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11 3. GESTÃO DE PESSOAS 3.1 INTRODUÇÃO O Conceito da Gestão de Pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam grande parte de suas vidas dentro das organizações e estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar sucesso. Separar o trabalho da existência das pessoas é quase impossível devido o impacto que nelas provoca. Sendo assim, as pessoas dependem das organizações onde trabalham para atingirem seus objetivos pessoais e individuais. Crescer na vida e ser bem sucedido quase sempre significa crescer dentro das organizações. De outro lado, as organizações dependem direta e irremediavelmente das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, atender seus clientes, competir nos mercados e atingir suas metas. Cada uma das partes depende da outra. Uma relação de mútua dependência na qual há benefícios recíprocos. Sendo assim, fica difícil estabelecer uma separação entre o comportamento das pessoas e o das organizações. As organizações funcionam através das pessoas que delas fazem parte, que decidem e agem em seu nome. Vários termos são utilizados para definir as pessoas que trabalham nas organizações: funcionários, empregados, pessoal, trabalhadores, associados, talentos humanos, capital humano, capital intelectual etc. As organizações apresentam uma grande variedade: indústrias, comércio, bancos, hospitais, universidades, financeiras, prestadoras de serviços etc. Podem ser grandes, médias e pequenas. Podem ser públicas ou privadas quanto à sua propriedade. Vivemos em uma sociedade de organizações. Até pouco tempo o relacionamento entre as organizações e as pessoas era antagônico. Acreditava-se que os objetivos das organizações – lucro, produtividade, eficácia, maximização de aplicação de recursos físicos e financeiros, 12 redução de custos – eram incompatíveis com os objetivos das pessoas – melhores salários e benefícios, conforto no trabalho, lazer, segurança, desenvolvimento e progresso pessoal. A solução era do tipo ganhar-perder: se uma parte leva tudo a outra fica sem, ou quase sem, nada. Se uma parte ganha mais, ela o faz à custa da outra. Verificou-se que, se a organização quer alcançar seus objetivos da melhor maneira possível, ela precisa saber canalizar os esforços das pessoas para que também atinjam os seus objetivos individuais e que ambas as partes saiam ganhando. A solução: ganhar-ganhar, no jogo de interesses, é a preferida. Trata-se de uma solução que requer negociação, participação e esforços. Chegamos então no contexto da Gestão de Pessoas. Resumindo: as organizações dependem das pessoas para atingirem seus objetivos e cumprir sua missão. Para as pessoas, as organizações constituem o meio pelo qual elas podem alcançar seus objetivos pessoais. Termos como empregabilidade e empresabilidade são usados para mostrar, de um lado, a capacidade das pessoas de conquistar e manter seus empregos e, de outro, a capacidade das empresas para desenvolver e utilizar as habilidades intelectuais e competitivas de seus membros. Executar serviços de recrutamento e seleção, treinamento e remuneração, higiene e segurança do trabalho e relações sindicais já não são suficientes. Atualmente a nova ordem é a competitividade da empresa através da qualidade e da produtividade das pessoas. A inovação é necessária para a melhoria contínua da organização. Tudo começou com a necessidade de contabilizar os registros dos trabalhadores das horas trabalhadas, faltas e atrasos para efeitos de pagamento ou de desconto. Neste campo, pouco ou quase nada mudou. O “capo del personale”; “personnel chief” ou “chefe de pessoal” do início do século XIX tinham em comum, tanto na Itália quanto nos Estados Unidos e no Brasil, as mesmas características: uma pessoa inflexível, seguidora das leis e 13 totalmente fria na hora de demitir alguém. Ser chamado ao departamento de pessoal era sinônimo de receber o “bilhete azul”. As grandes organizações são as responsáveis pelas primeiras mudanças. Acabaram por patrocinar estudos e pesquisas na área acadêmica que fizeram com que houvesse uma valorização de novas posturas de comando como forma de conseguir aperfeiçoar os resultados produtivos das organizações. Começou a surgir, a partir do desenvolvimento dos processos, métodos e normas de trabalho, o interesse no estudo de alguns fenômenos colaterais observados no campo da psicologia organizacional e da sociologia do trabalho, principalmente no que tange ao comportamento homem. 3.2 CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS Gestão de Pessoas é a função que visa a cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais. É uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Depende de vários aspectos como: a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adotada, as características do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e outras variáveis. Constitui uma evolução das áreas designadas no passado como Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração de Recursos Humanos. Essa última aparece no final do século XX junto com outras que vêm se popularizando como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros e Gestão do Capital Humano. A expressão Gestão de Pessoas visa substituir Administração de Recursos Humanos, que ainda é a mais comum entre todas as utilizadas nos tempos atuais. Os argumentos a favor dessa mudança de nomenclatura ressaltam que o termo ARH é muito restritivo, pois implica a percepção das pessoas que 14 trabalham numa organização apenas como recursos, ao lado dos recursos materiais e financeiros. Alguns autores, adeptos da Gestão de Pessoas, procuram designar as pessoas que trabalham nas organizações, não mais como empregados, mas como cooperadores ou parceiros. É importante ressaltar que a adoção deste ou de qualquer outro nome, por si só, não indica o que de fato as organizações fazem ou querem fazer. Administração de Recursos Humanos (ARH) ou Gestão de Pessoas é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensa, desenvolvimento e avaliação de desempenho. ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento. ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações. ARH é a função na organização que está relacionada com provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados. 3.3 OBJETIVOS As organizações bem sucedidas estão percebendo que somente podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de aperfeiçoar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros, principalmente o dos empregados. As pessoas podem ampliar ou limitar as forças e fraquezas de uma organização, dependendo da maneira como elas são tratadas. Os objetivos da Gestão de Pessoas são variados. Deve contribuir para a eficácia organizacional através dos seguintes meios: 15 a) Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão: Antigamente o fazer corretamente as coisas através dos métodos e regras impostos aos funcionários era suficiente para se obter eficiência. O salto veio com a preocupação em atingir objetivos e resultados. Sem se conhecer os negócios de uma organização não se pode imaginar a função de RH. O principal objetivo da ARH é ajudar a organização a atingir suas metas, objetivos e realizar sua missão. b) Proporcionarcompetitividade à organização: Saber empregar as habilidades e capacidades da força de trabalho. A função da ARH é fazer com que as forças das pessoas sejam mais produtivas para beneficiar clientes, parceiros e empregados. c) Proporcionar à organização empregados bem treinados e motivados: Dar reconhecimento às pessoas e não apenas pagamento. As medidas de eficácia da ARH – e não apenas a medida do chefe - é que devem proporcionar as pessoas certas na fase certa do desempenho de um trabalho e no tempo certo para a organização. d) Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados no trabalho: As pessoas passam boa parte de seu tempo no trabalho e isto requer uma estreita identidade com o trabalho que fazem. Empregados satisfeitos não são necessariamente os mais produtivos, mas empregados insatisfeitos tendem a sair da empresa, a faltar mais e produzir pior qualidade em seu desempenho. e) Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho: Um programa de qualidade de vida no trabalho (QVT) procura estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido de satisfazer boa parte das necessidades do trabalhador e tornar a organização um lugar desejável e atraente. f) Administrar a mudança: Mudanças tecnológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas trazem novas abordagens para as organizações. Os profissionais de ARH devem saber lidar com as mudanças cujas soluções impõem novas estratégias, programas, procedimentos e soluções. g) Manter política ética e comportamento social responsável: Toda atividade deve ser aberta, confiável e ética. Os princípios éticos devem ser aplicados em todas as atividades da ARH e a responsabilidade social não é uma exigência feita somente sobre as organizações, mas também, e principalmente, às pessoas que nelas trabalham. 3.4 ASPECTOS FUNDAMENTAIS A tendência que se nota nas organizações bem sucedidas é de não mais administrar recursos humanos, nem mais administrar as pessoas, mas, sobretudo, administrar com as pessoas. Estas constituem um fator de competitividade, da 16 mesma forma que o mercado e a tecnologia. Neste novo conceito, ressaltam três aspectos fundamentais: a) As pessoas como seres humanos profundamente diferentes entre si, dotados de personalidade própria, com história particular e diferenciada, possuidores de habilidades e conhecimentos, destrezas e capacidades indispensáveis à adequação gestão de recursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não como meros recursos da organização. b) As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais que são elementos impulsionadores da organização e capazes de dotá-la da inteligência, do talento e da aprendizagem indispensáveis em um mundo com constante renovação e competitividade, cheio de mudanças e desafios. Pessoas como fonte de impulso e não como agentes passivos. c) As pessoas como parceiros das organizações, capazes de conduzi-la a excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimento na organização (esforço, dedicação, responsabilidades, comprometimento etc.) na expectativa de colherem retorno (salários, incentivos, crescimento profissional, carreira etc.). Qualquer investimento se justifica quando traz retorno. À medida que o retorno é sustentável, a tendência será o aumento do investimento. 3.5 AS PESSOAS COMO PARCEIROS NAS ORGANIZAÇÕES Atualmente as organizações estão ampliando sua visão e atuação estratégica. Todo processo produtivo só é realizado com a participação conjunta de diversos parceiros, cada um contribuindo com algum recurso. Os fornecedores contribuem com matéria-prima, insumos básicos, serviços e tecnologias. Os acionistas e investidores contribuem com capital e investimentos que permitem o suporte financeiro para a aquisição de recursos. Os empregados contribuem com seus conhecimentos, capacidades e habilidades, proporcionando decisões e ações que dinamizam a organização. Os clientes e consumidores contribuem adquirindo seus bens ou serviços colocados no mercado. Os parceiros contribuem com algo na expectativa de obter retorno pela sua contribuição. As alianças estratégicas constituem meios pelo qual a organização obtém a inclusão de novos e diferentes parceiros para consolidar e fortificar seus negócios e expandir suas fronteiras. 17 Os acionistas e os investidores eram, até há pouco tempo, os mais privilegiados na distribuição e apropriação dos resultados organizacionais. Atualmente isto está sendo substituído por uma visão mais integrada a todos os parceiros do negócio, já que são todos indispensáveis para o sucesso da empresa. Sendo o empregado o parceiro mais íntimo, por estar dentro da organização, fica a pergunta: Pessoas como recursos ou como parceiros? 3.6 PESSOAS COMO RECURSOS OU COMO PARCEIROS Os empregados podem ser tratados como recursos produtivos: os chamados recursos humanos. Como tal, eles precisam ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas atividades. Neste sentido as pessoas são parte do patrimônio físico na contabilidade da organização. Sendo vistas como parceiros elas são fornecedores de conhecimentos, habilidades, capacidades e, sobretudo o comprometimento. Desse modo as pessoas constituem o capital intelectual. As empresas se deram, ou estão se dando, conta disso e tratam seus funcionários como parceiros do negócio e não mais como simples empregados contratados. Fonte: CHIAVENATO, I dalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos hum anos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 7 Pessoas com o Recursos Pessoas com o Parceiros Empregados isolados nos cargos Horário r igidamente estabelecido Preocupação com norm as e regras Subordinação ao chefe Fidelidade à organização Dependência da chefia Alienação em relação à organização Ênfase na especialização Executores de tarefas Ênfase nas dest rezas m anuais Mão-de-obra Colaboradores agrupados em equipes Metas negociadas e compartilhadas Preocupação com resultados Vinculação à missão e à visão Atendim ento e sat isfação do cliente I nterdependência ent re colegas e equipes Part icipação e comprom et im ento Ênfase na ét ica e na responsabilidade Fornecedoras de atividade Ênfase no conhecim ento I nteligência e talento
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