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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do … Juizado Especial Criminal da Comarca de Niterói
Pedro …, brasileiro; engenheiro; (estado civil); RG nº …; inscrito no CPF sob o nº …; residente e domiciliado … Por seu advogado in fine assinado com endereço profissional à … vem respeitosamente a este juízo propor 
ação penal de iniciativa privada
em face de Helena Amanda, brasileira, (profissão), (estado civil), residente à … Com base no artigo 145 do CP e artigo 30 do CPP pelo rito sumaríssimo (lei 9099/95) na forma dos fatos e fundamento a seguir aduzidos.
DOS FATOS
O querelante utiliza as redes sociais na internet para TRABALHO, diversão e outros fins, entre eles combinar a comemoração de seu aniversário. Porém nas vésperas de ocorrer o evento foi surpreendido com postagens de sua vizinha e ex-namorada, ora querelada, com conteúdo injuriante e difamatório, respectivamente, sobre sua pessoa. 
“Não sei o motivo da comemoração, já que Pedro não passa de um idiota, bêbado, porco, irresponsável e sem vergonha.”
“Ele trabalha todo dia embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário de expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo”
Diante de tamanha infâmia não restou condições psicológicas e motivos para comemoração. 
O querelante visualizou tal mensagem difamante na presença de três amigos que servirão de testemunhas de tamanha difamação e constrangimento sofrido pelo querelante.
DOS FUNDAMENTOS
Na forma do artigo 139 do Código Penal a imputação de ofensa a reputação é passível de pena de detenção, porém na forma do artigo 141, III se o fato foi praticado de forma que facilite a visualização de várias pessoas, deste modo deverá ser acrescida 1/3 a pena. Fato é que a querelada não só publicou em meio que facilitava a visualização, mas também a visualização de pessoas que estão ligadas ao querelante por conta de seu trabalho, pessoas que apenas o conhecem pelas redes sociais, familiares, amigos, enfim pessoas com e sem a possibilidade de discernir o que de fato é verdade e o que é difamação. De modo que tal fato foi capaz de abalar até ele mesmo, sabedor de que se tratava de difamação.
O querelante teve seu decoro e sua dignidade ofendida na forma do artigo 140 do Código Penal que comina pena de 1 a 6 meses de detenção, na mesma forma do artigo 139 já citado poderá ser aumentada em um terço na forma do artigo 141, III.
O artigo 5º da Constituição em seu inciso III versa sobre o não tratamento degradante que foi imposto ao querelante. 
Ainda no artigo 5º, mas no inciso X é assegurada a inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas incluindo-se ai o direito a indenização pelo dano material e moral.
A jurisprudência do STF entende que deverá ocorrer a intenção de difamar e injuriar, no caso em tela fica clara a intenção uma vez que a querelada cometeu o ato em rede social, local este que Ninguém tem total domínio das postagens. Basta que uma pessoa republique/compartilhe a mensagem para que muito mais pessoas vejam sem o controle de quem publicou primeiro ou daquele que teve algo imputado na publicação. 
“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ARTS. 140, § 3º, E 141, III, AMBOS DO CP INJÚRIA QUALIFICADA. DOLO ESPECÍFICO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO. PRESENÇA DE ANIMUS INJURIANDI. EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA. IRRELEVÂNCIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. MANUTENÇÃO DO DECISUM A QUO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. STF.
1. Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, para a configuração dos crimes previstos nos arts. 139 e 140, ambos do Código Penal – difamação e injúria - é necessária a presença do elemento subjetivo do tipo, consistente no dolo específico, que é a intenção de ofender a honra alheia.
2. As instâncias ordinárias, soberanas na análise dos fatos e provas, entenderam que as expressões utilizadas pela ré demonstram a presença do animus injuriandi, não havendo falar em ausência de dolo específico.
3. Nos termos do art. 28, II, do Código Penal, é cediço que a embriaguez voluntária ou culposa do agente não exclui a culpabilidade sendo ele responsável pelos seus atos, mesmo que, ao tempo da ação ou da omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Aplica-se a teoria da actio libera in causa, ou seja, considera-se imputável quem se coloca em estado de inconsciência ou de incapacidade de autocontrole de forma dolosa ou culposa, e, nessa situação, comete delito.
4. O pleito de absolvição por ausência de dolo específico importa o reexame de fatos e provas, providência inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
5. A violação de preceitos, dispositivos ou princípios constitucionais revela-se quaestio afeta à competência do Supremo Tribunal Federal, provocado pela via do extraordinário; motivo pelo qual não se pode conhecer do recurso nesse aspecto, em função do disposto no art. 105, III, da Constituição Federal.
6. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada.
7. Agravo regimental improvido.” 
Em outra jurisprudência do STF fica também claro a necessidade de verificar a intenção, o que, como já foi exposto, não deixa dúvidas da intenção da querelada.
PENAL E PROCESSO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA ORIGINÁRIA. ART. 105, I, A, DA CF/1988. QUEIXA-CRIME. CALÚNIA, INJÚRIA E DIFAMAÇÃO. ARTS. 138, 139 E 140, C/C ART. 141, INC. II E III E ART. 61, II E 69, TODOS DO CP. CRÍTICA A DECISÃO DE MAGISTRADO. PRESENÇA DE ELEMENTOS SUFICIENTES PARA FUNDAMENTAR A ACUSAÇÃO. RECEBIMENTO.
1. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, de índole pós-positivista, ao assentar a dignidade humana como um dos valores do Estado de Direito Democrático, influi no ordenamento jurídico como um todo, conduzindo o exegeta a perpassar a tipificação dos delitos por esse cânone pétreo.
2. A honra como bem imaterial é composta da dignidade humana, retratada no hodierno Código Civil como um dos direitos da personalidade.
3. Os crimes contra a honra, a fortiori, devem ser analisados sob o enfoque constitucional da dignidade humana, sendo certo que a praxis tem demonstrado através dos resultados judiciais níveis alarmantes de ineficiência da "ameaça penal", por força de soluções judiciais que desprezam aquele valor fundante da República.
4. Os crimes contra a honra são assim tipificados pelo Código Penal: 
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
....................................................................
...................................
Difamação 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
....................................................................
...................................
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
....................................................................
...................................
5. In casu, à luz do voto do E. Relator extrai-se as seguintes afirmações, feitas pela querelada, em sítio eletrônico jornalístico de ampla difusão; verbis:
"[...] mas o Juiz, exorbitando suas funções, abre uma linha paralela de investigação pró-parte, sob o argumento de interesses comerciais - esse nem o experiente Delegado Amaro vislumbrou."
....................................................................
...................................
"Consta dos autos ter sido afirmado que foi aberta uma linha de investigação pró-parte imputando-lhe, em tese, os crimes de abuso de poder e de prevaricação, quando afirmou que foi concedida vista dos autos sigilosos a quem não figurava como parte, quando ventilou a existência de um esquema para blindar criminosos."
....................................................................
..................................."Mais curioso é constatar, a cada dia que passa, o esquema de blindar e apartar os verdadeiros criminosos e denegrir a imagem dos investigadores. Por onde anda [...]? E cito o nome da pessoa. "Do que ele é mesmo acusado, senhor Juiz?"
6. A utilização de expressões afirmativas e presuntiva de imaturidade judicial pró-parte, divulgação por profissional do direito que, por dever de ofício, conhece a linguagem técnica, exacerba a investida sobre a honra alheia.
7. Deveras, a rejeição da queixa pressupõe a inexistência prima facie da infração à honra. Ao revés, "a calúnia é a falsa imputação à alguém de fato definido como crime. (...) Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formula juízos de valor, exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém". (APn 390/DF, Rel. Ministro Felix Fischer, Corte Especial, julgado em 01/06/2005, DJ 08/08/2005, p. 175)
8. O artigo 516 do Código de Processo Penal dispõe:
"Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação."
9. A doutrina e a jurisprudência do tema assentam que:
"Reiterada jurisprudência desta Corte no sentido de que o recebimento da denúncia ou queixa-crime dispensa fundamentação (art. 516 do CPP)". (RHC 9.038/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 02/12/1999, DJ 14/02/2000, p. 46)
....................................................................
...................................
"Para rejeitar a denúncia ou a queixa, porém, deve fundar-se em prova líquida ou plena. Caso entenda persistirem os elementos suficientes para fundamentar a acusação, quanto à existência de crime e indício da autoria, deve receber a denúncia ou a queixa".
(MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal interpretado.
11. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 1319)
10. Impossibilidade de rejeição liminar da queixa implica, como
conseqüência, o seu recebimento.
11. Queixa-crime recebida. Manutenção da querelada no exercício da função.
Já a Doutrina entende que: 
“De acordo com a doutrina, a consumação dos crimes de calúnia e difamação dá-se quando o fato imputado chega ao conhecimento de terceiro, não bastando, para tanto, que só o ofendido saiba da ofensa que lhe é feita. O mesmo não ocorreria com a injúria, que se consumaria tão logo o fato chegasse ao conhecimento da própria vítima ou de terceiro.
Esse entendimento tem como pressuposto a já assinalada distinção entre honra objetiva e honra subjetiva: a calúnia e a difamação ofenderiam a primeira, logo, dependeriam, para consumarem-se, do conhecimento de terceiro; já a injúria atingiria a segunda e, portanto, bastaria que a própria vítima ou terceiro dela tivesse ciência.
Nesse exato sentido, escreve Hungria: “a calúnia se consuma desde que a falsa imputação é ouvida, lida ou percebida por uma só pessoa que seja, diversa do sujeito passivo”. Aliás, é curioso que mesmo Cezar Roberto Bitencourt, que combate a distinção entre honra objetiva e subjetiva, insista nesse aspecto:
É indispensável que a imputação chegue ao conhecimento de outra pessoa que não o ofendido, pois é a reputação de que o imputado goza na comunidade que deve ser lesada, e essa lesão somente existirá se alguém tomar conhecimento da imputação desonrosa. Com efeito, a reputação de alguém não é atingida e especialmente comprometida por fatos que sejam conhecidos somente por quem se diz ofendido. A opinião pessoal do ofendido, a sua valoração exclusiva, é insuficiente para caracterizar ao crime de difamação, pois, a exemplo da calúnia, não é o aspecto interno da honra que é lesado pelo crime.” 
(Paulo Queiroz)
Paulo Queiroz afirma que a maioria dos doutrinadores entendem dessa forma, mais uma vez mostrando que assiste razão ao autor.
DOS PEDIDOS 
1. Requer a intimação do Ministério Público para análise;
2. Requer a intimação da querelada para comparecimento em audiência preliminar;
3. Na falta de acordo durante a audiência preliminar requer a citação;
4. Requer a condenação da querelada na forma dos artigos 139, 140, 141, III C/C art. 70 todos do Código Penal;
5. Requer a indenização pelos danos morais e materiais sofridos na esfera Cível na forma do art. 63 do CPP;
6. Requer a condenação da querelada em custas e sucumbências.
DAS PROVAS
Requer a notificação das testemunhas abaixo
1. Marcos …, nacionalidade, estado civil, residente à …
2. Miguel …, nacionalidade, estado civil, residente à …
3. Manuel …, nacionalidade, estado civil, residente à …
Nestes termos pede deferimento.
Niterói, 18 de outubro de 2016.
Advogado
OAB

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