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Ap2 Literatura Portuguesa I gabarito

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Portuguesa I
Coordenador: Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira
AP 2 – 2017. 1
Aluno(a): _______________________________________________________
Polo: _______________________________ Matrícula ________________
Nota: _______________
Questão 1 (vale 4 pontos)
“O compromisso ético com o mundo à sua volta é um ponto de contato entre as obras de Manuel Alegre e Jorge de Sena. O enfrentamento ao regime autoritário levou os dois poetas a experimentarem o exílio – que deixaria marcas evidentes em seus textos.” (ERTHAL) 
A partir desta afirmativa, analise os textos a seguir.
Jorge de Sena (2 pontos)
Eu sou eu mesmo a minha pátria. A pátria 
de que escrevo é a língua em que por acaso de gerações
nasci. E a do que faço e de que vivo é esta
raiva que tenho de pouca humanidade neste mundo
quando não acredito em outro, e só outro quereria que
este mesmo fosse. (…)
(SENA, Em Creta, com o Minotauro, 1989, p. 74)
Manuel Alegre (2 pontos)
Eu sou o solitário o estrangeirado
o que tem uma pátria que já foi
e a que não é. Eu sou o exilado
de um país que não há e que me dói. (…)
(ALEGRE, O primeiro soneto do Português errante, 2000, p. 378)
Resposta comentada
As obras dos dois poetas revelam bastante comprometimento com a realidade político-social da época salazarista. O posicionamento ético de ambos desagradou o governo, levando-os a uma experiência de exílio, com sentimentos diferenciados. A partir dos fragmentos apresentados é preciso marcar a semelhança entre ambos, a saber, a relação tensa com a pátria e a diferente forma de reagir de cada um. No texto mais raivoso (“esta raiva”) de Sena, a pátria se tornará o próprio poeta e a língua que herdou por acaso (“Eu sou eu mesmo a minha pátria” e “A pátria de que escrevo é a língua”), além de revelar uma preocupação para além do território específico da pátria diante da “pouca humanidade neste mundo”. No fragmento de Manuel Alegre o sentimento é mais nostálgico e menos enraivecido, diante de “uma pátria que já foi /e a que não é”, fazendo remissão implícita a um passado glorioso confrontado ao presente. Apesar de estar fora, seu exílio é sentido como se tivesse dentro do próprio país, cuja realidade nacional parece apagada e o magoa: “Eu sou o exilado /de um país que não há e que me dói”. 
Questão 2 (vale 3 pontos)
 Comente as implicações políticas da concepção antibiográfica de Fiamma Hasse Paes Brandão, Ruy Belo e Maria Gabriela Llansol, sua insistência na afirmação da inexistência do sujeito poético. Baseie-se nos fragmentos que se seguem:
“(…) história / progressivamente mítica / que partiu desde a igualdade / entre uma palavra e uma imagem, /até ao hermetismo de uma biografia / memorável.(...) 
(BRANDÃO, 2006, p.292-3)
“A minha vida passou para o dicionário que sou. A vida não interessa. Alguém que me procure tem de começar – e de se ficar - pelas palavras.” (BELO, 2000, 259)
“Tens que começar numa palavra. Numa palavra qualquer se conta. Mas, no ponto-voraz, surgem as imagens. Não ligues excessivamente ao sentido. A maior parte das vezes, é impostura da língua. (…) O indizível é feito de mim mesma, Gabi, agarrada ao silêncio que elas representam.” (LLANSOL, 1991, p.112-3)
Resposta comentada
A negação da existência do sujeito poético e a recusa da transparência biográfica do texto mostram o caráter linguageiro do sujeito, pois ele se faz em meio aos discursos, como revelam os versos de Fiamma Brandão (“o hermetismo de uma biografia”), de Ruy Belo (“o dicionário que sou”) de Llansol (“O indizível é feito de mim mesma”). O poder procura controlar os sujeitos, oferecendo-lhes espelhos míticos de identificação (“ (…) história / progressivamente mítica”), feitos igualmente de linguagem, como a pátria, o herói, a beleza ideal, etc. Ao negarem a sua “realidade”, sua substancialidade como sujeitos, as poéticas dos autores citados negam e fragilizam as noções de real e verdade veiculadas pelo discurso vigente, apontando para a falência do ideal de uma unidade nacional, seja ela política ou cultural. Aos espaços geopolíticos de dominação, os poetas propõem um espaço cultural não hierarquizado, agregador de diferenças e singularidades, indefinível, sempre sujeito à transformação ativa.
Por outro lado, a esta concepção de espaço, surge um outro tipo de sujeito. Não mais aquele que se reconhece numa pátria, ou aquele que sofre no exílio à espera de um retorno, mas o nômade, o anônimo, aquele que não é mais capturado pelos imperativos do estado. Fazem, portanto, do deambular sua aventura, sem ponto de chegada, e sua terra aquela que se encontra sob seus pés.
Questão 3 (vale 3 pontos)
Cite um romance de Saramago e comente sobre o seu tema, a sua forma especial de escrita e a sua mensagem ética. 
Gabarito da questão
Aspectos a comentar (1 ponto para cada aspecto):
Deve ser citado o título de um romance de Saramago;
Deve ser destacado no mínimo dois aspectos entre os pedidos (o tema ou traço da escrita ou da mensagem ética)
Exemplo de resposta: 
No romance Memorial do convento, Saramago nos conta uma história cujo tema versa sobre a construção do Mosteiro de Mafra para celebração do poder real de D. João V, às custas do esforço descomunal do povo, que resiste na figura de três personagens que constroem um balão/ passarola. Na linguagem o autor inova por meio do encadeamento de frases sem pontuação que tentam representar a oralidade. Quanto à ética, o romance é uma crítica ao absolutismo, ao obscurantismo e à intolerância que vigoravam no século XVIII que desconstrói o discurso oficial da História de Portugal.

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