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1 Exemplo 1 Para todo número natural n, o símbolo Rn representa o espaço ve- torial euclidiano n-dimensional. Os elementos de Rn são as listas ordenadas u = (x1, x2, . . . , xn), v = (y1, y2, . . . , yn) de números reais. Por definição, a igualdade vetorial u = v significa as n igualdades numéricas x1 = y1, x2 = y2, · · · , xn = yn. Os números reais x1, x2, . . . , xn são chamados as coordenadas do vetor u. As operações do espaço vetorial Rn são definidas pondo u+ v = (x1, x2, . . . , xn) + (y1, y2, . . . , yn) = (x1 + y1, x2 + y2, . . . , xn + yn) e α(x1, x2, . . . , xn) = (αx1, αx2, . . . , αxn). O vetor nulo é, por definição, aquele cujas coordenadas são todos iguais a zero. O inverso aditivo de u = (x1, x2, . . . , xn) é −u = (−x1,−x2, . . . ,−xn). Verifica-se que estas definições fazem de Rn um espaço vetorial. Para n = 1, tem-se R1 = R = reta numérica, R2 é o plano euclidiano e R3 é o espaço euclidiano tridimensional. Observação 1 O elemento 0, vetor nulo, no axioma (A3) da definição de es- paço vetorial é único. Observação 2 Para cada vetor u ∈ V , existe um único vetor (−u) ∈ V tal que u+ (−u) = (−u) + u = 0. Vejamos algumas propriedades que são consequências praticamente imedi- atas da definição de espaço vetorial. Propriedades Seja V um espaço vetorial sobre R. (a) Para todo α ∈ R, tem-se α · 0 = 0. (b) Para todo u ∈ V , tem-se 0 · u = 0. (c) Se α · u = 0 então α = 0 ou u = 0. (d) Para todo α ∈ R e todo u ∈ V , tem-se (−α) · u = α · (−u) = −(α · u). (e) Para todo u ∈ V , tem-se −(−u) = u. (f) Se u, v, w ∈ V e u + v = u + w então v = w. (lei do cancelamento da adição) (g) Se u,w ∈ V então existe um único vetor v ∈ V tal que u+ v = w. 2 Notas de aula: Álgebra linear - Ciências da Computação Turmas: CC3P30, CC3Q30, CC2P30 Prof a Evelize Ferracini Data: 18/02/2014 Transformações lineares A partir de agora vamos estudar funções entre espaços vetoriais. Definição 1 Sejam U e V espaços vetoriais sobre o corpo dos reais. Uma função T : U −→ V é uma transformação linear se (1) T (u1 + u2) = T (u1) + T (u2), para todo u1, u2 ∈ U , e (2) T (λu) = λT (u), para todo u ∈ U e todo λ ∈ R. Observação 3 Note que a função T : U −→ V é uma transformação linear se e somente se T (λu1+u2) = λT (u1)+T (u2), para todo u1, u2 ∈ U e todo λ ∈ R. Vejamos alguns exemplos. Exemplo 2 T : U −→ V dada por T (u) = 0 para todo u ∈ U é uma transfor- mação linear e que é chamada de transformação nula. De fato, (1) T (u1 + u2) = 0 = 0 + 0 = T (u1) + T (u2), para todo u1, u2 ∈ U , e (2) T (λu) = 0 = λ0 = λT (u), para todo u ∈ U e todo λ ∈ R. Exemplo 3 T : U −→ V dada por T (u) = u para todo u ∈ U é uma transfor- mação linear e que é chamada de transformação identidade. De fato, (1) T (u1 + u2) = u1 + u2 = T (u1) + T (u2), para todo u1, u2 ∈ U , e (2) T (λu) = λu = λT (u), para todo u ∈ U e todo λ ∈ R. Exemplo 4 T : R3 −→ M2(R) dada por T (x, y, z) = ( a+ b 0 0 c− b ) para todo (x, y, z) ∈ R3 é uma transformação linear. De fato, (1) T ((x1, y1, z1) + (x2, y2, z2)) = T (x1 + x2, y1 + y2, z1 + z2) =( (x1 + x2) + (y1 + y2) 0 0 (z1 + z2)− (y1 + y2) ) =( x1 + y1 0 0 z1 − y1 ) + ( x2 + y2 0 0 z2 − y2 ) = T ((x1, y1, z1))+T ((x2, y2, z2)), 3 para todo (x1, y1, z1), (x2, y2, z2) ∈ R3, e (2) T (λ(x1, y1, z1)) = T (λx1, λy1, λz1) = ( λ(x1 + y1) 0 0 λ(z1 − y1) ) = λ ( x1 + y1 0 0 z1 − y1 ) = λT (x1, y1, z1), para todo (x1, y1, z1) ∈ R3 e todo λ ∈ R. Exemplo 5 T : R −→ R dada por T (x) = x2 para todo x ∈ R não é uma transformação linear, pois para todo x, y ∈ R temos T (x+ y) = (x+ y) 2 = x2 + 2xy + y2 = T (x) + 2xy + T (y) 6= T (x) + T (y). Exemplo 6 T : R3 −→ R dada por T (x, y, z) = x+y+z+1 para todo (x, y, z) ∈ R3 não é uma transformação linear, pois para todo (x1, y1, z1), (x2, y2, z2) ∈ R3 temos T ((x1, y1, z1)+ (x2, y2, z2)) = T (x1+x2, y1+ y2, z1+ z2) = (x1+x2)+ (y1+ y2)+(z1+z2)+1 = (x1+y1+z1+1)+(x2+y2+z2) = T (x1, y1, z1)+(x2+y2+z2) 6= T (x1, y1, z1) + T (x2, y2, z2). Propriedades Sejam U e V espaços vetoriais sobre o corpo dos reais e T : U −→ V uma transformação linear. Então (a) T (0U ) = 0V , onde 0U e 0V denotam os vetores nulos de U e V , respec- tivamente. (b) T (−u) = −T (u), para todo u ∈ U . (c) T ( m∑ i=1 αiui) = m∑ i=1 αiT (ui), onde αi ∈ R e ui ∈ U para i = 1, 2, · · · ,m. Demonstração: (a) De fato, basta observar que 0V + T (0U ) = T (0U ) = T (0U + 0U ) = T (0U ) + T (0U ) e, portanto, T (0U ) = 0V . (b) De fato, basta observar que −u = (−1)u, para todo u ∈ U e, portanto, T (−u) = T ((−1)u) = (−1)T (u) = −T (u). (c) Para se mostrar esta igualdade, basta usar reiteradamente as propriedades da definição de transformação linear. Observação 4 Note que dada uma função T : U −→ V uma condição necessária para que T seje uma transformação linear é satisfazer a propriedade (a), mas não é suficiente, pois pode existir função que satisfaça a propriedade (a) e não é transformação linear. 4 Exemplo 7 Seja a função T (x, y, z) = x+y+z+1 dada no exemplo 5. Temos que (0, 0, 0) e 0 são os vetores nulos de R3 e R, respectivamente. Logo, temos que T (0R3) = T (0, 0, 0) = 0+ 0+ 0+ 1 = 1 6== 0 = 0R. Portanto, T não é uma transformação linear.
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