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UNIVERSIDADE de BRASÍLIA 138037 - Geografia Física 2: Meteorologia e Climatologia. Responsável: Prof. Dr. Fábio Cunha Conde, Departamento de Geografia. Aula – 3 As relações Terra-Sol. Estações do ano. Observações meteorológicas. A RELAÇÃO ENTRE O PLANETA TERRA E O SOL A Terra e os demais planetas do sistema solar giram em torno Sol. Este movimento contínuo denomina-se translação, e apresenta a forma de uma elipse (Figura 1). A Terra gasta 365 dias, seis horas e nove minutos para percorrer todo esse percurso. Ele também é o responsável pelas quatro estações (primavera, verão, outono e inverno). Figura 1. Movimento de translação da Terra. Além da translação, a Terra apresenta um movimento em torno do seu próprio eixo, chamado de rotação, cuja duração é de aproximadamente 24 horas. Este movimento é o responsável pela ocorrência dos dias e das noites e sempre ocorre na mesma direção, de oeste para leste. DECLINAÇÃO SOLAR Chamamos de declinação solar (δ) o ângulo formado entre a linha imaginária que une o centro do planeta Terra (na linha do Equador) ao centro do Sol. Ela varia de 23° 27’ a - 23° 27’. Quando a declinação atinge os valores máximos, recebe de solstício. Figura 2. Solstício de inverno no hemisfério sul e de verão no hemisfério norte (δ= 23° 27’), ocorrendo em 22 de junho. Figura 3. Solstício de inverno no hemisfério norte e de verão no hemisfério sul (δ = - 23° 27’), ocorrendo em 22 de dezembro. Quando não há declinação (δ =0°), ou seja, o Sol se encontra exatamente sobre a linha do Equador, damos o nome de Equinócio. Figura 4. Equinócio de primavera no hemisfério norte e de outono no hemisfério sul (δ =0°), ocorrendo em 22 de março e equinócio de primavera no hemisfério sul e de outono no hemisfério norte (δ =0°), ocorrendo em 22 de setembro. É possível se calcular a declinação solar em graus, para uma determinada data, utilizando-se a seguinte equação: δ = 23,45 x seno [(360/365) x (dia juliano – 80)] O dia juliano corresponde ao número de dias transcorridos desde o dia primeiro de janeiro do ano que se deseja determinar a declinação solar. DIA E NOITE Quando os raios solares atingem a superfície da Terra, a mesma se divide em dois hemisférios, sendo um iluminado e outro não. Figura 7. Dia e noite. Como já foi explicado anteriormente, a terra possui um movimento de rotação em torno do seu próprio eixo, sempre com a mesma velocidade, e que demora cerca de 24 horas para dar uma volta completa. Podemos perceber este movimento quando olhamos para o céu e vemos o Sol nascer de um lado, subir ao alto do céu e se pôr do lado oposto. É esse movimento, aliado a divisão em um hemisfério iluminado e outro não iluminado, que determina os dias e as noites. Teoricamente, a metade do tempo gasto pela Terra em sua rotação (12 horas) corresponde ao período de luz e a outra corresponde ao período escuro. Porém, de acordo com a época do ano, ocorrem variações. Os dias tornam-se mais longos no verão, podendo chegar a mais de 13 horas (dependendo da localidade), e as noites mais longas no inverno (devido à declinação solar), com menos de 11 horas de luz. O equilíbrio (dias e noites com mesma duração) ocorre nos equinócios de primavera e outono. PRECESSÃO DO EIXO DE ROTAÇÃO DA TERRA Juntamente com os dois movimentos periódicos de rotação própria e de translação, a Terra exibe também um sútil movimento de precessão do seu eixo de rotação, com uma periodicidade de 26.000 anos. Foi detectado pela primeira vez há mais de 2000 anos, no séc. II A.C., por Hiparco. Neste movimento, a orientação do eixo da Terra relativamente à esfera celeste muda, o que faz mudar também as referências para o Norte e Sul geográficos na esfera celeste, os pólos celestes norte e sul. Por exemplo, no tempo dos descobrimentos a estrela polar (Polaris) encontrava-se 3º desviada do verdadeiro pólo norte celeste. Esta discrepância tinha que ser levada em conta em quaisquer cálculos de navegação. Hoje em dia, Polaris tem uma discrepância de apenas 1º e por essa razão é que nos habituámos a confiar na referência "estrela polar" como indicadora do pólo norte. Daqui a uns milhares de anos a estrela polar deixará de ser a Polaris e passará a ser Vega ou Thuban. A figura seguinte mostra o círculo que desenha o eixo da Terra na esfera celeste ao longo do seu movimento de precessão. Círculo na esfera celeste desenhado pelo eixo da Terra ao longo do seu movimento de precessão. Como mostra a figura, o movimento de precessão leva também a que o plano do equador da Terra mude de orientação, e é a intercepção deste plano com o plano da eclíptica que marca a posição dos equinócios. Assim sendo, a precessão da Terra conduz também a uma lenta alteração dos equinócios no calendário, chamada precessão dos equinócios. Precessão da Terra. A precessão na Terra resulta da ação gravitacional conjunta do Sol e da Lua. A precessão acontece porque a Terra roda sobre si mesma. Por um lado, isso levou a que, devido a efeitos centrífugos, o nosso planeta não seja perfeitamente esférico mas ligeiramente achatado nos pólos (o diâmetro equatorial é 43 Km maior que o diâmetro de pólo a pólo). Por outro, pela sua obliquidade, as forças gravitacionais que o Sol ou a Lua exercem sobre a Terra, mais intensas sobre a parte mais próxima do que sobre a mais afastada da deformação equatorial, tendem a 'endireitar' o eixo de rotação, como mostra a figura seguinte. O efeito destas forças, no entanto, não é o de endireitar o eixo de rotação mas sim o de o fazer precessar, o mesmo efeito que todos já observamos num pião. Tal como um pião sujeito ao peso não cai enquanto se mantêm a rodar, também a rotação da Terra sob a ação quer do Sol quer da Lua mantém a sua obliquidade, enquanto precessa em torno da direção perpendicular ao plano da sua órbita. As forças responsáveis pela precessão do eixo de rotação da Terra são um exemplo de forças de maré, o nome genérico que se dá ao efeito de forças gravitacionais diferenciais sobre corpos extensos, e que resulta da intensidade da força gravitacional diminuir com a distância. Um outro exemplo destas forças é o mecanismo pelo qual a atração gravítica da Lua dá origem às marés. Forças de maré na Terra causadas pela Lua. Os vectores da figura representam a resultante não nula da ação gravítica da Lua sobre a Terra, forças diferenciais. A azul está assinalada (de uma forma exagerada) a deformação resultante na distribuição da água dos oceanos pela superfície da Terra. A rotação da Terra muda a orientação da sua superfície relativamente à Lua e é por esta razão que assistimos ao movimento periódico das marés. Para além do movimento de precessão, a influência gravitacional dos outros planetas do sistema solar leva a movimentos ainda mais sutis do eixo de rotação da Terra. Por exemplo, a obliquidade, que temos dito que é constante e igual a 23.5º, tem na verdade um movimento próprio chamado nutação, uma ligeira oscilação provocada principalmente pela mudança da posição relativa do Sol e da Lua entre si, que leva também a ligeiras variações da velocidade de precessão. A componente mais importante deste movimento tem um período aproximado de 19 anos Altitude, Latitude e Longitude Para poder se localizar com precisão um determinado local sobre a superfície do planeta é necessário à definição de três coordenadas: altitude, latitude, longitude. Suas unidades de medida são: o grau, o minuto e o segundo. Para ser possível esta localização, a Terra foi toda dividida em linhas imaginárias nos mapas (Figura 6), sendo elas os paralelos (linhas imaginárias paralelas à linha do Equador) e os meridianos (linhas imaginárias paralelas ao meridiano de Greenwich).Figura 6. Paralelos e meridianos da Terra. Podemos afirmar então que os paralelos são as linhas imaginárias que determinam à latitude e os meridianos são as linhas imaginárias que determinam à longitude. ALTITUDE A altitude é a distância vertical do local exato o qual se deseja localizar em relação ao nível médio da superfície do mar (Figura 7). Figura 7. Altitude de uma localidade. LATITUDE O Planeta Terra é dividido em duas metades (também chamadas de hemisférios) pela linha do Equador: o Hemisfério Setentrional (Norte) e o Hemisfério Meridional (Sul). A latitude é à distância em graus de um lugar qualquer da superfície terrestre até a linha do equador, com base nos paralelos. A distância varia de 0° a 90° na linha do equador (referência) para o norte (designada como positiva) ou o sul (designada com negativa). Figura 8. Latitude de um ponto. Podemos dizer que dois locais possuem a mesma latitude quando ambos se encontrarem no mesmo paralelo. LONGITUDE Além da divisão da Terra pela linha do Equador (hemisférios norte e sul), a mesma também pode ser dividida pelo Meridiano de Greenwich (leva esse nome por passar exatamente sobre um observatório astronômico na Inglaterra, mais precisamente na cidade de Greenwich) em dois hemisférios: Hemisfério Ocidental (oeste) e Hemisfério Oriental (leste). São utilizados planos imaginários denominados de meridianos, para se localizar um ponto. O ângulo formado entre o meridiano do local com o Meridiano de Greenwich é denominado de longitude. A longitude pode variar de 0° (exatamente no Meridiano de Greenwich) até 180° para leste (E) ou oeste (W). Figura 9. Longitude de um ponto. Figura 10. Latitude e longitude de um ponto. OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS DE SUPERFÍCIE Na meteorologia, como em quase todos os campos do conhecimento, a primeira etapa do processo de compreensão de um fenômeno trata da quantificação de suas propriedades por intermédio da observação e/ou medição. No estudo da atmosfera, essas propriedades são conhecidas como ELEMENTOS METEOROLÓGICOS ou CLIMÁTICOS, e são utilizados pelos meteorologistas na descrição do estado físico da atmosfera. Os valores assumidos e /ou medidos dos elementos meteorológicos constituem-se nos dados meteorológicos, os quais são amplamente utilizados em projetos de engenharia ou pesquisa. Em particular, no caso de projetos agropecuários, dados meteorológicos de boa qualidade são indispensáveis para o levantamento do potencial agrícola de uma região, especialmente no que se refere à necessidade de água do cultivo. É bom lembrar que a eficiência de um projeto depende em grande parte da adequação e veracidade das informações utilizadas para a sua elaboração. O objetivo deste texto é introduzir alguns conceitos básicos sobre observações meteorológicas e a descrição sumária de alguns equipamentos utilizados para medir os elementos. I. OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS Consiste em uma série de procedimentos, executados segundo determinadas normas para avaliação, qualitativa ou quantitativa, de um ou vários elementos meteorológicos. Para que os dados, obtidos em diferentes locais, possam ser comparados é necessário uma padronização expressa, segundo normas que devem ser obedecidas rigorosamente. Tais normas referem-se a: a) Procedimentos do observador; b) Horário de observações; c) Local de instalação e caracteriistcas da estação e dos instrumentos; d) Códiigos e correções de leitura. I. 1 – Elementos Meteorológicos ou Climáticos Segundo o Boletim Técnico 327/1978 da Organização Meteorológica Mundial (OMM), são considerados elementos meteorológicos ou climáticos “toda propriedade ou condição da atmosfera cujo conjunto define o estado do tempo ou do clima de uma região”. I. 2 – Estação Meteorológica É o local onde são realizadas as observações meteorológicas. O conjunto de estações que operam ligadas a um mesmo fim específico constitui uma REDE DE ESTAÇÕES. As estações meteorológicas classificam-se em várias categorias de acordo com o tipo de observação que nelas são realizadas. Uma estação pode ser classificada em mais de uma categoria se for utilizada para diversos fins. I. 2.1. Classificação das Estações Meteorológicas Existem diferentes tipos de estações meteorológicas dependendo dos fins que específicos a que se destinam. - Estações Sinóticas: são aquelas em que se realizam observações em horários padronizados internacionalmente, para a previsão do tempo. Com tal procedimento todas as observações realizadas nas estações sinóticas mundiais são efetuadas simultaneamente, independentemente de sua localização geográfica. Reunindo todas as observações num mapa têm-se a carta sinótica, que representa uma “fotografia” do estado atmosférico de toda a abrangida pelo mapa. Essas estações localizam-se nos continentes e sobre os oceanos. São utilizadas para observações de superfície ou do ar superior, sendo que esta ultima denomina-se de Estação de Sondagem Atmosférica, nas quais se utilizam de balões piloto e radiossondas. - Estações Climatológicas: utilizadas para fins climatológicos. Entretanto, nada impede que seus dados não sejam utilizados com finalidades de previsão, desde que as observações sejam realizadas nos horários e com os procedimentos previstos pela OMM. São denominadas de Estações Climatológicas Principais (ECPs) aquelas que medem todos os elementos meteorológicos necessários ao estudo do clima. A figura 11 mostra a planta baixa de uma Estação Climatológica Principal. As instalações são rigorosamente padronizadas como a espessura do arame (AWG12), a malha da tela do cercado (5 cm) a cor usada na sua pintura e suas estruturas de sustentação (branca), as dimensões e o tipo de piso (gramado) a orientação do cercado (Norte-Sul na direção do maior comprimento, sendo as portas voltadas para o Sul, no Hemisfério Sul). - Estações agrometeorológicas: visam fornecer informações que relacionem elementos meteorológicos e atividades agrícolas. Por isso, ao lado das observações atmosféricas, são também realizadas observações fenológicas. - Estações Meteorológicas Aeronáuticas: destinam-se à coleta de informações visando a segurança de aeronaves. Observações do ar superior (radiossondas). - Estações especiais: são estações com qualidades específicas. Por exemplo: estações ozonométricas, micrometeorológicas, estações de radar, etc. Figura 11. Planta baixa de uma Estação Climatológica Principal e respectivos equipamentos: 1) heliógrafo e actinógrafo 2) conjunto de geotermômetros no solo nu 3) pluviógrafo 4) orvalhógrafo 5) pluviômetro 6) evapotranspirômetro (caixa de drenagem) 7) evapotranspirômetro (tanques gramados) 8) tanque Classe A 9) abrigo meteorológico: evaporímetro de Piche termômetros de máxima e mínima conjunto psicrométrico termógrafo higrógrafo 10) anemômetro e catavento de leitura instantânea; Escritório: 11) anemógrafo universal 12) barômetro padrão 13) barógrafo I. 2.2. LOCAL DE INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA Ao se buscar um local adequado para instalação de uma estação deve-se visar, em primeiro lugar, cobrir a maior área possível, isto é, os dados obtidos na estação devem ser representativos da maior extensão possível. Tal preocupação não se aplica, em geral, nos casos de estações especiais, as quais são temporárias e, muitas vezes, visam avaliar as condições específicas de um local. Para os demais tipos de estações, além da preocupação com a representatividade, alguns cuidados devem ser tomados, tendo em vista atender as especificações de alguns aparelhos, tais como: pluviômetro: evitar a proximidade de obstáculos; actinógrafo e heliógrafo:evitar sombreamento e outros. I. 3 - Tipos de Observação 1 - Sensorial: realizadas apenas por intermédio dos sentidos do próprio observador, com a finalidade de obter dados relativos a ocorrência de fenômenos, tais como: nebulosidade, tipo de nuvem, fenômenos ópticos, etc. 2 - Instrumental: realizada com auxílio de instrumentos para obtenção dos dados mensuráveis. Os instrumentos podem ser: - indicadores (sufixo-metro; p.ex. pluviômetro). - registradores (sufixo-grafo; p.ex. pluviógrafo). As observações para fins sinóticos obedecem, em todo o mundo, os seguintes horários: 00:00 h 06:00 h 12:00 h 18:00 h GMT (Horário de Greenwich) I. 4 - Erros em Medidas Nenhum instrumento está totalmente isento de erros. Com base na comparação com um padrão cujas medidas são aceitas como válidas, pode-se conhecer o erro nas medidas efetuadas com determinado aparelho. Em meteorologia, os erros aceitáveis na medida de cada elemento meteorológico são padronizados, podendo ser encontrado na literatura. Uma medida deve possuir duas qualidades fundamentais (Figura 12): a) Exatidão: Aumenta quando o valor da medida se aproxima do valor considerado verdadeiro. b) Precisão: Refere-se à proximidade, entre si, das medidas realizadas várias vezes, independentemente, e nas mesmas condições, isto a repetibilidade da medida. Um instrumento para oferecer boa precisão, deve apresentar: a) Boa repetibilidade: neste caso, a dispersão das medidas será pequena. Estatisticamente significa: sendo pequeno o desvio padrão da medida esta poderá ser reproduzida dentro de um intervalo de confiança também pequeno. Quanto menor esse intervalo, maior será a precisão do instrumento. b) Sensibilidade: refere-se à menor variação da grandeza capaz de provocar uma resposta do instrumento. Figura 12. Ilustração do significado de (a) exatidão e (b) precisão. No caso das figuras acima em (a) o instrumento é exato, mas não preciso; e em (b) o equipamento é preciso, mas não exato. I. 5 - Fontes de Erro Os erros em uma medição podem ser originados a) Do instrumento: - instalação - calibração/aferição - defeitos b) Do observador: - operação do instrumento - leitura I. 5.1. Classificação de Erros a) Erros grosseiros: - engano na leitura - cálculo - paralaxe - manuseio - má colocação do diagrama, etc. b) Erros sistemáticos: - do instrumento - do observador - metodológicos c) Erros acidentais: - aleatórios; detectados apenas estatisticamente. II. 1. - Estação Meteorológica O funcionamento de uma estação meteorológica depende fundamentalmente da manutenção dos equipamentos e do treinamento do observador meteorológico. Os elementos componentes de uma estação meteorológica são: II. 1.1. Abrigo Meteorológico O abrigo meteorológico (Figura 13) serve para proteger os equipamentos de medição de temperatura e umidade do ar das radiações solar, da atmosfera, terrestre, e de objetos próximos, permitindo, porém, a livre passagem do ar, tendo, por isso, as suas paredes construídas com venezianas e pintadas de branco. Os abrigos são instalados com a porta de acesso aos equipamentos voltados para o sul, no Hemisfério Sul, para evitar a incidência de radiação solar direta sobre os instrumentos no momento da observação. Figura 13. Abrigo meteorológico e detalhes dos equipamentos instalados. II. 1.2. Instrumentos meteorológicos A descrição dos instrumentos visa familiarizar o observador quanto ao tipo de equipamento usado, suas finalidades, noções sobre o local de instalação e manutenção necessária. Os equipamentos são utilizados para determinação da precipitação, temperatura do ar e do solo, umidade do ar, radiação solar, vento, evaporação/evapotranspiração e pressão atmosférica. II. 1.2.1. Pluviômetro FINALIDADE: determinar a quantidade de chuva UNIDADE DE MEDIDA: milímetro (mm) de chuva. MANUTENÇÃO: Verificação periódica da existência de sujeira na tela de proteção do coletor e da ocorrência de vazamentos na torneira e na própria estrutura do equipamento. LOCAL DE INSTALAÇÃO: A área de captação (coletor) fica a 1,5 m do solo, em nível, e livre de obstáculos. OBSERVAÇÕES: Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. (a) (c) (b) Figura 14. (a) Esquema da pluviometria. (b) Esquema de pluviômetro. (c) Pluviômetro em primeiro plano e pluviógrafo no segundo. II. 1.2.2. Pluviógrafo FINALIDADE: registrar a quantidade e a intensidade de chuva. UNIDADE DE MEDIDA: milímetro (mm) de chuva e milímetro de chuva/tempo, ou seja, (mm/hora, mm/dia). LOCAL DE INSTALAÇÃO: vide pluviômetro. MANUTENÇÃO: troca do pluviograma após a ocorrência de chuva, no horário apropriado, verificação da tinta e acerto da corda do mecanismo de relojoaria; acerto do horário. OBSERVAÇÕES: quando da troca do pluviograma, se a pena não estiver no nível zero, deve-se encher o reservatório até que a água seja sifonada. O sifão entra em funcionamento a cada 10 mm de chuva. (a) (b) (c) Figura 15. (a) Pluviógrafo com registrador elétrico, (b) Registrador analógico de um pluviógrafo, (c) Pluviógrafo de sifão. II. 1.2.3. Tanque de Evaporação Classe A FINALIDADE: determinar a quantidade de água evaporada. UNIDADE DE MEDIDA: milímetro (mm) de água. MANUTENÇÃO: verificação diária do nível de água, que deve ser mantido entre 5 e 7,5 cm da borda superior; limpeza do tanque sempre que houver algas ou líquens; reposição da água no tanque, quando necessário (7,5 cm abaixo da borda superior), até escoar pelo ladrão. LOCAL DE INSTALAÇÃO: sobre estrado de madeira pintado de branco, com 15 cm de altura, colocado sobre o gramado. OBSERVAÇÕES: para evitar a penetração de objetos estranhos (folhas etc.) e evitar o acesso de animais ao tanque, às vezes é coberto por uma tela de arame. (a) (b) (c) (d) (e) Figura 16. (a) Esquema do Tanque Classe A, (b) e (c) detalhes de instalações sobre gramado (com um tanque auxiliar para reposição da água evaporado do tanque de medidas, à mesma temperatura deste) e (d) e (e) detalhes do parafuso micrométrico e termômetro flutuante. II.1.2.4. Evaporímetro de Piche (a) (b) FINALIDADE: determinar o poder evaporante do ar à sombra, ou seja, a capacidade evaporativa do ar. UNIDADES DE MEDIDA: centímetro cúbico (cm3), mililitro (ml) ou milímetro (mm) de água. MANUTENÇÃO: completar com água quando o nível estiver em torno de um terço da altura do tubo; trocar o disco de papel quando houver impurezas. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dependurado dentro do abrigo termométrico. OBSERVAÇÕES: após o enchimento do evaporímetro, o nível de água não deve necessariamente ficar em zero; o valor real deve ser registrado e considerado como inicial para as leituras seguintes. Figura 17. (a) Esquema do Evaporímetro de Piche e (b) Detalhe do equipamento. II. 1.2.5. Heliógrafo Tipo Campbell-Stokes FINALIDADE: registrar o número de horas de insolação ( brilho solar ). UNIDADE DE MEDIDA: horas de brilho solar. MANUTENÇÃO: troca diária do heliograma; limpeza de impurezas, de orvalho ou chuva da esfera de vidro. LOCAL DE INSTALAÇÃO: em base sólida de alvenaria, evitando-se proximidade de obstáculos para não ocorrer sombreamento. OBSERVAÇÕES: durante a instalação do heliógrafo são feitos ajustamentos de nível, concentricidade, meridiano e latitude. Existem três tipos de heliogramas ( tiras retas, curvas curtas e curvas longas ) que devem ser utilizados de acordo com a épocado ano e encaixados no local apropriado da concha metálica. Após chuva, deve-se tomar cuidado na remoção do heliograma para não rasgá-lo; usar canivete para cortar a tira em toda a extensão, de ambos os lados, e depois desobstruir as ranhuras para colocação de nova tira. (a) (b) (c) (d) Figura 18. (a) Heliógrafo (b) Detalhe da fita instalada (c) fitas utilizadas de registro de insolação (dia sem nuvens – ao alto; dia parcialmente nublado – no centro; e dia totalmente nublado – em baixo) (d) Conjunto heliógrafo e actinógrafo instalados em estação meteorológica e (e) Heliógrafo com registrador elétrico. (e) II. 1.2.6. Barômetro de mercúrio FINALIDADE: indicar a pressão atmosférica. UNIDADE DE MEDIDA: milímetro de mercúrio (mmHg), hectoPascal (hPa) ou milibar (mb). MANUTENÇÃO: remoção da poeira depositada no instrumento sem retirá-lo da posição de instalação. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro de um prédio de alvenaria, sendo as paredes internas mais propícias à instalação. Deve-se evitar a proximidade de qualquer fonte de calor porque esta pode afetar a altura da coluna de mercúrio, sensível à temperatura. Portanto, a leitura deve ser feita rapidamente, pois a presença do observador próximo ao aparelho pode causar diferença na altura da coluna de mercúrio. A altura da cuba deve ficar a aproximadamente 80 cm do piso. OBSERVAÇÕES: a leitura do barômetro feita com o auxílio de um nônio ou vernier corrigido através de tabela, para: temperatura (redução para 0C), gravidade normal, latitude de 45, altitude (em relação ao nível médio do mar) e erro instrumental. (a) (c) (b) Figura 19 (a) Barômetro aneróide (b) Detalhe do medidor do barômetro e (c) barômetro instalado. II. 1.2.7. Barógrafo . FINALIDADE: registrar continuamente a pressão atmosférica. UNIDADE DE MEDIDA: milímetro de mercúrio (mmHg) ou milibar (mb) MANUTENÇÃO: troca diária ou semanal do barograma, verificação da tinta da pena e aferição do horário do mecanismo de relojoaria. LOCAL DE INSTALAÇÃO: abrigado em prédio de alvenaria, evitando-se proximidade de fonte de calor. OBSERVAÇÕES: verificar a calibração comparando a leitura do barograma com a do barômetro de mercúrio Figura 20. Barógrafo II. 1.2.8. Termômetros de máxima FINALIDADE: determinar a temperatura máxima do ar. Figura 21. Termômetro de máxima. UNIDADE DE MEDIDA: graus Celsius (C). MANUTENÇÃO: diária, sendo que após cada leitura o termômetro deve ser preparado de modo a forçar o mercúrio a atravessar a constrição, o que é conseguido segurando o termômetro firmemente e girando-o em um semicírculo para cima e para baixo, tomando o máximo de cuidado para não atingir nenhum objeto. Verificação de fracionamento da coluna de mercúrio. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro do abrigo termométrico, em um suporte que mantém o termômetro com o bulbo levemente elevado (aproximadamente 2º com o horizonte). OBSERVAÇÕES: durante a preparação do termômetro de máxima, a sua coluna de mercúrio deve ser forçada a retornar ao bulbo, até que atinja o valor da temperatura do termômetro de bulbo seco. II. 1.2.9 Termômetro de mínima ( ar e relva ) FINALIDADE: determinar a temperatura mínima do ar. UNIDADE DE MEDIDA: graus Celsius (C). MANUTENÇÃO: diária; após cada leitura, o termômetro deve ser preparado, bastante, para isso, incliná-lo, mantendo o bulbo ligeiramente Figura 22. Termômetro de mínima do ar. levantado, até que o haltere encoste-se ao menisco da coluna. Verificar a ocorrência de fracionamento na coluna de álcool. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro do abrigo termométrico, em um suporte que mantém o termômetro em posição horizontal. No caso de obtenção da temperatura mínima de relva é instalado horizontalmente em um suporte a 5 cm de altura da grama. OBSERVAÇÕES: recolher, diariamente, após a leitura, o termômetro de mínima de relva, para não deixá-lo exposto ao sol, evitando o fracionamento da coluna de álcool. Figura 23. Detalhe da instalação dos Termômetros de máxima e mínima do ar. II. 1.2.10. Conjunto psicrométrico (a) (b) (c) FINALIDADE: determinar as temperaturas para estimação da umidade relativa do ar. UNIDADE DE MEDIDA: graus Celsius (C). MANUTENÇÃO: diária; completar a água do reservatório sempre que necessário. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro do abrigo termométrico, em um suporte apropriado. Figura 24. Psicrômetros. (a) aspirado (b) de funda e (c) com ventilação natural. II. 1.2.11. Geotermômetro ou termômetro de solo FINALIDADE: determinar a temperatura do solo. UNIDADE DE MEDIDA: graus Celsius (C). MANUTENÇÃO: limpeza do geotermômetro; quando em solo nu, manter a área livre de vegetação. Verificação da ocorrência de fracionamento na coluna. LOCAL DE INSTALAÇÃO: em área de solo nu, 4 x 4 m, ou solo vegetado, conforme a necessidade. Na instalação, dirigir a extremidade da haste para o norte (observador no hemisfério sul), evitando insolação direta. OBSERVAÇÕES: o geotermômetro para um metro de profundidade e instalado com um tubo protetor para maior segurança contra quebra (a) (b) (c) Figura 25. (a) geotermômetro (b) geotermógrafo (c) conjunto de geotermômetros instalados II. 1.2.12. Termógrafo bimetálico FINALIDADE: registro contínuo da temperatura do ar. UNIDADE DE MEDIDA: graus Celsius (C). MANUTENÇÃO: troca do gráfico (termograma) diária ou semanalmente; verificação da tinta da pena; acerto da corda do mecanismo de relojoaria; acerto do horário. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro do abrigo termométrico. OBSERVAÇÕES: verificar diariamente a calibração do instrumento comparando a leitura do termograma com a leitura do termômetro de bulbo seco. Cada modelo de termógrafo possui um tipo específico de diagrama. Figura 26. Termógrafo. II. 1.2.13. Higrógrafo de cabelo FINALIDADE: registrar continuamente a umidade relativa do ar. UNIDADE DE MEDIDA: porcentagem ( % ). MANUTENÇÃO: troca do hidrograma diária ou semanalmente; verificação da tinta da pena; acerto da corda do mecanismo de relojoaria; acerto do horário. LOCAL DE INSTALAÇÃO: dentro do abrigo Figura 27. Termohigrógrafo (Registro simultâneo da Temperatura e Umidade Relativa) termométrico. OBSERVAÇÕES: Cada modelo de higrógrafo possui um tipo específico de diagrama II. 1.2.14. Catavento Tipo Wild FINALIDADE: determinar a direção e a velocidade instantânea do vento. UNIDADE DE MEDIDA: metro por segundo (m/s). MANUTENÇÃO: lubrificação anual. LOCAL DE INSTALAÇÃO: a 10 metros de altura. OBSERVAÇÕES: a leitura da velocidade do vento é feita através da tabela. Posição da placa (ponteiro) Velocidade (m/s ) 1 1-2 2 2-3 3 3-4 4 4-5 5 5-6 6 6-7 7 7-8 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 14 17 20 (a) (b) Figura 28. Esquema de um catavento tipo Wild. (a) Atmosfera sem vento e (b) com vento. II. 1.2.15. Anemômetro universal FINALIDADE: registra a velocidade instantânea, a velocidade acumulada e a direção do vento. UNIDADE DE MEDIDA: velocidade instantânea em metro por segundo (m/s) e velocidade acumulada em quilômetro por hora (km/h). MANUTENÇÃO: normalmente feita por especialista. O observador deve diariamente trocaro diagrama (anemograma), verificar a tinta e acertar o horário. LOCAL DE INSTALAÇÃO: 2 e 10 metros de altura, geralmente sobre construções de alvenaria ou tubo de 4 polegadas. (a) (b) (c) (d) Figura 29. (a) Esquema de anemômetro universal para estação automática, (b) detalhe de anemômetro de caneca, (c) anemógrafo universal instalado e (d) detalhe do registrador simultâneo de velocidade e direção do vento. III. MÉTODO DE TRABALHO DE UM OBSERVADOR METEOROLÓGICO. O observador meteorológico tem uma norma de trabalho vinculada aos horários de observação dos diferentes elementos meteorológicos. Normalmente as leituras são feitas, no Brasil, às 9, às 15 e às 21 horas (nos dias de horário de verão, as leituras são realizadas às 10, 16 e 22 horas), no caso de estações meteorológicas ligadas ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Ao se tratar de estações para fins de pesquisa agrometeorológica as observações são feitas às 7, às 14 e às 21 horas. No entanto, observações específicas podem ser feitas a qualquer horário conforme a necessidade da qualidade dos dados para pesquisa. As observações efetuadas são lançadas primeiramente em cadernetas de campo, posteriormente são cadastradas em um banco de dados e se possível a nível de cooperação, divulgadas aos Centros Meteorológicos.
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