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ARTIGO IRMÃS BRONTË

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AS IRMÃS BRONTË: AS VOZES FEMININAS QUE SE ERGUERAM NO SÉCULO XIX
Paula Aparecida Sapia Dutra
Introdução	
	Em uma época em que a mulher não tinha voz, três irmãs fizeram a diferença. Charlotte, Emily e Anne Brontë conseguiram conquistar seu espaço em um mundo literário machista por seu talento e inteligência. Mas nem tudo foi fácil. Suas vidas foram marcadas por tragédias e dificuldades, todos esses acontecimentos influenciaram não apenas suas vidas, mas também sua arte. No legado deixado por elas estão personagens femininas de forte caráter e determinação, de certa forma um reflexo da personalidade de suas criadoras. Sem ter intenção, as irmãs Brontë influenciaram na consolidação do papel da mulher na literatura e até mesmo na sociedade.
	As três irmãs viveram na Inglaterra em plena Era Vitoriana (1837- 1901), uma época em de grandes mudanças no país. Essas mudanças restringiu o papel da mulher apenas ao lar, como guardiã da família, da moral e da castidade. E assim surgiu a figura do “anjo do lar”. O perfil da mulher era centrado em sua pureza, delicadeza, passividade, submissão e beleza e sua vida era devotada a casa, compromissos sociais, organização de bailes, idas a igreja. 
	A educação das meninas era rígida, aprendiam a ler, escrever, fazer contas, tinham aulas de piano, desenho e línguas estrangeiras, aprendiam a dançar e a trabalhar com agulha. Foram educadas para servir e submeter-se aos homens. Como não tinham fortuna própria, a única forma de essa mulher submissa ter uma vida confortável era se casando, assim seu dote e sua vida saiam dos cuidados do pai para os cuidados do marido. O casamento era arranjado por sua família, que casava com quem seu pai lhe ordenasse. 
	Moças bem educada e de boa família, mas sem posse, se tornavam preceptoras. Esse foi o caso de Charlotte, Emily e Anne. Como as mulheres de alta classe não tinha tempo pra educar seus filhos, muitas famílias mandavam seus filhos pra colégios, mas a grande maioria preferia educar suas filhas em casa. A preceptora era geralmente uma prima distante ou filha de um sacerdote, como era o caso das Brontë. 
	Essa realidade foi tão marcante em suas vidas que Charlotte e Anne escreveram histórias em que relatavam suas experiências como preceptoras. Charlotte escreveu Jane Eyre e Anne escreveu Agnes Grey. 
	Apesar das três irmãs terem talentos equivalentes, Anne foi deixada de lado, pois seus livros não foram tão bem aceitos pela sociedade. Jane Eyre e Wuthering Heights são obras conhecidas do grande publico, assim como suas autoras, mas os romances escritos por Anne Brontë não são tão conhecidos.
A vida das irmãs Brontë
	Charlotte, Emily e Anne são filhas de Patrick Brontë e Maria Branwell. O pai era um pastor anglicano de origem irlandesa, seu sobrenome original era Brunty, mas ao ingressar em St. John’s College, Cambridge, adotou o sobrenome Brontë, que significa trovão em grego. Patrick era escritor também, publicou livros de poesia e prosa no período de 1810 a 1835, sem muito sucesso.
	O casal teve seis filhos, duas filhas mais velhas Maria e Elizabeth, Charlotte nasceu em 21 de abril de 1816, o único filho do casal teve era Patrick Branwell Brontë nasceu em 26 de junho de 1817, Emily nasceu em 30 de julho de 1818, Anne nasceu em 17 de janeiro de 1820.
	Em 1820, o pastor, sua mulher e seus filhos se estabeleceram em Haworth, Yorkshire. Pouco tempos depois, em 1821, a senhora Brontë faleceu, uma irmã solteira, Elizabeth Branwell, veio morar com a família pra ajudar na criação das crianças. Depois de quatro anos as duas filhas mais velhas do Sr. Brontë faleceram em decorrência de pneumonia que as atingiu enquanto estavam na escola
	Com a morte das meninas mais velhas, Patrick resolveu cuidar pessoalmente da educação dos filhos, assim tirou Charlotte e Emily da escola, a Clergy Daughters School, Cowan Bridge. Essencialmente, ele distribuía livros entre seus filhos e depois abria discussão sobre o que leram. Foi nessa época que Charlotte e seu irmão Branwell criaram o mundo imaginário de Angria e Emily e Anne criaram o mundo imaginário de Gondal, eles escreviam poemas e histórias relacionadas aos mundos criados. Dizem que Emily nunca abandonou o seu mundo imaginário e escreveu sobre ele até a sua morte.
	Como vislumbrava poucas chances de um bom casamento para suas filhas, Patrick Brontë planejou uma vasta educação para suas filhas poderem trabalhar como preceptoras. Charlotte foi enviada a Roe Head School, Dewsbury, e lá permaneceu por dois anos como aluna e três como professora (1831-1838). Nesse período Emily e Anne foram estudar nessa escola e foram alunas de Charlotte. 
	Depois desse período cada irmã foi trabalhar em lugares diferentes. Charlotte assumiu duas situações como preceptora, um por três meses e outro por seis meses. Emily trabalhou como professora em Law Hill School por seis meses. E Anne trabalhou como preceptora para duas famílias, com a primeira permaneceu um ano e com a outra permaneceu por cinco anos.
	Charlotte sugeriu as irmãs para que juntas abrissem uma escola em Haworth. A tia Branwell lhes ofereceu suporte financeiro e mandou ela e Emily para o Pensionato Héger, em Bruxelas, para que aprimorassem seu francês e alemão. Foi lá que Charlotte se apaixonou por seu professor Constantin Héger. As irmãs foram para ficar por dois anos, mas passados nove meses sua tia morreu e Emily voltou pra casa, mas Charlotte permaneceu.
	De volta a Haworth Charlotte acha alguns poemas escritos por Emily e tenta convencê-la a publicar, Anne, na tentativa de convencer a irmã, oferece seus poemas para serem publicados. Em 1846 foi publicado Poems by Currer, Ellis and Acton Bell, as autoras escolheram pseudônimos para que soassem mais masculino e assim mais atraente para os leitores em potencial. Apesar de ter recebido boas críticas, principalmente os poemas de Ellis, o livro foi um desastre comercial com apenas dois exemplares vendidos. No final de 1847, ainda sob seus pseudônimos, as três irmãs publicaram seus romances; Charlotte/Currer publicou Jane Eyre, Emily/Ellis publicou Wuthering Heights e Anne/Acton publicou Agnes Grey. O livro de Charlotte foi um sucesso imediato.
	Passado um ano, a vida da família foi atingida por uma sequência de tragédias, em setembro de 1848 Branwell morreu de tuberculose, consequência de uma vida regada a álcool e ópio. Três meses depois foi a vez de Emily falecer da mesma doença, adquirida durante o enterro do irmão. Quinze dias depois da morte de Emily, foi a vez de Anne ser diagnosticada com tuberculose, em uma tentativa de curar a ultima irmã que lhe restava Charlotte a levou para Scarborough, mas três dias depois de sua chegada Anne faleceu em Maio de 1849. Pouco antes de sua morte ela publica o romance The Tenant of Wildfell Hall que foi massacrado pela crítica devido a linguagem e as atitudes não convencionais da personagem principal.
	Charlotte ainda publica mais dois livros. Shirley em 1849 e Villette em 1853. Foi com a publicação de Shirley que público conheceu a verdadeira identidade da autora e Charlotte ganhou notoriedade nos círculos literários, com a publicação de Villette sua fama apenas aumentou. Ela passou a administrar o espólio cultural de suas irmãs já falecidas, cuidando pessoalmente da segunda edição dos livros das irmãs.
	Em 1852 recebeu um pedido de casamentos inesperado por parte de o pároco auxiliar de seu pai, Sr. Arthur Bell Nicholls. No início relutou em aceitar, mas devido à insistência dele acabou por aceitar. Contraíram núpcias em 29 de Janeiro de 1854. O casamento foi muito feliz, mas curto porque Charlotte faleceu no ano seguinte também de tuberculose quando estava nos primeiros meses de gravidez.
	Seu romance The Professor foi publicado postumamente em 1857 depois da aprovação de seu marido que editou e reviu a obra.
A arte é uma projeção da vida 
	Entrando em contato com as obras das irmãs Brontë foi impossível não notar o quanto a vida delas influenciou na criação de suas obras. Os fatos mais marcantes ficaram imortalizados nasua literatura.
	Charlotte não poupou suas experiências como preceptora quando escreveu Jane Eyre, assim como sua irmã Anne quando escreveu Agnes Grey. O romance de Anne é praticamente autobiográfico e linear, descreve a vida solitária e as humilhações sofridas por uma preceptora, deixando em segundo plano a trama amorosa.
	Já a trama de Charlotte é mais rica, além de abordar os aspectos da vida de uma preceptora, a autora se preocupou muito com a trama amorosa envolvendo a personagem principal e as reviravoltas que a vida dela teve no decorrer da história. Uma coisa que chama muita atenção é a descrição que ela faz da escola de Lowood onde a protagonista foi mandada na infância, a inspiração de Charlotte foi a escola onde ela e suas irmãs foram estudar, Clergy Daughters School em Cowan Bridge. O rigor do tratamento dado às alunas, com castigos físicos inclusive, aconteciam na escola. O surto de tuberculose que é narrado aconteceu durante o período em que ela estudou na instituição que culminou na morte de suas duas irmãs mais velhas, Maria e Elizabeth.
	O outro romance de Anne, The Tenant of Wildfell Hall, chocou a sociedade puritana inglesa porque contava a história de uma mulher que fugia do marido por não mais suportar os maus tratos e seu vício em álcool. A personagem do marido foi inspirada em seu irmão e sua vida desregrada que causava muito sofrimento e dor para ela e suas irmãs, Branwell era viciado em álcool e ópio e acabou morrendo em decorrência disso.
	 Quando Charlotte se dedicava ao manuscrito de Shirley perdeu seus três irmãos e por isso a história sofreu modificações em decorrência dessas tragédias. O romance reflete bem esse período tem o foco mal direcionado, é mais angustiante, cheio de dúvidas. Acredita-se que as personagens principais foram inspiradas em suas irmãs, Caroline Helstone foi baseada em Anne e Shirley Keeldar em Emily. Recebeu as mais variadas críticas e menos elogios, principalmente em comparação a Jane Eyre, mas os críticos reconheceram sua originalidade.
	Quando escreveu The Professor e Villette, Charlotte representou o período da sua vida em que permaneceu no Pensionato Héger por dois anos. Apesar de o romance The Professor ter sido publicado postumamente, ele foi escrito antes de Jane Eyre, mas foi rejeitado pelas editoras. Charlotte então trabalhou novamente e em cima do material fez a base do romance Villette, Esse é considerado o romance mais maduro e complexo da autora. Com medo de ser julgada, Charlotte pede para publicar o romance de forma anônima, nessa época ela já era reconhecida por suas obras literárias. Acredita-se que a personagem do professor M. Paul Emanuel de Villette foi baseado em Constantin Héger, dono do pensionato em que estudou. 
	Charlotte deixou um romance inacabado, Emma, que foi publicado em fragmentos em 1860.
	Um fato comum nas obras de Anne e Charlotte é a presença de personagens religiosas, como clérigos, uma homenagem ao pai que dedicou a sua vida a Igreja.
	Emily, ao contrário de suas irmãs, escolheu transcender a sua realidade. Os traços metafísicos de seus poemas e de seu romance é o que faz a diferença nos escritos de Emily e faz com que ela oscile entre o mundo espiritual e o mundo real. Um dos motivos que fez a poesia dela atingir o grau metafísico foi a saudade que sentia de casa e das cenas domésticas enquanto estava trabalhando longe. Mas Bentley discordava do que os demais estudiosos diziam sobre os escritos de Emily, para ele: 
“Tem estado na moda chama-la metafísica, mas eu prefiro chama-la de panteísta; ela viu o universo como um todo..., a natureza do ser e o próprio Deus todos como parte de uma grande harmonia... ela escreve com uma certeza majestosa e quase casual.” (Bentley 1979 apud Prof. Ms. Daise Lilian Fonseca Dias)
A luta pelo seu espaço
	Sabemos quão limitada eram as perspectivas das mulheres no século XIX. Eram criadas apenas para serem subservientes ao pai, ao marido ou, como no caso das irmãs Brontë, servir a família que a contratava como preceptora. Almejar uma vida independente era praticamente impossível, uma vez que eram condicionadas a servir.
	Como foi dito no começo desse trabalho, a educação das mulheres era limitada, tinham acesso à educação formal, mas com menos disciplinas no currículo e nenhuma delas chegava a Universidade. Eram educadas em casa ou em escolas e isso era apenas para se tornarem boas donas de casa.
	Assim, o fato de uma mulher escrever romances não era bem vista pela sociedade que era tradicionalmente masculina e patriarcal. Não havia muitas mulheres que chegavam a publicar livros, apesar de que nessa época Jane Austen já havia publicado todos seus romances. As autoras não compunham o cânone literário ocidental. 
	Os escritos de mulheres sofriam preconceito, os assuntos eram considerados domésticos demais. Os críticos da época baseavam seu julgamento no acesso limitado que as mulheres tinham. Os assuntos abordados pelas autoras tinham ligação ao seu universo, sobre as limitações de seu espaço. Tratava-se de um protesto contra as imposições culturais que sofriam. 
	O diferencial na vida das irmãs Brontë é que o estimulo que tiveram dentro de casa. Seu pai os incentivava a ler e depois discutia sobre os assuntos abordados no livro, desenvolvendo assim uma consciência crítica em seus filhos. O hábito da escrita surgiu assim que aprenderam a ler. A grande influência que elas tinham eram os Cânones Tradicionais da literatura, como o pai tinha uma extensa biblioteca em casa não era difícil dispor dos exemplares, muitas vezes recorriam aos exemplares que o jornal da cidade tinha.
	As mulheres escritoras encontravam uma forte resistência dentro da própria casa com relação a ter uma carreira literária, a forma que acharam para conseguir publicar seus escritos foi a utilização de pseudônimos. Para publicar seus livros Charlotte, Emily e Anne também fizeram uso de pseudônimos. Esse recurso era utilizado para permanecerem no anonimato, como era o caso da maioria, e em outros casos, como o das irmãs Brontë, para que o que suas obras fossem analisadas de forma justa pela crítica. 
	Com o passar do tempo, as obras escritas por mulheres foram bem aceitas porque trazia certo “frescor” à literatura, essas obras eram uma alternativa a tradição, por isso causava desconforto aos que controlavam a produção cultural da época. Os romances escritos por mulheres se tornaram sinônimo de sucesso, inclusive alguns autores passaram a adotar um pseudônimo feminino para aproveitar o sucesso.
	É importante ressaltar que Charlotte, Emily e Anne foram importantes para a consolidação do papel da mulher na tradição literária. Elas conseguiram ser respeitadas e admiradas pela sua qualidade de seus trabalhos, mostrando que independentemente de gêneros é possível produzir uma literatura de qualidade. Essas mulheres conquistaram seu espaço no Cânone Literário Ocidental.
As Irmãs Brontë e a questão feminista
	É impossível afirmar se as irmãs Brontë tinham a intenção de serem associadas às questões feministas, aparentemente elas não tinham envolvimento com a militância ou se quer tinham consciência feminista. Mas não há como negar que a obra Jane Eyre é considerada um marco na teoria e crítica feminista.
	As irmãs abordam a figura feminina livre de qualquer estereótipo pré-estabelecido pela tradição literária. São mulheres muito distintas e com forte personalidade que lutaram para manter suas convicções. Cada irmã aborda a figura feminina de uma forma e diferentes graduações do ideal feminista, um reflexo da personalidade de cada uma delas. Analisando as obras de cada uma delas é possível perceber essas nuances feministas que compõem os romances das irmãs inglesas.
	Começando pelo romance de Emily, Wuthering Heights, percebe-se que ela, apesar de ser a mais dramática, é a menos feminista das irmãs. Nota-se forte influência da literatura gótica principalmente quando é descrita a charneca onde se passa a história, é o que dá o tom sombrio, no limiar da insanidade. O amor doentio entre Catherinee Heathcliff demonstra uma relação de igualdade entre a personalidade e o ego dessas duas personagens, não há a superioridade do homem ou da mulher nessa relação. Eles são muito expressivos e violentos em suas paixões e praticamente se tratam como iguais durante toda a narrativa. A filha de Catherine, Cathy, com seu jeito impetuoso e teimoso, mas também inteligente e meiga consegue passar por todo tipo de dificuldade sem ser inferiorizada. Resumindo a história de Emily a teoria feminista fica a rebeldia daquelas mulheres que sempre procuraram seu bem estar acima dos interesses de família ou da mora da época.
	Como foi dito anteriormente, a obra de Charlotte Jane Eyre é um marco da crítica feminista. A personagem título da obra é dona de uma filosofia e religião própria e se mantem fiel aos seus princípios até o fim. Ao mesmo tempo em que se mantem firme em suas convicções, nota-se certo controle por parte do Sr. Rochester e nesse momento é que a personagem demonstra complexos de inferioridade, esvaziando a sua vivacidade. Devido aos acontecimentos de sua vida ela perde um pouco da humanidade, mas ao mesmo tempo é o que a fez uma mulher independente e que não se deixa ser manipulada por outros. Ao ler ao romance conseguimos notar em algumas falas, principalmente quando Jane se declara ao Sr. Rochester, uma noção de igualdade da qual ela é consciente. Charlotte quis demonstrar que uma mulher sempre se deparará com regras sociais, mas precisa ter coragem para transpô-las em busca da sua felicidade. Charlotte apenas concede o tão esperado final feliz a sua personagem quando esta recebe uma inesperada herança, tornando assim igual ao Sr. Rochester como era antes em espírito. Na concepção da autora a fortuna consegue dar à mulher a liberdade que a sociedade tira.
	Das irmãs Anne foi a que escreveu o romance mais ligado ao feminismo, ele expunha uma verdade crua e rasgada sobre as uniões que aconteciam na Inglaterra vitoriana. Sua obra chocou toda a sociedade da época e chocou inclusive sua irmã Charlotte que não permitiu que fosse novamente publicada após sua morte. O romance que chocou é The Tenant of Wildfell Hall, que conta a história Helen, uma moça que fez todas as escolhas erradas possíveis. Ela contraria a família quando decide se casar com Arthur, um jovem rico, mas ébrio, que a família não aprova. Tudo eram flores até o nascimento do seu primeiro filho, depois Arthur se torna agressivo e a trai. Ao descobrir a traição, Helen bate a porta do quarto na cara do marido - essa passagem do livro causou escândalo porque uma mulher não poderia fazer isso com marido, ela tinha que aceitar e se resignar. Assim toma outra atitude corajosa, ela resolve fugir do marido, levando apenas o filho e uma empregada de confiança, se mantendo com as economias provenientes do seu trabalho como pintora quadros. Refugia-se em uma pequena cidade, onde conhece Gilbert, por quem se apaixona, mas com quem não tem nada até a morte do marido. Ao ficar viúva ela volta a procurar Gilbert e, numa atitude corajosa para uma mulher, confessa que gostaria de ficar com ele. No romance Anne, com muita coragem, expõe toda a hipocrisia da sociedade inglesa do século XIX e vai revelando as máscaras e amarras que escondem toda a imoralidade existente. A personagem Helen demonstra que todos nós temos direito a fazer escolhas, sendo elas erradas ou não, que podemos aprender com nossos erros e continuar tentando acertar. 
	Feminismo significa igualdade e liberdade, independente de quem quer que seja. Todos tem o direito de fazer o que bem quer contanto que arque com as consequências de seus atos, fora isso que as personagens das obras supracitadas fizeram. E seu legado foi importante para impulsionar o início da luta das mulheres por seu espaço na sociedade. 
Conclusão
	Independente de Charlotte, Emily e Anne Brontë serem militantes ou não da causa feminista não podemos deixar de conferir a elas o título de grandes expoentes da literatura feminina. Elas deixaram o exemplo que talento independe de gênero e através de suas personagens demonstram que as mulheres têm direito de buscar sua felicidade.
	Ajudaram a conquistar espaço para as mulheres na literatura e na sociedade da Inglaterra do século XIX, com isso as mulheres batalharam e começaram a conquistar alguns direitos, como o de possuir propriedade em seu nome, ter a guarda dos filhos, acesso a educação universitária e consequentemente direito a ter uma profissão e após a Primeira Guerra Mundial conquistaram o direito ao voto. Ainda abriram negócios, sindicatos e escreveram Best-Sellers.
Referências Bibliográficas:
DIAS, Daise L. F. As irmãs Brontë e a luta pela autoria, 2007.
DIAS, Daise L. F. A poesia de Emily Brontë
CAVENDISH, Márcia. Anne Brontë: A voz esquecida da literatura inglesa, 2006.
ATIHE, Eliana B. A. Uma educação da alma: literatura e imagem arquetípica, 2007.
FERREIRA, Carla A. Villette e Charlotte Brontë: uma tentativa em direção a visibilidade, 2010.
BRONTË PARSONAGE MUSEUM, The Brontë Society, Disponível em: http://www.bronte.org.uk/. Acesso em 08 de Janeiro de 2014.
WEB ARTIGOS, A mulher na sociedade vitoriana, Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-mulher-na-sociedade-vitoriana/52298/. Acesso em 15 de Janeiro de 2014.
CAMPOS, D. D. O feminismo e as irmãs Brontë: sua importância para a figura feminina no mundo e na literatura, Literatortura, Outubro, 2013. Disponivel em: http://literatortura.com/2013/10/feminismo-irmas-bronte-importancia-figurina-feminina-mundo-literatura/. Acesso em 30 de Janeiro de 2014.

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