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Petição inicial concessionária de serviços públicos. energia elétrica

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EXMOº. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA    VARA CÍVEL DA COMARCA DE _______.(Conforme art. 319, I, NCPC e organização judiciária da UF)
 
 
 
 
 
 
 
NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade, estado civil (ou a existência de união estável), profissão, portador da carteira de identidade nº xxxx, inscrita no CPF/MF sob o nº xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu advogado abaixo subscrito, conforme procuração anexa (doc. 01), com endereço profissional (completo), para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo Civil, com fulcro nos arts. úteis do mesmo Código, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, ajuizar a presente:
 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR,  COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA - nos termos do Art. 300 do NCPC
  
contra a __________________________, na pessoa de seu representante legal, estabelecida na _________________,  endereço eletrônico, mediante os fatos e fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor para, ao final, requerer:
DA SITUAÇÃO FÁTICA:
 
A Requerente, pessoa jurídica, é locatária do imóvel, localizado na Rua Padre Lemos, nº 3954, Casa Amarela, CEP 52070-200, Recife-PE., que se instalou passando a funcionar a partir de outubro 2014, através de um pequeno comercio de carnes, frios e derivados, para atender o público daquela redondeza.
 
De todo certo, por se tratar de Empresa idônea que sempre honrou, e honra, com seus pagamentos com a Requerida, pois que é serviço essencial ao desenvolvimento regular de suas atividades comerciais.
 
Para surpresa da Requerente, em 18/08/2015, um funcionário da Requerida, esteve no estabelecimento da Requerente e absurdamente, de forma arbitral, Cortou o Fornecimento de Energia do estabelecimento.
 
Ocorre que de imediato a Requerente se deslocou ao endereço da CELPE para tomar satisfação e requerer a religação, uma vez que não devia nada a Requerida, o que foi inútil, pois a orientação dada foi que ela procurasse seus direitos, a Requerida com seu poder imperialista, desconsiderou todas as argumentações da Requerente, alegando, tacitamente, que a mesma era Fraudadora, ou melhor Devedora de energia elétrica. UM ABSURDO!!! 
 
O funcionário da CELPE alegou que existia 1 (uma) conta em atraso do mês de dezembro de 2013 no valor de R$ 26.068,33, conforme anexo, a Requerente informou a funcionaria da CELPE que nunca tinha havido nenhuma cobrança de tal valor, conforme contas anteriores anexas, sem nenhum registro e que realmente são da Requerente, e devidamente pagas no vencimento, assim mesmo ouve o Corte indevido e absurdo levando o estabelecimento a passar vergonha perante todos os clientes presentes na hora de tal agressão.
 
Ocorre Exa. Que este valor de R$ 26.068,33 cobrado em relação à conta do mês de dezembro de 2013 é totalmente indevido uma vez que não existiu esse consumo pela Requerente, conforme contrato de locação a empresa autora so passou a funcionar na localidade em outubro de 2014, e todas as contas encontram-se devidamente pagas, conforme anexo, e PASMEM!!!ao se dirigir a ao posto da CELPE para obter explicações referente a essa cobrança absurda, a Requerente, ainda recebeu a explicação de que poderia ter havido uma inspeção anterior a locação do imóvel pela Requerente e que constataram um desvio de energia.
 
Ora Exa. que ABSURDO como a CELPE pode aleatoriamente impor sansão através de corte abrupto da energia de um estabelecimento que trabalha com 100% de alimentos perecíveis e de forma irresponsável e unilateral sem nenhum conhecimento da Requerente agi com seu poder de império, não levando em conta o prejuízo moral e material irreparável imputado a empresa autora.
Não se pode aceitar tamanho absurdo, tamanha imposição, e para isto, é preciso uma medida urgente, no sentido de restabelecer o fornecimento de energia elétrica, nas instalações da Requerida através da presente ação com pedido liminar.
 
Voltamos a salientar que em seu estabelecimento a Requerida tem uma grande quantidade de mercadoria perecível, e que se não houver o restabelecimento do fornecimento da energia, indevidamente cortada, irá ter perda total, acarretando assim um prejuízo imensurável para Requerida.  Ademais, o contrato que foi suspenso de fornecimento de energia não tem se quer uma conta em atraso.
 
Com referência a ação da ré, cumpre registrar que, em momento algum, a diligência operada por seus prepostos no imóvel do autor foi pré-comunicada, nem tampouco houve alguma vistoria acompanhada pela Empresa Autora ou por pessoa por este designado para representá-lo, conforme determina a legislação reguladora da matéria, ocorrendo imposição unilateralmente pela ré, o que acaba por comprometer, de maneira indiscutível, a ação fiscalizatória perpetrada pela mesma, porquanto não se configura isenta.
 
A lei é expressa e não comporta interpretação extensiva, razão pela qual se torna nula a cobrança de uma suposta multa aplicada. Imperioso registrar, que a multa teve seu vencimento em data de 27.12.2013, e não deve a Empresa Autora ser compelida a pagá-la, vez que nula, porquanto o modus operandi da ré não respeito os ditames legais, nem tampouco observou os parâmetros permitidos.
 
O que deveria ter sido feito, para exato cumprimento da lei, seria o acompanhamento da vistoria pelo autor ou por pessoa por ele designado, e uma perícia no medidor de consumo de energia, com o apontamento, por parte do autor, de auxiliar técnico que acompanhasse todo o desenrolar da perícia, e não se aplicar sanção de forma unilateral e sem a menor chance de defesa para o consumidor, além do que tal vistoria deveria ter sido feita por pessoa isenta, não nas oficinas da ré que tem interesse em que a mesma lhe favoreça.
 
Ocorre, porém, que mesmo o autor da demanda não concordando com a sanção sofrida, porquanto afirma textualmente que não cometeu nenhuma irregularidade no medidor do consumo de energia elétrica, além do que não foi cumprida pela ré as formalidades legais exigidas, o que culmina por, conforme antes mencionado, tornar nula a  prefalada sanção, afirma que tal multa já se encontra vencida , e, o fato de não ter sido adimplida até a presente data, certamente  acarretará  a interrupção no fornecimento de energia elétrica do imóvel em referência, o que, certamente, lhe trará prejuízos de difícil ou até mesmo de impossível reparação, já que energia elétrica é bem de primeiríssima necessidade, e da qual qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, não pode prescindir nos dias  atuais, razão esta que torna urgente a manutenção do fornecimento de energia elétrica no imóvel do autor.
Para fazer valer seu direito, enquanto consumidor, o autor se vale, além das disposições contidas na Resolução 414/2010 d da ANEEL,  e ainda da  Súmula de nº 013, do C. Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que dispõe expressamente:
 
Súmula 013. “é abusiva a suspensão do fornecimento de energia elétrica, quando motivada pelo inadimplemento de débito unilateralmente arbitrado pela concessionária, pelo critério de estimativa de carga, após a constatação de suspeita de fraude”.
 
É fato incontestável que a ré agiu ao arrepio da lei, porquanto aplicou sanção pecuniária de forma unilateral ao autor, sem ao menos este ter a chance de ser comunicado da vistoria, e tampouco acompanhá-la, e sem ainda ter sido realizada qualquer perícia no equipamento de medição que respaldasse as atitudes da ré, razão esta que motivou a propositura da presente ação, com vistas a buscar a guarida do poder judiciário contra as arbitrariedades perpetradas pela CELPE, ré no presente feito.
 
Mesmo que houvesse se operado uma perícia pela ré, o que se admite apenas para argumentar e por amor ao debate, tal perícia, conforme antes salientado, deveria ter sido acompanhada pelo autor, com direito a acompanhamento de assistente técnico pelo mesmo autor designado, além de que deveria a ré, constatada a irregularidade e, na presença do autor, retirar o medidor de consumo deenergia, colocá-lo em local que pudesse ser lacrado, para, posteriormente, ser encaminhado para um perito isento, ou seja, sem comprometimento algum com o réu, para que dessa forma, pudesse efetivamente haver isenção de ânimo na inspeção e consequente perícia. O fato de chegar pessoal terceirizado da ré, adentrar no imóvel do autor sem pré-avisar, conforme determina a legislação vigente, promover inspeção sem o consequente acompanhamento – sendo ainda imperioso registrar que mesmo que houvesse esse acompanhamento por parte do autor de nada valeria, na medida em que o mesmo não tem qualquer conhecimento técnico específico – de nada poderia valer essa inspeção na medida em que o pessoal terceirizado da ré não tem isenção de ânimo. É fato que tal inspeção não pode ter a legitimidade que a ré pretende.
 
O caso é tão mais sério do que este que se apresenta,  que a ré, CELPE, é demandada pelo Ministério Público do Estado de Pernambuco em ação judicial, porquanto as medições dos contadores de energia elétrica não refletem  a realidade do consumo, além do que a CELPE utilizou, indevidamente, as siglas  do Instituto de Pesos e Medidas do Estado de Pernambuco – IPEM, como também do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro , conforme documentação acostada.
 
É fato Douto Magistrado, que uma empresa que tem por hábito fraudar siglas de órgãos que visam promover o controle de pesos, medidas, metrologia e normatização de serviços a nível nacional, não pode pretender que uma mera inspeção realizada por seu pessoal seja tomada como verdade absoluta e tenha o poder de, sem ser dado o sacro santo direito de defesa aos consumidores, impingir-lhes multas absurdas.
 
De igual sorte, invoca o autor o Código de Defesa do Consumidor, que protege o consumidor, na medida em que determina, de forma expressa: “ os órgão públicos, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”.
 
Neste caso, além de não fornecer o serviço de forma adequada, o que é fato notório, pretende a ré, CELPE, sem qualquer base legal e sem o mínimo direito de defesa, cobrar do autor uma sanção pecuniária que não tem amparo legal.
 
É fato incontestável ser a energia elétrica bem essencial, e de ser imprescindível o uso deste mesmo bem de forma contínua e ininterrupta, o que faz com que reste demonstrada a urgência que a presente medida impõe, bem como a satisfação liminar de seu pedido.
 
 
DO DIREITO
O caso em análise deverá ser analisado à luz do Código de Defesa do Consumidor uma vez que presentes os seus pressupostos de aplicabilidade, quais sejam a relação de consumo entre a Demandante, destinatário final do serviço, e o Demandado, que presta serviços de Fornecimento de Energia Elétrica.
 
Sobre as relações de consumo acima explanadas apresentam-se os ensinamentos do Dr. Sérgio Cavalieri, por demais oportunos:
 
“Podemos, então, sintetizar o que até aqui afirmamos dizendo que se aplica o CDC sempre que estivermos em face de uma relação de consumo, qualquer que seja a área do direito, aonde ela vier a ocorrer. E relação de consumo é relação jurídica contratual ou extracontratual, que tem numa ponta o fornecedor de produtos e serviços e na outra o consumidor; é aquela realizada entre consumidor e fornecedor e o consumidor tendo por objeto a circulação de produtos e serviços. Havendo circulação de produtos e serviços entre consumidor e fornecedor, teremos relação de consumo regulada pelo CDC” (Sérgio Cavalieri Filho. Programa de Responsabilidade Civil. 2ª edição, 2000. Malheiros Editores. Pg 361).
 
Desta forma, requer desde já o Demandante a incidência das normas de proteção ao consumidor, objetivando a reparação dos Danos Patrimoniais e Morais experimentados, com a facilitação da defesa de seus direitos na via processual.
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
 
O CDC adotou a Teoria da Responsabilidade Objetiva, incorporada à Teoria do Risco do Negócio. Para o Código, a responsabilidade com apuração da culpa já não era suficiente para salvaguardar os direitos dos consumidores no mercado.
 
Art. 14. § 4º Código de Defesa do Consumidor
 
Art. 14.
O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos a prestação de serviços, bem como por informações, insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 
A Autora deve ser reparada nos danos que sofreu, conforme a melhor jurisprudência para o caso:
 
Tipo do Processo:  Apelação Cível 
N.º do Processo:  87427-3 
Comarca:  Garanhuns
Relator:  Eduardo Augusto Paura Peres
Relator Acórdão:  Eduardo Augusto Paura Peres
Revisor: 
Órgão Julgador:  Terceira Câmara Cível
Data Julgamento:  11/2/2003
Publicação:  N.º DJ: 94 Data da Publicação: 21/5/2003
 
Ementa:
CIVIL E CONSUMIDOR - CORTE INDEVIDO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA - PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS - AUSÊNCIA DE PROVAS QUE CARACTERIZEM A CONDUTA ILÍCITA DO CONSUMIDOR - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - OFERECIMENTO DE PROPOSTA DE ACORDO NA AUDIÊNCIA É INDICATIVO DE CULPA - ATO ABUSIVO - OCORRÊNCIA DO DANO MORAL - APELO IMPROVIDO - DECISÃO UNÂNIME. 1. Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, não pode a concessionária de energia elétrica interromper o fornecimento, sem motivo plausível. 2. Havendo a inversão do ônus da prova, cabe ao fornecedor provar que o consumidor estava em situação irregular. 3. Apesar de alegar que não agiu ilicitamente, a Apelante na audiência de conciliação propôs um acordo, o que é contraditório, levando a presunção de culpa da mesma. 4. Não havendo prova pericial que indique a ocorrência de ilícito por parte do consumidor, o ato do corte de energia é abusivo. Ocorrência de dano moral.
 
 
Decisão: 
Unanimemente, negou-se provimento ao recurso. 
 
Tipo do Processo: Agravo de Instrumento 
N.º do Processo: 76565-1
Comarca:  Recife
Relator:  Santiago Reis
Relator Acórdão: Santiago Reis
Revisor: Órgão Julgador:   Segunda Câmara Cível
Data Julgamento:  26/2/2003 14:00:00
Publicação:  N.º DJ: 97 Data da Publicação: 24/5/2003
 
Ementa:  
AÇÃO LIMINAR - MEDIDA LIMINAR - CORTE DE ENERGIA -       IMPOSSIBILIDADE POR SE TRATAR DE RELAÇÃO DE CONSUMO - FATO ALEGADO DEPENDENTE DE APURAÇÃO E COMPROVAÇÃO -  DESPACHO CONFIRMADO - Em se tratando de corte de energia elétrica, com base em alegação unilateral do fornecedor, não havendo prova do fato, resta impossibilitada a concessão de amparo ao pleito de reforma de despacho que determinou a restauração no fornecimento. Agravo de instrumento impróvido. Decisão sem discrepância de votos.
 
Decisão:
À unanimidade de votos, negou-se provimento ao agravo de instrumento
 
Tipo do Processo:  Apelação Cível 
N.º do Processo:  81724-3 
Comarca:  Gravatá
Relator:  Jovaldo Nunes Gomes
Relator Acórdão:  Jovaldo Nunes Gomes
Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível
Data Julgamento:  3/12/2002
Publicação: N.º DJ: 100 Data da Publicação: 29/5/2003
 
Ementa:
Apelação Cível - Danos Morais - Corte no fornecimento de energia elétrica - Indevido - Reconhecimento da culpa e responsabilidade pelos danos causados - Indenização incompatível com o padrão de vida e níveis social dos prejudicados e as possibilidades financeiras do responsável pelos danos causados - Elevação do quantum fixado. 1 - Corte indevido no fornecimento de energia elétrica, quando os consumidores se encontravam em dia com o pagamento do consumo de energia, que causou constrangimentos e resultou na perda de gêneros alimentícios. 2 - Deve o valor da indenização  pelos danos morais causados aos consumidores ser fixado em valor compatível com os padrões de vida e os níveis sociais dos prejudicados, bem como as possibilidades financeiras do responsável pelos danos causados.3 - Apelo provido, à unanimidade, para elevar o quantum individual da indenização para o valor correspondentea 100 (cem) salários mínimos.
 
Decisão:
Unanimemente, deu-se provimento ao apelo, para elevar o quantum individual da indenização para o valor correspondente a 100 (cem) salários mínimos, nos termos do voto do Relator. 
 
DANOS MORAIS
Quanto aos Danos Morais, estes são lesões sofridas no patrimônio ideal, entendendo-se-o, em contraposição ao patrimônio material, como o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico.
 
Ele existe in reipsa, ou seja, deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo de modo que provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano à guisa de uma presunção natural, que decorre das regras da experiência comum.
 
No caso concreto, o Dano Moral decorre do prejuízo à imagem da Demandante que passou para a categoria dos devedores com o corte abrupto de fornecimento da energia elétrica de seu estabelecimento, na frente de diversos clientes, além do desgaste emocional vivido na tentativa de reparar os danos Processuais, seja extrajudicialmente, seja judicialmente.
 
No ordenamento positivo brasileiro a Constituição de 1988 (em seu art. 5º, incisos V e X) garante a indenização por dano moral e, no inciso XXXII do mesmo art. 5º, é expressa que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Ademais, extrai-se da Lei Fundamental que a mencionada defesa do consumidor é um dos princípios da própria ordem econômica (art. 170, V).
 
Para ilustrar e fortalecer ainda mais o pedido, o Autor traz à colação, os seguintes entendimentos legais atinentes à matéria em discussão:
 
 
CÓDIGO CIVIL:
 
“Art.159 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 
“Art. 5 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”:
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
 
DA FINALIDADE DA REPARAÇÃO E DO VALOR DA CONDENAÇÃO
A doutrina aponta duas forças convergentes na idéia da reparação do Dano Moral: uma de caráter punitivo (castigo ao ofensor) e outra compensatória (compensação como contrapartida do mal sofrido).
 
Esta dupla finalidade compensatória e punitiva constitui o meio que o Estado tem de alcançar a restauração da ordem rompida com a prática da lesão moral.
 
 
            Sobre o tema assim se pronuncia a Jurisprudência:
 
 
“Indenização. Danos Morais. Na fixação do montante reparatório devem ser considerados os fatores sócio-econômicos e a função punitiva da indenização. Embargos providos parcialmente. Vencidos os Desembargadores Relator e Wilson Marques quanto aos honorários advocatícios. (Tribunal de Justiça RJ IV Grupo de Câmaras Cíveis Embargos Infringentes na Apelação nº 48/96. Decisão em 24.04.96. Relator Desembargador Marden Gomes. Fonte: TJ. RJ. Reg. em 05.06.96, fls. 1935)”.
 
 
D O  P E D I D O   D E  TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA
                                     
Dispõe o artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, que o juiz pode, liminarmente, antecipar os efeitos da tutela perseguida, desde que haja elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
No caso em tela, é indiscutível o direito do autor em ter seu fornecimento de energia elétrica mantido, porquanto a Resolução da ANEEL; o Código de Defesa do Consumidor; como ainda a Súmula 013, do TJPE, consagra tal direito.
 
Através da Súmula 013, já se manifestou expressamente o Colendo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, da impossibilidade do concessionário de energia elétrica interromper o fornecimento de energia em função da cobrança de valores decorrentes de sanções unilateralmente aplicadas e não adimplidas pelo consumidor, por força de supostas fraudes.
 
Acreditamos,  data vênia, estar presente neste caso o fumus bônus iuris não só baseado na Súmula em questão, mais também por força das Resoluções da ANEEL, e do Código de Defesa do Consumidor.
 
A Súmula 013, do Colendo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco é expressa e não comporta maiores digressões, sendo que pedimos vênia a V.Excia para uma vez mais reproduzi-la, in verbis:
 
 Súmula 013. “é abusiva a suspensão do fornecimento de energia elétrica, quando motivada pelo inadimplemento de débito unilateralmente arbitrado pela concessionária, pelo critério de estimativa de carga, após a constatação de suspeita de fraude”.
 
Resta ainda demonstrado o perigo de dano, na medida em que certamente será cortada a energia elétrica do imóvel do autor, haja vista até a presente data não ter sido adimplida a sanção pecuniária ilegalmente aplicada, por não ser devida, urge registrar, sendo fato que tal interrupção causará graves prejuízos para o autor, posto que não pode o mesmo prescindir de energia para viver e ainda manter funcionando seu pequeno comércio.
 
A legislação resguarda o direito do autor em não ter interrompida a energia, conforme antes invocado, sendo  ainda certo que  a sua não manutenção causará graves e inevitáveis prejuízos ao autor.
 
Presentes, os pressupostos necessários para a concessão da LIMINAR,, requer a Empresa Autora se digne V.Excia. em conceder LIMINARMENTE o direito do autor em ter sua energia elétrica religada de imediato, obrigando-se, sob  pena de multa diária não menor a R$ 3.000,00 do imóvel sito à Rua Padre Lemos, nº 3954, Casa Amarela, CEP 52070-200, Recife-PE CONTRATO DE FORNECIMENTO nº 7012228273, por ser de direito e justiça, mantendo-se a liminar concedida até final julgamento da lide.
 
Com relação a cobrança da multa unilateral aplicada pela CELPE, é imprescindível registrar, que a mesma não pode ser mantida, na medida em que, de forma unilateral e sem qualquer acompanhamento do autor ou de pessoa de sua confiança por ele autorizada, foi realizado vistoria no seu imóvel, e sem nenhuma prova cabal de que foi constatada irregularidades no medidor de energia elétrica, foi-lhe aplicado sanção pecuniária que montou em valores bastante significativos, além do que não foi realizada nenhuma inspeção isente  ou mesmo perícia no medidor de energia elétrica para que restasse inequivocamente provado que havia irregularidades  no equipamento que pudesse vir a motivar e a respaldar a sanção pecuniária aplicada ao autor. Insistimos que apenas prepostos da ré, sem nenhum acompanhamento de pessoas do autor, atestaram as supostas irregularidades, o que não pode prevalecer, haja vista a total falta de isenção na inspeção realizada.
 
 
DOS PEDIDOS
a) Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO, conforme previsto no art. 334 do NCPC;
b) A concessão de Medida Liminar, “inaudita altera pars”, notificando-se a Requerida para que se determine a Religação Imediata do fornecimento de energia elétrica do imóvel situado na Rua Padre Lemos, nº 3954, Casa Amarela, CEP 52070-200, Recife-PE., Contrato de Fornecimento de Energia nº 7012228273, sob pena de multa diária no valor de R$ 3.000,00 (tres mil reais).
c)    Requer, que V.Exa. determine a Citação da Requerida, Celpe- Companhia Energética de Pernambuco-, na pessoa do seu representante legal, com endereço no preâmbulo desta inicial, para, querendo, Contestar a presente Ação, no prazo legal e acompanhá-la em todos os seus atos e termos até decisão final, sob pena de, não o fazendo, serem tomadas como verdadeiras as alegações da Requerente.
 c)    Requer ainda a procedência dos pedidos formulados na presente Ação, para reconhecer os Danos Morais sofridos pela Demandante, em razão dos fatos narrados, com a conseqüente condenação do Demandado ao pagamento de indenização por Danos Morais sofridos pelo Autor no valor que vier a ser fixado por esse MM. Juízo, atendendo-seà dupla finalidade da condenação.
 d)    Requer que seja Determinado a Demandada que proceda com a Desconstituição do Debito/fatura do mês Dezembro de 2013, indevidamente cobrada a Demandante;
 e) Condene ______________, no pagamento das despesas judiciais, bem como dos honorários advocatícios dos patronos da promovente, esses na base de 20% do valor total da condenação, tudo monetariamente atualizado até a data do efetivo pagamento;
f)Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do NCPC, em especial as provas: documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal da parte ré.
 
            Dá a causa para efeitos meramente fiscais o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).
Cidade, data 
Advogado, OAB

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