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DIMENSIONAMENTO DE UM MODELO PROTÓTIPO DE UM VEÍCULO DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA, COM MOTORES LINEARES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS Realizado por: Rui Agostin Gonçalves Jardim,Nº10239 Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 1 ÍNDICE AGRADECIMENTOS....................................................................................................3 1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................4 1.1 SUMÁRIO ............................................................................................................................................4 1.2 HISTÓRIA............................................................................................................................................4 1.3 DESCRIÇÃO DA LEVITAÇÃO MAGNÉTICA ...........................................................................................6 1.4 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO MLI ............................................................................................9 1.5 TOPOLOGIA DA MÁQUINA LINEAR.....................................................................................................10 1.6 CLASSIFICAÇÃO DE USO....................................................................................................................10 1.7 CLASSIFICAÇÃO GEOMÉTRICA ..........................................................................................................11 1.8 VANTAGENS DOS MOTORES LINEARES ..............................................................................................12 1.9 MODELO EQUIVALENTE DO MOTOR LINEAR......................................................................................13 2. PERDAS DO MOTOR LINEAR DE INDUÇÃO ..................................................15 2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................15 2.2 PERDAS POR EFEITO DE JOULE ..........................................................................................................17 2.3 PERDAS POR CORRENTES DE FAUCOULT ...........................................................................................18 2.4 PERDAS POR HISTERESE MAGNÉTICA................................................................................................20 3. FACTOR DE QUALIDADE ....................................................................................23 3.1 DEFINIÇÃO........................................................................................................................................23 3.2 RELACIONAMENTO DO FACTOR QUALIDADE COM OS PARÂMETROS CONSTRUTIVOS DA MÁQUINA ...25 4. FORÇAS EXISTENTES NO MOTOR LINEAR DE INDUÇÃO........................27 4.1 FORÇA LONGITUDINAL .....................................................................................................................27 4.2 FORÇA DE ATRACÇÃO.......................................................................................................................31 5. CAMPO VIAJANTE.................................................................................................33 5.1 CRIAÇÃO DE UM CAMPO GIRANTE MAGNÉTICO NUM ESTATOR TRIFÁSICO ........................................33 5.2 CAMPO VIAJANTE NUM ESTATOR LINEAR TRIFÁSICO ........................................................................35 5.3 VELOCIDADE SÍNCRONA DO CAMPO VIAJANTE..................................................................................48 6. CONTROLO DE VELOCIDADE ...........................................................................50 6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................50 6.2 CONTROLO DA TENSÃO DO ESTATOR ................................................................................................51 6.3 CONTROLO DA TENSÃO DO ROTOR....................................................................................................52 6.4 CONTROLO DA FREQUÊNCIA .............................................................................................................53 6.5 CONTROLO DA TENSÃO E FREQUÊNCIA DO ESTATOR.........................................................................54 6.6 CONTROLO DA CORRENTE ................................................................................................................55 7. APLICAÇÕES...........................................................................................................56 7.1 ESTRADAS ELÉCTRICAS ....................................................................................................................56 7.2 PARQUES DE DIVERSÃO ....................................................................................................................59 7.3 MONOCARRIL...................................................................................................................................60 7.4 PORTAS AUTOMÁTICAS COM MOTORES LINEARES.............................................................................61 7.5 TRANSPORTE AEROESPACIAL ...........................................................................................................62 7.6 SISTEMA DE EXTRACÇÃO DE PETRÓLEO ............................................................................................64 7.7 ELEVADORES ....................................................................................................................................64 7.8 TECNOLOGIAS MAGNETIC LEVITATION (MAGLEV) ..........................................................................66 8. RESULTADOS EXPERIMENTAIS .......................................................................71 8.1 ENSAIOS DA FORÇA DESENVOLVIDA PELO MOTOR LINEAR................................................................71 8.1.1 Resultados experimentais (chapa rotórica de alumínio maciço ) ............................................72 Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 2 8.1.2 Resultados experimentais (chapa rotórica de alumínio flexível ) ............................................74 8.2 ENSAIOS EM VAZIO DO MLI POR ESTATOR .......................................................................................76 8.2.1 Resultados experimentais em vazio..........................................................................................77 8.3 ENSAIO COM A CHAPA ROTÓRICA BLOQUEADA DO MLI POR ESTATOR .............................................79 8.3.1 Resultados experimentais com a chapa rotórica bloqueada....................................................79 8.4 PERDAS NO MLI ...............................................................................................................................85 8.4.1 Calculo das perdas por efeito de Joule....................................................................................85 8.4.2 Calculo das perdas por histerese magnética por estator.........................................................89 8.4.3 Calculo das perdas por correntes de Foucault por estator .....................................................90 8.4.4 Perdas totais do MLI ...............................................................................................................918.5 RELAÇÃO FORÇA/PESO-CORRENTE ..................................................................................................92 8.5.1 Resultados experimentais (com chapa rotórica de alumínio maciço) .....................................94 8.5.2 Resultados experimentais (com chapa rotórica de alumínio flexível) .....................................96 8.6 RELAÇÃO FORÇA/ESCORREGAMENTO ..............................................................................................98 8.6.1 Calculo da resistência equivalente da chapa rotórica por fase (R2) referida ao estator.........98 8.6.2 Gráfico Força/Escorregamento ...............................................................................................99 9. CONSTRUÇÃO DO MODELO PROTÓTIPO DE UM VEÍCULO DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA.................................................................................... 101 9.1 MODELO 1 ......................................................................................................................................101 9.2 MODELO 2 ......................................................................................................................................102 9.3 COMPARAÇÕES ENTRE OS DOIS MODELOS.......................................................................................102 10. ESQUEMA ELÉCTRICO DO MODELO PROTÓTIPO DE UM VEÍCULO DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA ............................................................................. 104 11. CONCLUSÕES TÉCNICAS................................................................................105 12. CONCLUSÕES......................................................................................................107 13. PERSPECTIVAS FUTURAS...............................................................................110 14. ANEXOS ................................................................................................................111 14.1 ANEXO 1.......................................................................................................................................111 14.2 ANEXO 2.......................................................................................................................................117 14.3 ANEXO 3.......................................................................................................................................123 14.4 ANEXO 4.......................................................................................................................................126 14.5 ANEXO 5 (GALERIA DE FOTOS) .....................................................................................................127 15. BIBLIOGRAFÍA ...................................................................................................131 Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 3 Agradecimentos Ao meu orientador de projecto, Prof. A. Leão Santos Rodrigues, pelo seu apoio, incentivo e disponibilidade e pela sua inconfundível qualidade como docente e pessoa, que muito contribuiu para que este projecto pudesse ser realizado. À todos os docentes da secção de Máquinas eléctricas, pelos ensinamentos e apoios transmitidos durante este curso. Aos meus pais, pelo seu incentivo e, ao mesmo tempo, pelo sacrifício que suportam devido à minha longa ausência no seio da nossa família. À minha irmã, Domitilia, pela força e grande coragem que sempre me transmitiu em todos os momentos, bons e maus, no decorrer do meu Curso Universitário, bem como pela revisão do manuscrito final. Um agradecimento também especial às instituições que me apoiaram financeiramente ao longo destes cinco anos e que muito contribuíram na minha formação académica; sem eles não seria possível chegar até onde cheguei: Câmara Municipal da Calheta, Fundação Berardo, Governo Regional da Madeira, PRODEP III, Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal. A todos o meu reconhecimento sincero e o meu muito obrigado.... Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 4 1. INTRODUÇÃO 1.1 Sumário O projecto desenvolvido, está inserido na disciplina de projecto da Licenciatura em Engenharia Electrotecnia de Computadores, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa. Tem como objectivo o desenho e concepção de um modelo protótipo de um veículo de levitação magnética, através da utilização de motores lineares de indução trifásicos. O presente projecto final de curso encontra-se estruturado em capítulos, numerados de 1 a 15. Abordando-se nos capítulos iniciais (1 a 7) os aspectos teóricos mais relevantes ao funcionamento do motor linear de indução, bem como a sua história e aplicações. Nos capítulos seguintes apresentam-se, aspectos relacionados com os ensaios efectuados aos motores (em vazio, em carga e de força), resultados, construção da estrutura e conclusões. 1.2 História O primeiro conceito de um motor linear eléctrico tem mais de 150 anos. O primeiro motor linear foi patenteado em 1841 por Wheatstone. O primeiro MLI foi patenteado em 1890. Muitas da patentes que se seguiram foram utilizadas para propulsão na industria têxtil, isto entre 1895 e 1940. Em 1905 foram propostos dois projectos de tracção onde se utilizavam MLI. Em 1923, foi apresentado, em Nova Iorque, um passeio rolante accionado por um MLI, o qual ligava o “Grand Central Terminal” á “Times Square”. Em 1945 a “Westing House Company of America” construiu um MLI com uma velocidade síncrona de 100m/s, o qual foi utilizado para acelerar aviões na sua descolagem, figura 1.1. Este aparelho denominado de “Electropult” podia desenvolver uma força de arranque de 75600 N, e tinha a capacidade de acelerar uma massa de 5 toneladas aos 185 km/H em apenas 4.2 segundos. Este motor de rotor longo, tinha um secundário (rotor) de 1600 metros. Para o parar, desligava-se o primário da fonte de alimentação trifásica e impunha-se uma desaceleração aplicando frenagem dinâmica (introduziam-se 10kA de corrente contínua por fase). Figura 1.1.- “Electropult” construída pela “Westing House Company of America” Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 5 Os progressos na construção de reactores nucleares exigiam bombas eficientes para metais líquidos tais como o sódio, sódio-potássio, etc. Nos finais dos anos 50, foram desenhadas as primeiras bombas de indução para metais líquidos. Já no início dos anos 60, foram construídos vários dispositivos para simulação de colisões de automóveis. Estes dispositivos eram responsáveis pela aceleração do automóvel, executando-se nessa altura testes de colisão á velocidade de 100km/h. Figura 1.2.- Veículo teste pela Universidade de Manchester (1961) Figura 1.3.- Veículo teste pela “Gorton Loco Works”, Manchester (1962) Uma das áreas de maior aplicação do MLI é em sistemas de transporte de alta velocidade, sistemas esses denominados de sistemas de levitação magnética. Desde os anos 70 que o Japão tem construído protótipos capazes de atingir velocidades elevadas. Estes veículos, são levitados magneticamente e são capazes de atingir velocidades superiores a 500km/h. Num sistema deste tipo, o conjunto linha-veículo constitui motor linear de indução. Os comboios de alta velocidadelevitados magneticamente são hoje em dia uma realidade, existindo já veículos destes desenvolvidos pelo Japão e pela Alemanha. Comercialmente, só agora se começam a implementar os primeiros projectos de comboios de alta velocidade, uma vez que só agora estão testadas todas as condições técnicas e de segurança para que isso possa acontecer. Com o avanço verificado nos materiais supercondutores, o avanço na área dos dispositivos accionados por motores lineares tem vindo a aumentar, e este é um dispositivo com futuro no domínio dos accionamentos. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 6 1.3 Descrição da Levitação Magnética A experiência do “anel saltador” tem sido usada para ilustrar alguns dos princípios fundamentais da indução electromagnética. O dispositivo consiste numa simples bobina com um núcleo alongado em material ferromagnético laminado, com o que esta representado na figura 1.4. Figura 1.4.- Experiência do “anel saltador” Quando o anel de material condutor eléctrico e não magnético (cobre ou alumínio) é colocado de forma a abraçar o núcleo e uma tensão alternada é bruscamente aplicada á bobina observa-se que o anel salta fora do núcleo, atingindo alguns metros de altura. O fenómeno pode explicar-se atendendo ao teorema da conservação de fluxo. Antes de ligar a bobina o fluxo através do anel é φ0=0. Ao ligar a bobina o fluxo φ através do anel induz nele uma f.e.m dt de Φ= . Que dá origem no anel de resistência R e auto-indução L a uma corrente i tal que dt diLiR dt d +=Φ . . Admitindo que R=0 e L=0 vem 0=Φ dt d e portanto φ=Const. Deste modo o anel “exige” constantemente um fluxo nulo e como devido ao regime transitório o fluxo inicial é elevado, o anel reage afastando-se violentamente da fonte que gera o fluxo (bobina) de forma a ser atravessado por um fluxo nulo. Porém, ao atingir-se o regime forçado na bobina, se o anel voltar a ser colocado no núcleo ele fica a levitar. Isto porque efectivamente o anel tem uma certa resistência e auto-indução (ou constante de tempo L/R) induzindo-se então nele uma certa corrente necessária para cobrir as suas perdas de Joule (Ri2) e criar um fluxo antagónico ao fluxo produzido pela Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 7 bobina primária. A força de repulsão entre os dois fluxos é tal que equilibra o peso do anel. Daqui conclui que as correntes na bobina e no anel estão em oposição, como é conhecido da teoria do transformador. O anel não fica porém centrado com o eixo do dispositivo, isto é, não é possível sustentá-lo sem o contacto físico com o núcleo, apresentando portanto instabilidade. O mesmo sucede com a repulsão entre dois magnetos permanentes. A razão desta instabilidade pode compreender-se facilmente a partir do dispositivo indicado em (a) da figura 1.5, que é em tudo idêntico ao do anel saltador, simplesmente o núcleo central foi reduzido. Figura 1.5.- Nova configuração do “anel saltador” O anel pode ainda ser substituído por um disco condutor e colocado sobre a superfície do ferro continuando a existir força de sustentação como indica em (b) da figura anterior. Porém, nesta configuração é relativamente fácil demonstrar que o sistema é instável. A figura seguinte mostra que se o disco não estiver perfeitamente centrado com eixo magnético da bobina, as forças exercidas radialmente não são simétricas e o disco será projectado lateralmente. O sistema é portanto instável. Figura 1.6.- Demonstração da instabilidade do disco A estabilidade do disco pode no entanto ser conseguida á custa de outra bobina colocada concentricamente com a primeira e atravessada por uma corrente I2 desfasada da corrente I1 de modo a criarem campos viajantes que se propagam radialmente. Tal sistema está representado na figura seguinte, na qual a estrutura de ferro é laminada radialmente que pode ser construída com laminas em forma de E semelhante á usada em pequenos transformadores. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 8 Figura 1.7.- Levitador com estabilidade A secção recta do sistema está representada em (a) da figura 1.8, que pode ser considerada uma estrutura linear. Devido ao desfasamento das correntes I1 e I2 criam-se campos viajantes radiais opostos que estabilizam o disco de alumínio. O disco de alumínio pode mesmo ser substituída por uma esfera oca de alumínio, como mostrado em (b). Os campos viajantes radiais poderão no entanto ser produzidos por uma única bobina, substituindo a bobina interior por um tubo em cobre como indicado em (c). Desta forma consegue-se a levitação da esfera e com estabilidade (devido ao tudo de cobre) só com uma única bobina excitada. Figura 1.8.- Secção recta do levitador circular com estabilidade No levitador circular nada impede que a estrutura circular seja alongada de forma a ficar com aspecto representado na figura 1.9 . Figura 1.9.- Modificação do levitador circular para o levitador linear O movimento na direcção xx´ corresponde á rotação do disco na estrutura circular. Se as duas bobinas concêntricas da figura (a) forem modificadas de forma a Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 9 terem o mesmo número de espiras e serem atravessadas pelas mesma corrente, resulta então o sistema representado na figura (b), o qual permite a colocação dos dois blocos estatóricos á distância d que se pretenda. A figura 1.10 mostra uma secção transversal do sistema equivalente onde estão representados os sentidos das correntes induzidas na placa de metal. A altura h de levitação depende da f.m.m. do primário, da condutividade da placa e do seu peso. A placa fica então estática e suportada em levitação pelo campo magnético do primário. Figura 1.10.- Levitador linear com estabilidade Nos sistemas de voo electromagnético associa-se a levitação magnética á utilização de motores de indução linear. Suponha-se então um sistema constituído por um certo número de levitadores, mas alimentados por um sistema polifásico de forma a criar-se um campo viajante como o que está representado na figura 1.11 . Figura 1.11.- “rio magnético” Na placa secundária fica então aplicada uma força com componentes vertical (levitação), lateral (estabilização) e longitudinal (propulsora devido ao campo viajante). Resulta assim um autêntico voo electromagnético sem qualquer contacto mecânico, cuja velocidade depende do passo polar e da sua frequência de alimentação. 1.4 Princípio de funcionamento do MLI O princípio de funcionamento do motor linear baseia-se no deslocamento de um campo magnético que induz correntes numa peça condutora. Da interacção desse campo com estas correntes resulta o aparecimento de uma força no sentido de propagação do Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 10 campo. Se o elemento gerador do campo se encontrar fixo no espaço será a peça condutora a deslocar-se. Inversamente, se a peça condutora se encontrarbloqueada, será o elemento gerador do campo a deslocar-se. Isto significa que podemos ter um motor linear com diferentes elementos a deslocar-se, ou desloca-se o elemento gerador de campo ou desloca-se a chapa rotórica. 1.5 Topologia da máquina linear Os motores lineares destinam-se, como os motores rotativos, a transformar a energia eléctrica em energia mecânica concebidos segundo o mesmo princípio destes, eles produzem uma força electromagnética (f.e.m.) idêntica à que provoca a rotação da armadura de um motor eléctrico clássico. Para esquematizar um motor linear basta considerar um motor rotativo assíncrono de gaiola de esquilo, em que se desdobrem os enrolamentos de modo a ficarem planos, figura 1.12. No motor desenvolvido as ranhuras do estator convertem-se em paralelepípedos rectangulares. O rotor e estator ficam separados por um entreferro, que possibilita a sua variação, de forma de aumentar ou diminuir a força de deslizamento do rotor. O campo girante é transformado num campo viajante e a f.e.m., em vez de transmitir um impulso mecânico que faz rodar o veio do motor, exerce uma força de sentido linear que desloca o órgão que faz de armadura. Figura 1.12.- Obtenção de um motor linear de indução a partir do seu homólogo rotativo Se se considerar que o motor de rotação é o motor de indução, então o motor linear obtido é um MLI. O estator é agora denominado de primário e o rotor de secundário. O secundário de um MLI, em vez de se pensar que é constituído pelo rotor de um motor de indução desenrolado, é constituído por um material com alta condutividade eléctrica e paramagnético (tipicamente uma chapa de alumínio ou cobre, opta-se normalmente por alumínio por rações económicas). 1.6 Classificação de uso Os motores lineares podem classificar-se em três categorias diferentes consoante o seu propósito de uso: ¾ Máquina de potência – os motores lineares de potência são motores que devem desenvolver uma potência elevada e uma velocidade também elevada Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 11 com a menor quantidade de perdas. Estes motores são geralmente destinados á tracção eléctrica. O seu rendimento é definido como sendo a potência mecânica desenvolvida por unidade de potência eléctrica consumida. Esta é a definição clássica de rendimento. Com esta definição, as máquinas que se seguem podem ter um baixo rendimento. No entanto, como o objectivo da máquina é outro, o rendimento não é calculado da mesma maneira. ¾ Máquina de energia – este tipo de máquinas tem por finalidade desenvolver elevadas energias cinéticas á custa de grandes velocidades. O rendimento das máquinas de energia é definido como sendo a energia cinética desenvolvida por unidade de potência eléctrica consumida. Este tipo de máquinas são basicamente utilizados com aceleradores cinéticos, onde a famosa Electropulta representa na integra este tipo de máquinas. ¾ Máquinas de força – as máquinas de força são essencialmente vistos como accionamentos de baixa velocidade. A eficiência deste tipo de máquinas é definida como a força mecânica que produzem por unidade de potência consumida. 1.7 Classificação geométrica Os MLI podem classificar-se de várias maneiras distintas. Assim, apresenta-se na seguinte figura uma classificação geométrica dos diferentes tipos de MLI. Figura 1.13.- Classificação geométrica do MLI Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 12 Na figura 1.14 apresenta as configurações geométricas possíveis do MLI. Quanto aos comprimentos do primário e do secundário, o MLI pode ser classificado em estator curto ou de rotor curto. Como seria de esperar, para que uma das partes se mova (estator ou rotor), a outra (rotor ou estator) terá que ser fixa. Este é mais um atributo, sendo assim classificados de MLI de estator móvel ou rotor móvel. Quanto ao número de estatores, o MLI pode ser classificado em simples estator e duplo estator. O MLI de simples estator pode apresentar-se só com o rotor ou com um circuito ferromagnético por cima do estator de modo a que o fluxo magnético se feche por ele e diminua a dispersão das linhas de fluxo. O MLI de duplo estator, tal como o nome indica é constituído por dois estators ficando o rotor entre os dois. È importante referir que este tipo de motor a sua força mecânica é proporcional ao quadrado da corrente de alimentação do estator. Isto significa que, sem saturação magnética, a força desenvolvida por um MLI de duplo estator tem um valor quatro vezes superior á força desenvolvida por um MLI de estator simples (isto considerando que a corrente de alimentação de um MLI de duplo estator é o dobro da corrente de alimentação de um MLI de simples estator). Figura 1.14.- Configurações geométricas e electromagnéticas dos MLI com chapa rotórica 1.8 Vantagens dos motores lineares O motor linear quando comparado com um motor de indução rotativo convencional apresenta as seguintes vantagens: Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 13 Transforma directamente a energia eléctrica em energia mecânica sem qualquer contacto mecânico. A construção é extremamente facilitada devido á sua forma geometricamente plana, não havendo a necessidade de veios nem dos convencionais rolamentos de apoio, a excepção dos motores em disco. Os motores lineares evitam os trens de engrenagens e as folgas na inversão, os fusos de esferas e as compressões e a elasticidade variáveis em função do comprimento envolvido. Há uma maior rapidez na dissipação do calor pelo facto de apresentar uma geometria mais simples, o que permite o seu dimensionamento com, densidades de corrente estatóricas mais elevadas. A quase inexistência de órgãos mecânicos intermédios diminui as inércias, o que reduz os tempos de aceleração e desaceleração, melhorando a fluidez de funcionamento. Os custos de produção são bastantes mais reduzidos, permitindo normalizar pequenas gamas de fabrico na medida em que, para se conseguirem maiores forças de tracção, basta associarem-se geométrica e electricamente várias unidades dessas gamas de fabrico. A supressão dos elementos mecânicos da cadeia cinemática aumenta a rigidez. Esta particularidade, ou antes característica, dos motores lineares, é determinante para maquinações complexas de precisão que necessitam de uma resolução muito fina e interpolações. Eles suprimem praticamente o atrito, as vibrações e a poluição sonora. Reduzida manutenção e grande fiabilidade 1.9 Modelo equivalente do motor linear O motor linear de indução plano pode ser representado por um esquema equivalente, por fase e por estator, semelhante ao utilizado para representar o motor de indução rotativo convencional. Habitualmente, utiliza-se o circuito equivalente em T, o qual está representado na figura 1.15. De maneira sintetizada, os diferentes parâmetros que se apresentam no circuito, são: R1- Esta resistência de perdas, representa a resistência dos enrolamentos do estator, por fase. É esta a resistência responsável pelas perdas no cobre do estator, por efeito de Joule. X1- Reactância de fugas do estator, por fase . Este reactância representa o fluxo magnético de dispersão do estator. Como o fluxo é de dispersão, não chegaa atravessar a chapa rotórica do rotor. Daí que seja um factor de perdas, uma vez que o fluxo é criado pelo estator mas não é aproveitado para nada. R0- É a resistência responsável pelas perdas no ferro devido ás correntes de Foucault e histerese magnética das chapas ferromagnéticas do estator. Estas perdas são “visíveis” devido ao aquecimento do estator. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 14 Xm- Este parâmetro tem o nome de reactância de magnetização. Numa máquina eléctrica convencional é necessária alguma força magnetomotriz para que o fluxo se difunda por todo o circuito magnético. A reactância de magnetização representa a quantidade de corrente perdida para “magnetizar” todo o circuito magnético. RL- A potência dissipada nesta resistência representa as perdas do motor pelo aparecimento de harmónicas indesejadas no rotor e pela acção do efeito final. X2- Reactância de fugas do rotor, por fase. R2 – Resistência equivalente da chapa rotórica referida ao estator, por fase. Representa as perdas por efeito de joule na chapa rotórica por fase. Esta resistência não é constante como acontecia no motor de indução convencional mas sim uma função do escorregamento do motor. Figura 1.15.- Modelo equivalente do motor linear de indução plano, por fase e por estator A corrente que atravessa o estator I1, pode ser decomposta em duas componentes. I’1 representa a componente da corrente do estator necessária para alimentar a carga e I10 representa a corrente de magnetização que cria a onda de fluxo viajante. Também a corrente do rotor I2 apresenta duas componentes. I’2 , a qual é igual a I’1 e I20 que é a corrente de magnetização da onda reflectida pelo efeito final. O valor desta corrente vai diminuindo relativamente ao espaço. Este circuito equivalente aqui representado é adequado para representar o comportamento de motores lineares (simples estator) de baixa velocidade desde que os efeitos finais sejam pequenos. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 15 2. PERDAS DO MOTOR LINEAR DE INDUÇÃO 2.1 Introdução O motor eléctrico transforma a potência eléctrica fornecida em potência mecânica e uma reduzida percentagem em perdas. Figura 2.1.- Transformações do motor eléctrico As perdas, que são inerentes ao processo de transformação, são quantificadas através do rendimento. As perdas que ocorrem num motor dividem-se em quatro diferentes tipos: ¾ Perdas eléctricas: As perdas eléctricas são do tipo {RI2}, aumentam acentuadamente com a carga aplicada ao motor. Estas perdas, por efeito de Joule podem ser reduzidas, aumentando a secção do estator e dos condutores do rotor. ¾ Perdas magnéticas: As perdas magnéticas ocorrem nas lâminas de ferro do estator e do rotor. Ocorrem devido ao efeito de histerese e às correntes induzidas (neste caso, correntes de Foucault), e variam com a densidade do fluxo e a frequência. Podem ser reduzidas através do aumento da secção do ferro no estator e rotor, através do uso de lâminas delgadas e do melhoramento dos materiais magnéticos. ¾ Perdas mecânicas: As perdas mecânicas são devido à fricção dos procedimentos, ventilação e perdas devido à oposição do ar. Podem ser reduzidas, usando Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 16 procedimentos com baixa fricção e com o aperfeiçoamento do sistema de ventilação. ¾ Perdas parasitas: As perdas parasitas (stray losses) ou perdas extraviadas são devidas a fugas do fluxo, distribuição de corrente não uniforme, imperfeições mecânicas nas aberturas para escoamento do ar, e irregularidades na densidade do fluxo do ar ao ser escoado pelas aberturas. Podem ser reduzidas através da optimização do projecto do motor e ainda de uma produção ou fabrico cuidadoso. Apresenta-se seguidamente a distribuição das perdas no motor, as perdas parasitas não são representadas por terem um valor insignificante. Figura 2.2.- Distribuição de perdas no motor Em particular, o motor linear de indução trifásico apresenta perdas por efeito de Joule nos condutores eléctricos, perdas por correntes de Foucault e perdas devido á histerese magnética, isto é, HistereseFoucaultJoulermotorlinea PPPP ++= . Note-se que não existe nenhum contacto entre o estator e a chapa deslizante e portanto não são contabilizadas perdas por atrito, o que não acontece nos motores convencionais em que existe atrito entre o veio e a carcaça do motor. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 17 2.2 Perdas por efeito de Joule A corrente eléctrica é um movimento de cargas eléctricas. Este movimento através da estrutura atómica dum material condutor origina choques que produzem elevação da temperatura do condutor. Considerando um condutor eléctrico de comprimento l , secção S e resistividade ρ ( 56/1=ρ mmm /2Ω ), a sua resistência eléctrica é dada por S R l.ρ= ).( 2mmΩ . Por definição, as perdas de Joule são dadas pelo produto da resistência do condutor pelo quadrado da corrente, isto é 2.IRPJoule = )(J , onde I é acorrente eléctrica que atravessa o condutor. Por outro lado, define-se por densidade de corrente eléctrica J o quociente entre a corrente eléctrica I e a secção S do condutor, ou seja S IJ = ).( 2mA , então, as perdas de Joule podem ser expressas em função da densidade de corrente eléctrica 2)..(. SJ S PJoule lρ= )(J , e portanto 22 ..... JVJSP CobreJoule ρρ == l )(J . Verifica-se então que as perdas de Joule são proporcionais á resistividade, ao volume do condutor e ao quadrado da densidade de corrente eléctrica. Uma vantagem deste efeito é produzir aquecimento a partir da corrente eléctrica, o que é aproveitado nos aquecedores eléctricos. Um inconveniente é produzir perdas de energia nos condutores quando não se pretende aquecimento. Além das perdas no cobre dos enrolamentos (devidas à resistência), o motor apresentam perdas magnéticas, das quais serão descritas a seguir. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 18 2.3 Perdas por correntes de Faucoult A variação no tempo do fluxo magnético dá origem ao aparecimento de um campo eléctrico no meio magnético do núcleo (Lei de Faraday). Nesse meio, formam-se circuitos fechados, nos quais se induz uma força electromotriz, que é proporcional á frequência do fluxo magnético indutor. A presença dessa força electromotriz induzida, num circuito fechado, provoca a circulação de uma corrente eléctrica, ver figura 2.3. Ao conjunto dessas correntes eléctricas que aparecem no material ferromagnético, percorrido por um fluxo magnético variável no tempo, chama-se correntes de Foucault. Figura 2.3.- Trajectória das correntes de Foucault Como os circuitos fechados têm uma dada resistência eléctrica, a circulação da corrente eléctrica nesses circuitos traduz-se por uma libertação de calor, por efeito Joule. A energia dissipada em calor constitui a energia de perdaspor correntes de Foucault. Uma forma de diminuir essas perdas de energia consiste na diminuição do valor da corrente eléctrica através da diminuição do comprimento dos circuitos fechados onde se induz a força electromotriz; o que se consegue com a divisão da área transversa em pequenas áreas, por utilização de um material laminado, ver figura 2.4. O valor da corrente eléctrica também é diminuído, através do aumento do valor da resistência do circuito fechado, por um aumento da resistividade do material ρ, o que se consegue com a adição de substâncias (silício) ao ferro em fusão. Figura 2.4.- Bloco de material ferromagnético laminado Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 19 Como consequência do efeito magnético das correntes de Foucault, surge o efeito pelicular, que provoca a alteração da distribuição da indução magnética, perto do centro da lâmina de material ferromagnético, por acção do campo magnético de reacção criado por aquelas correntes parasitas. Este efeito é pronunciado quando o campo magnético indutor tem uma frequência elevada (>950Hz; 19º harmónico). Quando se procuram reduzir as perdas por correntes de Foucault, por utilização de um núcleo formado por empacotamento de lâminas de material ferromagnético, surge um outro problema que tem influência no valor da corrente eléctrica de magnetização. Devido a forma como é realizado o empacotamento da chapa, essencialmente, devido a impossibilidade de se obter um ajuste perfeito entre a chapa das colunas e das travessas, surgem pequenos entreferros nos percursos do fluxo magnético. São zonas de permeabilidade magnética constante, mas baixa, µo = 4.π.10-7 H/M, o que cria a necessidade de uma corrente eléctrica de magnetização maior, para que nesses percursos o fluxo magnético permaneça com o mesmo valor constante, que tem nos percursos feitos no interior do material ferromagnético. Para além deste, existem, ainda, outros fenómenos com efeitos cumulativos, como o desenvolvimento de correntes de Foucault entre lâminas, que ocorrem devido á execução do empacotamento do núcleo. Considera-se um bloco de material ferromagnético de resistividade ρ, de secção transversal ab constante ao longo do seu comprimento c, e sendo atravessado por um campo magnético variável B(t), como ilustra a figura anterior. As perdas por corrente de Foucault resultam na seguinte expressão: 222 max 222 max ...3 .. .3 .. bfBVolbfBcbaP F ρρ == . A expressão anterior mostra que as correntes induzidas de Foucault provocam perdas proporcionais ao volume Vol do bloco e ao quadrado da densidade máxima de fluxo, da frequência e espessura b do bloco e inversamente proporcional á sua resistividade. Fazendo um bloco com chapas de espessura b/N, as perdas por correntes de Foucault passam a ser FF PN bfBcba NN bfBcaNP .1.. .3 ...1.. .3 ..´ 2 222 max2 3 22 max == = ρρ , isto é, a perdas por correntes de Foucault reduzem-se de 2 1 N devido á utilização de ferro laminado. Uma aplicação doméstica destas correntes é nos fogões de cozinha por indução, em que é possível cozinhar alimentos sem aquecimento directo do recipiente, como acontece nos fogões tradicionais. Desta forma, não é o fogão que aquece directamente o recipiente, mas sim o contrário. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 20 O mesmo princípio se usa na indústria nos fornos de indução, para fundir metais. Também nos veículos móveis motorizados se utilizam as correntes de Foucault, nos discos dos travões. 2.4 Perdas por Histerese magnética Se o circuito magnético for constituído por um material com uma permeabilidade relativa µr , então a densidade de fluxo é relacionada com a intensidade do campo da seguinte forma: HB .µ= , onde or µµµ .= . A relação entre B e H descrita desta forma é linear. No entanto, nos materiais mais comuns esta relação não é linear, e µ varia com o valor de B. Fazendo uma pequena análise quanto a natureza do material, este pode ser classificado num dos seguintes materiais: Material ferromagnético, (µr>1), exemplo: Ferro macio, Níquel, Crómio. Material paramagnético, (µr=1), exemplo: Alumínio, Cobre. Material diamagnético, (µr<1), exemplo: Mercúrio, Supercondutores. Uma vez que os materiais possuem características não lineares, são necessárias ferramentas gráficas que auxiliem a descrição dessas características. As duas características mais importantes são conhecidas como a característica de magnetização ou seja a curva B-H e o ciclo de histerese. A curva B-H é o resultado das diferentes mudanças de orientações dos domínios magnéticos do material. Como se sabe da Engenharia dos Materiais, os materiais ferromagnéticos são constituídos por pequenas regiões as quais são denominadas de domínios magnéticos (que têm o tamanho de 10-2 a 10-5 cm). Em cada uma dessas regiões os dipolos são espontaneamente alinhados. Quando o material se encontra completamente desmagnetizado, estes domínios tem uma orientação aleatória apresentando a rede de domínios uma densidade de fluxo nula numa amostra de material finita. Caso se aplique uma “força” exterior, H, capaz de magnetizar o material, os domínios que estejam nesse momento alinhados com a direcção do vector H tendem a crescer, aumentando assim B (ver figura 2.5- “região I”). Na região II, H continua a ser aumentado. Agora, as fronteiras de cada um dos domínios fundem-se rapidamente até que cada cristal do material esteja um único domínio. Na região III, os domínios giram para outro sentido até que todos os domínios estejam alinhados com H. Isto resulta em saturação magnética (na ordem dos 1,6 T no caso do ferro), e a densidade de fluxo magnético no interior do material não pode aumentar além da densidade de saturação Bs . Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 21 Figura 2.5.- Curva de magnetização Quanto ao ciclo de histerese, figura 2.6, esta característica é traçada depois do material ter sido magnetizado uma série de vezes. A partir deste ciclo, podem-se tirar várias conclusões: a remanescência, Br, indica a densidade de fluxo que o material magnético conserva depois ter sido completamente magnetizado e o campo de magnetização H ter sido reduzido a zero. A coercividade Hc, que quantifica o valor do campo de magnetização negativo que deve ser aplicado ao magneto permanente para reduzir a densidade de fluxo a zero, ou seja, desmagnetizar o magneto permanente. Figura 2.6.- Ciclo Histerético A área do ciclo de histerese é então uma medida da energia absorvida por unidade de volume e por ciclo, a que chamamos perdas por histerese. Então um material que sofra uma magnetização com uma frequência f e tenha um ciclo de histerese de área A, apresenta perdas de histerese da forma: Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 22 AfVolPH ..= , com o volume Vol dado em m3 , a frequência f dada em Hz e a área A dada em J/m3 para que as perdas de histerese HP venham em watt. A área do ciclo dá-nos a ideia da aplicabilidade do material, bem como a forma do ciclo. Assim, na figura 2.7,o material macio (ciclo mais estreito) é indicado para a construção de núcleos de transformadores visto que seu ciclo tem uma área pequena e apresenta elevada magnetização para um pequeno campo H. Por sua vez, o material duro (ciclo mais largo) será indicado para a construção de magnetos permanentes e circuitos magnéticos de máquinas de CC em virtude de neste tipo de máquinas ser necessário uma magnetização remanescente que não sejam destruídas com baixos campos coercivos. Nestas situações, não importa a área ser grande em virtude da utilização do material ser feita a baixas frequências. O melhor material é aquele que tem grande coercividade, para que o material não seja desmagnetizado tão facilmente, e alta remanescência para que o material conserve a maior densidade de fluxo possível e assim provoque a maior f.m.m. possível. Figura 2.7.- Representação dos ciclos de histerese de dois materiais magnéticos diferentes Podemos concluir de uma forma genérica, que as perdas de histerese são um fenómeno em que a energia é transformada em calor na reversão da polaridade magnética do núcleo transformador. Os materiais ferromagnéticos são passíveis de magnetização, através do realinhamento dos domínios, o que ocorre ao se aplicar um campo. Este processo consome energia, e ao se aplicar um campo variável, o material tenta acompanhar este, sofrendo sucessivas imantações num sentido e noutro, se aquecendo. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 23 3. FACTOR DE QUALIDADE 3.1 Definição O MLI é uma máquina eléctrica constituída por um circuito magnético e um circuito eléctrico, figura 3.1.a. Sejam quais forem os aspectos a estudar, estes dependem sempre dos factores construtivos da máquina, os quais, depois da máquina construída não se poderão alterar. Figura 3.1.- Ligação dos circuitos eléctricos e magnético num dispositivo electromagnético As máquinas eléctricas utilizam-se como conversores de energia eléctrica em mecânica (motores), ou o inverso (geradores). É importante definir o factor de qualidade de uma máquina para que se possa ter noção daquilo que se irá realizar, e saber aquilo que se pode alterar de modo a que se tenha uma máquina com um rendimento superior. Numa máquina eléctrica como o MLI, sabe-se que o binário é proporcional ao produto do fluxo magnético pela corrente eléctrica. Para que a máquina tenha a maior qualidade possível, deverá para isso produzir o maior binário possível. Assim, a máquina deverá produzir a maior quantidade possível de fluxo para a menor quantidade de força magnetomotriz possível. Quanto á parte eléctrica, a máquina deverá ter a maior corrente possível para uma dada tensão aos seus terminais. Define-se factor de qualidade de uma máquina eléctrica como o produto do fluxo magnético pela corrente eléctrica que atravessa a máquina. A máquina será tanto melhor quanto maior for o seu factor de qualidade . (1) Interessa assim maximizar os valores do fluxo magnético e da corrente eléctrica, para um dado valor de força magnetomotriz e de tensão aos terminais da máquina. IKQ ..Φ= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 24 Para o circuito eléctrico, sabe-se, pela lei de Ohm, que I S IRU e e ..1. == lσ . (2) Para o circuito magnético, sabe-se, pela lei de Hopkinson, que Φ =Φℜ= ..1.... m m S mmf l µ . (3) Assim pode-se escrever a equação 4 como sendo ℜ= mmf R EKQ .... . (4) Daqui se retira que o factor de qualidade de um MLI é tanto maior quanto menor for a resistência dos seus enrolamentos eléctricos e a relutância do circuito magnético, mantendo a força magnetomotriz e a tensão aos terminais da máquina constantes. Substituindo os valores da resistência eléctrica e da relutância magnética na equação 4, obtém-se me me SSKQ ll . . ..'. µσ= . (5) O produto apresentado tem as dimensões de tempo-1 . Para tornar o factor de qualidade um produto dimensional, deverá multiplicar-se o produto pela frequência angular da máquina ω. O factor de qualidade é agora escrito da seguinte forma: = me me SSQ ll . . )...( µσω . (6) Da expressão 6 retira-se uma conclusão muito importante. Para se construir uma máquina com um bom factor de qualidade é necessário escolher os melhores materiais de modo a que µ e σ sejam os maiores possíveis. Seguidamente, terá que se fazer um estudo da geometria da máquina, uma vez que para aumentar o factor de qualidade se tem que projectar a máquina com a melhor geometria de modo a se maximizar a razão me me SS ll . . . Por aqui se constata que se deseja obter circuitos magnéticos e eléctricos com uma grande área e com um baixo comprimento. Um dos problemas é que aumentando a área do circuito magnético, diminui-se a área do eléctrico e vice-versa. Assim existe um compromisso na geometria da máquina, geometria essa que deve ser estudada de modo a maximizar o factor de qualidade. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 25 Imaginando que o circuito eléctrico que enlaça o circuito magnético da máquina possui uma só espira, n=1, então o coeficiente de auto-indução L do circuito eléctrico é dado por: m mSnL l. 2 µ=ℜ= . Tendo em atenção a expressão anterior e a expressão 6, pode-se escrever R X R LQ L== .ω . Normalmente, as máquinas eléctricas apresentam dois ou mais circuitos eléctricos entrelaçados com um único circuito magnético, daí que seja necessário definir a qual dos circuitos se referem os parâmetros R e L. No caso de uma máquina de indução, e do acordo com o seu esquema equivalente, a corrente absorvida divide-se pelos seguintes ramos: 1- Pelo ramo das perdas no ferro, simbolizado pela resistência de perdas R0. 2- Pelo ramo constituído pela reactância de magnetização simbolizada por Xm. 3- Pelo ramo constituído pela resistência do rotor referida ao estator R2, pela reactância de fugas referida ao estator, X2, e pela resistência equivalente de carga (R2/S)+jX2. Assim, interessa considerar o circuito eléctrico do secundário, e desprezando a reactância X2, o factor de qualidade pode ser escrito como: 2R X Q m= . 3.2 Relacionamento do factor qualidade com os parâmetros construtivos da máquina Este factor, deve definir a qualidade da máquina, portanto interessa exprimi-lo em função dos parâmetros construtivos fundamentais da máquina. Os parâmetros construtivos fundamentais mais relevantes do motor linear de indução são os seguintes: τ - passo polar. w – largura da chapa rotórica, suposta igual á largura do estator. t – espessura da chapa rotórica. g – entreferro A área efectiva do circuito magnético é proporcional ao passo polar τ e á largura da chapa rotórica w, enquanto que o seu comprimento é igual a g. O circuito eléctrico secundário tem um comprimento igual a w e a sua secção é proporcional ao produto do passo polar τ pela espessura da chapa rotórica t. Desta forma, a expressão final do factor de qualidade será Projecto de final de curso ______________________________________________________________________26 g f Q .. ...2 2 0 2 ρπ µτ= . Portanto, da expressão final do factor de qualidade do motor linear de indução resultam as seguintes conclusões: 1. O factor de qualidade depende directamente do passo polar, isto significa que, quanto maior for o passo polar maior será este factor porque um aumento do passo polar repercute-se num aumento da área efectiva dos circuitos magnéticos e eléctrico, ou seja, maiores serão o fluxo e a corrente rotórica e, consequentemente, força longitudinal. 2. Por outro lado, o aumento do passo polar repercute-se num aumento da velocidade do motor linear de indução, uma vez que esta é dada por v=2.τ.f. Portanto, temos que ter um compromisso entre o factor de qualidade e a velocidade pretendida para a operação do motor. 3. Contém o termo frequência f, o que se seria de esperar na medida em que se refere a uma máquina de corrente alternada. 4. O factor de qualidade varia inversamente com a resistividade superficial da chapa rotórica, ρs. Verifica-se portanto que quanto menor for esta resistividade maior será a intensidade das correntes no rotor e, consequentemente, a força longitudinal. O factor de qualidade também varia inversamente com o entreferro g. Verifica- se que para um entreferro menor, menor será a relutância do circuito magnético. De acordo com a lei de Hopkinson, para a mesma força magnetomotriz, quanto menor for a relutância do circuito maior será o fluxo magnético. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 27 4. FORÇAS EXISTENTES NO MOTOR LINEAR DE INDUÇÃO 4.1 Força longitudinal Considere-se um “dispositivo” linear com rotor de chapa não magnética “entalado” entre duas superfícies estatóricas, figura 4.1. Assume-se uma distribuição corrente-chapa nas superfícies de intervalo de ar. Assume-se também: (i) que o fluxo penetra a superfície rotórica (secundário) totalmente, ou seja não existe efeito Kelvin, nem reactância de fugas no secundário. (ii) a corrente de indução corre directamente para o secundário (ou seja sem efeitos de extremidade transversal). (iii) as correntes de indução passageiras no secundário podem- se desprezar (ou seja sem efeitos de extremidade longitudinal). Figura 4.1.- Força por unidade de largura Considerando uma corrente alternada, a percorrer as bobinas dos estators iS −= τ πω xtIi SS ..2.sin. , onde τ é o passo polar, x é a distância de deslocamento do campo magnético, w é a largura do estator e ω frequência angular, e uma força de magnetização expressa da seguinte forma: Srm iix HgF .2. +=∂ ∂= , Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 28 onde ir é a distribuição de correntes induzidas na superfície do rotor, Também, conhecendo a relação existente entre campo eléctrico e o campo de indução magnética )( Srr VVx B x E −∂ ∂=∂ ∂ , (1) em que: fVS ..2τ= , velocidade do campo girante )1( sVV Sr −= , velocidade linear do rotor Sabendo que a permeabilidade relativa de um material paramagnético é aproximadamente a unidade (alumínio, material utilizado na chapa rotórica), e que o campo indução magnética relaciona-se com campo magnético e a permeabilidade do material 0.. µµµ r= , HB .µ= , substituindo os conceitos anteriores na expressão (1), temos x Bfs ∂ ∂−= ....2 τ ).2.( ....2 0 Sr iig fs +−= µτ . Onde s é o escorregamento do rotor. Mas, x i gx E rr ∂ ∂=∂ ∂ . ´ ρ , uma vez que, ( ) 0.2....2 ´ 0 =++∂ ∂ Sr r ii g fs x i g µτρ , a solução para ir, será a fórmula: −+ −= τ πωτ πω xtBxtAir ..2.cos..2.sin , com substituição e evolução de constantes obtemos: ( )[ ] −+ −+−= τπωτπω xtxtQsQs QsIi Sr ..2.cos..2.sin..1 ...2 2 , Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 29 onde ρπ τµ . ...2´ 20 f g gQ = factor qualidade, Figura 4.2 Pela simples observação da figura anterior, a corrente do rotor pode ser expressa da seguinte forma ( )[ ] +− + = φτ πω xt Qs QsI i Sr ..2.sin .1 ...2 2 1 2 , (2) onde ( )[ ]212.1 .cos Qs Qs + =φ . Uma expressão para a força desenvolvida é obtida de seguida. Nós temos, x Bfs x i g r ∂ ∂−=∂ ∂ ....2. ´ τρ . Uma vez que ´....2 . gfs iB rτ ρ−= , ( )[ ] +− + = φτ πω τ ρ xt Qsgf QI S ..2.sin .1´.. . 2 1 2 . (3) Sabendo que a força media por unidade de comprimento é dada ( )maxmax .2 1 rmédia iBF = , (4) Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 30 substituindo (2) e (3) em (4), temos ( ) ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ]2 2 0 2 22 2 1 22 1 2 maxmax .1. .....2 .1´.. .. .1 ...2 . .1´.. . . 2 1. 2 1 Qsg QsI Qsgf QsI Qs QsI Qsgf QIiBF SSSSrmédia +=+=++ == π µτ τ ρ τ ρ . Logo a expressão da força longitudinal por unidade de largura do estator é dado por ´1 ..2 2 2 2 g Q sV sIF S S long ρ + = . Conhecendo o comprimento do estator w , a força longitudinal em Newtons será dada por w g Q sV sI F S S long .´1 ..2 2 2 2 ρ + = , onde: pnII efS 2.. τ= efI - Corrente eficaz p2 - Número de pares de pólos τn - Número de condutores por pólo, que é dado pela seguinte expressão: CPEspBC NNNn ××=τ Figura 4.3 BCN - Número de bobinas por cava EspN - Número de espiras por bobina CPN - Número de cavas por pólo Da expressão da força podem-se tirar as seguintes conclusões: 1. a força máxima vária directamente com o factor de Q, ou seja varia inversamente com o entreferro. 2. para um entreferro que leve o factor de qualidade a ser próximo da unidade, a força longitudinal que o motor desenvolve no arranque é a máxima possível. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 31 4.2 Força de atracção A produção de força em qualquer dispositivo electromagnético tem origem na variação da energia magnética armazenada no sistema. Esta variação de energia pode ser conseguida á custa da variação da relutância (ou da permeância) do circuito magnético (força de relutância) ou á custa da variação do coeficiente de indução mútua entre dois ou mais enrolamentos (força de excitação). O cálculo da força de relutância entre os dois estators, será conseguida á custa da variação do coeficiente de indução própria (ou de auto-indução) da bobina pela relação Ψ/i (Weber/Ampére=Henry), ou seja R nPn i L 2 2 . ==Ψ= . (1) Que é proporcional ao quadrado do número de espiras da bobina e á permeância magnética P, ou inversamente proporcional á relutância magnética R=1/P do circuito magnético, parâmetros estes, os quais se conseguevariarem a forca de atracção (força de relutância) entre dois estator. Atendendo ao valor de P, escreve-se Fe SnL l.. 2 µ= . (2) Se no circuito magnético entre os dois estators existir um entreferro de comprimento g e um comprimento médio do ferro Fel Figura 4.4 a relutância do circuito passará a ser S g S g R oor Fe ... ´ µµµ + −= l . (3) E substituindo R’ em (1), resulta g SngL r Fe o + = µ µ ´ .)´( 2 l . (4) Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 32 Onde gFeFe −=ll´ é o comprimento médio do caminho do fluxo magnético dos dois estators ao longo do ferro, µr = µ /µo é a permeabilidade magnética relativa do material ferromagnético e µo= 4π ×10-7H/m é a permeabilidade magnética do vazio, que corresponde, na prática, á do ar. Logo, o coeficiente de auto-indução da bobina L’(g) decresce com o aumento do entreferro g. Na prática, para um material ferromagnético é µr ≈ 2000 ou mais, de modo que ( Fe´l /µr)<<g e portanto reduz-se aproximadamente a g SngL oµ.)´( 2= . (5) No entreferro de dispositivos electromagnéticos com um só membro excitado, em que o rotor tenha movimento linear ou movimento rotativo, o campo de intensidade magnética H pode decompor-se nas suas componentes Ht transversal á direcção do movimento e Hn tangente á direcção do movimento. A componente Ht dá origem a uma força magnética de relutância transversal e a componente Hn dá origem a uma força de relutância normal ás superfícies entre os dois membros. A força de relutância é dada pela seguinte expressão dg gdLiFR )(.. 2 1 2−= . (6) Substituindo )( )( 2 gR ngL = em (6), e efectuando cálculos resulta 2 2 .).(. 2 1 g SniF oR µ−= . (7) Portanto, a força magnética normal ás superfícies do ferro é inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa e aponta no sentido de fazer diminuir a distância g do entreferro. Esta força é portanto sempre de natureza atractiva. (Força de atracção) entre as superfícies magnetizadas (os dois estators), e é independente do sentido de i. No caso da permeabilidade da armadura ser infinita, o módulo da força magnética normal ás superfícies do ferro, por unidade de área da armadura S (pressão magnética), resulta então 2. .2 1 B S F P o R Mag µ== . (8) Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 33 5. CAMPO VIAJANTE 5.1 Criação de um campo girante magnético num estator trifásico Suponha-se dois cilindros de material ferromagnético concêntricos separados por um espaço de ar (entreferro) de um valor g, como mostra a figura 5.1. Figura 5.1.- Motor de indução de um pólo Coloca-se uma bobina com um passo diametral no anel exterior (estator) e faça- se atravessá-la pela corrente i. Cria-se um campo magnético com uma distribuição sinusoidal (quase) com o andamento representado na figura 5.2 planificada. Figura 5.2.- Planificação da máquina de indução Se a corrente I for constante no tempo, esta distribuição é constante no tempo mas variável no espaço (ao longo do entreferro) da seguinte forma: xBxB .cos.)( max τ π= , Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 34 onde τ é o passo polar (igual ao passo da bobina), x é a distância de deslocamento do campo magnético. Se a corrente i for alternada sinusoidal tsenII m .. ω= com f..2πω = , então a onda é variável no espaço e no tempo e escreve-se: xtsenBtxB m .cos)..(.),( τ πω= , onde mm IKB .= é a intensidade máxima do campo de indução magnética (ou densidade de fluxo). Se em vez de uma bobina houver 3 bobinas iguais desfasadas no espaço de 120º, atravessadas cada uma por um sistema trifásico de correntes, tais que )º120.(. )º120.(. .. 3 2 1 += −= = tsenII tsenII tsenII m m m ω ω ω criam-se três campos pulsantes (variáveis no tempo e no espaço) dados por )º120.cos().º120.(.),( )º120.cos().º120.(.),( .cos)..(.),( 3 2 1 ++= −−= = xtsenBtxB xtsenBtxB xtsenBtxB m m m τ πω τ πω τ πω Atendendo á seguinte relação trigonométrica [ ])()( 2 1cos. βαβαβα −++= sensensen , as relações anteriores podem escrever-se: )..(. 2 )º240..(. 2 ),( )..(. 2 )º240..(. 2 ),( )..(. 2 )..(. 2 ),( 3 2 1 xtsen B xtsen B txB xtsen B xtsen B txB xtsen B xtsen B txB mm mm mm τ πωτ πω τ πωτ πω τ πωτ πω −+++= −+−+= −++= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 35 Num determinado ponto do entreferro a onda resultante corresponde á soma destas três ondas pulsantes, ou seja: )..(. 2 3),(),(),(),( 321 xtsenBtxBtxBtxBtxB m τ πω −=++= . Então a onda resultante é uma onda girante com uma amplitude constante de valor mB2 3 , e uma velocidade dada por (fixa o referencial da onda). Como mS Bdt dx v = , obtém-se T ffvS ττπ τππ τω .2..2...2. ==== 5.2 Campo viajante num estator linear trifásico No motor linear de indução trifásico, os enrolamentos do estator também criam um campo pulsante que evolui ao longo do tempo. Este campo é semelhante ao produzido pelo estator de um motor convencional. Neste caso, como o movimento do motor é linear e não circular, o campo é designado de viajante em vez de girante. As seguintes figuras mostram a evolução do campo viajante de 8 pólos durante 12 instantes de tempo, correspondendo a um período completo. Como também, mostra a disposição e sentidos das correntes do sistema trifásico que dão origem ao campo passeante no estator MLI trifásico. 0.... =−= − dxdtxtd τ πωτ πω Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 36 Figura 5.3.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 1t , em que 01 =I , II .2 3 2 −= e II .2 3 3 += Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 37 Figura 5.4.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 2t , em que II . 2 1 1 −= , II .2 1 2 −= e II =3 Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 38 Figura 5.5.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 3t , em que II . 2 3 1 −= , 02 =I e II .2 3 3 += Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 39Figura 5.6.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 4t , em que II .1 −= , II .2 1 2 += e II .2 1 3 += Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 40 Figura 5.7.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 5t , em que II . 2 3 1 −= , II .2 3 2 += e 03 =I Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 41 Figura 5.8.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 6t , em que II . 2 1 1 −= , II =2 e II .2 1 3 −= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 42 Figura 5.9.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 7t , em que 01 =I , II .2 3 2 += e II .2 3 3 −= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 43 Figura 5.10.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 8t , em que II . 2 1 1 += , II .2 1 2 += e II −=3 Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 44 Figura 5.11.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 9t , em que II . 2 3 1 += , 02 =I e II .2 3 3 −= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 45 Figura 5.12.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 10t , em que II =1 , II .2 1 2 −= e II .2 1 3 −= Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 46 Figura 5.13.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 11t , em que II . 2 3 1 += , II .2 3 2 −= e 03 =I Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 47 Figura 5.14.- Onda viajante de um MLI trifásico no instante de tempo 12t , em que II . 2 1 1 += , II −=2 e II .2 1 3 += Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 48 Observando as figuras, observa-se que o campo viajante se desloca com uma velocidade v da esquerda para a direita, dai a designação de campo viajante, do estator do motor linear de indução. O fasor apresentado dá uma ideia da corrente máxima que percorre cada um dos três enrolamentos do motor. Espacialmente, as ondas correspondentes a cada uma das bobinas estão desfasadas, porque as bobinas encontra- se em diferentes regiões. Assumindo que a contribuição de cada fase no campo magnético tem a forma sinusoidal, analisando a onda resultante da soma das três ondas respectivas ás três bobinas, observe-se que o resultado é uma onda aproximadamente sinusoidal cuja amplitude é uma vez e meia superior a amplitude máxima da densidade de fluxo de cada fase. Animação do campo girante pode ser visto em: Campo girante.pps 5.3 Velocidade síncrona do campo viajante Como foi dito anteriormente, o campo viajante desloca-se com uma velocidade v através do estator. Caso este campo viajante fosse aplicado numa máquina circular, então a sua velocidade angular seria f..2πω = (1). Como se sabe da física rv .ω= (2). Encontrando um raio um raio de um motor circular cujo o perímetro é igual á distância τ.2 , determina-se a velocidade linear do campo: π ττπτ =⇔=⇔= rrP .2..2.2 , assim, substituindo r em (1), obtém-se: fvS ..2τ= . Conclui-se portanto que a velocidade do campo girante é proporcional ao passo polar do estator trifásico e á frequência de alimentação. Esta é a velocidade do campo viajante no estator do motor linear de indução, e denomina-se de velocidade síncrona. Na realidade, o rotor não se move a esta velocidade, este desloca-se a uma velocidade inferior que é dada por )1.(..2 sfvr −= τ , em que s é o escorregamento ou deslizamento do rotor e é definido por Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 49 s rs v vv s −= . Concluindo, a velocidade do rotor pode ser controlada através da frequência de alimentação, ou por construção, á custa do passo polar. O sentido de traslação do campo, que determina o sentido de traslação do rotor através do estator, depende da sequência das tensões e das ligações das três fases, que na prática poderá ser invertido, invertendo as ligações de duas fases quaisquer do estator com a linha de alimentação. Projecto de final de curso ______________________________________________________________________ 50 6. CONTROLO DE VELOCIDADE 6.1 Introdução O problema da regulação da velocidade dos motores eléctricos em geral e dos motores de indução em particular, é um assunto importante que deve ser tratado ao pormenor, visto que, um bom controlo implica uma maior eficácia da máquina. Em vários ramos da indústria, as exigências relativo ás características de regulação dos motores são muito rigorosas no que respeita aos limites e á progressividade de regulação, assim como seu índice económico. As características de regulação dos motores assíncronos são inferiores ás dos motores de corrente contínua, verificando-se isto num grau tanto maior quanto mais larga for a banda de regulação. Muito se tem feito para melhorar as características de regulação dos motores assíncronos, mas até ao presente não se conseguiu que estes substituíssem os motores de corrente contínua nas instalações cujas exigências quanto ás propriedades de regulação dos motores são rigorosas. Distinguem-se dois processos fundamentais de regulação caracterizados pela parte do motor em que actuam: 1. Do lado do estator e 2. Do lado do rotor Entre os do primeiro grupo é preciso distinguir: • Variação da tensão aplicada ao motor • Variação do número de pares de pólos • Variação da frequência da rede Actuando sobre o rotor, podemos regular a velocidade: • Fazendo variar a resistência no circuito rotórico • Intercalando no circuito rotórico uma f.e.m. complementar da mesma frequência que a f.e.m. principal da rede Para este ultimo processo de regular a velocidade, é preciso dispor de um a ou mais máquinas complementares. Os processos mais comuns de regulação da velocidade e do torque das máquinas de indução, são os seguintes: Controlo da tensão do estator (ou estatórica); Controlo da tensão do rotor (ou rotórica);
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