Buscar

Instituto Babcock para Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira Internacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 140 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 140 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 140 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
1
1) PROCESSO DIGESTIVO NA VACA DE LEITE
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
W. Terry Howard
Department of Dairy Science
INTRODUÇÃO
Vacas e outros animais como ovelhas,
búfalos, camelos, e girafas são classificados
como herbívos pois sua dieta é composta
principalmente de material vegetal. Muitos
herbívoros são ruminantes. Animais
ruminantes podem ser reconhecidos
facilmente devido a o s frequêntes
movimentos de mastigação mesmo quando
não estão comendo. Esta atividade de
mastigação é chamada de ruminação, e faz
parte de um processo digestivo que permite
com que estes animais consigam obter
energia contida nas paredes celulares das
plantas na forma de fibras.
ADAPTAÇÃO PARA UTILIZAR FIBRAS E
NITROGÊNIO NÃO PROTÉICO
A fibra é uma estrutura que dá resistência
e rigidez as plantas e é o principal
constituinte do caule das plantas. Açúcares
complexos (celulose, hemicelulose) estão
localizados dentro da parede cellular das
plantas e permanecem inacessíveis para os
animais que não são ruminantes. Contudo,
a população de micróbios que vivem no
retículo e no rúmen (Figura 1) permitêm
com que os ruminantes possam utilizar a
energia contida nas fibras.
O nitrogênio necessário na dietas das
vacas têm origem nos aminoácidos que são
encontrados em proteínas e outras fontes de
Figura 1: O sistêma digestivo da vaca é composto de quarto estômagos. O rumen é o maior dos
estômagos e esta representado com setas que indicam o movimento do alimento no seu interior.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
2
nitrogênio não proteicos (NNP). Compostos
com nitrogênio não proteico não podem ser
utilizados por não ruminantes, mas podem
ser utilizados pelas bactérias ruminais para
a síntese proteica. A maioria dos
aminoácidos disponíveis para os bovinos
são produzidos pelas bactérias no rúmen.
OS QUATRO ESTÔMAGOS
Retículo e rúmen
O retículo e o rúmen são os dois primeiros
estômagos dos ruminantes. O conteúdo
alimentar no retículo se mistura com o
conteúdo do rúmen quase continuamente
(cerca de uma vez por minuto). Ambos
estômagos, frequentêmente chamados de
retículo-rúm e n , contém uma densa
população de microorganismos (bactérias,
protozoários, e fungos).
O rúmen é um saco que contém cerca de
100 a 120 kg de material vegetal sob
processo digestivo. As partículas fibrosas
permanecem no rúmen de 20 a 48 horas
pois a fermentação das fibras pelas
bactérias é um processo relativamente
demorado. Contúdo, algumas partículas
são digeridas mais rapidamente tendem a
ficar no rúmen por um período mais curto
de têmpo.
O retículo é uma “estrada de passagem”
onde as partículas que entram e saem do
rúmen são selecionadas. Somente partículas
de menor tamanho (<1–2 mm) e com alta
densidade (> 1.2 g/ml) vão para o terceiro
estômago.
Omaso
O terceiro estômago ou omaso (Figura 1)
têm cerca de 10 litros de volume. O omaso
é um orgão relativamente pequeno com
uma alta capacidade de absorção. Ele
também permite a recliclagem da água e
minerais como o sódio e o fósforo que
retornam ao rúmen pela saliva. O processo
digestivo que acontece no retículo é
diferente do processo digestivo que
acontece no rúmen; e o omaso funciona
como um orgão de transição entre estes
dois orgãos. Contudo, o omaso não é um
orgão essencial, pois camelos, lhamas e
alpacas não possuem o omaso
(pseudoruminantes).
Abomaso
O abomaso é o quarto estômago do
ruminante. Este estômago é parecido com o
estômago de não ruminantes. O abomaso
secreta um ácido forte (HCL) e também
outras enzimas digestivas. Em não
ruminantes, os alimentos ingeridos são
digeridos inicialmente no abomaso.
Contudo, o material que entra no estômago
de ruminantes é feito principalmente de
partículas alimentares não fermentadas,
subprodutos da fermentação microbiana e
micróbios que crescem no rúmen.
AS BACTÉRIAS DO RÚMEN
O rúmen fornece o ambiênte propício e
fonte alimentar para o crescimento e
reprodução dos micróbios. A ausência de ar
(oxigênio) no rúmen favorece o crescimento
de algumas bactérias em particular, e
algumas delas conseguem degradar a
parede celular das plantas (celulose) em
simples açúcares (glicose). Os micróbios
fermentam a glucose para obter energia
para crescer e durante o processo de
fermentação eles produzem ácidos graxos
voláteis (AGV). Os AGV atravessam a
parede ruminal os quais são a principal
fonte de energia da vaca. 
Tabela 1: Utilização de varias fontes de energia e
nitrogênio em ruminantes e em não ruminantes.
Exemplo
de
alimento
Não-
rumante Ruminante
Energia
Açúcar Melaço + +
Amido Tubérculo + +
Celulose Fibras 0 ±
Nitrogênio
NNP1 Uréia 0 +
Proteína Soja + +
1 NNP = nitrogênio não proteico.
+ completamente disponível, ± parcialmente disponível,
0 não disponível.
1—Processo Digestivo na Vaca de Leite
3
OS ORGÃOS DO TRATO DIGESTIVO E SUAS FUNÇÕES
1 – Ruminação (quebra de partículas) e produção de saliva
(regulador de pH)
• A ruminação reduz o tamanho das fibras e expõe seus
açúcares à fermentação microbiana.
• Quando a vaca rumina de 6 a 8 horas por dia ela produz
cerca de 170 litros de saliva; contudo, se a ruminação não for
estimulada (ex: muito concentrado na dieta) ela produz
somente cerca de 40 litros de saliva.
• Os tampões da saliva (bicarbonatos e fosfatos) neutralizam
os ácidos produzidos pela fermentação microbiana e mantém
o pH ruminal levemente ácido o que favorece a digestão das
fibras e o crescimento microbioano no rúmen.
2 – Retículo-rúmen (fermentação)
• A retenção de partículas longas na forragem estimulam a
ruminação.
• A fermentação microbiana produz: 1) ácidos graxos voláteis
(AGV) como produtos finais da fermentação da celulose e
outros açúcares e 2) uma massa microbiana rica em proteínas
de alta qualidade.
• A absorção dos AGV ocorre através da parede ruminal. Os
AGV são utilizados como fonte de energia para a vaca e
também para a síntese da gordura do leite (triglicerídeos) e
do açúcar do leite (lactose).
• Produção e expulsão de aproximadamente 1.000 litros de
gases por dia.
3 – Omaso (recicla alguns nutrientes)
• Absorção de água, sódio, fósforo ácidos graxos voláteis
residuais.
4 – Abomaso (digestão ácida)
• Secreção de enzimas digestivas e ácidos fortes.
• Digestão de alimentos não fermentados no rúmen (algumas
proteínas e lipídeos).
• Digestão de proteína bacteriana produzida no rúmen (de 0.5
a 2.5 kg por dia).
5 – Intestino delgado (digestão e absorção)
• Secreção de enzimas digestivas produzidas pelo pelo
intestino delgado, fígado e pâncreas.
• Digestão enzimática de carboidratos, proteínas e lipídeos.
• Absorçaõ de água, minerais e produtos da digestão: glicose,
amino ácidos e ácidos graxos.
6 – Ceco (fermentação) e intestino grosso
• Uma pequena população microbiana fermenta os produtos
da digestão que não foram absorvidos.
• Absorção de água e formação das fezes.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
4
Durante o crescimento dos micróbios no
rúmen, eles sintetizam aminoácidos, as
unidades formadoras das proteínas. As
bactérias podem utilizar amônia ou uréia
como fonte de nitrogênio para a produção
de aminoácidos. Se isso não ocorresse, a
amônia e a uréia não poderiam ser
utilizadas por ruminantes. Contudo, as
proteínas bacterianas sintetizadas no rúmen
são digeridas no intestino delgado e
constituem a fonte principal de
aminoácidos para a vaca.
ALGUMAS DEFINIÇÕES
A Absorção é a passagem de produtos de
digestão e outros compostos simples do
intestino delgado para o sangue.
Os Tampões são compostos secretados pela
saliva ou adicionados na dieta que ajudam
a manter a estabilidade ruminal, e
promovem a digestão de alimentos e
crescimento bacteriano.A Digestão é o primeiro passo de uma
série de processos que quebram partículas
complexas (alimento e micróbios) em
substâncias simples que podem ser
utilizadas pelo corpo. Um ácido forte e
muitas enzimas digestivas são secretadas
no trato digestivo para digerir o alimento.
O Metabolismo se refere às mudanças que
os produtos absorvidos na digestão sofrem
durante sua utilização pelo corpo. Os
nutrientes podem ser pelos tecidos do
corpo para a obtenção de energia para a
manutenção dos tecidos vitais, e para
outras tarefas (comer, andar, ruminar, etc.).
Os nutrientes também podem ser utilizados
como precursors para a síntese de tecidos
(músculo, gordura) e no caso das vacas de
leite, para a síntese do leite.
RECADOS FINAIS
• Os animais ruminantes podem utilizar uma variedade maior de fontes alimentares que os
animais não ruminates. Os micróbios do retículo-rúmen permitem com que os ruminantes
transformem fibras em alimento (forragens, resíduos de plantio e sub-produtos
industriais) e nitrogênio não proteico (amônia, uréia) em alimentos altamente nutritivos e
palatáveis para humanos (leite, carne).
• Os alimentos fibrosos são necessários para a saúde da vaca poise les mantém a ruminação
e a produção de saliva que são necessários para o correto funcionamento do rúmen e para
a obtenção de uma população bacteriana adequada no rúmen.
• Uma vaca pode comer forragens (alimentos de pouca energia) e concentrados (alimentos
de alta energia). Contudo, a adição de grandes quantidades de concentrados na dieta deve
ser gradual (maior que um período de 4 a 5 dias) para permitir que a população bacteriana
no rúmen se adapte à nova dieta.
• As fezes de ruminantes são ricas em material orgânica e inorgânica, e podem servir como
excelentes fertilizantes.
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
5
2) COMPOSIÇÃO E ANÁLISE DE ALIMENTOS
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
INTRODUÇÃO
Os alimentos contém nutrientes que são
usados para atender os requerimentos dos
animais. A maioria dos alimentos para
vacas de leite consiste em caules, folhas,
sementes e raizes de várias plantas. As
vacas também podem ser alimentadas com
sub-produtos industriais (farelos, melaço,
resíduo de cervejaria, etc.) e estas dietas
normalmente precisam ser suplementadas
com pequenas quantidades de vitaminas e
minerais. Os alimentos para bovinos
leiteiros são classificados como:
• Forragem;
• Concentrado;
• Suplemento proteico;
• Suplemento (vitamina e mineral).
Esta classificação é um pouco discutível,
mas ela se baseia no valor nutricional do
alimento. Os Nutrientes são substâncias
químicas necessárias para a manutenção,
crescimento, produção, reprodução e saúde
do animal. Existem cinco categorias de
nutrientes:
• Água;
• Energia (carboidratos, proteínas, lipídeos);
• Proteína (compostos nitrogenados);
• Minerais;
• Vitaminas.
Os alimentos também podem conter
substâncias sem valor nutritivo (Figura 1).
Alguns compostos têm estruturas
complexas as quais não são digeríveis e
podem iinterferir na digestão de alguns
nutrientes (ex: lignina, tanino). Além disso,
certas plantas contém toxinas que podem
ser prejudiciais para a saúde do animal.
A COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS
Água e matéria seca
Quando os alimentos são colocados em
um forno com temperature de 105°C por 24
horas, a água (H20) evapora e o material
restante é chamado de matéria seca . Os
alimentos contém quantidades variadas de
água. Em estágios imaturos do crescimento,
a maioria das plantas contém cerca de 70 a
80% de água (20 a 30% de matéria seca).
Contudo, as sementes contém apenas 8 a
10% de água (90 a 92% de matéria seca). A
quantidade de água nos alimentos
normalmente não é motivo de preocupação.
Vacas lactantes bebem cerca de 4 a 5 kg de
água para cada kg de matéria seca que elas
comem. Os bovinos leiteiros precisam ter
acesso à água limpa e fresca durante a
maior parte do dia.
A material seca contém todos os
nutrientes (exceto água) que são necessários
para os bovinos. A concentração de
nutrientes nos alimentos normalmente são
expressos com base na quantidade de
matérioa seca (MS) ao invés da matéria
verde (MV), pois:
• A quantidade de água nos alimentos
pode variar, portanto, o valor nutritivo
de diferentes alimentos pode ser
comparado mais facilmente quando a
concentração é expressa com base na
matéria seca.
• Quando expressa em material seca, a
concentraçaõ de nutrientes dos
alimentos pode ser comparada
diretamente com a concentração de
nutrientes necessários da dieta das
vacas.
A matéria orgânica e minerais
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
6
A matéria seca dos alimentos pode ser
classificada em matéria orgânica e matéria
inorgânica. Compostos que contém carbono
(C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e
nitrogênio (N), são classificados como
orgânicos. Os compostos inorgânicos ou
minerais (cálcio, fósforo etc.)representam
um grupo químico diferente. Quando um
alimento é colocado em um forno a 550°C
por 24 horas, a matéria orgânica é
queimada e o que resta são os minerais ou
cinzas. Em plantas, a fração mineral varia de
1% a 12%. As forragens normalmente
contém mais cinzas que sementes e grãos.
Os sub-produtos animais derivados de
ossos pode conter cerca de 30% de minerais
(principalmente cálcio e fósforo). Os
minerais são frequentemente classificados
como macro- ou micro-minerais (Tabela 1).
Esta distinção se baseia somente na
quantidade necessária pelos animais.
Alguns minerias são possivelmente
essenciais (ex: bário, bromo, niquel) e
outros podem ter efeitos negativos na
digestibilidade dos alimentos (ex: sílica).
Nutrientes nitrogenados
O nitrogênio esta presente em proteínas e
outros compostos da matéria orgânica dos
alimentos. As proteínas são compostas de
uma ou várias cadeias de aminoácidos.
Uma sequência de 20 aminoácidos
encontra d o s n a s proteínas são
determinadas pelo código genético. Esta
sequência determina a estrutura e a função
de cada proteína no corpo. Existem
aminoácidos essenciais e não essenciais. Em
oposição aos aos aminoácidos essenciais
que podem ser sintetizados pelo organismo,
os aminoácidos essenciais precisam estar
presentes na dieta, pois o organismo é
incapaz de sintetiza-los.
Quando o nitrogênio não faz parte de da
estrutura de proteínas, como no caso da
uréia e da amônia, ele é chamado de
nitrogênio não proteico (NNP). O
nitrogênio não proteico não têm valor
nutritivo para animais de estômagos
simples. Contudo, em ruminantes, o NNP
pode ser utilizado pela flora ruminal na
síntese de aminoácidos e proteínas que
serão úteis para o animal.
Um químico dinamarquês, J.G. Kjeldhal,
desenvolveu um método para a
quantificação do nitrogênio em 1893. Em
média, as proteínas contém cerca de 16% de
nitrogênio. Portanto, a porcentagem de
proteína em um alimento é normalmente
calculada como a quantidade de nitrogênio
multiplicada por 6.25 (100/16 = 6.25). Esta
medida é chamada de proteína bruta (PB). A
palavra “bruta” se refere ao fato de que
nem todo o nitrogênio de um alimento esta
na forma de proteína. Frequentemente, a
proteína bruta superestima a quantidade de
proteína verdadeira (PV) do alimento. A
porcentagem de proteína bruta nas
forragens pode variar de 5% (resíduos de
plantio) a 20% (leguminosas de boa
qualidade). Os farelos de grãos podem
conter de 30 a 50% de PB e sub-produtos
animais podem conter mais de 60% de PB.
Nutrientes energéticos
A energia disponível nos alimentos para o
animal não pode ser quantificada por uma
simples análise laboratorial. A melhor
maneira de medir esta energia é por meio
de experimentações. No corpo, o carbono
(C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O) dos
carboidratos, lipídeos e proteínas pode ser
convertido em água (H2O) e dióxido de
carbono(CO2) com a libração de energia. A
megacaloria (Mcal) é frequentemente
utilizada como medida de energia, mas o
Joule (J) é a unidade oficial para a medida
de energia. Nos aliemntos para vacas de
leite, a energia é expressa em Mcal ou
Energia Líquida para a Lactação (NEl).
Tabela 1: Minerais necessários na dieta de
ruminantes e seus símbolos químicos.
Macro
minerais
Símbolo
químico
Micro
minerais
Símbolo
químico
Cálcio Ca Iodo I
Fósforo P Ferro Fe
Magnésio Mg Cobre Cu
Sódio Na Cobalto Co
Potássio K Manganês Mn
Cloro Cl Molibdênio Mo
Enxofre S Zinco Zn
Selênio Se
2—Composição e Análise de Alimentos
7
Esta unidade representa a quantidade de
energia em um alimento que esta
disponível para a manutenção do peso
corporal e pela produção de leite. Por
exemplo, são necessárias 0.74 Mcal NEl para
produzir 1 kg de leite; sendo que a energia
nos alimentos varia de 0.9 a 2.2 Mcal of
NEl/kg de matéria seca.
Os lipídeos e outras substâncias da
família das gorduras são medidos por um
método chamado de extração pelo éter (EE)
e normalmente estes compostos produzem
cerca de 2.25 vezes mais energia que
Figura 1: A composição dos alimentos e análises laboratoriais de rotina.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
8
carboidratos. Contudo, a maioria da energia
das forragens e de concentrados se origina
dos carboidratos. Os alimentos para vacas
normalmente contém menos de 5% de
lipídeos, mas cerca de 50 a 80% de
carboidratos. Existem três tipos principais
de carboidratos nas plantas:
• Açucares simples (glicose, frutose);
• Carboidratos de reserva (amido) ou
também chamados de carboidratos não
estruturais, não fibrosos, ou
carboidratos presentes fora da parede
celular;
• Carboidratos estruturais também
chamados de carboidratos fibrosos ou
de parede celular (celulose e
hemicelulose).
A glicose é encontrada em grandes
quantidades em certos tipos de alimentos
(melaço, soro de leite). O amido é o
principal componente de grãos de cereais
(trigo, cevada, milho, etc.). A celulose e a
hemicelulose s ã o p r i n c ipalmente
encontradas nos caules das plantas. O
amido e a celulose são feitos de longas
cadeias de glicose. A ligação entre as
moléculas de glucose no amido podem ser
quebradas facilmente, mas na cellulose
estas ligações resistem às enzimas
degestivas de animais superiores. Contudo,
as bactérias ruminais possuem enzimas que
podem extrair a glicose contida nas fibras.
A celulose e a hemicelulose estão
associadas com a lignina (um composto
fenólico) na parede celular. A quantidade
de fibras (ex: parede celular) nos alimentos
têm um papel importante no seu valor
nutricional. Em geral, quanto menos fibra,
maior é o valor energético de uma
forragem. As fibras na forma de partículas
grandes são necessárias na dieta das vacas
pois:
• Estimulam a ruminação, que é
necessária para manter o processo
digestivo e a saúde do animal;
• É essencial para evitar a diminuição da
porcentagem de gordura do leite.
Em muitos países, a fibra bruta ainda é o
método official para medir a quantidade de
fibra de um alimento, mas a fibra
detergente neutra (FDN) é um método
laboratorial mais recente que pode estimar
de uma maneira mais acurada a quantidade
de celulose, hemicelulose e lignina nos
alimentos. A potencial capacidade de
ingestão de um alimento pela vaca é
inversamente proporcional à quantidade de
FDN do alimento. Além disso, a fibra
detergente ácida (FDA) que quantifica a
quantidade de celulose e lignina, é um bom
indicador da digestibilidade de uma
forragem. Os açucares presentes na FDN e
na FDA são fermentadas mais
vagarosamente pelas bactérias ruminais,
mas o material que se encontra fora da
parede celular (c o mpostos solúveis como
açucares simples, e algumas proteínas),
normalmen t e s ã o r a p i damente
fermentadas.
A porcentagem de carboidratos não
fibrosos (CNF) em um alimento é
normalmente calculado levando-se em
conta as cinzas, proteína bruta, extrato
etéreo e o FDN:
CNF = 100 – (cinzas + PB + EE + FDN).
Vitaminas
A quantidade de vitaminas nos alimentos
não é calculada normalmente, mas as
vitaminas em pequena quantidade são
essenciais para a manutenção da saúde. As
vitaminas são classificadas em vitaminas
hidrosolúveis (nove vitaminas do complexo
B e a vitamina C) ou vitaminas liposolúveis
(β-caroteno ou provitamina A, vitaminas
D2, D3, E e K). Em vacas, a suplementação
de vitaminas do complexo B é menos
importante, pois as bactérias ruminais
podem sintetiza-las.
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
9
3) O METABOLISMO DE CARBOIDRATOS
EM BOVINOS DE LEITE
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
Louis E. Armentano
Department of Dairy Science
TIPOS DE CARBOIDRATOS
Os carboidratos são a fonte de energia
mais importante e os principais precursores
da gordura e do açucar (lactose) presentes
no leite. Os microorganismos que vivem no
rumem permite que as vacas obtenham
energia utilizando os carboidratos fibrosos
(celulose e hemicelulose) que estão ligados
à lignina que está presente na parede
celular das plantas. A celulose e a
hemicelulose f icam são fermentadas
vagarosamente no rúmen, pois as fibras
ficam retidas no rúmen por um longo
tempo. A porcentagem de lignina é maior
em plantas maduras, em consequência, a
digestão da celulose e hemicelulose em
plantas maduras é menor. As fibras em
forma de partículas grandes são essenciais
para o estímulo da ruminação. A ruminação
aumenta a quebra e fermentação das fibras.
Além de estimular a contração ruminal, as
fibras também aumentam o fluxo de saliva
para o rúmen. A saliva contém bicarbonate
de sódio e sais de fosfato que ajudam a
manter o pH ruminal próximo da
neutralidade. As dietas com poucas fibras
normalmente resultam na produção de leite
com baixa porcentagem de gordura e
podem desencadear distúrbios digestivos
(ex: deslocamento de abomaso, acidose
ruminal).
Carboidratos não fibrosos (amidos a
açucares simples) são rapidamente
fermentados no rúmen. Os carboidratos não
fibrosos aumentam a densidade da dieta, o
que aumenta o suplemento de energia e
detrmina a quantidade de proteína
bacteriana produzida no rúmen. Contudo,
os carboidratos não fibrosos não estimulam
a ruminação e a produção de saliva, e se em
excesso, eles podem impedir a fermentação
das fibras.
Portanto, o balanceamento entre
carboidratos fibrosos e não fibrosos é
importante na dieta de bovines leiteiros
para a idela produção de leite. A Figura 1
mostra um esquema da transformação de
carboidratos em vários orgãos. Em vacas de
leite, o rúmen, o fígado e a glândula
mamária sçao os principais orgãos
envolvid o s n o metabolismo dos
carboidratos.
A PRODUÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
VOLÁTEIS NO RÚMEN
Durante a fermentação ruminal, a
população de micróbios (na sua maioria
bactérias) fermentam os carboidratos para
produzir energia, gases (metano—CH4 e
dióxido de carbono – CO2), calor e ácidos. O
ácido acético (vinagre), o ácido propiônico e
o ácido butírico são ácidos graxos voláteis
(AGV) e constituem a maioria (>95%) dos
ácidos produzidos no rúmen (Tabela 1).
Além disso, a fermentação de aminoácidos
produz alguns ácidos chamados de iso-
ácidos. A energia e os iso-ácidos
produzidos durante a fermentação são
utilizados pelas bactérias para seu
crescimento (ex: pricipalmente para a
síntese de proteínas). O CO2 e o CH4 são
eliminados pelo orifício esofágico, e a
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
10
energia do CH4 é perdida. Ao menos que o
calor seja necessário para a manutenção da
temperatura corporal, o calor produzido
durante a fermentasção se dissipa. Os AGV,
produtos finais da fermentação ruminal,
são absorvidos através da parede ruminal.
A maioria do acetato e todoo propionato
são transportados para o fígado, mas a a
maioria do butirato é convertido na parede
ruminal em corpos cetônicos chamados de
β -hidroxibutirato. As cetônas são
importântes fontes de energia para a
Figura 1: O metabolismo dos carboidratos em bovinos.
3—O Metabolismo de Carboidratos em Bovinos de Leite
11
maioria dos tecidos do corpo. As cetônas
são derivadas do butirato que é produzido
no rúmen, mas no início da lactação, elas
também são produzidas na queima de
gordura pelo animal.
A PRODUÇÃO DE GLICOSE NO FÍGADO
A maior parte do propionato é convertida
em glucose no fígado. Além disso, o fígado
pode utilizar aminoácidos para a síntese de
glicose. Este é um processo muito
importante, pois normalmente nenhuma
glicose é absorvida pelo trato digestivo e
todo o açucar encontrado no leite (cerca de
900 g para cada 20 kg de leite) precisa ser
produzido no fígado. Uma exceção
acontece quando as vacas são alimentadas
com concentrados ricos em amido ou uma
fonte de amido resistênte à fermentação
ruminal. Deste modo, o amido escapa da
fermentação ruminal e alcança o intestino
delgado. A glicose formada durante a
diges t ã o intestin a l é absorvida,
transportada para o fígado e contribui para
o suprimento de glicose para a vaca.
O lactato é outra possível fonte de glicose
para o fígado. O lactato é e silagens bem
preservadas, mas o lactato é produzido no
rúmen quando há um excesso de amido
sendo fornecido para a vaca. Isto não é
desejável, pois o ambiênte ruminal se torna
ácido, a fermentação das fibras não
acontece adequadamente e em casos
extremos a vaca para de se alimentar.
A SÍNTESE DE LACTOSE
E GORDURA DO LEITE
Durante a lactação, a glândula mamária
têm uma grande necessidade de glicose,
que é utilizada principalmente na formação
da lactose (açucar do leite). A quantidade
total de lactose sintetizada no úbere esta
intimamente associada com a quantidade
de leite produzida por dia. A concentração
de lactose no leite é relativamente constante
e a água é adicionada à lactose até que sua
concentração seja cerca de 4.5%. Portanto, a
produção de leite de uma vaca é fortemente
influenciada pela quantidade de glicose que
pode ser produzida pelo propionato
ruminal.
A glicose é convertida em glicerol, que
será utilizado para a produção da gordura
do leite. O acetato e o β-hidroxibutirato são
usados para a formação de ácidos graxos
que ficarão aderidos ao glicerol na
formação da gordura do leite. A glândula
mamária sintetiza ácidos graxos saturados
que contém de 4 a 16 carbonos (ácidos
graxos de cadeia curta). Cerca de metade da
gordura presente no leite é produzida na
glândula mamária. A outra metade vêm
dos lipídeos na dieta, incluindo uma
pequena porção de ácidos graxos
insaturados com mais de 18 carbonos
(ácidos graxos de cadeia longa).
A combustão das cetonas fornece a
energia necessária para a síntese de gordura
e lactoseno úbere, mas o acetato e a glicose
também podem ser utilizados como fonte
de energia para células de vários tecidos.
O EFEITO DA DIETA NA FERMENTAÇÃO
RUMINAL E NA PRODUÇÃO DE LEITE
O tipo de fonte de carboidratos da dieta
influcencia a quantidade e a proporção de
AGV que são produzidos no rúmen. A
população microbiana do rúmen converte
os carboidratos fermentados em 65% ácido
acético, 20% Ácido propiônico e 15% ácido
butírico quando a dieta contém uma grande
proporção de forragens. Nestes casos, o
suprimento de acetate é adequado para a
maximização da produção de gordura, mas
a quantidade de propionato produzida no
rúmen pode limitar a quantidade de leite
produzida devido a falta de glicose
(especialmente no início da lactação).
Os carboidratos não fibrosos (presentes
em muitos concentrados) propiciam a
produção de ácido propiônico, mas os
carboidratos f ibrosos ( p r e s e n t es
principalmente nas forragens) estimulam a
produção de ácido acético no rúmen. Além
disso, os carboidratos não fibrosos
Tabela 1: Ácidos graxos voláties produzidos
pela fermentação ruminal.
Nome Estrutura
Acético CH3-COOH
Propiônico CH3-CH2-COOH
Butírico CH3-CH2-CH2-COOH
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
12
produzem mais AGV (ex: mais energia)
pois eles são fermentados no rúmen em
uma maior proporção e também mais
rapidamente.
Portanto, suplementa ç ã o com
concentrados normalmente resulta em um
aumento da produção de AGV e no
aumento do propionato e diminuição do
acetato (Figura 2). Quando grande
quantidades de concentrados são
fornecidos (ou quando o tamanho de
partícula das forragens é muito pequeno), a
porcentagem de ácido acético pode ser
menor que 40%, enquanto que a
porcentagem de ácido propiônico pode
estar acima de 40%. A produção de leite
pode aumentar devido ao aumento do
suprimento de glicose originada do
propionato, mas o ácido acético, necessário
para a síntese de gordura, pode estar em
concentações muito baixas. Em geral, esta
diminuição em ácido acético está associada
com uma redução na produção de gordura
e com uma baixa porcentagem de gordura
no leite. Além disso, o relativo excesso de
propionato pode fazer com que a vaca
utilize esta energia disponível para o
acúmulo de gordura (ganho de peso
corporal) e não para a produção de leite.
Portanto, o excesso de concentrado na
dieta pode causar um problema de
obesidade nas vacas. O uso continuado
deste tipo de dieta pode ter um efeito
negativo na saúde do animal, que estará
mais propensa a ter problemas no parto e
também ter problemas metabólicos como o
fígado gordo ou cetose após o parto.
Contudo, a falta de concentrado na dieta
limita a ingestão de energia que pode afetar
a produção de leite e a produção de
proteína no leite.
Em conclusão, as mudanças na proporção
de forragem e concentrado na dieta têm um
profundo efeito na quantidade e na
porcentagem de cada AGV que são
produzidos no rúmen. Porém, os AGV
podem influenciar a:
• Produção de leite;
• Porcentagem de gordura no leite;
• A eficiência de conversão alimentar;
• O custom benefício de uma dieta.
Figura 2: Efeito da composição da dieta nos
AGV do rúmen e na produção de leite.
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
13
4) O METABOLISMO DE LIPÍDEOS
EM BOVINOS LEITEIROS
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
Ric R. Grummer
Department of Dairy Science
TÍPOS DE LIPÍDEOS
Normalmente, a dieta das vacas contém
somente cerca de 2 a 4% de lipídeos. Porém,
os lipídeos são muito importantes na dieta
das vacas, pois eles contribuem diretamente
com 50% da gordura do leite e são a fonte
de energia mais concentrada de uma dieta.
As forragens e as sementes possuem
pequenas quantidades de l ipídeos
Contudo, algumas plantas (algodão, soja)
possuem sementes ricas em lipídeos, as
quais contém mais de 20% de lipídeos.
Normalmente, os lipídeos são extraídos de
sementes ricas em lipídeos; estas sementes
também podem ser utilizadas para a
alimentação do gado.
Lipídeos são substâncias que são
insolúveis em água, mas são solúveis em
solventes orgânicos (éter, clorofórmio,
hexeno, etc.). Os triglicerídeos são
encontrados principalmente em grãos de
cereais, determinadas sementes e na
gordura animal. A estrutura básica dos
lipídeos consiste em uma unidade de
glicerol (um açúcar de 3 carbonos) e três
unidades de ácidos graxos (Figura 1).
Os glicolípedes são uma segunda classe
de l ipídeos e são encontrados
principalmente em forragens (gramíneas e
leguminosas). Estes compostos têm uma
estrutura similar aos triglicerides com
excessão de que um dos três ácidos graxos
estão substituídos por um açúcar
(normalmente a galatose). Quando um
fosfato esta substituindo um dos ácidos
graxos o lipídeo é chamado de fosfolipídeo.
Os fosfolipídeos não se encontram em
grandes quantidades nos alimentos,mas
eles são encontrados em grande quantidade
nas bactérias do rúmen.
Os ácidos graxos encontrados nas plantas
têm de 14 a 18 carbonos (Tabela 1). O ponto
de fusão de um lipídeos determina seu
estado físico (sólido ou líquido) na
temperatura ambiênte. O ponto de fusão é
influenciado pelo grau de saturação e pelo
tamanho de sua cadeia carbônica. Os
lipídeos das plantas normalmente contém
de 70 a 80% de ácidos graxos insaturados e
els tendem a permanecer no estado líquido
em temperatura ambiênte (óleos). Contudo,
as gorduras de animais contém de 40 a 50%
de ácidos graxos saturados e eles
normalmente se encontram em
estado sólido (gorduras). O grau
de insaturação têm um efeito
marcante na gigestão desta
gordura pelo animal e, no caso de
ruminantes, se isso interfere na
fermentação de carbonos no
rúmen.Figura 1: Estrutura básica dos triglicerides. Os radicais
(R1, R2 e R3) são compostos de cadeias carbônicas de vários
tamanhos e com diferentes graus de saturação.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
14
HIDRÓLISE E SATURAÇÃO DE
LIPÍDEOS NO RÚMEN
A maioria dos lipídeos são hidrolisados
no rúmen. As ligações entre o glicerol e os
ácidos graxos são quebradas gerando uma
molécula de glicerol e três de ácidos graxos.
O glicerol é rapidamente fermentado em
ácidos graxos voláteis (veja metabolismo de
carboidratos). Alguns ácidos graxos são
utilizados pelas bactérias para a síntese de
fosfolípedes que são necessários para a
construção da parede celular.
Outra ação importante dos micróbios
ruminais é a hidrogenação de ácidos graxos
insaturados. No processo de hidrogenação,
o ácido graxo se torna saturado pois a
dupla ligação é substituída por dois átomos
d e hidrogênio. Por exemplo, a
hidrogenação converte o ácido oleico em
ácido esteárico (Tabela 1).
Os ácidos graxos que estão livres no
rúmen tendem se aderem aos alimentos e
impedem o processo normal de
fermentação , espec ialmente em
carboidratos fibrosos. O excesso de lípides
na dieta (mais de 8%) pode ter um efeito
negativo na produção de leite e na
porcentagem de gordura no leite. Os ácidos
graxos insaturados afetam a fermentação
ruminal de uma maneira mais intense que
os ácidos graxos saturados. Contudo, os
lipídeos podem ser “protegidos” para que a
sua taxa de hidrólise seja menor, tornando-
os mais “inertes” dentro do rúmen. As
cascas das sementes tendem a proteger os
lipídeos da degradação ruminal, fazendo
com eles se tornem menos acessíveis à
hidrólise ruminal se comparado com óleos
que estão livres no rúmen. Além disso, o
tratamento industrial para a formação de
sabões de gordura (sais de cálcio) torna os
lipídeos insolúveis e, portanto, inertes no
rúmen.
Os fosfolípedes microbianos representam
cerca de 10 a 15% dos lipídeos que saem do
rumen para o intestino, o restante (85 a
90%) são ácidos graxos saturados que são
encontrados na forma de ácido palmítico e
esteárico e que ficam aderidos no alimento
ou nas partículas bacterianas.
A ABSORÇÃO INTESTINAL
DE LIPÍDEOS
Os fosfolípedes microbianos são digeridos
e absorvidos no intestino delgado. A bile
secretada pelo fígado e pelo pâncreas (rico
em enzimas e bicarbonato) se misturam no
intestino delgado. Estas secreções são muito
importantes na preparação dos lipídeos
para a absorção, pois neste processo ocorre
a formação de partículas que são solúveis
em água (micelas) as quais podem entrar
nas células intestinais. Nas células do
intestino, a maior parte dos ácidos graxos
estão ligados ao glicerol (vindos da glicose
sanguínea) para a formação de triglicerides.
Os triglicerides, alguns ácidos graxos livres,
o colesterol e outras substâncias da família
dos lipídeos são recobertas por proteína
para a formação de lipoproteínas (LP) que
Tabela 1: Ácidos graxos mais encontrados nas dietas de vacas de leite.
Nome Estrutura Abreviação* Ponto de fusão (°C)
Ácidos saturados
Mirístico CH3-(CH2)12-COOH (C14:0) 54
Palmítico CH3-(CH2)14-COOH (C16:0) 63
Esteárico CH3-(CH2)16-COOH (C18:0) 70
Ácidos non saturados
Palmitoleico CH3-(CH2)5-CH=CH-(CH2)7-COOH (C16:1) 61
Oléico CH3-(CH2)7-CH=CH-(CH2)7-COOH (C18:1) 13
Linolêico CH3-(CH2)4-CH=CH-CH2-CH=
CH-(CH2)7-COOH
(C18:2) –5
Linolênico CH3-CH2-CH=CH-CH2-CH=
CH-CH2-CH=CH-(CH2)7-COOH
(C18:3) –11
* O primeiro número indica o número total de carbonos e o segundo número indica o número de duplas ligações
na molécula.
4—O Metabolismo de Lipídeos em Bovinos Leiteiros
15
também são chamadas de quilomicrons ou
lipoproteínas de baixa densidade. As LP
entram nos vasos linfáticos e vão para o
ducto torácico (junção do sistema linfático
com o sistema circulatório), onde eles
entra m n a c orrente sanguínea.
Figura 2: O metabolismo de lipídeos em bovinos leiteiros.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
16
Diferentemente da maioria dos nutrients
que são absorvidos pelo trato gastro
intestinal, os lipídeos que são absorvidos
entram diretamente na circulação e são
utilizados pelos tecidos corporais sem uma
prévia metabolização hepática.
UTILIZAÇÃO DOS LIPÍDEOS
PELO ÚBERE
A glândula mamária produz cerca de 50%
da gordura do leite. Estes ácidos graxos são
fabricados a partir das lipoproteínas
formadas durante a absorção intestinal dos
lipídeos. Um aumento na porcentagem de
ácidos graxos de cadeia longa (ex: ácidos
graxos com mais de 16 carbonos) pode
influenciar sua secreção no leite, mas isto
também pode inibir a síntese de ácidos
graxos de cadeia curta ou média no úbere.
Portanto, a diminuição da porcentagem de
gordura no leite quando as vacas são
alimentadas com dietas com pouca fibra
pode ser parcialmente compensada com o
aumento de gordura na dieta.
A FUNÇÃO DO FÍGADO E DA
MOBILIZAÇÃO DE GORDURA
Durante um período de restrição
alimentar ou no início da lactação, as vacas
conseguem suprir sua demanda de energia
com a mobilização de gordura do tecido
adiposo. Os triglicerides de reserva nos
tecidos adiposos dão origem aos ácidos
graxos que são liberados na corrente
sanguínea. Os ácidos graxos são capturados
pelo fígado, onde eles serão utilizados
como fonte de energia ou serão convertidos
em cetonas que podem ser liberadas na
corrente sanguínea e usadas como fonte
energética por muitos tecidos. O fígado não
tem uma alta capacidade para exportar LP e
o excesso de mobilização de ácidos graxos
faz com que os triglicerides sejam estocados
nas células hepáticas. A gordura depositada
no fígado contribui para o desenvolvimento
de doenças metabólicas (ex: cetose e fígado
gordo) no início da lactação.
ADIÇÃO DE LIPÍDEOS NAS DIETAS
Os lipídeos possuem cerca de 2.25 mais
energia que os carboidratos. Além disso, os
lipídeos também são conhecidos como
nutrietes “frios”, pois durante a sua
digestão e utilização pelo corpo eles
produzem menos calor que carboidratos e
proteínas. Portanto, o aumento de lipídeos
nas dietas das vacas de leite pode gerar
alguns benefícios:
• Aumento da densidade calórica
(energia) da dieta, especialmente em
dietas com alta proporção de
forragens;
• Diminui a necessidade de
concentrados ricos em carboidratos os
quais são necessários no início da
lactação, quando a vaca esta em
balanço energético negativo;
• Em climas quentes, os lipídeos podem
ajudar a diminuir o estresse térmico
nas vacas de leite.
A ingestão de alimentos e a produção de
leite podem variar bastante de acordo com
o tipo de lipídeo adicionado à dieta. As
vacas não devem ser suplementadas com
mais de 1.5 kg/dia de lipídeos em adição
aos lipídeos da dieta normal. Em outras
palavras, a quantidade de lipídeos na dieta
não deve ser maior de 6 a 8%, caso
contrário, os efeitos negativos do excesso de
lipídeos serão evidentes. A produção de
leite é maximizada quando a quantidade de
gordura na matéria seca é de 5%. A adição
de gordura na dieta normalmente diminui a
proteína do leite em 0.1%. Alémdisso, o
excesso de lipídeos pode diminuir a
ingestão, a produção de leite e a
composição de gordura no leite.
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
17
5) METABOLISMO DE PROTEÍNA
EM BOVINOS DE LEITE
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
INTRODUÇÃO
As proteínas fornecem os aminoácidos
necessários para a manutenção das funções
vitais, reprodução, crescimento e lactação.
Animais não ruminantes precisam de
aminoácidos pré-formados na sua dieta. Os
animais ruminantes podem utilizar muitas
outras fontes de nitrogênio pois eles
possuem a habilidade de sintetizar
aminoácidos e proteínas usando nitrogênio
não proteico. Esta habilidade esta
relacionada com a p resença de
microorganismos no rúmen. Além disso, os
ruminantes possuem um mecanismo que
possibilita a reutilização do nitrogênio.
Quando uma dieta possui pouco
nitrogênio, grandes quantidades de uréia
(que normalmente é excretada na urina)
retornam ao rúmen , onde os
microorganismos podem utiliza-la. Em
animais não-ruminantes a uréia é
totalmente perdida na urina.
Algumas pesquisas mostraram que é
possível alimentar vacas com dietas
contendo somente nitrogênio não proteico
e, ainda assim, é possível se obter uma
produção diária de 580 g de proteína de
leite de alta qualidade e de 4.000 kg de leite
durante a lactação.
A TRANSFORMAÇÃO DE
PROTEÍNA NO RÚMEN
As proteínas alimentares são degradadas
pelos microorganismos ruminais em
aminoácidos, depois em amônia e em
ácidos graxos de cadeia ramificada (Figura
1). O nitrogênio não proteico presente nos
alimentos e na uréia são reciclados no
rúmen através da saliva e a parede ruminal
também contribui na concentração final de
amônia no rúmen. Se os níveis de amônia
no rúmen estão muito baixos, ocorre uma
restrição de nitrogênio para as bactérias e,
deste modo, a digestibilidade do alimento
diminui. Um excesso de amônia no rúmen
leva ao desperdício, toxidez devido a
amônia, e mesmo morte do animal em
casos extremos.
A população bacteriana utiliza a amônia
para crescer. A quantidade de amônia
usada para sintetizar proteína bacteriana
depended a disponibilidade de energia
fornecida pela fermentação de carboidratos.
Em média, 20 gramas de proteína
bacteriana é sintetizada a partir de 100
gramas de matéria orgânica fermentada no
rúmen. A síntese de proteína bacteriana
pode variar de 400 g/dia a 1.500 g/dia,
dependendo da digestibilidade da dieta. A
porcentagem de proteína na bactéria varia
de 38 a 55% (Tabela 1). Contudo, quando as
vacas ingerem mais alimento, as bactérias
têm mais proteína e passam para o rúmen
mais rapidamente.
Normalmente, uma porção da proteína da
dieta resiste à degradação ruminal e chega
inalterada até o intestino delgado. A
resistência à degradação ruminal varia
consideravelmente de acordo com a fonte
proteica e isto depende de vários fatores.
Normalmente, as proteínas da forragem são
degradadas em uma extensão maior (60 to
80%) que as proteínas de concentrados ou
de sub-produtos industriais (20 to 60%).
Uma porção das proteínas bacterianas é
quebrada no rúmen, mas a maioria vai par
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
18
Figura 1: O metabolismo de proteína em bovinos de leite.
5—Metabolismo de Proteína em Bovinos de Leite
19
Aproximadamente 60% dos aminoácidos
absorvidos no intestino delgado têm
origem bacteriana, e os restantes 40% vem
das proteínas não degradadas no rúmen.
A composição proteica da bacteria é
relativamente constante e não depende da
composição proteica que o animal esta
ingerindo. Todos os aminoácidos, incluindo
os aminoácidos essenciais, estão presentes
nas proteínas bacterianas em uma
proporção muito próxima da ideal para a
produção de leite. Portanto, o processo de
conversão da proteína da dieta em proteína
bacteriana é normalmente benéfica para o
animal. A única excessão acontece quando
uma proteína de alta qualidade é fornecida
para o animal, porém, devido a uma
possível falta de energia fermentável, a
amônia produzida no rúmen não pode ser
utilizada.
PROTEÍNA NAS FEZES
Cerca de 80% das proteínas que chegam
no intestino delgado são digerídas, mas o
restante se transforma em fezes. Outras
importantes fontes de proteína nas fezes
consistem de enzimas que foram secretadas
no intestino durante a digestão e também
pela rápida reposição das células da parede
intestinal (proteína metabólica das fezes).
Em média, para cada 1 kg de matéria seca
ingerida pela vaca, cerca de 33 g de
proteínas corporais são perdidas pelo
intestino e são secretadas pelas fezes. As
fezes de ruminantes são ótimos fertilizantes
pois são ricos em matéria orgânica e em
partículas ricas em nitrogênio (2.2 to 2.6%
de nitrogênio ou o equivalente à 14 to 16%
de proteína bruta) comparado com as fezes
de animais não ruminantes.
METABOLISMO HEPÁTICO
E O CICLO DA URÉIA
Quando acontece uma falta de energia
fermentável, ou quando a porcentagem de
proteína bruta da dieta é excessiva ou
altamente degradável, nem toda a amônia
produzida no rúmen é convertida em
proteína microbiana. Esta amônia que esta
em altas concentrações no rúmen atravessa
a parede ruminal e é transportada para o
fígado. O fígado converte a amônia em
uréia, a qual vai para a corrente sanguínea.
A uréia no sangue pode seguir as seguintes
vias:
1) Ela pode retornar ao rúmen pela saliva
ou mesmo pela parede ruminal.
2) Pode ser excretada na urina pelos
rims.
Quando a uréia retorna ao rúmen, ela é
convertida em amônia e serve como fonte
de nitrogênio para a flora ruminal.
Obviamente, a uréia que vai para a urina é
perdida. Em dietas com baixos níveis de
proteína bruta, a maioria da uréia é
reciclada e muito pouco se perde na urina.
Contudo, com o aumento progressivo de
proteína na dieta, menos uréia será
reciclada e uma maior quantidade de uréia
será excretada na urina.
A SÍNTESE DAS PROTEÍNAS DO LEITE
Durante a lactação, a glândula mamária
necessita de grande quantidade de
aminoácidos para a síntese do leite. O
metabolismo de aminoácidos na glândula
mamária é extremamente complexo. Os
aminoácidos podem ser convetidos em
outros aminoácidos, ou podem ser
oxidados para a síntese de energia. A
maioria dos aminoácidos absorvidos pela
Tabela 1: Composição (%) e digestibilidade de
nitrogênio intestinal (%) da flora ruminal.1
Bactéria
Média Intervalo
Proto-
zoário
Proteína 47.5 38–55 —
Ácidos
nucleicos2
27.6 — —
Lipídeos 7.0 4–25 —
Carboidratos 11.5 6–23 —
Peptidoglicam3 2.0 — —
Minerais 4.4 — —
Proteína bruta 62.5 31–78 24–49
Digestibilidade 71.0 44–86 76–85
1Adaptado de “Nutritional Ecology of the ruminant”.
1982. O & B Books Inc., 1215 NW Kline Place, Oregon
97330.
2Ácido nucleico = material genético.
3Peptidoglicam = estrutura complexa da parede
bacteriana.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
20
glândula mamária são usados na síntese
das proteínas do leite. Cada kg de leite
contém cerca de 30 g de proteína; contudo,
existe uma grande variação entre animais e
também entre raças. Cerca de 90% das
proteínas do leite é caseína. Existem vários
tipos de caseínas (Tabela 2) e elas
contribuem para o alto valor nutritivo de
muitos produtos derivados do leite. As
proteínas do soro também são sintetizadas
a partir de aminoácidos na glândula
mamária. A enzima α -Lactalbumina é
essencial na síntese de lactose e a
β−lactoglobulina é importante na formação
do coalho durante a produção do queijo.
Alg u m a s prote í n a s d o l e i t e
(imunoglobulinas) têm um importante
papel na resistência do bezerro recém
nascido à doenças. As imunoglobulinas,
que se encontram em alta concentração no
colostro, são absorvidas diretamente do
sangue e, deste modo, elas não são
sintetizadas na glândula mamária.
O leite contémmuito pouco nitrogênio
não proteico (ex: uréia: 0.08 g/kg).
Tabela 2: Principais proteínas encontradas
no leite normal das vacas.
Proteína Concentração (g/kg)
Caseínas
α-caseína 14.0
β-caseína 6.2
κ-caseína 3.7
γ-caseína 1.2
Proteínas do soro
Imunoglobulinas1 0.6
α-Lactalbumina 0.7
β-Lactoglobulina 0.3
1Podem aumentar dramaticamente durante a
mastite.
FONTES DE NIOTROGÊNIO PROTEICO
E NÃO PROTEICO NAS DIETAS
DE VACAS DE LEITE
As recomendações das concentrações de
proteína bruta em dietas para vacas de leite
variam de 12% (para uma vaca seca) a 18%
(para uma vaca em início de lactação). Uma
dieta com 16% de proteína é recomendada
para animais produzindo de 20 a 25 kg de
leite por dia, sendo que a maioria das
forragens e concentrados são boas fontes de
proteína. Contudo, com o aumento da
produção de leite, a síntese de proteínas
pelas bactérias do rúmen se torna
insuficiênte, e fontes de proteína resistêntes
à degradação ruminal podem ser
necessárias para suprir as necessidades de
aminoácidos de animais de alta produção.
Alguns tipos de fontes proteicas resistentes
à degradação ruminal incluem resíduos de
cervejaria e proteínas de origem animal
(sub-produtos de matadouros, farinha de
peixe e farinha de pena).
Contudo, fonts de nitrogênio não proteica
podem ser utilizadas, especialmente
quando a ração têm menos de 12 a 13% de
proteína bruta. A uréia, provavelmente, é a
fonte mais popular de nitrogênio nas dietas
para gado leiteiro. Porém, ela deve ser
utilizada com cuidado, pois o excesso de
uréia pode levar a intoxicação do animal
por amônia. Os alimentos com alta energia,
baixa proteína e baixos níveis de nitrogênio
não proteico em sua constituição são boas
fontes alimentares a serem usadas na
suplementação animal em associação com a
uréia. Alguns exemplos destes alimentos
são os grãos de cereais, o melaço, a polpa
de beterraba, feno de gramíneas maduras e
silagem de milho. A uréia não deve ser
usada em associação com fonts alimentares
com rápida degração proteica. Alguns
exemplos são a farinha de soja, farinha de
canola, forragens de leguminosas e
gramíneas jovens. Além disso, a
suplementação com uréia não deve exceder
150 a 200 g/vaca/dia, e deve ser misturada
com outros alimentos para aumentar sua
palatabilidade. A uréia deve ser adicionada
progressivamente aos animais, para que
eles se adaptem ao aumento de nirogênio
não proteico na dieta. 
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
21
6) ALIMENTOS PARA BOVINOS DE LEITE
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
W. Terry Howard
Department of Dairy Science
INTRODUÇÃO
Em geral, os alimentos são classificados e
uma das seguintes categorias:
• Forragens;
• Concentrados (alimentos energéticos ou
proteicos);
• Minerais e vitaminas.
Esta classificação é um meio conveniênte
de agrupar alimentos, contudo é um pouco
arbitrária. A classificação dos alimentos não
é tão importânte quanto o conhecimento da
disponibilidade destes alimentos, o seu
valor nutritivo, e os fatores que podem
afetar sua utilização em uma ração.
FORRAGENS
Em geral, forragens são as partes
vegetativas de uma planta que contém uma
alta concentração de fibras (mais de 30% de
fibra detergente neutra). Elas tem que ter
um tamanho mínimo (pelo menos 2.5 cm)
para a estimulação física do rúmen e correta
função ruminal.
Normalmente, as forragens são cultivadas
na própria fazenda. Ela pode ser servida em
um sistema de pastejo ou em forma de silo
ou feno. Dependendo do estágio de
lactação das vacas, as forragens devem
contribuir com cerca de 100% da matéria
seca do alimeto (para vacas secas); ou com
cerca de 35% da matéria seca (para vacas no
início de lactação). As características das
forragens são:
• Volume: O tipo de volumoso pode
limitar a capacidade de ingestão da
vaca. A ingestão de energia e a
produção de leite de uma vaca pode
ser afetada pela alta quantidade de
fibra em uma dieta. Contudo,
alimentos com fibra são essenciais
para a estimulação ruminal e para a
manutenção da saúde do animal.
• Alta fibra e baixa energia: As
forragens podem conter de 30 a 90%
de fibras (fibra detergente neutra). Em
geral, a quantidade de fibra em uma
forragem é inversamente proporcional
à sua quantidade de energia.
• Variação de proteína: Dependendo do
seu estágio de maturação, os legumes
podem conter de 15 a 23% de proteína
bruta; gramíneas tipicamente contém
de 8 a 18% de proteína bruta
(dependendo da quantidade de
nitrogênio na adubação), e resíduos de
culturas têm somente 3 a 4% de
proteína bruta (palha).
Em um ponto de vista nutricional, as
forragens podem ser alimentos muito
nutritivos (gramíneas novas, leguminosas
no seu estágio vegetativo) ou mesmo
alimentos pouco nutritivos (palhas).
Gramíneas e leguminosas
Uma forragem de alta qualidade pode
fazer parte de dois terços da material seca
de uma ração; e as vacas podem estar
comendo de 2.5 a 3% do seu peso vivo em
matéria seca vinda da forragem (por
exemplo, uma vaca de 600 kg, pode comer
de 15 a 18 kg de matéria seca vinda de uma
boa forragem). As vacas normalmente
comem mais leguminosas que gramíneas se
ambas estiverem em um mesmo estágio de
maturação. Contudo, forragens de boa
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
22
qualidade oferecidas nas dietas balanceadas
vão suprir a maioria das necessidades de
proteína e energia necessárias para a
produção de leite.
As condições climaticas e a qualidade do
solo determinam o tipo de forragem
cultivada em uma determinada região.
Gramíneas e leguminosas são amplamente
cultivadas em todo o mundo. As gramíneas
precisam de fertilizantes nitrogenados e
umidade para um desenvolvimento ideal.
Contudo, as leguminosas são mais
resistentes em climas mais áridos. Além
disso, as leguminosas podem adicionar
cerca de 200 kg de nitrogênio/ano/hectare
no solo, pois estas plantas vivem em
associação com bactérias que convertem
nitrogênio do ar em nitrogênio para
fertilização do solo.
O valor alimentar das forragens depende
do estágio de crescimento da planta na
ocasião da colheita ou do pastejo. As fases
do crescimento de uma planta podem ser
divididos da seguinte maneira:
1) Estágio vegetativo;
2) Estágio de Floração;
3) Estágio de formação de sementes.
Normalmente, o valor alimentar de uma
forragem é maior durante a fase vegetativa
e menor durante o estágio de formação de
sementes.
Com o aumento da maturidade da planta a
concentração de proteína, energia, cálcio,
fósforo, e de matéria seca degradável
diminui; porém, a quantidade de fibras
aumenta. A quantidade de lignina aumenta
juntamente com o aumento da quantidade
de fibra no alimento. A lignina não é
digerível e torna indisponível os
carboidratos que estão no interior das
fibras. Como consequência, o valor
energético das forragens diminui.
Portanto, quando as forragens são
plantadas para a alimentação de bovinos,
elas devem ser colhidas em estágios iniciais
de desenvolvimento. O milho e o sorgo
quando plantados para fins de ensilagem
são excessão pois juntamente com a
diminuição do valor nutritivo das partes
vegetativas da planta (caules e folhas)
durante a formação das sementes, occorre
um acúmulo de amido nos grãos.
A maxima produção de materia seca
digestível de uma forragem é obtida:
• Em estágios intermediários de
maturidade para gramíneas;
• Um pouco após o estado intermediário
para leguminosas;
• Antes da espiga estar completamente
cheia de grãos para o milho e o sorgo.
Depois que a planta já esta
excessivamente madura não existem muitas
opções de manejo para prevenir a perda do
seu valor nutritivo. Cada dia de atraso
depois do ótimo estágio de maturidade
pode afetar a produção de leite dos animais
que estão ingerindo a forragem. Contudo,várias estratégias podem ser utilizadas para
manter a forragem com um bom valor
nutritivo:
1) Desenvolver um esquema de pastejo
que adeque o número de animais em
pastejo com a taxa de crescimento das
gramíneas;
2) Consócio de gramíneas e leguminosas
com diferentes taxas de crescimento e
maturidade;
3) Colheita das forragens em um estágio
inicial de desenvolvimento e preserva-
las em forma de silo ou feno;
4) Fornecimento de forragem de baixo
valor nutritivo para vacas secas e
vacas em final de lactação, e forragens
de alto valor nutricional para vacas em
início de lactação.
Resíduos de cultivo e outros alimentos
de baixo valor nutricional
Os resíduos de cultivo são as partes das
plantas que ficam no campo depois da
colheita (ex: palhada de milho, aveia,
bagaço de cana). Os resíduos de plantio
podem ser utilizados para o pastejo,
processados como alimento pré-secado, ou
mesmo ensilados. Algumas características
dos resíduos de plantio são:
• Volumoso de baixo custo;
• Alta porcentagem de fibra não
digerível devido a alta concentração
de lignina nas fibras (tratamentos
6—Alimentos para Bovinos de Leites
23
químicos podem ser utilizados para
aumentar seu valor alimentar);
• Pobre em proteína;
• Proteínas e minerais precisam ser
supplementados;
• Precisam ser bem picados na ocasião
da colheita ou alimentação;
• Devem ser adicionados à dieta de
animais com baixos requerimentos
nutricionais como por exemplo em
vacas secas.
CONCENTRADOS
A palavra “concentrado” é difícil de ser
definida. Contudo, mas este termo pode ser
descrito pelas suas características
alimentares e pelos seus efeitos na função
ruminal. Normalmente, os concentrados
têm as seguintes características:
• Eles têm baixa porcentagem de fibras
e alta quantidade de energia.
• Eles podem ter uma alta ou baixa
quantidade de proteína. Os cereais
contém <12% de proteína bruta, grãos
de oleaginosas (soja, algodão,
amendoim), classificados como
alimentos proteicos, podem conter
> 50% de proteína bruta.
• Eles têm uma alta palatabilidade e
normalmente são ingeridos
rapidamente pelo animal. Ao contrário
de volumosos, os concentrados são
alimentos que normalmente têm um
volume pequeno por unidade de peso
(alta densidade).
• Ao contrário de forragens, eles não
estimulam a ruminação.
• Eles normalmente fermentam mais
rapidamente que forragens no rúmen
e, deste modo, aumentam a acidez
(redução do pH) ruminal, o que pode
impedir a fermentação ruminal
normal.
• Se presentes em 60 to 70% do total da
dieta, podem causar problemas na
saúde do animal.
Vacas de leite de alto potencial genético
para produção de leite também altos
requerimentos de proteína e energia. Dado
que vacas podem comer uma quantidade
limitada de alimento por dia, uma
alimentação somente baseada em forragens
não consegue suprir os requerimentos de
energi a e proteína do animal.
Normalmente, os concentrados são
adicionados à dieta de vacas de leite para
fornecer energia e proteína suplementar e,
desta maneira, preencher os requerimentos
nutricionais destes animais. Portanto, os
concentrados são alimentos importantes
que possibilitam a formulação de dietas que
maximizam a produção de leite. Em geral, a
quantidade máxima de concentrado que
uma vaca deve receber por dia não deve ser
maior que 12 a 14 kg.
Exemplos de concentrados
• Grãos (cevada, milho, sorgo, arroz,
trigo) são os típicos alimentos de alta
energia para bovinos; contudo, estes grãos
possuem pouca proteína. Grãos quebrados
ou prensados são excelentes fontes de
carboidratos rapidamente fermentáveis
(amido), os quais aumentam a concentração
de energia quando incluídos em uma dieta.
Contudo, um excesso de grãos na dieta
(mais de 10 a 12 kg/vaca/dia) reduz o
tempo de mastigação, a função ruminal, e a
porcentagem de gordura no leite diminui.
Os vários sub-produtos originados do
processamento industrial de grãos têm
valores nutritivos variados:
• A Protenose é obtida pela moagem
úmida do grão de milho. É uma excelente
fonte de proteína (40 to 60%) e enrgia.
Glúten de milho, outro sub-produto da
produção de milho, contém menos proteína
e mais fibra. Alguns de grãos (arroz, trigo)
aumentam a fibra de uma dieta e contém 14
a 17% de proteína. O trigo é uma boa fonte
de fósforo e ajuda a regular a função
intestinal. A casca de alguns cereais
(cevada, aveia, arroz) contém somente 3 a
4% de proteína, mas 85 a 90% de fibra não
digerível.
• Sub-produtos de cervejaria
originados de grãos cereais são uma boa
fonte de carboidratos de degradação lenta e
proteínas (20 a 30%). O malte (parte
germinativa da cevada) têm um gosto
amargo e são normalmente misturados com
outros alimentos.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
24
• Raizes e tubérculos (cenoura,
beterraba, batata) são normalmente
palatáveis, boa fonte de carboidratos
rapidamente fermentáveis (energia), mas
com pouca proteína (menos de 10%).
• Sub-produtos da indústria
açucareira (melaço, polpa de beterraba)
normalmente possuem altas porcentagens
de fibras gigestíveis (polpa de beterraba) ou
açucares simples (melaço) que podem
torna-los alimentos bastante palatáveis.
• Algumas plantas possuem altas
concentrações de gordura em suas
sementes (oleaginosas) . Muitas delas
crescem em regiões tropicais e sub-tropicais
(soja, algodão), mas algumas crescem em
regiões temperadas (linhaça, canola, e
girassol). As sementes podem ser utilizadas
como um alimento de alta concentração
energética, mas elas normalmente contém
fatores anti-nutricionais. Os farelos de
grãos, produzidos depois da extração de
óleo das sementes, contém de 30 a 50% de
proteína e são utilizadas como fontes
proteicas para bovinos leiteiros (ex: farelo
de soja).
• Sementes de leguminosas (ex:
feijão) contém substâncias anti-nutricionais,
mas depois de corretamente processadas,
são boas fontes de energia e proteína.
• Proteína de origem animal (farinha
de carne, farinha de osso, farinha de pena,
farinha de peixe) são produtos que resistem
a fermentação ruminal, e podem ser boas
fontes de cálcio e fósforo. Estes produtos
devem ser manuseados adequadamente
para se evitar riscos de infecções
bacterianas. O soro de leite, um sub-
produto de laticíneos, contém altas
quantidades de açucar do leite (lactose) e
algumas proteínas e minerais. Porém, estes
nutriêntes podem estar muito diluídos se o
soro não estiver desidratado.
MINERAIS E VITAMINAS
Minerais e vitaminas são muito
importantes na nutrição de um animal. Por
exemplo, a febre do leite que normalmente
acontece no início da lactação é causado
devido a um desbalânço no metabolismo de
cácio. O fósforo é necessário para a alta
fertilidade de um rebanho. Deficiências
nutricionais podem acaretar em grandes
prejuízos financeiros. Em vacas de leite em
lactação, os macro minerais mais
importantes são o cloreto de sódio (NaCl), o
cálcio (Ca), o fósforo (P), em algumas vezes
o potássio (K), o magnésio (Mg) e o enxofre
(S). Além disso, a maioria dos
microminerais (ex: iodo, selênio) são
necessários para a maximização da
produção e reprodução. As pequenas
quantida d e s d e m i crominerais
normalmente necessárias nas rações para
vacas de leite são normalmente incluídas no
“pre-mix” de concentrados ou em sais
fortificantes.
Todos os alimentos, com exceção da uréia
e da gordura, contém quantidades
limitadas de minerais. Os legumes possuem
mais cálcio que as gramíneas; portanto, as
dietas baseadas em leguminosas necessitam
de menos cálcio suplementar. O melaço é
rico em cálcio e a farinha de osso é uma boa
fonte de cálcio e fósforo. O sal (cloreto de
sódio) é um suplemento mineral que pode
ser oferecido a vontade para as vacas. Uma
mistura mineral contendo cálcio, fósforo, ou
ambos (ex: fosfato dicalcico) pode ser
necessário dependendo dos componentes
da dieta. As forragens verdesnormalmente
contém baixos níveis de fósforo quando
comparado com a necessidade das vacas. A
silagem de milho contém baixos níveis de
cálcio e fósforo e ambos minerais devem ser
suplementados ao se utilizar silagem de
milho na dieta. A quantidade de mistura
mineral necessária nas dietas normalmente
é de 0 a 150 g/vaca/dia.
As vitaminas A, D e E são muito
importantes. A suplementação com
vitamina A é importante em regiões com
invernos longos ou em locais de seca
prolongada. Os micróbios do rúmen
sintetizam vitaminas do complexo B, a
vitamina C, e a vitamina K. Portanto, estas
vitaminas normalmente não são necessárias
nas dietas. 
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
25
7) GUIA DE ALIMENTOS CONCENTRADOS
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
W. Terry Howard
Department of Dairy Science
A DIETA BALANCEADA
De um ponto de vista prático, para o
correto balanceamento das dietas as três
perguntas a seguir devem ser respondidas.
1) Quais são as quantidades de
forragem e concentrado que devem ser
oferecidas para que o suprimento de
energia para a vaca seja adequado? As
forragens são normalmente oferecidas sem
restições, e a quantidade de concentrado
necessário na dieta depende de diferentes
fatores (veja Tabela 1):
• Qualidade da forragem. A quantidade
de energia presente em uma forragem
madura é menor que a quantidade de
energia presente em uma forragem na sua
fase vegetativa (imatura). Portanto, mais
concentrado sera necessário em dietas que
se baseiam em forragens maduras.
• Necessidade energética da vaca . A
demanda energética da vaca aumenta com
o aumento na produção de leite. A
quantidade necessária de concentrado será
maior para vacas de alta produção que para
vacas de baixa produção.
Uma vaca seca deve ingerir uma dieta
com 90 a 100% de forragem (0 a 10% de
concentrado). Porém, uma vaca de alta
produção no início da lactação vai precisar
de uma dieta com 40 a 45% de forragem (55
a 60% de concentrado).
2) Qual deve ser a concentração proteica
do concentrado para que esta possa
fornecer a quantidade ideal de proteína na
dieta? A quantidade de proteína bruta
necessária no concentrado depende do tipo
de forragem que esta sendo oferecida.
Forragens com alta porcentagem de
proteína bruta como é o caso das
leguminosas, pode ser combinada com um
concentrado com baixa proteína bruta.
Contudo, uma gramínea com baixa
proteína bruta precisa ser combinada com
um concentrado com altas concentrações de
proteína para que a dieta seja adequada
(veja Tabela 2).
3) Que tipo de suplemento mineral deve
ser usado e quanto deve ser oferecido? O
sal (NaCl) e o fosfato de cálcio podem ser
oferecidos ad libitum . Contudo, é mais
indicado ajustar o tipo e a quantidade de
mineral na dieta com as necessidades do
animal. A quantidade de mineral que deve
ser suplementado na dieta depende dos
seguintes fatores:
• Tipo de forragem da d i e t a . As
leguminosas são ricas em cálcio e, deste
modo, dietas baseadas em leguminosas
precisam de menos suplementação com
cálcio se comparado com dietas baseadas
em gramíneas.
• A quantidade de concentrado na
dieta. Normalmente, os concentrados têm
baixas concentrações de minerais. Portanto,
maior será a necessidade de suplementação
mineral com o aumento da quantidade de
concentrado na dieta.
• As necessidades minerais da vaca.
Para a manutenção, uma vaca precisa de 30
a 50 g de cálcio e de 10 a 30 g fósforo por
dia. Cada kg de leite são necessários cerca
de 3 g de cálcio e 2 g de fósforo.
Quando uma dieta é baseada em
forragens de alta ou média qualidades, uma
certa quantidade de fósforo (0 a 150 g/
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
26
vaca/dia) pode ser necessária. Contudo, em
dietas com forragens de baixa qualidade ou
com o uso da silagem de milho, o cálcio e o
fósforo serão necessários na suplementação
(50 to 200 g/vaca/dia).
Dependendo da composição de minerias
traços e da mistura vitamínica disponível, a
quantidade de suplementação pode variar
de 10 a 25 g/vaca/dia.
QUANTIDADE DE CONCENTRADO QUE
DEVE SER OFERECIDA
A Tabela 1 mostra um resumo das
quantidades de concentrado que devem ser
Tabela 1: Suplementação mineral para várias categories de produção leiteira para vacas
alimentadas com forragens de baixa, média ou alta qualidade.1
Produção de leite Vaca de 600 kg Vaca de 500 kg
Qualidade da forragem: Gordura no leite (%) Gordura no leite (%)
Baixa2 Média3 Alta4 3.0 3.5 4.0 4.0 4.5 5.0 5.5
— 4 13 — — — — — — —
— 6 15 — — — 0.5 0.7 0.8 1.0
— 8 17 0.2 0.5 0.7 1.3 1.6 1.8 2.0
2 10 19 1.0 1.2 1.5 2.2 2.5 2.7 3.0
4 12 21 1.7 2.0 2.4 3.0 3.4 3.7 4.0
6 14 23 2.4 2.8 3.2 3.9 4.3 4.6 5.0
8 16 25 3.2 3.6 4.0 4.7 5.1 5.6 6.0
10 18 27 3.9 4.4 4.9 5.6 6.0 6.5 7.0
12 20 29 4.6 5.2 5.7 6.4 6.9 7.5 8.0
14 22 31 5.4 6.0 6.6 7.2 7.8 8.4 9.0
16 24 33 6.1 6.8 7.4 8.1 8.7 9.4 10.1
18 26 35 6.8 7.5 8.3 8.9 9.6 10.3 11.1
20 28 37 7.6 8.3 9.1 9.8 10.5 11.3 12.15
22 30 39 8.3 9.1 9.9 10.6 11.4 12.2 13.1
24 32 41 9.0 9.9 10.8 11.4 12.3 13.2 14.1
26 34 43 9.8 10.7 11.6 12.3 13.2 14.1 15.1
28 36 45 10.5 11.5 12.5 13.1 14.1 15.1 16.1
30 38 47 11.2 12.3 13.3 14.0 15.0 16.0 17.1
32 40 49 11.9 13.0 14.1 14.8 15.9 17.0 —
1 Foi assumida uma concentração energética no concentrado de 1.75 Mcal NEl/kg de matéria seca (MS). A
quantidade de energia na mistura de concentrados pode ser de apenas 1.5 Mcal NEl/kg MS se este conter
quantidades significativas de alimentos com baixa energiacomo por exemplo o bagaço de cana. Neste caso, a
proporção de concentrado na dieta deve ser aumentado em 15%. Contudo, a quantidade de energia no
concentrado pode ser alta e de 1.9 Mcal NEl/kg MS quando esta incluir apenas alimentos com alta energia como
grão de cereais e milho. Neste caso, a oferta de concentrado pode ser diminuído em 8%.
2 Baixa: vacas ingerindo 1.5% do seu peso corporal (ex: 9 kg MS para uma vaca de 600 kg) de uma forragem de
qualidade baixa (ex: palha) contendo 0.9 Mcal NEl/kg MS.
3 Média: Vacas ingerindo 2.0% do seu peso corporal (ex: 12 kg de MS de forragem para uma vaca de 600 kg) de
uma forragem de média qualidade (ex: gramínea em estado médio de maturação) contendo 1.2 Mcal NEl/kg
MS.
4 Alta: Vacas ingerindo 2.5% do seu peso corporal (ex: 15 kg de MS de forragem para uma vaca de 600 kg) de uma
forragem de alta qualidade (ex: leguminosas em estágios iniciais de maturidade) contendo 1.45 Mcal NEl/kg
MS.
5 Um maior cuidado deve ser tomado ao se fornecer as quantidades de concentrado na área sombreada pelos
possíveis problemas de saúde como indigestão, acidose ruminal, diminuição da porcentagem de gordura no
leite, etc.
7—Guia de Alimentos Concentrados
27
oferecidas para vacas de leite. Os
concentrados s ã o alimentos que
suplementam a energia e a proteína em
uma dieta baseada em pastejo, feno ou
silagem. Normalmente mais de um tipo de
ingrediente concentrado é necessário da
dieta. Os concentrados podem ser
oferecidos separadamente ou misturados
com as forragens.
Como indicado acima, a quantidade de
concentrado necessária para cada vaca em
particular depended a produção de leite e
da qualidade da forragem. A Tabela 1
indica a quantidade de alimento a ser
oferecida de acordo com a produção de leite
e do tipo de forragem que esta sendo
oferecida. Os cálculos assumem que não há
restrição na quantidade de forragem que
esta sendo oferecida. Para utilizar a Tabela
1, primeiro estime qual das três colunas
com o título “produção de leite quando a
forragem é” (primeiras três colunas no lado
esquerdo da tabela) e identifique a
qualidade da forragem oferecida.
Identifique nesta coluna a quantidade de
leite produzida pela vaca. Em seguida,
identifique na linha horizontal dos números
da tabela até que você encontre o pesocorporal e a porcentagem de gordura mais
adequados. O número encontrado
representa a quantidade de concentrado
que deve ser oferecida diariamente. Por
exemplo, uma vaca com 600 kg, que se
aliemta de uma forragem de alta qualidade
e produz 23 kg de leite com 4% de gordura
deve receber 3.2 kg de concentrado por dia.
A Tabela 1 também indica se a forragem
muda de alta para média qualidade e a
quantidade de concentrado permanece a
mesma. Neste caso, a produção de leite
diminuiria para 14 kg/dia. Contudo, uma
produção de leite de 23 kg/dia, pode ser
obtida com uma forragem de média
qualidade se a quantidade de concentrado é
aumentada de 3.2 kg para 7.0 kg por dia.
INGREDIENTES E PORCENTAGENS DE
PROTEÍNA NAS MISTURAS DE
CONCENTRADOS
Saber a quantidade de concentrado que
deve ser fornecida é muito importante.
Contudo, determinar a porcentagem de
proteína bruta na mistura de concentrado
pode ser ainda mais importante. A Tabela 2
mostra as porcentagens desejadas de
proteína na mistura de concentrados para
vacas que são alimentadas com diferentes
tipos de forragens. Na parte superior da
Tabela 2 podemos encontrar exemplos de
diferentes categorias de concentrado
dependendo da concentração de proteína
bruta1.
Quando a forragem é uma leguminosa em
estágios iniciais de maturidade, ou uma
gramínea bem fertilizada em estágios
iniciais de maturidade, ou uma mistura dos
dois, a proteína bruta na mistura de
concentrados pode ser de 12 a 14%.
Contudo, a taxa de proteína bruta na
palnata diminui com o aumento da
maturidade da planta, deste modo, a
porcentagem de proteína bruta do
concentrado precisa ser aumentada para 15
a 18%. Finalmente, para dietas que se
baseiam em forragens de baixa qualidade, a
proteína bruta da mistura de concentrados
deve ser de 18 a 23%. Na parte inferior da
Tabela 2 podemos encontrar alguns
exemplos das quantidades de ingredientes
necessários para se obter 1.000 kg da
mistura de concentrados com a
concentração desejada de proteína bruta.
Por exemplo, uma mistura de concentrados
com 14% de proteína bruta pode ser
preparada misturando-se 600, 200 e 200 kg
de concentrado com baixa categoria, médio-
baixa categoria, e médio-alta categoria,
respectivamente (Tabela 2).
 
1Para mais informações sobre concentrados consulte
o seguinte guia técnico do Instituto Babcock:
“Nutrição e Alimentação”.
Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação
28
Tabela 2. Exemplos de misturas de concentrados com níveis adequados de proteína bruta,
fornecida aos animais em combinação com diferentes forragens.
Instituto Babcock para Pesquisa 
e Desenvolvimento da Pecuária 
Leiteira Internacional
University of Wisconsin-Madison
Essenciais em 
Gado de Leite
29
8) A FUNÇÃO REPRODUTIVA
DA VACA LEITEIRA
Michel A. Wattiaux
Babcock Institute
O TRATO REPRODUTIVO DA VACA
O trato reprodutivo da vaca está
localizado acima do reto—o último
segmento do intestino grosso (Figura 1). A
maioria das partes do trato reprodutivo
podem ser examinadas indiretamente com
o braço no interioir do reto (palpação retal):
• A cérvix pode ser manipulada durante
a inseminação artificial;
• Os folículos e o corpo lúteo podem ser
identificado nos ovários;
• A presença de um embrião em
crescimento no útero pode ser
detectada.
O útero, o oviduto e os ovários estão
suspendidos na cavidade corporal por um
ligamento grande. A posição deste
ligamento permite que o útero acomode
um feto em crescimento.
Vagina
A vagina é um tubo achatado, com
aproximadamente 30 cm de comprimento.
É o sítio de deposição do sêmen durante a
monta natural. A vagina funciona como um
canal de passagem para os instrumentos
usados na inseminação artificial e para a
saída do bezerro.
Cérvix
A cérvix é um forte músculo de
aproximadamente 10 cm de comprimento e
de 2.5 a 5 cm de diâmetro. No centro da
cérvix existe um estreito canal (Figura 1).
Este canal geralmente se encontra fechado
(e selado durante a prenhez) exceto durante
o cio e na ocasião do parto. A cérvix é
muito eficiênte e funciona como uma
“barreira” que previne a entrada no útero
de qualquer material estranho e, deste
modo, isola o útero do ambiênte exterior.
Útero
O útero faz parte do trato reprodutivo
onde se localiza o bezerro em crescimento.
Em uma vaca vazia, o corpo do útero têm
menos de 5 centímetros de comprimento, e
têm dois cornos (esquerdo e direito) que se
curvam como os chifres de um carneiro
(Figura 1). O útero é um orgão muscular
com capacidade de se expandir
enormemente para acomodar o bezerro
em crescimento. No final da gestação, o
útero contêm um bezerro de 35 a 40 kg, 20
a 30 kg de líquidos, e 5 kg de tecido
placentário. Depois do parto, o útero e
outras partes adjacentes levam cerca de 40
Figura 1: Trato reprodutivo da vaca.
Essenciais em Gado de Leite—Reprodução e Melhoramento Genético
30
dias para voltar ao seu tamanho normal
(este processo é chamado de involução).
Oviduto
Os ovidutos são dois tubos (um para cada
ovário) que ligam os ovários ao útero; eles
têm mais de 20 cm de comprimento e
somente 0.6 cm de diâmetro. A porção final
de cada oviduto se abre numa estrutura em
forma de funil (infundíbulo); esta estrutura
captura o óvulo que é ejetado do ovário
durante a ovulação. A fertilização, ou a
união do óvulo com o espermatozóide,
ocorre no oviduto. O embrião fica no
oviduto por 3 a 4 dias antes de cair no
útero. Este período de tempo é necessário,
pois o útero precisa se preparar para
receber o embrião em desenvolvimento.
Ovário
Em uma vaca vazia, os ovários são de
formato oval (no formato de um ovo), com
cerca de 4 a 6 cm de comprimento e 2 a 4
cm de diâmetro. As principais funções do
ovário são:
• Produzir um ovo maduro ou óvulo a
cada 21 dias quando a vaca
esta ciclando normalmente;
• Secretar hormônios que:
—Controlam o crescimento do
ovo dentro do ovário;
—Mudam o comportamento
da vaca durante o cio;
—Preparam o trato
reprodutivo para uma
possível prenhez.
Duas estruturas predominam na
superfície do ovário: o folículo que
contêm o óvulo em
desenvolvimento, ou o corpo lúteo
(corpo amarelo) que se desenvolve
a partir do que resta do folículo
após a ejeção do óvulo (ovulação).
Ovo ou óvulo
Ao contrário de todas as outras
células do corpo, cada ovo contêm
apenas uma cópia da informação
genética que existe nos
cromossomos das outras células. Os
ovos são encontrados nos ovários
antes do nascimento, mas a
maturação destes ovos começa com a
maturidade sexual durante a puberdade (12
a 14 meses de idade) e o início dos ciclos
estrais.
O ESTRO OU CIO
O intervalo entre dois cios têm em média
21 dias (Figura 2). O cio, ou estro, dura de 6
a 30 horas e é marcado por um período de
receptividade sexual (dia 1 do ciclo estral).
Fase folicular
No final do ciclo estral, o óvulo atinge a
maturidade, e está coberto por uma série
de camadas celulares e nos seus arredores
existem substâncias nutritivas. Esta
estrutura é chamada de folículo, o qual
secreta estrógeno, um hormônio que muda
o comportamento de uma vaca durante o
cio. Somente durante o cio a vaca permite
ser montada por um touro ou por outras
vacas. Durante o cio, o ovo e o folículo
atingem os estágios finais de maturação.
Na ovulação (12 horas depois do fim do
cio), o folículo “explode”, o ovo é ejetado
para o oviduto e as células remanescentes
Figura 2: O ciclo estral.
8—A Função Reprodutiva da Vaca Leiteira
31
no ovário começam a formar uma nova
estrutura chamada de corpo lúteo (CL). O
corpo lúteo secreta um hormônio chamado
progesterona que previne o completo
crescimento do folículo e é necessário para
a manutenção da prenhez.
Fase luteal ou do corpo lúteo
O desenvolvimento completo do corpo
lúteo demora cerca de 3 dias (dias 2 a 5 do
ciclo). Alguns folículos

Outros materiais