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Quadro Sinótico – Conceito e divisão do direito 1. Conceito de direito Segundo Radbruch, é o conjunto das normas gerais e positivas que regulam a vida social. Origina-se a palavra “direito” do latim directum, significando aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. 2. Distinção entre o direito e a moral As normas jurídicas e as morais têm em comum o fato de constituírem normas de comportamento. No entanto, distinguem- se precipuamente pela sanção (que no direito é imposta pelo Poder Público para constranger os indivíduos à observância da norma e na moral somente pela consciência do homem, sem coerção) e pelo campo de ação, que na moral é mais amplo. 3. Direito positivo e direito natural Direito positivo é o ordenamento jurídico em vigor em determinado país e em determinada época. É o direito posto. Direito natural é a ideia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior. 4. Direito objetivo e direito subjetivo Direito objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção (norma agendi). Direito subjetivo (facultas agendi) é a faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar a sua proteção. 5. Direito público e direito privado Público é o direito que regula as relações do Estado com outro Estado, ou as do Estado com os cidadãos. Privado é o que disciplina as relações entre os indivíduos como tais, nas quais predomina imediatamente o interesse de ordem particular. O direito civil, o direito comercial, o direito agrário, o direito marítimo, bem como o direito do trabalho, o direito do consumidor e o direito aeronáutico integram o direito privado. Há divergência no tocante ao direito do trabalho, que alguns colocam no elenco do direito público. Os demais ramos pertencem ao direito público. Quadro Sinótico – Lei de introdução ao Código Civil 1. Conteúdo Contém normas que tratam de normas em geral. Enquanto o objeto das leis em geral é o comportamento humano, o da LICC é a própria norma, pois disciplina a sua elaboração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, as suas fontes etc. Dirige-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica. 2. Funções da LICC A LICC tem por funções regulamentar: a) o início da obrigatoriedade da lei; b) o tempo de obrigatoriedade da lei; c) a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente; d) os mecanismos de integração das normas, quando houver lacunas; e) os critérios de hermenêutica jurídica; f) o direito intertemporal; g) o direito internacional privado brasileiro; h) os atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras. 3. Fontes do direito A lei é o objeto da LICC e a principal fonte do direito. São consideradas fontes formais do direito a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais de direito; e não formais a doutrina e a jurisprudência. Dentre as formais, a lei é a fonte principal, e as demais são fontes acessórias. 4. Características da lei a) Generalidade: dirige-se, abstratamente, a todos. b) Imperatividade: impõe um dever, uma conduta. É a que distingue a norma das leis físicas. c) Autorizamento: autoriza que o lesado pela violação exija o cumprimento dela ou a reparação pelo mal causado. d) Permanência: perdura até ser revogada por outra lei. Algumas normas, entretanto, são temporárias, como as que constam das disposições transitórias e as leis orçamentárias. e) Emanação de autoridade competente. 5. Classificação das leis a) Quanto à imperatividade: dividem-se em cogentes e dispositivas. As primeiras são as que ordenam ou proíbem determinada conduta de forma absoluta, não podendo ser derrogadas pela vontade dos interessados. Normas dispositivas em geral são permissivas ou supletivas e costumam conter a expressão “salvo estipulação em contrário”. b) Sob o prisma da sanção, dividem-se em mais que perfeitas, perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas. Mais que perfeitas são as que impõem a aplicação de duas sanções (prisão e obrigação de pagar as prestações alimentícias, p. ex.). São perfeitas as que preveem a nulidade do ato, como punição ao infrator. Leis menos que perfeitas são as que não acarretam a nulidade ou anulação do ato, somente impondo ao violador uma sanção. E imperfeitas são as leis cuja violação não acarreta nenhuma consequência, como as obrigações decorrentes de dívidas de jogo e de dívidas prescritas. c) Segundo a sua natureza, as leis são substantivas ou adjetivas. As primeiras são também chamadas de materiais, porque tratam do direito material. As segundas, também chamadas de processuais, traçam os meios de realização dos direitos. d) Quanto à sua hierarquia, as normas classificam-se em: constitucionais (constantes da Constituição, às quais as demais devem amoldar-se), complementares (as que se situam entre a norma constitucional e a lei ordinária), ordinárias (as elaboradas pelo Poder Legislativo) e delegadas (as elaboradas pelo Executivo, por autorização expressa do Legislativo). 6. Vigência da lei Início de sua vigência A Lei só começa a vigorar com sua publicação no Diário Oficial, quando então se torna obrigatória. A sua obrigatoriedade não se inicia no dia da publicação (LICC, art. 1o), salvo se ela própria assim o determinar. O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis. Duração da vacatio legis Foi adotado o critério do prazo único, porque a lei entra em vigor na mesma data, em todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. A anterior LICC prescrevia que a lei entrava em vigor em prazos diversos nos Estados, conforme a distância da Capital. Seguia, assim, o critério do prazo progressivo. Cessação da vigência Hipóteses Em regra, a lei permanece em vigor até ser revogada por outra lei (princípio da continuidade). Pode ter vigência temporária, quando o legislador fixa o tempo de sua duração. Revogação Conceito: é a supressão da força obrigatória da lei, retirando- lhe a eficácia — o que só pode ser feito por outra lei. Espécies: a) ab- rogação (supressão total da norma anterior); b) derrogação (supressão parcial); c) expressa (quando a lei nova declara que a lei anterior fica revogada); d) tácita (quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova (LICC, art. 2o, § 1o). Critérios para solucionar o conflito de leis no tempo — o das disposições transitórias; — o dos princípios da retroatividade e irretroatividade da norma. É retroativa a norma que atinge efeitos de atos jurídicos praticados sob a égide da norma revogada. É irretroativa a que não se aplica às situações constituídas anteriormente. Não se pode aceitar esses princípios como absolutos, pois razões de ordem político-legislativa podem recomendar que, em determinada situação, a lei seja retroativa, respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (LICC, art. 6o, §§ 1o e 2o). 7. Obrigatoriedade das leis Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, uma vez em vigor, torna-se obrigatória para todos. Segundoo art. 3o da LICC, ninguém se escusa de cumpri-la, alegando que não a conhece. Tal dispositivo visa garantir a eficácia global da ordem jurídica (teoria da necessidade social). 8. Integração das normas jurídicas Conceito: é o preenchimento de lacunas, mediante aplicação e criação de normas individuais, atendendo ao espírito do sistema jurídico. Meios de integração: a) Analogia. Figura em primeiro lugar na hierarquia do art. 4o da LICC. Consiste na aplicação a hipótese não prevista em lei de dispositivo legal relativo a caso semelhante. A analogia legis consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger caso semelhante ao previsto. A analogia juris baseia-se em um conjunto de normas, para obter elementos que permitam a sua aplicação ao caso concreto não previsto, mas similar. b) Costume. É a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade. Em relação à lei, três são as espécies de costume: o secundum legem, quando sua eficácia obrigatória é reconhecida pela lei; o praeter legem, quando se destina a suprir a lei, nos casos omissos; e o contra legem, que se opõe à lei. c) Princípios gerais de direito. São regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. Orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito positivo. A equidade não constitui meio supletivo de lacuna da lei, sendo mero auxiliar da aplicação desta. 9. Interpretação das normas jurídicas Conceito: Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma. A hermenêutica é a ciência da interpretação das leis. Como toda ciência, tem os seus métodos, a saber: a) quanto à origem, classifica-se em autêntica, jurisprudencial e doutrinária. Interpretação autêntica é a feita pelo próprio legislador, por outro ato; jurisprudencial é a fixada pelos tribunais; e doutrinária é a realizada pelos estudiosos e comentaristas do direito; b) quanto aos meios, a interpretação pode ser feita pelos métodos: — gramatical ou literal, consistente no exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando-se a pontuação, a ordem das palavras na frase etc.; — lógico, identificado pelo emprego de raciocínios lógicos, com abandono dos elementos puramente verbais; — sistemático, que considera o sistema em que se insere a norma, não a analisando isoladamente; — histórico, que se baseia na investigação dos antecedentes da norma, do processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado; — sociológico ou teleológico, que objetiva adaptar o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais. 10. Eficácia da lei no espaço Em razão da soberania estatal, a norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado. Esse princípio da territorialidade, entretanto, não é absoluto. A necessidade de regular relações entre nacionais e estrangeiros levou o Estado a permitir que a lei estrangeira tenha eficácia em seu território, sem comprometer a soberania nacional, admitindo, assim, o sistema da extraterritorialidade. O Brasil segue o sistema da territorialidade moderada, sujeita a regras especiais, que determinam quando e em que casos pode ser invocado o direito alienígena (LICC, arts. 7o e s.).
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