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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO LINHA DE PESQUISA: EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PROCESSOS EDUCACIONAIS EXCLUSÃO DIGITAL EM EDUCAÇÃO NO BRASIL: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO ADRIANE MATOS DE ARAUJO Nº MATRÍCULA: ME1510720 RIO DE JANEIRO SETEMBRO 2016 Adriane Matos de Araujo Exclusão digital em educação no Brasil: um estudo bibliográfico Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Educação. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carmen Lúcia Guimarães de Mattos Rio de Janeiro 2016 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CEH/A Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação. _______________________________________ ____________________ Assinatura Data ARAUJO, Adriane Matos de. Exclusão Digital em Educação no Brasil: um estudo bibliográfico – 2016. 128f. Orientadora: Carmen Lúcia Guimarães de Mattos. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. 1. Educação. 2. Tecnologia Digital. 3. Exclusão Digital. 4. Infraestrutura. Adriane Matos de Araujo Exclusão digital em educação no Brasil: um estudo bibliográfico Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Educação. Aprovada em ___ de ____ de _____. Banca Examinadora: _______________________________________________________________ Profa. Dra. Carmen Lúcia Guimarães de Mattos (Orientadora) Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) _______________________________________________________________ Profa. Dra. Cleonice Puggian Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-FFP) / Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO) _______________________________________________________________ Profa. Dra. Paula Almeida de Castro Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Suplentes: _______________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Antônio Gomes Senna Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) _______________________________________________________________ Profa. Dra. Sandra Cordeiro de Melo Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro 2016 DEDICATÓRIA Aos que ainda estão excluídos digitalmente no Brasil. AGRADECIMENTOS Agradeço ao Autor e Consumador da minha fé, Jesus, que me sustentou dia após dia me dando força, provisão e saúde. Ao meu esposo Alexandre, meu maior incentivador e impulsionador, obrigada por tanta generosidade, estímulo, compreensão e amor. Aos meus filhos Jordan e Beatriz que cooperaram comigo me enchendo de carinho e cuidado nesse período de trabalho árduo, obrigada pela alegria que vocês são na minha vida. A minha orientadora Carmen Lúcia G. de Mattos que foi incansável e esteve lado a lado comigo em cada etapa desse trabalho, obrigada por se doar tanto, por acreditar em mim, por investir em mim, por tanta generosidade, por tantos ensinamentos que levarei sempre comigo. Aos amigos e amigas que estiveram me dando palavras, intercedendo por mim, me dando suporte emocional para que eu pudesse alcançar com êxito meu objetivo, são muitos e não quero ser injusta em deixar de citar ninguém, mas vocês sabem quem são. A Alessandra Campos por cuidar da minha casa de forma voluntária enquanto eu me dedicava a esse trabalho, só Deus pode te recompensar por isso. A Diana que tive o privilégio de conhecer a pouco tempo, mas que de forma generosa esteve ao meu lado me dando apoio nos momentos mais delicados desse trabalho. A minha mãe pelo suporte e carinho, aos meus irmãos e irmãs pela torcida, pelo companheirismo e por tantas palavras de incentivo, amo vocês demais. Ao meu pai que sempre disse que seria um sucesso. Ao grupo de pesquisa NetEDU, cada um de vocês fazem parte deste trabalho, vocês me ensinam e me inspiram. Ao CNPq pelo apoio e financiamento na concessão de bolsa de estudo no primeiro ano deste trabalho e a FAPERJ pelo apoio e financiamento na concessão da bolsa aluno nota 10 no último ano deste estudo, muito obrigada por investirem na Educação do nosso país. Ao Proped e professores o meu muito obrigada. Quem tem conhecimento é comedido no falar, e quem tem entendimento é de espírito sereno. Provérbios 17:27 RESUMO ARAUJO, Adriane Matos de. Exclusão Digital em Educação no Brasil: um estudo bibliográfico. 2016. 128f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. A exclusão digital é o objeto de estudo dessa dissertação cujo objetivo geral foi realizar uma revisão bibliográfica sobre este tema a partir de publicações cientificas disponíveis on-line em bancos de dados nacionais no período entre 2003 e 2015. A premissa teórica que orientou a pesquisa busca compreender como se dá, pela mediação das tecnologias digitais, a transformação da sociedade da informação em sociedade do conhecimento no Brasil contemporâneo. O corpus de dados parte de um total de 2.104 documentos e analisa uma seleção de 102 textos com o auxílio de três instrumentos: o software EndNote de gerenciamento bibliográfico, o software ATLAS.ti de análise de conteúdo e os mapas conceituais. As questões que orientam este estudo foram: a) como está o debate sobre exclusão digital nos estudos publicados entre 2003 e 2015, da área da educação e do campo das tecnologias digitais no Brasil? b) como, na perspectiva de autores e textos selecionados, a exclusão digital está relacionada às questões de exclusão social, educacional e cultural no Brasil? e; c) como a desigualdade, a exclusão e a infraestrutura do sistema educacional brasileiro tangenciam a exclusão digital no pais? Para a discussão dos resultados foram articulados os termos Educação e Tecnologias Digitais como chaves para o entendimento dos argumentos utilizados pelos autores de modo a compreender os conceitos e desdobramentos dos mesmos em conexão com os estudos sobre exclusão. Como resultado, as categorias Infraestrutura e Exclusão Digital são desenvolvidas de modo a demonstrar o desafio que se impõe no país no contexto da Educação e das Escolas para a superação da exclusão socioeducacional e digital. O estudo conclui que tecnologias humanas e capital tecnológico digital são condições indissociáveis para que a inclusão digital para todos se torne, mais do que um direito, uma realidade no país. Palavras-chaves: Educação, Tecnologia digital, Exclusão digital, Infraestrutura. ABSTRACT ARAUJO, Adriane de Matos. Digital Divide in Educationin Brazil: a bibliographic study. 2016. 128f. Dissertation (Master of Education) - School of Education, State University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. The digital exclusion is the object of this study. The main objective was to conduct a literature review on this topic from scientific publications, available online, in national databases date from 2003 to 2015. The theoretical premise that guided the research seeks to understand how is, through the mediation of digital technologies, occurred the transformation of an information society into a knowledge society in contemporary Brazil. The data corpus part of a total of 2,104 documents, and analyzes a selection of 102 texts using three instruments: the bibliographic management software EndNote, the ATLAS.ti software of content analysis and the conceptual maps. The questions guiding this study were: a) how is the debate about digital exclusion in the studies published between 2003 and 2015, the field of education and digital technologies in Brazil? b) From the perspective of authors of the selected texts, how is digital divide related to issues of social, educational and cultural exclusion in Brazil? and; c) In what extent the nature of the inequality, exclusion and infrastructure of the Brazilian educational system is a response to the digital divide in the country? To discuss the results of the bibliographic analyses it was articulated as key terms - Education and Digital Technologies to understand the arguments used by the authors their concepts and developments on this issues and its connection with studies on exclusion. As a result, Infrastructure and Digital Exclusion were the categories raised from the analyses, which permit to demonstrate the challenge that is posed to the country in the context of Education and schools, which is to overcome the socio-educational inequalities and the digital divide. The study concludes that human technologies and digital technology capital are inextricable conditions for digital inclusion for all people, to become, not only a right, but also the country reality. Keywords: Education, Digital Technology, Digital Exclusion, Infrastructure. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Endnote ................................................................................................ 26 Figura 2 – Mapa Conceitual .................................................................................. 30 Figura 3 – ATLAS.ti .............................................................................................. 38 Figura 4 – Grupo de Significado ........................................................................... 40 Figura 5 – Busca das citações nos textos ............................................................... 42 Figura 6 – Relatório de citações por categoria ...................................................... 43 Figura 7 - Gráfico 6 do IBGE – Percentual de pessoas que utilizam a Internet..... 90 Figura 8 - Gráfico 9 do IBGE – Percentual de pessoas que utilizam a Internet..... 91 Gráfico 1 - Percentual dos artigos por publicação ................................................. 28 Gráfico 2 - Excluídos digitais na percepção dos autores ....................................... 33 Gráfico 3 - Designer da pesquisa ........................................................................... 45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Cronograma .......................................................................................... 21 Tabela 2 – Termos de busca ................................................................................... 24 Tabela 3 – Seleção dos Textos ............................................................................... 25 Tabela 4 – Tipos de Publicação .............................................................................. 28 Tabela 5 – Perspectiva sobre Exclusão Digital ...................................................... 35 Tabela 6 – As categorias e as subcategorias iniciais .............................................. 41 Tabela 7 – Tabela 8 - Tabela 9 – Tabela 10 - As categorias e as subcategorias do estudo .......................................... 44 Categoria Infraestrutura e suas Subcategorias ...................................... 48 Categorias Exclusão Digital e Subcategorias ....................................... 79 Projetos de Inclusão Digital ................................................................ 101 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações APA American Psychological Association CAPES Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEDUCE Colóquio Educação Cidadania e Exclusão CGI.br Comitê Gestor de Internet no Brasil CEPTRO Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologias de Redes e Operações DNS Domain Name System IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IP Internet Protocol LED Laboratório de Etnografia Digital NetEDU Núcleo de Etnografia em Educação NTIC Novas Tecnologias de Informação e Comunicação ONG Organizações não governamentais PC Personal Computer PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PPP Projetos Político Pedagógicos ProPEd Programa de Pós-Graduação em Educação SCIELO Scientific Electronic Library Online SICAPES Sistema Integrado CAPES SSL Secure Socket Layer TIC Tecnologia de Informação e Comunicação TCP Transmission Control Protocol UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................. 16 1 METODOLOGIA .......................................................................................... 18 1.1 Objetivos ........................................................................................................ 18 1.2 Questões .......................................................................................................... 19 1.3 Coleta de dados ............................................................................................... 19 1.4 1.5 1.6 1.7 Cronograma .................................................................................................... Acesso .............................................................................................................. A abrangência ................................................................................................ Análise de dados ........................................................................................... 20 23 24 25 1.7.1 Banco de dados................................................................................................. 25 1.7.2 Mapas Conceituais ........................................................................................... 29 1.7.2.1 1.7.3 Resultados preliminares dos mapas conceituais ............................................... 32 ATLAS.ti ....................................................................................................... 37 1.7.3.1 Processo de análise ...........................................................................................38 1.7.3.2 Categorias.......................................................................................................... 41 2 INFRAESTRUTURA .................................................................................... 47 2.1 Infraestrutura: transição entre a Sociedade da Informação e a Sociedade do Conhecimento .................................................................................................. 49 2.2 Economia: recursos tecnológicos e digitais como base ................................. 53 2.3 Governo: enfrentamento dos desafios da Sociedade do Conhecimento ........ 56 2.4 Sociedade: informação + conhecimento: inteligência coletiva ...................... 61 2.5 Educação: tecnologias humanas como capital digital ................................... 68 3 EXCLUSÃO DIGITAL ............................................................................... 78 3.1 Tecnologia Digital: o futuro é agora .............................................................. 82 3.2 Internet: transformação da vida .................................................................. 86 3.3 AAcesso é uma questão ultrapassada no Brasil?................................................ 88 3.4 A informação e o conhecimento .......................................................................... 93 3.5 Inclusão Digital: porque a escola resiste? ........................................................... 96 3.6 Exclusão Digital: desafio para a sociedade contemporânea ............................ 103 4 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 108 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 116 APÊNDICES ....................................................................................................... 129 INTRODUÇÃO Essa dissertação de mestrado intitulada “Exclusão Digital em Educação no Brasil: um estudo bibliográfico”, se insere na linha de pesquisa Educação Inclusiva Processos Educacionais e no grupo de pesquisa “Etnografia e Exclusão em Educação” do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPED/UERJ). Ela é parte das pesquisas realizadas pelo Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) e mais diretamente na “Tecnologia Digital e Pesquisa Etnográfica - 2013-2015”, coordenada por Mattos (2015). O tema desta dissertação teve sua origem na combinação da leitura do livro: “Exclusão Digital: imagens dos limites e dos desafios sobre a educação na pós-modernidade” (MATTOS, 2003), com as atividades de ensino ministradas em (2015) na disciplina Tecnologias e Educação do curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) realizadas como estágio docente, atividades obrigatórias do curso de Mestrado em Educação e ainda da preocupação desta mestranda com a exclusão digital presente no sistema educacional brasileiro. A experiência em ensino trouxe como contribuição a vivência sobre a realidade da formação de professores, evidenciando que a maioria dos estudantes da graduação relatam que tiveram muito pouco ou quase nenhuma instrução sobre tecnologias digitais e que esse tema merece ser incluído com prioridade e atualidade no curso de Pedagogia. O livro de Mattos (idem) levantou referências bibliográficas anteriores a 2002, publicado em 2003, enquanto esta dissertação dá continuidade ao estudo cobrindo o período entre 2003 e 2015. É importante notar, que dos 102 (cento e dois) textos acadêmicos da área da Educação investigados, os autores mais citados foram Pierre Levy e Manuel Castells, autores, que circulam na literatura da área, mas que tem suas origens fora dela. Portanto, muitos dos argumentos discutidos no texto da dissertação fazem referencia a eles. A atualização dos estudos sobre o tema exclusão digital cria oportunidades, contribui e amplia estudos e pesquisas na área da Educação, de modo a avaliar, criticar e contextualizar os avanços existentes sobre o tema, seus autores, teorias e projetos em inclusão digital. Ademais, o trabalho aponta ser esta uma das questões que merece investigação pela relação existente entre a exclusão digital e a exclusão social, educacional e cultural como realidades vivenciadas pela maioria da população brasileira. Poder-se-ia, inúmeras outras justificativas para um estudo do tema exclusão digital, entretanto, sua atualidade e relevância para as sociedades contemporâneas, assim como as transformações em todos os campos do conhecimento originárias do uso de tecnologias digitais, justifica por si só, sua importância. Mais de meio século atrás McLuhan (1964) lança o livro Understanding Media, onde a inclusão digital surge como um dos modos de transição do homem moderno, para a Sociedade do Conhecimento. Na fronteira da exclusão, populações inteiras, pela desigualdade ou pela indiferença, vivenciam a exclusão digital. A mensagem de McLuhan parece produzir uma sensação de que o que aconteceu com as tecnologias eletrônicas acontece agora com as digitais. Da mesma forma que “a mensagem é o meio” no mundo das comunicações eletrônicas pelo rádio e pela televisão, a mensagem continua a ser um meio no contexto das redes digitais, é através dela que pessoas interagem e se unificam. Ao buscar significado para a interligação entre Educação e Tecnologias, este estudo encontra uma série de elementos, termos, conceitos e deles traduz o que representam as tecnologias digitais e nelas a Internet na realidade da educação do Brasil. Nessa busca, autores, textos, produtos acadêmicos desta área informam que a inclusão digital, assim como a igualdade educacional, é quimera no país. A análise desta realidade se apresenta nos três capítulos que compõem este texto. No primeiro, descreve-se a trajetória metodológica percorrida pelo estudo. Utilizando a revisão bibliográfica como metodologia, aplica-se meios computacionais de análise de conteúdo associados a uma tradicional leitura interpretativa realizada através de mapas conceituais de documentos acadêmicos selecionados. Com uma seleção que tem por base as contribuições para a discussão crítica sobre o objeto de estudo – exclusão digital, o capitulo seguinte descreve as contribuições dos autores sobre as diferentes infraestruturas demandadas no momento atual para que se faça a transição entre a Sociedade da Informação e a Sociedade do Conhecimento. Como conclusão, um capítulo dedicado a exclusão digital pontua desafios, empasses e contradições que, de certa forma, impedem o Brasil de utilizar sua enorme plataforma humana formada pelas escolas para incluir digitalmente sua população. 18 1 METODOLOGIA Neste capítulo será apresentado o percurso metodológico desenvolvido para realização desta dissertação. A abordagem escolhida é a bibliográfica, ela se justifica por possibilitar o mapeamento e a ampliação das discussões sobre um determinado campo de produção acadêmica (FERREIRA, 2002), uma revisão bibliográfica pode ser capaz de gerar pressupostos, interrelações e interpretações que servem como ponto de partida para outras pesquisas (LIMA; MIOTO, 2007). Por essa ótica, o estudo realizado para esta dissertação envolveu 4 etapas: 1. Re-delineamento do projeto de pesquisa quanto aos objetivos atingidos e questões respondidas. 2. Identificação de fontes bibliográficas, delimitação da amostra, coleta, seleção e organização dos textos com o uso do software EndNote.X7. 3. Análise dos textos por meio de mapas conceituais e posteriormente dosoftware Atlas.ti de análise de conteúdo. 4. Design final do estudo a partir da categorização dos resultados e redução dos mesmos pelo método indutivo por aproximação de significado do conteúdo. 1.1 Objetivos O objetivo geral desta dissertação foi realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema da exclusão digital em periódicos, artigos científicos, livros, monografias, dissertações e teses publicadas on-line no período entre 2003 e 2015 de modo entender esse conceito e suas implicações na atualidade no Brasil. Os objetivos específicos foram: a) identificar, selecionar, estudar, criticar e descrever como os estudos da área da educação abordam o tema exclusão digital no Brasil; b) examinar, criticar e discutir as considerações teórico-conceituais sobre tecnologias digitais com o foco na exclusão digital expressas em textos acadêmicos de língua portuguesa na área da educação no Brasil; 3) refletir e descrever a exclusão digital na educação no Brasil a partir dos resultados das análises de conteúdo de 102 (cento e dois) textos acadêmicos selecionados de modo a revelar conceitos, teorias, autores e questões atuais sobre o tema. 19 1.2 Questões Para atingir os objetivos traçados nesta dissertação as questões que orientam este estudo são: a) como está o debate sobre exclusão digital nos estudos publicados entre 2003 e 2015, da área da educação e do campo das tecnologias digitais no Brasil? b) como, na perspectiva de autores e textos selecionados, a exclusão digital está relacionada às questões de exclusão social educacional e cultural no Brasil? e; c) como a desigualdade, a exclusão e a infraestrutura do sistema educacional brasileiro tangenciam a exclusão digital no pais? 1.3 Coleta de dados A coleta dos dados foi realizada através de acesso à bancos de dados acadêmicos disponíveis na internet. Enquanto que, a análise de dados foi realizada em três momentos: na elaboração de um banco de dados no software EndNote, na construção de mapas conceituais e na produção de um projeto no software Atlas.ti. Cada etapa da coleta de dados e nas formas de análise de dados estão dispostos de modo descritiva ao longo do capítulo. Na finalização do capítulo será demonstrado a decorrência das categorias deste estudo, o designer da metodologia e o delineamento dos demais capítulos dessa dissertação. O corpo de dados acessados e compilados foi de 2.104 (dois mil cento e quatro) textos que foram catalogados em arquivos e nomeados pelo padrão: Ano- Autor-Título do texto. A leitura dos resumos dos textos indicou que há um debate significante nas produções acadêmicas a respeito da temática da exclusão digital no Brasil. Por esse motivo compreendeu-se que a pesquisa bibliográfica possibilitaria um delineamento de como o sistema educacional brasileiro está definindo o conceito da exclusão digital, assim como, neles se define o repertório intelectual deste objeto de estudo. A pesquisa bibliográfica é construída, nas palavras de Fonseca (2002), “a partir de um levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por 20 meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites”. (FONSECA, 2002, p.32). Através desse procedimento metodológico acredita-se que é possível recuperar o conhecimento científico acumulado sobre a temática e, assim, como nas palavras de Paraíso (2014), montar, desmontar e remontar o que já foi dito. Estes foram alguns dos princípios que orientaram o estudo realizado. Os fundamentos de base desta dissertação se aplicam em primeira instância na ideia de que a exclusão digital é a falta de acesso aos meios, mídias e aparatos digitais. Em segunda instância a exclusão digital se caracteriza pela vulnerabilidade, despreparo, falta de habilidade, isolamento que afasta os usuários das tecnologias digitais ou mesmo os impedem de fazer uso dessa tecnologia para seu desenvolvimento social, profissional e científico. Em última instância acredita-se que a exclusão digital impede os indivíduos do exercício da cidadania pela crítica e autonomia. Portanto, exclusão digital é a ausência de capital tecnológico para que um indivíduo se desenvolva com uma tecnologia humana. Admitindo que na área da Educação as tecnologias se unem como um extenso campo de pesquisa e que dentro deste as tecnologias digitais têm uma grande expressão, elegemos exclusivamente como categoria de estudo a exclusão digital. 1.4 Cronograma O cronograma desta dissertação buscou cumprir os prazos estabelecidos à integralização do curso e desenvolver as atividades acadêmicas realizadas. Ele foi esquematizado de modo a dar visibilidade para o tempo de realização para cada etapa de estudo atendendo a abordagem metodológica escolhida. 21 Tabela 1 - Cronograma CRONOGRAMA ATIVIDADES Ano 1 Ano 2 Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1- Disciplinas 2- Seminário de Pesquisa 3- Estágio Docente I 4- Coleta de Dados 5- EndNote 6- Mapas conceituais 7- Projeto de Mestrado 8- Atlas.ti 9- Escrita Dissertação 10- Defesa da Dissertação Fonte: Araujo (2016) O curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (ProPEd/UERJ) prevê de 24 a 30 meses para sua conclusão, o aluno bolsista, que é o caso desta mestranda, deve estar atento ao prazo de 24 meses. Entretanto, por estamestranda pertencer ao grupo de pesquisa desde 2011, fez com que este trabalho pudesse ser reduzido a 19 meses. As atividades realizadas no período do curso de mestrado foram desenvolvidas da seguinte forma: 1- Disciplinas obrigatórias e eletivas: cumpriu-se as disciplinas com obtenção de resultados satisfatórios. As disciplinas realizadas foram: EDU997245- 2015/1: Produção do conhecimento em Educação; EDU999294- 2015/2: Etnografia e exclusão em educação: contribuições de Erving Goffman; EDU999267- 2015/1: Etnografia e exclusão na educação; EDU997252- 2015/1: Processos de inclusão/exclusão escolar; EDU997255- 2016/1: A educação como filosofia ou a filosofia como educação; EDU997246- 2015/2: Estágio Docente I e EDU997247- 22 2015/1: Seminário de Pesquisa I, EDU997248- 2015/2: Seminário de Pesquisa II e EDU997249- 2016/1: Seminário de Pesquisa III. 2- Seminário de pesquisa: Realizado semanalmente pelo Núcleo de Etnografia e Educação (NetEDU) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (ProPEd/UERJ). Através da pesquisa colaborativa de natureza etnográfica participam do seminário, estudantes do ensino médio, professores e professoras da rede pública, gestores de uma escola pública do Estado do Rio de Janeiro, assim como estudantes de graduação, estudantes de pós-graduação, professores e pesquisadores nacionais e internacionais. O NetEDU desenvolve diversos projetos, a saber, o Café com Pesquisa que tem como objetivo a socialização de saberes e práticas no âmbito da Faculdade de Educação da UERJ, atendendo a comunidade de forma geral; o seminário de pesquisa permanente que debate a relação da tecnologia nos usos das pesquisas em educação; a cada dois anos realiza o Colóquio Educação Cidadania e Exclusão (CEDUCE); o Laboratório de Etnografia Digital (LED) que tem por objetivo ampliar e criar inovações pedagógicas na perspectivas dos sujeitos escolares envolvidos visando melhorias no processo de escolarização e avanço científico, convergindo para os processos educacionais aplicados ao Ensino Básico e Superior. 3- Estágio Docente I: a realização do estágio é cumprida pela ministração de aulas sobre Tecnologia e Educação com a turma do primeiro período do curso de Pedagogia da UERJ juntamente com a professora titular da disciplina. 4- Coleta de dados: refere-se a etapa de acesso aos textos científicos à bancos de dados acadêmicos disponíveis na Internet. 5- EndNote: trata-se de um software que permite a construção de um banco de dados bibliográfico. O software foi utilizado para organizar e catalogar as referências completas, os textos e, posteriormente, os mapas conceituais. 6- Mapas Conceituais: trata-se de uma metodologia de estudo e análise conceitual de textos. 7- Projeto de Mestrado: nessa etapa foi elaborado e enviado para avaliação o projeto de mestrado que foi devidamente aprovado e teve por objetivo nortear a escrita final desta dissertação. 23 8- Atlas.ti: trata-se de um software de análise que favorece o entrecruzamento dos dados e proporciona uma análise mais aprofundada gerando conexões eficazes que permitem a visualização das relações entre os códigos e seus documentos. 9- Escrita da Dissertação: diz respeito ao período de compilação dos dados e escrita final de conclusão deste estudo. 10- Defesa da Dissertação: refere-se a defesa da dissertação de mestrado como última etapa da conclusão do curso. O prazo para defesa é de 24 meses, podendo se estender até 30 meses. Porém, essa dissertação será concluída em 19 meses. 1.5 Acesso A partir da definição do objeto de estudo Exclusão Digital iniciou-se a etapa do acesso aos textos científicos escritos em língua portuguesa nos bancos de dados acadêmicos disponíveis na Internet, sendo eles: a) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - endereço eletrônico: www.periodicos.capes.gov.br b) Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) - endereço eletrônico: www.scielo.br c) Sistema Integrado CAPES (SICAPES / WebQualis) - endereço eletrônico: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/pesquisaPublicaClassificacao.se am Além desses três bancos de dados citados foi acessado também a base de dados das pesquisas e estudos do Núcleo de Etnografia e Educação (NetEDU). Ao acessar os bancos de dados na Internet foi selecionada a Educação como grande área de acesso por se tratar da área de formação dessa dissertação de mestrado. Para busca dos textos disponíveis sobre o objeto de estudo definiu-se três palavras- chave: tecnologia, exclusão, exclusão digital. Essas palavras-chave foram escolhidas por se tratarem de conceitos consolidados pelo NetEDU que visam avançar no entendimento sobre as exclusões sociais relacionadas as tecnologias digitais. A 24 palavra-chave exclusão digital surgiu a partir da combinação dos temas exclusão + digital com interesse em buscar os estudos que trouxessem discussões sobre o objeto de estudo. O corpo de dados acessado foi composto de 2.104 (dois mil cento e quatro), os textos foram catalogados em arquivo e nomeados com o padrão: Ano-Autor-Título do texto. Foram criadas três pastas nomeadas como: “tecnologia digital”, “exclusão” e “exclusão digital”. Os resultados dos 2.104 (dois mil cento e quatro) textos foram alocados nas pastas das categorias correspondentes. A seguir foram lidos os resumos dos 2.104 (dois mil cento e quatro) textos, por essa leitura verificou-se que nem todos os textos tangenciavam os termos de busca apresentando um significado pertinente ao objeto de estudo. Embora o critério de busca tenha sido: Educação, Exclusão, Tecnologia, Digital e seus conteúdos. Realizou-se então uma análise mais ampla de modo a tornar mais específicos os grupos temáticos. Esses textos foram separados pelas categorias e suas combinações e apresentam a seguinte frequência de aparecimento: Tabela 2: Termos de busca Tema Textos Tecnologia Digital 444 Exclusão Digital 218 Exclusão 107 Total 769 Fonte: Araujo (2016) A etapa seguinte foi iniciar a leitura dos 218 textos sobre exclusão digital. Os textos catalogados foram direcionados para o banco de dados do Núcleo de Etnografia e Educação (NetEDU). 1.6 A abrangência O recorte temporal foi estabelecido entre 2003 e 2015, para dar continuidade ao estudo sobre a temática iniciada no livro “Exclusão Digital: imagens dos limites e dos desafios sobre a educação na pós-modernidade” de Mattos (2003). Por esse motivo, o recorte inicial se justifica pelo ano da publicação de Mattos (2003) que fez um levantamento sobre a exclusão digital e termina no da conclusão do levantamento 25 de dados desta dissertação (2015). Desse modo, foram selecionados para a análise de conteúdo, somente 218 (duzentos e dezoito) textos sobre exclusão digital. E o recorte temporal (janela de tempo entre 2003 e 2015) reduziu a seleção dos textos para a 102 (cento e dois) por serem estes os mais pertinentes e significativos para responder as questões da pesquisa e por estarem dentro da janela de tempo. O processo de seleção para definição final da quantidade de textos analisados seguiram a sequência apresentada na tabela 3 – Seleção de textos: Tabela 3 – Seleção dos textos Processo de Seleção dos Textos Coletados 2104 Pertinentes ao objeto de estudo 769 Sobre exclusão digital 218 Período de 2003-2015 102 Fonte: Araujo (2016) 1.7 Análise de dados 1.7.1. Banco de dados Os 102 (cento e dois) textos eleitos para compor o corpo de dados necessitou de um gerenciamento de modo a facilitaro acesso pertinente para a análise de conteúdo. Decidiu-se pela utilização de um software de gerenciamento bibliográfico. Na perspectiva de Zaugg et al (2011), trata-se de uma ferramenta que agrega valores a pesquisa e poupa o tempo dos pesquisadores em suas análises. O software escolhido para criação de um banco de dados foi o EndNote, um programa digital que permite a construção de um banco de dados bibliográfico on-line e off-line. On-line o software direciona a busca para sites e bibliotecas acadêmicas em todo mundo, importa arquivos do banco de dados do computador e organiza a listagem de referências bibliográficas de acordo com os diferentes estilos exigidos pela editoras como American Psychological Association (APA), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e o estilo de referencia bibliográfica mais usado internacionalmente, Chicago, entre outras. Ele possui duas versões, a versão 26 com licença paga e a versão on-line. Nesta pesquisa optou-se pela versão EndNoteX7 com licença validada para essa mestranda através da obtenção de uma conta de acesso pelo site da empresa e com a instalação do software no Macintosh. O software EndNote serviu para organizar e catalogar as referências completas dos textos e dos mapas conceituais estudados e analisados. Os textos, como dito anteriormente, foram delimitados em 769 textos. Eles foram catalogados e divididos em três grupos dentro do EndNote: tecnologia digital com 444 textos inseridos; exclusão com 107 textos inseridos; exclusão digital com 218 textos inseridos. Os textos foram catalogados no EndNote através do cadastro completo das referências bibliográficas e foram anexados a esse banco em portable document format (pdf). Esses 102 (cento e dois) textos foram amplamente catalogados, organizados utilizando o software EndNote e a seguir estudados, certificados e resumidos em forma de mapas conceituais e posteriormente tanto os textos completos quanto os mapas conceituais foram inseridos no software. Abaixo segue, na figura 1, a imagem da plataforma do EndNote referente ao banco de dados da pesquisa sobre Exclusão Digital com textos selecionados entre 2003-2015 em 2104 (dois mil cento e quatro) textos coletados. Figura 1: EndNote 1- Grupos temáticos 2- Textos catalogados 3-Texto selecionado 4- Bibliotecas online Fonte: Banco de dados, Araujo (2016) 27 A figura 1 acima apresenta a imagem da plataforma digital do banco de dados gerado para as análises desta dissertação: 1- Grupos temáticos: diz respeito aos termos de busca para coleta de dados que tornaram-se grupos de temas para catalogação dos textos selecionados. 2- Textos catalogados: são os textos amplamente catalogados dentro do software. 3- Texto selecionado: trata-se do texto selecionado entre os outros para melhor visualização. 4- Bibliotecas on-line: trata-se de uma listagem de bibliotecas de diferentes lugares do mundo disponíveis para acesso e busca. O EndNote auxiliou na organização dos textos; facilitou a busca por textos e categorias; facilitou a leitura dos textos pela visibilidade que o programa oferece na plataforma; facilitou os destaques elencados nos textos, por possuir uma ferramenta que realça as partes desejadas, similar a uma caneta marca texto; possibilitou a visualização de referências duplicadas ou de produções do mesmo autor que tratavam praticamente da mesma informação; gerou automaticamente a frequência dos textos por categorias; auxiliou com facilidade a busca por conceitos, autores e temas através da inserção de palavras-chave dentro da coleção de textos inserida; possibilitou a visualização dos autores que mais se destacaram no tema da pesquisa. Por fim, destaca-se o benefício de maior relevância que está no comando do programa intitulado “cite while you write”, essa função seleciona a referência que se deseja utilizar, podendo exportá-la para o documento que esteja sendo escrito nas plataformas do Microsoft Word no formato/estilo oficial, por exemplo: ABNT, APA, etc., de acordo com escolha do usuário do texto. O EndNote sugere o preenchimento de indicadores sobre o texto, diante disso foi possível extrair os tipos de publicação que compõe a coletânea bibliográfica para este estudo. Os textos que compuseram o corpo principal do estudo foram listados na tabela 4 abaixo. Os 102 (cento e dois) textos estão relacionados no apêndice A com as devidas referências bibliográficas. As principais análises pelo EndNote visaram identificar a distribuição dos artigos a partir dos diferentes tipos de publicação, foram elas: 28 Tabela 4 – Tipos de Publicação Tipos de Publicação Quantidade Artigos Científico de Periódicos 54 Artigos de Anais de Evento 24 Capítulo de Livro 8 Pesquisa Acadêmica 6 Pesquisa por Amostragem 5 Livro 5 Total 102 Fonte: Araujo (2016) Gráfico 1 – Percentual dos artigos por publicação Fonte: Araujo (2016) A tabela 4 e o gráfico 1 apresentam as seguintes publicações: 1. Artigos científicos de periódicos: refere-se a um trabalho acadêmico sucinto de uma pesquisa. 2. Artigos de anais de evento: refere-se a registro de eventos ou congressos em tempos anteriores organizados ano a ano. 3. Capítulo de livro: refere-se a uma das subdivisões do livro científico. 29 4. Pesquisa acadêmica: refere-se a produções acadêmicas como monografia, dissertação e tese. 5. Pesquisa amostragem: refere-se a pesquisas que possuem como característica escolher aleatoriamente pessoas e a partir delas apresentar respostas de um grupo através de inferências estatísticas. 6. livro: obra publicada de forma unitária como trabalho científico. A tabela 4 e o gráfico 1 identificam que o percentual de artigos publicados por periódicos é maior do que nos demais tipos de produções acadêmicas. Portanto o uso do EndNote para organização dos dados bibliográficos, contribui de sobremaneira para concentrar os dados e para a facilitar o trabalho de análise da produção de conhecimento sobre exclusão digital. 1.7.2. Mapas conceituais A partir dos 102 (cento e dois) textos lidos, catalogados e organizados houve necessidade de uma análise teórico-conceitual mais aprofundada dos textos. Para este fim, utilizou-se o mapa conceitual com intuito de identificar e estudar os conceitos que orientam os textos. O mapa conceitual é um instrumento de análise que auxilia na construção de modelos conceituais e identificação de teorias. (MATTOS; CASTRO, 2010). O mapa conceitual possibilita uma investigação dos conceitos relevantes para a necessidade de cada estudo. (OLIVEIRA; MARIA, 2015). Compreendeu-se que o mapa conceitual é um instrumento metodológico que pode ser criado de forma autônoma e reflexiva em acordo com os objetivos da pesquisa e da habilidade e sensibilidade teórica. Além de proporcionar um esquema de análise conceitual das abordagens teóricas-metodológicas encontradas em cada texto do estudo, o mapa conceitual possibilita a revisitação dos dados a todo o momento do texto da dissertação. Para elaboração dos mapas conceituais deste estudo, levou-se em conta as questões e os objetivos e, assim, delineou-se o campo do conhecimento sobre a exclusão digital no sistema educacional brasileiro. 30 A Figura 2 – Mapa conceitual - apresenta o modelo de configuração do mapa conceitual que foi realizado para esta dissertação. Serão apresentados os elementos que compuseram as questões de análise dos textos. Figura 2 – Mapa Conceitual Mapa Conceitual – n.º01/2015 – ARAUJO,A.M. (Livro) 1- Referência bibliográfica: MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães de. Exclusão Digital: imagens dos limites e dos desafios sobre a educação na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Papel & Virtual, 2003. 98 p. 2- Resumo do texto: A Universidade brasileira através do ensino, da pesquisa e da extensão, tem como objetivo atender a população de modo a eliminar as injustiças sociais e a discriminação no ambiente educacional, promover a cidadania e a inclusão social. O nosso esforço como professores é, mapear essas desigualdades, desvelando-as, através da pesquisa ética e consequente. É ainda, orientar profissionais estrategicamente no enfrentamento efetivo das desigualdades do sistema educacional. A constatação das inúmeras formas de exclusão, não nós permite compreender os processos que a engendram. Não existe “a priori” uma cultura da exclusão. Investigar portanto, os fatores de dissociação e desfiliação, inclusão e exclusão, é parte da tarefa do educador na prevenção da exclusão, especialmente a EXCLUSÃO DIGITAL nesse início de milênio. O tema tem interface com aspectos econômicos, sociais, estruturais, entre outros de modo a configurar-se como um dos aspectos críticos para o desenvolvimento nacional e o exercício da cidadania. 3- Quem são os excluídos digitais? São as pessoas pobres que estão vulneráveis a exclusão socioeducacional 8_Citação Direta -Esse estudo nos leva à questão da pobreza como a fonte primária da exclusão, cujo eixo central é a justiça social e a qualidade de vida, o que pressupõe que a pobreza é nosso problema mais urgente e a desigualdade é nossa maior doença. Pag. 25 -Ou seja, o ser humano determina-se em sua possibilidade e não pela sua realidade. (Mattos, 2000) Pág. 52 -A ausência de participação em qualquer atividade produtiva e o isolamento relacional conjuga seus efeitos negativos para produzir a exclusão, ou melhor, a desfiliação. (Castel, 200, p. 24) Pág. 59 -Concluindo, para a inteligência coletiva, o principal obstáculo à participação não é a falta de computador, mas sim o analfabetismo e a falta de recursos culturais. É por isso que o esforço para a educação, a inovação pedagógica, a formação intelectual e o “capital social” são os fatores chave do desenvolvimento da inteligência coletiva. Pág. 90 Fonte: Mapa conceitual: modelo utilizado (Araujo, 2016) Os mapas foram numerados e identificados em seu cabeçalho com um número em ordem crescente de produção, com o ano da sua elaboração, o tipo de texto e o sobrenome do elaborador do mapa. 5- Como o texto define a Exclusão Digital? Qual a relação da Exclusão digital e a Educação? -Percebe-se, hoje, que o analfabetismo digital reforça a pobreza e a lentidão comunicativa, o que termina por levar os indivíduos ao isolamento e ao impedimento do exercício da inteligência coletiva. A exclusão digital pode impedir que se reduza a exclusão social, uma vez que as principais atividades econômicas, governamentais além de boa parte da produção cultural da sociedade vêm migrando para a rede mundial de computadores, sendo praticadas e divulgadas por meio da comunicação informacional. Estar fora da rede é ficar fora dos principais fluxos de informação. Desconhecer seus conhecimentos básicos é amargar a nova ignorância (Nogueira 2001). Pág. 71 4- Metodologia O livro é fruto do diálogo com alunos da graduação e professores universitários com intuito de ampliar as discussões, as leituras e as interpretações que possam contribuir para melhor formação do professor no Brasil. 7- Abordagem Teórica e Teóricos utilizados Chauí (2001) que trata sobre o mecanismo ideológico de naturalização de desigualdades sociais, tornando as diferenças naturais. Pág. 25 -Mota (2002) argumenta que não existem excluídos no Brasil e sim um povo incluído que faz girar a máquina de reprodução das desigualdades. Pág. 28 -Cunha (2002) fala sobre Peregrino que evidencia que na sociedade brasileira a desigualdade social é transmitida através de gerações, ou seja, a evidência do aspecto intergeracional. Pág. 39 -Scalon (1999) diz que o Brasil possui uma estrutura social muito fechada e existe uma forte tendência a reprodução de classe e que no Brasil existe uma imobilidade social. Pág. 40 -Freire (1992) Inédito-viável – tornando possível a realização através de determinação individual, conscientização e processo de emancipação cultural. (Utopia – faz-se a história quem queira) Pág. 50 -Castel (2000) que diz que não nascemos excluídos nós nos tornamos. Populações que estão sempre a margem da sociedade são chamadas de quarto mundo. Para ele a nova pobreza está na mira da exclusão. Pág. 56 – O autor propõe uma compreensão da realidade social a partir da categoria de análise do trabalho. Pág. 57 -Pretto (1999) critica sustentar nosso sistema escolar dentro de velhos paradigmas diante das constantes transformações. Pág. 72 e 73 31 O mapa conceitual tem como uma das suas características facilitar o trabalho da pesquisa orientando o processo de escrita e foi estruturado em oito elementos: Elemento 1: teve como objetivo disponibilizar no mapa a referência bibliográfica dentro dos padrões da (ABNT), identificando dessa maneira a que texto o mapa se refere. Elemento 2: inseriu-se o resumo oficial do texto estudado. A intenção foi auxiliar a releitura e revisitação deste mapa. Dessa forma, os principais pontos mapeados poderiam ser relembrados rapidamente. Elemento 3: foi desenvolvida uma primeira pergunta que correspondesse a um dos objetivos específicos propostos na dissertação. O intuito dessa questão foi retirar do texto, caso o mesmo informasse, quem eram os sujeitos da exclusão digital na perspectiva dos (as) autores (as). Elemento 4: foi levantando qual a metodologia utilizada pelos seus autores. Foi dada ênfase sobre como estes norteiam a exclusão digital. Elemento 5: diz respeito as questões e objetivos pensados para desenvolvimento desta dissertação. A partir disso foi elaborada duas questões para análise dos textos. São elas: Como o texto define a exclusão digital? e Qual a relação da exclusão digital e a educação? Elemento 6: ainda pensando nos objetivos desta dissertação buscou-se levantar nos textos quais os projetos que os autores propunham como alternativa e superação a exclusão digital. Elemento 7: foi verificado nos textos o tipo de abordagem teórica considerada pelos autores para análise do tema exclusão digital no contexto da educação. Elemento 8: teve como foco extrair o posicionamento dos autores sobre a exclusão digital destacando-se as citações diretas que melhor ilustram o sentido que deu aos temas tecnologia digital e exclusão digital. 1.7.2.1. Resultados preliminares dos mapas conceituais 32 Na análise preliminar dos mapas conceituais os elementos que constituíram o mapa geraram resultados que serão apresentados abaixo: I- (Referência bibliográfica): apenas descritivo para identificação do texto mapeado II- (Resumo do texto) : apenas descritivo para identificação do texto mapeado. III- (Quem são os excluídos digitais?): como resultado os autores apresentaram perspectivas diversas sobre o excluído digital. Identificou-se ainda os seguintes perfis desses sujeitos: a) Pessoas pobres –> diz respeito aos sujeitos de baixa renda per capita ou em situação de risco social. b) Pessoas sem acesso –> diz respeito aos sujeitos que não possuem acesso a Internet e/ou as tecnologias digitais. c) Pessoas sem acesso a banda larga –> diz respeito aos sujeitos que possuem acesso a Internet, porém não usufruem de conexão em alta velocidade. d) Pessoas passivas digitalmente –> diz respeito aos sujeitos que têm acesso a Internet e não dominam as habilidades necessárias para a apropriaçãoe uso das tecnologias digitais para a prática da cultura digital. e) Pessoas sem acesso e passivas digitalmente -> diz respeito aos sujeitos que não têm acesso e consequentemente não possuem habilidades ao uso das tecnologias digitais. f) Não informaram -> diz respeito aos textos que não sinalizaram quem são os excluídos digitais. Gráfico 2 – Excluídos digitais na percepção dos autores 33 Fonte: Araujo, 2016 O Gráfico 2 – Excluídos digitais na percepção dos autores – demonstra que a maioria (24%) dos excluídos digitais são pobres. São pessoas em situação de fragilidade social e de baixo poder aquisitivo. O perfil do excluído digital descrito nos artigos por sua condição de pobreza dificulta seu acesso às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC). Pois, o investimento necessário para aquisição das tecnologias digitais é alto diante das dificuldades de infraestrutura que as populações de baixa renda vive. A falta de acesso à Internet e às tecnologias digitais foi o ponto comum nos perfis dos usuários mencionados pelos autores, tais como: pessoas sem acesso; pessoas sem acesso a banda larga e os passivos digitais (conceito elaborado nesta pesquisa). O perfil conceituado como passivo digital foi identificado no estudo de Warschauer (2006) quando o autor diz que “O letramento, como o acesso a TIC, inclui uma combinação de equipamentos, conteúdo, habilidades, entendimento e apoio social, a fim de que o usuário possa envolver-se em práticas sociais significativas” (p. 64). O passivo digital para o autor é aquele sujeito que não está inserido no contexto da cultura digital de forma plena, por não possuir os conhecimentos necessários para a apropriação e uso das tecnologias digitais para a prática da cidadania digital. 34 Os autores apresentaram uma inquietação em relação ao acesso à Internet como um ponto de partida para a inclusão digital. O perfil “pessoas sem acesso a banda larga” aparece por conta das discussões de caráter estrutural e a importância de estar conectado à Internet em alta velocidade. Há uma preocupação em fortalecer estruturalmente as regiões, as escolas e as entidades públicas com um acesso de alta velocidade para beneficiar o uso de softwares, sites e aplicativos para uso pessoal e para a produção do conhecimento. O perfil das pessoas “passivas digitalmente” denota duas particularidades. A primeira diz respeito aos sujeitos que têm acesso a internet e não dominam as habilidades necessárias para a apropriação e uso das tecnologias digitais para a prática da cultura digital, e a outra, diz respeito àqueles que não têm acesso à Internet e consequentemente não a dominam. Percebeu-se que mesmo tendo acesso à Internet, o sujeito pode ser um passivo digital, pois não adianta possuir o acesso e não experienciar a educação para a Internet. É como não ter um investimento humano para usufruir dos dispositivos tecnológicos que compõem a sociedade nos dias atuais que avançam com intensa velocidade. IV- (Metodologia): nesse elemento o objetivo foi identificar as principais metodologias que os estudos apresentavam. Da análise das metodologias presentes nos textos identificou-se as teórico-bibliográficas ou teórico-conceituais, as amostragens de dados, a revelar sua natureza etnográfica e de pesquisa-ação. V- (Definições sobre exclusão digital e relação dela com a educação): nesse elemento buscou-se responder as questões sobre a definição de exclusão digital e a forma como os textos relacionam os temas educação e exclusão digital, os textos apresentaram o conceito de exclusão digital em duas perspectivas: a) A primeira associando o termo aos grupos e as pessoas que não possuem acesso à Internet e as tecnologias de informação e comunicação. b) A segunda associando os excluídos digitais aos grupos e pessoas sem ou com pouca habilidade para o uso das NTICs de forma cidadã e participativa na sociedade digital para a produção do conhecimento. Para melhor compreensão da significação dada ao termo exclusão digital, elencamos na tabela 5 – Perspectiva sobre exclusão digital - alguns temas associados: 35 Tabela 5 – Perspectiva sobre Exclusão Digital fenômeno fenômeno contemporâneo face da exclusão social Exclusão digital exclusão social compreendida como: face perversa da exclusão brecha digital divisão digital barreira socioeconômica infoexclusão analfabetismo digital Fonte: Araujo (2016) As perspectivas elencadas na Tabela 5 foram retiradas do conjunto de informações contidas nos textos estudados e expressam como o conceito de exclusão digital é apresentado pelos autores. Na questão “Qual a relação da exclusão digital e a educação?” os textos selecionados informam que a exclusão digital possui duas medidas, compreensão e perspectivas. A primeira está relacionada com a educação ao passo que as escolas não possuem acesso à internet ou possuem acesso à Internet de forma precária. Os conteúdos dos textos revelam ainda que a ausência desse recurso proporciona o aumento da exclusão digital, caracterizando um discurso com foco estrutural para orientar a inclusão digital da escola. A outra perspectiva sugere que a relação entre a exclusão digital e a educação discutida nos textos é a questão da apropriação e uso da linguagem digital e da inserção da cultura escolar na cultura digital. Nas discussões há uma resistência da escola não cooperar com o letramento digital dos estudantes por ainda em estar inserida na cultura digital. Como apontaremos mais tarde neste dissertação o letramento digital é a ação de apoderamento das linguagens e dos instrumentos digitais e, do uso das tecnologias digitais como instrumento de produção do conhecimento e de ação social e cidadã. Ressalta-se que além da questão instrumental do uso e acesso à internet os autores levantam discussões a respeito da escola na Internet, o que facilita aos estudantes sua inserção prática na sociedade contemporânea, como nas palavras de 36 Pretto (2013), “não queremos a internet nas escolas, mas as escolas na internet”. (PRETTO, 2013, P.1). VI- (Projetos propostos): no elemento que mostrou os projetos propostos como alternativa para superação da exclusão digital, verificou-se que os projetos são voltados, em sua maioria, aos grupos excluídos do acesso à Internet. São propostas de inclusão digital para que os sujeitos excluídos possam ter acesso às tecnologias digitais. Os projetos não avançam nas discussões sobre a qualidade do uso das tecnologias digitais à gerar autonomia aos sujeitos e sim para a abertura de acesso sem considerar uma discussão crítica sobre as condições humanas (biológica, cognitiva, emocional, dentre outras). Porém, esses projetos cooperam com a universalização do acesso, proporcionando possibilidades de inclusão digital de sujeitos que, de outra maneira, não teriam essa inclusão. Na seção de resultados do Capítulo 3 – Exclusão digital serão apresentados esses projetos. VII- (Abordagem teórica e teóricos utilizados): na investigação das abordagens teóricas os nomes dos autores que aparecem com mais frequências nos textos analisados são: Pierre Levy e Manuel Castells. As obras mais citadas desses autores foram: Cibercultura (Levy, 1999) e A sociedade em rede (Castells, 2001). Esse fato demonstra que: a) os estudos sobre tecnologia digital são tradicionais e se pautam em autores norte ocidentais para servir de base em suas pesquisas; b) que a maioria dos estudos preferem utilizarlivros em referencia em português de autores já referenciados por outras áreas e não na Educação. c) que as ideias apresentadas nesses textos podem ser ultrapassadas quando se considerar duas coisas: a atualidade do tema e a amplitude desse tipo de estudo no mundo. Dada as inúmeras recorrências dos autores Pierre Levy e Manuel Castells decidiu-se realizar uma análise em separada dos textos, livros, artigos e etc., e construir um mapa conceitual específico sobre os mesmos. O mapa representa as citações diretas que associam as ideias e posicionamentos desses autores sobre os temas: tecnologias digitais e a exclusão digital. Dessa forma de maneira crítica os argumentos expostos sobre esses temas pelos autores foram analisados. 37 VIII- (Citações Diretas): nessa etapa final do mapa foi extraído dos textos as citações diretas que contemplavam os conceitos sobre exclusão digital associado a tecnologia digital. Portanto os mapas conceituais foi um recurso metodológico de análise que auxiliou na leitura dos textos. Ao todo foram confeccionados 102 mapas conceituais que estão disponibilizados no apêndice B desta dissertação. Os oito elementos descritos acima sobre a construção do mapa, descreveu o corpo de dados que serviu de embasamento para as discussões e definiu os resultados desta dissertação. 1.7.3 ATLAS.ti A terceira ferramenta utilizada para a análise de conteúdo dos textos estudados para esta dissertação foi o ATLAS.ti. Este é um software com capacidade para analisar grandes quantidades de dados de textos, no caso desta dissertação de 102 (cento e dois) textos. A versão de modo a codificar e categorizar este estudo foi o “ATLAS.ti for Mac 1.0.48”, com licença paga e instalação do software no Macintosh. Queiroz e Cavalcante (2011) explicam que o ATLAS.ti permite: [...] codificar e analisar outros tipos de formatos como imagem, vídeo, áudio exibidos ou não em sites desde que em HTML. O software permite algumas vantagens em relação a técnicas antigas empregadas na análise de conteúdo. É possível realizar anotações e comentários, elaboração de relatórios, de memorandos, edição, disposição de dados em tabelas e matrizes, entre outros (p. 11778). Os autores identificam o uso ATLAS.ti como um dos fatores de melhoria desta técnica sobre as antigas formas de análise de conteúdo é a possibilidade de registros, elaboração de relatórios dentre outras possibilidade que o software permite. Portanto, para melhor entendimento do conteúdo dos 102 textos destacados para o estudo, o ATLAS.ti permitiu gerar conexões entre os textos e assim estabelecer o entrecruzamento dos dados e das relações entre eles. 38 1.7.3.1 Processo de análise O processo de análise foi iniciado pela criação de um arquivo dentro da plataforma do software ATLAS.ti, foram inseridos na função “Documentos” os 102 textos definidos para análise. Essa função carrega todos os textos e os disponibiliza para que seja criada uma unidade hermenêutica. Os textos em formato PDF foram inseridos de acordo com o ano, sobrenome do autor e título. A seguir, procedeu-se a criação de uma lista com todas as palavras contidas nos textos pela função do chamado aplicativo Word Cruncher. Esta função gera uma tabela de frequência que é exportada para fora do programa em formato Excel. A Figura 3 – ATLAS.ti apresenta a plataforma digital do arquivo de análise gerado, após inserção dos 102 textos para análise de conteúdo. Figura 3 - ATLAS.ti Fonte: Araujo (2016) 39 A próxima ação após a utilização da função Analysis / Word Cruncher do programa foi gerar uma listagem com a recorrência das palavras existentes no total dos textos inseridos. Ao selecionar essa função o programa gerou uma tabela de frequência de palavras que foi exportada para o programa Microsoft Excel, fornecendo a recorrência das palavras em uma extensa planilha por ordem crescente de contagem. A planilha gerada continha cerca de 38.000 (trinta e oito mil) palavras, após a eliminação de palavras com uma, duas ou três letras, as palavras foram selecionadas e colocadas em ordem decrescente possibilitando a sua associação por raiz de palavra ou forma de escrita. A seguir, a partir das análises das palavras cujos significados eram semelhantes e seu grupamento, formou-se grupos de palavras por significado que possibilitaram a identificação de categorias temáticas utilizadas pelos autores nos textos. Para se chegar a esse grupo de palavras significativas buscou-se excluir da listagem geral as 100 (cem) palavras menos recorrentes e analisar as restantes. Ainda nesta etapa de análise verificou-se que os primeiros procedimentos como seleção e origem do EndNote e a realização dos mapas conceituais foram fundamentais para que a unidade hermenêutica gerada pelo ATLAS.ti pudesse ser significada de modo a validar algumas das expressões textuais citadas pelos autores. Assim como, os pressupostos teóricos e conceituais mais utilizados por eles. A etapa seguinte deste processo analítico configurou-se com a criação de uma nova unidade hermenêutica com as frequências dos grupos de palavras que emergiram dos textos. Após a etapa anterior, a planilha foi reduzida e, assim sucessivamente, procedeu-se a criação de grupos por proximidade de significado. Definiu-se como grupos de significado as palavras: Exclusão Digital e Infraestrutura. Elas foram definidas por terem as maiores recorrências entre os textos e por fazerem parte das temáticas principais da Educação, da Exclusão e da Tecnologia Digital. As demais palavras da contagem foram catalogadas por grupos de significados conforme Figura 4. 40 Figura 4: Grupo de significado Fonte: Araujo (2016) Para averiguar os dados encontrados nos 102 (cento e dois) textos analisados, procedeu-se o mesmo exame com os mapas conceituais. O processo foi similar ao realizado anteriormente. As etapas de análise se constituíram da seguinte forma: 1- Inseriu-se os 102 mapas conceituais no formato de word. 2- A partir do uso da ferramenta word cruncher foi gerado uma planilha no Excel originando uma nova unidade hermenêutica. 3- A planilha gerou cerca de 16 mil palavras. 4- Formou-se grupos de palavras por significado. 5- Foram escolhidas as 30 primeiras palavras mais recorrentes. O resultado da unidade hermenêutica gerada pelos mapas conceituais confirmou as categorias e subcategorias por grupos de significado. Portanto, revelou-se, proporcionalmente as mesmas palavras e recorrências. 41 1.7.3.2 Categorias Nesta dissertação entende-se por categoria a identificação de ideias com significados similares resumidos em uma palavra ou um conceito. Para definir as categorias nesta dissertação, os grupos de significados foram pareados entre palavras recorrentes. Após o pareamento dos grupos de significado chegou-se ao apontamento de quatro grupos “exclusão digital, tecnologia digital, infraestrutura e educação/escola”. Esses grupos tornaram-se as categorias de análise desta dissertação. Essas categorias possuíam palavras que estavam associadas aos seus sentidos. Essas palavras foram definidas como subcategorias. Para que fosse possível desenvolver a discussão teórica sobre o objeto de estudo, definiu-se – tabela 6 - as quatro subcategorias mais recorrentes associadas a cada categoria. Tabela 6 – As categorias e as subcategorias iniciais Exclusão Digital Infraestrutura SubcategoriasRecorrências Subcategorias Recorrências Exclusão digital 5250 Infraestrutura 5519 Inclusão 4580 Sociedade 4951 Exclusão 2922 Governo 2041 Desigualdade 1910 Economia 1979 Tecnologia Digital Educação / Escola Subcategorias Recorrências Subcategorias Recorrências Tecnologia digital 6603 Educação / Escola 3811 Internet 5838 Desenvolvimento 3054 Informação 5020 Conhecimento 2895 Acesso 4979 Aprendizagem 2099 Fonte: Araujo (2016) Com as categorias e subcategorias definidas o próximo passo de análise foi criar palavras-chaves dentro do programa ATLAS.ti para filtrar dentro dos textos as citações referentes as categorias e subcategorias. Elas serviram como palavras-chave para sinalizar nos textos os trechos onde havia alguma discussão significativa sobre os termos categorizados. 42 No ATLAS.ti há uma ferramenta que possibilita a busca das citações a partir da criação de palavras-chaves. A função no ATLAS.ti que gera as palavras-chaves para usá-las na busca das citações é a função “Code / New Code”, que está disponível no menu de opções do programa. Foi utilizada essa função que gerou as 16 palavras- chaves de busca correspondentes as 4 categorias e as 12 subcategorias pré-definidas. Elas: 1- Educação Aprendizagem; 2- Educação Conhecimento; 3- Educação Desenvolvimento; 4- Educação Educação / Escola; 5- Exclusão Digital Exclusão; 6- Exclusão Digital Desigualdade; 7- Exclusão Digital Exclusão Digital; 8- Exclusão Digital Inclusão; 9- Infraestrutura Economia; 10- Infraestrutura Estrutura / Infraestrutura; 11- Infraestrutura Sociedade; 12- Infraestrutura Governo; 13- Tecnologia Acesso; 14- Tecnologia Digital; 15- Tecnologia Informação; 16- Tecnologia Internet. Para que essas palavras-chaves fossem encontradas dentro dos textos foi necessário abrir cada um dos 102 textos e utilizar a função “Code / Auto Coding”. Essa função abre uma pequena tela de opções para que seja inserido a palavra que deseja ser encontrada, dentro da categoria desejada e a extensão do trecho. No caso desta pesquisa definiu-se como trecho a ser sinalizado a opção “parágrafo” para visualizar a citação completa. Após esses preenchimentos o passo seguinte foi clicar na opção “code all”, para que todos os parágrafos que tiverem a palavra selecionada sejam codificados, como mostra a Figura 5 - Busca das citações nos textos: Figura 5 – Busca das citações nos textos Fonte: Araujo (2016) 43 A Figura 5 - mostra as palavras-chaves “Educação Aprendizagem” e o trecho do texto selecionado pela opção “parágrafo”. Após essas seleções foi selecionada a função “code all” e, assim, todas os parágrafos que tinham a palavra selecionada foram codificados como “Educação Aprendizagem”. O programa ATLAS.ti disponibiliza ainda uma ferramenta analítica que cria um relatório com as citações geradas referente as categorias correspondentes as palavras-chaves em cada texto. Para criar os relatórios das categorias inseridas nos textos, acessou no menu principal a função “Quotation / Output / Quotation by codes”. Uma nova e pequena tela abriu-se para filtrar as opções do relatório. As opções definidas nesta pesquisa foram “In document” essa opção elenca o nome do texto da citação apresentada. E a outra opção foi “Contents” que habilita a inserção do trecho completo onde a categoria foi selecionada. Por fim, selecionou-se a função “Export as report” para que o programa exporte os dados e gere no Microsoft Word um relatório com todos trechos encontrados dentro da categoria eleita que podem ser usadas em forma de citações como pode ser verificado na Figura 6 – Relatório de citações por categoria: Figura 6 – Relatório de citações por categoria Fonte: Araujo (2016) 44 Os relatórios foram organizados por categoria, gerando assim, um blocão de cada categoria com os trechos pertinentes as palavras-chaves inseridas nas buscas. Os blocões totalizaram em média 3500 (três mil e quinhentos) páginas de relatório. Com os relatórios das categorias em mãos foi possível a releitura das discussões concernente aos conceitos e significados de cada categoria e subcategoria relevante. Ao tema da dissertação. Ao definir as categorias finais para as discussões e resultados desta dissertação, verificou-se que as quatro categorias e as doze subcategorias pré- definidas possuíam uma aproximação dos significados com sentidos semelhantes. A partir disso, revisitou-se a planilha de contagem de palavras novamente para realizar um novo pareamento por significado das palavras. Após a recontagem, analisou-se que os significados pertinentes ao objeto de estudo poderiam ser representados pela categoria Infraestrutura e Exclusão na categoria Exclusão Digital composta pelas subcategorias: exclusão, digital, tecnologia, internet, informação e inclusão. Enquanto que, a categoria Infraestrutura foi composta pelas subcategorias: educacional, social, governamental e econômica. Conforme Tabela 7 – As categorias e as subcategorias do estudo – ilustram a seguir: Tabela 7 – As categorias e as subcategorias do estudo EXCLUSÃO DIGITAL INFRAESTRUTURA Subcategorias Recorrências Subcategorias Recorrências Exclusão 11275 Educação 36200 Digital 7089 Sociedade 19594 Tecnologia 6603 Governo 8211 Internet 5838 Economia 5868 Informação 5020 Acesso 4979 Inclusão 4580 Exclusão Digital 45384 Infraestrutura 69873 Fonte: Araujo (2016) As categorias emergentes do processo de análise anterior, feitas no software ATLAS.ti, poderão ser exploradas futuramente em outras produções acadêmicas e científicas a serem realizadas por essa mestranda. 45 Nesta dissertação as categorias Exclusão Digital e Infraestrutura delineiam os resultados e as discussões que serão apresentados nos próximos dois capítulos. Em conclusão deste capítulo sobre a metodologia destaca-se que os dados estudados foram obtidos através dos instrumentos de análise de conteúdo: mapa conceitual, do software EndNote e do software ATLAS.ti. Por intermédio dessas opções metodológicas surgiram as categorias e subcategorias foram confirmadas e reconstruídas de forma a assegurar as discussões sobre exclusão digital. Na busca de mais entendimento sobre a metodologia desta dissertação, criou- se o design da pesquisa no Gráfico 3 – Design da Pesquisa. Gráfico 3 - Designer da Pesquisa Fonte: Araujo (2016) Neste gráfico os elementos que o caracterizam foram destacados de forma a ilustrar a metodologia aplicada. O banco de dados gerado por esta pesquisa, incluindo os 2.104 (dois mil cento e quatro) textos catalogados, o banco de dados EndNote com 769 (setecentos e sessenta e nove) textos inseridos, os 102 (cento e dois) mapas conceituais e os relatórios de análise gerados pelo software ATLAS.ti foram disponibilizados na plataforma digital do banco de dados do NetEDU. Para a apresentação dos resultados desta pesquisa definiu-se a elaboração de dois capítulos de discussão serão apresentados os desdobramentos que os textos selecionados são eles, Infraestrutura e Exclusão digital. 46
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