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PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 143 Edvaldo Dória dos Anjos Ricardo Wathson Feitosa de Carvalho COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL INTRODUÇÃO A descoberta de substâncias que causam perda da sensibilidade foi, sem dúvida, um dos maiores marcos da história médica e odontológica, possibilitando a realização de procedimentos cirúrgicos sem dor, fato que era considerado uma utopia nos meios acadêmicos. Até 1842, as anestesias mais utilizadas eram por meio do emprego do ópio, de plantas, como o meimendro e a mandrágona, e do vinho. Magias e orações também faziam parte do tratamento, principalmente durante a Idade Média. Depois de 1842, o emprego do éter constituiu um método anestésico de sucesso. Começou a ser substituído, na segunda metade do século seguinte, pelo clorofórmio, elemento mais barato e de efeito duradouro.1 A crescente demanda de fármacos utilizados em clínicas, consultórios e ambulatórios por profissionais da área odontológica que contribuem para o controle de diversas doenças da cavidade bucal, bem como de outros fármacos utilizados para tratamentos sistêmicos, fez com que fosse necessária a atenção constante à terapêutica medicamentosa nos cursos de formação em odontologia.2 As soluções anestésicas locais são os fármacos mais empregados na prática odontológica, apresentando grande margem de segurança clínica.3 De fato, se for levado em consideração o número de anestesias locais realizadas em todo o mundo, a incidência de reações adversas é praticamente desprezível.4 Entretanto, elas ocorrem, podendo gerar situações de extrema gravidade e até mesmo casos fatais.5 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17143 144 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL É de fundamental importância que o cirurgião-dentista tenha pleno conhecimento sobre a droga, sua farmacocinética e farmacodinâmica, possíveis reações adversas e o cálculo da dosagem máxima permitida para cada paciente em particular. OBJETIVOS Ao final da leitura deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de: entender possíveis causas de complicações sistêmicas em anestesiologia local; reconhecer os procedimentos para conduzir as complicações sistêmicas em anestesiologia local; identificar a dosagem máxima das substâncias anestésicas locais e vasoconstritores para cada paciente nas diversas situações clínicas no dia-a-dia dos profissionais. ESQUEMA CONCEITUAL Sais anestésicos Escolha do sal anestésico Complicações decorrentes da utilização dos sais anestésicos Cálculo da dosagem anestésica Complicações sistêmicas decorrentes do uso de anestésicos locais Ação clínica dos anestésicos locais Classificação dos anestésicos locais Anestesiologia em odontologia Vasoconstritores Dosagem anestésica máxima de segurança recomendada Utilização de anestésicos locais em pacientes com distúrbios sistêmicos Utilização de anestésicos locais em pacientes pediátricos Caso clínico Conclusão Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17144 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 145 AÇÃO CLÍNICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Os anestésicos locais são substâncias químicas que, em contato com a fibra nervosa, possuem a propriedade de interromper todas as modalidades de influxo nervoso. Quando aplicados em terminações nervosas ou em troncos nervosos condutores de sensibilidade, bloqueiam transitoriamente a transmissão do potencial de ação em todas as membranas nervosas excitáveis.6 Os anestésicos locais, após serem injetados, primeiramente efetuam sua ação clínica e depois são absorvidos. Entram na corrente sangüínea e se distribuem por todos os compartimentos orgânicos, concentrando-se, em maior quantidade, na musculatura esquelética.7 O sistema nervoso central (SNC) e o sistema cardiovascular (SCV) são especialmente suscetíveis às suas ações. Quando introduzida na corrente circulatória, a base anestésica age sobre todas as membranas excitáveis. A maioria das reações sistêmicas dos anestésicos locais está relacionada ao seu nível sangüíneo ou plasmático. Quanto maior o nível, mais intensa é a ação clínica.8 A capacidade de ligação do fármaco às proteínas teciduais e plasmáticas, sua rapidez de inativação e a associação com vasoconstritores determinam o tempo de duração de seu efeito clínico.9 Já a lipossolubilidade relaciona-se ao potencial da solução anestésica. A natureza da ligação química entre a cadeia de hidrocarboneto central e a porção aromática da solução anestésica é importante para determinar inúmeras propriedades do anestésico local, incluindo o modo de biotransformação e de excreção. O grupo amida, pela sua menor capacidade alergênica, é atualmente o mais utilizado no controle da dor trans e pós-operatória.10 Um aspecto importante da anestesia local é determinar a perda da sensibilidade sem perda de consciência, diferenciando-se assim da anestesia geral.10 CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Os sais anestésicos locais são classificados de acordo com a estrutura química de sua cadeia intermediária em dois tipos: éster e amida. A molécula de um típico anestésico local é dividida em três partes: um grupo aromático, uma cadeia intermediária e um grupo terminal de amina secundária ou terciária. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17145 146 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL A parte aromática confere propriedades lipofílicas à molécula, enquanto o grupo amínico fornece hidrossolubilidade. A porção intermediária é importante sob dois aspectos: fornece a separação necessária entre as extremidades lipofílicas e hidrofílicas do anestésico local, e a ligação química entre a cadeia de hidrocarboneto central e a porção aromática serve como base para a classificação da maioria dos anestésicos locais em dois grupos, os ésteres (-COO-) e as amidas (-NHCO-) (Figura 1).7 Existem dois grupos de anestésicos locais com características químicas e com poder de sensibilização alérgica diferentes. São eles:11 ésteres do ácido benzóico (benzocaína, clorprocaína, cocaína, piperocaína, procaína, propoxicaína e tetracaína), em que um dos seus produtos metabólicos, o ácido paraminobenzóico, é capaz de produzir sensibilização; amidas (lidocaína, prilocaína, mepivacaína, articaína e bupivacaína), que têm raro poder de sensibilização e não produzem ligações cruzadas entre si. De acordo com a duração, os anestésicos locais podem ser classificados em compostos de ação curta (lidocaína, prilocaína, articaína e mepivacaína, sem vasoconstritores), intermediária (lidocaína, prilocaína, articaína e mepivacaína, com vasoconstritores) e longa (bupivacaína).7 Figura 1 – Estrutura química de um anestésico local típico. Tipo éster (-COO-) e tipo amida (-NHCO-). Fonte: Malamed (2005).7 R COO R2 R3 N R NHCO R3 R4 NR2 Parte lipófila Cadeia intermediária Parte hidrófila R1 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17146 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 147 SAIS ANESTÉSICOS Os sais anestésicos para uso odontológico mais comumente encontrados no Brasil são lidocaína, prilocaína, articaína, mepivacaína e bupivacaína, todos do tipo amida.12,13 Em 1948, a lidocaína tornou-se o primeiro anestésico local do tipo amida a ser comercializado, substituindo a procaína, anestésico do tipo éster, como droga de escolha para o controle da dor.7 Por ser o anestésico local mais amplamente utilizado em medicina e odontologia, atualmente é considerada o padrão-ouro,10 servindo de comparação para muitos estudos sobre anestésicos locais presentes na literatura mundial.14 Os anestésicos locais do tipo éster foram muito difundidos com o nome comercial de procaína. Entretanto, devido à sua instabilidade, pouca potência e penetrância, foram gradativamente substituídos pelos anestésicos locais do grupo amida,que apresentam soluções mais estáveis com reações de sensibilidade raríssimas.15 Os vasoconstritores, quando adicionados ao sal anestésico, atuam diminuindo a velocidade de absorção, prolongando a ação anestésica, aumentando a potência, reduzindo o nível plasmático e a quantidade a ser injetada,3 decrescendo o risco de toxicidade. Os mais comumente encontrados no mercado brasileiro são adrenalina, noradrenalina, felipressina, fenilefrina e levonordefrina,12 que possuem indicações de acordo com a situação clínica. ESCOLHA DO SAL ANESTÉSICO Aspectos como a necessidade ou não de cirurgia, tempo cirúrgico, técnica anestésica e potencial de possíveis reações tóxicas locais e sistêmicas devem ser considerados no que diz respeito à escolha do anestésico local.16 Malamed7 aponta o intervalo de tempo necessário para o controle da dor, a possibilidade de desconforto e de automutilação no período pós-operatório, a necessidade de hemostasia durante o tratamento e o estado clínico do paciente como importantes fatores a serem considerados na seleção do anestésico local. A maior dúvida na seleção de um anestésico local não está relacionada à base anestésica, mas aos vasoconstritores, que apresentam maiores efeitos adversos e contra-indicações.17 A prescrição correta do anestésico local em pacientes saudáveis e em portadores de patologias sistêmicas é importante para o conforto e proteção do paciente durante o tratamento odontológico. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17147 148 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA UTILIZAÇÃO DOS SAIS ANESTÉSICOS A toxicidade por anestésicos locais deve-se aos níveis plasmáticos elevados que eles apresentam. Pode ser causada por uma injeção intravascular inadvertida ou pela violação iatrogênica da dose máxima permitida por mg/kg.18 A maioria das reações adversas pode ser minimizada com o cuidado no momento da execução da técnica anestésica e da adoção dos procedimentos, atentando-se para anamnese, posição supina do paciente, aspiração ao injetar o anestésico local, utilização de soluções que não contenham metilparabeno, injeções lentas, além de uma dose total específica para cada paciente.11,19 Rood19 alerta que, quando ocorrer um evento adverso como resultado da injeção de anestésico local, a verdadeira natureza do problema deverá ser cuidadosamente considerada. Isso é importante para que não seja sugerido que uma reação alérgica tenha ocorrido diante de sinais clínicos consistentes e bem conhecidos de causas comuns às reações adversas decorrentes de injeções dentais. A alergia aos anestésicos locais é considerada rara,20 e a reação imunológica verdadeira representa apenas 1% das reações adversas dos anestésicos locais.21 Um dos erros mais importantes e mais freqüentes na prática odontológica consiste no emprego, de forma sistemática, do mesmo anestésico local por ser o mais seguro ou o mais potente.14 A utilização correta de diversas formulações de anestésicos locais em patologias sistêmicas como o hipertireoidismo, diabete e asma brônquica deve ser do conhecimento de alunos e profissionais de odontologia. Tortamano e colaboradores17 relataram que os profissionais apresentam insegurança na seleção do anestésico local, acentuando-se ainda mais a dúvida diante da indicação em casos de pacientes portadores de patologia sistêmica e na condução de uma complicação sistêmica decorrente de um anestésico local. ANESTESIOLOGIA EM ODONTOLOGIA A palavra anestesia significa perda ou diminuição da sensibilidade, sob qualquer uma de suas formas, provocada por algum agente, como trauma mecânico, hipotermia, anoxia, agentes neurolíticos, irritantes e agentes químicos (anestésicos locais).7 A anestesia tem como finalidade aliviar a dor ou evitar sua ocorrência durante as intervenções cirúrgicas.22 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17148 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 149 Os procedimentos odontológicos deveriam idealmente visar ao menor tempo possível de realização, mínimo de trauma nos tecidos, redução do estresse do paciente e pouco ou nenhum desconforto no pós-tratamento. Diante disso, destaca-se a importância da escolha adequada de uma solução anestésica para cada caso específico.23 As propriedades desejáveis dos anestésicos locais incluem:22 não irritar os tecidos; não causar lesão permanente às estruturas nervosas; apresentar baixa toxicidade sistêmica; apresentar tempo mais curto possível de latência da droga; duração de ação suficiente para a realização do procedimento cirúrgico; ter ação reversível. Inúmeros fatores podem interferir na qualidade de uma anestesia bucal. Os mais freqüentes dizem respeito a variações anatômicas, tipo de técnica utilizada, escolha correta da solução de acordo com o tipo de paciente, região a ser anestesiada e tipo de procedimento a ser realizado.24 A potência de um anestésico é descrita como a menor concentração de anestésico que bloqueia a condução do impulso nervoso dentro de um período de tempo específico. Está relacionada a várias propriedades físico-químicas, incluindo atividade vasodilatadora intrínseca, difusão tissular e lipossolubilidade.25 A lipossolubilidade é essencial para a penetração da droga em várias barreiras existentes entre o local da aplicação e o local de ação específica, incluindo a bainha nervosa. Quanto mais lipossolúvel, mais potente é a droga.26 O tempo de latência é o período compreendido entre o término da infiltração anestésica e o cessar da sensibilidade dolorosa. Essa propriedade deve-se, principalmente, à influência exercida pelo pH tecidual e o pKa das soluções anestésicas.6 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17149 150 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL 1. Qual a diferença entre o mecanismo de ação dos anestésicos locais e o dos fármacos em geral? A) Ao contrário dos fármacos em geral, o anestésico local entra na corrente sangüínea e depois inicia sua ação. B) Ao contrário dos fármacos em geral, o anestésico local age na terminação nervosa e depois entra na corrente sangüínea. C) Ao contrário dos fármacos em geral, o anestésico local age na terminação nervosa, sendo eliminado. D) Ao contrário dos fármacos em geral, o anestésico local age na terminação nervosa, sendo metabolizado. Resposta no final do capítulo 2. Um anestésico local, ao ser administrado, efetua sua ação clínica e depois entra na cor- rente sangüínea, sendo distribuído por todo o organismo. Onde o anestésico local se encontra em maior quantidade? A) Sistema cardiovascular. B) Sistema Nervoso Central. C) Na musculatura esquelética. D) Nos ossos. Resposta no final do capítulo 3. Quais são os anestésicos locais do tipo amida? A) Lidocaína e procaína. B) Prilocaína e cocaína. C) Articaína e bupivacaína. D) Propoxicaína e mepivacaína. Resposta no final do capítulo 4. Dentre os diversos tipos de anestésicos locais existentes, qual deles é considerado padrão- ouro e utilizado para comparação como os demais tipos? A) Lidocaína. B) Prilocaína. C) Mepivacaína. D) Articaína. Resposta no final do capítulo Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17150 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 151 VASOCONSTRITORES Na odontologia moderna, é difícil atingir o controle adequado da dor sem a inclusão do vasoconstritor nas soluções anestésicas locais. Ele é contra-indicado somente pelo estado clínico do paciente ou em uma necessidade de execução de tratamento de duração curta.2 O uso de vasoconstritores pode gerar efeitos adversos em pacientes que fazem uso de antidepressivos tricíclicos, antagonistas betaadrenérgicos, anestésicos voláteis, cocaína e outros produtos vasoconstritores.18 Os vasoconstritores mais utilizados em associações com as soluções anestésicas locais sãoa adrenalina (epinefrina), noradrenalina (norepinefrina), levonordefrina, fenilefrina e a felipressina.27 A adrenalina encontra-se disponível em concentrações de 1:50.000 (lidocaína), 1:100.000 (lidocaína e articaína) e 1:200.000 (lidocaína, articaína, prilocaína e bupivacaína).10 A adrenalina é uma amina simpaticomimética, produzida pela medula da glândula supra- renal, que atua nos receptores alfa e betaadrenérgicos (o efeito beta é mais significativo). Sua ação é bastante expressiva no miocárdio. Atua no SCV aumentando a pressão sistólica e diastólica, o débito cardíaco, o volume sistólico, a freqüência cardíaca, a força de contração e o consumo de oxigênio pelo miocárdio. Essas ações levam a uma redução geral da eficiência cardíaca.7,28 Inúmeros autores enfatizam que a anestesia local com adrenalina é segura, desde que se respeitem as técnicas anestésicas e as doses máximas permitidas.7,29 A dose máxima de adrenalina, em paciente saudável, é de 0,2mg por sessão, ao passo que, em pacientes cardiopatas, é de 0,04mg (Quadro 1). Complicações sérias se desencadeiam com doses superiores a 0,5mg, sendo que doses acima de 4mg são letais. Em pacientes portadores de hipertermia maligna, a dose máxima é de 0,1mg.7 A noradrenalina precisa ser usada com o dobro da concentração da adrenalina para fornecer efeitos similares. É encontrada nas concentrações de 1:25.000, 1:30.000, 1:50.000 e 1:100.000 nas soluções anestésicas.30 Em quantidades fisiológicas (0,5ìg/kg), favorece o aparecimento de respostas mediadas principalmente pelos receptores alfaadrenérgicos, como a elevação da pressão arterial sistólica, diastólica, com bradicardia reflexa, em conseqüência do reflexo vagal.31 A dose máxima de noradrenalina, em paciente saudável, é de 0,34mg por sessão, ao passo que, para pacientes cardiopatas, é de 0,14mg. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17151 152 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL A Tabela 1 apresenta a quantidade de vasoconstritor usada para cada paciente (adrenalina e noradrenalina). A levonordefrina possui 15% da potência da adrenalina e pode ser encontrada em soluções com associações de mepivacaína na concentração de 1:20.000.10 Tem ação semelhante à da adrenalina, apresentando maior estabilidade e menor potência quando administrada em iguais concentrações.32 A fenilefrina tem potência bastante reduzida, se comparada à adrenalina, razão que justifica o seu uso habitual na concentração de 1:25.000. Promove, como ação direta, a vasoconstricção periférica, por atuação nos receptores alfaadrenérgicos. Possui a capacidade de liberar noradrenalina nas terminações sinápticas do SNC, contribuindo para seus efeitos alfaadrenérgicos, como aumento da resistência periférica, diminuição da atividade venosa e, conseqüentemente, aumento da pressão arterial sistólica, diastólica e média, com bradicardia reflexa.32 A felipressina, geralmente associada à prilocaína, possui um efeito local, não atuando nos receptores do sistema nervoso simpático. Apresenta ação ocitócica e antidiurética, o que contra-indica seu uso em gestantes. Pode ser administrada em pacientes com hipertireoidismo, sem maiores problemas, por não ser uma catecolamina.10,22 É um análogo sintético do hormônio antidiurético, a vasopressina, apresentando-se como uma amina, não-simpaticomimética, classificada como vasoconstritor. Possui ação vasoconstritora inferior à da adrenalina e à da noradrenalina. Não apresenta efeito no miocárdio e não é arritmogênica.33 Por atuar na musculatura lisa vascular, a felipressina não possui bom efeito hemostático, não sendo indicado seu uso na busca de hemostasia. A infusão endovenosa acidental em altas doses pode aumentar a resistência vascular periférica, diminuir a freqüência cardíaca e o débito cardíaco do paciente. Tabela 1 QUANTIDADE DE VASOCONSTRITOR POR PACIENTE Vasoconstritor Adrenalina (epinefrina) Noradrenalina (noraepinefrina) Paciente saudável 0,2mg 0,34mg Paciente cardiopata 0,04mg 0,14mg Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17152 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 153 O efeito primário da felipressina, quando utilizada em doses típicas do anestésico local, é a vasoconstrição sem nenhuma outra resposta cardiovascular significante.25 Neder e colaboradoresl 34 consideram a associação prilocaína a 3% com felipressina a 0,03UI segura para a utilização em pacientes hipertensos. Em gestantes, é recomendado o uso de lidocaína com vasoconstritor. Os anestésicos locais podem atravessar a barreira placentária, mas geralmente não são prejudiciais, a não ser que sejam administradas quantidades excessivas.18 O profundo conhecimento do fármaco, incluindo sua farmacocinética e farmacodinâmica, possíveis reações adversas, cálculo da dosagem máxima individual, condição sistêmica do paciente por meio de detalhada anamnese, bem como o uso criterioso do fármaco, especificamente para cada caso, fazem com que o percentual de complicações com o uso de vasoconstritores associado a soluções anestésicas praticamente inexista.35 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS DECORRENTES DO USO DE ANESTÉSICOS LOCAIS A toxicidade causada pelos anestésicos locais deve-se, na maioria dos casos, à injeção intravascular acidental e à administração extravascular excessiva, podendo variar de acordo com o nível de absorção, redistribuição tecidual e metabolismo da droga ou a potência intrínseca do anestésico.36 O nível plasmático do fármaco depende da velocidade de absorção, distribuição e eliminação. A bupivacaína é o anestésico local que possui maior meia-vida de eliminação, enquanto a procaína possui o menor tempo. A meia-vida de eliminação é conceituada como o tempo necessário para que a concentração plasmática da droga decresça a 50%.7 A injeção intravascular acidental pode ocorrer em todos os tipos de técnica anestésica local. As vias infiltrativas, intra-ósseas, intrabucais e os bloqueios (principalmente do nervo alveolar inferior) possuem alta taxa de ocorrência. Estudos clínicos com seringa de aspiração em punções, durante anestesia local, têm demonstrado que os vasos sangüíneos são atingidos em uma freqüência de 3,2 a 19%.37,38 O bloqueio do nervo alveolar inferior é a técnica com maior taxa de aspiração positiva, de 10 a 15% (Tabela 2). 7 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17153 154 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Como fatores predisponentes para o desencadeamento de reação de superdosagem anestésica, estão os relacionados ao paciente, ao agente e à via que será administrada. Dentre os fatores relacionados ao paciente, enquadram-se idade, peso, gênero, genética, presença de doença e uso concomitante de outros fármacos. Entre os fatores relacionados ao fármaco, estão vasoatividade, concentração, dose, via de administração, velocidade de administração e presença de vasoconstritor na substância anestésica.7 A toxicidade envolve o SNC e o SCV. Um sinal sistêmico clássico de toxicidade por anestésico local é a dormência perioral. Entretanto, se esse é o efeito desejado com o bloqueio anestésico, os sinais adicionais precisam ser reconhecidos.18 Outros sinais clínicos de toxicidade incluem taquicardia, hipertensão, sonolência, confusão, tinido e gosto metálico. Os sinais progressivos incluem tremores, alucinações, hipotensão, bradicardia e diminuição do rendimento cardíaco. Os sinais tardios incluem inconsciência, convulsões, disritmias ventriculares e parada respiratória e circulatória.18 Caso ocorra uma reação de superdosagem, o profissional deve interromper o tratamento, tranqüilizar o paciente, colocá-lo em posição supina, administrar oxigênio e aguardar a melhora do quadro clínico, monitorizando os sinais vitais. Em casos graves, instituir o suporte básico de vida e solicitar suporte médico de urgência e emergência.39 Caso haja crise convulsiva prolongada,por mais de 5 minutos, em que os mecanismos naturais inibitórios parecem perder sua eficácia, é prudente administrar 5 a 10mg de diazepam, sem diluição, por via intravenosa, proporcionando um estágio de sedação, mais ou menos importante, segundo a dose total administrada.14 Tabela 2 TÉCNICAS ANESTÉSICAS E TAXAS DE ASPIRAÇÃO POSITIVA Técnica anestésica Taxa de aspiração positiva Bloqueio do nervo alveolar inferior 10 a 15% Vazirani-Akinosi < 10% Bloqueio do nervo incisivo e mentoniano 5,7% Bloqueio do nervo alveolar superior posterior 3,1% Bloqueio do nervo alveolar superior médio 3% Gow-Gates 2% Bloqueio do nervo palatino 1% Bloqueio do nervo alveolar superior anterior 0,7% Fonte: Malamed (2005).7 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17154 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 155 As reações adversas aos anestésicos locais podem ser de dois tipos, as farmacológicas (A) e as idiossincráticas (B). As reações do tipo A são dose-dependentes e previsíveis segundo a farmacologia de cada fármaco, representando cerca de 80% de todas as reações adversas. Entretanto, essas reações tornam-se irrelevantes se os parâmetros de dose de administração recomendados dos anestésicos forem respeitados. As reações do tipo B são mais raras e mais sérias, pois não podem ser previsíveis pela farmacologia dos anestésicos.20 Os autores atentam para a importância da obtenção de uma boa história do paciente, através de completa investigação pelo cirurgião-dentista, principalmente quando houver suspeita de casos de reações alérgicas aos anestésicos locais. Neder e colaboradores34 afirmam que os vasoconstritores contidos nas soluções anestésicas também são responsáveis por alguns efeitos colaterais indesejáveis da anestesia. As principais complicações advindas da anestesia local são lipotímia, síncope, angina pectoris, hipotensão postural, broncoespasmo, reação anafilática e infarto do miocárdio.40 Necrose tissular, trismo, enfisema, hematomas, infecção e alergias são manifestações locais freqüentemente citadas.41 Lipotímia e síncope são dois termos cujas definições se confundem, o que os leva a serem tratados como sinônimos. A lipotímia é comumente definida como um mal-estar passageiro, caracterizado clinicamente por uma sensação angustiante e eminentemente de desfalecimento, com palidez, suores, zumbidos auditivos e visão turva, em que raramente ocorre perda de consciência. Já a síncope é definida como a perda repentina da consciência.39 No caso de ocorrência de um quadro clínico de lipotímia ou de síncope, o protocolo de atendimento é o mesmo. O procedimento deve ser interrompido, pois é preciso avaliar o grau de consciência do paciente, colocá-lo em posição supina, proporcionar permeabilidade das vias aéreas e monitorizar os sinais vitais. Após a recuperação, o paciente pode ser dispensado com acompanhante.39 Dentre as complicações sistêmicas da anestesia local, o choque anafilático é a manifestação mais grave e que, de maneira habitual, provoca a morte do paciente pela falta de preparo do profissional e de socorro adequado.42 Em caso de desencadeamento de uma reação anafilática, o protocolo diferencia-se em duas situações: na presença ou ausência de sinais vitais. Na presença de sinais vitais, deve-se colocar o paciente em posição supina, iniciar o suporte básico de vida, solicitar auxílio médico, administrar broncodilatador (adrenalina) e oxigênio, monitorizando o paciente. Após melhora do quadro clínico, deve-se iniciar terapêutica adicional, que inclui anti-histamínico e corticosteróide, evitando uma possível recorrência do quadro.7 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17155 156 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Em caso de ausência de sinais vitais, deve-se posicionar o paciente, iniciar o suporte básico de vida, solicitar auxílio médico, administrar broncodilatador (adrenalina) e oxigênio, monitorizando os sinais vitais enquanto se espera assistência médica.39 A toxicidade dos anestésicos locais envolve essencialmente o SNC e o SCV. A toxicidade sistêmica se caracteriza, inicialmente, por excitação com convulsões tônico-clônicas e, por último, depressão do SNC.41 O nível sangüíneo anticonvulsivante é de 0,5 a 4mcg/mL, a dose pré-convulsivante é de 4,5 a 7mcg/mL e as doses acima de 7,5mcg/mL comumente provocam convulsão tônico-clônica.7 Depressão dos centros bulbares reguladores da respiração e batimento cardíaco (colapso cardiorrespiratório) ocorrem nas doses acima de 10mcg/mL. A administração de anestésicos locais associados a vasoconstritores adrenérgicos não deve ser indicada em pacientes hipertensos que fazem uso de medicação anti- hipertensiva do tipo betabloqueadores não-seletivos ou diuréticos não-caliuréticos, pois podem estar mais susceptíveis a possíveis precipitações de episódios hipertensivos motivados por esses vasoconstritores.43 A síndrome da hipertermia maligna (HM) é um distúrbio metabólico grave que ocorre em indivíduos geneticamente susceptíveis, quando expostos a determinados anestésicos gerais e bloqueadores neuromusculares. Shinohara e colaboradores,44 em estudo sobre os aspectos clínicos da HM e sua relação com os anestésicos locais, afirmam que, apesar de os anestésicos do tipo amida serem apontados por diversos autores como indutores em potencial da HM, podem ser utilizados sem maiores problemas em pacientes susceptíveis à síndrome na prática clínica de rotina. Os autores apontam, ainda, o estresse e o eficaz controle da dor como fatores determinantes a considerar no tratamento desses pacientes. Uma anamnese criteriosa determinará a escolha do fármaco ideal. Apesar da efetividade e da segurança dos anestésicos locais, a anestesia ainda é a maior causa de medo e ansiedade nos pacientes. O estresse, uma manifestação psicossomática da ansiedade e do medo, pode provocar aumentos na liberação endógena de adrenalina que superam em até 40 vezes o nível usual, causando comportamento disruptivo, episódios de síncope e reações psicogênicas.7 O medo de sentir dor retarda a procura ao cirurgião-dentista, significando, muitas vezes, o agravamento e a complicação da patologia presente.45 A prilocaína, em altas doses, conduz o paciente à metaemoglobinemia, provocando alterações no mecanismo de transporte sangüíneo do oxigênio. Após a administração, o anestésico local é metabolizado, liberando metabólitos, dentre eles, a ortotoluidina, que se liga à molécula de hemoglobina e ao ferro ferroso, convertendo-o em ferro férrico, que não libera o oxigênio para os tecidos, causando hipóxia tecidual.18 Porém, apesar de alguns autores apontarem que a metaemoglobinemia se instala sempre que mais de 1% da hemoglobina passa para a forma férrica,46 estudos mais recentes apontam esse valor em torno de 20%, o que torna tal fenômeno de mais difícil ocorrência.47 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17156 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 157 Dentre os anestésicos que podem causar um episódio de metaemoglobinemia, estão a prilocaína, a articaína e a benzocaína.7,18 O azul de metileno a 1% (1 a 2mg/kg) e o ácido ascórbico (100 a 200mg/dia) são os fármacos que aceleram a conversão do ferro férrico em ferro ferroso, revertendo, assim, o quadro de metaemoglobinemia. Porém, se administrados em excesso, também desencadeiam a metaemoglobinemia. Meechan e colaboradores,48 em estudo clínico com utilização das soluções anestésicas lidocaína com adrenalina a 1:80.000 e prilocaína a 3% com felipressina a 0,03UI/mL em 20 pacientes com transplante cardíaco realizado (Grupo 1) e 10 saudáveis como grupo de controle (Grupo 2), não observaram alteração na freqüência cardíaca dos pacientes do Grupo 2. Já no Grupo 1, observou-se taquicardia significante 10 minutos após a administração da droga em todos os pacientes. Os autores concluem que os efeitos cardiovasculares empacientes transplantados são dependentes do tipo de solução anestésica a ser utilizada, apontando a prilocaína a 3% com felipressina a 0,03UI/mL como solução ideal a ser administrada nesses pacientes. Os anestésicos locais exercem efeito sobre a condução e a contratilidade do músculo cardíaco. Baixas concentrações podem ter efeito reverso de arritmias (lidocaína), ao passo que doses altas podem diminuir a contratilidade da fibra, determinando redução na freqüência cardíaca, na pressão arterial e no débito cardíaco com colapso cardiovascular.8 Tem-se relatado reações alérgicas aos componentes de conteúdo de tubetes anestésicos locais (Quadro 1),14 o bissulfeto de sódio (antioxidante) e o preservativo metilparabeno.18 Os parabenos (metil, etil e propil) são incluídos como agentes bacteriostáticos em muitos fármacos de múltiplo uso, em cosméticos e em alguns alimentos,2 estando, no Brasil, presentes em todas as soluções anestésicas envasadas em tubete de plástico. As soluções anestésicas locais, por serem mais largamente utilizadas, são consideradas erroneamente como as que mais provocam reações alérgicas em odontologia.18 Quadro 1 COMPONENTES DE UM TUBETE ANESTÉSICO LOCAL Anestésico local Vasoconstritor Fonte: Aytes e Escoda (1997).14 Metabissulfito de sódio Metilparabeno (ausente nos tubetes de vidro, com exceção da prilocaína) Cloreto de sódio Água estéril Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17157 158 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL A reação alérgica se desencadeia com a exposição a determinado alérgeno, gerando um estado de hipersensibilidade, que pode ser leve e tardio, até reações rápidas e letais. Clinicamente, podem ser observados urticária, prurido, pápulas, broncoespasmo, edema de faringe, hipotensão arterial e anafilaxia, sendo mais comuns as reações dermatológicas localizadas.39 Os ésteres apresentam maior potencial alérgico do que os tipos amida. A procaína foi o anestésico local tipo éster mais usado. Embora os ésteres não estejam mais em uso, os clínicos ainda precisam estar cientes das alergias causadas por eles. A articaína, anestésico local mais recente, é classificado como amida, mas apresenta ligações amida e éster, tendo o potencial de causar reação alérgica em pacientes sensíveis ao enxofre (sulfa).18 Como forma de prevenir um episódio de reação alérgica, o profissional deve questionar a história clínica do paciente, realizando uma boa anamnese e, se necessário, solicitar um parecer e teste de alergia. O protocolo para teste intracutâneo de alergia a anestésico usado na University of Southern California School of Dentistry (USCSD), nos últimos vinte anos, envolve a administração de 0,1mL de cada um dos seguintes fármacos: cloreto de sódio a 0,9%, lidocaína a 1% ou 2%, mepivacaína a 3% e prilocaína a 4%, sem metilparabeno, bissulfitos ou vasopressores. Após a conclusão do teste de alergia a anestésico, sem reposta positiva, 0,9mL de uma das soluções citadas, que não produziram reação alérgica, é injetado intra-oralmente por via supraperióstea, sem anestesia tópica, acima de um dente anterior ou pré-molar da arcada superior. Esse procedimento é considerado como prova do estímulo intra-oral e freqüentemente provoca a reação alérgica, identificada clinicamente com episódio de síncope, sudorese e palpitações.7 Na dúvida, o profissional deve considerar todos os pacientes como alérgicos e sempre ter fármacos de emergência, equipamentos e treinamento para conduzir possíveis complicações. O tratamento das reações alérgicas a anestésico baseia-se no tempo de início dos sinais clínicos. No caso de reação alérgica tardia (após 60 minutos), o protocolo consiste em administrar um anti-histamínico e solicitar avaliação médica. Já em caso de reações imediatas (antes de 60 minutos), as medidas consistem em administrar adrenalina, que atua como broncodilatador, e anti-histamínico, observar o paciente por no mínimo 60 minutos e, se necessário, conduzi-lo à emergência médica. Após a estabilização do quadro, prescrever anti-histamínico por três dias e solicitar parecer de um alergista.39 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17158 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 159 Batista e Sant’Anna Filho49 e Mariano e colaboradores50 enfatizam que, como não está disponível no mercado um anestésico local que preencha todas as necessidades clínicas, o profissional deve conhecer as propriedades do fármaco, bem como as vantagens e desvantagens de seu uso, a fim de eleger a solução anestésica a ser utilizada nos momentos ideais. 5. Quais são as vantagens do uso de um anestésico local com vasoconstritor? A) Menor toxicidade e maior sangramento. B) Maior duração e maior toxicidade. C) Menor quantidade e menor duração. D) Menor toxicidade e menor sangramento. Resposta no final do capítulo 6. Quais são as doses máximas de adrenalina por sessão que podem ser administradas em pacientes saudáveis e em cardiopatas? A) 0,2mg e 0,04mg. B) 0,4mg e 0,2mg. C) 0,02mg e 0,04mg. D) 0,04mg e 0,02mg. Resposta no final do capítulo 7. O nível sangüíneo do anestésico depende A) da velocidade de absorção. B) da lipossolubilidade. C) da taxa de ligação protéica. D) do pH. Resposta no final do capítulo 8. Qual o anestésico local que possui o maior tempo de mei-vida de eliminação? A) Lidocaína. B) Mepivacaína. C) Articaína. D) Bupivacaína. Resposta no final do capítulo Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17159 160 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL 9. Em caso de pacientes que apresentam uma reação anafilática sem a perda de sinais vitais, qual a conduta indicada? 10. Quais anestésicos locais podem gerar um quadro clínico conhecido como metaemoglobinemia? A) Lidocaína e prilocaína. B) Mepivacaína e articaína. C) Lidocaína e bupivacaína. D) Prilocaína e articaína. Resposta no final do capítulo 11. Qual a dose de anestésico local que pode desenvolver uma crise convulsiva? A) 0,1 a 0,5mcg/mL. B) 0,5 a 4mcg/mL. C) 4,5 a 7mcg/mL. D) Acima de 7,5mcg/mL. Resposta no final do capítulo 12. Na condição clínica em que o paciente relata, durante anamnese, ser alérgico à sulfa (enxofre), qual tipo de anestésico é contra-indicado? A) Lidocaína. B) Prilocaína. C) Mepivacaína. D) Articaína. Resposta no final do capítulo 13. Qual o principal componente dos anestésicos locais com vasoconstritor responsável por episódios de reação alérgica? A) Vasoconstritor. B) Anestésico local. C) Bissulfeto de sódio. D) Cloreto de sódio. Resposta no final do capítulo Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17160 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 161 14. Que sintomas clínicos demonstram o desencadeamento de reação alérgica à anestesia? De que forma o profissional pode prevenir um episódio de reação alérgica? 15. Qual a ação da adrenalina no sistema cardiorrespiratório? A) Vasodilatação. B) Broncoconstrição. C) Broncodilatação. D) Nenhuma das alternativas anteriores. Resposta no final do capítulo 16. Qual o principal efeito colateral dos anestésicos locais no SCV? A) Hipotensão. B) Hipertensão. C) Hipotensão seguida de hipertensão. D) Hipertensão seguida de hipotensão. Resposta no final do capítulo DOSAGEM ANESTÉSICA MÁXIMA DE SEGURANÇA RECOMENDADA Souza e Faria,51 em pesquisa de investigação clínica sobre intoxicação sistêmica por anestesia local, adverte quanto à necessidade de uma rígida observância no que se refere à utilização da dose terapêutica máxima para cada tipo de sal anestésico empregado e para cada paciente. A indicação de doses máximas de anestésico pelos fabricantes pressupõe a administração em indivíduos saudáveis (Tabela 3).14 Em indivíduos debilitados, crianças, idosos ou sob uso de determinadas medicações, há necessidade de reduções dadose total.52 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17161 162 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Para indivíduos adultos saudáveis, a dose máxima de lidocaína a 2%, recomendada pelos fabricantes, é de 4,4mg/kg, sem ultrapassar 300mg;7 a dose máxima de prilocaína a 3% com felipressina é de 6mg/kg, sem ultrapassar 400mg,7 ou sete tubetes; a dose aceitável de mepivacaína, na presença ou não de um vasoconstritor, é de 4,4mg/kg, sem ultrapassar 300mg;7 a dosagem máxima da articaína a 4% recomendada é de 7mg/kg de peso, sem ultrapassar 500mg e dose de 5mg/kg em crianças com idades entre 4 e 12 anos.7,53 O efeito da bupivacaína pode se prolongar por 12 horas. Doses totais em indivíduos adultos saudáveis normais não devem ultrapassar 1,3mg/kg até atingirem 90mg. Essas doses podem ser repetidas em intervalos de 3 horas, até um máximo de 400mg em 24 horas.16 A American Heart Association (AHA) recomenda que a dose máxima de adrenalina seja de 0,2mg para o paciente saudável, de 0,1mg para o paciente hipertenso e de 0,04mg para o paciente cardiopata (Tabela 4).33 Tabela 3 DOSE ANESTÉSICA MÁXIMA PARA INDIVÍDUOS ADULTOS SAUDÁVEIS Substância Bupivacaína 1,3mg/kg 90mg Lidocaína 4,4mg/kg 300mg Mepivacaína 4,4mg/kg 300mg Prilocaína 6mg/kg 400mg Articaína 7mg/kg 500mg Fonte: Aytes e Escoda (1997).14 Dose (mg/kg) Dose máxima (mg) Tabela 4 DOSE MÁXIMA DE EPINEFRINA (ADRENALINA) Paciente cardiopata (0,04mg) Concentração 1:50.000 (0,02mg/mL) 1:100.000 (0,01mg/mL) 1:200.000 (0,005mg/mL) Fonte: Louro e colaboradores (2001).33 Quantidade de tubetes 1 2 4 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17162 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 163 Alguns autores questionam a validade e a lógica da recomendação da dosagem máxima pelos fabricantes, uma vez que não são levados em consideração fatores como variação de absorção em diferentes localizações topográficas ou características inerentes de cada paciente, como idade e presença ou não de doença.54 CÁLCULO DA DOSAGEM ANESTÉSICA É muito comum nos dias atuais, tanto no meio acadêmico, quanto entre os profissionais, a dúvida em relação ao número de tubetes que podem ser utilizados por sessão. O que determina o limite máximo de tubetes que podem ser utilizados é a solução anestésica ou o vasoconstritor nela contida, bem como suas doses máximas. Talvez sejam essas as razões das dúvidas constantes.55 Antunes e colaboradores,56 em estudo realizado sobre o conhecimento dos alunos de graduação de odontologia em relação à dosagem anestésica local nos diversos procedimentos constituintes da prática odontológica, concluíram que a maioria dos alunos (96,6%) não realiza o cálculo da dosagem a ser utilizada em seu paciente, e grande parte (72,7%) jamais relaciona o peso do paciente ao cálculo de dosagem máxima. Tais resultados denotam falta de preparo por parte dos acadêmicos de odontologia em relação aos conhecimentos teóricos e práticos da anestesiologia. Maior atenção deve ser dada ao tema em virtude de sua importância na prática clínica diária do cirurgião-dentista.56 Para calcular corretamente as doses anestésicas locais, é necessário considerar o peso do paciente, a concentração do sal anestésico, a concentração do vasoconstritor e as doses máximas para cada um deles.55 As tabelas 5, 6 e 73,55 explicitam como calcular a dosagem anestésica máxima. Tabela 5 CÁLCULO DA QUANTIDADE DE ADRENALINA EM CADA TUBETE Emergência médica Solução anestésica Adrenalina 1:1.000 1g em 1.000mL 1g = 1.000mg 1.000mg em 1.000mL ↓ 1mg/mL Adrenalina 1:100.000 1g em 100.000mL1g = 1.000mg 1.000mg em 100.000mL ↓ 0,01mg/mL 1 tubete (1,8mL) 0,018mg de adrenalina/tubete Fonte: Prado e Salim (2004).3 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17163 164 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Tabela 6 CÁLCULO DA QUANTIDADE DE ANESTUBE LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS DOSES MÁXIMAS DE ADRENALINA 1:100.000 Paciente saudável Paciente cardiopata Dose máxima de adrenalina 0,2mg (por sessão) 0,2mg ÷ 0,018 (adrenalina/tubete) 11 tubetes Dose máxima de adrenalina 0,04mg (por sessão) 0,04mg ÷ 0,018 (adrenalina/tubete) 2 tubetes Fonte: Prado e Salim (2004).3 Tabela 7 CÁLCULO DA QUANTIDADE DE ANESTUBE LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O SAL ANESTÉSICO Prilocaína a 3% Dose máxima de prilocaína para pacientes de 70 kg: 6mg/kg com máximo de 400mg 6mg – 1kg Xmg – 70 kg X = 420mg (máximo 400mg) 3% = 3g em 100mL 3g = 3.000mg 3.000mg em 100mL 30mg/mL 30mg – 1mL Ymg – 1,8mL (1 tubete) Y = 54mg por tubete 54mg – 1 tubete 400mg – Z tubete Z = 7,4 tubetes Fonte: Silva e Freitas (2006).55 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17164 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 165 17. Paciente saudável, pesando 70 kg, compareceu à clínica odontológica para se submeter a procedimento cirúrgico (exodontia de dente incluso). O anestésico local disponível na clínica é lidocaína a 3% 1:100.000. Qual a quantidade máxima de tubetes que pode ser administrada? A) 2 tubetes. B) 3 tubetes. C) 5 tubetes. D) 7 tubetes. Resposta no final do capítulo UTILIZAÇÃO DE ANESTÉSICOS LOCAIS EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS SISTÊMICOS Tenis,2 em estudo que avaliou o conhecimento científico de alunos de graduação em relação à aplicabilidade clínica dos anestésicos locais em pacientes com distúrbios sistêmicos, como diabetes, asma e hipertireoidismo, enfatiza a grande dificuldade e a insegurança na escolha do fármaco de indicação ideal. Ribas e Armonia27 afirmam que 75% dos cirurgiões-dentistas não realizam habitualmente a tomada da pressão arterial de seus pacientes e, em 60,38% dos casos, preferem utilizar anestésicos locais sem vasoconstritores nos pacientes hipertensos. Pacientes com distúrbios cardiovasculares podem apresentar problemas quanto à execução de procedimentos odontológicos e/ou tratamentos clínicos de rotina. A hipertensão arterial sistêmica é o distúrbio mais freqüente, atingindo entre 15 e 20% da população adulta.27 A utilização de anestésicos locais com vasoconstritores em pacientes asmáticos não é contra-indicada. Na realidade, a adrenalina até poderia ser benéfica por sua ação sobre os receptores β2, promovendo um relaxamento da musculatura bronquiolar e conseqüente melhora da respiração (broncodilatação).2 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17165 166 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Apesar de pacientes asmáticos serem considerados, por cirurgiões-dentistas e médicos, como parte de um grupo de risco para reações alérgicas a anestésicos locais, a ação dessas substâncias como fator predisponente ainda é discutível. Cetinkaya, 57 em um estudo com a finalidade de verificar a sensibilidade alérgica em 125 crianças asmáticas ao cloridrato de lidocaína, concluiu que nenhuma delas apresentou reação alérgica, assegurando que os anestésicos locais podem ser utilizados com segurança em tais pacientes, a menos que uma reação de hipersensibilidade prévia tenha sido relatada pelo paciente. A alergia a bissulfitos ou metassulfitos de sódio é muito comum nesse tipo de pacientes, especialmente nos asmáticos dependentes de corticosteróides.58 Pacientes medicados com inibidores da monoamino-oxidase correm risco de hipertensão quando recebem a fenilefrina ou fármacos simpaticomiméticos, assim como aqueles com hipertireoidismo, diabete melito, distúrbios cardíacos e os submetidos à ação de fármacos anorexígenos e antidepressivos.59 A utilização de adrenalina como vasoconstritor é contra-indicada em caso de hipertireoidismo. O mesmo acontece com o paciente que está recebendo anestésico geral halogenado (halotano, metoxiflurano ou enflurano), pois essa substância sensibiliza o miocárdioe desencadeia arritmias cardíacas. Nesses pacientes, o vasoconstritor mais recomendado é a felipressina, com exceção de gestantes.2 Alguns autores estabeleceram um protocolo de preparo do paciente diabético que irá se submeter à anestesia local. Dentre os cuidados, estão a ida do paciente a um médico endocrinologista para a devida compensação metabólica do organismo, a administração profilática com posologia terapêutica de antibióticos. Além disso, deve-se considerar a possibilidade de administração de fármaco sedativo buscando minimizar a liberação de adrenalina pelas glândulas supra-renais e dar um conforto maior ao paciente, bem como verificar administração de insulina e alimentação adequada. O ato operatório deve ser realizado preferencialmente pela manhã e em várias etapas para minimizar o trauma e a sobrecarga tensional para o paciente. O pós-operatório deve ter observação diária da ferida cirúrgica.60,61 Em um paciente jovem insulinodependente, se o profissional suspeitar do não-diagnóstico ou de descompensação, não deve realizar o tratamento eletivo odontológico. Somente em situações de urgência deve ser feito algo para aliviar o paciente da dor ou desconforto. Já um paciente insulinodependente compensado por seu médico pode ser tratado como paciente normal de rotina do tratamento odontológico. O anestésico local deve ser recomendado em associação com a adrenalina a 1:200.000.2 Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17166 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 167 No atendimento a pacientes diabéticos não-insulinodependentes descompensados ou sem diagnóstico, é sensato intervir somente em urgências. Já o não-insulinodependente compensado pode passar pela rotina do tratamento odontológico com os cuidados da anestesia local, sem outras precauções especiais, contanto que as recomendações não interfiram na sua terapêutica e dieta diária.2 O potencial de interações entre diversos fármacos e os vasoconstritores é freqüente. Arritmias cardíacas, alterações na pressão arterial e na freqüência cardíaca são observadas com administrações de doses de adrenalina, noradrenalina e levonordefrina, em pacientes usuários de antidepressivos tricíclicos, fármacos bloqueadores neuronais adrenérgicos (fentolamina, tolazolina, alcalóides do ergot, fenotiazínicos (clorpromazina), propanolol e guanetidina) e halotano.62 UTILIZAÇÃO DE ANESTÉSICOS LOCAIS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS Hirata e colaboradores, 63 em estudo com o objetivo de estabelecer os fatores que determinam os volumes máximos, em mL, de anestésicos locais a serem administrados em odontopediatria, apontam a idade, o peso e a superfície corporal como os principais fatores a observar para o cálculo de dosagem anestésica local máxima em crianças. Geralmente, não se obtém da indústria farmacêutica a realização de testes de fármacos na população pediátrica. Portanto, as dosagens máximas dos fármacos são freqüentemente desconhecidas. Além disso, a indústria farmacêutica reluta em recomendar doses pediátricas máximas de um fármaco devido às variações de idade e peso.18 Duas fórmulas-padrão podem ser usadas para calcular a dosagem pediátrica das drogas: a regra de Young, que se baseia na idade da criança, e a regra de Clark, que se baseia no peso da criança (Quadro 2).18 Regra de Young Regra de Clark Dose da criança = idade da criança x dose do adulto Idade + 12 Dose da criança = peso da criança x dose do adulto 70 kg Fonte: Abubaker e Benson (2004).18 Quadro 2 FÓRMULA-PADRÃO PARA O CÁLCULO DA DOSAGEM PEDIÁTRICA Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17167 168 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL É fácil exceder a dose máxima de anestésico local em um paciente pediátrico. O clínico precisa estar especialmente atento se, por exemplo, uma criança requer a extração de vários dentes em diferentes quadrantes. Se todos forem extraídos em uma mesma sessão, o clínico deve ser muito cuidadoso com a quantidade de anestésico local administrado. Outro aspecto a ser levado em consideração em pacientes pediátricos é o uso de vasoconstritor, que limita a absorção do anestésico local pela vasculatura e, dessa forma, diminui os efeitos sistêmicos, permitindo um aumento na dose. Portanto, a concentração da solução anestésica e o uso de um vasoconstritor alteram a dose máxima a ser administrada.18 O anestésico local mais seguro para o paciente pediátrico é a lidocaína a 2% com adrenalina 1:200.000. Um método simples de lembrar a dose pediátrica de lidocaína a 2%, com ou sem vasoconstritor, é usar um tubete para 9,09kg.18 O potencial de desenvolver toxicidade é maior para os pacientes pediátricos e geriátricos. É maior para os idosos por, geralmente, fazerem uso de outros fármacos que podem gerar reação adversa e por terem metabolismo basal mais lento.18 18. Por que é importante verificar a pressão arterial dos pacientes antes de utilizar anestési- cos locais? 19. É indicada a utilização de anestésicos locais com vasoconstritores em pacientes asmáti- cos? Justifique sua resposta. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17168 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 169 20. Analise as afirmativas em relação ao uso dos anestésicos locais em pacientes com distúr- bios sistêmicos. I – Pacientes medicados com inibidores da monoaminooxidase correm risco de hiper- tensão quando recebem fenilefrina ou fármacos simpaticomiméticas. II – A utilização de adrenalina como vasoconstritor é contra-indicada em caso de hipertireoidismo. III – Em paciente que está recebendo anestésico geral halogenado (halotano, metoxiflurano ou enflurano), a levonordefrina deve ser usada como vasoconstritor. Assinale a alternativa correta. A) Somente a afirmativa I. B) Somente as afirmativas I e II estão corretas. C) Somente as afirmativas II e III estão corretas. D) Todas as afirmativas estão corretas. Resposta no final do capítulo 21. Descreva os cuidados a serem estabelecidos antes de submeter um paciente diabético à anestesia local. 22. Utilizando a regra de Young, calcule a dosagem pediátrica de lidocaína a 2% para a anestesia de um paciente de 11 anos de idade. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17169 170 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL CASO CLÍNICO Paciente compareceu à clínica odontológica com uma lesão de furca no primeiro molar inferior direito, sendo indicada exodontia do elemento dentário. Durante anamnese, negou alterações sistêmicas e alergias e afirmou pesar 50kg. A solução anestésica utilizada foi prilocaína a 4% com adrenalina. Após administrar dois tubetes, o profissional iniciou o procedimento, porém o paciente relatava sintomatologia dolorosa. Ao realizar uma nova anestesia, o profissional decidiu trocar a solução anestésica a ser administrada, optando pelo uso de mepivacaína a 2% com adrenalina 1:100.000. 23. Considerando os dados do caso clínico apresentado, assinale a alternativa que apresenta a dose máxima de mepivacaína que ainda poderá ser usada, em tubetes: A) 1,5 tubetes B) 2 tubetes C) 3 tubetes D) 4 tubetes Resposta no final do capítulo Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17170 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 171 CONCLUSÃO Embora a indústria farmacêutica tenha se desenvolvido muito nas últimas décadas, ainda não existe um anestésico considerado ideal ou melhor que os demais. Assim, o profissional deve escolher, dentre os diversos tipos de anestésicos local disponíveis no mercado, aquele que for mais indicado tanto para o paciente quanto para o procedimento que irá realizar. Todos os profissionais que realizam anestesia local podem se deparar com uma complicação sistêmica. Portanto, é de fundamental importância o conhecimento da farmacocinética e da farmacodinâmica dos fármacos injetados, assim comoas dosagens máximas, contra- indicações e conduta diante de uma emergência médica. O melhor tratamento para as complicações sistêmicas advindas da anestesia local é, sem dúvida, a prevenção, por meio de uma boa anamnese e de exame físico. RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: B Comentário: Os anestésicos locais primeiro efetuam sua ação clínica e depois entram na corrente sangüínea, sendo distribuídos por todos os compartimentos orgânicos, metabolizados e excretados. Já os fármacos, em geral, primeiramente entram na corrente sangüínea para depois desempenharem efeito clínico. Atividade 2 Resposta: C Comentário: Após ser administrado, o anestésico local efetua sua ação clínica e depois entra na corrente sangüínea, sendo distribuído por todo o organismo. A musculatura esquelética é a parte que recebe maior concentração do anestésico local por corresponder à maior quantidade de massa corpórea do organismo. Atividade 3 Resposta: C Comentário: Lidocaína, prilocaína, articaína, mepivacaína, bupivacaína e etidocaína são os anestésicos locais classificados como não-ésteres, ou seja, do tipo amida. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17171 172 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Atividade 4 Resposta: A Comentário: Em 1948, a lidocaína tornou-se o primeiro anestésico local do tipo amida a ser comercializado, substituindo a procaína, anestésico do tipo éster, como fármaco de escolha para o controle da dor. Por ser o anestésico local mais amplamente utilizado em medicina e odontologia, atualmente é considerada o padrão-ouro,10 servindo de comparação para muitos estudos sobre anestésicos locais presentes na literatura mundial. Atividade 5 Resposta: D Comentário: A utilização de um vasoconstritor associado à solução anestésica possibilita maior duração, menor toxicidade, menor quantidade e menor sangramento. Atividade 6 Resposta: A Comentário: A dose máxima de adrenalina por sessão, em paciente saudável, é de 0,2mg. Já para cardiopata, a dose máxima é de 0,04mg. Atividade 7 Resposta: A Comentário: O nível sangüíneo do anestésico depende da velocidade de absorção, velocidade de distribuição e eliminação da droga. Atividade 8 Resposta: D Comentário: O tempo de meia-vida é o período necessário para que a concentração plasmática da droga decresça a 50%. A bupivacaína é o anestésico local que apresenta o maior tempo de meia-vida (2,7 horas), demorando mais para ser metabolizado. Atividade 10 Resposta: D Comentário: A prilocaína e a articaína, quando metabolizadas, produzem um metabólito conhecido como ortotoluidina, que converte o ferro ferroso em ferro férrico, gerando hipóxia tecidual por não liberar a molécula de oxigênio para os tecidos. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17172 PRO-ODONTO | CIRURGIA | SESCAD 173 Atividade 11 Resposta: D Comentário: O nível sangüíneo anticonvulsivante é de 0,5 a 4mcg/mL, a dose pré- convulsivante é de 4,5 a 7mcg/mL e as doses acima de 7,5mcg/mL provocam convulsão tônico-clônica. Atividade 12 Resposta: D Comentário: O uso de articaína é contra-indicado em paciente que relata ser alérgico à sulfa, pelo fato de a articaína ter em sua composição esse elemento. Atividade 13 Resposta: C Comentário: O bissulfeto de sódio e o metilparabeno são os dois componentes da solução de anestésico local responsáveis por reações alérgicas. Atividade 15 Resposta: C Comentário: A adrenalina (epinefrina) causa vasoconstrição no sistema vascular e broncodilatação no sistema respiratório. Atividade 16 Resposta: A Comentário: O principal efeito dos anestésicos locais no SCV é a hipotensão, pelo fato de possuírem propriedade vasodilatora. Atividade 17 Resposta: C Comentário: 70Kg 3% 4,4mg – 1kg 3g – 100mL 30mg – 1mL 1 tubete – 1,8mL Xmg – 70kg 3000mg – 100mL 300mg – YmL Z – 10mL X = 308mg 30mg/mL Y = 10mL Z = 5,55 tubetes (Dose máxima é de 300mg) (Aproximadamente 5 tubetes) Atividade 20 Resposta: B Comentário: Em paciente que está recebendo anestésico geral halogenado (halotano, metoxiflurano ou enflurano), o vasoconstritor mais recomendado é a felipressina, exceto em gestantes. Proodonto-cirurgia_4_Complicações sistemicas.pmd 26/6/2008, 19:17173 174 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS EM ANESTESIA LOCAL Atividade 23 Resposta: B Comentário: Prilocaína a 4% (6mg/kg, não ultrapassar 400mg) 50kg 4% 6mg – 1kg 4g – 100mL 40mg – 1mL Xmg – 50kg 4000mg – 100mL Ymg – 3,6mL (2 tubetes usados) X = 300mg 40mg/ml Y = 144mg (mg usados) (dose máxima nesse caso) Mepivacaína a 2% (4,4mg/kg, não ultrapassar 300mg) 50kg 2% 4,4mg – 1kg 2g – 100mL Xmg – 50kg 2000mg – 100mL X = 220mg 20mg/mL (dose máxima nesse caso) Mepivacaína a 2% - 220mg (menor das duas doses) – 144mg (dose já usada) = 76mg (dose que ainda pode ser usada) 20mg – 1mL 1 tubete – 1,8mL 76mg – KmL Z tubete – 3,8mL K = 3,8mL Z = 2,11 tubetes A dose máxima de mepivacaína a 2% que ainda poderá ser usada nesse caso é de 3,8ml ou, aproximadamente, dois tubetes. Erroneamente, a maioria dos profissionais acha que a falha da anestesia é decorrente da solução anestésica (“comprei um lote ruim”), e não devido a uma possível variação anatômica do paciente ou erro na técnica anestésica, o que é mais provável. Assim, acabam decidindo trocar a solução anestésica usada. No caso da associação de duas diferentes soluções anestésicas, a dose total de ambas não deve ultrapassar a menor das duas doses máximas de cada agente. Nesse caso, são 220mg (mepivacaína) versus 300mg (prilocaína), menos a dose de prilocaína já administrada (144mg), permitindo ainda o uso de 76mg de mepivacaína, ou, aproximadamente, dois tubetes. REFERÊNCIAS 1. Dannemann F, Lotufo T. Éter, gás hilariante, dois dentistas e a incrível história da anestesia. [capturado 2007 Jan 20]. Disponível em: http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=522 &idesp=1&le r=s 2. Tenis CA. 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