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Karl Marx - História da Exploração Humana

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Karl Marx 
 
 
Quando um espaço contendo objetos é iluminado por luzes de diversas cores vindas de várias 
fontes, obtemos diferentes imagens, cada uma colocando em destaque certos contornos e formas. 
De maneira análoga é isso que acontece com o campo científico: os pressupostos teóricos iluminam 
de forma peculiar a realidade, resultando daí níveis diferentes de abordagens e modelos teóricos 
particulares. Até este ponto do livro, procuramos reconstruir o percurso que vai desde o surgimento 
do pensamento sociológico até a organização das primeiras teorias sobre a sociedade, cada uma 
delas orientada por um conjunto de pressuposto sobre a realidade e a vida social. Assim como as 
diversas imagens que obtemos do espaço citado na experiência acima, os diferentes modelos 
teóricos, cada qual”pondo a luz” determinados aspectos da realidade sócia, oferecem diferentes 
perspectivas que se complementam. 
Ao longo de nosso curso abordamos as teorias renascentistas de Maquiavel e Morus, os 
iluministas, o positivismo de Comte, as teorias sociológicas de Durkheim e de Max Weber cada qual 
iluminando a realidade com suas teorias e explicações. Assim como esses teóricos abordaram a 
realidade, Karl Marx também se propõe a realizar essa tarefa. Para isso ele elaborou uma 
ferramenta metodológica que ficou conhecida como o materialismo histórico dialético, originando 
uma corrente de pensamento revolucionária tanto do ponto de vista teórico metodológico como do 
ponto de vista da prática social. É também um dos pensadores mais rígido teoricamente e, portanto, 
que traz mais dificuldade em se compreender, explicar e sintetizar. 
O ponto inicial de K. Marx era entender e explicar a lógica de funcionamento do sistema 
capitalista para assim modificá-lo. Ele escreveu sobre Filosofia, Economia, História e Sociologia. Sua 
intenção porém, não era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma 
ampla transformação política, econômica e social. K. Marx não escreveu particularmente para os 
acadêmicos e cientistas, mas para todos os homens que quisessem assumir a vocação 
revolucionária. Sua obra máxima, o Capital, destinava-se a todos os homens, na apenas os 
estudiosos da economia, política e da sociedade. Este é um aspecto singular da teoria marxista. Há 
um alcance mais amplo nas suas formulações que adquirem dimensões de ideal revolucionário e 
ação política efetiva. 
K. Marx, acima de tudo, definia-se como um militante da causa socialista, por isso, suas ideias 
não se limitaram ao campo teórico e cientifico, mas foram definidas como princípios norteadores 
para o desenvolvimento de uma nova sociedade. Por isso, o marxismo se organizou como uma 
corrente política. 
K. Marx foi especialmente sensível as dificuldades que a Europa enfrentava numa época de 
pleno e contraditório desenvolvimento do capitalismo: ao mesmo tempo em que crescia, tornava-se 
mais agudos seus conflitos e dissensões. As contradições básicas da sociedade capitalista e as 
possibilidades de superação apontadas pela sua obra não puderam, pois, permanecer ignoradas 
pela Sociologia, pelos cientistas sociais em geral nem pelo cidadão comum, submetido à ordem 
social que ele procurou interpretar e criticar. Diferentes modelos de administração pública, de 
organização partidária, de ação revolucionária e exercícios do poder reconheceram em K. Marx, nos 
últimos duzentos anos, sua inspiração. 
 
 
As Origens 
 
O pensamento marxista foi sintetizador de diferentes preocupações filosóficas, políticas e 
científicas de sua época, assim como herdeiro de fundamentos formulados por outros pensadores. 
Em primeiro deve-se fazer referência a influência filosófica de F. Hegel a quem K. Marx absorveu 
uma diferente percepção de História – não como um movimento linear ascendente como 
propúnhamos evolucionistas, nem o resultado da ação voluntariosa e consciente de heróis 
envolvidos, como pensavam os historiadores românticos. Hegel entendia a História como um 
processo coeso que envolvia diversas instâncias da sociedade – da religião à economia – e cuja 
dinâmica se dava por oposições entre forças antagônicas – tese e antítese. Desse embate emergia 
a síntese que fechava o processo “dialético” de conceber a História. K. Marx utilizou esse método de 
explicação da História para o qual os agentes sociais, apesar de conscientes, não são os únicos 
responsáveis pela dinâmica dos acontecimentos – as forças em oposição atuam sobre o devir. 
Também significativo foi o contato de K. Marx com o pensamento do socialista francês e 
ingleses do século XIX. O pensamento de Claude Henri de Rouvroy, ou conde de Saint-Simon 
(1760-1825), François Charles Fourier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858). K. Marx admirava o 
pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa e suas propostas de transformação social, 
apesar de julgá-las utópicas, ou seja, idealistas e irreais. Esses autores, influenciados por Rousseau 
– que atribuíra a origem das desigualdades sociais ao advento da propriedade privada – propunham 
transformar radicalmente a sociedade, implantando uma ordem social justa e igualitária, da qual 
seriam eliminados o individualismo, a competição e a propriedade privada. Os métodos para isso 
variavam do uso maciço da propaganda até a realização de experiências modelos, que deveriam 
servir de guia para o restante da sociedade. Entretanto, nenhum deles havia considerado seriamente 
a necessidade de luta política entre classes sociais e papel revolucionário na implantação de uma 
nova ordem social. Era por esse aspecto que K. Marx os dominava de utópicos, em contrapartida o 
socialismo defendido por ele era denominado de científico. 
Há ainda na obra de K. Marx toda a leitura crítica do pensamento clássico dos economistas 
ingleses, em particular de Adam Smith e David Ricardo, trabalho que tomou sua atenção até o final 
de sua vida e resultou na maior parte de seu esforço teórico. Essa trajetória é marcada pelo 
desenvolvimento de conceitos importantes como alienação, classes sociais, valor, mercadoria, 
trabalho, mais valia, modo de produção, etc. 
Finalmente, impossível não fazer referência ao seu grande interlocutor trabalhou com K. Marx 
de 1844 até sua morte, sendo co-fundador do socialismo científico, também conhecido como por 
comunismo, doutrina que demonstrava pela analise cientifica e dialética da realidade social que as 
contradições históricas do capitalismo levariam, necessariamente, à sua superação por um regime 
igualitário e democrático que seria, de fato, sua antítese. 
 
 
A ideia de alienação. 
 
A palavra alienação tem um conteúdo jurídico que se designa a transferência ou venda de um 
bem ou direito. Mas, desde a publicação da obra de Rousseau (1712-1778), passa a predominar 
para o termo a ideia de privação, falta ou exclusão. Filósofos alemães, como Hegel e Feurbach, 
também fazem uso da palavra, emprestando-lhe um sentido de desumanização e injustiça que será 
absorvido por K. Marx. Este faz do conceito uma peça chave de sua teoria para a compreensão da 
exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade 
privada e o assalariamento alienavam ou separavam o operário dos meios de produção – 
ferramentas, matéria prima, terra e máquina – e do fruto de seu trabalho, que se tornava propriedade 
privada de capitalista. 
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, 
base do liberalismo, criou a ideia de Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar 
toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos. K. Marx mostrou, entretanto, que 
na sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o 
interesse desta. 
Segundo K. Marx, a divisão social do trabalho fez com que o pensamento filosófico se tornasse 
atividade exclusiva de um determinadogrupo. As diversas escolas filosóficas passaram a expressar 
a visão parcial que esse grupo tem da vida, da sociedade e do Estado, refletindo assim, seus 
interesses. Algumas, como o liberalismo, transformaram-se em verdadeira filosofia do Estado, com o 
intuito explicito de defendê-lo e justificá-lo. O mesmo aconteceu com o pensamento científico que, 
pretendendo-se universal, passou a expressar a parcialidade da classe social que ele representa. 
Esse comprometimento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também em nova forma 
de alienação para o homem. 
Alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar a integridade de sua condição 
humana pela crítica radical ao sistema econômico, á política e a filosofia que o excluíram da 
participação efetiva na vida social. Essa crítica está assim unida á práxis – novo método de abordar 
e explicar a sociedade e também um projeto para a ação sobre ela. Assim o marxismo se propunha 
como opção libertadora para o homem. 
 
Mais exatamente, a alienação é o efeito necessário 
de certas estruturas ou formações sociais que, embora 
sendo produto da ação humana, têm por efeito tornar o 
homem estranho a si mesmo e o resultado de suas ações 
modificadas e eventualmente invertidos em relação a 
suas intenções, desejos ou necessidades. 
 
BOUDON, R. Dicionário Crítico de Filosofia, pág. 234 
 
 
 
As classes sociais. 
 
Outro conceito básico do marxismo de classes sociais, que K. Marx desenvolve na busca por 
denunciar as desigualdades sociais contra a falsa ideia de igualdade política e jurídica proclamada 
pelos liberais. Para ele, os inalienáveis direitos de liberdade e justiça, considerados naturais pelo 
liberalismo, não resistem às evidências das desigualdades sociais promovidas pelas relações de 
produção que dividem os homens em proprietários e não proprietários de meios de produção. Dessa 
divisão se originam as classes sociais: os proletários – despossuídos dos meios de produção, que 
vendem sua força de trabalho em troca de salário – e os capitalistas, que possuindo meios de 
produção sob a forma legal de propriedade privada, apropriam-se do produto do trabalho de seus 
operários em troca de salário do qual eles dependem para sobreviver. 
As classes sociais formadas no capitalismo – burgueses e proletários – estabelecem 
intransponíveis desigualdades entre os homens e relações que são, antes de tudo, de antagonismo 
e exploração. A oposição e o antagonismo dos interesses inconciliáveis entre as classes – o 
capitalismo desejando preservar seu direito à propriedade privada dos meios de produção e dos 
produtos e à máxima exploração do trabalho dos operários, pagando baixos salários ou ampliando 
sua jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, luta contra a exploração, reivindicando menor 
jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros que se acumulam com a venda 
daquilo que ele produziu. 
Por outro lado, apesar das oposições, as classes sociais são também complementares e 
interdependentes, pois uma só existe em função da outra. Só existem proprietários porque há uma 
massa de despossuídos cuja única propriedade é sua força de trabalho, dispostos a vendê-la para 
assegurar a sua sobrevivência. De igual modo, só existem proletários por que alguém luta com sua 
condição de assalariamento. 
Para K. Marx, a História humana é a História da luta de classes, da disputa constante por 
interesses que se opõe, embora essa oposição nem sempre se manifeste socialmente sob a forma 
de conflito ou guerra declarada. As divergências e antagonismos das classes são subjacentes a toda 
relações social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da 
sociedade. 
 
 
A origem histórica do capitalismo 
 
Para desenvolver sua teria,Marx se vale de conceitos abrangentes, da análise crítica do 
momento que vive e de uma sólida visão histórica com as quais procura explicar a origem das 
classes sociais e do capitalismo. É assim que ele atribui a origem das desigualdades sociais a uma 
enorme quantidade de riquezas que se concentra, na Europa do século XIII até meados do século 
XVIII, nas mãos de uns poucos indivíduos, que têm o objetivo e as possibilidades de acumular bens 
e obter cada vez mais lucros. 
No início, essa acumulação de riquezas se fez por meio da pirataria, d roubo, dos monopólios e 
do controle dos preços praticados pelos estados absolutistas. A comercialização, principalmente 
com as colônias, era a grande fonte de riqueza para os estados e para a nascente burguesia. Mas, a 
partir do século XVI, o artesão e as corporações de ofício foram paulatinamente substituídos, 
respectivamente, pelo trabalhador “livre” assalariado e pela indústria. 
Na produção artesanal européia da Idade Média e do renascimento, o trabalhador mantinha em 
sua casa os instrumentos de produção. Aos poucos, surgiram oficinas organizadas por comerciantes 
enriquecidos que produziam mais a baixo custo. A generalização desses galpões originou, em 
meados do século XVIII, na Inglaterra, a Revolução Industrial. Esta possibilitou a mecanização 
ampla e sistemática da produção de mercadorias, acelerando o processo de separação entre o 
trabalhador e os instrumentos de produção levando à falência dos artesãos. As máquinas e tudo o 
mais necessário ao processo produtivo ficaram acessíveis somente aos empresários capitalistas 
com os quais os artesãos, isolados, não podiam competir. Assim multiplicou-se o número de 
operários, isto é, trabalhadores expropriados, artesãos que não conseguiam competir com o sistema 
industrial e desistiam da produção individual, empregando-se nas indústrias, constituindo uma nova 
classe social. 
 
 
O salário 
 
O operário é o individuo que, nada possuindo é obrigado a sobreviver da sua própria força de 
trabalho. No capitalismo, ele se torna uma mercadoria, algo útil, que pode se comprar e vender. Por 
meio de um contrato estabelecido entre ele e o capitalista, a quem é permitido comprar ou “alugar 
por certo tempo” sua força de trabalho em troca de uma quantia em dinheiro, o salário. 
O salário é, assim, o valor da força de trabalho, considerada como mercadoria. Como a fora de 
trabalho não é uma coisa, mas uma capacidade, inseparável do corpo do operário, o salário deve 
corresponder à quantia que permita ao operário alimentar-se, vestir-se, cuidar de seus filhos, 
recuperarem suas energias e, assim, estar de volta ao serviço no dia seguinte. Em outras palavras, 
o salário deve garantir as condições de subsistência do trabalhador e sua família. 
O cálculo do salário depende do preço dos bens necessários à subsistência do trabalhador. O 
tipo de bens necessários depende, por sua vez, dos hábitos e dos costumes dos trabalhadores. Isso 
faz com que o salário varie de lugar para lugar. Além disso, o salário depende do próprio 
trabalhador. No cálculo do salário um operário qualificado deve-se computar o tempo que ele gastou 
com educação e treinamento para desenvolver suas capacidades. 
 
 
Trabalho, valor e lucro 
 
O capitalismo vê a força de trabalho como mercadoria, mas é claro que não se trata de uma 
mercadoria qualquer. Ela é a única capaz de criar valor. Os economistas clássicos ingleses já 
haviam percebido isso ao reconhecerem o trabalhador como a verdadeira fonte de riqueza da 
sociedade. 
Marx foi além Para ele, o trabalhador, ao s exercer sobre determinados objetos, provoca nestes 
uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem, diz Marx, contém trabalho 
passado, “morto” que só pode ser reanimado por outro trabalho. Assim, por exemplo, um pedaço de 
couro animal curtido, agulha, linha, etc. são todos produtos do trabalho humano. Deixados em si 
mesmos, são coisas mortas, utilizadas para produzir um sapato, renascem como meios de produção 
e se incorporam em um novo produto, uma nova mercadoria,um novo valor. 
Os economistas ingleses já havia postulado que o valor da mercadoria dependia do tempo de 
trabalho gasto na produção. Marx acrescentou que esse tempo de trabalho se estabelecia em 
relação a habilidades individuais médias e às condições técnicas vigentes na sociedade. Por isso, 
dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o “tempo de trabalho humano abstrato 
socialmente necessário” à sua produção. 
De modo geral, as mercadorias resultam da colaboração de várias habilidades profissionais 
distintas; por isso, seu valor incorpora todos os tempos de trabalho específicos. O valor dos 
trabalhos está embutido no preço que o capitalista para ao adquirir essas matérias primas e 
instrumentos, os quais, juntamente com a quantia para a título de salário, serão incorporados ao 
valor do produto. 
 
Marx demonstra primeiro a armadilha da economia vulgar, aquela que 
consiste em se ater apenas às aparências do jogo de oferta e procura para 
analisar os fenômenos do mercado. 
 
LALLEMENT, Michael. História das ideias sociológicas. Op. Cit, pág.128 
 
 
Sabemos que o capitalista produz para obter lucro, isto é, que ganhar com seus produtos mais 
do que investiu. Partindo da dinâmica que executamos em sala de aula, gerou uma duvida no inicio 
d processo, pois, se o valor do produto é apenas a soma dos gastos no processo anterior, então 
qual é o lucro do capitalista? 
De acordo com analise de Marx, não é no âmbito da compra e venda da mercadoria que se 
encontram as bases estáveis para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manutenção do 
sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção. 
 
 
 
 
 As relações políticas 
 
 
Após a análise detalhada do modo de produção capitalista, Marx passa ao estudo das formas 
políticas produzidas no seu interior. Ele constata que as diferenças entre as classes sociais não se 
reduzem a diversas quantidades de riquezas, mas expressam uma diferença de existência material. 
Os indivíduos de uma mesma classe partilham de uma situação de classe que lhes é comum, 
incluindo valores e comportamentos, regras de convivência e interesses. 
A essas diferenças econômicas e sociais segue-se uma distribuição de poder. Diante da 
alienação do operário, as classes economicamente dominantes desenvolveram formas de 
dominação política que lhes permitem apropriar-se do aparato de poder do estado e, com ele, 
legitimar seus interesses sob a forma de leis, planos econômicos e políticos. 
Cada forma assumida pelo estado n sociedade burguesa, seja sob o regime liberal, 
monárquico, constitucional ou ditatorial representa as diferentes maneiras pelas quais ele se 
transforma num “comitê para gerenciar os negócios da burguesia”, sob quaisquer regimes já 
propostos, dos mais liberais aos mais ditatoriais. 
Para Marx, as condições especificas do trabalho geradas pela industrialização tendem a 
promover a consciência de que há interesses comuns, para o conjunto da classe operaria e, 
consequetemente, tendem a impulsionar a sua organização política para a ação. A classe 
trabalhadora, portanto, vivendo uma mesma situação de classe e sofrendo progressivo 
empobrecimento em razão das formas cada vez mais eficientes de exploração do trabalhador, acaba 
por se organizar politicamente. Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe 
operária e sua mobilização para a ação política. 
 
 
 
Materialismo Histórico 
 
Para entender o capitalismo e explicar a natureza da organização econômica humana, Marx 
desenvolveu uma teoria abrangente universal, que procura dar conta de toda e qualquer forma 
produtiva criada pelo homem. Os princípios básicos dessas teorias estão expressos em seus 
métodos de análise – o materialismo histórico. 
Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os 
homens se organizam para a produção social de bens que engloba dois fatores fundamentais: as 
forças produtivas e as relações de produção. 
As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção.Qualquer processo 
de trabalho implica determinados objetos – matérias primas identificadas e extraídas da natureza – e 
determinados instrumentos – conjunto de forças naturais já transformadas e adaptadas pelos 
homens, como ferramentas ou máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica e específica. O 
homem, principal elemento das forças produtivas, é o responsável por fazer a ligação entre a 
natureza, a técnica e os instrumentos. O desenvolvimento da produção vai determinar a combinação 
e o uso desses diversos elementos: recursos naturais, mão de obra disponível, instrumentos e 
técnicas produtivas. Essas combinações procuram atingir o máximo de produção em função do 
mercado existente. A cada forma de organização das forças produtivas corresponde uma 
determinada forma de relação de produção. 
As relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a 
atividade produtiva. Ele se refere às diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os 
elementos envolvidos no processo de trabalho: as matérias-primas, os instrumentos e a técnica, os 
próprios trabalhadores e o produto final. Assim, as relações de produção podem ser, num 
determinado momento, cooperativistas (como em um mutirão), escravistas (como na Antiguidade), 
servis (como na Europa medieval), ou capitalistas (como na indústria moderna). 
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade 
produtiva que ocorre em sociedade. As formas pelas quais ambas existem e são reproduzidas numa 
determinada sociedade constitui o que Marx denominou “modo de produção”. 
 Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se 
organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as 
mais importantes relações sociais. Os modelos de famílias, lei, a religião, as ideias políticas, os 
valores sociais são aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do desenvolvimento 
e do colapso de diferentes modos de produção. Analisando a História, Marx identificou alguns 
modos de produção específicos: sistema comunal produtivo, modo de produção asiático, modo de 
produção antigo, modo de produção germânica, modo de produção feudal e modo de produção 
capitalista. Cada qual representa diferentes formas de organização da propriedade privada, 
comunitária ou estatal e da exploração do homem pelo homem. 
Em cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relações 
de produção, cria contradições bascas com o desenvolvimento das forças produtivas. Essas 
contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a derrocadado modo de 
produção vigente e a ascensão de outro. 
 
 
A História e a totalidade 
 
A teoria marxista repercutiu de maneira decisiva não só na Europa – objeto primeiro de estudos 
– como nas colônias européias e em movimentos de independência. Incentivou os operários a 
organizarem partidos marxistas – e os sindicatos revolucionários – levou intelectuais á crítica da 
realidade e influenciou as atividades científicas de modo geral e as ciências humanas em particular. 
Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação capitalista, 
conclamando os trabalhadores a construir, por meio de sua práxis revolucionária, uma sociedade 
assentada na injustiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu, como nenhum 
outro, com sua obra, estabelecer relações profundas entre a realidade, a filosofia e a ciência. 
Por sua formação filosófica, Marx concebia a realidade social como uma concretude histórica, 
isto é, como um conjunto de relações de produção que caracterizava cada sociedade em um tempo 
e espaço determinado.Na obra “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, Marx dá um exemplo de seu 
método de analisar o golpe de estado ocorrido na França do século XIX, encabeçado pelo sobrinho 
de Napoleão I, mostrando como este parodiou o feito do tio que, em 1799, substituiu a República 
pela ditadura. Marx vaticinou o fracasso da aventura do sobrinho, porque este aplicou a mesma 
fórmula política do tio, porém, para uma conjuntura totalmente diferente daquela enfrentada por 
Napoleão Bonaparte. 
Por outro lado, cada sociedade representava para Marx uma totalidade, isto é, um conjunto 
único e integrado das diversas formas de organização humana nas suas diversas instâncias – 
família, poder e religião. Entretanto, apesar de considerar as sociedades da sua época e do passado 
como totalidades e como situações históricas concretas, Marx conseguiu, pela profundidade de suas 
analises, extrair conclusões de caráter geral e aplicáveis as formas sociais diferentes. Assim, 
analisar o golpe de Luís Bonaparte identifica na estrutura de classes estabelecidas na França 
aspectos universais da dinâmica da luta de classes. 
 
A amplitude da contribuição de Marx 
 
O sucesso e a penetração do materialismo histórico, que no campo da ciência – ciência 
política, econômica e social – quer no campo da organização política, se deve ao universalismo de 
seus princípios e ao caráter totalizador que Marx imprimiu às suas ideias. Deve-se também ao 
caráter militante das ideias propostas, voltadas para a ação prática e para a práxis revolucionária. 
Além desse universalismo da teoria marxista – mérito que a diferencia de todas as teorias 
subseqüentes – outros questões adquiriram nova dimensão com os princípios sustentados por Marx. 
Um deles foi à objetividade científica, tão perseguida pelas ciências humanas. Para Marx, a questão 
da objetividade só se coloca como consciência crítica. A ciência, assim como a ação política, só 
pode ser verdadeira e não ideológicas se refletir uma situação de classe e, consequetemente uma 
visão crítica da realidade. Assim, objetividade não é uma questão de método, mas de como o 
pensamento cientifico se insere no contexto das relações de produção e na História. 
A ideia de uma sociedade “doente” ou “normal”, preocupação dos cientistas sociais positivistas, 
desaparece em Marx. Para ele, a sociedade é constituía de relações de conflito e é de sua dinâmica 
que surge a mudança social. Fenômenos como luta, contradição, revolução e exploração são 
constituintes dos diversos momentos históricos e não disfunções sociais. 
A partir do conceito de movimento histórico proposto por Hegel, assim como do historicismo 
existente em Weber, Marx redimensiona o estudo da sociedade humana. Suas ideias marcaram de 
maneira definitiva o pensamento científico e a ação política dessa época, assim como das 
posteriores, formando duas diferentes maneiras de atuação sob a bandeira do marxismo. A primeira 
é abraçar o ideal comunista, de uma sociedade em que estão abolidas a relação de classes sociais 
e propriedade privada dos meios de produção. Outra é exercer acrítica à realidade social, 
procurando suas contradições, desvendando as relações de exploração e expropriação do homem 
pelo homem, de modo a entender o papel dessas relações no processo histórico. 
Não é preciso afirmar a contribuição da teoria marxista para o desenvolvimento das Ciências 
Sociais. A abordagem do conflito, da dinâmica histórica, das relações entre consciência e realidade 
e da correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social foram conquistadas jamais foram 
abandonadas pelos sociólogos. Isso sem contar a habilidade com que o método marxista possibilita 
o constante deslocamento do geral para o particular, das leis macrosociais para suas manifestações 
históricas, do movimento estrutural da sociedade para a ação humana individual e coletiva.

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