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ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS CONCEPTISTA EM CORTE NA ALDEIA

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O CONCEPTISMO EM CORTE NA ALDEIA 
 
Katryne Victória Ribas do NASCIMENTO1 
 
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar o romance de Francisco Rodrigues Lobo, Corte 
na Aldeia e noites de inverno, especificamente o Diálogo VII, baseia-se nas características Barrocas 
conceptistas ou quevedistas, com “a análise dos objetos no encalço de lhes conhecer a essência”2, foca 
principalmente na forma do discurso que eles utilizam para falar sobre seus pontos de vista. A estrutura 
seguirá a ordem de introdução das características estruturais das obras, exposição do enredo geral, local, 
personagens, tempo, análise do diálogo e conclusão. 
PALAVRAS-CHAVE: Corte na Aldeia. Conceptismo. Barroco. 
 
 
 Este trabalho diz respeito a análise do romance português, Corte na aldeia e noites de 
inverno3, do autor Francisco Rodrigues Lobo4. O romance é composto de XVI capítulos 
intitulados Diálogo, que o autor aborda vários temas em cada um, como no Diálogo III, Da 
maneira de escrever, e da diferença das cartas missivas; no Diálogo VI, Da diferença do amor, 
e da cobiça; o Dialogo IX, Da pratica e disposição das palavras, analisaremos o Diálogo VII, 
Dos poderes do ouro e do interesse. 
 O enredo da obra gira em torno de amigos, numa aldeia próxima a cidade principal de 
Luzitânia, “[...] em um inverno que a aldeia estava feita côrte com homens de tanto preço que 
a podiam fazer em qualquer parte[...]”5 e se reúnem todas as noites na casa de Leonardo. O 
primeiro diálogo nos mostra quem são as personagens, os cenários das histórias e nos mostra o 
enredo do romance. As personagens apresentados são Leonardo, dono da casa, “[...] também 
fora em outra edade da casa dos reis [...]”6, responsável por receber outros quatro amigos, o 
Doutor Livio, “[...] que já tivera honrados cargos no governo da justiça na cidade, homem 
prudente, concertado na vida, douto na sua profissão, e lido nas histórias da humanidade [...]”7; 
temos também o fidalgo D. Julio, “[...] um fidalgo mancebo, inclinado no exercicio da caça, e 
 
1 Acadêmica do Curso de Letras – Português e suas respectivas literaturas, na Fundação Universidade Federal de 
Rondônia – UNIR, Campus Vilhena, turma XXIV. Análise apresentada como pré-requisito para obtenção de nota 
parcial na disciplina de Literatura Portuguesa II, ministrada pela Professora Doutora Maria do Socorro Gomes 
Torres Joca. 
2 MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 26. ed. São Paulo: Cultrix, 1986, p. 73. 
3 LOBO, Francisco Rodrigues. Corte na Aldeia e Noites de Inverno. 1890. Biblioteca Nacional de Portugal. 
Disponível em: <http://purl.pt/228/4/>. Acesso em: 10 de abril de 2017. 
4 Segundo Massaud Moisés (1986, p. 96) “nasceu por volta de 1580, em Leiria, cuja beleza natural lhe inspirou 
parte da obra. Talvez cristão-novo, morreu afogado no Tejo, em fins de 1622.”. 
5 LOBO, 1890, p. 7; 
6 Idem, Ibdem, p. 7; 
7 Idem, Ibdem, p. 8; 
muito affeiçoado ás cousas da pátria, em cujas historias estavam bem visto [...]”8; o estudante 
Pindaro, “[...] um estudante de bom engenho, que entre os seus estudos se empregava algumas 
vezes nos da poesia[...]”9; e por fim, o velho Solino, “[...] um velho não muito rico, que tinha 
servido a um dos grandes da côrte, com cujo galardão se deparara n’aquelle logar, homem de 
boa creação, e, além de bem entendido, notavelmente engraçado do que dizia [...]”10. 
 Sobre as personagens percebemos que suas construções levam em conta 
 
[...] configuradas como protótipos, ou seja, elas pensam e agem em 
conformidade com o “tipo social” que encarnam, quando expõem uma 
determinada tese ou doutrina” essas “atitudes e os gestos de delicadeza que as 
personagens usam enquanto dialogam, vão, ao longo da obra, corroborando as 
normas de cortesia proclamadas teoricamente [...]11 
 
Baseado nas características barrocas conceptistas, o barroco é denominado como um 
movimento artístico, tinha como principal característica a tentativa de fundir, as duas forças 
que conduziram o pensamento europeu, século XVI, tentavam conciliar numa síntese utópica a 
visão do mundo, a teocêntrica e antropocêntrica12, o dualismo, o claro e o escuro, matéria e o 
espirito, a luz e a sombra, o apelo do corpo e da alma. Característica dividida em outras duas 
concepções, a gongórica e a conceptista. 
 O modo conceptista, também conhecido por Quevedismo, por fazer alusão ao poeta 
Francisco Quevedo e Villegas (1580-1645), “[...] é o aspecto do Barroco voltado para o jogo 
de ideias, para a argumentação subtil que visa a convencer pelo raciocínio. Configura uma 
atitude mais intelectual, destinada a reconhecer e conceituar os objetos [...]”13, visava a 
utilização da inteligência e razão, lança mão dos recursos figurados de linguagem “[...] evitando 
a aparência brilhante do cultismo, o conceptismo economiza palavras e imagens e opera os 
mecanismos da lógica (silogismos, sofismas) [...]”14. “O conceptismo serve-se da dialética15 e 
 
8 LOBO, 1890, p. 8; 
9 Idem, Ibdem, p. 8; 
10 Idem, Ibdem, p. 8; 
11 SANTOS, Clara Machado dos. Imitação e Retórica em Corte na Aldeia de Francisco Rodrigues Lobo. 2014. 
121 f. Dissertação de Mestrado em Estudos Portugueses – Variante Estudos Literários – s.l.. 
12 Informações parafraseadas de Moisés, 1986, p. 73; 
13 BENZANE, José Domingos. Barroco em Portugal. 2014. 18f. Licenciatura em Ensino de Português com 
Habilitações em Inglês - Universidade Pedagógica de Moçambique. 
14 BENZANE, 2014, p. 11; 
15 A Dialética é o processo em que há um adversário a ser combatido ou uma tese a ser refutada, e que supõe, 
portanto, dois protagonistas ou duas teses em conflito ou da oposição entre dois princípios, dois momentos ou duas 
atividades quaisquer. (DICIONÁRIO DE FILOSOFIA, p. 315-322) 
serve como dialética, na medida que organiza logicamente as ideias com o fito de convencer e 
ensinar [...]”, ainda era utilizada para os “[...] objetivos ecumênicos, evangelizadores e 
pedagógicos daquele movimento clerical [...]”16. 
 O Dialogo VII, Dos poderes do ouro e do interesse, é o sétimo capítulo, portanto, a 
sétima noite de conversa dos amigos na casa de Leonardo, dois personagens novos aparecem 
neste diálogo, o prior de uma cidade próxima a aldeia e Feliciano, personagem surge no Diálogo 
III, ele é amigo de Pindaro, também um estudante. O enredo do capítulo expõe sobre os assuntos 
do ouro, as coisas boas que o ouro pode trazer, mas não somente as coisas boas, como a maioria 
das coisas tem um lado ruim, também é exposto pelos amigos. 
 A partir deste enredo do capítulo, podemos observar como a função pedagógica aparece 
neste diálogo. Os diálogos sempre trazem os exemplos de bons costumes e de bons modelos, 
modos de comportamento da época onde as cortes ainda eram existentes17. Cada dia pelo menos 
dois amigos expõe suas opiniões sobre o assunto escolhido da noite; neste os rapazes escolhidos 
são Pindaro, para falar dos males do ouro e Solino, sobre os bens do ouro. 
 Antes de exporem seus pontos de vista, Leonardo começa a discorrer sobre o consumo 
correto das riquezas materiais, o filho dando conselhos ao pais para “[...] que usasse das 
riquezas como nobre, e favorecesse a velhice de quem o creara, e honrasse aos pequenos irmãos 
[...] benigno aos pobres e se não cativasse ao trabalho de entesourar riquezas sem fruto.”18. A 
seguir o prior comenta que “A história por maravilhosa [...] muito bem o pae de cumprir em ida 
o testamento do filho [...]”19 e Feliciano diz que “[...]para ninguém o avarento é bom: e para si 
peor que para todos [...]”20 e continuando sua falando contando a história de Midas21. 
 Pindaro começou a discursar sobre os males trazidos pelo ouro às pessoas “[...] eposto 
que notáveis exemplos das destruições e ruinas que n’elle fez, podiam tomar mais tempo do 
que agora tenho para tratar d’elle [...]”22. Iniciou seus argumentos pelo seu nascimento, 
utilizando dos sentimentos, das metáforas para expressar-se, “[...] nasce das entranhas dos 
montes, e nas arterias accultas dos penedos; subindo como arvore da profunda raiz, d’onde 
começa, vae espalhando os ramos em desegual medida, convertendo o sol com seus poderes 
 
16 MOISÉS, 1986, p. 74. 
17 Francisco Rodrigues Lobo explica que Lisboa não oferecia mais atrativos para fidalgos e cortesãos 
permanecerem na cidade após a Corte dos Sereníssimos Reis ter chegado ao fim. (PAIVA, 2015). 
18 LOBO, 1890, p. 96. 
19 LOBO, 1890, p. 98. 
20 IDEM, IBDEM, p. 98. 
21 Conforme conhecimento prévio, a lenda conta que o rei Midas pediu para tudo que tocasse se transformasse em 
ouro, mas com tempo se arrependeu de ter seu pedido atendido então percebeu que não queria mais aquilo que 
havia pedido, porque logo viu que não era uma benção e sim uma maldição que o acompanhava. 
22 LOBO, 1890, p. 99. 
aquella matéria [...]”23. Ele exemplifica que antes era somente um sistema de trocas e “[...] fez 
em si estanque de todos os comércios do mundo [...]”24. Passando agora para quando os homens 
descobrindo cada vez mais o valor do ouro, começou a matar e utilizar como moeda de troca 
para liberdade e “[...] se levantando contra o céo, fazendo guerra de rosto a rosto a todas as 
virtudes: tirou logo a vara das mãos á justiça [...]”25. Pindaro vai colocando os grandes 
personagens da história, que exemplifica muito bem esses males do ouro, como Cômodo26; Tito 
Vespaziano27, depois de cercar Jerusalém “[...] os moradores, que opprimidos da fome sahiam 
da cidade com licença sua, enguliam primeiro uma pequena moeda de ouro para que na 
passagem o pudessem salvar dos inimigos [...]”28, mas como não aguentavam esperar a saída 
natural partiam-lhes ao meio; Ulysses que “[...] elle vendeu a Priamo o corpo de Heitor Troyano 
[...]”29; coloca ainda que os pecados capitais são todos sustentado pelo poder do ouro, “[...] as 
baixellas de Midas, as grandezas de Cresso, os escravos de Claudio, o theatro de Nero, as casas 
de Clodio, e todos os mais excessos da vangloria d'elle nasceram.”30; “[...] a sensualidade com 
o ouro se cria, pois a força d'elle corrompe a pudicícia [...]”31. Caminhando para o final de sua 
exposição, diz que o ouro é “um veneno mortifero para a vida humana”32 e cita um provérbio 
grego “O de que serve ao ouro a pedra de toque, serve o ouro ao homem”. 
 No discurso de Pindaro podemos observar o seu poder de argumentação, citando 
exemplos de grandes personagens servindo para enfatizar o discurso de forma que não possa 
ser contrariado, utiliza palavras que possam tocar sentimentalmente aquele que ouve o discurso, 
utilizando a retórica que “tem em vista a criação e a elaboração de discursos com fins 
persuasivos”33. Observando ainda que todos elogiaram seu desempenho, sobre o discurso o 
prior disse que “a gabou de bem ordenada, e elegante”34. 
 
23 Idem, Ibdem, p. 99. 
24 Idem, Ibdem, p. 100. 
25 Idem, Ibdem, p. 100. 
26 Lúcio Aurélio Cômodo, imperador romano aos 19 anos de idade, no ano de 180, apesar da esmerada educação 
que seu pai, o rei-filósofo Marco Aurélio lhe proporcionou, tornou-se uma figura das mais representativas da 
perversão que o poder absoluto provoca nos homens. Cômodo deliciava-se com as lutas de gladiadores, sendo ele 
mesmo um praticante nesta arte de matar. Morreu em 192, fruto de uma conspiração palaciana, depois de um 
reinado de treze anos de terror e vergonha. (TERRA NETWORKS, s.d) 
27 Tito Flávio Vespasiano Augusto, filho mais velho de Vespasiano foi imperador romano entre os anos de 79 e 
81. Foi Tito quem conquistou Jerusalém. (BRITO, 2012) 
28 LOBO, 1890, p. 100. 
29 Idem, Ibdem, p. 101. 
30 Idem, Ibdem, p. 101. 
31 Idem, Ibdem, p. 102. 
32 LOBO, 1890, p. 103. 
33 ARISTÓTELES. Retórica. 2. ed. Lisboa: Imprensa nacional-casa da moeda, 2005, p. 23. 
34 LOBO, 1890, p. 103. 
 Solino inicia seu discurso, sobre o ouro, falando o mesmo que Pindaro havia falado 
sobre o seu nascimento, depois sobre como os mais nobres o utilizava para adornar seus objetos, 
como na igreja era utilizado para adornar os instrumentos eucarísticos. “Assim que sem 
prejudicar seus louvores o mal que usam d’elle os avarentos, lhe podiamos com razão chamar 
formosura do mundo; ornato, e guarnição de todas as virtudes. A humildade carregada de ouro 
se inclina mais, e é mais formosa [...]”35, como para personagens históricos, iniciando com 
Primislau primeiro rei de Bohemia36; citou a Rainha Santa Izabel37, D. Fernando38; D. Sancha39, 
D. Branca40 e D. Nuno Alvares Preira41, que eram exemplos da humildade, reis que edificaram 
riquíssimas igrejas, deram dinheiro aos pobres, rei D. Manoel que fez elevar-se o nome 
português, honrando-o; “[...] a caridade, subida sobre columnas de ouro, se levanta sobre as 
estrellas; e ainda nos que sem lume da Fé a conheceram, com o poder do ouro a sustentaram 
[...]” assim como Cimon Atheniense42, que abria os portões para que os mais necessitados 
pudessem colher frutos e caso algum precisasse de roupas, mandava dar-lhes, “[...] de maneira 
que, se os avarentos, que usam mal do ouro e das riquezas, guerream com elle contra as virtudes, 
nenhuma cousa ha que tanto como elle as engrandeça e alevante. E se os cubiçosos na sua 
conquista perdem tantas vidas, muitas mais se compram, e resgatam a preço d'elle [...]”43. 
Encerrou seu discurso dizendo que “ podem os ricos subir ao céo por escadas de ouro, [...], 
pondo as balas e settas d'este metal nas mãos da caridade. E de elle se subir em tanta altura 
 
35 Idem, Ibdem, p. 104. 
36 Citado por Lobo, mas em pesquisa nada fora encontrado sobre Primislau, somente do Reino da Bohemia. 
37 A vida terrena de Isabel permanecerá eternamente ligada à acção virtuosa de “praticar o bem sem olhar a quem”. 
A sua memória é perpetuada pelas esmolas, oferendas, cuidados, curas e milagres, com que enchia as mãos e os 
corações de homens, mulheres e crianças pobres, enjeitados, famintos, leprosos, doentes, cegos. Paralelamente, 
com as suas preces e diplomacia, espalha a concórdia e a paz, ora entre o marido e o filho, ora entre este e o neto, 
ora entre reinos e outros parentes. (SANTOS, s.a.). 
38 Foi rei da Primeira Dinastia e o 9º Rei de Portugal, filho de Pedro I, rei de Portugal e de Constança Manuel, 
rainha de Portugal, nasceu em Coimbra a 31 de outubro de 1345 e morreu em Lisboa a 22 de outubro de 1383. 
(HISTÓRIA DR PORTUGAL, s.d.) 
39 Assim que toma posse da Vila de Alenquer que seu Pai lhe legou, funda aí dois conventos – um Dominicano e 
outro Franciscano- revelando a sua devoção e especial protecção pelas ordens mendicantes. Manda também 
edificar a primitiva. Igreja do Redondo. Em Celas que D. Sancha toma o hábito e vive uma vida de austeridade e 
oração até à morte a 13 de março de 1229. (PORTUGAL WEB, 2011). 
40 Muito conhecida entre o povo em Lisboa e arredores, ficou famosa pela alcunha que lhe foi dada pela 
comunicação social, nomeadamente pelos jornais: a "banqueira do povo". Esta alcunha tinha origem nos negócios 
relacionados, ou paralelos, com a atividade bancária que D. Branca alimentava desde havia muitos anos. (PORTO, 
2003-2017) 
41 Nuno Álvares Pereiranasceu em Portugal a 24 de junho de 1360, amor pela eucaristia e pela Virgem Maria são 
a trave-mestra da sua vida interior. Assíduo à oração mariana, jejuava em honra da Virgem Maria às quartas-feiras, 
às sextas, aos sábados e nas vigílias das suas festas. Quando finalmente se alcançou a paz, distribuigrande parte 
dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acabo por se desfazer totalmente daqueles em 
1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa 
Maria. (VATICAN. s.a.) 
42 General e político grego nascido em Atenas, vencedor dos persas e líder do partido aristocrático ateniense que 
promoveu um dos mais esplendorosos momentos da Atenas clássica. (FERNANDES, s.a.). 
43 LOBO, 1691, p. 107. 
nasce ficar de mim tão longe, como está de ser digno de seus louvores meu humilde talento, 
que, se fôra de tão illustre metal, tudo alcançara [...]”44. Pudemos ver que Solino utiliza muito 
das questões religiosas no decorrer do discurso, como os paramentos de ouro, as Santas que 
fizeram bondades, o ainda os Céus. 
 O poder do discurso foi tão bom que Leonardo elogiou dizendo que “[...] arecestes-me 
esta noite mais orador insigne, que murmurador galante. Folgo que, errando eu a eleição, 
acertasseis vós tambem os louvores [...]”45. Como observado no discurso de Solino, homem 
mais experiente, os bens do ouro também estão na história, já que muitos reis fizeram bom uso 
deles, entretanto, podemos observar que ele disse sobre o uso dele, já Pindaro mostro o ouro, a 
busca por ele e não somente seu mal-uso. 
Pediram todos que o prior falasse do interesseiro, como já era tarde fez apenas uma 
breve exposição do que achava e dizendo sobre eles que “[...] sendo elles taes, e o ouro o 
principal interesse de todos, mui bem lhe cabem com os males, que Pindaro d'elle disse, os 
louvores com que Solino o celebrou fazendo a differença sómente no uso d'elle [...]”46 , pois 
todos tiveram destinos não tão bons, apesar de toda bondade, como Heliogábalo e Sardanápalo 
que tinha a luxuria, Nero, era cruel, Cómmodo e Vitelio, a gula; por isso Polycrates morreu na 
forca, Cresso, na fogueira, Crasso foi degolado, Heliogábalo arrastrado, “[...] e outros ricos 
também tiveram fins semelhantes; não teve a culpa o ouro, senão a má avareza de quem o 
possuia, ou a cubiçosa sede do que o desejava [...]”47. Encerrando a noite D. Julio foi o primeiro 
a levantar-se e dizendo “[...] se a opinião dos cubiçosos deu preço ao ouro e pedraria, á 
conversação dos sabios o não pode tirar a mesma ventura [...]”, despediu-se de todos. 
Considerando todos os aspectos observados no Diálogo VII é possível concluir que a 
partir dos discursos utilizados pelas personagens acerca do valor do ouro para a sociedade e sua 
implicação no uso em favor ou desfavor do semelhante pode-se observar que suas 
argumentações lançam mão de alegorias concretas do cotidiano para defesa de seus pontos de 
vista, o que, de certa forma, em ambos os sentidos demonstram que o leitor pode ser levado a 
se comprometer com ambos os posicionamentos. O Conceptismo, neste caso, serve bem ao 
propósito da obra, já que, como característica do Barroco, enfatiza bem a persuasão e 
argumentação como caráter pedagógico. 
 
44 LOBO, 1691, p. 108. 
45 IDEM, IBDEM, p. 108. 
46 IDEM, IBDEM, p. 109. 
47 IDEM, IBDEM, p. 109. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007. 
BENZANE, José Domingos. Barroco em Portugal. 2014. 18f. Licenciatura em 
Ensino de Português com Habilitações em Inglês - Universidade Pedagógica de Moçambique. 
BRITO, Carla. Imperador Tito Flavio Vespasiano. 2012. Disponível em: 
<http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2012/12/imperador-tito-flavio-vespasiano.html>. 
Acesso em: 28 de junho de 2017. 
CABRAL, João Francisco Pereira. "Lógica de Aristóteles ". Brasil Escola. 
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/logica-aristoteles.html> . Acesso em 
28 de junho de 2017. 
DICIONÁRIO ENCICLOPÉDIDO ILUSTRADO LAROUSSE. – São Paulo: 
Larousse do Brasil, 2007. 
Dona Branca in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-
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FERNANDES, Carlos. Címon de Atenas. s.a.. Disponível em: 
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História de Portugal. Don Fernando o formoso. s.a.. Disponível em: 
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LOBO, Francisco Rodrigues. Corte na Aldeia e Noites de Inverno. 1890. Biblioteca 
Nacional de Portugal. Disponível em: <http://purl.pt/228/4/>. Acesso em: 10 de abril de 
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MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 26. ed. São Paulo: Cultrix, 1986, p. 73. 
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2015, Florianópolis. Anais eletrônicos.... Florianópolis: SNH, 2015. Disponível em: 
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