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Aula Inaugural CPP

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TRF – PRÉ EDITAL 
DIREITO PENAL – Aula INAUGURAL 
 
Prof. Breno Bermudes brebermudes@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO 
PROCESSUAL PENAL 
TRF-1ª Região (analista) 
Prof. Breno Bermudes 
 
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TRF – PRÉ EDITAL 
DIREITO PENAL – Aula INAUGURAL 
 
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AULA INAUGURAL 
AULA INAUGURAL ................................................................................................................................................ 2 
1. OBSERVAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................................... 3 
1.1. SOBRE O CURSO ........................................................................................................................................ 4 
1.2. CRONOGRAMA DE AULAS ...................................................................................................................... 5 
2. DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS .......................................................... 6 
2.1. INQUÉRITO POLICIAL ................................................................................................................................ 7 
2.1.1. CONCEITO .................................................................................................................................................... 7 
2.2.2. NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................................... 8 
2.2.3. FINALIDADES DO IP ................................................................................................................................. 9 
2.2.4. PRESIDÊNCIA DO IP ................................................................................................................................ 11 
2.2.5. CARACTERÍSTICAS DO IP ...................................................................................................................... 14 
3. PROCEDIMENTOS LEGAIS ........................................................................................................................... 19 
3.1. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP ....................................................................................................... 19 
3.2. NOTITIA CRIMINIS ...................................................................................................................................... 21 
3.3. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS ............................................................................................................ 22 
4. DO INDICIAMENTO ................................................................................................................................. 28 
4.1. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO ................................................................................ 30 
5. PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL ............................................................ 31 
6. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL ........................................................................................... 33 
6.1. “VISTAS” AO MINISTÉRIO PÚBLICO ....................................................................................................... 34 
6.2. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL ..................................................................................... 35 
7. OBSERVAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 43 
8. QUESTÕES CORRELATAS .......................................................................................................................44 
 
Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 
9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. 
Valorize o trabalho do professor e adquira o curso de forma honesta. Informe-se sobre 
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1. Observações Iniciais 
Olá Concurseiros 24h! 
Estamos iniciando nosso curso de DIREITO PROCESSUAL PENAL, abrangendo de forma 
bem didática a teoria aplicável a matéria, bem como as diversas questões correlatas ao 
conteúdo programático do Edital para o concurso público do TRIBUNAL REGIONAL 
FEDERAL DA 1ª REGIÃO. 
É uma grata satisfação poder estar aqui e o meu compromisso com vocês sempre será 
a preparação de alto nível. 
Trata-se de um curso completo focado na estruturado Edital da FCC, pois conforme 
sabem o último edital foi lançado em 31/01/2011, e o certame foi organizado pela banca 
FCC. Outro ponto importante é que para os cargos de Analista Administrativo e Analista 
Judiciário, a validade do atual concurso expirou no último dia 07/06/2015, enquanto que 
para o cargo de Técnico Judiciário, vencerá em 20/12/2015. 
Daí a importância de manter o foco e se preparar de forma antecipada para esse 
concorrido concurso público do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Aliás, vale 
ressaltar que a Comissão de Concurso já foi formada em 05/02/2015, obviamente, 
visando agilizar o novo concurso. 
É importante registrar que mesmo não tendo um prévio conhecimento da nossa 
disciplina, certamente, acompanhando nosso cronograma e utilizando o conteúdo 
ministrado nas aulas você será feliz nessa prova, porque nós partiremos do zero, de 
forma clara e profunda. Ao final, com toda certeza, você verá que atingiremos nossos 
objetivos! 
Nossa disciplina sempre terá um peso considerável no CONCURSO PÚBLICO, pois abrange 
temas afetos, na maioria das vezes, com o desenvolvimento da carreira pública. 
Só para aguçar um pouco mais sua preparação, o cargo federal de analista judiciário do 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO (com sede em Brasília, que tem sob sua 
jurisdição o Distrito Federal e os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, 
Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins) exige 
ensino superior completo, em direito (área judiciária) ou em qualquer área 
(administrativa) e uma remuneração oferecida inicialmente de R$ 6.551,52. 
E o principal, sua sonhada estabilidade financeira e talvez emocional! Força! Fé! 
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1.1. Sobre o Curso 
Prezados Concurseiros 24h, antes de aprofundar os temas do Edital é necessário 
expor, de forma breve, a dinâmica do curso, pois uma das vantagens dos cursos em pdf 
é ser prático, com uma abordagem objetiva, clara e aprofundada aos tópicos do Edital, 
levando em consideração, sempre, o olhar do examinador sobre o tema. 
Não vamos passar superficialmente pelas matérias do Edital, vamos estudar todo o 
conteúdo programático de forma ampla e profunda. Alguns candidatos, aqueles que 
não passam em concursos públicos, tem o hábito de menosprezar o examinador 
deixando de lado vários tópicos do Edital, mas vocês Concurseiros 24h, jamais cairão 
nessa “pegadinha” do Edital, porque aqui o tema será aprofundado para que você não 
perca nenhuma questão de sua prova. 
Apesar de muitos acharem a disciplina interessante, muita curiosidade envolvida sobre 
os temas, a grande é verdade é que o DIREITO PROCESSUAL PENAL é uma matéria 
muito técnica. Sempre digoque não há como aprender o DIREITO PROCESSUAL PENAL 
assistindo o “Jornal Nacional”! 
Nosso curso está ESTRUTURADO da seguinte forma: 
Teoria Doutrina Legislação Jurisprudência
Questões 
comentadas
Macetes Esquemas Exemplos
 
Abrangeremos de modo aprofundado, os aspectos mais relevantes de cada tópico do 
conteúdo exigido no Edital. As questões servirão também de revisão, pois iremos dispor, 
aula após aula, questões de assuntos de aulas anteriores. 
Com toda certeza este curso será completo em relação ao Edital-FCC do TRF-1ª Região, 
essa é finalidade dele, ser direcionado a você que está iniciando a trajetória vitoriosa de 
estudos para preencher sua vaga no cargo dentro do Poder Judiciário da União. 
Por fim, peço sua atenção para uma breve apresentação: 
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Meu nome é Breno J. Bermudes Brandão, mais conhecido como Prof. Breno Bermudes, 
graduado em Direito e atualmente sou servidor público municipal efetivo no cargo de 
Advogado do Município de Serra no Estado do Espírito Santo. Cargo esse que exerço 
desde o ano de 2006 com enorme satisfação pessoal e profissional. 
Além do exercício da função pública por quase 10 (dez) anos, sou professor universitário 
desde 2004, ministrando aulas no curso de direito sempre com as disciplinas de DIREITO 
PENAL, Processo Penal e Legislação correlata. 
Estou envolvido com concursos públicos desde que me formei na faculdade em 2001. 
Dessa forma, tenho muito experiência como concurseiro que já fui, servidor público que 
sou, e como professor de curso preparatórios, com a grata satisfação de vivenciar com 
meus alunos muitas histórias de sucesso. Essa é uma grande vantagem para vocês, pois 
sempre buscarei passar a melhor visão, as aulas serão sempre direcionadas e as 
respostas a dúvidas com possíveis dicas sobre as provas, bancas examinadoras, o modo 
de agir em dias de provas e como se preparar para elas etc. 
 
1.2. Cronograma de aulas1 
AULA DATA CONTEÚDO 
 
 
01 
 
 
10/06/2015 
Apresentação do curso – Edital-FCC TRF 1ª Região 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: noções introdutórias. 
Inquérito Policial 
Conceitos, sistemas e características. 
Procedimentos Legais 
Observações finais 
Questões correlatas 
02 
17/06/2015 
Ação Penal 
Sistemas de persecução penal 
Conceitos, classificação 
Procedimentos Legais 
03 24/06/2015 Do juiz, do Ministério Público, do acusado e defensor, 
 
1O cronograma de aulas poderá sofrer alterações, previamente informado aos alunos matriculados. 
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dos assistentes e auxiliares da justiça. 
04 01/07/2015 Competência penal do STF, do STJ, dos TRFs e dos 
Juízes Federais. 
05 08/07/2015 Atos processuais: forma, tempo e lugar. Das citações e 
intimações. 
06 15/07/2015 Prisões x Liberdade Individual: noções introdutórias 
Prisão temporária, em flagrante, preventiva, decorrente 
de pronúncia e decorrente de sentença. 
Liberdade provisória e fiança. 
07 22/07/2015 Atos jurisdicionais: Conceito e classificação 
Despachos, decisões interlocutórias e sentença 
(conceito, publicação, intimação e efeitos). 
08 29/07/2015 Dos recursos em geral. 
09 05/08/2015 Juizados Especiais Federais Criminais 
10 12/08/2015 Observações Finais 
Questões correlatas 
 
PONTOS DO EDITAL DA AULA DE HOJE: DIREITO PROCESSUAL PENAL: noções 
introdutórias sobre a matéria; inquérito policial: conceito, sistemas e características e 
procedimentos legais; 
 
2. DIREITO PROCESSUAL PENAL: noções 
introdutórias 
 
Concurseiros 24h, todo candidato que quer ser aprovado em um concurso público 
precisa, antes de qualquer coisa conhecer a estrutura do Edital, ou seja, descobrir, se 
aproximar ao máximo do pensamento do examinador, isto é, como ele montou o Edital, 
qual foi a divisão metodológica utilizada por ele. Isso é fundamental!!! Não existem 
amadores mais em concursos públicos, acredito que nunca existiram!! 
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Sendo assim, iniciaremos o curso do direito processual penal tomando por base os 
pontos abaixo que ajudarão a fortalecer o desenvolvimento da matéria e, 
principalmente, solucionar as diversas questões criadas pela Banca FCC. 
ENTÃO, VAMOS COMEÇAR A DESVENDAR “ESSE MISTÉRIO”!!! 
 
2.1. INQUÉRITO POLICIAL 
2.1.1. CONCEITO 
Conceito de INQUÉRITO POLICIAL: trata-se de um procedimento administrativo 
inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial consistente num conjunto 
de diligências, realizadas pela polícia investigativa, chamada pelo Código de Processo 
Penal, de polícia judiciária, para apuração da infração penal (elementos de informação - 
materialidade) e sua autoria, a fim de fornecer elementos de informação suficientes para 
que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
Vejam o que estabelece o Código de Processo Penal sobre a matéria: 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas 
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades 
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
Isso significa que não se pode dar início a um processo penal sem um mínimo de provas 
que lhes sirvam de base. E como eu consigo esse mínimo de provas? Em regra, via 
INQUÉRITO POLICIAL. 
Mas, será nobre aluno(a), que todo e qualquer infração penal serão investigados 
mediante o inquérito policial? 
Não!!! Porque os crimes de menor potencial ofensivos (IMPO) são investigados 
mediante TERMO CIRCUNSTANCIADO ou TERMO CIRCUNSTANCIADO DE 
OCORRENCIA (TCO). 
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Conforme veremos, especificamente na aula de n. 09, onde trataremos dos JUIZADOS 
ESPECIAIS CRIMINAIS, as infrações de menor potencial ofensivo são caracterizadas por 
todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima abstrata não seja superior 
a 02 (dois) anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento 
especial, ressalvadas as hipóteses envolvendo violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
2.2.2. NATUREZA JURÍDICA 
A natureza jurídica do inquérito policial é de procedimento administrativo e não ato de 
jurisdição. Isso significa, principalmente, que eventuais vícios constantes do inquérito 
policial não afetarão as ações penais que deram origem, tendo em vista que não se 
trata de ação judicial ou processo. 
Se é um procedimento meramente administrativo, esses vícios vão ser uma 
irregularidade ou uma ilegalidade, mas que de modo algum afetará o processo penal. 
Portanto: 
“Eventuais vícios existentes no inquérito não afetam a ação penal a que deu origem.” 
 Exemplo: um Delegado Federal prendeu um cidadão em flagrante delito e 
esqueceu de comunicar o juiz. É uma grave violação a um dispositivo 
constitucional, pois a própria Constituição Federal nos diz que: “a prisão de 
qualquer pessoa será comunicada à autoridade judiciária.” E, no caso, qual é a 
consequência jurídica dessa omissão do Delegado? Ora, a prisão em flagrante 
delito tornou-se ilegal. Logo, exige um pedido relaxamento. O que, de modo 
algum, vai trazer prejuízo para o processo. Isso significa que Ministério Público, 
por exemplo,poderá oferecer sua denúncia e o cidadão responderá por ele 
crime que havia sido preso em flagrante normalmente. E por que? Porque é um 
mero procedimento administrativo e não um processo jurisdicional. 
Não se pode falar em nulidades na fase do inquérito policial, as nulidades somente são 
cabíveis na fase processual, salvo na hipótese de provas ilícitas que contaminarão o 
processo conforme você aprenderá no decorrer do nosso curso. 
 
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2.2.3. FINALIDADES DO IP 
Conforme se extrai do conceito de inquérito policial, é um procedimento que visa a 
apuração da materialidade do crime e de sua autoria, fornecendo elementos de 
informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. 
Veja como isso é importante! O legislador, ao usar o termo exclusivamente ele 
possibilitou o uso de elementos informativos de forma complementar para que o Juiz 
possa fundamentar suas decisões judiciais. 
Elementos de informação X Provas 
 
Elementos de informação 
 
Provas 
 
Aqueles colhidos, em regra, na fase 
investigatória sem a participação das 
partes, pois têm na surpresa sua 
principal característica para reunir o 
maior número de elementos de 
informação. 
Não há contraditório nem ampla 
defesa. 
Finalidade: visam auxiliar na 
formação da convicção do titular da 
ação penal (opinio delicti). 
Subsidiar a decretação de medidas 
cautelares. O Juiz recebendo 
elementos de informação pode, 
usando estes elementos, decretar 
Em regra, é aquela produzida na fase judicial 
com contraditório, bem como, ampla defesa. 
A prova, em regra, deve ser produzida na 
presença do Juiz. 
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medidas cautelares. 
 
PERGUNTO: O que o Juiz faz na fase do inquérito policial? 
Na fase investigatória quanto mais se afastar o Juiz melhor é, isso significa que o papel 
do Juiz é distante para preservar a sua imparcialidade, este só deve atuar quando 
provocado, funcionando como garantidor das regras do jogo (exemplos: busca 
domiciliar, quebra do sigilo telefônico, etc..). 
PERGUNTO: Pode haver condenação judicial somente com base em elementos de 
informação? 
A Constituição Federal prevê como um direito fundamental individual as garantias da 
ampla defesa e do contraditório, portanto, elementos de informação 
isoladamente considerados não podem servir de fundamento para uma 
condenação, mas é possível que sejam somados à prova produzida em juízo para 
formar a convicção do Juiz. 
Aliás, Concurseiros 24h, com o advento do princípio da identidade física do juiz, o 
juiz que acompanhou a instrução probatória deverá, em regra, proferir a respectiva 
sentença do processo. 
 
 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, 
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do 
querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder 
público providenciar sua apresentação. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, 
de 2008). 
 
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2.2.4. PRESIDÊNCIA DO IP 
A atribuição para presidir o inquérito policial fica a cargo da autoridade policial, 
exercendo as funções de polícia judiciária. Geralmente, a autoridade policial é 
determinada pelo local da consumação do delito. 
Assim, se o crime ocorreu na circunscrição da minha delegacia, eu autoridade policial, 
devo investigá-lo. Óbvio que essa regra não se aplica às grandes capitais onde há 
delegacias especializadas para a apuração de crimes específicos (tráfico de drogas, 
furtos e roubos, defraudações, contra criança e adolescentes, entre outros). 
Nesse ponto surge uma distinção interessante feita por alguns doutrinadores e cobradas 
em concursos públicos. Isso porquer, a maioria da doutrina nacional usa a expressão 
polícia judiciária (a que investiga os delitos). Porém alguns doutrinadores a diferenciam 
de polícia investigativa. É a mesma polícia! Ora exercendo funções de polícia judiciária, 
ora de polícia investigativa. 
 
 Polícia Judiciária – é a polícia que auxilia o Poder Judiciário no cumprimento de 
suas ordens; 
 
Logo, quando um juiz estadual expede um mandado de busca e apreensão, ele vai dar 
esse mandado de busca e apreensão para a polícia civil cumprir. Quando a polícia está 
cumprindo essa ordem do Poder Judiciário, estará exercendo a função de polícia 
judiciária porque age a mando do Judiciário. 
 
 Polícia Investigativa – é a polícia quando atua na apuração de infrações penais 
e de sua autoria. 
 
É importante a distinção, porque a própria Constituição Federal a faz, colocando em 
incisos diferentes essas duas funções: 
Art. 144. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e 
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras 
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infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão 
uniforme, segundo se dispuser em lei; (Polícia Federal com função de polícia 
INVESTIGATIVA). 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.” 
 
 ATRIBUIÇÕES DA POLICIA INVESTIGATIVA: 
 
a) Se o crime for de competência da Justiça Militar Estadual, neste caso, quem 
investiga o delito é a própria Polícia Militar, através de um IPM e tendo à frente 
um encarregado. 
Há manuais doutrinários que dizem que o IPL só na polícia civil e/ou na federal. Isso 
está errado. 
b) Se o crime for de competência da Justiça Federal, ou também da Justiça Eleitoral, 
quem investiga? Polícia Federal. 
 
Se o crime for de competência da Justiça Estadual, quem investiga é a Polícia Civil. Só 
que aí tem um detalhe muito interessante. A Polícia Federal também pode investigar 
delitos que sejam de competência da Justiça Estadual. É isso que muitos candidatos 
erram nos concursos públicos. Ele acha que as atribuições da Polícia Federal são 
idênticas à competência da Justiça Federal. Errado! 
Vocês, Concurseiros 24h, não errarão!! As atribuições investigatórias da Polícia Federal 
são mais amplas do que a competência criminal da Justiça Federal. É o que diz o inciso I, 
§ 1º, do art. 144, da CF, segundo o qual compete à Justiça Federal, entre outras 
atribuições: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas (até aqui é 
competência da Justiça Federal), assim como outras infrações cuja prática tenharepercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
À Justiça Federal incumbe o julgamento de crime político e de crimes praticados contra 
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas. Pela própria leitura desse inciso vê-se que as atribuições da polícia federal são 
bem mais amplas. Mas a Lei n. 10.446/02 deixa isso claro: 
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LEI Nº 10.446, DE 8 DE MAIO DE 2002. 
Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão 
uniforme, para os fins do disposto no inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição. 
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão 
interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia 
Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança 
pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis 
dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: 
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se 
o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública 
exercida pela vítima; 
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4o da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990); 
e 
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se 
comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e 
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação 
interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em 
mais de um Estado da Federação. 
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal 
procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada 
pelo Ministro de Estado da Justiça. 
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 8 de maio de 2002. 
O melhor exemplo são as associações criminosas especializadas em clonagem de cartão 
crédito/débito. Como elas operam em vários Estados da Federação, a Polícia Federal 
possui atribuição para investigar. Agora, eu te PERGUNTO: A competência é da Justiça 
Federal? Não. A competência para julgamento do crime é da Justiça Estadual. Então, as 
atribuições da Polícia Federal acabam sendo mais amplas do que a competência 
criminal da Justiça Federal. 
COMPETÊNCIA QUEM INVESTIGA PROCEDIMENTO AUTORIDADE 
Justiça Militar 
Própria Corporação 
– Polícia Militar, 
FAB 
Inquérito Policial Militar 
– IMP 
Encarregado 
Justiça Federal Polícia Federal Inquérito Policial - IPL Delegado 
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Justiça Eleitoral Polícia Federal Inquérito Policial - IPL Delegado 
Justiça Estadual 
Polícia Civil 
Polícia Federal 
Inquérito Policial - IPL Delegado 
 
2.2.5. CARACTERÍSTICAS DO IP 
1. O IPL é uma PEÇA ESCRITA 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
PERGUNTO: E gravar o IPL, pode? Hoje temos uma novidade muito interessante: o 
art. 405, § 1º, CPP. O CPP sofreu uma alteração pela Lei n. 11.719/2008: 
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas 
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. 
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e 
testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou 
técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. 
Isso, entendam bem, está colocado dentro do processo judicial. Porém, o legislador 
acabou usando termos próprios do inquérito policial: investigado, indiciado (que fazem 
parte do universo do inquérito policial). No processo é acusado, réu. Agora, alguns 
doutrinadores já estão dizendo que por conta desse § 1º, eu posso me valer de meio 
audiovisual para registros na fase da investigação. 
Logo, podemos dizer que, em regra ele é escrito, nos termos do art. 9º, CPP. Contudo, 
excepcionalmente, o art. 405, § 1º, CPP (fase judicial) prevê a possibilidade de utilização 
de meios da gravação magnética, inclusive audiovisual. 
 
2. O IPL é um PROCEDIMENTO INSTRUMENTAL 
 
COMO JÁ VIMOS, em regra, o inquérito é o instrumento utilizado pelo Estado para 
colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade do crime. O inquérito 
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é um procedimento obrigatório (não que deva sempre existir, veremos isso daqui a 
pouco). Ou seja, havendo um mínimo de elementos, o delegado é obrigado a instaurar 
o inquérito policial. 
PERGUNTO: a vítima faz um requerimento ao delegado e o delegado indefere. Cabe 
ALGUM RECURSO?? Claro que CABE! Cabe recurso inominado, de natureza 
administrativa, para o Chefe de Polícia (nomenclatura antiga, hoje, ultrapassada). Hoje, 
na verdade, o Chefe de Polícia em alguns Estados da Federação é o Secretário de 
Segurança Pública e, em outros, o Delegado Geral (caso, por exemplo, de SP). E no 
âmbito da Polícia Federal seria o Superintendente da PF no Estado (art. 5º, § 2º): 
§2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o 
chefe de Polícia. 
3. O Inquérito é DISPENSÁVEL 
CUIDADO!! O IPL é um procedimento instrumental obrigatório para o delegado, mas 
ele não é uma peça indispensável para dar início a uma ação penal. Isso significa que se 
o titular da ação penal contar com outras peças de informação, com provas sobre o 
crime e de sua autoria, poderá dispensar o inquérito policial. 
Vamos ilustrar a situação: Crimes Tributários. A Fazenda Fiscal, por meio de seu 
procedimento administrativo-tributário já fornece todos os elementos para a instauração 
da ação penal. Logo, não haverá necessidade de se instaurar um IPL. Outro exemplo: 
geralmente uma fraude contra o INSS é investigada via auditoria. Assim, quando ela 
chega, o Procurador da República (membro do Ministério Público Federal) pode 
deflagrar a ação penal, sem precisar instaurar inquérito porque já tem as provas para o 
desenvolvimento do consequente processo penal. 
Art.27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em 
que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a 
autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
Com base nessa espécie de informação, se já houver elementos suficientes, o Ministério 
Público, por exemplo, já poderá oferecer a denúncia, mesmo sem a presença do 
inquérito policial. 
 
 
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4. O Inquérito Policial é SIGILOSO 
Essa é uma das características mais famosas do inquérito policial. Mas muita atenção, 
pois apesar de ser sigilo, existem pessoas que tem acesso aos autos: O Juiz e o MP. E aí 
vem a pergunta que pode ser cobrada que é aquela relativa ao advogado: “Advogado 
tem acesso aos autosde IPL?” A Constituição, no art. 5º, inciso LXIII, diz o seguinte: 
“LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado.” 
PERGUNTO: Se o preso tem direito à assistência do advogado, como é que o 
advogado pode fazer algo se não tem acesso aos autos do IPL? Como, por exemplo, o 
advogado vai impetrar um habeas corpus? Além disso, o Estatuo da OAB, no art. 7º, 
inciso XIV, diz que ao advogado é assegurado o acesso aos autos. Esse acesso é 
irrestrito? 
Sobre esse tema, foi editada a Súmula Vinculante nº 14: 
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de 
defesa”. 
Logo, quando o dispositivo estabelece que a autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário (art. 20 do CPP), ele precisa ser interpretado com a devida atenção, pois ao 
juiz, promotor de justiça e advogado, não se aplica o sigilo no inquérito policial. 
 
5. Inquérito é uma peça INQUISITORIAL (OU INQUISITIVA) 
Essa característica significa: aqui não há espaço para o contraditório! Aqui também não 
haverá ampla defesa! Mas, só para te lembrar, no processo penal, óbvio, a coisa é 
diferente: há contraditório e ampla defesa, pois garantias constitucionais do Réu. 
Prova dessa inquisitoriedade do IPL é a previsão legal do § 1º, do art. 305 (prisão em 
flagrante), do CPP: 
§ 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o 
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 
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Explicando o dispositivo: No Momento da prisão em flagrante, se o autuado não 
informa o nome de seu advogado, o que o delegado tem que fazer? Tem que remeter 
cópia à defensoria pública. Se tivesse ampla defesa, ele teria que disponibilizar um 
advogado para acompanhar a lavratura do auto de prisão em flagrante. Como o IPL é 
inquisitivo, o advogado não precisa estar presente nesse momento. O que ele precisa é 
receber cópia do IPL. Logo, o IPL é um procedimento inquisitorial: sem contraditório, 
sem ampla defesa! 
 
6. O Inquérito policial é INFORMATIVO 
 
Como já visto no conceito do IPL, ele visa à colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade da infração penal. 
Também já sabemos que, os elementos informativos isoladamente considerados não 
podem fundamentar uma condenação criminal, porém, não devem ser ignorados pelo 
Juiz, podendo se somar à prova produzida em juízo, servindo como mais um elemento 
na formação da convicção do Juiz. 
PERGUNTO: é possível, além dos elementos informativos, a produção de provas na fase 
do IPL? Sim, é possível. Vamos estudar agora três espécies de provas que podem ser 
produzidas na fase do IPL: PROVAS CAUTELARES, NÃO REPETÍVEIS E ANTECIPADAS. 
 PROVAS CAUTELARES: são aquelas em que existe um risco de desaparecimento 
do objeto pelo decurso do tempo. As interceptação telefônica e a busca e 
apreensão são bons exemplos dessa espécie de prova. Nessas provas cautelares 
o contraditório é diferido, isso significa ele se dá em momento posterior; assim, 
depois da interceptação telefonica, quando acabar a diligência, é feito um laudo 
de degravação, só então, ela será juntada aos autos e, aí sim, é feito o 
contraditório; 
 
 PROVAS NÃO REPETÍVEIS: são colhidas na fase investigatória porque não podem 
ser produzidas novamente na fase processual. Essas espécies de provas também 
têm contraditório diferido; Essa é uma prova colhida na fase investigatória. O 
melhor exemplo desse tipo de prova é o exame do corpo de delito feito no local 
do crime. Não há como manter esse local fechado aguardando a fase judicial 
para realizar a perícia. A prova é produzida na fase investigatória e usada no 
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processo. Assim, durante o processo penal, o advogado se quiser, que faça uma 
contraprova; 
 
 PROVAS ANTECIPADAS – em virtude de sua relevância e urgência são 
produzidas antes de seu momento processual oportuno e até antes do início do 
processo, porém com a observância do contraditório real; 
 
Cuidado com isso! Os manuais jogam como se as três fossem expressões sinônimas. 
Não são! Na prova cautelar e não repetível, o contraditório é diferido. Na antecipada, o 
contraditório é real. Qual é o melhor exemplo de prova antecipada? R: Art. 225, do CPP: 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, 
inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
7. O inquérito policial É INDISPONÍVEL 
Essa característica significa nos diz que o delegado não pode determinar arquivamento 
do IPL, conforme disposição expressa do art. 17, CPP: 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
Só existe uma “pessoa” que pode determinar o arquivamento do IPL, esse sujeito é o 
Juiz de Direito mediante pedido do MP. 
 
8. O inquérito policial é DISCRICIONÁRIO 
 
Essa característica do IPL, já nos faz pensar o seguinte: Como pode ser obrigatório e 
discricionário? É obrigatório para o delegado que tem que instaurá-lo diante de um 
mínimo de prova, mas é discricionário em relação às diligências a serem tomadas, ou 
seja, o caminho da investigação se dará por meio de um juízo de conveniência e 
oportunidade. 
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Assim, o delegado na hora de conduzir o IPL não fica vinculado a cumprir toda e 
qualquer diligência. A depender da espécie do crime, promoverá as diligências mais 
oportunas. Art. 14, CPP: 
“Art.14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer 
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.” 
 
3. PROCEDIMENTOS LEGAIS 
 
3.1. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP 
As formas de se instaurar um IPL variam, a depender das espécies de ação penal. Logo, 
termos o seguinte: 
 Crime de ação penal privada 
No caso da ação penal privada, onde a própria vítima entra com uma ação penal na 
justiça, por exemplo, nos crimes contra a honra: calúnia, difamação, injúria, a instauração 
do IPL fica condicionada ao requerimento do ofendido (vítima) ou de seu representante 
legal. Isso significa que o delegado não pode instaurar o IPL de ofício. 
 
 Crime de ação penal pública condicionada 
Nesse caso, o legislador já impõe uma condição. O IPL, para ser instaurado, dependerá 
do seguinte: 
 
 da representação do ofendido; ou 
 
 da requisição do Ministro da Justiça (crime contra honra do Presidente da 
República) - Somente com a representação ou requisição do Ministro da 
Justiça é que o IPL pode ser instaurado. 
 
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 Crime de ação penal pública incondicionada 
 
Nesses casos o Estado tem maior liberdade para instaurar o IPL. Assim, pode ser 
instaurado de ofício pela autoridade policial que toma conhecimento do fato 
pessoalmente. O instrumento de instauração é a Portaria. Mas tambémse pode 
instaurar esse IPL mediante requisição do juiz ou do MP, do próprio ofendido, ou por 
qualquer pessoa do povo. 
 
 Pedido de instauração feito a requerimento do ofendido 
 
Também é possível, em crimes que se processam por meio de ação penal pública 
incondicionada, que a vítima/ofendido requeira a instauração do IPL. 
 
 Auto de prisão em flagrante – seria uma forma de instaurarmos o IPL. É obvio 
que a prisão em flagrante é possível em crimes de ação penal privada e nos 
crimes de ação penal pública condicionada. Mas nesses dois casos, depende de 
representação do ofendido. Exemplo: um estuprador pode ser preso em flagrante 
delito, mas sua prisão, para ser mantida, dependerá da anuência da vítima. 
 
 Pedido de instauração feito por qualquer do povo – DELATIO CRIMINIS 
 
É a última forma de instauração do IPL: notícia oferecida por qualquer do povo – 
alguém que tome conhecimento de um crime de ação penal pública incondicionada e 
comunica à autoridade policial. Como é conhecida essa notícia oferecida por qualquer 
do povo? Delatio criminis.! 
 
 Outro ponto interessante: delatio criminis INQUALIFICADA ou “denúncia 
anônima” (não usar isso em provas por ser um termo vulgar). Essa delatio criminis 
nada mais é do que a denúncia anônima ou apócrifa. O melhor exemplo, qual é? 
“Disque-denúncia”. O “denunciante” não se identifica. Pergunta: posso instaurar 
um inquérito policial com base em denúncia anônima? 
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 “Denúncia anônima ou delatio criminis inqualificada – antes de instaurar o IPL deve a 
autoridade policial verificar a procedência das informações (STJ, HC 74096 e STF HC 
84827).” 
 
3.2. NOTITIA CRIMINIS 
É o conhecimento pela autoridade policial, espontâneo ou provocado, de um fato 
classificado como delituoso. Em resumo, e a notícia da ocorrência de um crime. O 
famoso: “vou fazer um B.O.!” ou “Vou fazer uma ‘queixa’!” 
Cuidado: Queixa-crime é o nome que se dá a inicial da ação penal privada. Se a vítima 
tem um carro roubado e vai à delegacia registrar isso, ele oferece uma notitia criminis. 
Quais são as espécies de notitia criminis? A doutrina a subdivide em: 
 
I) Notitia criminis de cognição imediata 
 
Ela também é conhecida como notitia criminis espontânea: significa que a autoridade 
policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras, ou seja, pelo 
exercício de sua função pública. Exemplo: delgado de polícia, em ronda, se depara com 
um cadáver na rua. 
 
II) Notitia criminis de cognição mediata 
 
Ela também é conhecida como notitia criminis provocada: significa que a autoridade 
policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de expediente escrito 
(requerimento da vítima, representação do ofendido, reaquisição do ministro da Justiça, 
requisição do promotor, notícia oferecida por qualquer do povo). 
 
III) Notitia criminis de cognição coercitiva 
 
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Aqui, a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso pela apresentação do 
indivíduo preso em flagrante e o auto de prisão em flagrante vai dar início ao inquérito 
policial. 
 
3.3. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS 
Como visto uma das características do IPL, é que o delegado tem uma certa 
discricionariedade com relação às diligências que serão realizadas. É óbvio que o CPP 
traz um roteiro, mas isso não significa que ele seguirá à risca o que está disposto no rol 
(exemplificativo) do Art. 6º, do CPP: 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
 Diligência no local do crime 
 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais;” 
Isso significa que o Delegado deve preservar os vestígios deixados pela infração penal. 
Vestígio é sinônimo de corpo de delito. Qualquer vestígio é corpo de delito, como a 
porta do carro arrombada, um copo quebrado, sangue na cadeira, sangue no chão, etc. 
 Exceção: Acidente de trânsito com vítima – há uma lei antiga que autoriza 
remoção para não prejudicar o fluxo de pessoas e coisas – art. 1º, da Lei 5960/73; 
 
 Apreensão de objetos 
 
“II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
criminais; 
 
Feita a apreensão dos objetos que tenham alguma ligação como crime, lavra-se o 
competente “auto de apreensão.” Olha que interessante: quando alguém é preso em 
flagrante, a autoridade policial faz o auto de apreensão discriminando todos os objetos 
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que estavam com a pessoa. Qual a finalidade do auto de apreensão? Para quê se 
apreende os objetos? 
a) Futura exibição do objeto durante o processo penal; 
b) Necessidade de contraprova – pode acontecer que amanhã seja necessário 
fazer isso, para demonstrar o equívoco do laudo pericial; 
c) Eventual perda em favor da União, como efeito da condenação (confisco) – 
cuidado com isso! Melhor exemplo: Vários helicópteros da Polícia Federal 
são oriundos de efeitos da condenação criminal; 
 
 Colheita de provas e Condução coercitiva 
 
“III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias;” 
“IV - ouvir o ofendido;” 
É possível determinar a condução coercitiva da vítima para ser ouvida? Isso acontece 
muito na prática. Assim, se um IPL foi instaurado, e a vítima foi intimada para depor e 
não compareceu. O delegado PODE determinar a condução coercitiva da vítima! 
 
 O interrogatório 
 
“V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do 
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe 
tenham ouvido a leitura;” 
Esse inciso do art.6º do CPP trata do interrogatório do acusado/indiciado. Mas, atenção! 
Uma coisa é o interrogatório realizado na fase policial (sem contraditório e sem ampla 
defesa), outra coisa, muito diferente, é o interrogatório realizado em juízo, isto é, 
perante o JUIZ DE DIREITO. Se ligue! 
 
 Interrogatório policial – aqui não há contraditório, não há ampla defesa; 
 
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 Interrogatório judicial – aquele feito em juízo. Hoje, em juízo, antes de 
começar o interrogatório do acusado em si, tem um ponto interessante 
chamado de direito de entrevista com o advogado. Isso é de uma 
importância fundamental! Signfica que o acusado tem o direito de 
conversar com o advogado antes do interrogatório para que seja 
articulada a tese de defesa. Veja o Art. 185, do CPP: 
 
 Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, 
será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação 
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)” 
 
“IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o 
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter.” 
 
O ato do interrogatório seja do indiciado/acusado é, especialmente, sobre a vida 
pregressa. Isso, para auxiliar o juiz na hora da fixação da pena, das circunstâncias 
judiciárias. Após essequestionamento, irá interrogar o acusado/indiciado sobre o fato 
delituoso e, por último, na fase judicial, as partes têm direito a reperguntas. Logo, os 
advogados de defesa e o Ministério Público também podem fazer perguntas ao 
acusado. Antigamente era um ato privativo do juiz! 
 
 NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL: antes havia uma necessidade de ser 
nomeado curador especial para o acusado/indiciado menor de 21 anos de idade, 
isso continua existindo? Não! A doutrina é tranqüila sobre o assunto. Diante do 
novo Código Civil que consagra a maioridade aos 18 anos de idade, essa 
providencia deixou de ser necessária ao menor de 21 anos de idade. Cuidado 
para não achar que não existe mais curador. Ainda é preciso a nomeação de 
curador para: 
 Índios não adaptados e 
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 Inimputável por doença mental. 
 
 Reconhecimento de pessoas 
 
 
“VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;” 
O tema agora é reconhecimento de pessoas e reconstituição do crime. Alerto vocês que 
isso será aprofundado na aula sobre PROVAS. 
 PERGUNTO: O acusado/indiciado é obrigado a participar do 
interrogatório de reconhecimento? Ou o reconhecimento está abrangido pelo 
direito ao silêncio, segundo o qual o acusado não é obrigado a produzir prova 
contra si mesmo? Informo que nesse procedimento, o reconhecimento é feito 
colocando-se o acusado/indiciado entre outras pessoas com caracteristicas 
semelhantes a fim de que a vítima ou testemunhas o reconheça. Ele é obrigado a 
participar desse procedimento de reconhecimento? Lembre-se que o direito ao 
silêncio é conhecido pelo princípio do nemo tenetur se detegere: O ACUSADO NÃO 
É OBRIGADO A PRATICAR NENHUM COMPORTAMENTO ATIVO QUE POSSA INCRIMINÁ-LO. 
Isso é muito importante! Veja: a reconstituição de um crime, por exemplo, 
envolve um comportamento ATIVO daquele que está sendo acusado/indiciado. 
Já o reconhecimento de pessoas ou coisa não demanda nenhum comportamento 
ativo. Ele não faz nada, portanto, não está protegido pelo direito ao silêncio. 
Logo, no caso de reconstituição de crime, como demanda um comportamento 
ativo, ele está protegido ao direito ao silêncio. 
“VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias;” 
 Identificação criminal 
“VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar 
aos autos sua folha de antecedentes;” 
A próxima diligência que poderá ser feita é a Identificação criminal. Ela envolve dois 
procedimentos: 
 Identificação fotografia 
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 Identificação datiloscópica 
 
 PERGUNTO: Essa identificação é obrigatória? Cuidado! Antes da Constituição 
Federal de 1988, essa identificação criminal era compulsória. Tanto é verdade, que 
há uma Súmula do STF, nº. 568, anterior à Constituição Federal de 1988, que dizia 
o seguinte: A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda 
que o indiciado já tenha sido identificado civilmente. 
Após o advento da Constituição Federal de 1988, temos uma norma constitucional no 
rol dos direitos e garantias individuais, prevista no art. 5º, inciso LVIII: 
Art. 5º, LVIII – O civelmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo 
nas hipóteses previstas em lei.” 
Assim, o que antes era a REGRA, agora tornou-se a EXCEÇÃO, desde que essa exceção 
esteja prevista em lei, porque é norma de eficácia limitada. Que lei é essa que autoriza a 
identificação criminal? Vamos a elas: 
 Art. 109, do ECA. 
 Lei Específica sobre a Identificação Criminal – Lei 12.037/2009 
Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos 
previstos nesta Lei. 
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: 
I – carteira de identidade; 
II – carteira de trabalho; 
III – carteira profissional; 
IV – passaporte; 
V – carteira de identificação funcional; 
VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. 
Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação 
civis os documentos de identificação militares. 
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal 
quando: 
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; 
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; 
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da 
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da 
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; 
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 
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VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do 
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. 
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do 
inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o 
indiciado. 
Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a autoridade encarregada tomará 
as providências necessárias para evitar o constrangimento do identificado. 
Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão 
juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra 
forma de investigação. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a 
coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco 
de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 
12.654, de 2012) 
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão 
revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de 
gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma 
humano e dados genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, 
respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização 
para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas 
em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes 
ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença 
condenatória. 
Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao 
indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da 
sentença, requerer a retirada da identificação fotográfica do inquéritoou processo, desde que 
apresente provas de sua identificação civil. 
Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo 
estabelecido em lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, 
conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 9º Revoga-se a Lei nº 10.054, de 7 de dezembro de 2000. 
 
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4. DO INDICIAMENTO 
Agora que você já domina o IPL, vamos avançar para a sua fase final, onde trataremos 
do procedimento de indiciamento, prazos de conclusão e, eventual, arquivamento. 
Por conceito, podemos afirmar que indiciar é o ato de atribuir a alguém a autoria e a 
materialidade de uma determinada infração penal. 
 Pressupostos para o Indiciamento – é preciso que você entenda, que o 
simples indiciamento já traz prejuízo para o indíviduo, por esse motivo, é 
necessário o preenchimento dos seguintes pressupostos: 
 Provas da materialidade 
 Indícios de autoria 
 
 Atribuição para o indiciamento – o ato de indiciar é privativo da autoridade 
policial que preside o IPL. Logo, o Ministério Público não pode requisitar o 
indiciamento de alguém porque este é um ato privativo do delegado. O 
Ministério Público, se quiser, que denuncie essa pessoa; 
 
 Indiciamento direto X Indiciamento indireto – O indiciamento chamado de 
direto, ocorre quando o indiciado está presente, isto é, é feito na presença 
do indiciado, enquanto que o indiciamento indireto ocorre quando o 
indiciado está ausente; 
 
 Sujeito passivo do indiciamento – um dos pontos mais importante desse 
tema diz respeito ao Sujeito passivo. Ou seja, quem é que pode ser 
indiciado? Qualquer um pode ser? Ou tem alguém que pode não ser 
indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Mas há exceções: 
 
 
a) Membros do Ministério Público – essa prerrogativa funcional (não é um 
privilégio) está prevista no art. 41, inciso II, da Lei nº 8625/93. Assim, se 
a autoridade policial está investigando um delito e percebe que há 
envolvimento de um membro do Ministério Público, automaticamente, 
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ele deverá interromper e remeter os autos da investigação ao 
Procurador Geral de Justiça. E, geralmente, o PGJ designa uma 
comissão de procuradores para acompanhar o caso. 
 
 
“Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua 
função, além de outras previstas na Lei Orgânica: 
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste 
artigo; 
Parágrafo único. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração 
penal por parte de membro do Ministério Público, a autoridade policial, civil ou militar 
remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao 
Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.” 
 
b) Membros da Magistratura – os Juizes também não podem ser 
indiciados. A regra é a mesma do Ministério Público. Ou seja, é 
obrigatória a remessa dos autos de investigação ao Presidente do 
Tribunal respectivo; 
 
c) Deputado Federal, Senador da República – como vimos, para os 
membros do Ministério Público, existe lei, para os membros da 
magistratura existe lei (LOMAN). E os titulares de foro por prerrogativa 
de função tem lei prevista? A Constituição Federal diz que deputados 
serão julgados pelo STF e que não poderão ser indiciados. Tem alguma 
lei que diga isso? Não! Caso concreto: um determinado Senador foi 
indiciado por um delegado da Polícia Federal e foi ao Supremo 
questionar isso. No STF prevaleceu o seguinte entendimento: “os 
titulares de foro por prerrogativa de função não poderão ser indiciados 
sem prévia autorização do Ministro ou desembargador relator.” 
 
Logo, quando uma determinada investigação se dá em face de membros do Ministério 
Público, Juízes, deputados federais e senadores, será designado no órgão competente 
um ministro ou desembargador para acompanhar o caso concreto. É fácil você pensar 
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isso quando se lembra do caso “Mensalão”. No STF quem acompanhou as investigações 
foi o Min. Joaquim Barbosa. 
Outro detalhe importante: “Esta mesma autorização é indispensável para a instauração 
de inquérito.” Da mesma forma que o indiciamento, a instauração de IPL contra essas 
pessoas também precisam de autorização do ministro ou desembargador relator 
(Inquérito 2411 – posição definitiva do STF que acabou anulando o indiciamento daquele 
caso envolvendo o Senador citado acima). 
 
4.1. INCOMUNICABILIDADE DO 
INDICIADO PRESO 
Vamos estudar esse ponto, fazendo uma pergunta: O indiciado preso pode ser privado 
de comunicação com o meio exterior? O Código de Processo Penal diz que sim. No 
entanto, você que lembrar que ele é da década de 1940 e tem inspiração 
antidemocrática, extremamente autoritário, mesmo tendo sido modificado ao longo dos 
anos. Veja o que ele estabelece no art.21: 
 “Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e 
somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o 
exigir. 
 Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por 
despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do 
Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do 
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil” 
Daí eu PERGUNTO: Será que essa incomunicabilidade do indiciado preso, prevista no 
art. 21, do CPP, está de acordo com a Constituição Federal de 1988, chamada de 
“Constituição Cidadã”? É claro que NÃO!! Esta incomunicabilidade não foi recepcionada 
pela Constituição Federal de 1988. Qual seria a justificativa para esse nosso 
posicionamento? É que a CRFB/88 diz que no Estado de Defesa (art. 136), essa 
incomunicabilidade é proibida. Daí você tem que fazer o seguinte raciocínio: Se no 
estado de exceção não é possível a incomunicabilidade do preso, o que dizer em um 
estado de normalidade. 
 “Art.136, § 3º, IV: § 3º - Na vigência do estado de defesa: IV - é vedada a 
incomunicabilidade do preso.” 
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5. PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO 
INQUÉRITO POLICIAL 
O Código de Processo Penal vincula o prazo de conclusão do IPL há hipótese do 
indiciado encontrar-se preso, ou encontrar-se solto. 
 Investigado preso – prazo de 10 dias. 
 Investigado solto – prazo de 30 dias. 
 
 PERGUNTO: esses prazos podem ser prorrogados? Em se tratando de 
investigado solto, esse prazo pode até ser prorrogado. Ás vezes fica anos sem 
que nenhuma diligência seja feita pelo delegado e nem pedida pelo promotor de 
justiça. Tudo porque o prazo pode ser prorrogado. 
 
 E no caso do réu preso? Aqui não! 
Se restar caracterizado um excesso abusivo por parte da autoridade policial, é caso de 
relaxamento da prisão, sem prejuízo da continuidade do inquérito ou do processo. 
Sendo assim, se ele está preso há 90 (noventa) dias e o inquérito policial ainda não foi 
concluído,há evidente abuso de poder e a prisão deve ser imediatamente relaxada pelo 
Juiz. 
 OUTRA QUESTÃO IMPORTANTE: Estes prazos de conclusão do IPL são de 
natureza penal ou processual penal? Por quê a pergunta Prof. Breno? Porque, 
são prazos que se contam de forma diferentes: 
 Prazo processual penal – o dia do início não é levado em consideração, 
incluindo-se o dia do fim; 
 Prazo penal – o dia do início é levado em consideração, excluindo-se o dia do 
fim; 
 
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Já o prazo de 30 dias (indiciado/réu solto) não há dúvida de que é um prazo processual 
penal. O dia do início não é computado. 
 ATENÇÃO! Esses prazos de conclusão variam conforme a legislação especial: 
 
 CPP – 30 dias e 10 dias (regra); 
 
 CPM – Código de Processo Penal Militar – réu preso: 20 dias; réu solto: 40 dias. 
 
 JUSTIÇA FEDERAL – Prazo de 15 dias para réu preso e réu solto de 30 dias. Neste 
caso, a Lei nº 5.010 permite que o prazo para réu preso seja duplicado. 
 
 LEI DE DROGAS (11.343/06) – réu preso: 30 dias e réu solto: 90 dias. Com um 
detalhe: esses prazos podem ser duplicados. 
 
 LEI DA ECONOMIA POPULAR (1.521/51) – 10 dias para as duas hipóteses, estando 
o investigado preso ou solto. 
 
Prazos de conclusão do IPL RÉU PRESO RÉU SOLTO 
CPP 10 dias 30 dias 
CPM 20 dias 40 dias 
JUSTIÇA FEDERAL 15 dias (até 2 x) 30 dias 
LEI DE DROGAS 30 dias (até 2 x) 90 dias (até 2 x) 
LEI DA ECONOMIA 
POPULAR 
10 dias 10 dias 
 
Cidadão foi preso temporariamente no dia 09 às 23:00 horas da noite. Que dia ele 
tem que ser solto? Prisão é prazo penal! Independentemente do horário que a 
pessoa foi presa, isso já conta como 1º dia. À 00:00 hora do dia (17) para o dia (18), 
ele terá que ser colocado em liberdade porque é um prazo penal. 
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6. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Prezados Concurseiros 24h, estamos no último ponto de nossa aula, vamos 
concluindo o inquérito policial. E daí já te faço outra questão: Como a autoridade 
policial conclui um inquérito policial? Em regra, por meio de um relatório. Esse relatório 
é uma peça de caráter essencialmente descritivo e informativo. Ou seja, o delegado tem 
que dizer o que ele conseguiu reunir de elementos ao longo das investigações, por 
exemplo, quem ele ouviu, quais as perícias foram realizadas. Ou seja, terá que dizer e 
explicar o que ele fez ao longo do inquérito policial. 
 PERGUNTO: Delegado tem que dar sua opinião sobre o caso? Há relatórios em 
que o delegado opina e ainda fundamenta (“é o caso de aplicação do princípio 
da insignificância, opino pelo arquivamento). Mas não tem que fazer isso! Ele só 
tem que informar, como o proprio nome diz: relatar. Quem é o titular da ação 
penal é o Ministério Público, ele é o orgão com atribuição para opinar sobre o 
caso; 
Logo, no relatório policial não deve ser feito um juízo de valor porque esse juízo de 
valor é próprio do titular da ação penal, que é o MP. 
Há alguma exceção? Alguma hipótese em que o delegado faz algum juízo de valor 
sobre o caso? SIM! Na Lei de Drogas há uma exceção interessante, que está prevista no 
art. 52. Lá a autoridade policial vai ter justificar, porque acha que é tráfico e porque acha 
que não é tráfico. 
“Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, 
remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à 
classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto 
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da 
prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
Por fim, vamos a mais uma questão importante: O relatório conclusivo é uma peça 
indispensável? O relatório do delegado é necessário para o oferecimento da denúncia? 
Tecnicamente, o relatório da autoridade policial não é uma peça obrigatória. É óbvio 
que dentro das atribuições do delegado está a sua confecção, mas sua ausência não 
prejudica o início da ação penal. 
Concluído o inquérito policial com o seu relatório, para onde esse inquérito policial será 
remetido? Art.10, § 1º, CPP: 
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”Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em 
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em 
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança 
ou sem ela. 
§ 1º. A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz 
competente.” 
O inquérito policial, de acordo com o Código de Processo Penal, uma vez concluído, 
deverá ser remetido ao Poder Judiciário. Chegando os autos do inquérito policial ao Juiz, 
o que acontece? Depende da espécie de ação penal. 
Se o crime for um crime de ação penal pública, o Judiciário vai abrir vista ao Ministério 
Público. Agora, se o crime for de ação penal privada, neste caso, o procedimento é 
muito diferente por depender da vontade da vítima/ofendido. Neste caso, os autos do 
IPL ficam em cartório aguardando a iniciativa do ofendido. 
 
6.1. “VISTAS” AO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Como estuamos, em regra, o inquérito policial é disponibilizado pelo Juiz com “vistas” 
ao Ministério Público, porque, em regra, os crimes se processam mediante ação penal 
público. Com isso, chegando o inquérito policial ao Ministério Público, quais são as 
possibilidades jurídicas? 
 1ª Possibilidade: Oferecer denúncia (estudaremos isso adiante em nossa 
próxima aula); 
 2ª Possibilidade: Requerer diligências nos termos do art. 16, do CPP: essa 
diligência deve ser indispensável ao oferecimento da denúncia; 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade 
policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
E diante do indeferimento pelo Juiz, o que se faz? Isso acontece! O Juiz entende que a 
diligência é desnecessária, por fornecerem os autos indícios mais do que suficientes ao 
oferecimento da denúncia. Isso está correto? Não! Cuidado com isso! Não cabe ao juiz 
entrar nessa análise porque ele não é o titular da ação penal. 
Mas, se mesmo assim, o Juiz indeferir, o que o promotor pode fazer? 
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a) Correição Parcial – pode interpor uma correição parcial, que é 
espécie de recurso; 
 
b) Requisitar diretamente (sem passar pelo Juiz) à autoridade policial, 
ao invés de ingressar com a correição parcial; 
 
 3ª Possibilidade: Arquivamento do inquérito policial (veremos no tópico 
adiante). 
 4ª Possibilidade: Alegação de incompetência do Juiz, com a remessa dos 
autos ao juízo competente. Chegou para o Ministério Público Estadual um 
crime militar. Ele requer ao juiz a remessa dos autos à Justiça Militar. 
 5ª Possibilidade: Pode o Ministério Público, neste momento, suscitar 
conflito de competência ou um conflito de atribuição (tema que será 
estudado na aula sobre Competência); 
 
6.2. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
 Natureza jurídica do arquivamento 
O Código de Processo Penal, ao se referir ao arquivamento do IPL diz que seria mero 
despacho. Vejam: 
“Art. 67. Não impedirãoigualmente a propositura da ação civil: I - o despacho de arquivamento 
do inquérito ou das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a 
sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.” 
Mas, pergunto a você, seria mesmo um mero despacho? Não! Sem dúvida alguma, o 
arquivamento do IPL é verdadeira decisão judicial, lembrando sempre que é decisão 
judicial após o pedido do promotor. O Ministério Público faz um pedido e o Juiz 
determina o arquivamento do inquérito policial. Ou seja, promotor de justiça não pode 
arquivar e nem o juiz determinar o arquivamento de oficio. 
 PERGUNTO: E se o juiz arquivar de ofício, qual é o recurso cabível? É a 
Correição Parcial! 
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 Fundamentos que autorizam o arquivamento do IPL 
a) Atipicidade formal ou material da conduta: A atipicidade formal é a conduta 
que não configura crime. Exemplo: caso da cola eletrônica que foi tida pelo 
STF como atípica, não é crime. Atipicidade material da conduta. Exemplo de 
tipicidade material: princípio da insignificância. 
 
b) Excludente de ilicitude – legítima defesa, estado de necessidade. 
 
c) Excludente da culpabilidade – há uma excludente de culpabilidade que não 
pode ser objeto de arquivamento que é a inimputabilidade penal. No caso 
do inimputável é preciso oferecer denúncia a fim de que, ao final do 
processo, ele seja submetido a medida de segurança. 
 
d) Causas extintivas da punibilidade – exemplos: houve a morte do agente, 
prescrição, pede-se o arquivamento do IPL. 
 
e) Ausência de elementos de informação quanto à autoria ou materialidade da 
infração – é a causa de arquivamento mais comum. 
 
 A definitividade do arquivamento 
 
 PERGUNTO: ARQUIVOU-SE O INQUÉRITO POLICIAL, ACABOU? Aí é preciso 
lembrar que a coisa julgada pode se formar em duas hipóteses: a primeira, 
porque não se interpôs recurso ou interpôs recurso, mas o recurso não foi 
conhecido por falta de pressuposto de admissibilidade ou porque foi conhecido e 
lhe foi negado provimento. Neste caso, haverá a coisa julgada. Essa coisa julgada 
aí colocada subdivide-se em: 
 Coisa julgada formal – é a imutabilidade da decisão no processo em que 
foi proferida. 
 Coisa julgada material – pressupõe a formal e consiste na imutabilidade da 
decisão fora do processo no qual foi proferida a decisão. 
 
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Como perguntei, foi arquivado o inquérito. Acabou? Depende! Se a decisão foi 
proferida com coisa julgada formal, naquele processo ela é imutável, mas nada impede 
que um novo processo seja instaurado. Quando se diz que a coisa julgada é formal 
e material, aí acabou de forma definitiva. A decisão tornou-se imutável dentro e fora 
daquele processo. O indivíduo jamais poderá ser processado por essa mesma conduta. 
É essa a pergunta que seu examinador fará: o arquivamento faz coisa julgada 
formal ou faz coisa julgada formal material? A resposta é: depende do 
fundamento do arquivamento. 
Nessas quatro primeiras hipóteses (atipicidade, excludente da ilicitude, da culpabilidade 
e causa extintiva da culpabilidade), o arquivamento faz coisa julgada formal e coisa 
julgada material. Quando se dá por falta de elementos de informação, essa decisão só 
faz coisa julgada formal. 
 
 Arquivamento por ausência de elementos informativos 
 
Essa decisão do juiz só faz coisa julgada formal, ou seja, a decisão de arquivamento por 
ausência de elementos informativos é uma decisão que se dá com base na chamada 
cláusula rebus sic stantibus. Essa cláusula diz que modificado o panorama probatório, 
dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento, nada impede o 
desarquivamento do inquérito policial. 
Desarquivamento é tema polêmico no que tange à pessoa que desarquiva. Quem faz 
isso? Se o arquivamento é decisão judicial, não pode o delegado desarquivar. O 
desarquivamento é da competência do juiz, mediante pedido da autoridade policial ou 
do Ministério Público. Essa é a melhor posição da doutrina. 
Para que esse desarquivamento seja possível, o que é preciso? Novas provas? Se o 
inquérito está arquivado, como é possível obter provas novas? 
“Súmula 524, do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas 
provas.” 
Preste atenção: uma coisa é falar em ação penal. Isso significa que para denunciar é 
preciso novas provas. Já para desarquivar, eu não preciso de novas provas, eu preciso 
apenas da noticia de novas provas. Para que ocorra o desarquivamento é necessário 
que haja notícia de provas novas. Não confundir o desarquivamento, que pressupõe 
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essa notícia de provas novas, com o início da aça penal porque se eu quiser oferecer 
denúncia não basta notícia, eu preciso de provas novas. 
Exemplo: Delegado oficia o Juízo: “Juiz, compareceu a esta delegacia em tal data, uma 
testemunha informando que saberia dizer quem foi o autor do disparo, peço o 
desarquivamento do inquérito.” 
 PERGUNTO: O que vem a ser uma prova nova? O inquérito que foi arquivado 
e foram ouvidas dez testemunhas. Aparece uma décima-primeira testemunha 
depois que ele estava arquivado. Essa testemunha é prova nova? Depende do 
que tenha a dizer. Se ela vai repetir o que as outras disseram, não é prova nova. 
Prova nova é aquela capaz de produzir uma alteração no contexto probatório dentro 
do qual foi proferido o arquivamento. 
Cuidado porque alguns doutrinadores falam em prova substancialmente nova e provas 
formalmente novas. As duas servem como indício para o oferecimento da ação penal. 
 Prova substancialmente nova – é a prova inédita, ou seja, aquela que 
era inexistente ou estava oculta quando do arquivamento. Melhor 
exemplo: a arma do crime que estava desaparecida e com o arquivamento, 
apareceu. Mesmo exemplo da testemunha. 
 Prova formalmente nova – é aquela que já era conhecida e até mesmo 
foi utilizada pelo Estado, mas que ganhou uma nova versão. Em SP isso 
acontece. As testemunhas são muito usadas. A testemunha vai depor e dá 
versão que não condiz com a verdade porque estava ameaçada. Cessada 
a ameaça, ela depõe novamente. Isso autoriza o desarquivamento do IPL e 
o início da ação penal. 
 
 Procedimento do arquivamento 
É importante que se saiba que o procedimento acaba variando de uma Justiça para 
outra. Assim, regra geral temos o famoso art. 28 do CPP: 
“Art. 28, do CPP. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
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Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender.” 
a) Na Justiça Estadual: O Ministério Público vai fazer o pedido de 
arquivamento ao Juiz. São duas as hipóteses: 
 Ou o juiz concorda com o pedido – o inquérito está arquivado. 
 
 Ou juiz discorda do pedido – o juiz vai aplicar o art. 28, do CPP, e manda 
os autos ao PGJ (Procurador Geral de Justiça). Se ele discordar,

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