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"[...] porque sem mim nada podeis fazer." João 15:5 Deus seja louvado. Guerreiro, Helder Eu odeio Fenômenos de Transporte I. / Helder Guerreiro – Manaus, 2017. Bibliografia Livro não catalogado e não institucional, o mesmo é amador. Sumário Apresentação .......................................................................................................................... 12 Observações ............................................................................................................................. 13 1. O seu conhecimento nas gotas de orvalho – Definições Gerais ................... 14 1.1 Conceitos Fundamentais ...................................................................................................................................................... 14 1.2 Fluido .......................................................................................................................................................................................... 14 1.3 Princípio da Aderência ........................................................................................................................................................ 15 1.4 Fluido em Mecânica dos Fluidos ....................................................................................................................................... 15 1.5 Tensão de Cisalhamento ...................................................................................................................................................... 16 1.6 Tensão de Cisalhamento num Fluido .............................................................................................................................. 16 1.7 As Tensões Entre Camadas ................................................................................................................................................ 17 1.8 Lei de Newton ......................................................................................................................................................................... 17 1.9 Viscosidade ................................................................................................................................................................................ 18 1.10 Tensão de Cisalhamento e Viscosidade ....................................................................................................................... 18 1.11 Condições Ambientais ........................................................................................................................................................ 19 1.12 O Gradiente ........................................................................................................................................................................... 19 1.13 Simplificação Prática ......................................................................................................................................................... 19 Exemplo 1 ......................................................................................................................................................................................... 20 2. Descobrindo a ponta do iceberg – Características e Tipos de Fluidos ...... 22 2.1 Massa Específica ...................................................................................................................................................................... 22 2.2 Peso Específico ......................................................................................................................................................................... 23 2.3 Viscosidade Cinemática ........................................................................................................................................................ 23 2.4 Tipos de Fluidos....................................................................................................................................................................... 24 2.5 Fluido Ideal ............................................................................................................................................................................... 24 2.6 Reflexões Sobre a Viscosidade ............................................................................................................................................ 24 2.7 A Consequência de uma Viscosidade Nula .................................................................................................................... 25 2.8 Fluido Incompressível ............................................................................................................................................................ 26 2.9 Tipos de Fluidos Incompressíveis ...................................................................................................................................... 26 2.10 Tensão Cisalhante e o Tempo ......................................................................................................................................... 27 Exemplo 2 ......................................................................................................................................................................................... 28 3. A entidade que te persegue por toda faculdade - Pressão ........................... 31 3.1 Estática dos fluidos ................................................................................................................................................................ 31 3.2 Pressão ....................................................................................................................................................................................... 31 3.3 Pressão de um Fluido ............................................................................................................................................................ 32 3.4 Exemplos de Pressão de Fluidos........................................................................................................................................ 32 3.5 Pressão de um Gás ................................................................................................................................................................ 33 3.6 Equação da Pressão ............................................................................................................................................................... 33 3.7 Teorema de Stevin ................................................................................................................................................................. 34 3.8 Explicação Analítica .............................................................................................................................................................. 34 3.9 Pressão Atmosférica .............................................................................................................................................................. 35 3.10 Lei de Pascal.......................................................................................................................................................................... 35 3.11 Análise da Lei de Pascal ................................................................................................................................................... 36 3.12 Pressão e Altura .................................................................................................................................................................. 36 3.13 Pressão Absoluta e Efetiva ...............................................................................................................................................37 3.14 Medidores de Pressão ........................................................................................................................................................ 38 3.14.1 Barômetro ..................................................................................................................................................................... 38 3.14.2 Piezômetro ..................................................................................................................................................................... 38 3.14.3 Manômetro em U........................................................................................................................................................ 39 3.14.4 Manômetro Diferencial ............................................................................................................................................. 39 Exemplo 3 ......................................................................................................................................................................................... 39 4. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos ....................................................... 43 4.1 Base Teórica ............................................................................................................................................................................. 43 4.1.1 Forma correta de utilizar o teorema de Stevin ................................................................................................. 44 4.1.2 Manômetro aberto com um líquido e um gás .................................................................................................... 45 4.1.3 Manômetro aberto com dois líquidos ..................................................................................................................... 46 4.1.4 Manômetro fechado com três líquidos ................................................................................................................... 47 4.2 Exercícios resolvidos............................................................................................................................................................... 47 Questão 1 ...................................................................................................................................................................................... 47 Questão 2 ...................................................................................................................................................................................... 48 Questão 3 ...................................................................................................................................................................................... 49 5. Velozes e Ferozes – Cinemática dos fluidos .......................................................... 50 5.1 Cinemática ................................................................................................................................................................................ 50 5.2 As aplicações de maneira diferente ................................................................................................................................ 50 5.2.1 Observação Prática ........................................................................................................................................................ 54 5.2.2 O Sentido de Tudo Isso ................................................................................................................................................ 54 5.3 A Experiência de Reynolds ................................................................................................................................................. 55 5.4 Escoamento Laminar ............................................................................................................................................................ 55 5.5 Escoamento de Transição e Turbulento ........................................................................................................................ 56 5.6 Número de Reynolds ............................................................................................................................................................. 56 5.7 Linha de Corrente .................................................................................................................................................................. 57 5.8 Tipos de Escoamento ............................................................................................................................................................ 57 5.8.1 Escoamento Unidimensional ...................................................................................................................................... 57 5.8.2 Escoamento Bidimensional ......................................................................................................................................... 58 5.8.3 Escoamento Tridimensional ....................................................................................................................................... 58 5.9 Vazão........................................................................................................................................................................................... 59 5.10 Cálculo de Velocidade Média ........................................................................................................................................... 59 Exemplo 4 ......................................................................................................................................................................................... 60 6. Outros assuntos da viscosidade – Reometria e pseudoplástico .................... 62 6.1 Comportamento pseudoplástico em polímeros ........................................................................................................... 62 6.2 Como se mede a viscosidade (reometria)? ................................................................................................................... 64 7. Não desista, continue – A equação da continuidade ....................................... 65 7.1 Balanço de Massa ................................................................................................................................................................... 65 7.2 Relação Velocidade–Massa .................................................................................................................................................. 65 7.3 Equação da Continuidade ................................................................................................................................................... 66 7.4 Vazão (de novo) ...................................................................................................................................................................... 67 7.5 Reflexões entre Pressão e Velocidade .............................................................................................................................. 67 Exemplo 5 ......................................................................................................................................................................................... 68 Exemplo 6 ......................................................................................................................................................................................... 69 Exemplo 7 ......................................................................................................................................................................................... 70 8. Treinamento de cães – Exercíciosresolvidos ....................................................... 72 Questão 1 .......................................................................................................................................................................................... 72 Questão 2 .......................................................................................................................................................................................... 73 Questão 3 .......................................................................................................................................................................................... 74 Questão 4 .......................................................................................................................................................................................... 75 Questão 5 .......................................................................................................................................................................................... 76 Questão 6 .......................................................................................................................................................................................... 77 Questão 7 .......................................................................................................................................................................................... 79 9. Equacionando o seu desespero – A equação de Bernoulli .............................. 81 9.1 Balanço de Energia ................................................................................................................................................................ 81 9.2 Balanço de Energia Geral ................................................................................................................................................... 81 9.3 Interpretação ........................................................................................................................................................................... 83 9.4 Balanço de Energia em Escoamentos ............................................................................................................................. 84 9.5 Equação de Bernoulli ............................................................................................................................................................ 84 9.6 Interpretação da equação de Bernoulli .......................................................................................................................... 85 Exemplo 8 ......................................................................................................................................................................................... 86 Segundo método ......................................................................................................................................................................... 88 10. Uma pausa - Semelhança, Análise Dimensional e Teorema Pi ................ 90 10.1 Problemática ..................................................................................................................................................................... 90 10.2 Análise dimensional ........................................................................................................................................................ 90 10.3 Teorema Pi ........................................................................................................................................................................ 91 10.4 Importância ....................................................................................................................................................................... 92 10.5 Semelhança ....................................................................................................................................................................... 93 11. Colocando o seu sofrimento em prática - Máquinas ..................................... 94 11.1 Os desprezos reconsiderados ........................................................................................................................................... 94 11.2 Máquinas ................................................................................................................................................................................. 94 11.2.1 Bombas ............................................................................................................................................................................ 95 11.2.2 Turbinas .......................................................................................................................................................................... 95 11.2.3 Bomba x Turbina ........................................................................................................................................................ 97 11.4 Cargas manométricas do escoamento ......................................................................................................................... 98 11.5 Máquinas e escoamento .................................................................................................................................................... 98 11.6 Potência e rendimento de máquinas ........................................................................................................................... 99 Exemplo 9 ......................................................................................................................................................................................... 99 12. Desvendando mínimos detalhes - Perda de carga, Escoamento multipontos e Diagrama de velocidades. .................................................................. 102 12.1 Atrito ..................................................................................................................................................................................... 102 12.2 Bernoulli em todos os lugares ....................................................................................................................................... 102 12.3 As máquinas ........................................................................................................................................................................ 103 12.4 O efeito do atrito .............................................................................................................................................................. 103 12.5 A grande jogada ................................................................................................................................................................ 104 12.6 Perda de carga ................................................................................................................................................................... 105 12.7 Equacionando perda de carga ...................................................................................................................................... 106 12.8 Escoamento multipontos ................................................................................................................................................ 106 12.9 Diagrama de velocidades ................................................................................................................................................ 107 12.10 Perfis de velocidade ....................................................................................................................................................... 109 13. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos .................................................110 Questão 1 ........................................................................................................................................................................................ 110 Questão 2 ........................................................................................................................................................................................ 112 Questão 3 ........................................................................................................................................................................................ 114 Questão 4 ........................................................................................................................................................................................ 116 Questão 5 ........................................................................................................................................................................................ 120 14. Uma visão microscópica - Camada limite, turbulência e vórtices ....... 123 13.1 As condições ........................................................................................................................................................................ 123 14.2 Consequências do atrito .................................................................................................................................................. 123 14.3 Viscosidade ........................................................................................................................................................................... 124 14.4 Camada Limite................................................................................................................................................................... 124 14.5 O número de Reynolds e Turbulência ....................................................................................................................... 125 14.6 Camada Limite e Turbulência ...................................................................................................................................... 125 14.7 Vórtices.................................................................................................................................................................................. 126 15. Desejo boa sorte para você - Diagrama de Moody ..................................... 127 15.1 Condutos ............................................................................................................................................................................... 127 15.2 Analogia ................................................................................................................................................................................ 128 15.3 Raio/Diâmetro hidráulico .............................................................................................................................................. 129 15.4 Cano quadrado? ................................................................................................................................................................. 130 15.5 Rugosidade ........................................................................................................................................................................... 131 15.6 Rugosidade relativa .......................................................................................................................................................... 131 15.7 O entendimento da rugosidade ................................................................................................................................... 132 15.8 O Nascimento de um diagrama .................................................................................................................................. 133 15.9 Diagrama de Moody ......................................................................................................................................................... 134 15.9.1 Escoamento Laminar ............................................................................................................................................... 137 15.9.2 Escoamento de Transição ...................................................................................................................................... 137 15.9.3 Regime hidraulicamente liso ................................................................................................................................. 137 15.9.4 Transição de regime liso para rugoso ............................................................................................................... 138 15.9.5 Regime hidraulicamente rugoso .......................................................................................................................... 138 Exercício ........................................................................................................................................................................................... 139 16. Aprendendo a perder -Perda de carga total ............................................... 142 16.1 Comprimento real e equivalente ................................................................................................................................. 142 16.2 Um segundo método ........................................................................................................................................................ 142 16.3 Uma tabela .......................................................................................................................................................................... 143 16.4 Como utilizá-la .................................................................................................................................................................. 144 Exemplo 9 ....................................................................................................................................................................................... 145 Exemplo 10 .................................................................................................................................................................................... 149 Exemplo 11 .................................................................................................................................................................................... 152 17. Está ocorrendo cavitação na sua vida? - Cavitação e Associação de Bombas ................................................................................................................................... 156 17.1 Pressão de vapor (Pv) ...................................................................................................................................................... 156 17.2 Variáveis que influenciam ............................................................................................................................................... 156 17.3 Pressão de vapor em um escoamento ....................................................................................................................... 158 17.4 O princípio da cavitação ................................................................................................................................................. 159 17.5 Cavitação .............................................................................................................................................................................. 159 17.6 Cavitação e Bombas ......................................................................................................................................................... 16017.7 NPSH ...................................................................................................................................................................................... 161 17.8 Análise de NPSH ................................................................................................................................................................ 163 17.9 Associação de Bombas ..................................................................................................................................................... 164 17.10 Curva da bomba ............................................................................................................................................................. 166 Exemplo 12 .................................................................................................................................................................................... 167 Exemplo 13 .................................................................................................................................................................................... 168 18. Uma discussão final - Fenômenos de transporte 1 e climatologia ...... 173 19. Pronto para ser um engenheiro? – Projeto de um sistema hidráulico .................................................................................................................................................. 176 19.1 Problema .............................................................................................................................................................................. 176 19.2 Primeiros cálculos .............................................................................................................................................................. 177 19.3 Considerações ...................................................................................................................................................................... 178 19.4 Desenvolvimento de Equações ...................................................................................................................................... 179 19.4.1 Bomba ........................................................................................................................................................................... 179 19.4.2 Sistema de tubulação............................................................................................................................................... 179 19.4.3 Equações ....................................................................................................................................................................... 180 19.4.4 Áreas .............................................................................................................................................................................. 180 19.5 Escolha de casos ................................................................................................................................................................. 181 19.5.1 Corrosão ........................................................................................................................................................................ 181 19.6 Estudo de Caso ................................................................................................................................................................... 182 19.6.1 Automação do projeto ............................................................................................................................................ 183 19.7 Resultados ............................................................................................................................................................................ 186 19.7.1 Aço Inox e bomba A ................................................................................................................................................. 187 19.7.2 Aço Inox e bomba B ................................................................................................................................................. 189 19.7.3 Aço Inox e bomba C ................................................................................................................................................. 190 19.8 Discussões .............................................................................................................................................................................. 192 19.8.1 Bombas .......................................................................................................................................................................... 192 19.8.2 Tubulação ..................................................................................................................................................................... 194 19.9 Conclusão .............................................................................................................................................................................. 194 20. Adeus .............................................................................................................................. 196 Referências ............................................................................................................................ 197 12 Apresentação Olá, meu nome é Helder Guerreiro, aluno de Engenharia Química na Universidade Federal do Amazonas. Todo aquele que faz engenharia (pelo menos suponho que a maioria) terá de enfrentar um dia o Fenômenos de transporte I, onde o objetivo dessa disciplina é estudar o comportamento dos fluidos e como domá-los para que eles venham agir em nosso favor. Infelizmente, é uma realidade que nem todo mundo se dá bem na faculdade, nem todos puderam fazer um bom ensino fundamental e médio, nem todos puderam pagar os melhores cursinhos pré-vestibulares, mas lutam todos os dias para valorizar o seu curso e aprendizado. Isso ocorreu comigo, eu sou um leigo que aprendeu a ensinar, eu nunca aprendo do jeito como os livros mostram, porque eu não entendo, nem mesmo as vídeo aulas da internet me ajudam (elas dão é sono), mas através de incessantes horas de estudo e dedicação eu consigo assimilar meus estudos a coisas simples do nosso dia a dia. Se você é que nem eu, ou seja, uma pessoa que nunca aprende as coisas logo de cara e sente dificuldade em estudar por livros, este livro é para você. É uma triste verdade que nem todos os professores são bons e nem todos os livros tem boa didática, as vezes os alunos são abandonados sozinhos, sem ajuda do professor, sem monitor, sem alguém para tirar suas dúvidas. Foi pensando em pessoas assim que este livro foi criado. Eu serei seu amigo em todos as páginas deste livro, lhe mostrando os mínimos detalhes e sempre associando coisas difíceis com as óbvias. Boa sorte nos seus estudos e vamos avante. 13 Observações • Este material é baseado no livro: Mecânica dos Fluidos – Franco Brunetti e nas aulas do professor do autor. • As teorias retiradas de outros livros e da internet serão destacadas com as suas respectivas referências através de números: (1), (2) etc. • Referências constadas no final deste livro que não foram citadas no meio deste, foram responsáveis pela formulação do pensamento do autor, sendo assim contribuições indiretas. • As questões abordadas aqui serão as mesmas que foram utilizadas pelo professor, mesmo que sejam de outros livros. • Todas as imagens não pertencentes ao autor foram devidamente referenciadas na imagem e no final deste livro, as que não contem referência são de autoria do próprio autor deste livro. • Este livroé amador e não obteve ajuda de terceiros, ou seja, o autor pensou, escreveu, editou e publicou este livro sozinho, o que faz deste passível de certos erros pequenos nesta edição, o que não comprometerá o seu estudo, dessa forma peço sua compreensão caso encontre algum erro neste livro. • Para dúvidas, sugestões, aviso de erros, elogios ou algo que necessite contato, envie um e-mail para: heldermeloguerreiro@gmail.com . • Este livro é gratuito e não deve, de forma alguma, ser vendido por nenhuma pessoa física ou jurídica, o autor deliberou de boa vontade este livro como livre para todo aquele que queira possuí-lo. 14 1. O seu conhecimento nas gotas de orvalho – Definições Gerais 1.1 Conceitos Fundamentais • Fluido (e não Fluído): - É uma substância que não tem uma forma própria, assume o formato do recipiente. • Princípio da Aderência: - Os pontos de um fluido, em contato com uma superfície sólida, aderem aos pontos dela, com os quais estão em contato. 1.2 Fluido Fluido é qualquer substância que pode fluir (1), a água pode fluir, qualquer gás pode fluir. E uma pedra pode fluir? Mas afinal o que é fluir? Fluir é simplesmente correr (2), ou seja, é a habilidade que um certo tipo de material tem de fazer seu corpo correr em um certo espaço. Então uma pedra não é um fluido. Ela não pode se desfazer e correr por um pátio e depois se refazer novamente. Um ketchup é um fluido, pois ele flui através do pote que apertamos para que ele saia e caia no sanduiche. Mas para a mecânica dos fluidos uma definição mais técnica (chata) deve ser desenvolvida. 15 1.3 Princípio da Aderência Se você imaginar duas placas, superior e inferior, em um sólido talvez você possa perceber que se você mexer a placa de cima para o lado o sólido se deformará muito pouco, ou quase nada. Por exemplo uma borracha se deformará um pouco para o lado, mas uma pedra se deformará praticamente nada. Mas e se fosse em um fluido? Ao mover a placa superior o fluido se deformará infinitamente, como se fosse uma super-borracha que pode ser esticada para sempre. Quando a placa é movida a camada do fluido que está em contato com ela se move na mesma velocidade, ou seja, o fluido está ligado à placa. 1.4 Fluido em Mecânica dos Fluidos Comparando os acontecimentos descritos com as placas em um sólido e em um fluido temos que a definição mais técnica (chata) de um fluido é: “Uma substância que se deforma continuamente, quando submetida a uma força tangencial constante qualquer. ” Ou “Uma substância que, quando submetida a uma força tangencial constante, não atinge uma nova configuração de equilíbrio estático. ” Força tangencial = mexer a placa para o lado 16 1.5 Tensão de Cisalhamento Tensão de cisalhamento é uma força que tende a puxar um certo material com duas forças opostas cada uma em uma metade do material. É como se você pegasse uma borracha em pé, na parte de cima você puxa para a direita e na parte de baixo para a esquerda. Se forçar demais, pode ser que a borracha se rasgue no meio. Por isso se chama cisalhamento (cortar). Brunetti define a tensão de cisalhamento como uma força aplicada tangente à uma superfície (mexeram a superfície para o lado), então decompondo essa força temos a força normal e uma força que atinge ao lado da superfície, essa é uma força de cisalhamento que está sendo aplicada sobre a superfície de área A. 𝜏 = 𝐹𝜏 𝐴 1.6 Tensão de Cisalhamento num Fluido Imagina-se que o fluido é formado por um aglomerado de camadas (placas) uma em cima da outra. A observação feita no princípio da aderência (onde duas placas estavam entre um fluido) ainda é válida. Veja como essa força 𝐹𝜏 está atingindo ao lado da placa. Isso a fará se movimentar, da mesma forma como analisamos no princípio da aderência (alguém mexeu a placa para o lado). Observou-se anteriormente que o fluido, quando se movia a placa superior, se comportava como uma “borracha que se estica infinitamente”. Isso significa que a placa inferior nunca vai se mover. Então, quando a placa superior for atingida por uma força ela tenderá a atingir uma velocidade 𝑣0 constante e isso é indício de que há forças internas no fluido que acabam por se equilibrar com a força aplicada 𝐹𝜏. 17 1.7 As Tensões Entre Camadas Mas porque haveria uma força interna? Imagine que essa “velocidade constante” é na verdade velocidade nula, ou seja, a placa superior parou. Quando se aplica a força a um determinado material e ele se move, ele irá parar somente se houver alguma força contra esse material que o fará diminuir a sua velocidade gradualmente até parar. E é verdade que se empurramos uma placa em cima da água uma hora ela irá parar, não? E que forças internas são essas? Como o fluido é formado por várias “placas” quando a placa superior é movimentada a debaixo irá se movimentar também e assim sucessivamente, mas você se lembra que a placa inferior não se move? Isso significa que as placas se deslizam uma em cima da outra, mas com velocidades cada vez menores. E essa velocidade só reduz porque algo vai de contra. Esse “algo” é uma espécie de atrito, mas que aqui é chamado de tensão de cisalhamento. 1.8 Lei de Newton Então vamos resumir: cada camada de um fluido que desliza sobre o outro irá formar tensões de cisalhamento, que multiplicando pela área da “placa” encontra-se as forças 𝐹𝜏 que foi visto anteriormente. De um outro ponto de vista, a tensão de cisalhamento é relacionada a diferença de velocidade entre as “placas”. Porque se há uma diferença de velocidade então há alguma força que impede velocidades iguais. Newton descreve que a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação da velocidade em y (que é a altura). Ou seja, a velocidade varia ao passo que descemos as camadas, elas ficam mais lentas, logo a tensão de cisalhamento será menor. 18 1.9 Viscosidade Em uma definição primária: a viscosidade é o atrito interno em um fluido (1). Segundo Brunetti a viscosidade é originada por uma coesão (força atrativa) entre as moléculas e o choque entre elas. Brunetti também defini a viscosidade como: uma propriedade que indica a maior ou menor dificuldade que um fluido tem de fluir. Basicamente a viscosidade é o quanto mais “grosso” é o fluido. Veja o Ketchup, ele é um fluido “grosso” difícil de escorrer, isso significa que ele é um fluido viscoso. Como a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação da velocidade com a altura, está faltando algo para se formar uma equação: uma constante. Já foi visto que a tensão de cisalhamento é a responsável pelo retardo da velocidade do deslizamento entre camadas. Mas e se fosse um fluido como a água? Ou como um ketchup? Se fosse num ketchup com certeza as camadas do fluido se moveriam muito pouco (porque ele é “grosso”) se relacionado com a água. 1.10 Tensão de Cisalhamento e Viscosidade Entendemos agora que um fluido quando é viscoso a velocidade de deslizamento diminui drasticamente porque se torna mais difícil de mover suas placas. A tensão de cisalhamento é o “atrito” que diminui a velocidade de deslizamento das camadas, logo chegamos a conclusão de que quanto maior a viscosidade de um fluido maior será o “atrito” que irá impedir a velocidade de deslizamento. Por fim: 𝜏 = 𝜇 𝑑𝑣 𝑑𝑦 A tensão de cisalhamento é diretamente proporcional ao produto da viscosidade (𝜇) com a variação de velocidade em y. 19 1.11 Condições Ambientais Analisando os fluidos de acordo com as condições ambientais, uma alta temperatura em fluidos líquidosresulta na diminuição da viscosidade enquanto em fluidos gases a viscosidade aumenta. O aumento da temperatura aumentará a energia cinética das moléculas dos fluidos e num fluido líquido as suas moléculas tendem a diminuir suas interações intermoleculares (é por essa razão que um líquido entra em ebulição) consequentemente a viscosidade diminuirá. Num fluido gasoso o aumento da temperatura irá agitar as moléculas cada vez mais, diminuindo os espaços entre as moléculas do gás, dessa forma o gás ficará mais “denso” e consequentemente sua viscosidade aumentará. 1.12 O Gradiente Quando foi dito que a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação da velocidade em y, na verdade estamos falando de um gradiente de velocidade. Segundo James Stewart (3): “Se f é uma função de duas variáveis x e y, então o gradiente de f é a função vetorial 𝛻𝑓 definida por: 𝛻𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑓𝑥(𝑥, 𝑦), 𝑓𝑦(𝑥, 𝑦)) = 𝜕𝑓 𝜕𝑥 𝑖 + 𝜕𝑓 𝜕𝑦 𝑗 ” Mas temos um porém, essa velocidade não está dependendo só de y? Como é que ela vai ter duas variáveis? Bom, na verdade esse “gradiente” está mais para taxa de variação da velocidade como define James Stewart (4): “O quociente ∆𝑦 ∆𝑥 𝑜𝑢 𝑑𝑦 𝑑𝑥 é denominado taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [𝑥1, 𝑥2] e pode ser interpretado como a inclinação da reta secante PQ na figura ao lado. ” 1.13 Simplificação Prática O gradiente da velocidade 𝑑𝑣 𝑑𝑦 descreve este comportamento abaixo: Fonte: James Stewart, Cálculo I 20 O gradiente mede o quão rápido a função sai de uma camada até a outra. Mas quando o espaço entre essas camadas é muito pequeno, a derivada pode ser simplesmente ignorada e então usamos uma equação comum em vez de derivadas. 𝜏 = 𝜇 𝑣0 𝜀 𝑠𝑒 𝑒 𝑠𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒 𝑦 = 𝜀 < 4 𝑚𝑚 Exemplo 1 Um pistão de peso G = 4 N cai dentro de um cilindro com uma velocidade constante de 2 m/s. O diâmetro do cilindro é 10,1 cm e o do pistão é 10,0 m. Determinar a viscosidade do lubrificante colocado na folga entre o pistão e o cilindro. Vamos imaginar a imagem apresentada virada na horizontal. Veja como agora temos placas uma em cima das outras, considere as laterais do cilindro e do pistão como placas também. Então, nós queremos analisar o fluido que está entre as placas do cilindro e do pistão. Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos 21 Ora, o peso do pistão pode ser interpretado como uma 𝐹𝜏, de tal forma que essa força irá provocar a tensão cisalhante. Podemos calcular essa tensão, usando a área de contato com o pistão. Veja que a área de contato não é a área total do pistão, porque o fluido não está completamente em todo pistão, somente em volta. Mas porque tem que ser a área de contato do pistão e não a do cilindro em volta do pistão? Deixa eu lhe fazer uma pergunta: quem está se momento o pistão ou o cilindro em volta dele? Agora calculamos a tensão cisalhante no fluido provocado pelo pistão: 𝜏 = 𝐹𝑡 𝐴 = 4 𝑁 2𝜋𝑟𝐿 = 4 𝑁 2𝜋(0,05 𝑚)(0,05 𝑚) = 254,648 𝑁/𝑚2 Porque 2𝜋𝑟𝐿? Essa é a área lateral de um cilindro, o comprimento de uma circunferência pela altura do cilindro. Agora vamos analisar a posição do fluido entre essas placas. Veja que entre o pistão e o cilindro temos 0,1 cm de distância e dividindo esse valor para cada lado onde o fluido está temos 0,5 mm. Esse valor é a distância entre uma placa e a outra onde entre elas está o fluido. Logo temos que 𝜀 = 0,5 mm que é muito menor que 4 mm. Com isso podemos usar a relação abaixo para encontra a viscosidade desse fluido: 𝜏 = 𝜇 𝑣0 𝜀 → 𝜇 = 𝜏 𝜀 𝑣0 = (254,648 𝑁/𝑚2) 0,0005 𝑚 2 𝑚/𝑠 = 6,37 × 10−2 𝑁𝑠/𝑚2 Por fim, encontramos a viscosidade do fluido. 22 2. Descobrindo a ponta do iceberg – Características e Tipos de Fluidos 2.1 Massa Específica A massa específica não é nenhuma novidade, mas esse termo será abordado aqui por causa da confusão que envolve explicar porque massa específica é diferente de densidade. Segundo Leonardo Araújo em seu artigo na internet (5): Os conceitos de densidade e massa específica podem ser os mesmos, dependendo do contexto. [...] No entanto, esta aparente confusão pode ser eliminada com o emprego do termo ‘densidade absoluta’, utilizado por Baptista e Lara (2010) para se referir à ‘massa específica’ e ‘densidade relativa’ para deixar claro que se refere à razão de massas específicas de dois fluidos. Resumindo: a densidade é uma propriedade de materiais e objetos enquanto massa específica é uma propriedade de substâncias. Então temos as diferenças das definições descritas por Nelson Lima (6): “A massa específica de uma substância é a razão entre a massa e o volume da substância. [...] Densidade absoluta de um corpo é a razão entre a massa e o volume do corpo. ” 23 2.2 Peso Específico Sabe aquelas versões 2.0 dos softwares? Então, o peso específico é a versão 2.0 da massa específica. Bom já sabemos que o peso é a massa vezes a aceleração da gravidade, então basicamente o peso específico é a massa específica vezes a aceleração da gravidade. Existe alguma explicação glamorosa em porque devemos usar esse tal peso específico? Não. É só mais uma relação da mecânica dos fluidos, mas que não deixa de ser verdade. 𝛾 = 𝐺 𝑉 Onde G = peso (não sei porque) Com isso podemos dizer que o peso específico da água é: 𝛾 = 𝜌𝑔 ≅ (1000 𝑘𝑔/𝑚3)(9,8 𝑚/𝑠2) ≅ 9800 𝑁/𝑚3 2.3 Viscosidade Cinemática E para mais um upgrade de equações conhecidas, temos a viscosidade cinemática, uma versão 2.0 da viscosidade dinâmica (ou só viscosidade). Simplesmente é a viscosidade dinâmica sobre a massa específica. 𝜈 = 𝜇 𝜌 Então podemos analisar essa relação. Veja que quanto maior a massa específica maior é a viscosidade dinâmica. Isso significa que se um fluido é denso sua viscosidade será maior. Bom até que isso tem sentido, não? Veja que se um gás é denso, significa que suas moléculas estão cada vez mais próximas, isso tem como consequência uma viscosidade maior, num líquido o pensamento é análogo. A viscosidade cinemática descreve o comportamento da viscosidade em relação à massa específica. 24 2.4 Tipos de Fluidos Os fluidos podem ser descritos como: • Ideal; • Incompressível. E entre os incompressíveis estão os: • Newtoniano; • Dilatante; • Pseudo Plástico; • Plástico de Bingham. 2.5 Fluido Ideal Uma vez um professor disse assim: “Um gás ideal é que nem a pessoa ideal, não existe. ”, maltratando os corações iludidos. Bom, segundo Brunetti: “Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula.”. Então a viscosidade ser nula significa que o fluido não tem atrito interno, logo o comportamento da tensão cisalhante nesse fluido seria nulo. Pois quanto mais viscoso o fluido, maior é a tensão cisalhante. Digamos que a viscosidade é a “potência” da tensão de cisalhamento. Ora, se não há tensão de cisalhamento então as placas do fluido não serão atrasadas com o movimento da placa superior. Isso significa que tanto a placa superior como a inferior se movimentarão ao mesmo tempo, a placa inferior não terá mais a velocidade nula. 2.6 Reflexões Sobre a Viscosidade Imagine uma pessoa em um pequeno barco no meio de um rio, essa pessoa pega um remo e começa a remar. 25 Ao entrar em contato com a água com a força exercida pela pessoa, o remo irá deslocar as camadas da água com a mesma velocidade que está sendo movido (princípio da aderência), o deslocamentodessas camadas irá produzir forças tangenciais contrárias (consequentemente tensão de cisalhamento). Pela terceira Lei de Newton, toda ação tem uma reação, quanto maior for a força do remo ao entrar em contato com a água maior serão as forças tangenciais contrárias. Essas forças resultarão numa forma de resistência contra o remo e pelo fato da pessoa está em um pequeno barco num rio, cujo atrito na superfície da água é muito pequeno, o pequeno barco irá se deslocar na direção oposta à força do remo, pois a resultante das forças opostas é maior do que a força do remo. 2.7 A Consequência de uma Viscosidade Nula Então, imagine a mesma situação descrita anteriormente. Veja que quando o remo entrar na água a sua força irá deslocar as camadas do fluido. Mas você se lembra o que foi dito sobre um fluido com viscosidade nula? Bom, não existirá nenhuma força oposta à força do remo, porque não haverá tensão de cisalhamento. Consequentemente as camadas superiores terão a mesma velocidade que as camadas inferiores, ou seja, é como se o remo estivesse empurrando um grande bloco de gelo. Mas por ser um fluido com viscosidade nula, seria um fluido superfino, mais fino do que o ar (daí você imagina), logo seria praticamente impossível deslocar o pequeno barco no meio de um fluido ideal. E se uma pessoa tentasse “nadar” nesse fluido? A pessoa cairia até se deparar com alguma superfície sólida. (Imagine se jogar de um avião ás alturas, é a mesma coisa). 26 2.8 Fluido Incompressível Você um dia já deve ter sido uma criança peralta. Quem sabe um dia você já pegou uma seringa (sem a agulha) e colocou água dentro dela e o seu dedo na ponta da seringa. Aí depois de seu dedo quase cair você percebe que aconteceu absolutamente nada! Então, um fluido é incompressível segundo Brunetti quando: “o seu volume não varia ao modificar a pressão. ” Simplesmente você não pode diminuir o volume da água apertando com toda força do mundo o êmbolo da seringa. Digamos que todos os líquidos e alguns gases (em certas condições) são incompressíveis. Bom, na Termodinâmica, você verá que o fato de um fluido ser incompressível não é totalmente verdade, porque quando um fluido é submetido a uma certa pressão, realmente existe uma variação de volume, porém é tão pequena que para efeito de cálculos, pode ser desprezada. 2.9 Tipos de Fluidos Incompressíveis Possa se dizer que 90 % dos fluidos incompressíveis são Newtonianos, aqueles que obedecem a Lei de Newton: “a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à taxa de variação da velocidade em y e à viscosidade do fluido”. Abaixo observa-se o comportamento de alguns tipos de fluidos em relação a Lei de Newton: 27 2.10 Tensão Cisalhante e o Tempo Porque devemos trocar o óleo do carro ou da moto? Bom, quando você tiver que abrir o motor e pagar uns 200 R$ por isso você terá um bom motivo para trocar de óleo periodicamente. Quando um fluido perde sua tensão cisalhante com o tempo, significa que as forças contrarias a qualquer força externa serão diminuídas. Então imagine que o óleo que está deslizando entre os pistões do carro está se tornando água, o atrito do pistão com as paredes cilíndricas vai aumentar e causar superaquecimento, então temos dois tipos de fluidos que variam sua tensão cisalhante com o tempo. 28 Exemplo 2 Um dispositivo é constituído de dois pistões de mesmas dimensões geométricas que se deslocam em dois cilindros de mesmas dimensões. Entre os pistões e os cilindros existe um lubrificante de viscosidade dinâmica 10−2 𝑁𝑠/𝑚2. O peso específico do pistão 1 é 20000 𝑁/𝑚3 qual é o peso específico de 2 para que o conjunto se desloque na direção indicada com a velocidade constante de 2 𝑚/𝑠? Desprezar atrito das cordas. Nunca devemos esquecer que estamos nunca disciplina de mecânica, ora continua sendo toda aquela mecânica que você aprendeu antes, só que dessa vez é nos fluidos! Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos 29 Então vamos desenhar um diagrama de corpo livre sobre a situação descrita: Veja que o enunciado expõe que o mesmo fluido está em ambos os pistões, então a força tangencial é a mesma para os dois pistões e a corda é a mesma para os dois pistões, então a força de tensão será a mesma. Não temos o valor da altura dos cilindros. Temos duas incógnitas, o valor do peso específico de 2 e a altura dos cilindros, mas em contrapartida podemos ter duas equações. Isso é um sistema. As equações baseadas no diagrama: { 𝑇 = 𝐺2 + 𝐹𝜏 𝐺1 = 𝑇 + 𝐹𝜏 → 𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 → 𝐺1 = 𝐺2 + 2𝐹𝜏 Vamos calcular 𝐹𝜏. Veja que o lubrificante está entre o pistão de 10 cm e o cilindro ao redor de 10,1 cm, então em cada lado o lubrificante está a 0,5 mm que é muito menor que 4 mm, por isso usamos a simplificação: 𝜏 = 𝐹𝜏 A → 𝐹𝜏 = 𝜏𝐴 = 𝜇 𝑣 𝑒 𝐴 = (10−2 𝑁𝑠/𝑚) 2 𝑚/𝑠 0,0005 𝑚 𝐴 = 40𝐴 Agora, como não temos os pesos de cada pistão utilizamos a alternativa do peso específico: 𝛾 = 𝐺 𝑉 → 𝐺 = 𝛾𝑉 E como as dimensões são as mesmas, o volume é igual para ambos: 𝐺1 = 𝐺2 + 80𝐴 → 𝛾1𝑉 = 𝛾2𝑉 + 80𝐴 → 𝛾1 = 𝛾2 + 80𝐴 𝑉 30 Não temos o valor da altura do cilindro, mas temos a presença da altura tanto no volume quanto na área, então a altura será cancelada: 𝛾1 = 𝛾2 + 80(2𝜋𝑟𝐿) 𝜋𝑟2𝐿 = 𝛾2 + 80(2𝜋(0,05)) 𝜋(0,05)2 = 𝛾2 + 3200 𝛾2 = 20000 − 3200 = 16800 𝑁/𝑚 3 31 3. A entidade que te persegue por toda faculdade - Pressão 3.1 Estática dos fluidos Algo que está estático é tudo aquilo que está em repouso, imóvel, sem se mover (2). E porque o estudo de fluidos estáticos seria interessante? No coração desse assunto está os estudos das pressões de fluidos, um assunto realmente interessante. O que seria essa tal pressão? Bom, com o seu dedo você pode empurrar o braço de um colega seu, a ação que o seu dedo faz ao empurrar o braço de alguém é justamente uma pressão. Muita gente usa a expressão “estou sendo pressionado por fulano”, hum.. Quer dizer que fulano está sentando em cima de você e te pressionando? Acho que sentar em cima de alguém é outra coisa e não pressão... Na verdade a pressão no dito popular é na verdade uma metáfora, mas é condizente ao real sentido de pressão. Imagine que alguém está lhe empurrando na beira de uma janela para você cair, e você faz força para que essa pessoa não consiga jogar você da janela. Isso é a pressão do dito popular. 3.2 Pressão Mas então, o que é mesmo pressão? Basicamente é uma força distribuída numa certa área. Mas se apertar o dedo no braço de alguém é uma pressão, o que seria uma força? 32 Na verdade, quando empurramos a geladeira de casa na hora da limpeza o que estamos exercendo é uma força e a geladeira está sofrendo uma pressão. Nós não somos capazes de fazer com que a geladeira sofra uma força, nossas mãos conduzem força até a geladeira e então estamos pegando uma certa área (mesmo que pequena) da geladeira. Lembre-se, uma força é pontual e um ponto não tem dimensões. 3.3 Pressão de um Fluido Segundo Young (1): “quando um fluido (um gás ou líquido) está em repouso, ele exerce uma força perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato come ele [...] as forças exercidas pelo fluido são oriundas das colisões moleculares com as superfícies vizinhas. ” Porque um fluido exerce uma pressão? Imagine uma piscina, você está do lado de fora, não há nada interferindo no volume da água, então ela está de boas. Mas a partir do momento que você entra na piscina, você se torna meio que um “corpo estranho”então a água deve estar pensando: “quem é esse filho de égua que está dentro mim? Sai fora daqui! ” Lembra da pessoa te empurrando para você cair da janela? Bom, agora ela se chama água. Sem delongas, as moléculas ficam se colidindo com a superfície da sua pele que tem moléculas diferentes da água, ou seja, temos um caso de xenofobia aqui, essas colisões são forças que distribuída sobre a sua pele resulta na pressão. 3.4 Exemplos de Pressão de Fluidos Lembra quando você tentava sair correndo da piscina e lá na frente saiu quase morrendo de tanto fazer esforço? O nome dela é pressão, a garota que te faz sofrer, ela dificulta sua vida, torna tudo tão mais pesado e não se pode evita-la. Lembra daquele papo de que os bolivianos mascam folha de coca? Bom, eles não drogados, calma ae. A folha de coca ajuda na respiração e o coração, isso porque a 33 Bolívia é um país de grande altitude e consequentemente é mais difícil respirar. Mas porque é difícil respirar? Sim, por causa da pressão. Como o nosso ar atmosférico é um fluido, então a sonsa da pressão está lá. Do mesmo jeito que explicado antes, nós somos um “corpo estranho” nas moléculas do ar, e então essas moléculas se chocam com as nossas e causam a pressão. No caso da altitude, temos uma baixa pressão e isso significa que as colisões estão diminuindo. Mas como se ainda estou lá? Se você ainda está lá e a pressão está diminuindo significa que outros tipos de moléculas não estão presentes e uma delas é justamente o oxigênio que respiramos. 3.5 Pressão de um Gás Sim, é verdade que o ar que respiramos é um gás e que ele também tem suas pressões altas e baixas assim como foi exemplificado anteriormente. Mas para casos laboratoriais e industriais é inútil se preocupara com a modificação da pressão de um gás dentro de um recipiente. Veja que para ocorrer mudança na pressão atmosférica é necessário saímos do terreno comum para uma altitude muito alta, como uma montanha. Por isso, a diferença de pressão entre dois pontos de um gás é desprezada, o gás é tido como um fluido com pressão constante em toda sua extensão, pois suas moléculas estão longe demais e são muito poucas para causar colisões grandes à uma superfície. 3.6 Equação da Pressão A pressão é definida matematicamente por: 𝑃 = 𝐹 𝐴 Olhando um pouco melhor para essa equação temos que quanto menor a área maior a pressão. Lembra quando você ia encher as garrafas de água da sua casa e então você apertava a boca da mangueira porque pensava que era mais rápido? Então, quando a boca da 34 mangueira é larga a água sai numa velocidade menor, isso porque não há muita pressão da mangueira, mas quando você coloca seu dedo a área diminui muito e então a água começa a sair numa velocidade maior, porém a vazão volumétrica é a mesma. Se você não tem muita noção de pressão relacionada com velocidade, lembre-se de uma seringa com água: quanto maior for a força no êmbolo mais rápido a água sairá. 3.7 Teorema de Stevin “A pressão de um fluido é função direta da altura (profundidade) e não da largura ou comprimento. ” ∆𝑃 = 𝛾∆ℎ = 𝜌𝑔∆ℎ O teorema de Stevin remete o que já sabemos por experiência da vida que a pressão varia com a altura, assim como foi dado no exemplo da Bolívia. Mas como entender isso? Imagine a água novamente, sabemos que carregar 100 litros de água é impossível, 10 litros já se pode carregar com um certo esforço e 1 litro é muito fácil. Imagine um tanque de água e uma escada dentro dele, a cada degrau que você desce você precisa carregar a água que toca no degrau, e quanto mais se desce a quantidade de água vai acumulando. Quando se chega no fundo, existe uma grande quantidade de água para se carregar, se tornando muito pesado para as suas costas. Nesse caso o “pesado” seria uma pressão alta e o “leve” uma pressão baixa. 3.8 Explicação Analítica O exemplo do grande tanque é só para se ter o entendimento de como é o comportamento da pressão em um fluido. Mas ao organizar a equação mostrada antes temos: 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ 35 A explicação dada por Young (2) é que 𝑃𝑜 é a pressão na superfície do fluido, ou seja, seria a pressão na altura zero e 𝑃 é uma pressão de qualquer ponto do fluido. Então, a pressão de qualquer parte do fluido é simplesmente a própria pressão na superfície do fluido mais a altura em produto com o peso específico. Veja que o peso específico participa do cálculo, ou seja, quanto mais profundo se está no fluido mais “pesado” ele fica, assim como foi explicado com o exemplo do tanque, um objeto no fundo de um fluido terá que suportar toda a quantidade de fluido que está acima dele, como se ele estivesse o carregando nas costas. 3.9 Pressão Atmosférica Pelo fato de muitas das vezes a pressão atmosférica não interferir nos processos voltados aos fluidos, a pressão atmosférica é desconsiderada. A pressão atmosférica seria representada pelo 𝑃𝑜, que é a pressão na superfície do fluido (sem interferência humana ou mecânica), então a pressão em qualquer ponto de um fluido é: 𝑃 = 𝜌𝑔ℎ Muitas das vezes não é conveniente envolver a pressão atmosférica nessas análises, isso porque essa pressão não muda facilmente ficando quase estática se tornando uma simples constante. 3.10 Lei de Pascal A Lei de Pascal expressa o seguinte: “A pressão aplicada a um fluido no interior de um recipiente é transmitida sem nenhuma diminuição a todos os pontos do fluido e para as paredes do recipiente. ” Ou seja, é como se o fluido se comportasse num efeito dominó. Se você empurrar o fluido na sua superfície com um pistão as moléculas vão empurrar uma fileira após a outra até chegar no fundo recipiente. É como se houvessem várias fileiras de pessoas e cada fileira 36 empurrasse a de trás contra a parede, com certeza o pessoal da última fileira vai morrer espremido. A Lei de Pascal não procura quantificar a pressão do fluido e sim o quanto ele aumentou, porque assim como a pressão é transmitida para todo o fluido a mesma pressão exercida na sua superfície será somada à pressão no fundo do recipiente. 𝑃 = 𝑃𝑜 3.11 Análise da Lei de Pascal Mas como assim a pressão da superfície é igual a pressão de qualquer ponto do fluido? Lembre-se: essa lei não está medindo a pressão do fluido, e sim a pressão exercida sobre o fluido. No exemplo da imagem, pela lei de Pascal, uma pressão qualquer exercida sobre o fluido será transmitido, sem perdas, por toda a extensão do fluido, então no exemplo acima a pressão exercida pelo êmbolo 1 será a mesma que empurrará o êmbolo 2. Portanto: 𝑃1 = 𝑃2 → 𝐹1 𝐴1 = 𝐹2 𝐴2 3.12 Pressão e Altura A pressão é distribuída uniformemente em toda a extensão do fluido. Como a pressão independe do formato do recipiente no qual o fluido está, a altura atingida pelo fluido numa certa pressão sempre será a mesma. A figura abaixo exemplifica essa situação: Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos 37 Para isso ser verdade não deve haver descontinuidade no fluido, como uma barreira ou a presença de outro fluido. 3.13 Pressão Absoluta e Efetiva Nos laboratórios e na indústria é muito utilizado escalas de pressão, a absoluta e a efetiva. Essas escalas são utilizadas justamente por causa do que foi explicado sobre pressão atmosférica, ela é desprezada. A pressão absoluta leva a pressão atmosférica em consideração e a pressão efetiva a despreza. Um exemplo de pressão efetiva são os medidos de pressões, eles medem na verdade a pressão efetiva de alguma coisa e não a pressão absoluta. Mas já estamos acostumados com a pressão atmosférica no diaa dia se houver alguma pressão diferente aí sim iremos sentir. Por esse motivo os medidores de pressão trabalham somente com a pressão efetiva. Fonte: Silva, Domiciano. Mundo Educação 38 3.14 Medidores de Pressão 3.14.1 Barômetro Um barômetro é representado pela imagem ao lado: O barômetro foi construído por Torricelli para o estudo da pressão atmosférica. A pressão atmosférica é medida diretamente da altura atingida pelo mercúrio. A pressão atmosférica atinge o mercúrio no prato e pela lei de Pascal essa mesma pressão é transmitida por todo o fluido e como no topo da coluna somente há alguns gases de mercúrio, então considera-se isso como vácuo, logo não há pressão contra a pressão atmosférica e a altura atingida será o resultado direto da pressão atmosférica. A altura encontrada foi: 760 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 760 𝑇𝑜𝑟𝑟 = 1 𝑎𝑡𝑚 3.14.2 Piezômetro Um piezômetro é exemplificado ao lado: Mede a pressão diretamente. Pode ser ligado a um reservatório ou uma encanação, mas possui desvantagens: sua configuração faz com que grandes pressões resultem em valores de altura da coluna inviáveis, ou seja, para medir algo com alta pressão é necessária uma coluna enorme para o sistema; Seu sistema não permite a medição de pressão negativa, isto é, vácuo, porque simplesmente a pressão atmosférica é Fonte: Sears Young Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos 39 maior do que o vácuo e fará o medidor sair de sua escala. 3.14.3 Manômetro em U Young (1) expõe melhor o que é um Manômetro em U ao lado: Esse medidor já pode fazer uma medição de pressão negativa. A pressão dentro do balão é uma pressão que se deseja conhecer enquanto o outro tudo está aberto à pressão atmosférica. Como a pressão no fundo do recipiente é conhecida, pois as pressões são iguais mesmo com pressões inicias diferentes, pode-se calcular a pressão existente dentro do balão através da diferença de altura das colunas. 3.14.4 Manômetro Diferencial O mesmo manômetro, mas dessa vez é uma medição sem a pressão atmosférica, como mostra a figura ao lado: Um fluido está entre dois gases com pressões diferentes, cada gás irá exercer uma pressão no fluido e o gás de maior pressão irá empurrar o fluido do seu lado aumentado a altura do fluido no lado do outro gás. Pressões iguais dos dois lados irão equilibrar o fluido em alturas iguais nas colunas. Exemplo 3 Tem-se um manômetro diferencial abaixo, a densidade de do fluido A tem valor de 720 𝑘𝑔/𝑚2. Determine 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 e quem é maior. Onde ℎ1 = 15 𝑐𝑚, ℎ2 = 25 𝑐𝑚 e ℎ3 = 35 𝑐𝑚. Fonte: Sears Young Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos 40 Primeiramente se deve ter uma referência. Para isso, escolhemos o ponto 2 como referência. Lembre-se: Estamos estudando mecânica dos Fluidos, e mecânica sempre precisa de uma referência. Veja o ponto 1, esse cara está um pouco abaixo da superfície, se ele estivesse na superfície a pressão nesse ponto seria o próprio 𝑃𝐴. Lembra do exemplo do tanque com uma escada dentro? Então, se estamos na superfície não precisamos carregar nada, mas ao descer um pouquinho aquele ponto além da pressão de A terá que “suportar” o “peso” da água em cima dele. Então a pressão no ponto 1 é a pressão de A mais alguma coisa e essa coisa é calculada pelo peso específico do fluido com a altura: 𝑃1 = 𝑃𝐴 + 𝛾ℎ = 𝑃𝐴 + (9800 𝑁 𝑚3 ) (0,15 𝑚) = 𝑃𝐴 + 1470 𝑁 𝑚2 Veja que o ponto 1 está na mesma altura que o ponto 2, se eles são o mesmo fluido então temos a lei de Pascal que diz que a pressão aplicada é distribuída sem perda por todo o fluido. Como os dois pontos estão na mesma altura e como a altura é relacionada a pressão os dois pontos são iguais: 𝑃1 = 𝑃2 Fonte: Washington Braga, PUC – Rio. Editado pelo Autor 41 Agora observando o ponto 2’, veja que já estamos em outro fluido. A água que está um pouco mais embaixo exerce uma pressão na superfície do fluido essa pressão é conhecida, pois acabamos de encontrá-la. Como o ponto está um pouco mais acima a pressão será a pressão na superfície menos alguma coisa, essa coisa é o peso específico com a altura, mas porque menos? É como se ao subir a quantidade de água que o ponto deve “suportar” seja cada vez menor, ou seja, ao subir a pressão é aliviada. 𝑃2 ′ = 𝑃2 + 𝜌𝑔ℎ = 𝑃2 − (720 𝑘𝑔 𝑚2 ) (9,8 𝑚 𝑠2 ) (0,25 𝑚) = 𝑃2 − 1764 𝑁 𝑚2 O ponto 3’ está na mesma altura que o ponto 2’ logo já sabemos o resultado né: 𝑃2 ′ = 𝑃3 ′ E o ponto 3 já está dentro da água. o fluido A está exercendo uma pressão na superfície da água, a qual já conhecemos o valor, mas como o ponto 3 está um pouco embaixo da superfície ele terá que “carregar” mais água em suas costas, ficando assim: 𝑃3 = 𝑃3 ′ + (9800 𝑁 𝑚3 ) (0,25 𝑚) = 𝑃3 ′ + 2450 𝑁 𝑚2 Por fim já sabemos que a pressão do ponto 3 é igual ao ponto 4: 𝑃3 = 𝑃4 A pressão no ponto 4 agora está sendo influenciado pela pressão de B que está exercendo uma pressão superficial na água. Portanto, o ponto 4 terá que suportar a pressão de B mais o peso da água: 𝑃4 = 𝑃𝐵 + (9800 𝑁 𝑚3 ) (0,35 𝑚) = 𝑃𝐵 + 3430 𝑁 𝑚2 Com isso agora temos um belo sistema linear: { 𝑃1 = 𝑃𝐴 + 1470 𝑃1 = 𝑃2 𝑃2 ′ = 𝑃2 − 1764 𝑃2 ′ = 𝑃3 ′ 𝑃3 = 𝑃3 ′ + 2450 𝑃3 = 𝑃4 𝑃4 = 𝑃𝐵 + 3430 → { 𝑃1 − 𝑃𝐴 = 1470 𝑃2 ′ − 𝑃1 = −1764 𝑃3 − 𝑃2 ′ = 2450 𝑃3 − 𝑃𝐵 = 3430 → 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 𝑁 𝑚2 Em função do resultado encontrado temos que: 42 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 → 𝑃𝐴 = 1274 + 𝑃𝐵 Ou seja, a pressão em A é muito maior do que em B. O resultado encontrado através das equações é sempre o mesmo, mas a equação sempre pode mudar de acordo com o método adotado por você e de acordo com o ponto de referência escolhido. Esse método utilizado foi somente para o início do seu compreendimento de como os pontos influenciam um ao outro no manômetro, mas no próximo capítulo você verá métodos mais rápidos de resolução desses tipos de situações. 43 4. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos 4.1 Base Teórica Antes de você meter a cara na resolução dos exercícios é preciso entender o que é que está acontecendo. Os exercícios a frente irão abordar manômetro e todos eles obedecem às teorias estudadas antes. Veja o manômetro abaixo que usamos no exemplo da aula anterior: O manômetro se fundamenta no teorema de Stevin e na lei de Pascal. Vamos relembra-los: O teorema de Stevin diz que a pressão em qualquer ponto do fluido é a pressão superficial mais alguma coisa: 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ A lei de Pascal diz que uma pressão aplicada no fluido será distribuída, sem perdas, por todo o fluido e pelas paredes do recipiente. 𝐹1 𝐴1 = 𝐹2 𝐴2 Não importa a forma do manômetro, se você estiver a par da teoria saberá lhe dar com qualquer situação. Toda vez que um manômetro for calculado deve-se prestar atenção com qual o tipo de fluido e que tipo de manômetro é esse. Fonte: Washington Braga, PUC – Rio. Editado pelo Autor 44 Abordarei três casos aqui: • Manômetro aberto, com um líquido e um gás; • Manômetro aberto, com dois líquidos; • Manômetro fechado, com três líquidos. 4.1.1 Forma correta de utilizar o teorema de Stevin O equívoco na hora de resolver questões com manômetros está na forma errada de utilização do teorema de Stevin, para evitar confusões vamos estabelecer um padrão: • O fluido manométrico é o divisor de águas: Pela lei de Pascal a pressão no fundo horizontal do
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