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Modalidades de textos e sua aplicação no português Florense 2

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Leoni Berger
MODALIDADES DE TEXTO E SUA APLICAÇÃO NO PORTUGUÊS FORENSE
Referência
 GOLD, Miriam. Português instrumental para curso de direito: como elaborar textos jurídicos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
 Os textos podem ser classificados e divididos por sua 'organização discursiva', isto é, pela forma característica como a ideia é organizada.
 Narração: apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e constróem uma história, que nos é dada por um narrador.
 Descrição: é um discurso que apresenta, de um ponto de vista ou foco, objetos, paisagens, lugares, ambientes, personagens e seus estados emocionais.
 Dissertação: quando um texto apresenta ou explica ideias, esclarecendo-as, organizando-as, sem, entretanto, tomar uma posição 	em relação a elas, estamos diante de uma exposição.
 
Argumentação: são apresentadas ideias e fatos que sustentam um ponto de vista acerca de determinada questão. Argumentar consiste em provar, demonstrar ou defender uma visão particular sobre determinado assunto.
NARRAÇÃO
Características da narração
 
 A narrativa, no discurso forense, ocorre sempre na 3a pessoa, uma vez que o advogado está representando seu cliente.
A estrutura narrativa tem como finalidade última situar o interlocutor nos acontecimentos que ensejaram a ação.
Características da narração
 
 A obediência à sequência temporal é de suma importância, pois é garantidora de que a narrativa chegue logicamente a uma conclusão.
Os verbos relativos às circunstâncias narradas estão no pretérito perfeito do modo indicativo, pois quando ocorre o relato a ação já se desencadeou.
Elementos narrativos
Quem: as pessoas que participam do fato jurídico.
O quê: apresentação clara dos fatos que direcionam a história.
Quando: o momento em que aconteceram, as circunstâncias relatadas (tempo).
Onde: localização dos eventos narrados (espaço).
Elementos narrativos
Como: modo como se desenvolveram as circunstâncias, apresentadas em uma sequência cronológica ou lógica.
Por que: a razão que ocasionou os fatos narrados.
Por isso: a consequência lógica.
Descrição
 Descrição é "uma espécie de pintura por palavras, a representação verbal da sequência de aspectos sob os quais evocamos ou imaginamos seres e ambiente".3
 
 
Descrever é a reprodução verbal de uma realidade, extraída da percepção sensorial.
Tipos de descrição:
 
De ser animado ou inanimado;
de interior;
de paisagem;
de cena.
Características da linguagem descritiva
 
Verbos que designam estado (ser, parecer, ficar, permanecer, continuar etc.).
Verbos no pretérito imperfeito do modo indicativo;
adjetivos e locuções adjetivas.
 “Vestida de preto, tesa e imóvel à cabeceira da mesa, com seu penteado severo, seu ar calmo, parecia um retrato antigo. Tinha a pele cor de marfim velho e um quê de veludoso nos olhos e pálpebras pisadas, circundados de olheiras arroxeadas. Sua voz era velada. Os gestos, mansos."6 
 (Os verbos do texto são 'parecia', 'tinha' e 'era'; e seus adjetivos e locuções adjetivas são 'de preto', 'tesa', 'imóvel', 'severo', 'calmo', 'antigo', 'cor de marfim velho', 'de veludoso', 'pisadas', 'arroxeadas', 'velada' e 'mansos'.)
Características da linguagem descritiva
 Finalidades do texto descritivo 
Identificar
Localizar
Qualificar
 Use os “6” sentidos:
VISÃO, AUDIÇÃO, OLFATO, TATO, GOSTO 
E
INTUIÇÃO 
DISSERTAÇÃO
 Dissertar é expor um ponto de vista sobre um determinado assunto. Seu foco são as ideias, diferentemente da narração (fatos), ou da descrição (imagens). Na dissertação, analisam-se, explicam-se e interpretam-se opiniões. Portanto, todo texto dissertativo trabalha com temas, postulando uma tese.
 Diferença entre dissertação e argumentação 
 Objetivo 1: (argumentação)
 Procurar convencer alguém de alguma coisa, buscando influir no ânimo do leitor por meio de argumentos, provas, etc.
Objetivo 2: (dissertação)
Dar a conhecer, ou a explicar, certo modo de ver qualquer questão.
Dissertação e texto jurídico
 
 Na petição inicial, por exemplo, o juiz é situado diante dos fatos Jurídicos, além de o autor oferecer uma contextualização dos acontecimentos.
Introdução
Dissertação e texto jurídico
Há a explanação do ponto de vista ou da ideia e indicam-se os elementos que servem para defender o tema apresentado. No discurso forense, apresentam-se doutrinas, fundamentações, evidências, testemunhos.
Desenvolvimento
 O autor encerra de forma lógica a ideia principal. Na petição inicial vemos, além da conclusão lógica, a formulação do pedido ao juiz.
Conclusão
Dissertação e texto jurídico
 
Linguagem da dissertação argumentativa
 Evitar palavras abstratas;
usar formas verbais precisas, do tipo 'afirmamos' (em vez de 'podemos dizer' ou 'penso');
 utilizar expressões que ressaltam o ponto de vista do redator, como 'cumpre' ou 'é preciso';
 fazer uso de períodos subordinados, em que as ideias têm vínculos mais complexos, como as de causa e consequência.
No discurso forense, a argumentação está sempre presente, pois o conflito entre as partes contrárias exige uma sustentação lógica que, por sua vez, será analisada pelo juiz, o qual também terá que fundamentar sua decisão.
Os principais elementos da argumentação são consistência de raciocínio (firmeza) e evidência das provas (fatos).
1. Proposição.
2. Análise da proposição.
3. Formulação dos argumentos (com evidência):
a) fatos (comprovados);
b) exemplos;
c) ilustrações;
d) dados estatísticos;
e) testemunho autorizado (é a opinião de figura consagrada no meio técnico-jurídico) - jurista, doutrinador teórico.
4. Conclusão.
Uma argumentação formal, segue basicamente o seguinte esquema:
Esquema de argumentação
Exemplo
A dissertação envolve reflexões e argumentações desenvolvidas a partir de um tema. Para desenvolver uma reflexão, o escritor faz afirmações a respeito do tema. Essas afirmações podem expressar dois tipos de conceitos:
Conceito absoluto - A afirmação é verdadeira ou falsa. Veja esta afirmação: 
Todo homem é mortal.
É difícil, senão impossível, contestar a veracidade dessa afirmação. Ela não suscita qualquer discussão, pois exprime um conceito verdadeiro sob qualquer ponto de vista. Dizemos que ela contém um conceito de verdade absoluto.
 Conceito relativo - A afirmação é verdadeira e falsa. Veja esta afirmação:
 Todo homem é corajoso.
 Esse tipo de afirmação pode ser contestado, pois é verdadeiro sob alguns pontos de vista, mas falso sob outros.
Conceito absoluto:“Todo homem é mortal”. Verdadeiro (ou) falso. 
Conceito relativo:“Todo homem é corajoso”. Verdadeiro (e) falso
Ao contrário, as frases que transmitem um conceito relativo suscitam dúvidas, hesitações. Entram em cena as opiniões, os pontos de vista diferentes e conflitantes. Discute-se o grau de verdade e/ou falsidade.
 As frases que transmitem um conceito absoluto não suscitam qualquer tipo de dúvida, de conflito. Não se discute o grau de verdade ou falsidade.
 Ao escrever uma dissertação, você emite uma opinião, formula, portanto, uma tese a respeito do problema analisado. Essa tese representa um ponto de vista do problema que será verdadeiro sob alguns aspectos, mas falso sob outros aspectos. Compete a você discutir o grau de verdade e/ou de falsidade da tese, apresentando os argumentos favoráveis e/ou contrários a ela.
As dissertações baseiam-se sobretudo em afirmações que transmitem um conceito relativo.
Esquemas de análise do problema
 
1a) Esquema analítico (verdadeiro ou falso)
Tese
(opinião)
Demonstração
(porque)
Conclusão
(portanto)
 2a) Esquema dialético (verdadeiro e falso)
 Parte de uma tese (argumentos favoráveis), formula uma antítese (argumentos contrários) e chega a uma síntese (conclusão). A esse processo de raciocínio denominamos esquema dialético.
1 Tese
demonstração
2 Antítese
demonstração
3 Síntese
 Há hoje uma tendência para considerar a leitura menos necessária do que em outros tempos. O rádio e especialmente a televisão chamaram a si muitas das funções outrora desempenhadas pela pintura e por outras artes gráficas. 
	Segundo a opinião geral, a televisão se desincumbe muito bem de algumas dessas funções; a comunicação visual das notícias, por exemplo, causa enorme impacto. A capacidade do rádio de nos transmitir informações enquanto estamos ocupados em outras coisas - dirigindo automóvel, por exemplo - é notável e representa grande economia de tempo.
	 Mas é lícito perguntar se o advento dos modernos meios de comunicação aumentou muito nossa compreensão do mundo em que vivemos.
	Talvez saibamos mais do que sabíamos acerca do mundo, e na medida em que o conhecimento é requisito indispensável para a compreensão, isso é uma vantagem inegável. Mas o conhecimento não é tão imprescindível à compreensão como em geral se supõe. Não precisamos saber tudo sobre uma coisa para entendê-la; muitas vezes o excesso de fatos representa para o entendimento um obstáculo tão árduo quanta a escassez deles. 
	Em certo sentido, nós, modernos, estamos abarrotados de fatos em prejuízo do entendimento.
(Mortinimer J. de Adler e Charles Van Deren, A arte de ler.)
 
Tese: colocação do problema
 
F1) Há hoje uma tendência para considerar a leitura menos necessária do que em outros tempos.
Demonstração de F1 (pois)
F2) O rádio e especialmente a televisão chamaram a si muitas das funções outrora desempenhadas pela pintura e por outras artes gráficas.
 
Desenvolvimento de F2
F3) Segundo a opinião geral, a televisão se desincumbe muito bem de algumas dessas funções; a comunicação visual das notícias, por exemplo, causa enorme impacto.
 
Desenvolvimento de F2
F4) A capacidade do rádio de nos transmitir informações enquanto estamos ocupados em outras coisas - dirigindo automóvel, por exemplo - é notável e representa grande economia de tempo
Antítese: posição contrária
F5) Mas é lícito perguntar se o advento dos modernos meios de comunicação aumentou muito nossa compreensão do mundo em que vivemos.
 
Argumento favorável à tese
F6) Talvez saibamos mais do que sabíamos acerca do mundo, e na medida em que o conhecimento é requisito indispensável para a compreensão, isso é uma vantagem inegável.
Argumento contrário a F6
F7) Mas o conhecimento não é tão imprescindível à compreensão como em geral se supõe.
Desenvolvimento de F7
F8) Não precisamos saber tudo sobre uma coisa para entendê-la; muitas vezes o excesso de fatos representa para o entendimento um obstáculo tão árduo quanto a escassez deles.
Síntese: conclusão de F7 e F8
F9) Em certo sentido, nós, modernos, estamos abarrotados de fatos em prejuízo do entendimento.

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