Buscar

Guia de Estudo Imunologia Veterinaria 20170313 1838

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
1 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
 
Este guia contém informações resumidas e organizadas de acordo com seqüência das aulas 
da disciplina Imunologia Veterinária do curso de medicina veterinária do Centro Universitário Vila 
Velha. Tem apenas o objetivo de servir como guia de estudo para os alunos do curso, sem de maneira 
alguma ser a única fonte de referência bibliográfica para o estudo de imunologia. Através do uso deste 
guia, os alunos podem acompanhar as aulas sem a necessidade de copiar as apresentações, 
dispensando anotações extensas e favorecendo a atenção ao que está sendo exposto pelo professor. 
Este guia também serve como base para o estudo regular de imunologia veterinária, sem 
dispensar o uso da bibliografia da disciplina, apenas mostrando os pontos de maior relevância dos 
assuntos abordados, permitindo ao aluno otimizar o tempo de estudo. A atualização deste guia será 
permanente e a disponibilização das versões atualizadas será na Internet, através do serviço de ftp do 
Centro Universitário Vila Velha. 
As fontes bibliográficas para a confecção deste guia estão contidas no plano de disciplina e 
são os livros: 
TIZARD, I. Imunologia Veterinária: Uma Introdução. 5a ed. São Paulo, Roca, 1996. 
ABBAS, A. K., LICHTMAN,A. H., POBER, J.S. Imunologia Celular e Molecular. 2ª ed. Rio de 
Janeiro, Revinter, 1998. 
ROITT,I.M., BROSTOFF, J., MALE,D.K., Imunologia. 5ª ed. São Paulo, Manole, 1999. 
 
Esperamos com este material, estar contribuindo para a formação profissional dos 
acadêmicos, tornando o estudo da imunologia algo agradável e desmistificado, permitindo ao aluno 
adquirir os conhecimentos necessários para a aplicação deste tema tão importante na prática médico-
veterinária. 
 
 
Marcelo Renan de Deus Santos 
Professor de Imunologia Veterinária 
 
 
Centro Universitário Vila Velha 
Vila Velha, março de 2000.
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
2 
1- Introdução à Imunologia Veterinária 
 
A imunologia é o ramo das ciências médicas que estuda o sistema imune ou seja o sistema de 
defesa do organismo, suas células, moléculas e funções. 
Os animais estão sujeitos constantemente ao contato com microorganismos patógenos ou 
não. Este contato seria sempre letal se não houvesse o sistema imune que promove o combate a 
estes microorganismos de maneira tanto inespecífica quanto específica. O sistema imune pode ser 
dividido em dois. O sistema imune inato, ou seja, o indivíduo já nasce com ele e o sistema imune 
adaptativo, que o indivíduo desenvolve à medida que vive. 
 O sistema imune inato é formado pelas barreiras naturais do organismo, como pele, pêlos, 
mucosas, fluxo de secreções, urina, vômito, diarréia, flora bacteriana normal e substâncias anti-
microbianas existentes nas secreções e no sangue Ex.: Lisozima, Proteína C Reativa, complemento, 
interferon, etc. A resposta imune inata é caracteristicamente inespecífica e assim é a ação das células 
que a produzem. Ex.: Macrófagos, neutrófilos. Desta maneira o organismo combate os 
microorganismos em vários níveis, bloqueando a sua entrada, aumentando a defesa nos locais de 
penetração ou de ação dos patógenos pela inflamação e atacando os microorganismos livres no 
sangue e tecidos através das substâncias anti-microbianas. 
 O sistema imune adaptativo é específico para cada microorganismo invasor e as respostas 
são direcionadas ao tipo de microorganismo e ao seu local de atuação. Sendo assim, os vírus, 
algumas bactérias e protozoários infectam células e para serem destruídos é necessário que se 
elimine as células infectadas. Esta resposta é chamada resposta imune celular ou citotóxica, e é 
desenvolvida por determinadas células. Já microorganismos extracelulares podem ser atacados 
diretamente, assim os anticorpos podem agir livremente sobre estes patógenos mediando a sua 
destruição pelas células do sistema inespecífico e pelo sistema complemento (resposta imune 
humoral). A resposta humoral é portanto específica para cada microorganismo e o organismo pode 
memorizar este microorganismo, melhorando a resposta em infecções subsequentes. 
 Todas estas respostas são efetuadas ou mediadas pelos leucócitos. Um grupo de células são 
os fagócitos poli e mononucleares (monócitos, macrófagos, neutrófilos, células de Langerhans). São 
capazes de se ligar ,englobar e destruir qualquer patógeno, sem muita distinção (resposta imune 
inata). Estas células formam a primeira linha de defesa do organismo. 
 Outro grupo são os linfócitos, que são as principais células da resposta imune adaptativa 
celular e humoral. São capazes de reconhecer especificamente um patógeno intra ou extracelular e 
produzir uma resposta adequada para cada tipo de patógeno. Existem vários tipos de linfócitos mas a 
princípio podemos dividi-los em linfócitos T (ou células T) e linfócitos B (células B). Os linfócitos B 
combatem os patógenos extracelulares e seus produtos através da produção dos anticorpos 
específicos contra cada patógeno. Os anticorpos são proteínas que se ligam especificamente a 
determinadas moléculas alvo dos microorganismos ou de seus produtos, os antígenos. Os linfócitos T 
tem uma função mais ampla. Um tipo auxilia no controle e na ativação dos linfócitos B, outros grupo 
auxilia na destruição dos microorganismos pelas células fagocitárias, e um terceiro grupo tem a 
capacidade de destruir células infectadas após as reconhecerem . 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
3 
 É importante salientar que existe uma grande interação entre os fagócitos e linfócitos. Alguns 
fagócitos após fagocitarem os microorganismos podem mostrá-los aos linfócitos no processo chamado 
de apresentação de antígeno, para que os linfócitos desenvolvam suas respostas. Já os linfócitos 
produzem substâncias que ativam os fagócitos, além dos anticorpos que podem ser usados pelos 
fagócitos para reconhecimento dos antígenos. Desta maneira, na prática observamos que os tipos de 
resposta imune não acontecem isoladamente, mas fazem parte de um complexo mecanismos inatos e 
adaptativos que culminam com a destruição do microorganismo invasor e sua eliminação do 
organismo. No início predominam os mecanismos inatos e posteriormente os adaptativos. Os linfócitos 
podem memorizar a estrutura do agente agressor e podem elaborar uma resposta melhor e mais 
rápida no caso de uma reinfecção. 
 
Células do Sistema Imune 
As RI são mediadas e efetuadas por uma variedade de células e moléculas. As células são 
predominantemente leucócitos, mas algumas células teciduais também atuam na RI, produzindo 
substâncias sinalizadoras ou respondendo às citocinas produzidas pelos linfócitos. 
Fagócitos: São células que possuem a capacidade de reconhecer, se ligar e englobar os 
agentes agressores. Podem ser mononucleares como os monócitos e macrófagos e 
polimorfonucleares como os neutrófilos. Estas células ficam estrategicamente distribuídas de maneira 
a se interporem à entrada dos agentes agressores no organismo. Por exemplo, as células de Kupffer 
no fígado são descendentes da mesma linhagem celular dos macrófagos e defendem este órgão, 
assim como as células de Langerhans na pele. As mononucleares podem fagocitar mais de uma 
partícula e respondem a estímulos químicos gerados pelos tecidos e pelos linfócitos. 
Os polimorfonucleares (neutrófilos) formam a primeira linha de defesa do organismo. Migram 
do sangue para as áreas afetadas (diapedese) e fagocitam prontamente os agentes agressores e os 
destroem, porém são destruídos neste processo.Linfócitos B e T: São responsáveis pelo reconhecimento específico dos antígenos e pelo 
desencadeamento das RI adaptativas. As células B quando encontram o antígeno específico são 
ativadas, se diferenciam em plasmócitos que são as células produtoras de anticorpos. Os linfócitos T 
podem ser LTh (auxiliares) ou LTc (citotóxicos). Os LTh produzem substâncias que são mediadoras 
das RI, ativando os outros linfócitos e outras células. Os LTc reconhecem células infectadas ou 
cancerosas e as destroem através de citocinas secretadas ou por contato direto. Existe ainda um 
grupo de linfócitos que são as células exterminadoras naturais (natural Killer) EN, que reconhecem 
alterações na membrana das células neoplásicas e as destroem. 
Eosinófilos: São células polimorfonucleares que possuem grânulos com capacidade de 
destruir helmintos. 
Basófilos e mastócitos: Possuem grânulos citoplasmáticos que contém substâncias 
mediadoras da inflamação e das respostas imunes. Os basófilos são circulantes e os mastócitos são 
teciduais. 
Plaquetas podem liberar mediadores da inflamação quando na trombogênese ou por 
complexos antígeno anticorpo. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
4 
Mediadores Solúveis da Imunidade 
Uma ampla variedade de moléculas estão envolvidas na resposta imune (anticorpos, 
citocinas, proteínas da fase aguda (PCR, interferon, Lisozima), Complemento, etc. 
Os anticorpos, PCR e complemento tem a capacidade opsonizante, ou seja, facilitam a 
fagocitose de microorganismos quando a eles ligadas. Além da opsonização o sistema complemento 
promove a lise de microorganismos e alguns de seus componentes tem efeito quimiotático. Além dos 
anticorpos, o complemento é o principal sistema de proteínas do sistema imune, tendo as funções 
acima descritas, que são complementares ao efeito protetor dos anticorpos. 
As células do SI comunicam-se entre si através de mediadores químicos, as citocinas. São 
peptídeos, proteínas ou glicoproteínas que funcionam como transmissoras de sinais de uma célula 
para outra, tendo funções específicas e sobrepostas. Os principais grupos são os Interferons (? , ?, ?) , 
que defendem o organismo contra vírus; Interleucinas ( 1 a 17), que são as citocinas produzidas pelos 
leucócitos envolvidas na indução da divisão e diferenciação dos leucócitos; os fatores estimuladores 
de colônias (CSFs), indutores do crescimento e multiplicação das células tronco e dos precursores 
celulares. Ainda existem outras citocinas como o Fator de Necrose Tumoral ? e ?, o fator ? de 
transformação de crescimento ou fator de crescimento tumoral (TGF?), importantes nas reações 
inflamatórias. 
Os anticorpos ou Imunoglobulinas são na verdade receptores de células B ou seja, moléculas 
de superfície dos Linfócitos B na forma solúvel, que são secretadas. Os anticorpos possuem a 
capacidade de ligarem-se apenas ao antígeno para o qual é específico, assim, as respostas imunes 
humorais são dirigidas para determinados antígenos. Os anticorpos possuem estruturas semelhantes 
porém uma região variável que gera a especificidade. Existem 5 classes de anticorpos (A, D, E, G, M) 
que possuem a mesma função porém funcionam em locais diferentes, e são dirigidas contra tipos de 
antígenos diferentes. Os anticorpos sozinhos em geral não lesam o patógenos, mas opsonizam o 
agente e ativam o complemento, mediando as ações de destruição do agressor. 
 Antígeno é qualquer molécula capaz de ser reconhecida pelo SI. Os anticorpos se ligam 
especificamente a determinadas regiões do antígeno chamadas epítopos. Um antígeno pode conter 
vários epítopos ou epítopos repetidos. Portanto os anticorpos não se ligam apenas a um ponto do 
microorganismo, mas este pode conter diversos antígenos com seus epítopos. 
As células T também reconhecem antígenos, porém ao invés de anticorpos de superfície 
existe outro tipo de receptor, o TCR. O TCR reconhece fragmentos de antígenos ligados a células 
infectadas ou apresentados a estes por células apresentadoras de antígenos como os macrófagos e 
Linfócitos B. As células do organismo possuem moléculas de superfície chamadas moléculas do 
Complexo de Histocompatibilidade Principal (CHP). É a estas moléculas que os antígenos ficam 
ligados para que possam ser reconhecidos pelos LT. O sistema imune se desenvolveu em função dos 
antígenos, para reconhecê-los, destruí-los e eliminar a fonte de sua produção. Uma vez eliminados os 
antígenos, as RIs são desativadas. 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
5 
As Respostas Imunes 
As respostas imunes são desencadeadas na presença de um antígeno, assim que este é 
reconhecido. O reconhecimento deste por um linfócito específico promove a ativação deste e a sua 
proliferação, chamada expansão clonal. A expansão clonal formará uma população de células de 
mesma especificidade e função além de células de memória, que reconhecerão o antígeno em um 
segundo contato. Estas células serão suficientes em número para montar uma resposta imune 
eficiente, seja ela humoral ou citotóxica. A especificidade das células B e T se dá por um fenômeno 
chamado seleção clonal que ocorre durante sua maturação no timo, medula óssea e Bursa de 
Fabricius. Como dito anteriormente, os anticorpos sozinhos não são efetivos na destruição dos 
microorganismos, mas compõe mecanismos que junto com outros componentes do SI eliminam o 
antígeno. Um dos mecanismos mais simples é a neutralização em que os anticorpos se ligam a 
regiões do patógeno impedindo determinadas funções, por exemplo, a adsorção dos vírus á células 
para sua infecção. Os anticorpos também facilitam a fagocitose através da ligação destes a receptores 
nos fagócitos, servindo como ponte entre o microorganismo e a células fagocítica. Uma vez fagocitada 
a partícula vai sofrer uma digestão no fagossomo. Dentro dos fagócitos também existem substâncias 
antimicrobianas. Os anticorpos também atuam ativando o sistema complemento, que possui 
componentes opsonizantes e quimiotáticos. 
Os linfócitos T possuem função citotóxica. Ao reconhecerem células infectadas, ou seja, 
células que expressem fragmentos do patógeno em sua superfície, os LT liberam citocinas que 
causam a destruição da célula infectada ou então entram em contato com a célula liberando 
substâncias no seu interior que provocarão a morte da célula por apoptose, ou seja morte celular 
programada. 
 As RIs estão diretamente relacionadas as reações inflamatórias, compartilhando elementos 
em comum como células e moléculas. Basicamente o efeito do acúmulo de células de defesa no local 
de infecção e suas ações e substâncias produzidas promovem a reação inflamatória. Nesta reação a 
produção de substâncias quimiotáticas promove o afluxo de mais células provenientes da corrente 
sanguínea como os neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Estas células saem dos vasos atravessando a 
parede endotelial (diapedese) e migram no tecido em direção ao local de lesão. 
 Existem diferenças nas respostas contra parasitas intra e extracelulares. A resposta contra 
parasitas extracelulares visa a sua neutralização e destruição de seus produtos através de anticorpos 
e seus efeitos como fagocitose. Neste tipo de resposta entram em ação as células B e os seus 
produtos. Quando o organismo é intracelular, o objetivo do sistema imune é bloquear a entrada deste 
microorganismo e destruir as células infectadas através das células T citotóxicas ou induzindo as 
células a destruírem os microorganismos em seu interior, como no caso da indução dos macrófagos 
pelos LT. Se o parasita tiver estágios intra e extracelulares, os mecanismos agirão em tempos 
diferentes, impedindoa infecção e destruindo as células infectadas. Estas considerações são 
importantes no desenvolvimento de vacinas eficientes. 
 O princípio das vacinas está ligado aos mecanismos básicos das respostas imunes 
adaptativas, especificidade e memória imunológica. O objetivo no desenvolvimento de vacinas é 
alterar os patógenos tornando-os menos patogênicos mas continuando imunogênicos para que 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
6 
possam ser usados como indutores da imunidade. A memória imunológica permitirá que à medida que 
o animal entre em contato como o patógeno por vezes seguidas a resposta seja maior, mais rápida e 
mais eficiente. 
 
Imunopatologia 
O sistema imune não é impecável e suas falhas em geral expõe o organismo a sensibilidade 
exagerada a patógenos ou às reações exageradas do SI, que são também nocivas. Existem portanto 
três situações em que o sistema imune se torna um problema: Reação inadequada a antígeno 
autólogos, ou seja, antígenos próprios (reumatismo, anemias auto-imunes, etc.). Resposta Imune 
ineficaz nas imunodeficiências (AIDS) e resposta imune exagerada nas hipersensibilidades (alergia). 
Existem situações em que o organismo responde normalmente, mas em ocasiões inconvenientes para 
a medicina moderna, como é o caso da rejeição a transplantes e transfusões de sangue. Estes 
problemas são um pequeno preço a se pagar em vista dos benefícios essenciais que o sistema imune 
traz ao organismo. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
7 
2- Células Envolvidas na Resposta Imune 
 
INTRODUÇÃO 
Evolução 
Fagócitos : Todos os animais. 
Células Linfóides : Vertebrados? especificidade 
Duas linhagens principais de diferenciação : 
linhagem linfóide ?produz linfócitos 
linhagem mielóide ?produz fagócitos e outras células; 
 
Dois tipos de linfócitos com funções diferentes : T e B. 
“Células nulas” não T, não B sem características de células T ou B e sua sequência de diferenciação 
não é definida; 
LT e B são morfologicamente idêntico. 
 
Os fagócitos são de dois tipos básicos : 
? monócitos; 
? Granulócitos polimorfonucleares: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. 
Existem células auxiliares derivadas da linhagem mielóide: ex. : mastócitos. 
 
Células APC: Internalizam, processam e apresentam antígenos. Linfócitos B, macrófagos, Céls. 
dendríticas. 
 
CÉLULAS LINFÓIDES 
Possuem receptores para antígenos específicos. 
Um em cada 100.000 linfócitos reage 
a um determinante antigênico. 
 
Seleção e expansão clonal: 
Produção: 10.000.000.000 / dia 
Células de memória: vida prolongada (anos). 
Linfócitos B 
Não são influenciados pelo timo. 
Sintetizam moléculas de imunoglobulina (receptores solúveis e de membrana) e se diferenciam 
em plasmócitos, e células de memória. São APC. 
Possuem 100.000 moléculas de Ig de superfície com a mesma especificidade. 
Plasmócitos e principalmente os linfócitos B de memória possuem vida longa, voltando a 
circular pelo organismo para fazer vigilância e são encontrados em centros germinativos, 
denominados células do centro folicular ou centroblastos. 
 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
8 
Linfócitos T 
Durante seu amadurecimento no timo os linfócitos T expressam diversos antígenos de 
diferenciação e tornam-se imunologicamente competentes e se dividem em subpopulações fenotípica 
e funcionalmente diferentes : 
? linfócitos T auxiliares ( Th ); 
? linfócitos T citotóxicos (Tc ); 
? linfócitos T supressores ( Ts ); 
? linfócitos T de hipersensibilidade tardia ( Tht ); 
Possuem diversos receptores de membrana específicos que permitem distingui-los dos 
linfócitos B, e as subpopulações. 
 Exemplo : Linfócitos T do camundongo: Marcadores (aloantígenos) Thy, TL,Lyt, L3T4 e Qa. 
Receptores de membrana : receptores de hemácias de carneiro, Fc e para histamina. 
 
Subpopulações de Linfócitos 
Linfócitos T auxiliares (LTh): facilitam a proliferação e diferenciação dos linfócitos B em 
plasmócitos e induzem os precursores dos linfócitos T a se diferenciarem em suas respectivas células 
efetoras. 
Linfócitos T supressores (LTs) : têm atividade oposta à dos LTh, suprimindo a resposta imune. 
A intensidade da resposta depende de um equilíbrio entre a atividade dos LTh e LTs. 
São encontrados em todo o sistema imune, inclusive no timo. São de vida relativamente curta. 
 
Reconhecimento do antígeno pelos linfócitos 
Linfócitos B reconhecem o antígeno livre. 
Linfócitos T só reconhecem e reagem com o antígeno quando este se localiza na membrana 
celular associado a glicoproteínas do CHP. 
 
 
APREENSÃO E PROCESSAMENTO DE MATERIAL ESTRANHO - FAGÒCITOS 
As células fagocitárias dos mamíferos pertencem a dois sistemas complementares: 
Mielóide: agem rapidamente mas são incapazes de um esforço prolongado; 
Fagocitário mononuclear: agem mais lentamente porém são capazes de fagocitose repetida e 
processam o antígeno para a resposta imunitária (APC). 
 
Sistema Mielóide 
Neutrófilos 
Principal tipo celular, é formado na medula óssea e passam pela corrente sanguínea ao 
migrarem para os tecidos. 
Funções : primeira linha de defesa. Destroem material estranho por fagocitose (quimiotaxia, 
aderência, ingestão e digestão no fagolisossomo). 
Não são APC. 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
9 
Eosinófilos 
Menos eficientes para a fagocitose que os neutrófilos. 
Especialmente adaptados para atacar e destruir larvas de helmintos e suas enzimas 
neutralizam os fatores inflamatórios liberados por mastócitos e basófilos, regulando a inflamação 
provocada por estas células. 
 
Basófilos 
Menos numerosas. Função semelhante à dos mastócitos, provocando inflamação aguda nos 
sítios de deposição de antígenos. 
 
Sistema Fagocítico Mononuclear 
Macrófagos 
Função: remoção de material estranho e restos celulares. 
Atividade fagocitária contínua e são APC. 
Monócitos: corrente sanguínea. 
Macrófagos maduros : histiócitos (tecido conectivo), células de Kupffer (fígado), micróglia (cérebro), 
macrófagos alveolares (pulmão). 
Principais populações: baço, medula óssea e linfonodos, em estreita associação com o 
endotélio sinusóide. Os neutrófilos encontram e atacam o material estranho primeiro e ao morrerem 
facilitam o acúmulo de macrófagos no sítio da invasão (quimiotaxia). Os monócitos secretam: 
componentes do Complemento, lisozima, antimicrobiana ), colagenase, elastase, ativadores do 
plasminogênio, (inflamação e cicatrização), glicoproteínas reguladoras (monocinas), interferon, 
interleucina 1, prostaglandinas, leucotrienos (regulação da resposta imune). 
 
Células Dendríticas 
Caracterizam-se por numerosos prolongamentos citoplasmáticos. Retêm o antígeno em sua 
membrana por longo período de tempo, tornando-o cerca de 10.000 vezes mais antigênico que o 
antígeno livre (depende de Ac). 
Exemplos: 
? células dendríticas do baço 
? células dendríticas dos linfonodos; 
? células interdigitais da medula do timo e das regiões timo-dependentes do baço e linfonodos; 
? células veladas da linfa aferente ; 
? células de Langerhans da pele; 
? Células dendríticas do baço e linfonodos: derivadas da medula óssea, independentes do timo, e 
não possuem receptores para Fc. 
Células interdigitais semelhantes aos macrófagos e aumentam em número após o estímulo 
antigênico. 
Células de Langerhans são células da pele com morfologia de células dendríticas. Possuem 
receptorespara Fc e C3b ( complemento ) e parecem representar um equivalente epidérmico dos 
macrófagos. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
10 
Células Nulas 
Não possuem características típicas dos linfócitos T ou B, mas a morfologia é compatível 
com a de uma célula linfóide. 
Célula citotóxica natural ou “Natural Killer” (NK): é capaz de lisar in vitro células tumorais, origina-
se da medula óssea e sua atividade é consideravelmente aumentada pelo interferon. Evidências 
sugerem que estas células são responsáveis pelo mecanismo da vigilância imune, hipótese pela qual 
as células linfóides eliminam continuamente células anormais. 
Célula citotóxica dependente de anticorpos (CCAD): a característica comum destas células é a 
presença de receptores para Fc da IgG, assim, o anticorpo funciona como uma ponte entre a célula 
citotóxica e a célula alvo ( pré-requisito para a Lise celular ). 
 
DESTINO DO MATERIAL ESTRANHO DENTRO DO ORGANISMO 
Antígenos Particulados Administrados Intravenosamente 
Circulação ? macrófagos do fígado, baço e medula óssea. 
O baço é o filtro mais eficiente porém, por ser maior, é o fígado que contém a maioria das células 
que irão remover a maior parte do material a ser filtrado. Partículas também são apreendidas por 
células na circulação pelo pulmão. A taxa de depuração bacteriana (eliminação da circulação ) se 
intensifica com a presença de anticorpos, pois a opsonização aumenta a eficiência da apreensão. 
Após a fagocitose de uma grande quantidade de partículas ocorre um período de tempo subsequente 
e variável no qual outras partículas serão muito fracamente removidas da circulação sanguínea devido 
a: 
? absorção de todas as opsoninas séricas não específicas bloqueando a fagocitose posterior ( 
bloqueio do sistema fagocitário mononuclear ); 
? diminuição da resistência de animais que sofrem uma bacteremia severa. 
 
Antígenos Solúveis Administrados Endovenosamente 
Proteínas espontaneamente formam agregados (solução de proteínas ), que são rapidamente 
removidos pelas células do SMF. Algumas partículas de proteínas podem permanecer como um 
resíduo que não formou agregados. 
? Ocorre distribuição homogênea através do volume sanguíneo do organismo. 
? Sendo suficientemente pequenas estas partículas não agregadas irão se distribuir através dos 
fluidos tissulares extravasculares. 
? Quando a distribuição no organismo se equilibra, a partícula passa a ser catabolizada como uma 
proteína própria , com uma lenta e progressiva diminuição de sua concentração. 
 
Após a RI contra a partícula ( antígeno ), com a formação de anticorpos, haverá formação de 
complexos imunes que são eliminados da circulação rapidamente pelo sistema fagocítico 
mononuclear. 
A distribuição, catabolismo e eliminação pelo sistema imune de antígenos pode ser diferenciada : 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
11 
? Resposta Imune Primária: 5 a 10 dias antes da produção de anticorpos e eliminação pelo sistema 
imune. 
? Resposta Imune Secundária: 2 a 3 dias e o período de catabolismo progressivo é relativamente 
curto. 
Na presença de anticorpos circulantes a eliminação do antígeno pelo sistema imune tem início 
imediato, sem fase de catabolismo. 
 
Material não antigênico, tolerância ou imunossupressão : 
? ocorre exclusivamente o catabolismo progressivo; 
 
Antígenos administrados por outras vias 
A introdução de antígeno em um tecido pode causar danos. Tecidos lesados liberam fatores 
quimiotáticos que atraem as células (primeiro neutrófilos, depois macrófagos) que irão fagocitar o 
material injetado. Ocorrerá inflamação com afluxo de células linfóides sensibilizadas que 
desenvolverão uma RI local. 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
12 
3- Órgãos Linfóides Primários e Secundários 
 
INTRODUÇÃO 
? As células envolvidas na resposta imune se organizam em tecidos e órgãos a fim de realizarem 
suas funções eficazmente. 
? Os órgão linfóides fornecem um ambiente para a interação eficiente entre linfócitos, macrófagos 
(APC), e antígenos, além de um sistema de controle da resposta imune. (vide Fig. 5.1 Tizart) 
 
Diferenciação funcional dos órgãos linfóides (memorize): 
ÓRGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS: REGULAÇÃO DA PRODUÇÃO E DIFERENCIAÇÃO 
DOS LINFÓCITOS 
 
ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS: AMBIENTE PARA A INTERAÇÃO DOS 
LINFÓCITOS COM AS CÉLULAS ACESSÓRIAS E ANTÍGENOS. 
 
ÓRGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS: (TIMO, MO, BURSA, FÍGADO FETAL) 
? Nestes ocorre a linfopoiese: diferenciação da célula tronco linfóide, proliferação e maturação em 
células funcionais. 
Mamíferos: A diferenciação dos linfócitos T ocorre no timo, linfócitos B na medula óssea. Esta 
é a maior massa de tecido linfóide. 
Aves: Linfócitos T: Timo 
Linfócitos B: Bursa de Fabrícius, que dá origem ao termo "B". 
? Nos órgãos linfóides primários os linfócitos adquirem seu repertório de receptores específicos para 
antígenos, são selecionados p/ tolerância a antígenos próprios (auto antígenos), reconhecendo 
apenas antígenos estranhos (não próprios). (Fig. 5.2 Tizart) 
 
Timo 
 Grécia antiga: sede da alma. Função desconhecida até a década de 60. 
Localização e estrutura: 
? Localiza-se na cavidade torácica podendo se estender até a região cervical em cavalos, vacas, 
porcos, carneiros e galinhas. 
? Varia muito em tamanho, crescendo até a puberdade e atrofiando até a idade adulta quando 
permanecem apenas resquícios. Também atrofia em resposta a stress. 
? Tem estrutura lobular, sendo cada lóbulo constituído por tecido conjuntivo trabecular e por células 
linfóides (timócitos). É revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo. 
? As células se distribuem formando uma região cortical e medular. 
Córtex: Predomínio de linfócitos T formando o tecido linfóide denso. 
Medula: Predomínio de células epiteliais (tecido linfóide frouxo). 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
13 
? Corpúsculo de Hassal: Contém células epiteliais queratinizadas em degeneração. Função 
desconhecida. (Fig. 3.2 e 3.3 Roitt) 
? Os vasos sanguíneos são especialmente espessos não permitindo a passagem de células da 
circulação para o córtex, mas é mais permeável na medula. 
? Origem das células do timo: Durante o desenvolvimento, o timo recebe células originadas na 
medula óssea e fígado fetal, que são os precursores dos linfócitos T. As células epiteliais do 
córtex (Nurse Cels) e medula se originam do epitélio tímico. 
Funções do Timo: 
? Produção de linfócitos T e fornecimento para os órgãos secundários, mesmo na idade adulta, para 
compensar a perda natural pelo organismo. 
? Animais neonatos timectomizados não possuem linfócitos T nem reação celular e reação humoral 
diminuída. 
? Adultos timectomizados não sofrem efeitos imediatos, mas a perda da imunidade celular sob 
determinadas condições foi observada, além da incapacidade de repovoar os tecidos após 
radiação X subletal. 
? Produção de hormônios: timopoietina I e II, e fator tímico humoral, relacionados com a indução da 
diferenciação dos linfócitos T 
 
Bolsa de Fabrícius 
Presente nas aves e localizada próximo à cloaca. Constituída por numerosas dobras de epitélio da 
região com grupamentos nodulares de tecido linfóide denso semelhante ao do timo (córtex e medula). 
(Fig. Bier 1.3) 
? A bolsa também atrofia com o tempo. 
? A bursectomia neonatal promove a diminuição dos centros germinativos, dos plasmócitos e da 
resposta imune humoral, sem alteraro timo e a resposta celular. 
? Nos mamíferos a diferenciação dos linfócitos B se dá na medula óssea. 
? A bolsa e a medula óssea também serve como órgão linfóide secundário pois nela há captura de 
antígenos e produção de Anticorpos. 
 
ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS: (Linfonodos, Baço, nódulos linfóides, placas de Peyer e 
tec. associados a mucosas) 
? Depois de diferenciados, os linfócitos T e B migram pela circulação para os órgãos e tecidos 
linfóides onde irão realizar suas funções. 
? O funcionamento destes órgãos e tecidos após a povoação pelos linfócitos não depende dos 
órgãos primários. 
? São permanentes, mas isoladamente não são essenciais para a resposta imune. 
? São sensíveis à estimulação antigênica e sua anatomia facilita ao máximo o contato das células 
com os antígenos. 
? A grande massa de tecido linfóide não organizado é encontrada associada a mucosas (MALT- 
Tecido linfóide associado a mucosas). 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
14 
Linfonodos 
Localização e estrutura 
Juntamente com os vasos linfáticos formam a rede linfática. Os linfonodos se situam nas junções 
dos linfáticos, funcionando como filtros da linfa no seu trajeto para a circulação. Os linfonodos ficam 
estrategicamente distribuídos de maneira a drenar diferentes regiões superficiais e profundas do 
organismo. 
? São ovóides ou reniformes, encapsulados e pelo hilo entram e saem os vasos sanguíneos e saem 
linfáticos eferentes . 
? Os linfáticos aferentes, entram por diversos pontos do bordo oposto ao hilo, exceto no porco. (Fig. 
3.12 Roitt) 
? O parênquima é formado pelo córtex que contém células B. Paracórtex (linfócitos T) e medula 
central contendo cordões celulares formado por células T e B, plasmócitos e macrófagos. Estes 
cordões são separados pelo sinusóides linfáticos que drenam para o sinusóide terminal originando 
o vaso linfático eferente. 
? No córtex as células B formam folículos primários que após o contato com antígenos formam os 
folículos secundários com o centro germinativo. 
 
Função dos Linfonodos 
? Á medida que a linfa flui pelos aferentes, os Antígenos particulados são capturados pelos 
macrófagos e apresentados transportados pelo tecido linfóide. O ag é apresentado aos linfócitos B 
sensibilizados que se multiplicam, vão para a medula e saem do linfonodo para povoar os 
adjacentes, amplificando a resposta imune humoral. 
? No caso de uma segunda exposição ao antígeno, a captura é feita pelas células dendríticas dos 
folículos. As células do centro germinativo migram para a medula e saem pelo eferente. Após isso 
o centro germinativo entra em hiperplasia e produção de Anticorpos. Este movimento de células é 
importante na regulação da resposta imune (feed-back negativo celular). 
? Na resposta imune celular as células T da área paracortical dão origem a pequenos linfócitos que 
irão compor a resposta imune celular. 
 
Circulação linfocitária 
As células T estão em constante movimento dos órgãos linfóides para a circulação e vice versa. 
Eles saem dos linfonodos e caem na circulação, retornando aos linfonodos pelas vênulas pós 
capilares na região paracortical. Alguns Linfócitos T não retornam, indo para os órgãos linfóides 
difusos e para outros órgãos. A circulação dos linfócitos T é importante pois estes tem o papel de 
inspecionar as células anormais do corpo. 
 
Modificações dos linfonodos induzidas por antígenos 
Fenômenos da resposta imune nos órgãos linfóides: 
? Reconhecimento do antígeno pelas células imunocompetentes. 
? Diferenciação específica. Multiplicação das células linfóides 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
15 
Infecção por via sangüínea: Nos linfonodos: proliferação dos Linfócitos T da região paracortical e 
aparecimento de plasmoblastos nos folículos linfóides e nos cordões medulares. Geralmente a reação 
é celular e humoral atingindo as regiões timo dependentes e timo independentes dos órgãos linfóides. 
Reação Primária: Captura por macrófagos, persistindo depois nas células dendríticas. 
? 4 a 5 dias: Imunoblastos ( difícil diferenciação). Irão originar na sua maioria plasmoblastos e 
plasmócitos . 
? 6 dias: pequena hipertrofia dos folículos primários. 
? As alterações podem variar com a imunogenicidade do Antígeno, produção de linfócitos de 
memória no centro germinativo. 
Reação Secundária: Aumenta o número de imunoblastos nos cordões medulares e folículos 
germinativos com aumento do tamanho. Os plasmócitos aparecem mais rápido e em maior número 
que na resposta primária. 
? Antígenos em grande quantidade nas células dendríticas dos centros germinativos. Estas não 
fagocitam, mas retém os antígenos permitindo um grande contato destes com os linfócitos. Os 
plasmócitos migram para a medula e ganham a circulação. 
 
Baço 
Localização e estrutura 
? Localizado na cavidade abdominal, se interpõe á corrente sanguínea de onde retém antígenos 
particulados e células sanguíneas velhas. 
? Possui uma cápsula conjuntiva que penetra no parênquima formando trabéculas. Estes, junto com 
a rede reticular sustentam as células encontradas no órgão. 
Há dois tecidos principais: 
Polpa Branca: Tecido linfóide disposto ao redor de uma arteríola central (Bainha linfocítica 
Periarteriolar). Esta tem áreas predominantes de células T ao redor da arteríola e B em folículos 
primários e secundários. Nos centros germinativos há células dendríticas, macrófagos e linfócitos T de 
memória. Os linfócitos B entram e saem da bainha periarteriolar através de capilares. Cada folículo é 
rodeado por uma camada de linfócitos T chamada Zona do Manto. A polpa branca é separada da 
vermelha por um seio marginal, uma bainha reticular e a zona marginal de células. 
Polpa Vermelha: Onde ocorre a filtração do sangue para retenção dos antígenos, eritrócitos, 
plaquetas e granulócitos velhos. As funções são dependentes da organização vascular. Este tecido 
consiste de sinusóides e cordões celulares contendo macrófagos residentes que realizam a “limpeza 
do sangue”. (Fig.3.8 Roitt) 
 
Função do Baço 
? Resposta a antígenos: Antígenos intravenosos são retidos no baço, capturados por macrófagos 
da zona marginal e residentes. Estes são levados aos folículos primários da polpa branca onde vai 
haver produção de plasmócitos. Estes vão para a zona marginal e polpa vermelha onde 
produzirão anticorpos. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
16 
? Na resposta secundária a captura de antígenos é feita pelas células dendríticas nos folículos 
secundários e há produção de Anticorpos. Quando há um estímulo antigênico ocorre uma 
retenção de linfócitos no baço e linfonodos mediada por isoleucinas, para concentrar células 
sensibilizadas próximo ao antígeno, aumentando a eficiência da resposta imune. 
? O baço também faz a remoção de células sangüíneas velhas (ou senescentes), que são 
capturadas pelos macrófagos na polpa vermelha e destruídas. 
 
Modificações do baço induzidas por antígenos: Semelhante aos linfonodos. 
? 1 a 4 dias: imunoblastos na zona marginal e Bainha Linfocitária Periarteriolar, originam 
plasmoblastos e plasmócitos que invadem a polpa vermelha. 
? 5 a 6 dias: Plasmócitos desaparecem indo para a circulação. 
? Na reação secundária soma-se a isto uma intensa proliferação nos folículos linfóides e presença 
de numerosos plasmócitos na periferia dos folículos e polpa vermelha. 
 
OUTROS TECIDOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS E DE PRODUÇÃO DE ANTICORPOS 
Assim como o Baço defende o organismo de infecções hematogênicas, os linfonodos de infecçãocutânea regional e linfática, o sistema de mucosas protege o organismo contra infecção através das 
superfícies mucosas dos sistemas digestivo, respiratório e urogenital. Há produção de IgA, que é o 
principal mecanismo efetor e IgE. No homem mais de 50% do tecido linfóide está no sistema de 
mucosas, principalmente no sistema digestivo. Ex.: Tonsilas, Placas de Peyer, criptoplacas, 
apêndice, nódulos linfóides. Os folículos linfóides destas estruturas são de linfócitos B e a região 
interfolicular corresponde ao paracórtex dos linfonodos. As alterações induzidas por antígenos são 
semelhantes as dos linfonodos. Há muita produção de IgA e IgE. (Fig. 5.13 Tizart) 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
17 
 
4- ANTICORPOS: Formas Solúveis de RCB 
 
 
Imunoglobulinas ou anticorpos são glicoproteínas, presentes no soro e líquidos teciduais de todos 
os mamíferos, produzidos por plasmócitos como resultado da interação de linfócitos B sensibilizados 
com o antígeno específico. 
 
? Combinam-se especificamente com o antígeno e aceleram sua destruição ou eliminação. 
? Funcionam como receptores dos Linfócitos B para antígenos específicos. 
? Existem diferentes classes (isótipos) de Ig, com funções determinadas pelo local de ação 
ou pelo tipo de antígeno. 
? Fazem parte da fração globulínica do soro (figura 1): 
 
 
Posição do soro antes da eletroforese 
Posição das frações protéicas do após a 
eletroforese 
Gráfico da Densitometria 
Globulinas 
+ - 
Alb 
? ? ? ?
??
Figura 1- Eletroforese de proteínas do soro normal em acetato de celulose. 
Esquema da distribuição eletroforética das proteínas do soro 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
18 
Linfócitos B: 200.000 a 500.000 moléculas de RCB na superfície. 
RCB: conjugação com o antígeno e sinalização para a célula, media a fagocitose antigênica, 
processamento, e apresentação. Confere a célula a capacidade de resposta para produção de 
anticorpos e para a apresentação de antígeno. 
 
Natureza dos Anticorpos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As moléculas de Ig possuem 2 sítios de ligação antigênica e uma região Fc que se liga a 
receptores de células (figura 2). Portanto a molécula é bifuncional pois pode se ligar ao antígeno e a 
receptores nas células. 
CP2 
Vp 
VL 
N 
C 
CP3 
VL 
CP1 
CP2 
N 
C 
CP3 
VP + VL : Domínio pareado conjugador de antígeno 
CP1+ CL : Domínio Estabilizador da SCA 
CP2: Sítio Ativador do Sistema Complemento 
CP3: Região Conjugadora de Células 
CL 
Vp
 
Figura 3- Domínios e suas Funções nos Anticorpos 
CL 
Cp1 
Sítio 
Conjugador 
Antigênico 
Regiões Determinadoras de 
Complementaridade 
Regiões Estruturais 
Fab 
Fc 
Cadeia Pesada 
50 a 60 Kda 
(? ????????????) 
Cadeia Leve ???? ? 
25 KDa 
Região de 
Dobradiça 
Ligação dissulfídrica 
Figura 2 - Representação esquemática da molécula de IgG. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
19 
As duas regiões de ligação com o antígeno permitem que a molécula se ligue a dois antígenos 
separados aglutinando-os se forem particulados ou precipitando-os se forem solúveis, portanto a 
molécula de anticorpo é bivalente. 
 
Classes de Imunoglobulinas: Existem 5 classes de imunoglobulinas nos animais domésticos: 
 
IgG: 
PM 180.000 Da 
Mobilidade Eletroforética ??
Síntese da CP Baço e Linfonodos 
 
Maior concentração no soro. 
Atua nos tecidos pois atravessa o endotélio. 
Fixa complemento (2 moléculas) 
Promove aglutinação de antígenos 
 
IgM: 
PM 900.000 Da 
Mobilidade Eletroforética ??
Síntese da CP Baço e Linfonodos 
Pentâmero de monômeros de 180 KDa 
Cadeia J fecha o círculo 
 CP4 (ativação de complemento) 
Sem Região de Dobradiça 
2a maior concentração no soro 
Principal na Resposta Primária 
RCB, limitada ao soro. 
Fixa complemento (1 molécula) 
Promove aglutinação de antígenos 
Neutralização viral e opsonização 
 
IgA: 
PM 360.000 Da 
Mobilidade Eletroforética ??
Síntese da CP Intestino e Sist. Respiratório 
Dímero de combinado pela cadeia J 
Presente na pele e mucosas 
Atravessa células epiteliais com o componente 
secretor (IgA secretora) 
Proteção da pele, mucosas, olhos 
Não fixa complemento 
Promove aglutinação de antígenos 
Neutralização viral e não opsoniza 
Impede a aderência de Ag às superfícies corpóreas 
 
IgD: 
PM 180.000 Da 
Mobilidade Eletroforética ??
Síntese da CP Baço e Linfonodos 
2 domínios na cadeia pesada (não possui CP2) 
RCB 
Pouquíssima no plasma 
Dobradiça longa e exposta 
Susceptível à proteólise 
Não é encontrada em todas as espécies (ausente nos 
suínos e coelhos) 
Possui um domínio transmembrânico (hidrofóbico)e 
um citoplasmático. 
 
Cadeia J 
Componente secretor 
J
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
20 
IgE: 
PM 200.000 Da 
Mobilidade Eletroforética ??
Síntese da CP Intestino e Sist. Respiratório 
Possui CP4 
Presente na pele e mucosas 
Menor concentração no soro 
Reações alérgicas e anti-helmintos 
Age como transdutora de sinais nos mastócitos e 
basófilos (Rfc?1), provocando a degranulação. 
Meia vida de dois a três dias 
 
Variantes Imunoglobulínicas: 
Além de classes dadas pelas cadeias pesadas, as Ig podem se dividir em subclasses. 
Ex.: IgG1 e IgG2 nos bovinos. As subclasses podem possuir atividades biológicas diferentes. Podem 
haver várias subclasses de uma mesma Ig dentro de uma espécie. 
Alótipos são Igs com diferenças entre indivíduos da mesma espécie, o que as torna antigênicas. As 
diferenças são genéticas. 
Idiótipos: Variação dos domínios variáveis das cadeias L e P são idiótopos. O conjunto de idiótopos é 
o idiótipo, que pode ser nas áreas conjugadoras de antígenos ou não. 
 
Produção de Cadeias Pesadas: 
Existem dois grupos de genes : 1 p/ domínios variáveis e 1 p/ domínios constantes c/ 4 a 5 exons, 1 
para cada domínio. Todos se encontram em um cromossomo na área 5’-V-C-?-C-?-C-?-C-?-C-? -3’ 
sempre nesta ordem. A célula B primeiro monta as regiões variáveis que não se alteram mais. As 
regiões constantes podem se alterar à medida que a resposta imune progride. (Figura 4) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Excisão 
V C? C? C? C? C? 5’ 3’ 
Cadeia pesada ? 
C? C? C? C? 
5’ 3’ V C? 
Cadeia pesada ? 
Figura 4- Sequência gênica da cadeia pesada das Igs. Mecanismo de 
excisão para formação de IgA. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
21 
Mudança de Classe: 
A sequência de utilização dos genes p/ regiões constantes é sempre a mesma. Sendo assim, a célula 
utiliza os genes C? para sintetizar os RCB IgM. Os outros genes entre 3’e C? são ignorados. Sob a 
ativação de LTh e de citocinas o Linfócito B pode trocar de classe, excisando os genes que estiverem 
entre 3’ e a sequência correspondente, emendando com o gene V. Para diferenciar o Ac que será 
secretado do RCB, uma sequência específica na extremidade 3’ C?S (secretora) ou C?M (membrana), 
formará um domínio de terminação próprio, pela excisão do gene que não servirá. 
 
Imunoglobulinas dos animais domésticos: 
Tabela 1: Distribuição das imunoglobulinas nos animais domésticos 
 Classes Imunoglobulínicas 
Espécie IgG IgA IgM IgE IgD 
Equino Ga, Gb, Gc, G(B), G(T),a e G(T)b A M E ? 
Bovino G1, (G2, G2a, G2b ?) A M E - 
Ovino G1(G1a?), G2, G3 A1 e A2 M E - 
Suíno G1, G2a,G2b, G3, G4 A1 e A2 M E - 
Cão G1, G2, G3, G4 A M E1, E2 D 
Gato G1, G2, G3 (G4?) A1 A2 ? M E ? 
Chimpanzé G1, G2, G3 A M E D 
Camundongo G1, G2a, G2b, G3 A1 e A2 M E D 
Homem G1, G2, G3 e G4 A1 e A2 M1, M2 E D 
 
Equinos: IgG(Ta e Tb) : Tetânica. 
Bovinos: IgG1: 50% , predomina no leite ao invés de IgA. IgG2: RFc exclusivo. 
Suínos: IgG 85%, IgM 12%, IgA 3%. Não possuem IgD. 
Cães e gatos: Duas subclasses de IgE. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
22 
5- GERAÇÃO SOMÁTICA DA VARIEDADE DE ANTICORPOS 
 
O sistema imune é capaz de reconhecer uma variedade enorme de patógenos e outros 
agentes invasores do corpo, montando contra cada um deles uma resposta específica. Este fato gera 
uma questão de lugar central na imunologia: 
Como o sistema imune consegue gerar esta variedade de especificidades? 
 No seu desenvolvimento, o sistema imune desenvolve um repertório de linfócitos específicos 
para determinado antígeno. Aqueles que reagiriam com antígenos próprios são eliminados através da 
seleção clonal, os demais são liberados e vão povoar os órgãos linfóides secundários. O que 
determina a especificidade destas células são os receptores de superfície, que são capazes de se 
ligarem especificamente ao determinante antigênico do antígeno. 
 O que determina a capacidade de conjugação do receptor é o formato do sítio de conjugação 
antigênica. Este formato é consequência da sequência de aminoácidos que formam o receptor, que se 
ajustam à posição de melhor equilíbrio energético, fazendo com que a molécula se dobre (estrutura 
terciária). Por sua vez, o que determina primariamente a sequência de aminoácidos é o DNA que 
codifica estes receptores. Com este raciocínio podemos entender que toda a diversidade genética que 
vai gerar o repertório de especificidades dos Receptores de Células B (RCB) e dos Receptores de 
Células T (TCR), está contida no genoma do animal. 
 A produção de determinado receptor ou anticorpo a partir do reconhecimento antigênico 
depende do contato de um epítopo com o receptor específico que selecionará genes adequados para 
a formação de um mRNA que levará a mensagem genética para ser traduzida nos ribossomos. Como 
se dá esta interação entre o epítopo e o receptor da célula? 
 A interação Ag-Ac ou Ag-TCR é feita por grupos químicos na Região Determinadora de 
Complementariedade (RDC) na cadeia variável do receptor imunoglobulínico e do TCR. As ligações 
não covalentes permitem a reversão desta união e o reaproveitamento da molécula sem que haja 
necessidade de gasto energético para separá-la e muito menos para a produção de uma nova 
molécula. Estas ligações são energeticamente menos estáveis do que as ligaçõaes covalentes, e para 
que aconteçam é necessário que o ligante (Ag) e o receptor estejam muito próximos, sendo 
importante um encaixe entre as moléculas. Os tipos de ligações que acontecem na RDC são do tipo 
ligações hidrofóbicas que se fazem entre dois grupamentos que repelem a água em torno de si 
formando um ambiente energeticamente favorável, como duas lâminas de vidro úmidas que são 
difíceis de separar. Pontes de hidrogênio entre dois átomos negativos (O, N) que dividem um único 
átomo de hidrogênio; ligações eletrostáticas entre átomos de cargas opostas e força de Van der 
Waals. Estas ligações em conjunto tem a força necessária para unir a molécula de Ag e de Anticorpo 
ou TCR. 
 Após a ligação do epítopo ao receptor, ocorre uma transdução de sinal para dentro da célula 
que ativa a produção de mais receptores ou no caso dos linfócitos B, de anticorpos. 
 
Diversidade dos RCB 
 
 Existem 2 tipos de genes codificadores de imunoglobulinas, sendo um para cadeia leve e uma 
para cadeia pesada. Dentro destes genes encontramos regiões que codificarão para as regiões 
variável e constante de cada cadeia. O número de loci para as regiões variáveis é grande e para as 
regiões constantes é menor, dependendo da espécie. É a combinação dos vários genes para cadeias 
variáveis com os genes para as regiões constantes, que determina a variedade de especificidades que 
observamos nos RCB. Além deste rearranjo gênico, mutações somáticas e inserções de bases 
nitrogenadas em sítios de clivagem da molécula de DNA, contribuem para o aumento da variedade de 
especificidades. 
 
Estrutura gênica das Imunoglobulinas 
 
 Existem três famílias de genes localizadas em três cromossomos diferentes. Uma família 
codifica as cadeias leves ? (kappa), outra as cadeias leves ? (lambda) e outra as cadeias pesadas. 
Cada uma das três famílias possui um grande número de genes para cadeias variáveis e um ou mais 
segmentos para cadeias constantes. Possuem ainda segmentos pequenos J conhecidos como 
segmentos de junção. A recombinação entre estes segmentos é que gera a diversidade dos 
anticorpos. Portanto encontramos no genoma os genes V? (Variável kappa), C? (constante kappa) e 
J? (junção kappa). Os mesmos relativos as cadeias ? (V? , J? , C? ). 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
23 
 A família gênica para as cadeias pesadas são formadas por genes Vp, Cp, Jp, e ainda 
sequências de diversidade Dp. A ordem em que se encontram no cromossomo é VP – DP – JP – CP. As 
cadeias Cp ainda se dividem em sequência codificadoras das cadeias constantes dos diferentes 
isótipos de Imunoglobulinas - C? - C? - C? - C? - C? -, sempre nesta ordem ao longo do cromossomo. 
 
 
Geração da Diversidade da Região V 
 
Para se gerar uma grande variedade de sítios conjugadores antigênicos das cadeias leves, 
faz-se necessária a união de uma das múltiplas regiões V com um segmento J aleatoriamente 
selecionado. Desta maneira, se um animal de determinada espécie possui 100 regiões V e 10 regiões 
J diferentes teremos 1000 possibilidades. Esta união acontece quando a célula B se desenvolve e na 
expressão dos genes os íntrons são excluídos e os exons, que codificam as proteínas são transcritos. 
O primeiro passo é a formação de uma alça de DNA, como se ele se torcesse sobre ele mesmo, 
aproximando as duas regiões V e J. Os segmentos V e J possuem sequências que orientam as 
enzimas recombinases que cortam a alça de DNA e as duas extremidades são unidas por uma 
enzima de reparo do DNA . Se estas enzimas forem defeituosas, o animal pode sofrer de Síndrome de 
Imunodeficiência pois não produzirá anticorpos. 
 
Formação da cadeia leve VJC 
 
 A partir da sequência VJ formada, o DNA será transcrito e os introns entre as regiões VJ e C 
serão eliminados, formando um mRNA VJC, que será traduzido em uma cadeia leve completa (VC). À 
medida que a célula B se desenvolve, vai tentando os rearranjos para a cadeia leve e à medida que 
ocorrem falhas a célula utiliza o outro alelo disponível, sempre na seguinte ordem: ?, ?, ? , ? . Se 
nenhum arranjo der certo, a célula morrerá por apoptose, pois não será funcional. Existem diferenças 
entre as espécies quanto ao uso das cadeias ? ou ? , e um animal possui as duas cadeias em 
proporções diferentes, dependendo da espécie. A junção entre V e J pode sofrer alterações nas bases 
das extremidades cortadas pelas endonucleases. Estas alterações aumentam a variabilidade nesta 
região da cadeia leve. Todos estes eventos acontecem principalmente na medula óssea e nos órgãos 
linfóides secundários. 
 
Formação da Cadeia Pesada 
 
 Da mesma maneira que se forma a cadeia leve, a cadeia pesada é formada pelo rearranjo dos 
genes VJC mais os genes D. a ordem como se encontram no cromossomo é – VP – DP – JP - C? - C? - 
C? - C? - C? -. A presença de não mais 2 mas 3 grupos de genes de região variável (V, D, J) aumenta 
muito as possibilidades de variabilidade. Por exemplo, se uma espécie possui 100 genes V, 10 genes 
D e 10 genes J, as possibilidades serão de 10.000 sequências variáveis possíveis. Na transcriçãoocorre o splicing dos introns e forma-se então o mRNA da cadeia pesada VDJC completa. Apesar de 
tantas possibilidades, muitos resultados de rearranjos não são funcionais e acabam sendo eliminados, 
reduzindo 2/3 das possibilidades. 
Nas cadeias pesadas pode-se inserir ou retirar bases nas emendas entre V-D-J. Este 
fenômeno é mediado pela enzima Desoxiribonucleotidiltransferase terminal (dTT) e é chamado Adição 
da Região N. Pode-se inserir entre 1 a 10 bases. Todos estes rearranjos e troca de bases formam 
apenas 1 (RDC3) das 3 Regiões Determinadoras de Complementariedade. A RDC1 e RDC2 são 
formadas por mutações somáticas. 
 
Geração de variabilidade por mutação somática 
 
 As mutações nos genes das imunoglobulinas são pontuais e se restringem a RDC1 e RDC2. 
As mutações que ocorrem em outras regiões geram Igs não funcionais que levam a célula à apoptose. 
Portanto apenas as células com alta afinidade pelo antígeno são selecionadas e estimuladas à 
multiplicação. As mutações somáticas determinam o aumento da afinidade das células B à medida 
que trocam de classe de imunoglobulina, no desenrolar da resposta imune. 
 
Potencial de variabilidade 
 
 Potencialmente pode-se alcançar uma variedade de 1,8 x 1016 (180.000.000.000.000.000) 
especificidades de anticorpos, sem contar as mutações somáticas. O sistema imune pode reconhecer 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
24 
até 107 (10.000.000) epítopos diferentes, portanto o potencial de geração de especificidade é muito 
superior à demanda. 
 
Diversidade do TCR 
 
 O TCR reconhece peptídeos com especificidade semelhante ao RCB. Porém o TCR não se 
expressa no Linfócito B e o RCB não se expressa no Linfócito T. O TCR é formado por 4 cadeias 
polipeptídicas e portanto por 4 cadeias de genes: ? , ?, ?, ?. 
 As cadeias ? e ? são muito ligadas e possuem segmentos V, J e C. As cadeias ? e ? possuem 
V, D, J, C. Na família ? /? existe 1 gene C? e 1 gene C?. Os genes C? variam em número entre as 
espécies. Os genes C? também variam. Os genes formam portanto células com cadeias C? /? em sua 
maioria e C?/?. 
 Os genes da cadeia ? ficam dentro da cadeia ? . As células imaturas usam cadeia ? e à 
medida que amadurecem passam a utilizar a cadeia ? /?. Os segmentos ? são portanto excisados. A 
variedade é criada da mesma forma que nas imunoglobulinas, combinando VDJ. As cadeias que 
possuem a cadeia D podem usar mais de um D (? e ?) aumentando a variabilidade. Os rearranjos 
VDJC geram 75% dos rearranjos e o restante ocorre por crossing over. Pode haver inserção de bases 
pela dTT, aumentando a variabilidade, porém não ocorre mutação somática na formação dos TCR, 
pois este deve ser capaz de reconhecer as moléculas do CHP, o que poderia ser bloqueado por 
mutações na região variável. O rearranjo do TCR acontece no Timo e a célula à medida que 
amadurece, primeiro expressa o TCR ?/? e depois pode trocar para ? /?. Uma vez que troque para ? /?, 
ela elimina a possibilidade de ser ?/?. O potencial de variabilidade é da ordem de 106 para cadeias 
? , 5 x 109 para cadeias ?, formando portanto 5 x 1015 cadeias ? /? no homem e 5 x 107 no rato. Para 
 
VP C? VPDP 
COOH NH2 
Rearranjo 1 do DNA 
Célula pré-B 
5
VP JP C? C? C? C? C? 
DNA linha 
DP 
5
VP JP C? C? C? C? C? DP 
5
VP JP C? C? C? C? C? VP DP 
 
VP JP C? DP 
JP 
Rearranjo 2 do DNA 
Célula B 
DNA da célula B 
Transcrito de RNA 
Emenda do mRNA 
Tradução 
Cadeia ? 
Transcrição 
Produção de um gene de cadeia pesada imunoglobulínica 
completa. Exigem-se dois rearranjos de DNA para ligar juntos os 
genes V, D, J. O gene C só é anexado após a transcrição do DNA. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
25 
cadeias ? da ordem de 1014 e para cadeias ? 7 x 106 , formando 7 x 1020 especificidades diferentes de 
TCR. 
 As células T ?/? possuem pouca função nos humanos e portanto possuem poucos loci de 
sequência diferentes (apesar do enorme potencial), restringindo o repertório de TCR?/?. As células 
? /? por sua vez reconhecem muito mais antígenos que as células ?/?, tendo maior função de defesa. 
Nos ruminantes ocorre o oposto, as células ?/? são as mais frequentes e possuem maior função. 
 
Para saber mais: Tizard, I.R, Imunologia Veterinária: Uma Introdução. 5a Ed. Roca, 1998. Cap. 14 (172 
a 184). 
5’ 
VL JL CL 
3’ Genes Cadeia Leve 
de Imunoglobulina 
5’ 
VP JP C? C? C? C? C? 
Genes Cadeia 
Pesada de 
Imunoglobulina 
DP 
V J C D C J D 
3’ 5’ Genes de TCR? 
 V? V? J? C ??? D? C ? J? 
3’ 5’ Genes de TCR? ? 
V J C C 
3’ 5’ Genes de TCR? 
J 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
26 
6- Antígenos 
 
Sumário do capítulo: 
Introdução 
Ativadores Específicos ( Imunógenos) 
Tolerância Imunológica 
Imunogenicidade X Antigenicidade: 
Haptenos + Moléculas Carreadoras = Moléculas Conjugadas 
 Determinante Antigênico ou Epítopo 
 Grupos Aptênicos 
Fatores do antígeno que Influem na Imunogenicidade 
? Relação Filogenética 
 Aloantígenos 
? Peso Molecular 
? Complexidade Molecular 
? Natureza Química 
Proteínas, Polissacarídeos, lipídeos, Ácidos Nucléicos 
 Acessibilidade dos Grupos Determinantes 
 Configuração Espacial da Molécula 
? Formas de Administração do Ag 
? Constituição Genética do Animal Respondedor 
 
Outros Fatores que influem na obtenção da Resposta Imune: 
? Tamanho do Determinante Antigênico e Grupo Dominante 
 
Bases Químicas da Especificidade Antigênica 
? Antígeno Homólogo e Heterólogo e Reações Cruzadas 
? Efeito dos Grupos Iônicos 
? Efeito dos Grupos não Iônicos 
? Efeito da Posição Espacial de Grupos Químicos 
? Efeito da Estereoisomeria 
? Efeito dos Grupos Terminais e do Alongamento da Cadeia 
 
Ativadores Inespecíficos 
 Lectinas 
 Lipopolissacarídeos Bacterianos 
 Outras Substâncias Ativadoras 
 
INTRODUÇÃO 
 
O evento central das reações imunes é a ativação dos linfócitos B ou T em células imunologicamente 
ativas. 
 
Ativadores Específicos ( Imunógenos ): Substâncias que ativam linfócitos especificamente. 
 
Ativadores Inespecíficos: Ativam inespecificamente e geram reações inespecíficas. 
 
ATIVADORES ESPECÍFICOS ( IMUNÓGENOS) 
 
Os linfócitos reconhecem estruturas próprias e não próprias. 
 
Substâncias herdadas ou com contato na fase embrionária geram TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA. 
 Falha: Doenças Auto-imunes 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
27 
ANTÍGENOS: Substâncias estranhas, com estruturas novas ou diferentes, reconhecidas como não 
próprias pelo organismo, que induzem respostas imunes e reagem com o anticorpo ou linfócito 
sensibilizado. 
 
Propriedades: 
 
1) Imunogenicidade: Capacidade de induzir resposta imune específica. 
 
2) Antigenicidade: Capacidade de interagir com os anticorpos (RCB) ou linfócitos T sensibilizados . 
 
Toda substância imunogênica é antigênica, o contrário não é verdadeiro. 
 
Haptenos: moléculas capazes de reagir com Ac. ou linfócitos sensibilizados, mas incapazes de por si 
só induzirem resposta imune. 
 
Moléculas Carreadoras: Moléculas grandes nas quais se ligam os haptenos para indução de 
resposta imune. 
 
Haptenos + Moléculas Carreadoras = Moléculas Conjugadas 
 
Determinante Antigênico ou Epítopo: a menor porção da molécula de antígeno capaz de 
estimular linfócitos.Grupos Haptênicos: resíduos da proteína carreadora próximos ao hapteno. 
 
 
Fatores que Influem na Imunogenicidade: 
(Não são regras) 
 
? Relação Filogenética: Quanto mais próximos, Ag e Ac, menor a imunogenicidade. 
 
 Aloantígenos: Antígenos que induzem resposta imune altamente específica em indivíduos da 
mesma espécie. Ex.: Transplantes, Grupos Sanguíneos, alótipos de imunoglobulinas. 
 
? Peso Molecular: > 10.000 Daltons boa imunogenicidade. 
Menor molécula imunogênica: 400 Da 
? Complexidade Molecular: Quanto mais monômeros diferentes, maior a imunogenicidade. 
? Natureza Química: 
 
 
 
 
 
A imunogenicidade varia com a espécie e substâncias pouco imunogênicas podem se tornar haptenos 
quando conjugados a proteínas carreadoras. 
 
? Acessibilidade dos Grupos Determinantes: 
O epítopo deve ficar na superfície da molécula de antígeno. 
 
? Configuração Espacial da Molécula: 
Diferentes estruturas da mesma proteína podem expor epítopos diferentes. 
 
Determinantes topográficos: Aminoácidos adjacentes mas não ligados, na estrutura terciária, 
podem formar um determinante antigênico, que se desfaria na estrutura secundária da proteína. 
IMUNOGENICIDADE 
Proteínas > Polissacarídeos > Lipídeos > ácidos nucléicos 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
28 
 
? Forma de Administração do Antígeno: 
Quantidade, Via, Adjuvantes, Esquema de Imunização. 
Adjuvantes: substâncias adicionadas ao Ag, que potencializam a resposta imune. 
? Constituição Genética do Animal Respondedor: 
Variação genética intraespécie. Inexistência de receptores ou falha no MHC. 
 
 
Outros Fatores que influem na obtenção da Resposta Imune 
Carga, configuração óptica, idade, estado nutricional, saúde do animal, etc. 
 
Tamanho do Determinante Antigênico e Grupo Imunodominante: Seis a sete resíduos de açúcar ou 
cinco aminoácidos são o tamanho máximo do sítio de combinação e do epítopo, logo, o tamanho 
máximo do sítio é de 7 x 14 x 34 ?. 
 
Grupo Imunodominante: Resíduo que reage com maior força de ligação com o sítio de combinação do 
Ac. 
 
Bases Químicas da Especificidade Antigênica 
(Landsteiner em trabalhos com haptenos ( derivados aminobenzênicos ) e proteínas carreadoras. 
 
Antígeno Homólogo reage fortemente com o Ac ao qual deu origem. 
 
Antígeno heterólogo: Capaz de formar Reações Cruzadas com Acs não específicos. Deve-se 
à similaridade entre antígenos ou a antígenos que tenham o mesmo determinante antigênico. 
 
? Efeito dos Grupos Iônicos: exercem domínio sobre grupos aromáticos, tendo papel 
preponderante na especificidade. 
 
? Efeito dos Grupos não Iônicos: não determinam especificidade, mas diferem na reatividade. 
 
? Efeito da Posição Espacial de Grupos Químicos: Posições orto, meta, para de anéis 
benzênicos dão especificidade para o epítopo. 
 
? Efeito da Estereoisomeria: A assimetria de um carbono pode alterar a especificidade: Ex.: 
Ác. D tartárico, L tartárico e M tartárico. 
 
? Efeito dos Grupos Terminais e do Alongamento da Cadeia: o alongamento da cadeia 
terminal de ácidos orgânicos aumenta a reatividade cruzada, e o aminoácido terminal é importante na 
especificidade da proteína. 
 
Ac anti ácidos de cadeia curta são mais específicos e de cadeia longa tem maior reatividade 
cruzada. 
 
ATIVADORES INESPECÍFICOS DE LINFÓCITOS 
 
Substâncias que estimulam linfócitos, inespecificamente. 
 
 Lectinas – Ativadores policlonais 
 
Proteínas de leguminosas que se ligam a determinados açúcares, assim reagem com 
carboidratos da membrana celular promovendo a aglutinação celular e ativação dos linfócitos ( 30 a 
60% dos clones juntos), desde que levem o açucar em questão. 
 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
29 
Lipopolissacarídeos Bacterianos: 
Ativador policlonal específico para linfócitos B. 
 
 Outras Substâncias Ativadoras: 
 
Anticorpos anti-receptores de imunoglobulinas, anticorpos específicos para classes de Ig, enzimas 
proteolíticas, poliânions, etc. 
 
Supõe-se que atuem modificando a parede de alguns linfócitos, tornando-os como não próprios do 
organismo. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
30 
7- Complexo Principal de Histocompatibilidade 
 
Antígenos Principais de Histocompatibilidade: Antígenos de superfície altamente imunogênicos, 
que permitem as células do Sistema Imune reconhecerem a si próprias entre as demais, células e 
moléculas não próprias. Ex.: 
DLa: Dog Leucocyte Antigen, BoLa, SLA, etc. 
 
Estes são herdados através de um complexo de genes chamado : 
 
Complexo Principal de Histocompatibilidade 
 
As suas funções dependem de dois subconjuntos de genes: 
 
Classe I: Reações de Citotoxidade 
Classe II: Regulação da Resposta Imune 
Classe III: codifica proteínas do Sistema Complemento. 
 
Classe I e II: Codificam os Ag de histocompatibilidade 
responsáveis pela rejeição dos transplantes entre indivíduos não isogênicos. 
 
Classe I: Responsável pela reação de Citotoxidade dos Linfócitos T. 
 
LT citotóxicos destroem células infectadas para impedir a disseminação de vírus. 
 
APC ativam Ltc na presença da molécula da Classe I do CHP e estes dependem da molécula p/ 
reconhecerem as células infectadas. 
 
Classe I possui distribuição ubíqua. 
 
Os genes da Classe I são muito polimórficos, gerando uma grande variedade de moléculas ? rejeição 
de implantes. 
 
Classe II: Expressam-se em LB, LTh, APC. 
 
Responsáveis pela ativação dos LB pelos LTh em plasmócitos. 
 
O Ag tem que estar ligado à CHP II para ser reconhecido. 
 
O CHP II influi na regulação da resposta imune. 
 
Estrutura das Moléculas do CHP 
 
São glicoproteínas de superfície transmembrânicas. 
 
Domínios externos (-NH2) domínio transmembrana e domínio citoplasmático (-COOH). 
 
Classe I: 45 kD 
Domínios externos: ? 1, ? 2, ? 3. 
? ligado não covalentemente à ?2 microglobulina. 
 
? 1 e ? 2 formam uma fenda onde ocorre a interação com o Ag. 
 
Variações na sequência de AAs geram a variabilidade de forma da fenda. 
 
As regiões constantes se assemelham as das imunoglobulinas. 
 
Classe II: Duas cadeias 35 kD (? ) e 28kD (?) associadas não covalentemente, com 2 domínios 
externos cada ? 1,2 e ?1 e 2. 
 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
31 
? 2 e ?2 semelhantes a ? 3 da Classe I e as Igs. 
 
O alto polimorfismo é dado pela Organização Genética do CHP: 
 
 
 
 
 
 
 
Classe I 
 
 
 
Os loci da Classe I são altamente polimórficos e podem variar em número entre espécies. 
Cão: 5 loci 
Suíno: 2 loci 
 
Classe II (? ): 
 
 
 
Classe II (? ): 
 
 
 
 
 
 
CHP e doença: presença do CHP: resistência. 
 
Sist. Complemento 
5´ 3´ 
Ag de membrana 
II I III I 
5` 3` 
L ? 1 ? 2 ? 3 TM 
CIT 
3´ 5´ 
L ? 1 ? 2 TM
? 
5´ 
L ?1 ?2 TM 
CIT 
3´ 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
32 
 
8- Base Celular da Resposta Imune 
 
As células: 
 
1) Devem ser capazes de reconhecer antígenos e responder a epítopos específicos. 
2) Devem responder aos antígenos resultando na produção de anticorpos e na produção de células 
da resposta imune celular (células efetoras específicas). 
3) Devem ser geradas para produzir uma resposta mais eficiente a uma Segunda exposição ao 
antígeno (memória imunológica). 
 
Seleção clonal: 
 
1) Células linfóides primordiais se diferenciam ao acaso gerando clones de linfócitos comprometidoscom um epítopo específico. (2 x 108 células capazes de responder a 107 antígenos diferentes) 
2) A ligação do antígeno a receptores dos linfócitos resulta na sua proliferação e diferenciação em 
células efetoras e de memória. 
3) A especificidade dos anticorpos produzidos é a mesma dos receptores da célula. 
4) Tolerância ocorre quando um clone de linfócitos é destruído ou suprimido. 
 
O evento iniciador da resposta imunitária é a ligação do antígeno aos receptores das células B e T. 
 
Diferenciação e técnicas de separação de células B e T 
 
Não é possível diferenciá-las morfologicamente. 
Isto é feito com base em suas características funcionais: 
 
Propriedade Células B Células T 
Distribuição Córtex de gânglios linfáticos 
e folículos esplênicos 
Paracórtex de gânglios linfáticos 
Bainha periarteriolar do baço 
Sangue periférico 
Recptores de superfície celular para : 
 Antígenos +++ ++ 
 Imunoglobulina Fc +++ + 
 C3b + - 
 Eritrócitos estranhos - +++ 
Antígenos de superfície celular Imunoglobulina Thy 1, Lyt 
Divisão em resposta a: Mitógeno “pokeweed” Fito hemaglutinina 
 Lipopolissacarídeos 
bacterianos 
Concanavalina A 
 Vacina BCG 
 Mitógeno “pokewwed” 
Receptor de antígeno Imunoglobulina Região VH ligada a antígeno 
classe II 
Antígenos preferencialmente 
reconhecidos 
Macromoléculas estranhas Antígenos de histocompatibilidade 
Indução à tolerância Difícil Relativamente fácil 
Células precursoras de Plasmócitos Linfócitos efetores 
 Células de Memória Células de memória 
Principais produtos secretados Imunoglobulinas Linfocinas 
 
Técnicas utilizadas para diferenciação de linfócitos 
 
Técnica de anticorpos fluorescentes: Um método é a identificação de antígenos de superfície celular 
característicos, através da preparação de Anti-soros específicos contra subpopulações de linfócitos 
com base na sua localização. 
Ex.: Inocular células de Timo e produzir-se anticorpos contra células T. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
33 
 
Estes anticorpos são quimicamente ligados a um corante fluorescente e ao se ligarem aos linfócitos 
permitem que estes sejam identificados pela fluorescência em microscópio. 
Esta técnica permite diferenciar até subgrupos de linfócitos T ou B. 
Ex.: Células T possuem um grande número de antígenos de superfície como Ia, Thy-1, Lyt-1,2 e 3, 
encontrados como padrões específicos de células T. As células B podem ser subdivididas com base 
nas classes de imunoglobulinas encontradas na superfície (IgG, IgM, IgA, etc.) 
 
Demonstração de receptores específicos da superfície celular. 
Técnica de formação de Rosetas: Células T possuem receptores que as ligam a eritrócitos estranhos 
formando rosetas, que são visualizadas ao microscópio. 
Células B possuem receptores para a região Fc das imunoglobulinas, que podem ser ligadas a 
eritrócitos se cobertos com esses anticorpos. As células B também se ligam a eritrócitos cobertos 
com certos componentes do complemento, o que não acontece com as células T. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Plaqueamento: Anticorpos específicos para receptores de células T ou para Igs de células B são 
adsorvidos a uma placa. As células são colocadas na placa e as que possuírem o antígeno ficarão 
aderidas. Esta técnica é utilizada quando se deseja retirar células indesejáveis da mistura, pois as 
células ao se ligarem podem ser ativadas, alterando suas propriedades. Ao invés de placa pode-se 
usar pérolas magnetizadas recobertas com anticorpos para separar as células ligadas através de um 
ímã. 
 
Citometria de Fluxo: As células passam em fila por um feixe de Laser e a forma de luz emitida fornece 
as informações sobre tamanho, granularidade, e fluorescência das células. Fotocélulas captam essa 
luz emitida e transformam em dados que serão analisados pelo computador. Assim, pode-se contar e 
separar tipos diferentes de células com base em suas características próprias ou induzidas, como a 
ligação de anticorpos fluorescentes específicos (FACS – Separação de células ativadas por 
fluorescência). 
 
Comparação da resposta a lectinas e outros mitógenos : Lectinas são proteínas que se ligam a 
açucares específicos presentes na superfície celular e que são diferentes entre as células T e B. 
Ex.: Fitohemaglutinina e ConA induzem a divisão das Células T. 
Mitógeno Pokeweed: estimula ambas 
Outros mitógenos: endotoxinas bacterianas; células B; BCG: células T. 
Estas técnicas permitem a separação de misturas de células e estimar a proporção entre elas. 
 
Tabela 8.1 - Receptores de superfície celular de células do sistema imune: 
 Receptores para 
Tipo de 
célula 
Antígeno Imunoglobulina Fc Complemento Histamina Insulina Eritrócitos 
Macrófagos - ++++ ++ + + - 
Neutrófilos e 
eosinófilos 
- + + + - - 
Linfócitos B +++ +++ + - - - 
Linfócitos T +++ + - + + + 
Células NK + + - - - + 
 
Outras técnicas: Gradiente de densidade, fixação de complemento. 
 
 
 
Fig. 8.1 Roseta de eritrócitos ligados a um linfócito que possui 
receptores para eritrócitos estranhos ou para regiões Fc de anticorpos 
ligados aos eritrócitos. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
34 
 
Base celular da produção de anticorpos 
 
 
 
 
 
Receptor de Ag das células B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta das Células B aos Antígenos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 104 a 105 moléculas de imunoglobulinas IgM 
monomérica ou IgD idênticos e uniespecíficos. 
Com a ativação a classe pode mudar, mas a 
especificidade permanece. 
 
Linfócito T h 
Linfócito B de memória 
Linfócito Tc 
Macrófago 
APC 
Plasmócito 
Linfócito B 
Anticorpos 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
Anticorpos 
Interleucina 1 Subst. auxiliadoras 
Fig. 8.2- Esquema demonstrativo das interações celulares na resposta imune. 1- Processamento 
antigênico. 2- Apresentação ao LTh. 3- Apresentação ao LB. 4- Interação LT – LTc. 5- Diferenciação 
em plasmócito e produção de anticorpos. 6- diferenciação em LB de memória. 
Guia de Estudo de Imunologia Veterinária 
Marcelo R. D. Santos 
Curso de Medicina Veterinária – UVV 
35 
9- Resposta Imune Celular 
 
Reconhecimento e Apresentação do Antígenos aos Linfócitos T: 
Os Linfócitos T reconhecem Ag peptídicos lineares ligados a moléculas do CHP próprio. 
LTc possuem a proteína CD8+ na membrana, que se liga a moléculas da classe I do CHP. 
Preferencialmente, as CHP I se ligam a Ag intracelulares (vírus, substâncias neoplásicas, ou seja, 
mutantes). 
LTh possuem a proteína CD4+, que se liga a moléculas do CHP classe II. Preferencialmente as 
moléculas da classe II se ligam a antígenos extracelulares que sofreram fago ou endocitose. 
 
Antígenos Reconhecidos pelos Linfócitos T 
1) Os LT só reconhecem Ag peptídicos curtos 10 a 30 aa em estrutura primária (lineares), que se 
encaixam na fenda de ligação das moléculas do CHP. Os LB reconhecem qualquer tipo de Ag 
protéico em qualquer estrutura espacial, além dos polissacarídeos, ácidos nucléicos, lípides, etc. 
2) Os LT só reconhecem Ag ligados a células, portanto processados e ligados ao CHP. As RI 
celulares são induzidas portanto por antígenos protéicos, ligados às moléculas do CHP. As 
respostas imunes humorais são induzidas por Ag protéicos e outros, ligados ou não as moléculas 
do CHP e portanto a células. 
 
Fenômeno de Restrição as moléculas do CHP. 
Os LTh CD4+ só reconhecem Ag protéicos ligados as moléculas do CHP II próprias. Os LTc 
CD8+ só reconhecem Ag protéicos ligados as moléculas do CHP I próprias. Isto indica que o TCR 
pode reconhecer as moléculas do CHP não próprias, pois na presença destas, não há RI celular 
contra o Ag a elas ligado. O TCR se combina tanto com as moléculas

Outros materiais