Buscar

Fichamento O que é uma Constituição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Curso de Direito – 1° Período Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Jurídico Professora Dra. Ionete de Magalhães Souza Acadêmico: Samuel Silva Furtado Rezende
FICHAMENTO
LASSALLE, Ferdinand. O que é uma Constituição?. (Tradução: Walter Stönner). São Paulo (SP): Edições e Publicações Brasil, 1933
“Inicio, pois, minha palestra com esta pergunta: que é uma Constituição? Qual é a verdadeira essência de uma Constituição?” (p.7) Lassalle, tendo como objetivo responder a esses questionamentos investiga através da história da sociedade, a essência da Constituição e constata que poucas pessoas podem responder satisfatoriamente a essas perguntas feitas, visto que, generalizando a resposta seria: “A Constituição é a lei fundamental proclamada pelo país, na qual baseia-se a organização do Direito público dessa nação” (p.7) e então o autor conclui que essa resposta se limita a descrever exteriormente como se formam as Constituições e o que fazem, mas não explica o que é uma Constituição.
Primeiramente torna-se necessário sabermos qual é a verdadeira essência duma Constituição, e, depois, poderemos saber se a Carta Constitucional determinada e concreta que estamos examinando se acomoda ou não às exigências substanciais. Para isso, porém, de nada servirão as definições jurídicas, que podem ser aplicadas a todos os papéis assinados por uma nação ou por esta e o seu rei, proclamando as Constituições, seja qual for o seu conteúdo, sem penetrarmos na sua essência. (p.8)
Na busca pela conceituação do termo “constituição”, Lassalle compara a Constituição com a lei. Apesar de ambas terem a essência genérica comum, o autor destaca a tamanha importância da Constituição, visto que, quando novas leis são criadas, o país não protesta, pois é algo comum de se acontecer. “Mas, quando mexem na Constituição, protestamos e gritamos: Deixai a Constituição!” (p.9) Lassalle coloca a Constituição como lei fundamental de uma nação, uma lei firme e imutável.
Em seguida, o autor cria uma situação hipotética propondo que diversos grupos da sociedade podem fazer parte da Constituição, como a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, os banqueiros e até mesmo a pequena burguesia e a classe operária, já que tudo depende dos fatores reais de poder, como o poderio da força militar ou a possibilidade de desestabilizar o governo através de revoltas ou motins, pois esses elementos determinam a Constituição na prática. E então conclui: “Essa é, em síntese, em essência, a Constituição de um país: a soma dos fatores reais do poder que regem um país.” (p.20)
Percebe-se na obra, uma crítica ao sistema eleitoral das três classes que vigorou na Prússia em 1849, que consiste na divisão da nação em três grupos eleitorais, de acordo com os impostos por eles pagos e com as posses eleitorais. Para Lassalle, “[...] era bastante fácil, legalmente, usurpar aos trabalhadores e à pequena burguesia as suas liberdades políticas, sem entretanto despojá-los de um modo imediato e radical dos bens pessoais [...]” (p.22), visto que o poder era concentrado nas mãos de uma pequena parcela rica da população, deixando a maioria da população com poucos poderes políticos. “Isto equivale a pôr nas mãos de um grupo de velhos proprietários uma prerrogativa política formidável que lhes permitirá contrabalançar a vontade nacional e de todas as classes que a compõem, por muito unânime que seja essa vontade.” (p.23)
Lassalle disserta sobre o poder inorgânico (o poder do povo, desorganizado, que demora a se mobilizar por uma causa e não possui armamentos) que embora “o poder efetivo da nação fosse dez, vinte ou cinqüenta vezes maior do que o do Exército.” (p.24), é sufocado pelo poder organizado (o poder do rei, que pode a qualquer momento se organizar para massacrar revoltas com o uso do armamento que o próprio povo custeou)
No segundo capítulo, Lassalle afirma que “[...] todo país tem, necessariamente, uma Constituição real e efetiva, pois não é possível imaginar uma nação onde não existam os fatores reais do poder, quaisquer que eles sejam.” (p.27) e analisa de acordo com a relação entre os processos históricos com as mudanças ocorridas na Constituição. Desde os Estados Feudais, com os nobres privilegiados, passando pelo Absolutismo, no qual o príncipe com a força do exército representava a Constituição. E, por fim, com o grande crescimento populacional, o exército não foi capaz de conter a ascensão da burguesia que passa a ter contribuição na Constituição. 
Então a população burguesa grita: não posso continuar a ser uma massa submetida e governada sem contarem com a minha vontade; quero governar também e que o príncipe reine limitando-se a seguir a minha vontade e regendo meus assuntos e interesses. (p.34)
No terceiro capítulo da sua obra, Lassalle afirma que “Quando essa Constituição escrita corresponder à Constituição real e tiver suas raízes nos fatores do poder que regem o país.” (p.35) será eficiente, porém:
Onde a Constituição escrita não corresponder à real, irrompe inevitavelmente um conflito que é impossível evitar e no qual, mais dia menos dia, a Constituição escrita, a folha de papel, sucumbirá necessariamente, perante a Constituição real, a das verdadeiras forças vitais do país. (p.35)
Nos momentos finais de sua obra, o autor coloca que o direito não é o responsável pelos problemas constitucionais, mas sim o poder:
Os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas do poder, a verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder que naquele país regem, e as Constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade social: eis aí os critérios fundamentais que devemos sempre lembrar. (p.41)
E então termina a sua obra com uma reflexão para seus ouvintes e leitores, sobre a Constituição:
Se alguma vez os meus ouvintes ou leitores tiverem que dar seu voto para oferecer ao país uma Constituição, estou certo que saberão como devem ser feitas estas coisas e que não limitarão a sua intervenção redigindo e assinando uma folha de papel, deixando incólumes as forças reais que mandam no país. E não esqueçam, meus amigos, os governos têm servidores práticos, não retóricos, grandes servidores como eu os desejaria para o povo. (p.41)
Montes Claros, 03 de setembro de 2016.
_________________________________

Outros materiais