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Introdução e Ligações Químicas Profa. Fernanda Ferreira 2014.1 UNIPLAC Engenharia de Produção Ciência dos Materiais Introdução Nós sempre utilizamos materiais para as necessidades diárias. Na antiguidade usados para obtenção de utensílios de caça, de uso doméstico e para o vestuário. Depois de extraídos da natureza eram utilizados quase que diretamente em suas aplicações, com pouco ou quase nenhum processamento. Com o passar do tempo o homem foi dominando o conhecimento a respeito dos materiais e seu processamento. Atualmente existe uma grande variedade de materiais. Os profissionais da área tecnológica devem conhecer as propriedades, características e comportamento dos materiais que lhe são disponíveis para a melhor aplicação. Introdução A ciência dos materiais faz parte do conhecimento básico para todas as engenharias. As propriedades dos materiais definem: o desempenho de um determinado componente e o processo de fabricação do mesmo Propriedades dos Materiais Microestrutura Composição e Processo de Fabricação Engenharias Exemplo: Efeito da microestrutura nas propriedades dos materiais. Lâmpada de vapor de sódio: O gás em alta temperatura (1000°C) é mantido dentro de um cilindro de alumina translúcida. Introdução O número de materiais cresceu muito nas últimas décadas: tendência é de aumentar cada vez mais. Desenvolvimento e aperfeiçoamento dos métodos de extração de materiais naturais; Modificação de materiais naturais; Combinação de materiais conhecidos para a formação de novos materiais. Quantos Materiais Diferentes Existem? Entre 40000 e 80000 diferentes tipos de materiais, contando as variantes de tratamento térmico e composição de cada material. Como escolher??? Como definir qual o melhor material para um determinado fim? Vidro Cerâmica Plástico Madeira Metal Papel Custo Tempo de vida ou Durabilidade Aparência Finalidade: Natureza do líquido (ex: copo de metal e papel não pode ser usado para café, suco de laranja não pode ser armazenado numa taça antiga de peltre (liga de estanho) porque remove o Pb da liga). Quais os critérios que um engenheiro deve adotar para selecionar um material entre tantos outros? 1°: deve caracterizar quais as condições de operação que será submetido o referido material e levantar as propriedades requeridas para tal aplicação, saber como esses valores foram determinados e quais as limitações e restrições quanto ao uso dos mesmos. 2°: a escolha do material - refere-se ao levantamento sobre o tipo de degradação que o material sofrerá em serviço. Por exemplo, elevadas temperaturas e ambientes corrosivos diminuem consideravelmente a resistência mecânica. Quais os critérios que um engenheiro deve adotar para selecionar um material entre tantos outros? Finalmente, a consideração talvez mais convincente é provavelmente a econômica: Qual o custo do produto acabado??? Um material pode reunir um conjunto ideal de propriedades, porém com custo elevadíssimo. Relação entre o tipo de indústria e a influência dos Materiais (fator custo) INDÚSTRIA DE PONTA PRODUÇÃO EM MASSA SELEÇÃO CUIDADOSA (FATOR CUSTO SECUNDÁRIO) SELEÇÃO CUIDADOSA (FATOR CUSTO PRIMORDIAL) • Grande exigência tecnológica • Utilização dos materiais nos limites • Produtos não diferenciados • Utilização de materiais abaixo dos limites Quais os critérios que um engenheiro deve adotar para selecionar um material entre tantos outros? Em raras ocasiões um material reúne uma combinação ideal de propriedades muitas vezes é necessário reduzir uma em benefício da outra. Exemplo clássico: resistência e ductilidade geralmente um material de alta resistência apresenta ductilidade limitada. Este tipo de circunstância exige que se estabeleça um compromisso razoável entre duas ou mais propriedades. O átomo Por volta de 1805, o cientista inglês John Dalton (1766-1844) com base nas leis ponderais, elaborou a seguinte teoria atômica: a matéria é constituída de pequenas partículas chamadas átomos; o átomo é indivisível e sua massa e seu tamanho são característicos para cada elemento químico; os compostos são formados de átomos de diferentes elementos químicos. Para Dalton, o átomo era esférico, maciço, indivisível, homogêneo e sua massa e seu volume variavam de um elemento químico para outro. Baseado em reações químicas e pesagens minuciosas, chegou à conclusão de que os átomos realmente existiam e que possuíam algumas características: Toda matéria é formada por diminutas partículas esféricas, maciças, neutras e indivisíveis chamadas átomos. Existe um número finito de tipos de átomos na natureza A combinação de iguais ou diferentes tipos de átomos originam os diferentes materiais. “bola de bilhar”: Modelo Atômico de Dalton Esfera maciça; Indivisível; Indestrutível; Imperecível; Sem carga elétrica O átomo Em 1811, o italiano Amedeo Avogadro (1776-1856) complementou a teoria atômica de Dalton introduzindo o conceito de molécula. Em 1897, Sir J.J. Thomson (1856-1940) ao estudar os raios catódicos conseguiu desviá-los com um campo eletrostático, e determinou a relação da carga com a massa, e/m, para as partículas que os constituíam. A partir da comparação do valor obtido para os raios catódicos com resultados de experiências similares realizadas com íons de hidrogênio pode-se concluir que os raios catódicos são constituídos de elétrons. O modelo atômico de Thomson Descobriu experimentalmente que o átomo era constituído de partículas com carga elétrica positiva, denominadas mais tarde de prótons, e de partículas carregadas negativamente, às quais ele deu o nome de elétrons. Em 1904: o átomo era uma esfera de eletricidade positiva e no seu interior estavam distribuídos os elétrons de carga negativa como as “passas dentro de um bolo”. Como a matéria é geralmente eletricamente neutra: número de prótons e de elétrons devia ser o mesmo. “pudim de passas”: Esfera maciça; Divisível; Indestrutível; Imperecível; Com carga elétrica. O modelo atômico de Rutherford Ernest Rutherford (1871-1937) trabalhava em 1911 na Universidade de Manchester com espalhamento de partículas alfa por lâminas finas de diversos materiais. Ele chegou a conclusão que a massa e a carga elétrica positiva do átomo estavam concentradas em uma região central muito pequena (núcleo), e os elétrons girariam em torno do núcleo, atraídos eletricamente e formando a eletrosfera do átomo, à semelhança do nosso sistema planetário. O modelo atômico de Rutherford O modelo atômico de Rutherford Observando as cintilações na tela de ZnS, Rutherford verificou que muitas partículas "alfa" atravessavam a lâmina de ouro, sem sofrerem desvio, e poucas partículas "alfa" sofriam desvio. Como as partículas "alfa" têm carga elétrica positiva, o desvio seria provocado por um choque com outra carga positiva, isto é, com o núcleo do átomo, constituído por prótons. O modelo atômico de Bohr O jovem físico dinamarquês Niels Henrik David Bohr (1885- 1962) trabalhava em 1913 sob orientação de Rutherford em Cambridge. Ele tentava interpretar os espectros de absorção da luz observados experimentalmente. A mecânica clássica não conseguia explicar a ocorrênciados referidos espectros. Para explicar os resultados obtidos, ele estabeleceu postulados que mais tarde seriam obtidos a partir da mecânica quântica. As bases da mecânica quântica tinham sido propostas pelo físico alemão Max Planck (1858-1947) em 1900 e somente em 1926 esta teoria estaria praticamente completa. O modelo atômico de Bohr A teoria de Bohr fundamenta-se nos seguintes postulados: 1º postulado: os elétrons de um átomo somente podem mover-se em determinadas órbitas circulares ao redor do núcleo sem absorverem nem emitirem energia. Estas órbitas recebem o nome de níveis eletrônicos. O modelo atômico de Bohr 2º postulado: Fornecendo energia (elétrica, térmica, etc) a um átomo, um ou mais elétrons absorvem e saltam para níveis mais afastados do núcleo. Ao voltarem as suas órbitas originais, devolvem a energia recebida em forma de luz (fenômeno observado, tomando como exemplo, uma barra de ferro aquecida ao rubro). A teoria de Bohr foi mais tarde generalizada e modificada com base na mecânica quântica. K L M N O P Q ) ) ) ) ) ) ) Núcleo Eletrosfera O modelo atômico de Sommerfeld O físico alemão Arnold Sommerfeld (1868-1953) propôs, em 1916, que os elétrons de um mesmo nível não estão igualmente distanciados do núcleo porque as trajetórias, além de circulares, como propunha Bohr, também podem ser elípticas. Nas trajetórias elípticas, o núcleo do átomo se localiza num dos focos da elipse. Esses subgrupos de elétrons receberam o nome de subníveis e podem ser de até 4 tipos: s, p, d e f. O número máximo de elétrons em cada subnível é 2, 6, 10 e 14, respectivamente. Surgindo assim o Diagrama de Linus Pauling. Com este conceito de átomo, trabalhamos com as ligações químicas que levam a formação dos diferentes tipos e classes de materiais. Ligações Químicas Ligações Interatômicas: Podem ser classificadas quanto à suas intensidades em: ligações primárias ou fortes (iônica, covalente e metálica) e; ligações secundárias ou fracas (Van der Waals). Ligações Químicas - Iônicas Ligações Iônicas: A ligação iônica é a única em que ocorre transferência definitiva de elétrons. Direcionalidade e Coordenação nas Ligações Iônica = Não direcional! A força de ligação é igual em todas as direções; Para formar um material 3D é necessário que cada íon de um tipo esteja cercado de íons do outro tipo. Número de Coordenação (NC) Número de vizinhos mais próximos de um dado átomo Força de Atração Calcule a força de atração entre Na+ e Cl- em uma molécula de NaCl: 9 2 21 1098,2 a QQK F K (constante de proporcionalidade): 9.109 V.m/C Q1 = Q2 = q.Z (carga do íon) q (carga do elétron): 1,6.10-19 C a (distância entre íons): RNa+ + RCl- = 0,098nm + 0,181nm = 0,278 nm Qual a unidade? N Qual a Força de Repulsão? Ligações Químicas - Covalentes Ligações Covalentes: Esse tipo de ligação ocorre quando os átomos envolvidos tendem a receber elétrons. Como é impossível que todos os átomos recebam elétrons sem ceder nenhum, eles compartilham seus elétrons, formando pares eletrônicos. Ligações Químicas - Covalentes Ligação Covalente: 1 par: simples; 2 pares: dupla; 3 pares: tripla. Ligações Químicas - Covalentes Principal responsável pela formação das estruturas moleculares dos compostos orgânicos e pelas estruturas macromoleculares dos polímeros. No caso dos polímeros, a ligação entre os átomos na cadeia da macromolécula é uma ligação covalente muito forte, enquanto as ligações intercadeias, que mantém as macromoléculas unidas, são ligações secundárias fracas. Alguns compostos cerâmicos, tais como SiC e BN, têm caráter covalente predominante. Outro material que tem ligação covalente predominante é o diamante (carbono). Direcionalidade e Coordenação nas Ligações Covalente = direcional e forma ângulos bem definidos! Grande faixa de energias de ligação → pontos de fusão Energias da ordem de centenas de kJ/mol Ex: Carbono na estrutura do diamante → 3550°C Ex: Bismuto → 270°C Direcionalidade e Coordenação nas Ligações Ex. Polímero: Etileno e Polietileno Na mólecula de etileno (C2H4), os carbonos compartilham dois pares de elétrons. A ligação covalente dupla pode se romper em duas simples permitindo a ligação com outros “meros” para formar uma longa molécula de polietileno. Ligações Químicas Secundárias A principal causa para a ocorrência de uma ligação do tipo Van der Waals é a polarização da molécula, existindo pelo menos três modalidades deste tipo de ligação: atração entre dipolos permanentes e dipolos induzidos; forças de dispersão (gases nobres); ligação ou “ponte” de hidrogênio (H ligado a FON). Pontos de fusão e ebulição. Ligações Química - Metálica Os metais têm um, dois ou no máximo três elétrons de valência. Estes elétrons não estão ligados a um único átomo, mas estão mais ou menos livres para se movimentar por todo o metal. Os elétrons que não são de valência e o núcleo formam um “caroço” eletricamente positivo que é envolvido por uma “nuvem”, “mar” ou ainda “gás” de elétrons. Os elétrons da nuvem atuam como uma “cola” mantendo os caroços positivos unidos. Direcionalidade e Coordenação nas Ligações A ligação metálica é não direcional, semelhante à ligação iônica. Na ligação metálica há compartilhamento de elétrons, semelhante à ligação covalente. As energias de ligação também são da ordem de centenas de kJ/mol. Generalidades com base nas ligações Gases Inertes - ligações fracas Metais Alcalinos - ligações de força intermediária Metais de Transição - ligações fortes Elementos Tetravalentes (Si,C) - ligações fortes Compostos Iônicos - ligações muito fortes Propriedades Fatores Densidade Peso Atômico, raio atômico, empacotamento Rigidez Forças Interatômicas Expansão Térmica Força da ligação e Tf Condutividade Movimento dos elétrons livres Classificação dos Materiais A classificação tradicional dos materiais é geralmente baseada na estrutura atômica e química destes. Metais Cerâmicas Polímeros Compósitos Semicondutores Biomateriais (Mat. Biocompatíveis) Classificação tradicional Classificação dos Materiais Metais Materiais metálicos são geralmente uma combinação de elementos metálicos. Os elétrons não estão ligados a nenhum átomo em particular e por isso são bons condutores de calor e eletricidade Não são transparentes à luz visível Têm aparência lustrosa quando polidos Geralmente são resistentes e deformáveis São muito utilizados para aplicações estruturais Onde se localizam os elementos que formam os materiais Metálicos na Tabela Periódica? Os elementos que formam os Metais na Tabela Periódica Classificação dos Materiais Cerâmicas Materiais cerâmicos são geralmente uma combinação de elementos metálicos e não-metálicos. Geralmente são óxidos, nitretos e carbetos São geralmente isolantes de calor e eletricidade São mais resistêntes à altas temperaturas e à ambientes severos que metais e polímeros Com relação às propriedades mecânicas as cerâmicas são duras, porém frágeis Em geral são leves. ALUMINA Onde se localizam os elementos que formam materiais Cerâmicos na TabelaPeriódica? Os elementos que formam materiais Cerâmicos na Tabela Periódica Classificação dos Materiais Polímeros Materiais poliméricos são geralmente compostos orgânicos baseados em carbono, hidrogênio e outros elementos não-metálicos. São constituídos de moléculas muito grandes (macro-moléculas) Tipicamente, esses materiais apresentam baixa densidade e podem ser extremamente flexíveis Materiais poliméricos incluem plásticos e borrachas Onde se localizam os elementos que formam materiais Poliméricos na Tabela Periódica? Os elementos que formam materiais Poliméricos na Tabela Periódica Classificação dos Materiais Compósitos Materiais compósitos são constituídos de mais de um tipo de material insolúveis entre si. Os compósitos são “desenhados” para apresentarem a combinação das melhores características de cada material constituinte Muitos dos recentes desenvolvimento em materiais envolvem materiais compósitos Um exemplo classico é o compósito de matriz polimérica com fibra de vidro. O material compósito apresenta a resistência da fibra de vidro associado a flexibilidade do polímero Classificação dos Materiais Semi-condutores Materiais semicondutores apresentam propriedades elétricas que são intermediárias entre metais e isolantes Além disso, as características elétricas são extremamente sensíveis à presença de pequenas quantidades de impurezas, cuja concentração pode ser controlada em pequenas regiões do material (para formar as junções p-n) Os semicondutores tornaram possível o advento do circuito integrado que revolucionou as indústrias de eletrônica e computadores Ex: Si, Ge, GaAs, InSb, GaN, CdTe. Classificação dos Materiais Biomateriais Biomateriais são empregados em componentes para implantes de partes em seres humanos Esses materiais não devem produzir substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com o tecido humano (isto é, não deve causar rejeição). Metais, cerâmicos, compósitos e polímeros podem ser usados como biomateriais. Materiais Avançados Utilizados em aplicações de tecnologia de ponta: são materias utilizados para a fabricação de dispositivos ou componentes que funcionam ou operam usando princípios sofiscados. Ex.: equipamentos eletrônicos (CD players, DVDs), computadores, sistemas de fibra óptica, foguetes e mísseis militares, detectores, lasers, displays de cristal líquido, indústria aeroespacial, etc. São materiais geralmente tradicionais cujas propriedades são otimizadas ou materiais novos de alto desempenho. Considerações sobre a necessidade de materiais modernos Materias que apresentem: Alto desempenho; Baixo peso e alta resistência; Resistência à altas temperaturas; Desenvolvimento de materiais que sejam menos danosos ao meio ambiente e mais fáceis de serem reciclados ou regenerados. Resumindo Cerâmicas (Iônica e covalente) Alta Energia de ligação Alta Tf Metais Ligação Metálica Energia de ligação variável moderada Tf Polímeros (Covalente e Secundaria) Ligações Secundárias dominam baixa Tf Ligações Química Exercícios:
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