Buscar

Fichamento A luta pelo Direito

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

FICHAMENTO
IHERING, Rudolf von. A luta pelo Direito. (Título original: Der Kampf um’s Recht. Tradução: João de Vasconcelos). São Paulo (SP): Martin Claret, 2009.
A obra “A luta pelo Direito” é a obra máxima do autor Rudolf Von Ihering e expõe suas teses de moral prática, visando “[...] despertar nos espíritos esta disposição moral que deve constituir a força suprema do direito a corajosa e firma do sentimento jurídico.” (p.13). O livro é iniciado por um prefácio escrito pelo próprio Ihering, no qual ele trata de diversas questões praticas, como, por exemplo, o tema central e o sucesso da obra, além de algumas explanações acerca de trabalhos dos críticos das suas teorias.
No inicio de sua obra, Ihering busca desenvolver uma analise sobre a Ciência do Direito. Ele afirma que “a paz é o fim que o direito tem em vista, a luta é o meio de que se serve para o conseguir [...]” (p.23), propondo que o Direito se baseia na luta, seja ela de quem for. Utilizando de elementos simbólicos o autor afirma que a justiça deve saber manusear a espada, instrumento de defesa, e a balança, que pesa o direito, com sabedoria, pois “ A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do direito.’ (p.23)
No decorrer do livro, o autor diferencia os dois sentidos da palavra direito; o sentido objetivo e o sentido subjetivo. O direito no sentido objetivo “é o conjunto de princípios jurídicos aplicados pelo Estado à ordem legal da vida [...]” (p.25), já o direito no sentido subjetivo, consiste no poder que se confere a um indivíduo para agir ou não a fim de atender seus próprios interesses. Após fazer essa separação Ihering afirma que escolheu a luta pelo direito subjetivo como objeto de estudo, mas que também demonstraria a luta no direito objetivo.
Ihering ainda afirma que o Direito é uma sequência de novas idéias e conflitos e que todas as grandes conquistas que a historia do Direito registra, desde a abolição da escravatura até a liberdade de crenças, “foram alcançadas assim à custa de lutas ardentes, na maior parte das vezes continuadas através de séculos [...]” (p.28), logo o direito estará “eternamente em movimento progressivo de transformação; mas o que desapareceu deve ceder lugar ao que em seu lugar aparece, porque [...] tudo o que nasce está destinado a voltar ao nada” (Goethe, Fausto).” (p.28-29).
Vale frisar um aspecto muito importante do trabalho de Ihering; a sua contraposição constante aos pensamentos dos historiadores: Savigny e Puchta, visto que para esses historiadores a formação do Direito se faz tão sutil como a formação da linguagem, não admitindo assim o caráter de luta que Ihering sempre defendeu em sua obra. Ihering então afirma:
A circunstância de o direito não caber por sorte aos povos sem dificuldades, antes de terem eles, para o obter, de se agitar e de lutar, combater e derramar o próprio sangue, essa circunstancia precisamente cria entre eles e seu direito laço intimo que o risco da vida cria no parto entre a mãe e o novo filo. [...] Mas a mãe que deitou o filho ao mundo não deixará que alguém o tome. Como um povo não deixará jamais roubara os direitos e as instituições que conquistou a custa do próprio sangue. (p.31-32)
A diferença entre um homem e um animal, é a sua moral. Defendê-la é um dever dos seres humanos. Tentar iludir uma das partes de um processo, mostrando-lhe todas as dificuldades, a fim de fazê-lo desistir, é um erro, pois para ele não é uma pura questão de interesse, e sim do seu sentimento jurídico que foi ferido. O seu sentimento jurídico não é satisfeito apenas com o simples restabelecimento do Direito, é necessário ainda uma pena para o individuo que desprezou o seu direito.
Talvez o ponto de maior destaque científico da obra de Ihering, seja quando ele propõe as diferentes formas de motivação pela luta por direitos das classes. Ele separa quatro classes e afirma que em cada uma delas a motivação pela luta é diferente. Para a classe do campônio, as violações à propriedade vão inflamar o seu sentimento jurídico. Em contrapartida, os militares se revoltarão em relação às violações ao sentimento de honra. Para os comerciantes a manutenção do credito é uma questão de vida, “e aquele que o acusa de negligencia no cumprimento de suas obrigações atinge-o duma maneira mais sensível do que se pessoalmente o injuriasse ou o roubasse” (p.47) E por ultimo, a classe dos serviçais “não pode conservar o sentimento de honra da mesma forma que as outras camadas da sociedade.” (p.50). Isso acontece porque cada classe tem um sentimento exato das condições particulares da sua existência, uma injuria à honra é gritantemente mais sensível em um militar do que em uma serviçal, visto que esta não carrega esse sentimento consigo, a sua condição não requer que ela o sinta.
Cada Estado pune mais severamente os delitos que ameaçam o seu principio vital particular. [...] A teocracia faz do sacrilégio e da idolatria um crime capital, enquanto por outro lado não vê no deslocamento de marcos senão um simples delito. O Estado agrícola, pelo contrário, persegue esse delito com o ultimo rigor, ao passo que só pune os blasfemadores com leve penalidade. O Estado comerciante colocará em primeiro plano a falsificação da moeda e as falsidades em geral; o Estado militar ali colocará a insubordinação, as faltas de disciplina, etc.; o Estado absoluto, os delitos de lesa-majestade, e a republica, as pretensões à realeza. (p.48-49).
Após explanar a ideia de que a luta pelo direito é um dever do interessado para consigo próprio, Ihering propõe que a luta pelo direito é, também um dever para com a sociedade, pois defender o direito é defender a conservação da moral. O autor tenta justificar esta segunda noção alegando que se por ignorância ou covardia, deixarmos de lutar pelo que nos pertence (a justiça), paralisaremos leis e prejudicaremos, assim, toda a sociedade. Logo, para ele, “quem defende seu direito defende também, na esfera estreita desse direito, todo o direito.” (p.63).
Ihering nas ultimas considerações de sua obra, leva o leitor a uma reflexão sobre diversos pontos que considera necessários para a comprovação do seu ponto de vista. Cita, por exemplo, a história do judeu Shylock, a Vendetta e a Lei de Lynch, expandindo, até mesmo, a sua obra as questões que envolvem a luta pelo direito no âmbito internacional e o trabalho do filosofo Herbart. Em conclusão, o autor afirma de forma categórica:
Sem luta não há direito, como sem trabalho não há propriedade. [...] A partir do momento em que o direito renuncia a apoiar-se na luta, abandona-se a si próprio, porque bem se lhe podem aplicar estas palavras do poeta:
Tal é a conclusão aceite atualmente:
Só deve merecer a liberdade e a vida
Quem para as conservar luta constantemente. (p.66)
Montes Claros, 17 de setembro de 2016.
_________________________________

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais