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O devido processo penal e o entendimento STF acerca da execução provisória da pena (resenha crítica)

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A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão consagrou em seu art. 9º o estado de inocência. Já o art. 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos acolheu o princípio da presunção de inocência. A Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, no art. 26, consagra o estado de inocência, o qual foi inserido no tópico “Direito a um Processo Regular”. De igual forma, a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos estabeleceu as garantias judiciais, dentre elas, o estado de inocência.
Esses diplomas internacionais acerca dos direitos humanos influenciaram o legislador constitucional de inúmeros países de modo que o estado de inocência passou a ser inserido nas Cartas Constitucionais. No Brasil, o princípio do devido processo legal teve sua garantia expressa apenas na Constituição de 1988 (art. 5º, LIV), antes era aplicado com a utilização do direito comparado, principalmente o direito norte-americano o que melhor desenvolveu o sentido do princípio.
O estado de inocência é um princípio de elevado potencial político e jurídico onde a regra é a manutenção da liberdade do cidadão. Sendo assim, a prisão somente se justifica após uma sentença condenatória com trânsito em julgado. Segundo o Estatuto de Roma do TPI, para proferir sentença condenatória, o Tribunal deve estar convencido de que o acusado é culpado, além de qualquer dúvida razoável, ou seja, na dúvida do julgador, deve ser aplicado o princípio do in dubio pro reo.
A garantia da presunção de inocência produz seus efeitos no interior do processo e também fora dele, bem como quanto ao tratamento dispensado ao sujeito, acusado processado ou imputado, ou seja, há violação do estado de inocência por demandas extraprocessuais como é o caso de entrevistas à mídia e a exposição de suspeitos, com afirmação de autoria e culpabilidade.
Até p. 125 do texto
O processo e o julgamento não se fundam no que o acusado foi ou é, mas numa situação fática determinada. A quebra da inocência em um processo não irradia seus efeitos em outro e nem diminui o âmbito de sua concretude, em face da condição ser de humano e de cidadão.
Quando a perspectiva de análise partir da presunção de inocência, a regra é a manutenção da liberdade, sem restrições, com o emprego dos remédios jurídicos garantidos pela CF e pela legislação ordinária, mormente através do habeas corpus. Por isso, a prisão somente se justifica após uma sentença condenatória transitada em julgado.
As prisões preventivas são exceções, dependendo da necessidade do caso e não representam uma antecipação dos efeitos de uma possível condenação. A constitucionalidade da prisão preventiva advém do artigo 5º, LXI da CF e, segundo o STJ através da Súmula 9, “a exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”. 
Ademais, o uso de algemas, assim como as prisões preventivas, é exceção, conforme súmula vinculante 11: “só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agende ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
Desta forma, seu uso, além de afrontar a imagem do sujeito, sepulta o estado de inocência do mesmo, visto que o uso de algemas simboliza a culpa firmada, independentemente de julgamento.
Em 2016 houve uma mudança significativa e crítica no sentido de que, observando que esses direitos do cidadão, inclusive o direito de liberdade e outras dentre as garantias constitucionais que foram com o decorrer da história construídos e de modo universal sendo observados, a mudança se refere a um entendimento do STF muito bem quisto pelos ministros, que entendeu a possível execução provisória da pena, quando confirmada em segunda instância a sentença proferida pela primeira, que vem gerando grande controversia jurisprudencial acerca do principio constitucional da presunção de inocência, porque, mesmo sem força vinculante, tribunais de todo o país estão adotando tal posicionamento, no que fere o disposto no artigo 283 do CPP.
Nesse sentido, contrariando tal entendimento, cremos que esta não seja a resolução dos problemas inclusive das prolações das decisões por meio de recursos, a nossa divergencia se trata de que não há no Estado um sistema carcerário digno, e que enquanto aquele acusado não seja definitivamente - e aqui nos referimos ao transito em julgado da sentença condenatória –, não pode o Estado privar a liberdade e colocar em situação indigna um sujeito inocente, a segurança de que o sujeito é culpado ainda não se tem, pois, ainda existe para este o princípio do duplo grau de jurisdição, ou seja, tal entendimento atinge um rol de princípios. 
Referências:
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo penal. 3ª ed. Atlas. 2016.
STF admite execução da pena após condenação em segunda instância. Disponível em: <<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=326754>>

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