. 
De acordo com sua filosofia, existia uma verdade e por isso não se deveriam relativizar todas as coisas. Sendo assim, a questão da justiça entra exatamente na questão da verdade socrática. A justiça vai se igualar a busca da verdade, pois ela é ideal e deve-se procurar atingi-la incessantemente. 
Logo após esta filosofia, Aristóteles desenvolve o método dialético e coloca a justiça como uma virtude do ser humano. Deste modo, escreve em seu livro 23 de “Ética a Nicômaco” que a ideia de justiça seria então a repetição dos bons atos. Em outras palavras, significa que a virtude é contraria a ideia do vício e não nasce com o homem, pois se deriva da pratica. 
O que se torna muito interessante nesse pensamento é o fato de que o homem não necessariamente nasce virtuoso, e sim se torna um. A busca da justiça pelo caminho do meio seria então, se desprender dos vícios e buscar igualdade. Com isso, desenvolve-se a ideia de duas justiças: (i) distributiva e (ii) comutativa.
A primeira justiça, denominada de distributiva seria tem como intuito a relação do homem na cidade (polis). Dar a cada um o que é seu, mas respeitando o principio máximo da igualdade. Ou seja, tratar igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na medida em que estes se desigualam. Percebe-se assim, que a distribuição da justiça como um bem não é equânime. Pois não se distribui exatamente a mesma medida para cada pessoa, mas sim a porcentagem que cada um merece no seu exercício dentro da cidade. 
A segunda justiça, seria então a comutativa que se refere a relação do homens com os outros homens. Esta relação que vai ser regulamentada pela ideia de lei (logus). Todavia, a lei na época não era determinada para cada situação concreta, mas sim algo de valoração de justiça. Sendo assim, a lei não conseguindo dar conta, tinha-se de ter a interferência do juiz para garantir a equidade na aplicação do caso concreto. 
Um exemplo muito interessante dado em sala, foi a situação da régua de Lesbus. Cuja historia se dava pelo fato de que os arquitetos ao medir a ilha de Lesbus, usavam uma régua de chumbo que se adaptava ao terreno. Por isso, os responsáveis teriam a dimensão exata do que era cada coisa. Representando a ideia de equidade, e também a aplicação da lei no caso concreto, de suma importância para o equilíbrio de eventuais conflitos entre os homens. 
 
	Analisando então outra conjuntura, diferente da clássica anteriormente apresentada. Pode-se classificar o pensamento moderno em duas linhas (i) utilitaristas e (ii) positivistas. Esse primeiro, que vai estar inserido na common law, busca a felicidade imediata. Para alcançar maior numero de pessoas, não se preocupa com os indivíduos que irão “sobrar”, mas sim procurar satisfazer por completo o que está dentro do possível. 
	O segundo viés, denominado de positivista é aquele que se enquadra na civil law. Busca na justiça um plano ideal e não a realização imediata. Ou seja, a justiça dentre de proposições abstratas e leais, que seria então a lei. Considerando a justiça então como a observância da lei. Kant se tornou, para os positivistas a base para seus argumentos filosóficos. 
No século XX, essas duas correntes foram transformadas em outros tipos de pensamentos (i) pensamento na justiça liberal com fundo contratualista e ênfase no individualismo e (ii) a justiça comunitária de fundo socialista (ênfase na sociedade). 
Nos anos 70 o professor de Harvard John Rawls, criou um livro que voltou ideia de se pensar “uma teoria da justiça” (nome do livro). Considerado como pai da justiça liberal, busca o pensamento contratualista hobbesiano do século XVII. 
Cria-se então, uma seguinte situação hipotética: põem-se pessoas em igualdade plena, não sabendo a classe social que lhes pertence, ou a cor da pele. Em seguida pergunta-se pra elas a possibilidade de pensarem quais elementos comuns para a criação de uma sociedade justa. Essas pessoas então no estado originário, vestidos do véu da ignorância, só teriam a razão para responder tal pergunta. 
Por isso a justiça liberal é absolutamente racional, não deve ser levado em consideração o meio, nem o que “eu sou ou que posso ser”. Sendo assim, dentro desse quadro hipotético se cria o princípio da liberdade (que se resolve na equidade), através de um ideal contratualista e individualista. 
Em resumo, Rawls vai afirmar que existem elementos individuais no homem que são comuns; como a justiça. Esta que é universal e deve se valer para todos os homens. 
A contrapor essa ideia de justiça liberal. Tem-se a (ii) justiça comunitária. Partindo do principio que a justiça é um valor cultural, social e antropológico da sociedade. Ao contrario de um valor individual do cidadão, pois não existe uma sociedade hipotética somos frutos daquilo que construímos. 
Ao perguntar quem é você? A definição será a partir de uma historia na sociedade e dentro dos valores daquele meio. 
A crítica que se faz a essa linha de pensamento, é o fato de que ao colocar a justiça como um valor social, a sociedade indiana seria uma sociedade justa. Diferente do pensamento dos liberais que nunca irão considera-la como tal. Pois a hierarquia das castas não sustenta a ideia de justiça como um valor universal.

Outros materiais