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Introdução ao Georreferenciamento

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Prévia do material em texto

AT 1
2 3
S
U
M
Á
R
IO
2
3 UNIDADE 1 - Introdução
6 UNIDADE 2 - Geoprocessamento
6	 2.1	Conceitos	e	definições
7 2.2 Técnicas e usos relacionados ao geoprocessamento
12 2.3 Um pouco de história
15	 2.4	Orientação	a	objetos
17 UNIDADE 3 - Noções básicas de antropologia
21 UNIDADE 4 - Interdisciplinaridade: cartografia x geoinformação
23 UNIDADE 5 - A urbanização brasileira, os problemas sociais e aplicações do geoprocessamento das informações
23 5.1 Desenvolvimento sustentável e qualidade de vida
25	 5.2	Urbanização	brasileira	e	os	problemas	sociais
35	 5.3	Geoprocessamento	e	combate	à	criminalidade
39 UNIDADE 6 - Georreferenciamento
45 REFERÊNCIAS
49 ANEXO
2 3
UNIDADE 1 - Introdução
3
Ao longo das últimas décadas o homem 
veio interferindo de maneira muito inten-
sa no meio natural que o cerca e, claro, 
modificou a paisagem contribuindo para 
o surgimento de diversos problemas am-
bientais e, por conseguinte, problemas 
socioeconômicos, em níveis que podemos 
dizer são hoje alarmantes.
A urbanização modifica todos os ele-
mentos da paisagem: o solo, a geomorfo-
logia, a vegetação, a fauna, a hidrografia, 
o ar e o clima. Esta ocupação indiscrimina-
da que veio ocorrendo nos centros urba-
nos, principalmente a partir da segunda 
metade do século XX, é uma das princi-
pais fontes de problemas ambientais das 
cidades, sendo que esses locais podem 
ser caracterizados pela elevada desigual-
dade em termos de distribuição da renda, 
precárias condições de moradias e acesso 
reduzido aos serviços públicos, particu-
larmente na parcela da população mais 
pobre e vulnerável em termos socioam-
bientais. Pode-se afirmar, portanto, que 
os elevados níveis de pobreza urbana, ex-
clusão social e degradação ambiental têm 
caracterizado a urbanização brasileira 
(CARVALHO; BRAGA, 2001; MONTE-MÓR; 
FREITAS; BRAGA, 2003).
Sendo fato a modificação da paisagem 
natural, como podemos saber o local exa-
to e as dimensões dessas modificações? 
Eis que aqui lançamos mão do geoproces-
samento que é uma disciplina do conheci-
mento que utiliza técnicas matemáticas 
e computacionais para o tratamento da 
informação geográfica e que vem influen-
ciando de maneira crescente as áreas de 
Cartografia, Análise de Recursos Natu-
rais, Transportes, Comunicações, Energia 
e Planejamento Urbano e Regional, den-
tre outras.
Geoprocessamento nada mais é que o 
uso automatizado de informação que de 
alguma forma está vinculada a um deter-
minado lugar no espaço, seja por meio de 
um simples endereço ou por coordenadas 
(LAZZAROTTO, 2002). Vários sistemas fa-
zem parte do Geoprocessamento, dentre 
os quais o Sistema de Informações Geo-
gráficas (SIG) que reúne maior capacida-
de de processamento e análise de dados 
espaciais. A utilização destes sistemas 
produz informações que permitem tomar 
decisões para colocar em prática várias 
ações.
Estes sistemas se aplicam a qualquer 
tema que manipule dados ou informações 
vinculadas a um determinado lugar no es-
paço, e que seus elementos possam ser 
representados em um mapa, como casas, 
escolas, hospitais, etc.
Como ressaltam Câmara et al. (2005), 
o entendimento da tecnologia de Geo-
processamento requer, preliminarmente, 
uma descrição de alguns conceitos bási-
cos, os quais veremos ao longo deste mó-
dulo.
Segundo Rodrigues (1993), Geoproces-
samento é um conjunto de tecnologias de 
coleta, tratamento, manipulação e apre-
sentação de informações espaciais, volta-
do para um objetivo específico.
Este conjunto possui como principal 
ferramenta o Geographical Information 
4 5
System – GIS, considerado também como 
já citado, Sistema de Informação Geográ-
fica (SIG). Embora na área seja muito usa-
do o jargão GIS, usaremos sua correspon-
dente em português – SIG.
Para que o SIG cumpra suas finalidades, 
há a necessidade de dados. A aquisição de 
dados em Geoprocessamento deve partir 
de uma definição clara dos parâmetros, 
indicadores e variáveis, que serão neces-
sários ao projeto a ser implementado. De-
ve-se verificar a existência destes dados 
nos órgãos apropriados (IBGE , DSG , Pre-
feituras, concessionárias e outros). A sua 
ausência implicará num esforço de gera-
ção que dependerá de custos, prazos e 
processos disponíveis para aquisição.
A digitalização é um dos processos 
mais utilizados para aquisição de dados 
já existentes. Como os custos para gera-
ção costumam ser significativos, deve-se 
aproveitar ao máximo possível os dados 
analógicos, convertendo-os para a forma 
digital através de digitalização manual ou 
automática.
Outro conceito básico e muito impor-
tante é a Fotogrametria, muito utilizada 
na geração de dados cartográficos. Du-
rante muitos anos, era a única forma de 
mapeamento para grandes áreas. Com a 
evolução da informática e das técnicas de 
processamento digital de imagens, surgiu 
a Fotogrametria Digital.
Inicialmente considerado como um 
ramo da fotogrametria, o Sensoriamen-
to Remoto (SR) emergiu com a capacida-
de impressionante de geração de dados. 
Sistemas orbitais com sensores de alta 
resolução, imageando periodicamente a 
Terra, combinados com o processamento 
de imagens, oferecem diversas possibili-
dades de extração de informações e aná-
lises temporais.
O GPS (Global Position Sistem ou Sis-
tema de Posicionamento Global), apesar 
de ter sido criado para finalidades nada 
nobres, revelou-se um sistema extrema-
mente preciso e rápido para posiciona-
mento e mapeamento, apoiando também 
a Fotogrametria e o Sensoriamento Re-
moto.
Quanto ao georreferenciamento, este 
é por sua vez e de maneira bem concisa, 
uma técnica moderna de agrimensura e 
tem duas funções básicas:
1º. Servir de instrumento de Registro 
Público, possibilitando a segurança no 
tráfico jurídico de imóveis.
2º. Servir de instrumento de cadastro, 
com a finalidade preponderantemente 
fiscalizatória, como, aliás, dispõe o art. 1º 
e seus parágrafos, da Lei nº 5.868/72 que 
trata do cadastramento rural (alterado 
pela Lei nº 10.267/01).
Para se ter uma ideia de sua utilização 
e importância, até 2023, todas as 5,850 
milhões de propriedades rurais brasileiras 
deverão ter as medidas atualizadas por 
meio de sistema digital (vale a pena ler o 
Decreto nº 4.449/2002, disponível em ht-
tps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/de-
creto/2002/d4449.htm).
Pois bem, estes são alguns dos temas a 
serem estudados de maneira ampla neste 
módulo. 
Ressaltamos em primeiro lugar que em-
 1- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
 2-Departamento de Sistema Geográfico do Exército Brasileiro – 
mais informações serão oferecidas ao longo do curso.
1 2
4 5
bora a escrita acadêmica tenha como pre-
missa ser científica, baseada em normas 
e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos 
de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas 
não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma 
compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clás-
sicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o cará-
ter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de 
referências básicas, encontram-se ou-
tras que foram ora utilizadas, ora somen-
te consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por 
ventura venham a surgir ao longo dos es-
tudos.
6 76
A obtenção de informações sobre a dis-
tribuição geográfica de fenômenos e ob-
jetos é parte importante das atividades 
de organização da sociedade. Antes con-
tidas em mapas e documentos em papel 
impresso, o desenvolvimento da Informá-
tica na segunda metade do século XX pos-
sibilitou armazenar e representar tais in-
formações em ambientecomputacional, 
culminando no advento da prática do Ge-
oprocessamento que pode ser tido como 
“um ramo do processamento de dados que 
opera transformações nos dados contidos 
em uma base de dados referenciada ter-
ritorialmente (geocodificada), usando re-
cursos analíticos, gráficos e lógicos, para 
a obtenção e apresentação das transfor-
mações desejadas” (XAVIER-DA-SILVA, 
1992, p. 48 apud MOURA, 2003, p. 9).
Vamos analisar esse conceito?
2.1 Conceitos e definições
É fato e historicamente registrado que 
a coleta de informações sobre a distri-
buição geográfica de recursos minerais, 
propriedades, animais e plantas sempre 
foi uma parte importante das atividades 
das sociedades organizadas. Até recen-
temente, no entanto, isto era feito ape-
nas em documentos e mapas em papel, o 
que impedia uma análise que combinasse 
diversos mapas e dados. Com o desenvol-
vimento simultâneo (na segunda metade 
do século XX) da tecnologia de informá-
tica, tornou-se possível armazenar e re-
presentar tais informações em ambiente 
computacional, abrindo espaço para o 
aparecimento do Geoprocessamento.
Nesse contexto, o termo Geoproces-
samento denota a disciplina do conheci-
mento que utiliza técnicas matemáticas 
e computacionais para o tratamento da 
informação geográfica e que vem influen-
ciando de maneira crescente as áreas de 
Cartografia, Análise de Recursos Natu-
rais, Transportes, Comunicações, Energia 
e Planejamento Urbano e Regional. As 
ferramentas computacionais para Geo-
processamento, chamadas de Sistemas 
de Informação Geográfica (SIG), permitem 
realizar análises complexas, ao integrar 
dados de diversas fontes e ao criar ban-
cos de dados georreferenciados. Tornam 
ainda possível automatizar a produção de 
documentos cartográficos (CÂMARA; DA-
VIS, 2005).
Segundo Moura (2003), a palavra Ge-
oprocessamento é o hibridismo do termo 
grego gew (Terra) com o termo latino pro-
cessus (progresso, “andar avante”), signi-
ficando implantar um processo que traga 
um progresso, um andar avante, na repre-
sentação da superfície da Terra.
Reúnem-se hardware, software, base 
de dados, metodologias e operador, que 
analogicamente correspondem às ferra-
mentas materiais e virtuais de trabalho, à 
matéria-prima, às técnicas do ofício e ao 
trabalhador. Com os componentes técni-
cos de suporte material (hardware) e os 
programas de manipulação de dados no 
suporte lógico (software), trabalhar com 
Geoprocessamento significa utilizar com-
putadores como instrumentos de manu-
seio de dados para representação digital 
UNIDADE 2 - Geoprocessamento
6 77
do espaço geográfico.
De forma genérica, podemos explicar 
assim: “Se onde é importante para seu 
negócio, então Geoprocessamento é sua 
ferramenta de trabalho”. Sempre que o 
onde aparece, dentre as questões e pro-
blemas que precisam ser resolvidos por 
um sistema informatizado, haverá uma 
oportunidade para considerar a adoção 
de um SIG.
Num país de dimensões continentais 
como o Brasil, com uma grande carência 
de informações adequadas para a tomada 
de decisões sobre os problemas urbanos, 
rurais e ambientais, o Geoprocessamento 
apresenta um enorme potencial, princi-
palmente se baseado em tecnologias de 
custo relativamente baixo, em que o co-
nhecimento seja adquirido localmente.
2.2 Técnicas e usos relacio-
nados ao geoprocessamento
Trabalhar com geoinformação significa, 
antes de qualquer coisa, utilizar computa-
dores como instrumentos de representa-
ção de dados espacialmente referencia-
dos. Deste modo, o problema fundamental 
da Ciência da Geoinformação é o estudo e 
a implementação de diferentes formas de 
representação computacional do espaço 
geográfico.
É costume dizer-se que Geoprocessa-
mento é uma tecnologia interdisciplinar, 
que permite a convergência de diferentes 
disciplinas científicas para o estudo de fe-
nômenos ambientais e urbanos. Ou ainda, 
que “o espaço é uma linguagem comum” 
para as diferentes disciplinas do conheci-
mento.
Apesar de aplicáveis, estas noções 
escondem um problema conceitual: 
a pretensa interdisciplinaridade dos 
SIG’s é obtida pela redução dos con-
ceitos de cada disciplina a algoritmos 
e estruturas de dados utilizados para 
armazenamento e tratamento dos 
dados geográficos. Considere-se, a tí-
tulo de ilustração, alguns problemas 
típicos:
 um sociólogo deseja utilizar um SIG 
para entender e quantificar o fenômeno 
da exclusão social numa grande cidade 
brasileira;
 um ecólogo usa o SIG com o obje-
tivo de compreender os remanescentes 
florestais da Mata Atlântica, através do 
conceito de fragmento típico de Ecologia 
da Paisagem;
 um geólogo pretende usar um SIG 
para determinar a distribuição de um mi-
neral numa área de prospecção, a partir 
de um conjunto de amostras de campo 
(CÂMARA; MONTEIRO, 2005).
O que há de comum em todos os casos 
acima?
Para começar, cada especialista lida 
com conceitos de sua disciplina (exclusão 
social, fragmentos, distribuição mineral). 
Para utilizar um SIG, é preciso que cada 
especialista transforme conceitos de sua 
disciplina em representações computa-
cionais. Após esta tradução, torna-se viá-
vel compartilhar os dados de estudo com 
outros especialistas (eventualmente de 
disciplinas diferentes). Em outras pala-
vras, e que fique bem claro: quando se fala 
que o espaço é uma linguagem comum no 
uso de SIG, a referência é ao espaço com-
8 9
putacionalmente representado e não aos 
conceitos abstratos de espaço geográfi-
co.
Do ponto de vista da aplicação, utilizar 
um SIG implica em escolher as represen-
tações computacionais mais adequadas 
para capturar a semântica de seu domínio 
de aplicação. Do ponto de vista da tecno-
logia, desenvolver um SIG significa ofe-
recer o conjunto mais amplo possível de 
estruturas de dados e algoritmos capazes 
de representar a grande diversidade de 
concepções do espaço.
O conjunto de dados cujo significado 
contém associações ou relações de na-
tureza espacial formam uma informação 
geográfica (TEXEIRA et al., 1992 apud 
ROCHA, 2000), dispostas em planilhas al-
fanuméricas, matrizes e representações 
gráficas vetoriais.
Para que essas informações sejam sub-
metidas ao processamento computacio-
nal, a cada tipo de informação é associado 
um valor numa escala de medida ou refe-
rência, o que insere a representação dos 
fenômenos geográficos na lógica dos sis-
temas de informação.
Outros exemplos de usos do Geo-
processamento:
 a determinação de aptidão agríco-
la – com os mapas de solo, de declividade 
e de precipitação de determinada região 
submetidos a uma escala de medida de 
qualidade, o cálculo da média ponderada 
entre o tipo de solo, o valor da declivida-
de e a quantidade de precipitação média 
mensal indica como boa, média ou ruim a 
aptidão agrícola das porções dessa região;
 a indicação de susceptibilidade à 
urbanização – a inclinação do relevo con-
jugada ao uso e à ocupação do solo permi-
te a definição de áreas vulneráveis à ex-
pansão urbana, caracterizadas por relevo 
de baixa inclinação e próximas a áreas já 
ocupadas (FLORENZANO, 2002);
 a definição da taxa de expansão ur-
bana – delimitação e cálculo do tamanho 
da mancha urbana identificada em ima-
gens de uma mesma área datadas suces-
sivamente (FLORENZANO, 2002).
Novamente podemos afirmar que vá-
rias são as Ciências que se beneficiam de 
seus resultados, como a Agronomia e o 
Urbanismo. Transpondo limites científi-
cos disciplinares através dos trabalhos 
de localização dos fenômenos e equacio-
namento e esclarecimento das condições 
espaciais, o Geoprocessamento é 
uma tecnologia transdisciplinar, que, 
através da axiomática da localização 
e do processamento de dados geo-
gráficos, integra várias disciplinas, 
equipamentos, programas, proces-
sos, entidades, dados, metodologiase pessoas para coleta, tratamento, 
análise e apresentação de informa-
ções associadas a mapas digitais 
georreferenciados (ROCHA, 2000, p. 
210).
Guarde...
- Coleta, armazenamento, tratamento 
e análise e uso integrado são, portanto, 
elementos participantes do conjunto de 
técnicas relacionadas ao tratamento da 
informação espacial.
- Geoprocessamento é uma tecnologia 
formada pela confluência de outras tec-
nologias, a saber:
8 9
 Sistema de Posicionamento Global 
(GPS);
 Sensoriamento Remoto;
 Processamento Digital de Imagens 
(PDI);
 Cartografia Digital;
 Sistemas Gerenciadores de Banco 
de Dados (SGBD);
 Sistemas de Informações Geográfi-
cas (SIG).
Cada uma possui características 
que as singularizam, sendo, ainda, 
agrupadas entre as que permitem:
 a aquisição de dados (Sensoria-
mento Remoto, Cartografia Digital e GPS);
 as que permitem a organização, o 
gerenciamento e a apresentação dos da-
dos (SGBD, Cartografia Digital e SIG); e,
 as que permitem o processamento 
dos dados (PDI, SGBD e SIG).
Algumas se enquadram em mais de 
um grupo devido às várias possibilidades 
de trabalho que permitem. Porém, todas 
convergem no SIG (COUTO, 2009).
Voltando às técnicas, Vieira (2002) 
cita pelo menos quatro categorias de 
técnicas relacionadas ao tratamento 
da informação espacial:
1. Técnicas para coleta de informação 
espacial.
2. Técnicas de armazenamento de in-
formação espacial.
3. Técnicas para tratamento e análise 
de informação espacial.
4. Técnicas para o uso integrado de in-
formação espacial.
Informações georreferenciadas têm 
como característica principal a localiza-
ção, ou seja, estão ligadas a uma posição 
específica do globo terrestre por meio de 
suas coordenadas. Vários sistemas fazem 
parte do Geoprocessamento, dentre os 
quais o SIG, como já dito, é o sistema que 
reúne maior capacidade de processamen-
to e análise de dados espaciais, mas é im-
portante frisar sempre, principalmente 
para aqueles que estão chegando à área.
A utilização destes sistemas produz in-
formações que permitem tomar decisões 
para colocar ações em prática. Estes siste-
mas se aplicam a qualquer tema que ma-
nipule dados ou informações vinculadas 
a um determinado lugar no espaço, e que 
seus elementos possam ser representa-
dos em um mapa, como casas, escolas ou 
hospitais.
Segue abaixo uma breve explicação das 
principais técnicas relacionadas ao trata-
mento da informação espacial, com des-
taque para as técnicas de uso integrado 
de informação espacial (SIG).
a) Técnicas para coleta de informa-
ção espacial:
Aqui temos como principal represen-
tante a Cartografia!
Segundo Timbó (2000, p. 1), 
Cartografia é a Ciência e Arte que 
se propõe a representar através de 
mapas, cartas e outras formas gráfi-
cas (computação gráfica) os diversos 
ramos do conhecimento do homem 
sobre a superfície e o ambiente ter-
restre. Ciência quando se utiliza do 
10 11
apoio científico da Astronomia, da 
Matemática, da Física, da Geodésica, 
da Estatística e de outras ciências 
para alcançar exatidão satisfatória. 
Arte quando recorre às leis estéticas 
da simplicidade e da clareza, buscan-
do atingir o ideal artístico da beleza.
A Cartografia, cuja função essencial é 
representar a realidade através de infor-
mações espaciais de uma forma organiza-
da e padronizada incluindo acuracidade, 
precisão, recursos matemáticos de pro-
jeções cartográficas, datum para a deter-
minação de coordenadas e ainda recursos 
gráficos de símbolos e textos, têm tido 
suas aplicações estendidas a todas as ati-
vidades que de alguma forma necessitem 
conhecer parte da superfície terrestre.
São ferramentas fundamentais 
para a cartografia:
 a aquisição de dados a partir de pla-
taformas espaciais, através de sensores 
montados em satélites artificiais;
 a restituição de imagens através de 
ortofotos digitais;
 a representação, por uma projeção 
ortogonal cotada, de todos os detalhes da 
configuração do solo (topografia);
 a precisão dos dados de localização 
espacial fornecidos por sistemas de posi-
cionamento global por satélites (GPS); e,
 a obtenção de medidas terrestres 
precisas através de fotografias especiais, 
obtidas com câmaras métricas e com reco-
brimento estereoscópico (fotogrametria).
b) Técnicas de armazenamento de 
informação espacial:
As informações espaciais são, via de re-
gra, armazenadas em algum tipo de banco 
de dados. Banco de dados é uma coleção 
de registros ou conjunto de dados que 
contêm informações sobre um determi-
nado assunto ou determinada organiza-
ção.
Sistema de Banco de Dados (SBD) são 
softwares projetados para gerir grandes 
volumes de informações. Esse gerencia-
mento implica na definição das estruturas 
de armazenamento das informações e na 
definição dos mecanismos para o trata-
mento dessas informações.
Um sistema de banco de dados tem 
como principal objetivo permitir ao usu-
ário a utilização, de forma produtiva, das 
informações contidas em cada banco e 
aquela resultante da interação entre eles. 
Destacam-se, entre as principais funções 
de um banco de dados: a seleção de da-
dos; a manipulação de dados e o controle 
de acesso aos dados.
A estrutura do banco de dados é defini-
da através do processo de modelagem de 
dados.
A integridade, eficiência e eficácia das 
informações processadas pelo sistema de 
banco de dados dependem exclusivamen-
te da correta e adequada modelagem, 
onde serão definidos itens importantes 
para sua coleta e armazenamento. A mo-
delagem ocorre através de ferramentas 
importantes, principalmente o modelo 
Entidade-Relacionamento, que se baseia 
na percepção do mundo real e a transfe-
rência dessa percepção para o sistema de 
banco de dados.
Uma modelagem de dados bem feita 
evita repetições de dados, isto é, diminui 
o retrabalho. Antes da modelagem, há 
10 11
necessidade de uma correta definição de 
quais dados serão tratados pelo sistema. 
Os dados devem ser corretamente identi-
ficados e classificados.
Uma das técnicas utilizadas para a aná-
lise dos dados é a normalização, uma téc-
nica que visa diminuir dificuldades nas 
operações sobre os dados, reduzir sua in-
consistência e facilitar sua manutenção, 
determinando a melhor estrutura do ban-
co que os contêm.
Utilizando a normalização, portanto, o 
responsável pela construção e manuten-
ção de bancos de dados escolhe qual dado 
há em comum no conjunto deles, para fi-
xá-lo como imutável. Esse procedimento 
é o que garante, em geoprocessamento, 
adaptações fáceis à troca de nomes de 
ruas, expansão de bairros, surgimento de 
novas codificações de crimes, etc. Neste 
caso, a denominação de ruas será feita por 
meio de códigos. Os números de RG e CPF; 
o CNPJ das empresas, e os números de pla-
cas e chassis de veículos são os exemplos 
mais conhecidos.
Os bancos de dados relacionais são 
utilizados, com várias aplicações, em di-
versas empresas. Esses bancos contêm 
informações relacionadas a um determi-
nado assunto, o que se considera tradi-
cional. Além das aplicações tradicionais, 
como o controle de transações bancárias 
e controle de estoques, o banco de dados 
relacional pode ser utilizado em sistemas 
de suporte à decisão, banco de dados es-
paciais (trata de dados geográficos, re-
lacionando-os aos demais dados de um 
determinado assunto), banco de dados 
multimídia, banco de dados móvel.
c) Técnicas para tratamento e aná-
lise de informação espacial:
As principais técnicas para tratamen-
to e análise de informação espacial são a 
modelagem de dados, a geoestatística e a 
análise de redes.
A modelagem de dados é um conjunto 
de conceitos que podem ser usados para 
descrever a estrutura e as operações em 
um banco de dados. O modelo busca siste-
matizar o entendimento que é desenvol-vido a respeito de objetos e fenômenos 
que serão representados em um sistema 
informatizado.
Desta forma, é necessário construir 
uma abstração dos objetos e fenômenos 
do mundo real, de modo a obter uma for-
ma de representação conveniente, embo-
ra simplificada, que seja adequada às fina-
lidades das aplicações do banco de dados.
A abstração de conceitos e entidades 
existentes no mundo real é uma parte 
importante da criação de sistemas de in-
formação. Além disso, o sucesso de qual-
quer implementação em computador de 
um sistema de informação é dependente 
da qualidade da transposição de entida-
des do mundo real e suas interações para 
um banco de dados informatizado. A abs-
tração funciona como uma ferramenta 
que nos ajuda a compreender o sistema, 
dividindo-o em componentes separados. 
Cada um destes componentes pode ser vi-
sualizado em diferentes níveis de comple-
xidade e detalhe, de acordo com a neces-
sidade de compreensão e representação 
das diversas entidades de interesse do 
sistema de informação e suas interações.
A Geoestatística está baseada na te-
oria de variáveis regionalizadas, enten-
12 13
dendo como tal, variáveis cujos valores 
são relacionados de algum modo com a 
posição espacial que ocupam (variável 
aleatória georreferenciada) tendo uma 
função de covariância espacial associa-
da. As variáveis regionalizadas são contí-
nuas no espaço, pelo que não podem ser 
completamente aleatórias, não podendo, 
no entanto, ser modeladas por nenhuma 
função determinística (ou processo es-
pacial). Têm, portanto, características in-
termediárias entre processos puramente 
determinísticos e aleatórios puros, sendo 
uma variável distribuída no espaço e não 
envolve qualquer interpretação proba-
bilística. A análise espacial de dados via 
Geoestatística resume-se basicamente 
em duas fases na estimação do variogra-
ma (ou semivariograma) e krigagem que é 
predição (previsão) espacial.
Redes são o conjunto formado pelo re-
lacionamento entre entidades gráficas 
que permite a navegação entre estas en-
tidades, permitindo realizar análises de 
conectividade, caminho mais curto, cami-
nho ótimo e outras.
d) Técnicas para o uso integrado de 
informação espacial:
Dentre as principais técnicas para o 
uso integrado de informação espacial, 
destacam-se: o Sistema de Informações 
Geográficas (SIG), também chamado de 
GIS (Geographic Information Systems); o 
AM/FM (Automated Mapping/Facilities 
Management) e o CADD (Computer Aided 
Design and Drafting), ou Projeto Assistido 
por Computador.
Definindo mais uma vez o Sistema de 
Informações Geográficas (SIG)... pode ser 
entendido como um 
sistema composto por ferramentas 
de hardware, software, rotinas e 
métodos com o propósito de apoiar 
a aquisição, manipulação, análise, 
modelagem e exibição de dados do 
mundo real, visando a solução de 
problemas complexos de planeja-
mento e gestão de recursos e/ou 
fenômenos geograficamente/espa-
cialmente distribuídos (TIMBÓ, 2001, 
p. 2).
SIG são sistemas automatizados usa-
dos para armazenar, analisar e manipular 
dados geográficos, ou seja, dados que re-
presentam objetos e fenômenos em que a 
localização geográfica é uma característi-
ca inerente à informação e indispensável 
para analisá-la. É um sistema computacio-
nal composto de softwares e hardwares, 
que permite a integração entre bancos 
de dados alfanuméricos (tabelas) e gráfi-
cos (mapas), para o processamento, aná-
lise e saída de dados georreferenciados. 
Os produtos criados são arquivos digitais 
contendo Mapas, Gráficos, Tabelas e Rela-
tórios convencionais (COUTO, 2009).
O SIG engloba em sua definição vários 
aspectos abordados na definição de Geo-
processamento, porém ao SIG, agregam-
-se ainda os aspectos institucionais, de 
recursos humanos (peopleware) e princi-
palmente a aplicação específica a que se 
destina.
2.3 Um pouco de história
As primeiras tentativas de automatizar 
parte do processamento de dados com 
características espaciais aconteceram na 
Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 
12 13
1950, com o objetivo principal de reduzir 
os custos de produção e manutenção de 
mapas. Dada a precariedade da informáti-
ca na época, e a especificidade das aplica-
ções desenvolvidas (pesquisa em botâni-
ca, na Inglaterra, e estudos de volume de 
tráfego, nos Estados Unidos), estes sis-
temas ainda não podem ser classificados 
como “sistemas de informação” (CÂMARA; 
DAVIS, 2005).
Os primeiros Sistemas de Informação 
Geográfica surgiram na década de 1960, 
no Canadá, como parte de um programa 
governamental para criar um inventário 
de recursos naturais. Estes sistemas, no 
entanto, eram muito difíceis de usar: não 
existiam monitores gráficos de alta reso-
lução, os computadores necessários eram 
excessivamente caros, e a mão de obra 
tinha que ser altamente especializada e 
caríssima. Não existiam soluções comer-
ciais prontas para uso, e cada interessado 
precisava desenvolver seus próprios pro-
gramas, o que demandava muito tempo e, 
naturalmente, muito dinheiro.
Além disto, a capacidade de armazena-
mento e a velocidade de processamen-
to eram muito baixas. Ao longo dos anos 
1970 foram desenvolvidos novos e mais 
acessíveis recursos de hardware, tornan-
do viável o desenvolvimento de sistemas 
comerciais. Foi então que a expressão Ge-
ographic Information System foi criada. 
Foi também nesta época que começaram 
a surgir os primeiros sistemas comer-
ciais de CAD (Computer Aided Design, ou 
projeto assistido por computador), que 
melhoraram em muito as condições para 
a produção de desenhos e plantas para 
engenharia, e serviram de base para os 
primeiros sistemas de cartografia auto-
matizada. Também nos anos 1970 foram 
desenvolvidos alguns fundamentos ma-
temáticos voltados para a cartografia, 
incluindo questões de geometria compu-
tacional. No entanto, devido aos custos e 
ao fato destes protossistemas ainda uti-
lizarem exclusivamente computadores de 
grande porte, apenas grandes organiza-
ções tinham acesso à tecnologia.
A década de 1980 representa o mo-
mento quando a tecnologia de sistemas 
de informação geográfica inicia um perí-
odo de acelerado crescimento que dura 
até os dias de hoje. Até então limitados 
pelo alto custo do hardware e pela pouca 
quantidade de pesquisa específica sobre 
o tema, os SIGs se beneficiaram grande-
mente da massificação causada pelos 
avanços da microinformática e do estabe-
lecimento de centros de estudos sobre o 
assunto. Nos EUA, a criação dos centros 
de pesquisa que formam o NCGIA - Natio-
nal Centre for Geographical Information 
and Analysis (NCGIA, 1989) marca o esta-
belecimento do Geoprocessamento como 
disciplina científica independente.
No decorrer dos anos 1990, com a gran-
de popularização e barateamento das es-
tações de trabalho gráficos, além do sur-
gimento e evolução dos computadores 
pessoais e dos sistemas gerenciadores de 
bancos de dados relacionais, ocorreu uma 
grande difusão do uso de SIG. A incorpora-
ção de muitas funções de análise espacial 
proporcionou também um alargamento 
do leque de aplicações de SIG.
Neste século, observa-se um grande 
crescimento do ritmo de penetração do 
SIG nas organizações, sempre alavancado 
pelos custos decrescentes do hardware 
e do software, e também pelo surgimen-
14 15
to de alternativas menos custosas para a 
construção de bases de dados geográfi-
cas.
Em se tratando do Brasil, a introdução 
do Geoprocessamento inicia-se a partir do 
esforço de divulgação e formação de pes-
soal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva 
(UFRJ), no início dos anos 1980. A vinda 
ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlin-
son, responsável pela criação do primeiro 
SIG (o Canadian Geographical Information 
System), incentivou o aparecimento de 
vários grupos interessados em desenvol-ver tecnologia, entre os quais podemos 
citar:
 UFRJ: o grupo do Laboratório de 
Geoprocessamento do Departamento de 
Geografia da UFRJ, sob a orientação do 
professor Jorge Xavier, desenvolveu o 
SAGA (Sistema de Análise GeoAmbiental). 
O SAGA tem seu forte na capacidade de 
análise geográfica e vem sendo utilizado 
com sucesso como veículo de estudos e 
pesquisas.
 MaxiDATA: os então responsáveis 
pelo setor de informática da empresa 
de aerolevantamento AeroSul criaram, 
em meados dos anos 1980, um sistema 
para automatização de processos carto-
gráficos. Posteriormente, constituíram 
empresa MaxiDATA e lançaram o Maxi-
CAD, software largamente utilizado no 
Brasil, principalmente em aplicações de 
Mapeamento por Computador. Mais re-
centemente, o produto dbMapa permitiu 
a junção de bancos de dados relacionais 
a arquivos gráficos MaxiCAD, produzindo 
uma solução para “desktop mapping” para 
aplicações cadastrais.
 CPqD/TELEBRÁS: o Centro de Pes-
quisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS 
iniciou, em 1990, o desenvolvimento do 
SAGRE (Sistema Automatizado de Gerên-
cia da Rede Externa), uma extensiva apli-
cação de Geoprocessamento no setor de 
telefonia. Construído com base num am-
biente de um SIG (VISION) com um banco 
de dados cliente-servidor (ORACLE), o SA-
GRE envolve um significativo desenvolvi-
mento e personalização de software.
 INPE: em 1984, o INPE (Instituto 
Nacional de Pesquisas Espaciais) esta-
beleceu um grupo específico para o de-
senvolvimento de tecnologia de geopro-
cessamento e sensoriamento remoto (a 
Divisão de Processamento de Imagens 
- DPI). De 1984 a 1990, a DPI desenvol-
veu o SITIM (Sistema de Tratamento de 
Imagens) e o SGI (Sistema de Informações 
Geográficas) para ambiente PC/DOS, e, 
a partir de 1991, o SPRING (Sistema para 
Processamento de Informações Geográfi-
cas), para ambientes UNIX e MS/Windows.
Sobre o SITIM/SGI, foi suporte de 
um conjunto significativo de projetos 
ambientais, podendo-se citar:
a) O levantamento dos remanescentes 
da Mata Atlântica Brasileira (cerca de 100 
cartas), desenvolvido pela IMAGEM Sen-
soriamento Remoto, sob contrato do SOS 
Mata Atlântica.
b) A cartografia fito-ecológica de Fer-
nando de Noronha, realizada pelo NMA/
EMBRAPA.
c) O mapeamento das áreas de risco 
para plantio para toda a Região Sul do Bra-
sil, para as culturas de milho, trigo e soja, 
realizado pelo CPAC/EMBRAPA.
d) O estudo das características geoló-
14 15
gicas da bacia do Recôncavo, através da 
integração de dados geofísicos, altimétri-
cos e de sensoriamento remoto, conduzi-
do pelo CENPES/Petrobrás (ASSAD; SANO, 
1998).
Enfim, na área agrícola temos um con-
junto significativo de resultados do SITIM/
SGI.
Já o SPRING unifica o tratamento de 
imagens de Sensoriamento Remoto (óp-
ticas e micro-ondas), mapas temáticos, 
mapas cadastrais, redes e modelos nu-
méricos de terreno tanto que a partir de 
1997, passou a ser distribuído via Inter-
net e pode ser obtido através do website 
http://www.dpi.inpe.br/spring.
2.4 Orientação a objetos
Segundo Medeiros (1999), o termo 
“orientação-a-objetos” denota um para-
digma de trabalho que vem sendo utiliza-
do de forma ampla para o projeto e imple-
mentação de sistemas computacionais.
A ideia geral da abordagem de orienta-
ção-a-objetos para um problema é aplicar 
as técnicas de classificação por divisão ou 
agrupamento. Dentre os conceitos fun-
damentais em orientação-a-objetos des-
tacam-se aqui, os conceitos de classe e 
objeto.
Uma classe pode ser definida como um 
molde básico, uma espécie de “fôrma” na 
qual se reúnem os objetos com certas pro-
priedades comuns, ou identificáveis no 
molde básico.
Um objeto denota uma entidade capaz 
de ser individualizada, única, com atribu-
tos próprios, porém com pelo menos as 
mesmas propriedades da classe que lhe 
deu origem, ou melhor, um objeto é uma 
“materialização” ou instanciação da clas-
se. Por exemplo, em biologia, a classe dos 
Mamíferos “agrega” todos os animais com 
a propriedade de ter sangue quente e de 
ser amamentado. Neste caso, pode-se di-
zer do objeto “golfinho Flipper” que “golfi-
nho Flipper” é um mamífero.
Para uma análise mais completa, é mui-
to útil reconhecer subclasses, derivadas 
de uma classe básica, que permitem uma 
análise mais detalhada. A este mecanis-
mo dá-se o nome de especialização ou 
divisão. Assim, pode-se dizer que a classe 
“Primatas” é uma especialização da classe 
“Mamíferos”. Este processo pode continu-
ar, e ainda poder-se-ia definir uma classe 
“Homens” como especialização da classe 
“Primatas”.
No processo de especialização, as clas-
ses derivadas herdam as propriedades 
das classes básicas, acrescentando novos 
atributos que serão específicos destas 
novas classes. Em consequência, vale a 
afirmativa “todo homem é um mamífero, 
mas nem todo mamífero é um homem”.
O outro mecanismo fundamental da te-
oria de orientação-a-objetos é a agrega-
ção ou composição. Um objeto composto 
ou objeto complexo é formado por agru-
pamento de objetos de tipos diferentes. 
Tome-se o caso de um computador, for-
mado de CPU, memória, disco rígido, tecla-
do, monitor e mouse.
A modelagem orientada-a-objetos apli-
ca-se de forma natural ao geoprocessa-
mento, onde cada um dos tipos de objetos 
espaciais presentes será descrito através 
de classes, que podem obedecer a uma re-
16 1716
lação de hierarquia, onde subclasses deri-
vadas herdam comportamento de classes 
mais gerais.
Em Geoprocessamento, a ideia de es-
pecialização (também chamada de é-um 
ou is-a) é utilizada normalmente para de-
finir subclasses de entidades geográficas. 
Por exemplo, no esquema abaixo ou mapa 
cadastral, a classe de objetos indicada por 
hospital pode ser especializada em hospi-
tal público e hospital privado. Os atribu-
tos da classe hospital são herdados pelas 
subclasses: hospital público e hospital pri-
vado, que podem ter atributos próprios.
Especialização
O relacionamento de agregação, tam-
bém chamado de relacionamento “parte-
-de” ou part of, permite combinar vários 
objetos para formar um objeto de nível 
semântico maior, no qual cada parte tem 
funcionalidade própria. Como exemplo, 
uma rede elétrica pode ser definida a par-
tir dos componentes postes, transforma-
dores, chaves, subestações e linhas de 
transmissão, conforme pode ser visto no 
próximo esquema.
Agregação
Fonte: Medeiros (1999, p. 43).
Guarde...
O Geoprocessamento é uma poderosa 
ferramenta computacional, que processa 
dados geograficamente referenciados e 
pode ser bastante útil na abordagem in-
tegrada, essencial ao gerenciamento dos 
recursos naturais.
16 17
UNIDADE 3 - Noções básicas de antropologia
17
Alguns devem estar se perguntando 
por que abordar a epistemologia...
Se pensarmos no seu conceito, na teo-
ria do conhecimento, realmente faz sen-
tido. Mesmo que sejamos breves, é per-
tinente conhecer a origem para validar o 
conhecimento, ou seja, fundamentar te-
oricamente para que essas bases sejam 
sólidas no momento de praticar.
Câmara, Monteiro e Medeiros (2005) se 
preocuparam em discorrer sobre a episte-
mologia da geoinformação como veremos 
adiante.
A tecnologia de sistemas de informa-
ção geográfica evoluiu de maneira muito 
rápida a partir da década de 1970. Como 
este desenvolvimento foi motivado desde 
o início por forte interesse comercial, não 
foi acompanhado por um correspondente 
avanço nas bases conceituais da geoinfor-
mação; como resultado, o aprendizado do 
Geoprocessamento tornou-se singular-
mente dificultado. Ao contrário de outras 
disciplinas (como Banco de Dados), não 
há um corpo básico de conceitos teóricos, 
que sirva de suporte para o aprendizado 
da tecnologia, mas uma diversidade por 
vezes contraditória de noções empíricas. 
Muitos livros texto e cursossão organi-
zados e apresentados em função de um 
sistema específico, sem fornecer ao aluno 
uma visão sólida de fundamentos de apli-
cação geral.
Os autores explicam que as raízes des-
te problema estão na própria natureza 
interdisciplinar (alguns diriam transdisci-
plinar) da Ciência da Geoinformação. Pon-
to de convergência de áreas como Infor-
mática, Geografia, Planejamento Urbano, 
Engenharia, Estatística e Ciências do Am-
biente, a Ciência da Geoinformação ainda 
não se consolidou como disciplina científi-
ca independente; para que isto aconteça, 
será preciso estabelecer um conjunto de 
conceitos teóricos, de aplicação genérica 
e independentes de aspectos de imple-
mentação.
Para estabelecer as bases epistemo-
lógicas da Ciência da Geoinformação, é 
preciso – em primeiro lugar – identificar as 
fontes de contribuição teórica nas quais 
poderemos buscar bases para a reflexão 
que vamos pontuar como sendo o espaço 
geográfico. Ele é a noção-chave, a partir 
da qual podemos construir os fundamen-
tos teóricos desta disciplina científica. 
Apesar de seu caráter interdisciplinar, o 
fundamento básico da Ciência da Geoin-
formação é a construção de representa-
ções computacionais do espaço, portanto 
é preciso revisar as principais concepções 
da Geografia, na perspectiva da constru-
ção de sistemas de informação (CÂMARA; 
MONTEIRO; MEDEIROS, 2005).
Embora a ideia não seja aprofundar 
nessas concepções, vale a pena estabe-
lecer as relações possíveis e necessárias 
que nos conduzem à tecnologia dos SIGs. 
Podemos, por exemplo, pensar em geo-
grafia regional ou idiográfica, quantitati-
va ou geografia do tempo, ou até mesmo 
a geografia crítica tão arraigada nos tra-
balhos de Milton Santos.
Para a Geografia Idiográfica (SIG dos 
anos 80), o conceito-chave é a unicidade 
18 19
da região, expresso através de abstra-
ções como a “unidade-área”, “unidade de 
paisagem” e “land-unit”. A representação 
computacional associada é o polígono 
com seus atributos (usualmente expres-
sos numa tabela de um banco de dados re-
lacional) e as técnicas de análise comuns, 
e o uso da interseção de conjuntos (lógica 
booleana).
Para a Geografia Quantitativa (SIG de 
1990), o conceito-chave é a distribuição 
espacial do fenômeno de estudo, expres-
sa através de um conjunto de eventos, 
amostras pontuais, ou dados agregados 
por área. A representação computacional 
associada é a superfície (expressa como 
uma grade regular) e há uma grande ên-
fase no uso de técnicas de Estatística Es-
pacial e Lógica Nebulosa (“fuzzy”) para 
caracterizar com o uso (respectivamente) 
da teoria da probabilidade e da teoria da 
possibilidade as distribuições espaciais.
Para a Geografia Quantitativa (SIG 
dos anos 2000), o conceito-chave são os 
modelos preditivos com representação 
espaço-temporal, no qual a evolução do 
fenômeno é expressa através de repre-
sentação funcional. Para capturar as dife-
rentes relações dinâmicas, as técnicas de 
análise deverão incluir modelos multies-
cala, que estabeleçam conexões entre 
fenômenos de macroescala (tipicamente 
relacionados com fatores econômicos) e 
fenômenos de microescala (tipicamente 
associados a transições no uso da terra).
Enfim, para a Geografia Crítica (SIG do 
século XXI), os conceitos-chave incluem o 
espaço como “sistema de objetos e siste-
mas de ações” e a oposição entre “espaço 
de fluxos” e “espaço de lugares”.
O quadro abaixo nos mostra a evolução 
das teorias geográficas em comparação 
com o Geoprocessamento que resume a 
questão do conhecimento da noção-cha-
ve do espaço geográfico. Para cada escola 
temos o conceito chave em sua definição 
de espaço, a representação computacio-
nal que melhor aproxima este conceito, 
e algumas técnicas de Análise Geográfica 
típicas que estão associadas a esta escola 
geográfica. Se observarem, há uma dis-
tinção entre os conceitos da escola de Ge-
ografia Quantitativa que tem expressão 
na geração de SIG dos anos 2000 e aque-
les que apontam para sua evolução neste 
novo século.
18 19
Teoria geográfica e Geoprocessamento
Teoria Tecnologia SIG 
associada
Conceito-chave Repres. Comput. Técnicas de 
análise
Geografia Idio-
gráfica
Geografia quan-
titativa 1
Geografia quan-
titativa 2
Geografia crí-
tica
Anos 80 – mea-
dos anos 90
Final da década 
de 90
Meados da dé-
cada de 2000
Século XXI
Unicidade da 
região (unida-
de-área)
Distribuição 
espacial
Modelos espa-
ço-tempo
Objetos e ações
Espaços de flu-
xo e espaço de 
lugares
Polígono e atri-
butos
Superfícies 
(grades)
Funções
Ontologias e 
espaços não 
cartográficos
Interseção e 
conjuntos
Geoestatística 
+ lógica fuzzy
Modelos mul-
tiescala
Representação 
do conhecimen-
to
20 2120
Evidentemente que o Geoprocessa-
mento possui certo alcance e igual limi-
tação e, embora tenhamos apresentado 
uma visão reducionista e limitada, a ideia 
é exatamente esta: deixá-los pensar na 
importância do conceito-chave e na evo-
lução das representações computacionais 
e no ambiente tecnológico atual. 
Lembramos que a tecnologia de siste-
mas de informação geográfica ainda não 
chegou ao seu ponto de “ótimo” para dar 
suporte adequado às diferentes concep-
ções de espaço geográfico. Atualmente, 
os SIGs oferecem ferramentas que per-
mitem a expressão de procedimentos ló-
gicos e matemáticos sobre as variáveis 
georreferenciadas com uma economia de 
expressão e uma repetibilidade impossí-
veis de alcançar em análises tradicionais. 
A tecnologia de SIG resolveu vários pro-
blemas de representação computacional 
do espaço. Os atuais sistemas são forte-
mente baseados numa lógica “cartográ-
fica” do espaço, exigindo sempre a cons-
trução de “mapas computacionais”, tarefa 
sempre custosa e nem sempre adequada 
ao entendimento do problema em estudo.
O conceito de Milton Santos (1985) de 
“espaço como sistemas de objetos e siste-
mas de ações” caracteriza um mundo em 
permanente transformação, com intera-
ções complexas entre seus componentes. 
Esse conceituado autor apresenta uma vi-
são geral, que admite diferentes leituras 
e distintos processos de redução, neces-
sários à captura desta definição abstrata 
num ambiente computacional. Não obs-
tante, a riqueza inerente a este conceito 
está em deslocar a ênfase da análise do 
espaço, da representação cartográfica 
para a dimensão da representação do co-
nhecimento geográfico. Afinal, como diz 
o próprio Milton Santos, geometrias não 
são geografias (CÂMARA; MONTEIRO; ME-
DEIROS, 2005).
Ela, a Geografia crítica, contribui sobre-
maneira para a Ciência da Geoinformação, 
sendo um de seus principais méritos o de 
apontar para uma visão muito rica do es-
paço geográfico, enfatizando a noção do 
processo em contraposição à natureza 
estática dos SIGs.
20 21
UNIDADE 4 - Interdisciplinaridade: carto-
grafia x geoinformação
21
Não há como não falar da Cartogra-
fia quando se trata das inter-relações da 
geoinformação!
Cartografia é a ciência e a arte de ex-
pressar graficamente o conhecimento hu-
mano da superfície terrestre por meio de 
representações gráficas
Dentre as principais representações 
cartográficas destacam-se o globo, os 
mapas, as cartas topográficas, as cartas 
temáticas, e as plantas.
O Problema Fundamental da Cartogra-
fia é justamente a representação gráfica 
da superfície terrestre, tanto que para 
resolver este seu problema, é necessário 
o conhecimento de sua forma. Inicialmen-
te, adotou-se a Terra com a Forma Plana, 
como o homem via o seu entorno; pos-
teriormente, o interesse do homem pela 
terra crescia com a distância dos lugares 
de comércio e com o desenvolvimento das 
ciências chegou-se à Forma Esférica.
Portanto, a razão principal da relação 
interdisciplinar forte entre Cartografiae 
Geoprocessamento é o espaço geográfi-
co. A Cartografia preocupa-se em apre-
sentar um modelo de representação de 
dados para os processos que ocorrem no 
espaço geográfico. O Geoprocessamento 
representa a área do conhecimento que 
utiliza técnicas matemáticas e compu-
tacionais, fornecidas pelos Sistemas de 
Informação Geográfica (SIG), para tratar 
os processos que ocorrem no espaço ge-
ográfico. Isso estabelece de forma clara a 
relação interdisciplinar entre Cartografia 
e Geoprocessamento.
Os resultados dos diversos levanta-
mentos possibilitam a elaboração de do-
cumentos cartográficos, a partir do esta-
belecimento das correlações espaciais e 
da observação dos fenômenos naturais e 
sociais que ocorrem na superfície terres-
tre.
Vejamos alguns conceitos importantes:
 mapeamento – processo de cons-
trução de um documento cartográfico, 
que tem seu início na organização sistêmi-
ca dos dados e informações provenientes 
de diversos levantamentos;
 Levantamento – caracteriza-se 
pela realização de medidas e observa-
ções, coleta de dados, e a seleção de do-
cumentos existentes, com o objetivo de 
elaborar uma informação cartográfica.
Exemplos: Levantamentos topográfi-
co, hidrográfico, climatológico.
22 2322
Para estas atividades, utilizam-se equi-
pamentos e técnicas da Topografia como 
teodolito, estação total, nível e trena. 
Sendo que esses equipamentos estão 
sendo gradativamente substituídos e/ou 
complementados (dependendo do caso) 
pelo GPS.
O GPS é um importante aliado nos ser-
viços que exigem informações de posicio-
namento confiáveis, dada a rapidez e se-
gurança nos dados que fornece. Exemplos 
de aplicações: locação de obras na cons-
trução civil, como estradas, barragens, 
pontes, túneis, etc.
Alguns casos atendidos pelo GPS são 
impossíveis através da Topografia, como 
o monitoramento contínuo de veículos 
(automóveis, aviões ou navios). Dentre 
muitas, outra grande vantagem do GPS é 
a não necessidade de intervisibilidade en-
tre as estações em determinadas áreas.
 Sensoriamento Remoto: processo 
de medição e obtenção de dados sobre 
um objeto ou fenômeno, ou mesmo algu-
ma propriedade deste, através de senso-
res que não se encontram em contato físi-
co com o objeto ou fenômeno estudado.
O princípio básico é a transferência de 
dados do objeto para o sensor, feita atra-
vés de energia – energia eletromagnética 
ou radiação eletromagnética (REM).
A energia solar é a base dos princípios 
que fundamentam essa tecnologia.
 Aerolevantamento: realização de 
observações, ou coleta de dados com o 
emprego de equipamentos aerotranspor-
tados. Acontece geralmente pelo Sistema 
suborbital (Avião – imagem aérea) ou sis-
temas Orbitais (satélites como Landsat, 
Spot, CBERS, IKONOS, etc., imagem orbi-
tal).
A obtenção de informações a partir de 
dados de SR baseia-se no estudo das in-
terações entre a energia eletromagnética 
e os alvos da superfície terrestre (MAIO, 
2008).
22 23
UNIDADE 5 - A urbanização brasileira, os problemas 
sociais e aplicações do geoprocessamento das informações
23
O geoprocessamento tem sido muito 
empregado pelos órgãos governamen-
tais, entidades privadas e não-gover-
namentais, com o objetivo, principal, de 
integrar dados espaciais e não espaciais, 
em seus projetos e estudos relacionados 
ao meio ambiente.
Diversos são os exemplos de aplicação 
do geoprocessamento, tais como:
 manejo e conservação de recursos 
naturais (estudos de impacto ambiental, 
modelagem das águas subterrâneas e do 
caminhamento dos contaminantes, estu-
dos das migrações e dos habitats das fau-
nas, pesquisa do potencial mineral, etc.);
 gestão das explorações agrícolas 
(cultivo de campo, manejo de irrigação, 
avaliação do potencial agrícola da terra, 
etc.);
 planejamento de área urbana (pla-
nejamento dos transportes, desenvolvi-
mento de plano de evacuação, localização 
dos acidentes, seleção dos itinerários, 
etc.);
 gestão das instalações (localização 
dos cabos e tubulações, planejamento e 
manutenção das instalações, etc.);
 administração pública (gestão de 
cadastro, avaliação predial/territorial, 
gestão da qualidade das águas, conserva-
ção/manutenção das infraestruturas, pla-
nos de organização, etc.);
 comércio (análise da estrutura de 
mercado, planejamento de desenvolvi-
mento, análise da concorrência e das ten-
dências de mercado, etc.); e,
 saúde pública (epidemiologia, dis-
tribuição e evolução das doenças, distri-
buição dos serviços sociais sanitários, pla-
nos de emergência, etc.).
Embora os exemplos citados acima te-
nham sido classificados nessas diferentes 
áreas, isso se deve ao enfoque principal 
dos mesmos, uma vez que a maioria das 
aplicações de geoprocessamento possui 
inerente caráter multidisciplinar (HAMA-
DA; GONÇALVES, 2007).
Dentre as várias aplicações do geopro-
cessamento de informações, lançaremos 
neste módulo alguns excertos de traba-
lhos científicos que objetivaram mostrar a 
aplicação do geoprocessamento em áreas 
específicas, como por exemplo, seguran-
ça pública, combate as atividades ilícitas 
e controle da aplicação do policiamento 
ordinário, que proporcionam maior sensa-
ção de segurança para a população.
Salientamos que outras aplicações 
como, preservação dos recursos hídricos, 
áreas da geologia, criação de zoneamento 
de potencial turístico em unidade de con-
servação e outras serão vistas ao longo 
do curso.
5.1 Desenvolvimento sus-
tentável e qualidade de vida
Por um tempo, o homem que utilizava 
a natureza apenas para saciar a fome e a 
sede não tinha motivos para se preocu-
par com questões ambientais, embora ele 
respeitasse a mesmo e as forças naturais 
que traziam tempestades e outras intem-
24 25
péries eram consideradas manifestações 
divinas, não cabendo a ele nenhuma ma-
neira de controlar essas situações, apenas 
venerar e temer a natureza. Entretanto, a 
sua evolução, o aumento populacional e o 
desenvolvimento das sociedades acaba-
ram por levá-lo a pensar com seriedade no 
modo como usava a natureza.
Com o passar do tempo e a evolução 
da humanidade, foram surgindo diversas 
correntes de pensamento, discutindo a 
relação homem-natureza, principalmen-
te, com respeito à utilização dos recursos 
naturais (conservação/ preservação e es-
cassez), frente ao crescimento populacio-
nal (HAMADA; GONÇALVES, 2007).
Segundo Maurice Strong, Secretário-
-Geral da Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(CNUMAD), no encontro global realizado 
no Rio de Janeiro, em 1992 concordou-se 
que “o desenvolvimento e o meio ambien-
te estão indissoluvelmente vinculados e 
devem ser tratados mediante a mudança 
de conteúdo, das modalidades e das utili-
zações do crescimento”.
A Agenda 21, aprovada durante a CNU-
MAD, conclamou a todos para uma asso-
ciação mundial em prol do desenvolvimen-
to sustentável e apresentou um programa 
de ação para a sua implementação.
Desenvolvimento sustentável é o pro-
cesso de transformação no qual a explo-
ração de recursos, direção dos investi-
mentos, orientação do desenvolvimento 
tecnológico e mudanças institucionais se 
harmonizam e reforçam o potencial pre-
sente e futuro, a fim de atender às neces-
sidades e aspirações humanas (COMISSÃO 
MUNDIAL..., 1991). De uma forma mais 
ampla, define-se também como aquele 
que atende às necessidades do presen-
te sem comprometer a possibilidade das 
gerações futuras atenderem às suas pró-
prias necessidades.
Segundo Sachs (1993), o desenvolvi-
mento sustentável deve contemplar as 
seguintes dimensões: social, econômica, 
ecológica, espacial e cultural. Desta for-
ma, o desenvolvimento sustentável é ob-
tido pela obediência simultânea ou con-
ciliação aos três critérios fundamentais: 
eficiência econômica, equidade social ou 
justiçasocial e prudência ecológica.
No entendimento da FAO (2000), uma 
característica inerente à maioria das deci-
sões sobre desenvolvimento sustentável 
é que elas são multidisciplinares ou inter-
ssetoriais, pois necessitam negociações 
entre objetivos conflitantes de diferentes 
setores; e que, no entanto, a maioria das 
agências de desenvolvimento de recursos 
naturais são orientadas por um único se-
tor.
A importância de uma abordagem in-
tegrada do desenvolvimento e gerencia-
mento dos recursos naturais é enfocada 
em muitos fóruns internacionais de de-
senvolvimento sustentável. A Agenda 21 
(ABORDAGEM..., 1992), em seu Capítulo 
10, também observa que:
As crescentes necessidades huma-
nas e a expansão das atividades eco-
nômicas estão exercendo uma pres-
são cada vez maior sobre os recursos 
terrestres, criando competição e 
conflitos e tendo como resultado um 
uso impróprio tanto da terra como 
dos recursos terrestres. Caso queira-
mos, no futuro, atender às necessi-
24 25
dades humanas de maneira susten-
tável, é essencial resolver hoje esses 
conflitos e avançar para um uso mais 
eficaz e eficiente da terra e de seus 
recursos naturais. A abordagem in-
tegrada do planejamento e do ge-
renciamento físico e do uso da terra 
é uma maneira eminentemente prá-
tica de fazê-lo. Examinando todos 
os usos da terra de forma integrada 
é possível reduzir os conflitos ao mí-
nimo, fazer as alternâncias mais efi-
cientes e vincular o desenvolvimento 
social e econômico à proteção e me-
lhoria do meio ambiente, contribuin-
do assim para atingir os objetivos 
do desenvolvimento sustentável. A 
essência dessa abordagem integra-
da se expressa na coordenação de 
planejamento setorial e atividades 
de gerenciamento relacionadas aos 
diversos aspectos do uso da terra e 
dos recursos terrestres.
Neste sentido, o geoprocessamento 
pode ser bastante útil na abordagem in-
tegrada, por ser uma ferramenta com-
putacional muito poderosa, integrando 
grandes bancos de dados, de diferentes 
setores, permitindo, entre outras, a análi-
se matemática e estatística desses dados.
No entanto, os usos potenciais do geo-
processamento devem ser entendidos em 
todos os aspectos na adoção dessa tecno-
logia. Desta forma, é importante possuir o 
entendimento geral da tecnologia do ge-
oprocessamento, de forma que os geren-
tes, especialistas técnicos e potenciais 
usuários possam adequar essa ferramen-
ta à sua aplicação específica.
Este início de 2014 tem sido um grande 
alerta para dirigentes governamentais, 
pesquisadores, empresários e população 
de maneira geral, principalmente em vir-
tude das mudanças do clima do planeta 
e todos os problemas que vem formando 
uma cadeia de tempestades, secas, gea-
das, frio e calor excessivo colocando-nos 
a todos em situações de perigo.
Pensando somente em termos de Brasil 
e mesmo de região sudeste, estamos ven-
do os reservatórios de água com níveis ja-
mais esperados, problemas se agravando 
no setor elétrico, enfim, uma verdadeira 
cascata de problemas que afetam a vida 
do ser humano e sem solução imediata 
pela ação do homem. Não estamos falan-
do apenas e amenizadamente em qualida-
de de vida, estamos falando em sobrevi-
vência mesmo. Pensem nisso!
5.2 Urbanização brasileira e 
os problemas sociais
O processo de urbanização brasileira 
que em um primeiro momento remonta do 
século XVI até o início do século XX está 
vinculado às transformações sociais que 
começaram efetivamente e num segundo 
momento a partir da década de 1930 com 
a expansão das atividades industriais nos 
grandes centros atraindo os trabalhado-
res das áreas rurais, tendo em vista uma 
possibilidade de maiores rendimentos, 
porém o país deixou de ser essencialmen-
te agrícola somente a partir da década de 
1960. A mecanização do campo foi um 
fator importante, pois “expulsou” enor-
mes contingentes de trabalhadores rurais 
(DANNA, 2011).
Até então, conforme Santos (2005), o 
Brasil foi durante muitos séculos um gran-
26 27
de arquipélago, formado por subespaços 
que evoluíam segundo lógicas próprias, 
ditadas em grande parte por suas rela-
ções com o mundo exterior. Estes “arqui-
pélagos regionais” estavam polarizados 
nas capitais regionais e metrópoles.
Não havia ainda uma integração entre 
as diferentes atividades econômicas que 
eram responsáveis por impulsionar o pro-
cesso da urbanização brasileira.
A partir da década de 1940, a infraes-
trutura de transportes e comunicações 
expandiu-se pelo país unificando o mer-
cado e acelerando a concentração urba-
no-industrial saindo da escala regional e 
atingindo o Brasil como um todo. Cidades 
como São Paulo e Rio de Janeiro, come-
çaram a atrair um contingente de mão de 
obra de outras regiões que não acompa-
nharam o ritmo de crescimento econômi-
co da região sudeste e, tornaram-se assim 
metrópoles nacionais. A falta de infraes-
trutura urbana necessária para atender 
à nova e crescente demanda decorrente 
desse aumento populacional contribuiu 
para torná-las regiões caóticas.
Após o processo de aceleração na in-
dustrialização brasileira que teve seu pico 
durante o governo de Getúlio Vargas e foi 
até meados da década de 1970, o governo 
federal concentrou seus investimentos 
em infraestrutura na região Sudeste, que, 
consequentemente se tornou o centro de 
maior atração populacional no país.
A migração populacional foi composta 
de uma maioria esmagadora de trabalha-
dores desqualificados, sem escolaridade e 
que em decorrência disso eram obrigados 
e aceitar empregos que ofereciam uma 
remuneração baixa, o que impulsionou a 
concentração dessa classe trabalhadora 
nas regiões periféricas como loteamentos 
irregulares e em favelas que eram luga-
res mais baratos, porém desprovidos de 
vários serviços básicos e de infraestru-
tura urbana. George (1983; p.127) analisa 
e descreve esses loteamentos caracte-
rizando-os como “um amontoado de mo-
radias rudimentares” quando diz que “não 
possuem vias de 
acesso, adutoras de água, nenhum dis-
positivo de evacuação ou coleta de lixo e 
detritos, a miséria nas construções feitas 
com materiais obtidos ao acaso”.
A má distribuição de renda ampliou ain-
da mais o número de favelas e de lotea-
mentos clandestinos ainda dos cortiços 
nos centros destas grandes metrópoles. 
Hoje podemos expandir essa miséria para 
o entorno de todas as capitais brasileiras 
e outras cidades sem esquecer sequer 
uma delas. Milton Santos (2005) define 
essa urbanização como “territorialmente 
seletiva”.
A rápida urbanização (se comparada 
ao modelo europeu) fez com que as cida-
des vizinhas aumentassem seu tamanho 
e consequentemente formassem um só 
conjunto, processo esse que é denomina-
do conurbação. Esse fenômeno eclodiu no 
Brasil na década de 1980 prolongando-se 
até meados da década de 1990 em várias 
regiões.
Na década de 1970, foram instituídas 
as primeiras regiões metropolitanas com a 
intenção de desenvolver economicamen-
te e socialmente determinadas regiões, 
além de integrar e desafogar as grandes 
cidades brasileiras, porém tiveram muitos 
problemas devido à falta de serviços bási-
26 27
cos, como saúde, transporte público e ha-
bitação para atender o crescimento popu-
lacional deste novo conjunto de cidades.
De acordo com estudos de Danna 
(2011), estas regiões metropolitanas re-
ceberam os nomes das principais cidades 
de cada localidade sendo elas: Belém (PA), 
Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Forta-
leza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), 
Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São 
Paulo (SP), este processo se estendeu de-
pois a outras localidades e atualmente o 
Brasil possui 31 regiões metropolitanas.
O processo de urbanização em geral 
não é uniforme, visto que sempre houve 
contrastes marcantes na distribuição es-
pacial da população brasileiraentre o meio 
rural e urbano e entre as suas regiões po-
líticas além de ter sido um processo extre-
mamente concentrador, e com isso acaba 
por apresentar também um abismo na dis-
tribuição de renda, o que vai contribuir de 
forma acelerada na criminalidade em si. É 
importante ressaltar que a pobreza não é 
sinônimo de marginalidade, mas a distri-
buição de renda desigual é um fator que 
acaba por aflorar ainda mais as práticas 
delituosas, algumas vezes por necessida-
de e outras por ganância (DANNA, 2011).
Eis que chegamos a um dos pontos que 
queríamos atenção: a questão da crimina-
lidade x geografia x geoprocessamento.
Os fenômenos de criminalidade tem 
sido objeto de apreciação de diversos es-
tudiosos, seja na área da antropologia, so-
ciologia entre outras ciências. A geografia 
busca compreender a relação entre os 
homens e suas interferências na forma-
ção e transformação do espaço, e neste 
contexto, a violência urbana e a crimina-
lidade são objetos de discussão por estar 
relacionado ao homem e ao espaço criado 
ou transformado por ele.
O estudo da criminalidade pela Geogra-
fia se dá principalmente a partir da década 
de 1970 com diversas teorias e análises 
associadas a outros campos científicos 
na tentativa de elucidar os processos que 
culminaram no problema.
[...] A análise geográfica pode levar a in-
teressantes e relevantes hipóteses da es-
pacialização da criminalidade, já que além 
da lei, do ofensor e do alvo, a localização 
das ofensas é uma importante dimensão 
que caracteriza o evento criminal [...] (FE-
LIX, 2002).
Quando o geógrafo discute o espaço, 
é preciso tentar encontrar uma interpre-
tação ou compreensão deste e o que o 
cerca. Sendo assim, pode-se analisar a cri-
minalidade como um fenômeno que está 
distribuído no espaço, onde há agentes 
ativos e passivos. “O espaço é a condição 
de possibilidade dos fenômenos” (SAN-
TOS, 2002), e sendo esse espaço uma 
“condição” ele será dotado de paradigmas 
que uma vez quebrados, implicam em mu-
danças complexas, que neste caso, vem a 
ser a legislação vigente, tornando o agen-
te ativo um alvo das sanções penais, onde 
este é o que pratica a ação criminosa, não 
permitido em lei e reprovado pela socie-
dade, e os paradigmas são o conjunto de 
leis estabelecidas.
Ao estabelecer a análise do espaço, o 
geógrafo a faz também por meio de ma-
pas que representam modelos simplifi-
cados da realidade espacial e por meio 
desta estabelece deduções. Nos modelos 
dinâmicos é possível realizar compara-
28 29
ções com os padrões observados em dife-
rentes períodos.
Haesbeart (2002, p. 99 apud DANNA, 
2011) afirma que a Geografia procura es-
tabelecer “padrões formais e tipologias” 
para os objetos de seu estudo, na busca 
destes padrões espaciais tem-se explica-
ção e a localização dos fenômenos.
O estudo da violência pela Geografia 
não tende a resolução do problema, mas 
sim contribuir com o estudo das causas 
analisando as relações sociais que inter-
ferem na vida do homem, e, para desen-
volver estratégias eficientes no combate 
à criminalidade, é necessário um trabalho 
integrado entre profissionais de diversas 
áreas.
Onde entra então o geoprocessamen-
to?
O avanço da tecnologia ocorrido nos úl-
timos anos, em especial a geotecnologia, 
é traduzida nesse contexto em ferramen-
tas como o GPS (Global Positioning Sys-
tem), o Sensoriamento Remoto, o SIG (Sis-
temas de Informação Geográfica) entre 
outras que realizam o tratamento de da-
dos espaciais e outras informações para 
serem aplicadas em diferentes organiza-
ções públicas e privadas com a finalidade 
de otimizar gastos, tempo e direcionar 
com mais precisão os recursos laborais.
A partir da utilização de tecnologia de 
análise espacial, entra em cena uma pode-
rosa alternativa integradora para as auto-
ridades policiais e nas políticas de comba-
te à criminalidade, o geoprocessamento 
é então uma ferramenta de grande valor 
na aplicação de questões de segurança 
pública. Esta ferramenta pode ser enten-
dida segundo Burrough (1986 apud DAN-
NA, 2011), como um poderoso conjunto 
de ferramentas para a coleta, armazena-
mento, recuperação e exibição de dados 
do mundo real para determinados propó-
sitos.
Os Sistemas de Informação Geográ-
fica correspondem às ferramentas 
computacionais de Geoprocessa-
mento, que permitem a realização 
de análises complexas, ao integrar 
dados de diversas fontes e ao criar 
bancos de dados georreferenciados 
(CÂMARA et al., 2005).
Apesar do sistema manual e tradicional 
de mapeamento da criminalidade ser um 
material utilizado pelas autoridades poli-
ciais já há algumas décadas, este se mos-
tra deficiente quando se trabalha com 
grandes áreas, devido ao grande número 
de delitos que ocorrem e por diversos fa-
tores. A dinâmica destes eventos requer 
que os dados sejam sempre atuais e as in-
formações sejam eficientes e rápidas para 
atender as necessidades nas áreas de sua 
implementação que neste caso vem a ser 
a segurança pública. Estas exigências fa-
zem com que a utilização do geoproces-
samento aumente cada vez mais, já que a 
sua eficiência possibilita direcionar corre-
tamente os recursos disponíveis.
Reuland (s.d.) citado por Beato Filho 
(2001, p. 7) aponta que “a utilização in-
tensiva de tecnologias de informação 
espacial tem promovido uma verdadeira 
revolução silenciosa nas polícias de todo 
o mundo”. O surgimento de sistemas de 
análises da criminalidade além de auxiliar 
as operações policiais na segurança públi-
ca, se apresenta como um facilitador na 
prestação de contas à sociedade na medi-
da em que estas são solicitadas.
28 29
O mesmo autor ressalta que nas ativi-
dades de investigação, a montagem de 
bases de dados sobre suspeitos e seu 
modus operandi tem contribuído para in-
crementar a qualidade das investigações 
com informações oriundas de organiza-
ções não-policiais.
A ideia de mapear o crime não é nova. 
Na França, no início do século XVIII, Adria-
no Balbi e André-Michael Guerry foram os 
criadores dos primeiros mapas de crime, 
onde combinavam as técnicas cartográfi-
cas, estatísticas criminais e dados demo-
gráficos do censo francês (WEISBURG e 
MCEWEN, 1998 apud DANNA, 2011).
O sistema de mapeamento digital exer-
ce um papel importante no processo de 
investigação, pois possui múltiplas capaci-
dades na geração de informação e muitas 
informações podem ser acompanhadas 
praticamente em tempo real, porém para 
isto é necessário a eficiência na elabora-
ção do mapa por parte dos responsáveis 
como inclusão e georreferenciamento 
de toda a área presente de jurisdição por 
uma unidade policial, e a referência espa-
cial das localidades mais problemáticas.
A análise técnico-científica destes ma-
pas e do andamento da criminalidade é 
feita por profissionais como o sociólogo, 
geógrafo, antropólogo e estudiosos da 
segurança pública para que além do tra-
balho policial, seja feito também uma aná-
lise das raízes sociais que influenciaram a 
criminalidade em cada região.
A violência no Brasil não é um fenômeno 
exclusivo de metrópoles como São Paulo 
e Rio de Janeiro, nem mesmo um proble-
ma nacional, mas sim mundial, e afeta em 
maior escala os países de terceiro mundo, 
o que faz alguns estudos proporem a uti-
lização de ferramentas computacionais 
inteligentes para trabalhar em prol da se-
gurança pública, substituindo uma meto-
dologia obsoleta e atuando com precisão, 
quantificando e relacionando os delitos 
com algumas variáveis que formam a com-
plexa dinâmica urbana.
Diante dessa situação, Beato Filho 
(2001, p. 6) considera que [...] formas or-
todoxas de atuação policial tem sido ine-
ficaz no controle da criminalidade. Mais 
relevante ainda [...] é a centralidade que 
sistemas de informação passam a ter nes-
te caso, pois a identificação de problemascriminais específicos depende das análi-
ses efetuadas.
A complexidade deste fenômeno exi-
ge um mecanismo complementar para a 
construção de indicadores de segurança 
e georreferenciamento de informações, 
como ferramenta que auxilia no aumento 
da eficácia da ação policial e consequen-
temente na redução da criminalidade.
A análise criminal passa então a ser um 
processo sistemático direcionado a infor-
mações sobre características e padrão de 
crimes a fim de apoiar o setor operacional 
preventivo das polícias militares, que vai 
desde a distribuição de patrulhamento, 
operações especiais com unidades táticas 
até a prevenção criminal.
Sobre a aplicação do SIG na análise ge-
ocriminal, há muitos anos o mapeamento 
e monitoramento da violência já faz par-
te do trabalho de análise das instituições 
policiais. Esse trabalho consistia em uma 
representação das localidades de ocor-
rência dos delitos marcados nos mapas 
por alfinetes em que ocorriam os delitos.
30 31
As limitações neste trabalho de análise 
são significativas, pois os mapas produzi-
dos são estáticos, sua leitura é difícil. Alia-
-se isto a dificuldade de armazenamento 
de dados, demora na confecção dos ma-
pas e a falta de atualização sistemática. 
Considerando o processo veloz de cresci-
mento de muitas cidades os dados rapida-
mente ficam obsoletos.
Nos estudos realizados por Danna 
(2011), no Estado do Paraná, onde essa 
tecnologia foi implantada de forma ini-
cial no ano de 2004, tem-se acrescido um 
avanço na segurança pública em algumas 
regiões em que é utilizada como na cidade 
de Londrina, pois auxilia no direcionamen-
to do policiamento dos locais onde ele é 
mais necessitado.
Com a introdução do SIG na área de se-
gurança pública, os procedimentos ope-
racionais das instituições policiais (militar, 
civil e científica) para prevenção e investi-
gação, que anteriormente eram limitados 
ou impossíveis, podem passar a ser mais 
rápidos e com oportunidades de explora-
ção muito maiores, sendo praticamente 
ilimitadas, podendo, por exemplo, realizar 
estudos delimitando áreas por:
 intensidade;
 espécie de delito;
 abrangência de delitos;
 planejamento de barreiras policiais;
 localização instantânea de viatu-
ras;
 mapeamento do tempo (local, hora, 
dia, mês, ano do delito);
 mapeamento do espaço (visualiza-
ção de todos os delitos por região);
 mapeamento por características 
registradas (vítima, suspeito e modus 
operandi).
Considerando que as instituições poli-
ciais dependem também de informações 
para realizar seu trabalho tendo a popula-
ção através de denúncias e relatos, além 
de investigações como uma das principais 
fontes de informações para a produção 
do serviço de inteligência como destaca 
Manning (2003, p. 378) sobre o uso do SIG:
As formas como a polícia obtêm, pro-
cessa, codifica, decodifica e usa a infor-
mação são críticas para a compreensão 
de seu mandato e função. A polícia junta 
diversos tipos de informações e as usa 
para diferentes fins, orientando-se por 
suposições, baseadas no senso comum, a 
respeito de seu trabalho, de sua atuação 
principal, e nas expectativas de seu públi-
co. A polícia junta informações primárias, 
[...] para resolver crimes ou encerrar even-
tos, se transformando em informações 
secundárias. Quando processadas duas 
vezes, juntadas e formatadas, elas po-
dem avançar na organização e tornar-se 
informações terciárias [...] essas formas 
de informação e inteligência [...] são per-
cebidas e interagem com as estratégias 
operacionais da polícia.
Sendo assim, as informações são pro-
cessadas em um contexto organizacional 
e de cultura profissional para definir uma 
melhor maneira de se fazer o uso desta 
ferramenta, visando uma melhora signifi-
cativa na prestação de serviços de segu-
rança por parte da administração pública.
Uma vez mapeada a ação criminal, o SIG 
pode se tornar uma ferramenta também 
para o poder público, que pode ainda uti-
30 31
lizá-lo para orientar um melhor planeja-
mento para a segurança pública da cida-
de quando utilizado também pela guarda 
municipal.
Como justifica Danna (2011), aliar a 
experiência empírica das ruas, processar 
com muito mais agilidade os dados crimi-
nais e propor as suas possíveis relações 
e ainda utilizar as imagens levam a maior 
mobilidade e agilidade no planejamento 
operacional.
Nesse sentido, o geoprocessamento 
da criminalidade permite ainda identificar 
tendências e padrões da ação, e permitem 
ainda a construção de mapas que auxiliam 
na visualização dos dados o que facilita a 
interpretação dos mesmos, além de, atra-
vés das imagens geradas e guardadas, 
permitirem a visualização e estudo das 
transformações espaciais decorrentes da 
aplicação do policiamento, apontando de 
forma clara e rápida se o planejamento 
operacional apresenta resultados, dife-
rentemente da forma tradicional, onde os 
relatórios se tornam objetos obsoletos e 
não se mostra com tanta eficiência quan-
to o SIG.
Sendo assim, a eficácia do SIG se torna 
uma arma tão eficiente quanto as que os 
policiais portam, por se tratar de uma fer-
ramenta preventiva com abrangência em 
diversos tipos de ações criminosas e prin-
cipalmente por não possuir um alto valor 
financeiro de investimento.
Outro benefício que esta ferramenta 
pode fornecer é a identificação mais pre-
cisa de determinadas ocorrências e as-
sim o operador pode facilmente deslocar 
a viatura ou guarnição mais próxima do 
local, uma vez que há os dados das coor-
denadas do local do crime, facilitando as 
decisões operacionais e estabelecendo 
assim as prioridades de deslocamento de 
acordo com a espécie de ação criminosa 
(DANNA, 2011).
Outro exemplo da aplicação do geopro-
cessamento de informações é encontrado 
no trabalho de Vieira (2002) que também 
considerou a área de segurança pública.
Podemos dizer que o marco da utiliza-
ção do geoprocessamento está, mesmo 
que indiretamente na Lei Complementar 
nº 101, de 05/05/2000, também conhe-
cida por Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF).
Esta lei aumentou a necessidade mu-
nicipal de investir em tecnologias da 
informação como forma de otimizar a 
administração de recursos e ampliar a ar-
recadação. A nova lei obriga os municípios 
a administrar melhor sua receita, conten-
do gastos e evitando endividamento. A 
legislação define ainda que o município 
que não cumprir às determinações dentro 
do prazo estará sujeito às sanções penais, 
como prevê a Lei Federal nº 10.028 de 
19/10/2000.
Lembremos que o geoprocessamento 
pode ser definido, sucintamente, como o 
tratamento da informação relacionada ao 
espaço geográfico, seja através de coor-
denadas, seja através de endereço, com o 
uso de recursos computacionais. Envolve, 
portanto, qualquer forma de manipulação 
da informação de caráter geográfico.
Segundo Assumpção (2001, p. 41),
[...] cerca de 85% de todas as infor-
mações da administração de uma 
prefeitura estão de alguma forma 
32 33
relacionadas à localização geográfi-
ca, e que uma parcela expressiva de 
seus recursos financeiros são pro-
venientes de elementos sobre a sua 
geografia [...], não fica difícil perce-
ber o papel do geoprocessamento na 
municipalidade.
Nesta nova mentalidade de Gestão Mu-
nicipal que veio sendo proposta, a variável 
locacional aparece para aumentar a efici-
ência dos tradicionais sistemas de auto-
mação. O uso das geotecnologias não se 
aplica apenas à melhora na arrecadação 
tributária, através do cadastro imobiliário 
atualizado, como pode-se pensar em pri-
meira instância. Se considerarmos que as 
ações da administração municipal aconte-
cem em algum lugar e que os problemas a 
serem resolvidos possuem uma localiza-
ção, percebemos que o conhecimento do 
espaço territorial pode levar a decisões 
mais acertadas em

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