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Apostila Psicologia Jurídica 6 a 16.docx

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Disciplina: Psicologia Jurídica 
Professora: Jorgelina Ines Brochier
Coletânea de textos II
Caros alunos e alunas: Esta coletânea de textos aborda conteúdos desenvolvidos ao longo do semestre (a partir da aula 6). Trata-se de um material de apoio que está articulado com os planos de aula e com os livros didáticos desta disciplina. Assim, convido cada um de vocês a ler e, especialmente, analisar os textos propostos. Espero, portanto, que esta análise promova reflexões que potencializem novos saberes e horizontes! [1: Observem que o material referentes a primeira até a quinta aula consta em outra coletânea de textos. ]
Aula 6
A rede de proteção integral e o papel do psicólogo nas situações de violência doméstica infanto-juvenil
Proteção Social: É a garantia de inclusão a todos os cidadãos que estão em situação de vulnerabilidade e/ou em situação de risco, inserindo-os na rede de Proteção Social local. A Proteção Social é hierarquizada em Básica e Especial.
Proteção Social Básica: Tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
Proteção Social Especial: É a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação trabalho infantil, entre outras. 
O que é Rede de Proteção Social? [2: MOTTI, Antônio J, Ângelo; DOS SANTOS, Joseleno Vieira.Redes de proteção social à criança e ao adolescente: limites e possibilidades. Disponível em: http://docplayer.com.br/430060-Redes-de-protecao-social-a-crianca-e-ao-adolescente-limites-e-possibilidades-1. Acesso em: 2 set. 2015. ]
Antes de analisar as especificidades da Rede de Proteção Social, vamos recordar o significado de dois tipos de redes muito populares no Brasil (rede de pescador e rede de dormir). Esses dois tipos vão ajudar a entender as propostas da Rede de Proteção Social.
Rede de pescador: aqui nos interessa observar a atitude do pescador que antes de pescar verifica as condições físicas da rede, se tem furos ou aberturas maiores do que as previstas. Ele abre, estende a rede e verifica as suas condições. É também importante visualizar A FORMA da rede: é um entrelaçamento de pontos que dá a ideia de distribuição equitativa, tem flexibilidade para tomar a forma do peixe e resistente para suportar o balanço das águas e a força do peixe. 
Rede de dormir: proteção, cuidado, acolhimento; por isso é uma rede muito forte e, também, resistente, que distribui o peso, molda-se ao corpo de quem a está utilizando e, acima de tudo, é confortável.
Rede de Proteção Social: uma articulação de pessoas, organizações e instituições com o objetivo de compartilhar causas e projetos, de modo igualitário, democrático e solidário. É a forma de organização baseada na cooperação, na conectividade e na divisão de responsabilidades e competências.
Depreende-se, portanto, que rede de proteção integral (ou especial) é um conjunto de políticas sociais estruturadas capazes de resgatar o cidadão de sua exclusão social, visando incluir o cidadão numa participação crítica e ativa da sociedade, tornando-o sujeito capaz de interferir na sua própria história e na história de sua comunidade.
​Segundo SLUSKI: Um dos múltiplos desafios de um enfoque sistêmico que inclua responsavelmente as variantes de contexto abarcando as variáveis de rede socioeconômicas e culturais, consiste em desenvolver histórias que incorporem esperança, que gerem um feedback de autoria, que sublinhem as capacidades e a eficiência (SLUSKI, C. A. A rede social na prática sistêmica, São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997 p. 65). Ou seja, quando falamos de uma Rede Especial, nós estamos tratando de um conjunto de profissionais e agentes interagindo para a solução de questões pertinentes da sociedade (crianças, adolescentes, adultos...), com um enfoque na devolução da cidadania.
Esta política de atendimento se reflete no conjunto de instituições, princípios, regras, objetivos e metas que norteiam a tutela dos direitos das crianças e adolescentes, ou seja, é o instrumento institucional que possibilita a manifestação dos direitos elencados no ECA.[3: Extraído do plano de aula 6, UNESA, SIA, 2017.]
Para exemplificar, podemos citar a Rede Social de Proteção e Responsabilização do município de Niterói que tem como “como principal objetivo reduzir a exposição e o sofrimento de crianças e de adolescentes em situação de maus tratos.” (FRANÇA, s/d). Partindo desse objetivo, foi elaborado um fluxo de atendimento para “facilitar os atendimentos e criar um comprometimento entre os agentes envolvidos”, determinando aos órgãos que recebem as denúncias encaminhar ao órgão centralizador, o Conselho Tutelar.
Do ponto de vista empírico os Fluxos são, a seguir, caracterizados pelas instituições que os compõem e as funções que lhes são atribuídas. Os Fluxos são, a seguir, caracterizados pelas instituições que os compõem e as funções que lhes são atribuídas: [4: CARVALHO, Márcia França de. Constituição e Funcionamento da Rede de Proteção e Responsabilização em Casos de Maus Tratos e Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes no Município de Niterói. Disponivel em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20623/20623.PDFXXvmi=uEjSQ4aH6xO3. Acesso em: 2 set. 2015]
O Fluxo de Defesa de Direitos - É composto pelos Conselhos Tutelares, Varas da Infância e da Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública e Centros de Defesa. Suas funções são: defender e garantir os direitos de todos os implicados na situação de abuso sexual notificada, protegendo-os de violações a seus direitos. Para tal tem o poder de, com força da lei, determinar ações de atendimento e de responsabilização (Martins et al, 2007). 
O Fluxo de Atendimento - É composto pelas instituições executoras de políticas sociais (de saúde, educação, assistência, trabalho, cultura, lazer, profissionalização) e de serviços e programas de proteção especial, bem como por ONGs que atuam nestas áreas. Suas funções são: dar acesso a direitos às políticas sociais e de proteção, prestar serviços, cuidar e proteger. Deve dar cumprimento a determinações oriundas do Fluxo de Defesa de Direitos e do Fluxo de Responsabilização, bem como prestar-lhes informações. 
O Fluxo de Responsabilização - é composto pelas Delegacias de Polícia, Delegacias Especializadas (de Proteção à Criança e ao Adolescente, e da Mulher), Instituto Médico Legal, Varas Criminais, Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente, Delegacia da Criança e do Adolescente e Vara da Infância e da Juventude (quando o abusador é menor de idade) e Ministério Público. Suas funções são: responsabilizar judicialmente os autores de violações de direitos, proteger a sociedade, fazer valer a lei. Pode determinar como pena o atendimento ao réu (Martins et al, 2007). 
- No ECA, a proteção à criança e ao adolescente está organizada em três sistemas: O Sistema Primário, o qual dá conta das Políticas Públicas de Atendimento a crianças e adolescentes. O Sistema Secundário, o qual trata das medidas de proteção dirigidas a crianças e adolescentes em situação pessoal ou social de risco, ou seja, enquanto vítimas que têm seus direitos fundamentais violados; e o Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis a adolescentes em conflito com a lei, passando à condição de vitimizadores, embora tenha a característica fundamental de serem apropriadas à condição de desenvolvimento e que sejam educadoras, ou seja, quesirvam como parte ao desenvolvimento destes sujeitos, levando-o à reflexão sobre seus atos e apoiando-o na aplicação das medidas.
Quando a criança ou adolescente escapa do Sistema Primário (basicamente preventivo), aciona-se o Sistema Secundário através do Conselho Tutelar, o qual busca mecanismo que reverta o quadro de violência que estes sujeitos experimentam. Por outro lado, o Sistema Terciário é acionado, mediante a intervenção do sistema de Justiça (Polícia, Ministério Público, Defensoria, Judiciário, órgãos executores das medidas socioeducativas) quando estes sujeitos afastarem-se do cumprimento às leis e normas que regem a sociedade. (Saraiva, 2003)
O QUE É VIOLÊNCIA? Existe diferença entre agressividade, agressão e violência?
Agressividade: constitutiva do eu, na base da constituição do eu e na sua relação com seus objetos. Não negam sua existência, ao contrário, afirmam a agressividade na ordem humana, ordem libidinal. Existe a agressividade, mas ela pode ser sublimada, pode ser recalcada, não precisa ser atuada, pois o humano conta com o recurso da palavra, da mediação simbólica. Agressão: ato que causa dano. Este causar dano, necessariamente, não tem a finalidade de destruir o outro. Por exemplo: pais que não permitem que o filho assista determinados programas na televisão. De alguma forma, causam dano (restringem/limitam), mas trata-se de um dano que se justifica (educação). Violência é “[...] o emprego desejado da agressividade, com fins destrutivos (COSTA FREIRE, 2003 apud CAIMI; OLIVEIRA; HAUSHAHN) A violência implica em causar danos que não se justificam, que são direcionados somente para submeter ou coisificar o outro. 
 A violência, qualquer que seja a sua forma, deve ser significada como um fenômeno relacional e não apenas intrapsíquico ou individual. 
Definição de violência doméstica: é a violência, explícita ou velada, praticada dentro de casa, usualmente entre parentes. Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças. 
Tipos de violência: 1- Violência física — quando envolve agressão direta, contra pessoas queridas do agredido ou destruição de objetos e pertences do mesmo; 2- violência psicológica — quando envolve agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas; 3- violência socioeconômica, quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus recursos econômicos. Também alguns consideram violência doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças, parceiros ou idosos. Não retrata somente os laços consanguíneos, mas as relações que são construídas e efetuadas. 
A violência experimentada pelas crianças e adolescentes, atualmente é expressa de forma diversificada, podendo apresentar-se sob várias configurações que incluem desde maus tratos ao abuso sexual doméstico, a prostituição, o tráfico, a pornografia e a prática da pedofilia. 
Questionamentos sobre a intervenção do psicólogo na violência doméstica/intrafamiliar: 1- Qual é o limite entre a proteção aos direitos da criança e o respeito a convivência familiar? 2- Que nível de violência intrafamiliar justifica a intervenção? 3- Em que circunstâncias afastar uma criança de seus pais biológicos pode representar um benefício? 
Considerações O que se deve considerar é que a família está doente; precisa de apoio no presente. A sociedade deve ter medidas de prevenção, medidas de punição aos agressores e de reestruturação dos mesmos. Ambos os indivíduos são agredidos (agressor: punido e deslocado da família para outro lugar). As instituições jurídicas, policiais e educacionais não contam com sistemas de diagnósticos para tratamento. Exigência do exame do corpo delito sem instrumentos para realização do mesmo. Falta de condições materiais e formação técnica. Falta de proteção do Estado ao abusado. Reabilitação de ambas as partes Instituições que dão suporte a prevenção e a reabilitação desses indivíduos: associação de moradores, igreja, movimentos sociais, escolas e universidades. Sistema jurídico é irreflexivo (pune, mas não reflete sobre).
Possibilidades e limites do profissional de psicologia: O psicólogo, no atendimento à criança e ao adolescente, deve atuar na perspectiva da integralidade, considerando a violência como fenômeno complexo, multifatorial, social, cultural e historicamente construído, implicando em uma abordagem intersetorial e interprofissional. 
O conceito de rede se contrapõe ao modelo tradicional de coordenação de ações organizada em níveis hierárquicos. No trabalho de rede os integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais sem que nenhum deles seja considerado principal ou central, nem representante dos demais.
Muitas vezes: a ação do psicólogo está limitada ao laudo pericial. Com essa ação busca comprovar se ocorreu a violência e identificar o(s) culpados. Portanto, tem a função de produzir a prova e indicar (ou não) a responsabilização da pessoa acusada como autor da violência. 
Entretanto, o técnico pericial pode ter uma ação mais abrangente: pode ser um facilitador e promotor de mudanças e não apenas voltado para o controle social. Esta última é a função da justiça: determinar quem pode ficar em liberdade, quem tem esse direito cassado. 
Facilitador e promotor da mudança? O que significa isso? 
Significa que o psicólogo pode contribuir com a família em seu desejo de resolução de conflitos, através do conhecimento de si mesmo, de sua competência para transformação e para significar seu ato e, assim, tornar-se sujeito de si mesmo e autor de sua própria história.
Importante destacar que a realização de perícias médicas e psicológicas; a repetição dos procedimentos legais, a lentidão e o longo intervalo entre o fato denunciado e a conclusão dos processos judiciais, e a falta de evidências físicas, em grande parte dos casos (SANTOS, 14 2007), produzem a revitimização dos envolvidos e geram o sentimento de desproteção e de descrédito em relação ao sistema de proteção e garantia de direitos 
A escuta da pessoa submetida à violência.[5: DOS SANTOS, Viviane A. Dificuldades e possibilidades na atuação dos profissionais de Psicologia Jurídica nos casos que envolvem violência sexual contra crianças e adolescentes. 2009.
Disponível em: C:/Users/Windows/Downloads/psicologia_juridica%20(1).pdf. Acesso em: 2 set 2015. ]
Caracterização da escuta psicológica: A Escuta Psicológica consiste em oferecer lugar e tempo para a expressão das demandas e desejos da criança e do adolescente: a fala, a produção lúdica, o silêncio e expressões não verbais, entre outros. Os procedimentos técnicos e metodológicos devem levar em consideração as peculiaridades do desenvolvimento da criança e adolescente e respeitar a diversidade social, cultural e étnica dos sujeitos, superando o atendimento serializado e burocrático que determinadas instituições exigem do psicólogo.
FUNÇÃO do psicólogo: [6: A autora ao abordar essa temática estava fazendo referência específica à violência sexual doméstica. ]
1- Desconstruir a crença de que a criança ou adolescente sempre terão sentimentos negativos por seu agressor. Essa crença muitas vezes confunde os profissionais do sistema de proteção, pois se espera que as crianças e adolescentes sempre demonstrem afetos negativos em relação ao agressor. Quando isso não ocorre, considera-se que não houve violência sexual.
Em geral, o aspecto sexual do ato é negado pelo agressor que seduz a vítima, transformando o ato em “um jeito diferente de fazer carinho,” uma “demonstração de amor” ou “do quanto eu amo você.” Em outros casos, o agressor é quem abusa sexualmente em um momento e, em outros, é afetuoso, atencioso e/ou provedor, como se o momento do abuso fosse eliminado na linha do tempo. 
2. COMPREENDER A AMBIGUIDADE da pessoa submetida à violência: a vítima enfrenta forte ambiguidade de sentimentos, pois sua palavra tanto pode trazer a liberação do abuso como pode acarretar a penalização do agressor, o que, muitas vezes, ela deseja evitar por se tratar de pessoa afetivamente representativa.
 Nesse sentido,cabe compreender porque uma criança se desestrutura psiquicamente quando afastada do agressor que dela abusava sexualmente dos seis aos dez anos de idade, ou quando uma adolescente afirma “Desde que o meu padrasto (agressor) foi preso, a alegria saiu lá de casa.” ou quando uma criança, depois de ter revelado o abuso, volta atrás e se retrata, ao custo de ter sua palavra, sua experiência e seu sofrimento negados como verdade.
3. DESCONSTRUIR a crença que permeia a ação da justiça de que ao afastar e punir o agressor por meio de penas regulatórias estabelece a ordem e restitui os direitos da criança ou adolescente submetidos à violência sexual.
Conforme já observado, o fenômeno da violência sexual é um fenômeno da ordem do pessoal, mas também da ordem do coletivo e do social, pois está imbuído de valores culturais e sociais de hierarquia, poder, gênero e quanto ao status da criança na sociedade. 
4. Sensibilizar os demais profissionais para que se reconheça a incompletude do conhecimento e a necessidade de não se permitir que ele se feche em si mesmo, que possua a realidade ou a verdade. 
O estudo psicossocial: não fica limitado a uma avaliação pericial, mas a construção de um espaço conversacional, no qual possam emergir os significados construídos e constituir novos significados.
Acredita-se que, ao buscar uma compreensão das condições emocionais, relacionais e sociais dos envolvidos, com o objetivo de se conhecerem quais direitos deverão ser reparados, o estudo psicossocial tem o potencial de oferecer às crianças e adolescentes e a seus familiares as devidas condições de emancipação e de mudança do contexto de risco.
Conforme já salientado, considera-se que o espaço conversacional oferecido durante o estudo pode ir além do perfil punitivo da Justiça ou diagnóstico da psicologia e avançar em direção ao papel que é, também, de emancipação e construção da autonomia.
Mais do que profissionais que classificam os indivíduos por meio de testes e/ou diagnósticos ou julgamentos de valor, o papel dos profissionais de saúde mental ou do serviço social pode ser aquele que se dispõe a conhecer e compreender a dinâmica relacional de todos os elementos presentes em cada caso específico que favorecem e mantêm a violência e, por outro lado, os aspectos de força, habilidade e competências das famílias que podem ser utilizados como recurso para a interrupção do ciclo da violência. A atenção não se volta para a vítima apenas, mas para todos os envolvidos no contexto: o agressor e seus familiares.
5- Desconstruir que o SILENCIAMENTO da criança é algo que sempre está presente: 
A criança também pode desejar falar e pode fazê-lo chamando atenção para o seu sofrimento por meio de comportamentos, sintomas ou “... se devidamente ouvida – poderá falar, situando- se numa fronteira que ultrapassa seu sofrimento e o anseio pela proteção da lei e de terceiros” (p.93). 
Isto é, o silêncio, nem sempre acontece porque a criança não quer falar, mas porque não há um terceiro que a escute devidamente.
 A importância da fala da criança não está restrita à denúncia, mas é um meio de se livrar da repetição da violência e de resgatar o direito à intimidade do seu corpo. Os encaminhamentos que se seguem a sua fala devem permitir que ela encontre um novo sentido para sua experiência, pois “se a criança falou, é porque, segundo winnicott (1971), não tinha perdido totalmente a esperança” 
6. Investigar e analisar a biografia da família: de origem e atual, pois é ela que revela os aspectos factuais, bem como a riqueza dos significados, mitos, valores e crenças e o lugar de cada um no viver em família e em sociedade. São esses elementos que permitem compreender e situar os fatos denunciados, pois a violência intrafamiliar, e aqui se faz referência a todas as suas formas, não ocorre de forma isolada, mas faz parte de um contexto e é constituída nas relações familiares e sociais Considera-se que a violência não está no outro, está nas relações e se mantém pelas significações atribuídas a essas experiência.
Investigar: o impacto e as consequências ocasionadas pela(s) violência(s) em cada indivíduo e em cada família, pois cada uma delas vivenciará e responderá à experiência de forma coerente com sua maneira de ser e de viver em família.
Esses elementos que servirão de base para uma possível emancipação do sujeito e uma possível mudança na história original.
A escuta do agressor: A prática profissional tem mostrado que o agressor quase nunca encontra um espaço para se colocar e que promova a possibilidade de repensar suas ações e sentimentos em relação à vítima.
A INCLUSÃO dos agressores no processo de escuta pode oferecer a oportunidade de que eles se façam ouvir num sistema que lhes reserva apenas o lugar da condenação
Ouvir o agressor: significa, de um lado, concebê-lo como humano, com seus dramas, suas angústias e sonhos. De outro, promover um espaço para que repense sua ação; assuma total responsabilidade por seus atos (mesmo que, por razões óbvias, ele não o faça no contexto da Justiça); esteja ciente das consequências e do sofrimento que o abuso tem sobre a criança ou o adolescente e sobre toda a família (DOS SANTOS. 2009). 
Apoio e acompanhamento a família: a escuta continuada
Encaminhadas para atendimento à saúde mental, assistência social, esporte, cultura, educação, qualificação profissional, entre outras. Isso se dá por meio do acompanhamento sistemático da família, por meio de contatos por telefone, visitas ou encontros sistemáticos
Essa prática vem mostrando que é pela escuta e pela troca que se forma o vínculo e é pelo vínculo que profissional e indivíduo co-constroem novos rumos, novos significados, novas perspectivas, novas histórias.
Sabe-se que esse acompanhamento foge à função da Justiça, sem dúvida. Porém também pode se dizer que não foge à responsabilidade social do profissional que se vincula às pessoas que atende e que deseja ver os resultados de sua intervenção.
Além disso, confere ao psicólogo ou ao assistente social a autonomia para exercer seu papel profissional para além das demandas do judiciário, ainda que respaldados pelo Art. 151 do ECA que atribui ao profissional não só a competência de fornecer laudos periciais, mas aconselhar, orientar, encaminhar, prevenir e outros.
SÍNTESE: Compreende-se que, por meio de um trabalho interdisciplinar e complementar, a Justiça pode ir além de um pensamento racional, mecânico e maniqueísta (Granjeiro, 2006; Santos, 2002), tornando-se a Justiça que por meio de um trabalho complementar do psicólogo: 
a) Entende e vê o indivíduo em suas várias dimensões: biológica, subjetiva, emocional, suas crenças e valores, contexto sócio histórico no qual se encontra inserido, sujeito capaz de compreender, refletir e agir, ator e autor de sua própria história; 
b) Conhece a história a partir da qual os indivíduos buscam compreender a si mesmos, aos outros e as suas experiências, pois “os seres humanos são parte da história, e não apenas observadores ou espectadores dela... a experiência humana é sempre histórica...” (p. 360); 
c) Reinterpreta as formas simbólicas significativas, estruturadas internamente de várias maneiras e dentro de um contexto gerador de significado que, por sua vez, demandam uma reinterpretação;
d) Favorece a ressignificação das formas simbólicas, na medida em que possibilita o acesso a outras informações e construção de outros significados. (SANTOS, 2002)
- ALGUMAS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM A REDE DE PROTEÇÃO:
• Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) O CEDCA é um órgão estatal com instância pública colegiada, por representantes governamentais e não governamentais. É o responsável por formular a política de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, acompanhar a elaboração e avaliar a proposta orçamentária do governo do Estado, entre outros.
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA): É o órgão de apoio da política de defesa dos direitos da criança e do adolescente, eda regulamentação e fiscalização das ações referentes a esse público. Assim como o Conselho Estadual, também acompanha a elaboração e execução da proposta orçamentária do município, indicando as modificações necessárias para melhor atender a promoção dos direitos da criança e adolescente.
• Conselho Tutelar: O Conselho Tutelar é órgão autônomo, encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Ele recebe a comunicação dos casos de violência contra criança e adolescente e toma as providências necessárias para garantir a proteção dos mesmos.
EDUCAÇÃO• Escolas: As Escolas e Centros Municipais de Educação Integral têm o papel de identificar os casos de violência e maus-tratos contra crianças e adolescentes e comunicar às autoridades competentes, assim como solicitar a presença dos pais ou responsáveis fazendo as orientações necessárias, ouvindo e os acolhendo. Também é função da escola receber e dar prioridade na matrícula de crianças em situação de risco ou vulnerabilidade e que estejam abrigadas.
SAÚDE• Unidades de Saúde e Hospitais: As Unidades de Saúde e Hospitais têm a obrigação de dar prioridade no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violação. Além disso, se durante uma avaliação clínica ou atendimento forem identificados sinais de violência, devem comunicar imediatamente o Conselho Tutelar para que as medidas protetivas necessárias sejam tomadas. • CAPS – Centro de Atenção Psicossocial: O Centro de Atenção Psicossocial oferece atendimento à população, realiza o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitário. Nele, crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violação de direitos podem usufruir de acompanhamento psicológico, psiquiátrico e atenção social.
ASSISTÊNCIA SOCIAL: Os órgãos de assistência social têm o papel de estar atendo a todo e qualquer sinal de violência, priorizar os atendimentos de crianças e adolescentes em situação de violência doméstica, receber, acompanhar e encaminhar para as autoridades competentes. • CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social: O CREAS Tem como função o atendimento emergencial às vítimas, acolhimento de vítimas, agressores e familiares, assistência psicológica, social e jurídica, encaminhas as vítimas para os serviços necessários, • CRAS – Centro de Referência de Assistência Social: O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social. Ele oferta serviços e ações de proteção básica e desenvolve trabalhos continuados que visam fortalecer a função protetiva das famílias. • Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social: A Secretaria é um órgão no âmbito estadual. A função é organizar, promover e coordenar a política estadual de defesa dos direitos da infância e da adolescência. • Secretaria Municipal de Assistência Social: A Secretaria Municipal também participa da coordenação da política estadual de defesa dos direitos da infância e da adolescência. Tem funcionalidades semelhantes à Secretaria de Estado, mas cada gestão possui sua própria organização.
SEGURANÇA PÚBLICA: • Polícia Militar É responsável direta pela segurança do cidadão, serve para prevenir a criminalidade por meio da vigilância nas ruas. Também realiza blitz ou bloqueio em automóveis e prisão quando houver mandado ou em caso de flagrante. • Polícia Federal Exerce as funções de polícia marítima, aeroportuária, de fronteiras e judiciária da União. No âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Polícia Federal realiza o processo de cadastro de entidades que queiram atuar no ramo de adoção internacional. • Polícia Rodoviária Federal Promove a fiscalização das rodovias e estradas federais, combatendo e mapeando os pontos de vulnerabilidade às violências contra crianças e adolescentes nesses locais. • Polícia Civil Atua com a centralização de informações criminais oriundas das Delegacias de Polícia, Polícia Federal e Varas Criminais do Paraná e de outros estados e identificação de pessoas em conflito com a lei por meio de impressão digital. Também realiza a identificação da sociedade civil do Paraná por meio da carteira de identidade. O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE) também é subordinado ao Delegado Geral da Polícia Civil.
PODER JUDICIÁRIO • Ministério Público O Ministério Público tem como objetivo defender aquilo que é inerente ao direito de todos os cidadãos. É uma Instituição independente que cuida da proteção das liberdades civis e democráticas, buscando com sua ação assegurar e efetivar os direitos individuais e sociais indisponíveis, como sua missão constitucional. • Varas da Infância e Defensoria Pública Ofertar assistência jurídica gratuita, por meio de defensor público ou advogado nomeado. Cumprir e fazer cumprir as leis, sempre visando o bem-estar social e a proteção de crianças e adolescentes. • Comissões Regionais ou Municipais Articular e integrar esferas da sociedade civil e do governo a fim de propor políticas públicas de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes, além de ser espaço para consulta e monitoramento das ações de enfrentamento.
AULA 7
INTERVENÇÕES COM ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI
PARA INICIAR, CABEM DUAS RECOMENDAÇÕES E UMA ORIENTAÇÃO: 
A leitura dos textos “A adolescência, o judiciário e a sociedade” e “Um olhar sobre a delinquência”, tem caráter obrigatório, especialmente por conter um conteúdo instigante e com potencial para promover reflexões sobre as temáticas abordadas, ampliando, dessa forma, saberes e horizontes. Portanto, vale a pena ler na íntegra! Os referidos textos estão disponíveis no “Leitor Estácio” (material didático da disciplina Psicologia Jurídica, caderno 1). 
INTERVENÇÕES COM ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Os crimes praticados por menores de 18 anos são chamados de ato infracional, devido à inimputabilidade penal dos menores, prevista no art. 228 da Constituição Federal de 1988. 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: são medidas aplicáveis a adolescentes autores de atos infracionais e estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de configurarem resposta à prática de um delito, apresentam um caráter predominantemente educativo e não punitivo.
QUEM RECEBE? Pessoas na faixa etária entre 12 e 18 anos, podendo-se, excepcionalmente, estender sua aplicação a jovens com até 21 anos incompletos, conforme previsto no art. 2º do ECA.
QUEM APLICA? O Juiz da Infância e da Juventude é o competente para proferir sentenças socioeducativas, após análise da capacidade do adolescente de cumprir a medida, das circunstâncias do fato e da gravidade da infração.
QUAIS MEDIDAS foram instituídas pelo ECA? Conforme já salientado: em função da gravidade do ato infracional e foram alocadas nas seguintes categorias: 
Advertência (ART. 115 DO ECA): repreensão judicial, com o objetivo de sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre as consequências de uma reincidência infracional.  Responsável pela execução: Juiz da Infância e da Juventude ou servidor com delegação para tal.
Obrigação de reparar o dano (ART. 116 DO ECA): ressarcimento por parte do adolescente do dano ou prejuízo econômico causado à vítima. Responsável pela execução: Juiz da Infância e da Juventude ou equipe interprofissional da Vara, por delegação.
Prestação de serviços à comunidade (ART. 117 DO ECA): realização de tarefas gratuitas e de interesse comunitário por parte do adolescente em conflito com a lei, durante período máximo de seis meses e oito horas semanais. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs), com apoio das instituições parceiras.
Liberdade assistida (ARTS. 118E 119 DO ECA): Acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, por período mínimo de seis meses, objetivando oferecer atendimento nas diversas áreas de políticas públicas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer e profissionalização, com vistas à sua promoção social e de sua família, bem como inserção no mercado de trabalho. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs).
Semiliberdade (ART. 120 DO ECA): vinculação do adolescente a unidades especializadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada a realização de atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização. O jovem poderá permanecer com a família aos finais de semana, desde que autorizado pela coordenação da Unidade de Semiliberdade. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do atendimento realizado pelas Unidades de Atendimento em Semiliberdade.
Internação (ARTS. 121 A 125 DO ECA): medida socioeducativa privativa da liberdade, adotada pela autoridade judiciária quando o ato infracional praticado pelo adolescente se enquadrar nas situações previstas no art. 122, incisos I, II e III, do ECA. A internação está sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A internação pode ocorrer em caráter provisório ou estrito. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio das Unidades de Internação. 
DIFERENÇA ENTRE MEDIDA DE PROTEÇÃO E MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
Medidas de Proteção - Medidas aplicáveis quando da ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente, por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, ou por abuso dos pais ou responsável e em razão da própria conduta da criança ou adolescente. 
São oito as medidas definidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu artigo 101: (I) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; (II) orientação, apoio e acompanhamento temporários; (III) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; (IV) inclusão em programa comunitário ou oficial, de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; (VI) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; (VII) abrigo em entidade; (VIII) colocação em família substituta. 
Medidas Socioeducativas - São as medidas aplicáveis ao adolescente, que, depois do devido processo, foi considerado responsável pelo cometimento de um ato infracional. Estas medidas são as dispostas no artigo 112, incisos I a VI: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional. Além destas medidas, poderão ser aplicadas ao adolescente (ECA, art.112, inciso VII) as medidas protetivas previstas no artigo 101, incisos I a VI.
AULA 8
O ESTATUTO DO IDOSO 
PARA ESTA AULA FOI PREVISTO UM EXERCÍCIO TEMÁTICO TENDO COMO BASE A LEITURA do Estatuto do idoso.
Algumas questões para reflexão
- Arquimedes sempre foi religioso e a sua família também (todos seguiam a mesma religião). No entanto, quando Arquimedes fez 86 anos converteu-se a ----------------------. A família não aceitou tal mudança. Assim, inicialmente, procurou um médico solicitando que o avaliasse, acreditando que Arquimedes havia perdido a lucidez. Após a avaliação clínica (que comprovou a lucidez do idoso), a família vetou qualquer tipo de manifestação religiosa de Arquimedes. Este por sua vez, não aceitou tal proibição e comunicou que não pagaria mais a mensalidade da escola dos netos. Em seguida, a família alegando que queria acabar/atenuar o conflito procurou um psicólogo. 
- Parmênides tem 79 anos e desde os 30 anos prática surf de forma sistemática. Quando trabalhava, ia à praia ao amanhecer ou no início da noite. Após a aposentadoria criou diferentes horários. Há poucos meses caiu da prancha e quebrou uma costela. Assim que obteve “alta” voltou a surfar. No entanto, os quatro filhos (e respectivas esposas), além dos netos consideram que ele deve praticar outro tipo de atividade física (algo mais adequado para a sua idade, como por exemplo, hidroginástica ou natação). Parmênides acha graça e diz que hidroginástica é coisa para velho e ele é apenas idoso. 
Com base nas duas histórias, atenda ao que se pede: (a) Nesses contextos, é indicado que o psicólogo atue como mediador? (b) Caso positivo, indique possíveis etapas e estratégias.
Clotilde filha de Lucrécia entrou com uma ação civil solicitando a interdição de sua mãe. A filha da interditando, alegou que sua mãe possuía inúmeros problemas que dificultavam sua capacidade, em especial, de locomoção e, por essa razão, estava pleiteando a interdição da mesma para poder movimentar os seus recursos financeiros e o juiz determinou que fosse realizada uma avaliação psicológica. 
(A) Caso você fosse o psicólogo quais os procedimentos que você, incialmente, adotaria? (B) Explique os significados dos termos: incapacidade civil, interdição, inimputabilidade, imputabilidade e curatela. 
AULA 9
ELABORAÇÃO DE LAUDOS NA ÁREA DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO
IMPORTANTE: (1) Ler (e estudar) a aula 9 inserida no SIA (MATERIAL DIDÁTICO). (2) Tirar uma cópia do Laudo Psicológico (abordando uma disputa de guarda) deixado na Xerox do Campus. 
O Manual de Elaboração de Documentos Escritos dispõe sobre os seguintes itens: princípios norteadores; modalidades de documentos; conceito/finalidade/estrutura; validade e guarda dos documentos. O Manual informa, ainda, que toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação psicológica deverá seguir as orientações nele dispostas; caso contrário, o psicólogo estará incorrendo em falta ético disciplinar.[7: Extraído de: LAGO, Vivian de Medeiros; YATES, Denise Balem; BANDEIRA, Denise Ruschel. Elaboração de documentos psicológicos: Considerações Críticas à Resolução CFP nº007/2003. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 24, n. 2, p. 771-786, jun. 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci>. Acesso em: 1 mar. 2017.]
Incialmente cabe observar o comentário de Lago, Yates e Bandeira (2016) e em seguida, é oportuno analisar os erros mais comuns que ocorrem na elaboração de documentos elaborados por psicólogos, além das orientações práticas descritas pelos referidos autores.[8: Idem indicação anterior.]
[...] Considerando nossa experiência enquanto supervisoras de avaliação psicológica, foi possível observar a dificuldade que muitos estudantes e/ou profissionais da Psicologia apresentam para redigir seus documentos. No intuito de contribuir para esse aprimoramento da escrita, exemplificaremos algumas falhas encontradas em documentos, justificando sua inadequação, a fim de que aqueles que buscam orientações de redação possam, ao menos, evitar incorrer em tais erros.
Utilização de Linguagem Não-Técnica
"E de repente, surge aquele estranho querendo abusá-la, atacando-a da forma mais cruel que uma criança pode conceber ... Essa paciente está muito sentida, com aqueles soluços que parecem do fundo de sua alma infantil". "Joana é uma mulher guerreira e muito sofredora".
Os trechos acima, extraídos de documentos emitidos por psicólogos, demonstram a ausência de linguagem técnica e incorrem na emissão de julgamentos morais. Parecem, inclusive, remeter a uma linguagem de texto dramático e/ou romântico. Nesses casos, termos como "a paciente apresenta grave sofrimento psíquico" e "revela persistência diante de seus objetivos" são sugestões que apresentam uma linguagemtécnica mais adequada.
Afirmações Categóricas
"A partir das entrevistas realizadas com mãe, pai, filha, avós e tia materna da vítima, é possível afirmar, com certeza, que abusos sexuais e físicos ocorreram".
Ainda que o psicólogo possa estar convencido da possível ocorrência de abusos sexuais e físicos, a redação de seu documento deve ser mais cautelosa. A Psicologia não é uma ciência que nos permita certezas absolutas, especialmente por meio de dados coletados exclusivamente a partir de entrevistas. Nesse caso, o profissional poderia ter usado alguma expressão do tipo "é possível evidenciar a existência de fortes indícios de ocorrência de abusos sexuais e físicos". Nessa situação, é importante que o profissional descreva, ainda, quais são esses indícios, preferencialmente relacionando o observado com referências da literatura que corroborem seus achados clínicos. Tais referências podem constar como nota de rodapé ou, ainda, em uma lista ao final do documento.
Informação Imprecisa, Sem Fundamentação Técnico-Científica
"Sr. João demonstra um comportamento extremamente agressivo e, sem que haja mínimos critérios de segurança, quanto à doença mental/neurológica que acomete o Sr. João e que se apresenta como grave, seu contato com a filha não deve ser permitido, para segurança desta."
Os profissionais que emitiram o documento cujo trecho foi extraído acima fazem referência a uma "doença mental/neurológica", descrita como grave. Entretanto, não há identificação de que doença seria, nem tampouco embasamento para justificar os critérios diagnósticos utilizados para chegar a tal conclusão. Quando houver um diagnóstico do paciente sob avaliação, é importante deixar claro qual o diagnóstico (informando, inclusive, o CID) e, ainda, descrever os critérios que permitiram a conclusão por tal diagnóstico. Esse apontamento é especialmente importante para o próprio autor do documento, como um respaldo da qualidade técnica de seu trabalho.
Desrespeito aos Limites de Atuação do Psicólogo
"Foi ordenado a Srta. Maria que não permitisse o contato de sua filha com o pai".
É preciso atentar aos limites de nossa atuação e, para tanto, tomar cuidado com a utilização de certas palavras. Enquanto psicólogos, ainda que exercendo o papel de peritos, por exemplo, não temos autoridade para "ordenar", o que seria da competência do juiz, se aplicável ao caso. Ao psicólogo compete "recomendar", "sugerir", "indicar".
Pessoalidade na Escrita
"A seguir apresentamos análise de cada um dos avaliados".
"Nessa ocasião o avô compartilhou conosco a perda da esposa e sua preocupação com os netos".
Os documentos devem primar pela impessoalidade na escrita, evitando ao máximo a utilização de linguagem em primeira pessoa, como no exemplo acima. Para evitar esse erro, sugere-se a utilização de escrita na voz passiva (serão apresentados), ou reflexiva (apresentar-se-á). No segundo exemplo, o trecho sublinhado poderia ser substituído por "informou".
Uso de Gíria, Expressão Coloquial ou Depreciação
"Joana apresentava-se vestida de acordo com a idade, mas sem grandes investimentos no vestuário".
"O paciente teve a oportunidade de conviver com seus pais casados por somente três anos ... Ele cursou a faculdade por cinco anos e, durante todo esse tempo, não conseguiu avançar além do terceiro semestre".
No primeiro exemplo citado, o trecho sublinhado faz uso de gíria ou expressões coloquiais desnecessárias ao entendimento da situação. Já no último exemplo, fica implícita a avaliação negativa que o autor faz sobre a duração do casamento dos pais do avaliando ou o desempenho deste na faculdade. O psicólogo deve se ater a relatar fatos ou, quando necessário, se limitar a reproduzir juízos de valor expressados pelo avaliando ou por pessoas envolvidas no caso por meio de aspas, nunca expondo opiniões pessoais acerca da vida do sujeito.
Uso de Termos Técnicos Desnecessários ou Sem a Devida Explicação
"Essa escala demonstrou que o paciente encontra-se num nível intelectual superior, com alta capacidade de análise e síntese, bem como de insight... Suas fraquezas estão centradas numa dificuldade específica de atenção e de memória imediata, o que sugere uma baixa capacidade do ego sobre os processos de pensamento."
"Nesse instrumento foi detectada uma tendência do indivíduo de utilizar em demasia a fantasia, gerando uma forma de pensamento infantil e egocêntrica".
Em alguns casos, como no primeiro exemplo, o termo técnico pode ser utilizado, desde que acompanhado de um esclarecimento em linguagem acessível. No outro exemplo, a reescrita do trecho sublinhado seria indicada, evitando a possibilidade de uma interpretação inadequada.
Uso Inadequado de Informações Obtidas por Meio de Técnicas Psicológicas
"No teste HTP, onde o paciente deve desenhar uma casa, uma árvore e uma pessoa em folhas individuais, tanto colorido como posteriormente, sem cor".
"Na escala SNAP, das 26 questões da escala, as respostas da mãe foram, 15 'bastante', 8 'demais', 2 'um pouco' e 1 'nada'. As respostas da professora não foram muito diferentes: 17 'bastante', 6 'demais' e 3 'um pouco'".
"A análise das características de personalidade de Maria sugere que ela não dispõe de recursos psicológicos suficientes para enfrentar seus disparadores internos de tensão. Os dados indicaram que a paciente apresenta um estilo vivencial do tipo ambigual, isto é, seu estilo de responder as demandas do meio ocorrem tanto por meio de atividades reflexivas (pensamento), bem como por meio dos afetos eliciados (emoção)."
Os dois exemplos iniciais apresentam descrições excessivas das técnicas utilizadas, sem benefício para a compreensão do desempenho do avaliado ou da responsável. O terceiro exemplo apresenta uma interpretação que utiliza muitos termos específicos da literatura das técnicas projetivas que não contribuem para a clara explicação dos fenômenos observados.
- Importante: No anexo 1 foi inserida o texto: Manual de elaboração de documentos decorrentes de avaliações psicológicas (RESOLUÇÃO CFP N.º 007/2003): Síntese
 
SAIBA MAIS
Para aprofundar a temática proposta nesta aula, cabe consultar (leitura facultativa) os dois artigo e o vídeo indicados a seguir: 
GRANJEIRO, Ivonete A. C. L.. O Estudo Psicossocial Forense como Subsídio para a Decisão Judicial na Situação de Abuso Sexual. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2008, Vol. 24 n. 2, pp. 161-169. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v24n2/04.pdf.
SOARES, Samara S. D; SANTOS, Kellen C.. Psicologia Jurídica: Um relato de experiência de estágio e seus impasses. Disponível em: http://abepsi.org.br/premiosilvialane/vencedores-9-edicao/07.pdf
VÍDEOS IMPERDÍVEIS:
Laudos Psicológicos em Debate 01: Autópsia Psicológica e Laudos Psicológicos no Judiciário. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLÓGIA, SP, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oLV0XRSrB7g
Laudos Psicológicos em Debate 04: Avaliação Psicológica de Crianças Abrigadas e Jovens. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLÓGIA, SP, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oLV0XRSrB7g
PERITO E ASSISTENTE TÉCNICO[9: Extraído de: SHINE, Sidney. A Atuação do Psicólogo no Poder Judiciário: Interfaces entre a Psicologia e o Direito. Conselho Regional de São Paulo, s/d. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/cadernos_tematicos/10/frames/fr_aatuacao.aspx]
OBSERVAÇÃO: No material didático este conteúdo foi inserido na aula
Há uma diferença entre a visão do que é o conflito para o Direito e para a Psicologia: enquanto para o primeiro refere-se à pretensão resistida, se resolvendo ao final do processo, para a segunda o conflito não se resolve porque faz parte da vida, mas sim se transforma. 
Cabe ao psicólogo realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de psicologia” (art.4, n.º6). Cumpre ressaltar que de acordo com a legislação, o psicólogo pode atuar como perito judicial ou assistente técnico nas varas cíveis, criminais, de justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e períciasa serem anexadas aos processos(art. 5).
Perito: o profissional indicado pelo Juiz para avaliar a dinâmica emocional do periciando, procurando esclarecer os quesitos solicitados pelo Juiz. (utilizando instrumentos da psicologia e respeitando as normas éticas de sua profissão). O Perito auxilia o Juiz em questões técnicas. Há questões problema a serem respondidas, e o profissional deve formular resposta aos quesitos. Ele tem a função de examinar as pessoas envolvidas no litígio e formar um juízo sobre o que lhe foi questionado.
Assistente técnico: o psicólogo de confiança da parte que a contrata para auxiliá-la a fundamentar seus argumentos. Sendo assim, pode ser parcial aos interesses do seu cliente, desde que não sugira afirmações infundadas com a finalidade de favorecê-lo e não violando os preceitos éticos da profissão. É contratado para realizar avaliação psicológica, acompanhar o processo e comentar o trabalho do perito judicial. Por exemplo: críticas ao laudo pericial. Também utiliza todo instrumental técnico científico disponível para realizar o seu trabalho. 
O assistente técnico deve ter ampla liberdade para obter informações que subsidiem o seu parecer técnico, não somente para obter informações da parte que o contratou como também da parte contrária. Uma outra função do assistente técnico referido por Silva (2002) é de orientação ao cliente. Se as informações obtidas e o retrato da situação foram desfavoráveis, cabe ao assistente técnico aconselhar seu cliente a desistir da ação.
Assistente e perito: adversários ou funções colaborativas? Assistente técnico: fiscal do perito? 
Não entendo a função do Assistente Técnico como a de um fiscal do Perito. A competição, e mesmo destrutividade, que assistimos nos processos judiciais não pode repetir-se na equipe de profissionais da Psicologia, e permear a dinâmica entre estes profissionais. 
Em alguns casos, a dinâmica processual pode contaminar as funções profissionais ao ponto de os Assistentes Técnicos repetirem, até inconscientemente, o papel de advogados e o Perito o de Juiz. Se alguns Juizes podem sofrer de "juizite", Peritos também podem sofrer de "peritite" e Assistentes Técnicos de "advocatitie". 
O papel do Psicólogo Perito e do Assistente Técnico é não só a de fornecer subsídios ao Juiz, como também a de uma intervenção terapêutica no sistema, a de transformação dos conflitos e resolução do impasse, e não a de fomentar sua repetição ou mesmo fazer eco às partes de suas situações não resolvidas. 
Há um aumento alarmante de denúncias e falsas denúncias de abuso sexual, que trazem enormes estragos para a família. O Judiciário não apresenta condições para compreender a dinâmica que está presente nestas situações, e que exigem a interpretação dos fatos e falas, o que requer a escuta qualificada do profissional da Psicologia. O risco é imenso quando estes casos são abordados sem a devida crítica, tomados na concretude das denúncias. Lamentavelmente se tem visto muitos laudos emitidos por Psicólogos que não têm a ciência das consequências que um trabalho superficial, por mais bem intencionado que possa ser, pode causar. 
Repetição da lógica binária: vítima e algoz, culpado e inocente, não tendo condições antes do oferecimento de uma denúncia, de avaliar devidamente a questão, e não levando em conta que a família é um sistema e que quando há uma denúncia há sempre algum tipo de violência, seja aquela que é objeto da acusação, seja a própria acusação. 
O laudo psicológico é considerado elemento que auxilia na elucidação de controvérsias e decisões judiciais, de modo que é possível haver vários laudos psicológicos, conflitantes ou complementares, em um mesmo processo.
O laudo psicológico pode ter sua qualidade comprometida pela falta de formação dos profissionais que o redigem. O laudo psicológico é uma espécie de relatório feito por um psicólogo, que servirá como base para tomada de uma decisão. Daí a importância de que esse documento seja bem redigido, por um profissional capacitado a fazê-lo.
Na maioria das vezes, o psicólogo contratado para isso tem experiência clínica, mas não jurídica. O resultado é a falta de preparo para lidar com o ambiente de conflito do tribunal.
Assistente técnico ou pistoleiro? É aquele que faz um laudo a favor da parte, ressaltando o interessa da pessoa contratante. Não existe compromisso com a isenção, apenas em servir ao cliente. Porém, defender a parte omitindo dados é incompatível com a obrigação de dizer a verdade. Se o Psicólogo é um pesquisador e um cientista no exercício de sua profissão tal ação seria incompatível com o que se esperaria dele. Diferente para o advogado: compromisso ético: não pode fornecer evidências contrárias ao cliente. 
PERITO ADVERSARIAL: escolhe um dos lados do litígio, dá laudo conclusivo e vai ao mérito da ação. Quando a questão final a ser concluída é colocada (a guarda deve ficar com quem?), o perito adversarial é, assim o denominamos (SHINE, 2003), aquele que escolhe alguém seja por um motivo ou outro. 
Em outros termos, é o perito que toma a posição de dar um laudo conclusivo, entendendo-se conclusivo no sentido de ir ao mérito mesmo da ação que está sendo julgada. 
PERITO IMPARCIAL: é neutro, não oferece recomendações conclusivas, não propõe desfecho. Por exemplo: analisar diferentes resultados de arranjos de guarda, sem enfatizar nenhuma em particular. sugerir diferentes formas de guarda e a
Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar presente durante a realização dos procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja interferência na dinâmica e qualidade do serviço realizado. Parágrafo Único - A relação entre os profissionais deve se pautar no respeito e colaboração, cada qual exercendo suas competências, podendo o assistente técnico formular quesitos ao psicólogo perito.(CFP, 2010).
Não obstante, recomenda-se que o psicólogo assistente técnico formalize sua prestação de serviço mediante termo de compromisso firmado em cartório onde está tramitando o processo, em que conste sua ciência e atividade a ser exercidas, com anuência da parte contratante.
AULA 10
FAMÍLIA: configurações históricas: cristalizações e impasses
1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA[10: O texto “Evolução histórica do conceito de família” foi extraído do plano de aula 10. ]
O vocábulo português família é um empréstimo erudito, provavelmente por via eclesiástica derivadas do latim familia "conjunto de escravos e servidores de uma pessoa".
Segundo as lições de Prado (1981), a palavra "família", no sentido popular e nos dicionários, significa pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Ou ainda, pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção.
O conceito de família pode variar de acordo com o tipo de sociedade, mas historicamente o conceito mais comum é o da família nuclear que engloba um casal e seus filhos, não importando se há ou não poligamia, poliandria, licença sexual ou qualquer outro tipo de interferência ou adicional, desde de que a unidade casal e seus filhos sejam mantidos.
Vários os teóricos que se propuseram a estudar a família como fenômeno histórico-cultural-psicológico. Entender o que significa a palavra família, seja em seu aspecto mais abrangente ou em seu aspecto pontual, envolve a análise de diversas fontes que estudaram este instituto desde sua origem até os dias de hoje. Visto que o tema sob uma análise efetivamente histórica é recente, pode-se pontuar o trabalho de Johan Jacob Bachofen em O direito materno de 1861, como a primeira tentativa real de traçar o começo da estrutura familiar primitiva.
A partir do trabalho de Bachofen, segue-se uma série de outros teóricos que buscam responder os questionamentos quanto à origem e estrutura familiar. Nesta esteira teórica pode-se pontuar o trabalho de Charles Morgan com A sociedade antiga em 1877, cujo trabalho influenciaria Friedrich Engels, que, em 1884 escreveA origem da família, da propriedade privada e do Estado, verdadeiro norte para os estudantes do tema, que seguiria com Sigmund Freud, Bronislaw Malinowski, Claude Lévi-Strauss e tantos outros.
 As classificações de família por Morgan/Engels
 Família consanguínea: era fruto de relações sexuais entre jovens e entre adultos, irmãos e irmãs, sem nenhuma limitação do número de parceiros, caracterizando a promiscuidade. O parentesco era estabelecido pelo lado paterno, sendo permitido o casamento entre irmãos, onde os filhos são todos comuns e por isso mesmo se casam entre si. É permitida a relação entre pais e filhos, a poliandria e a poliginia mas existiam a mulher principal e o esposo principal que caracterizavam-se por terem uma relação mais longa.
Família Punaluana : surge como uma forma de impedimento do casamento entre irmãos, primeiro os irmãos por parte de mãe, até a proibição do casamento entre primos. Ocorre uma maior seleção e variabilidade genética, mas ainda continua ocorrendo alguns tipos de promiscuidades sexuais, por exemplo: em algumas tribos da América do Norte, o marido que casou com a filha mais velha toma igualmente como mulheres todas as outras irmãs mais novas (um marido para um grupo de irmãs).
Família Sindiásmica : É a fase em que o homem passa a viver com uma mulher principal. Este estágio é marcado pelo matriarcado, caracterizado pela poligamia e infidelidade feminina. Em caso de separação dos pais os filhos ficaram sempre com a mãe, o pai era um indivíduo de passagem e não existia casamento.
A mãe (nos povos agricultores) não exercia muita autoridade, apenas a linha de parentesco era definida por ela, por ser mais fidedigna, assim filhos do mesmo pai podem se casar, da mesma mãe não. Os homens fazem parte da família da sua mãe e um desses exercerá a autoridade de fato. Ex.: Zaire e Angola.
Esta época é marcada pelo fim do casamento grupal, passando a ser preferencialmente arranjado pelas mães que compra a esposa com presentes para os parentes da sua linha matriarcal.
Família Monogâmica : Os costumes passam a tender para a desigualdade entre marido e mulher: ao homem cabe a direção da família, ao passo que à mulher, a subordinação ao poder marital.
A monogamia surgiu verdadeiramente com a criação da propriedade privada, a qual naquele período era destinada a criação de rebanhos. Como era o homem que tinha o domínio sobre esta criação, ele se tornou mais importante que a mulher. Precisava da fidelidade dela para ter a garantia de que os seus filhos fossem legítimos e dignos de sua herança.
A Família Monogâmica segundo Engels (1984): “ (...)não foi originada do amor sexual individual, com o qual nada tinha em comum, já que os casamentos antes, como agora, permaneceram casamentos de conveniência. Foi a primeira forma de família que não se baseava em condições naturais, mas econômicas e concretamente no triunfo da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva originada espontaneamente .”
Família Patriarcal: O que caracteriza o patriarcalismo é a influência do pai sobre a mãe. A noção de pátrio poder é algo de grande intensidade. Tudo gira em torno da ordem estabelecida e mantida pela autoridade do chefe de família. A subordinação da mulher frente ao homem aumenta. Nessas famílias, neste momento as filhas não pertenciam mais ao seu grupo familiar depois que se casassem, passando assim a ser parte da família do marido.
Considerações acerca da diversidade nas configurações da família contemporânea: Apesar de a família patriarcal (ou nuclear), atualmente, não ser majoritária nos diversos segmentos da população brasileira, observa-se que ainda predominam situações de perplexidades e intolerância frente a composições familiares que se distanciam desse modelo clássico da família nuclear (matrimonializado, patriarcal, hierarquizado, patrimonializado, heterossexual e centralizado na prole que confere status ao casal). 
- Não prevalece na sociedade atual, mas ainda persiste no imaginário social como sendo a única estrutura natural e saudável para a sociedade. Resultado: outras configurações familiares sofrem processos discriminatórios, embora sejam legitimadas e visíveis no cotidiano das pessoas, grupos e coletividades.
No modelo nuclear, a representação da “casalar” como espaço de interdição dos conflitos e das disputas, tem como pilar a divisão das tarefas a partir das diferenças de gênero: ao homem cabe transitar no espaço da rua, seja para trabalhar ou para o lazer e, para a mulher, é destinado o espaço privado da casa no qual desenvolve atividades domésticas, dedicando-se integralmente para assegurar cuidado, carinho e conforto ao marido e aos filhos. Estes últimos têm a função de obedecer e valorizar o cuidado e afeto disponibilizado pelos pais (Bento, 2012).
Tal modelo, por ser idealizado produz temores e vivências de fracassos quando ocorrem rupturas. Do temor surge a tendência a desqualificar ou para evitar aproximações com a pluralidade. Embora seja um modelo idealizado (e, portanto, não vivido por inúmeras pessoas), observa-se que muitos psicólogos também têm significativa dificuldade para conceber tanto as novas (e sempre mutantes) configurações familiares quanto em relação ao papel/função de cada membro familiar. Tal dinâmica pode ser constatada pela dificuldade em caracterizar/nomear as diversas formas de “ser família”. 
Assim, encontramos na literatura científica, diferentes denominações, entre as quais podem ser citadas, além da família nuclear (pai, mãe e filhos), a extensiva (que inclui três ou quatro gerações), a adotiva (bi e multiculturais), a monoparental (representada somente por um dos genitores), reconstituída (após a separação conjugal), anaparental (formada por irmãos sem contar com a presença do pai ou da mãe) e paralela (extraconjugal), a família com filhos advindos das novas tecnologias de reprodução. Acrescentam-se outras classificações: famílias mosaicos, também identificadas por estendidas ou por famílias em redes, construídas por “filhos do pai, filhos da mãe e filhos comuns”, originadas, portanto, por famílias distintas que se unem formando uma família comum (Bento, 2012) ou ainda, famílias homoafetivas que se formam em torno de uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo. 
Observa-se que os autores ao identificar a família homoafetiva como uma das configurações de família contemporânea, não consideram que a família homoafetiva, por sua vez, também, pode ser configurada como nuclear, reconstruída, mononuclear ou extensiva. Neste sentido, a classificação apenas como família homoafetiva não contempla a multiplicidade de arranjos possíveis.
Depreende-se que, apesar da legitimidade de cada composição familiar, tanto no plano jurídico quanto no psicossocial, os autores encontram dificuldades para denominar configurações que se distanciam do modelo nuclear (Bento, 2012). Assim, cabe indagar: será que os pesquisadores também são atravessados por concepções que idealizam a família nuclear? As competências teórica e metodológica requisitadas na mediação de conflitos familiares são suficientes para isentar esses profissionais dos atravessamentos que permeiam o ideário da família eterna, até que a morte separe os cônjuges ou os filhos? Os referidos atravessamentos podem intensificar incertezas e temores experienciados pelas pessoas em conflito?
Indicações: BROCHIER, Jorgelina I.; NOVAES, Heliane G. V; BEVILÁQUA, Maria H. de Oliveira. Representación gráfica de la familia por estudiantes de psicología y derecho: cristalizaciones y impasses. V Congreso Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología XX Jornadas de Investigación Noveno Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de Psicología - Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, 2013. BRITO, Leila. M. T. Impasses na condição da guarda e da visitação? O palco da discórdia. In: Família e Cidadania. O Novo CCB e a Vacatio Legis. Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, p. 444-445, 2002.AULA 11
FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA
Atualmente existem dois tipos de guarda: unilateral e compartilhada. A guarda compartilhada, diametralmente oposta a unilateral, consiste na corresponsabilidade dos genitores, onde a ambos é concedido o direito a exercer plenamente o poder familiar dos filhos e decidir questões diversas sobre estes, tais como plano de saúde, escola etc. 
 Parágrafo 2: Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
GUARDA COMPARTILHADA: Lei 13.058/14 promulgada em 22 de dezembro de 2014.
Importante: Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. Mesmo sendo aplicada a guarda compartilhada deverá ser determinado o pagamento de pensão alimentícia em prol do filho, posto que suas necessidades continuarão as mesmas e aos genitores cabe o sustento e a manutenção dos filhos. Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.. 
O parágrafo 3º do artigo 1.584 diz que o juiz e o promotor de Justiça vão se socorrer da equipe interdisciplinar do foro. É essa equipe que irá auxiliar o juízo, tanto por meio de uma perícia ou por mediação do conflito – como prevê o novíssimo Código de Processo Civil (CPC). Em síntese, a resposta, originalmente, não parte do Direito. A resposta tem de surgir DA PSICOLOGIA E DO SERVIÇO SOCIAL, QUE INTEGRAM A EQUIPE INTERDISCIPLINAR, QUE VAI, POR MEIO DE suas ferramentas, verificar qual o melhor modelo. Com a atribuição da guarda compartilhada, será fixada a base de residência da criança e do adolescente. Isso é essencial para se estabelecer um regime de convivência. E, é claro, para decidir quem irá pagar alimentos, porque a guarda compartilhada não impede a fixação de pensão alimentícia.
- A autoridade parental exercida em conjunto significa que todas as decisões importantes para as crianças, de ordem médica ou escolar, a respeito de viagens ou sobre religião, devem ser tomadas por ambos os pais, reconhecendo, ainda, que o dever de visita era uma limitação oficial ao relacionamento do pai, que não possuía a guarda, com os filhos. Argumenta-se que a guarda conjunta pode permitir ao pai que não convive com os filhos reforçar os sentimentos de responsabilidade junto a seus descendentes; e interpreta-se que, para o superior interesse da criança, deve ser resguardado o direito de ser educado por pai e mãe.
- Cabe ressaltar que, com o término do casamento dos pais, a criança ou o adolescente, usualmente, vivência uma situação de ruptura (perda dos pais-casal). Neste contexto, a guarda compartilhada dá a oportunidade de ver os pais juntos, assessorando o filho na condução de sal vida. 
- Desse modo, a guarda compartilhada implica no reconhecimento de todos os envolvidos e que apesar do término do relacionamento afetivo, há continuidade do núcleo familiar, composto pelo pai, pela mãe e pelos filhos comuns, com a evidente necessidade de readaptação de todos ao novo padrão de vida a ser adotado a partir das consequências jurídicas da extinta união.
 Uma vez que é comum algumas famílias se constituírem num compartilhamento das responsabilidades parentais entre mãe e avós ou pais e tio, entre outras formatações dependendo da composição daquele determinado núcleo familiar, a forma de composição familiar da atualidade tem apresentado situações que a legislação tradicional não pode excluir, até porque numa leitura complementar à Carta Magna que reconhece e dá proteção à toda forma de estruturação familiar, a jurisprudência tem ampliado e possibilitado, em certos casos concretos, a guarda compartilhada entre duas ou mais pessoas, como pais e avós, todos em conjunto.
Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
Antes da lei 13.058/14: No Código Civil de 1916, o casamento não se dissolvia. Ocorrendo o desquite, os filhos menores ficavam com o cônjuge inocente, ou seja, para conferir a guarda da criança ou do adolescente a um dos pais havia necessidade de identificar o cônjuge culpado pelo fim do casamento, para que este fosse punido com a separação dos filhos. Na hipótese de serem ambos os pais culpados, os filhos menores podiam ficar com a mãe, contanto que ocorresse uma avaliação moral de ambos os pais, sem priorizar os direitos da criança e adolescente. Com o advento da lei do divórcio também se manteve a ideia de cônjuge inocente.
MODALIDADES DE GUARDA:[11: Extraído de: Plano de aula: 11]
GUARDA UNILATERAL: aquele apresentasse melhores condições: base na doutrina francesa: três referências continuadas: afetividade (com quem o filho se sentisse melhor); social (as pessoas que do entorno/convivência) e espacial (local de residência e oferecimento de serviços ou a segurança do território). Ambos os genitores mantêm o poder familiar, mas as decisões recaem sobre o genitor guardião.
Crítica: A problemática de tal sistema é que existe uma deterioração da função paterna/materna (daquele que não detém a guarda) na vida da criança ou do adolescente, posto que esta figura fica restrita ao dia estipulado pela visita (nos casos em que a visitação não é livre), tendo que se enquadrar nas regras que impõe a guardiã ou o guardião[12: Apesar da utilização das expressões guardiã/guardião, tradicionalmente, o juiz determinava a guarda para a figura materna. Sobre essa preferência, cabe indagar: A preferência da guarda para a mãe é saudável? ]
Comentário: É inegável que, neste tipo de guarda, a mãe é a que acaba assumindo a guarda, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005), em 91,1% dos casos de separação e em 89,5% dos casos de divórcio, a guarda dos filhos ficou sob responsabilidade da mãe, ou seja, antes de ser uma questão ultrapassada, continua a questão da guarda unilateral da mãe extremamente atual para discussão acadêmica.
 Maria Berenice Dias em sua obra Manual de Direito das Famílias aponta dois motivos para este fenômeno: HISTÓRICO: Há uma construção social que determina que os filhos fiquem sob a guarda materna, as justificativas são várias: incompetência paterna para desempenhar as funções maternas, ou seja, a figura do homem como provedor material e não um provedor emocional, o famoso quem pariu que embale! PSICOLÓGICO: Impedir que a criança seja usada como arma entre os pais, portanto, decide-se a quem ficará a guarda exclusiva, seja por acordo dos pais ou mediante decisão judicial, e, via de regra, na maioria dos casos, a mãe é quem fica com a guarda do filho, principalmente os de tenra idade, restando ao pai o direito de visitas e vigilância. A problemática de tal sistema é que existe uma deteriorização da função paterna na vida da criança. , posto que esta figura fica restrita ao dia estipulado pela visita (nos casos em que a visitação não é livre), tendo que se enquadrar nas regras que impõe a guardiã. 
Acrescenta-se que a Constituição Federal de 1988 veio consagrar o princípio da igualdade, conferindo a homens e mulheres os mesmos direitos e deveres, banindo discriminações e atuando significativamente nas relações jurídico-familiares e com advento do Estatuto da Criança e do Adolescente se consolidou de forma positiva a prioridade absoluta à criança e ao adolescente, transformando-os em sujeitos de direitos, o que abalou décadas de práticas jurídicas danosas aodesenvolvimento saudável de filhos de pais separados.
GUARDA ALTERNADA: o(a) filho (a) fica um período de tempo com o pai e em outro com a mãe, tendo este duas casas e dois ritmos de vida distintos; 
Críticas: divisão da pensão alimentícia; “filhos mochileiros”, “fragmentação” da criança ou do adolescente.
Comentário: A posição dos tribunais sobre a guarda alternada tem sido de repúdio, posto que a alternância de todos os aspectos integrantes da guarda tem se mostrado prejudicial à criança e adolescente, como se vê nas jurisprudências a seguir:
- O instituto da guarda alternada não é admissível em nosso direito, porque afronta o princípio basilar do bem-estar do menor, uma vez que compromete a formação da criança, em virtude da instabilidade de seu cotidiano. Recurso desprovido". Data do acordão: 11/09/2003 Data da publicação: 24/10/2003). 
- Agravo de instrumento - filho menor (5 anos de idade): Regulamentação de visita: guarda alternada indeferida. Interesse do menor deve sobrepor-se ao dos pais – Agravo desprovido. Nos casos que envolvem guarda de filho e direito de visita, é imperioso ater-se sempre ao interesse do menor. A guarda alternada, permanecendo o filho uma semana com cada um dos pais não é aconselhável, pois as repetidas quebras na continuidade das relações e ambiência afetiva, o elevado número de separações e reaproximações provocam no menor instabilidade emocional e psíquica, prejudicando seu normal desenvolvimento, por vezes retrocessos irrecuperáveis, a não recomendar o modelo alternado, uma caricata divisão pela metade em que os pais são obrigados por lei a dividir pela metade o tempo passado com os filhos (RJ 268/28). (TJSC - Agravo de instrumento n. 00.000236-4, da Capital, Rel. Des. Alcides Aguiar, j. 26.06.2000). 
GUARDA COMPARTILHADA: conforme já descrito, esta modalidade de guarda foi definitivamente inserida na legislação pátria através da lei 11.698/2008, neste tipo de guarda, ambos os pais detêm o poder familiar e a tomada de decisões, independentemente do tempo em que os filhos passem com cada um deles.
Resumo histórico do guarda compartilhada: A Inglaterra é pioneira nesse sistema de guarda, tem-se registro de que o primeiro caso date da década de 1960, o que impulsionou a decisão foi a necessidade de romper a tendência a deferir a guarda só para a mãe, compartilhando, assim, direitos e deveres com os filhos entre os genitores. Em 1976, o instituto foi assimilado pelo Direito francês, com o propósito de amenizar os prejuízos que a guarda exclusiva acarreta aos filhos de pais separados. É nos Estados Unidos que a guarda compartilhada ganha maior adesão, desenvolvimento e divulgação. A guarda compartilhada (ou joint custody ou shared parenting) divide-se em guarda compartilhada jurídica e física. . GUARDA COMPARTILHADA JURÍDICA: ocorre a divisão dos direitos e deveres. . GUARDA COMPARTILHADA FÍSICA: ocorre a divisão dos direitos e deveres, assim como o de domicílio.
• Guarda física: o filho passa um período na casa da mãe e outro na casa do pai.
• Guarda alternada: a criança muda de casa em períodos iguais ou pré-estabelecidos.
• Guarda unilateral: um dos pais possui a guarda e o outro o direito à visitas.
• Guarda unilateral temporária: um dos pais cede a guarda por razão específica durante um período, depois, pode solicitá-la outra vez.
Diferença entre Guarda Compartilhada e Guarda Alternada: Devido à divulgação da experiência americana com a guarda compartilhada, muitas pessoas vêm entendendo erroneamente o instituto no Brasil, confundindo a guarda compartilhada física americana com a guarda compartilhada brasileira. 
- O artigo 1583, § 1º é claro ao definir GUARDA COMPARTILHADA: a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns., ou seja, se fala de responsabilidade conjunta e exercício de direitos e deveres, e não dois lares. JÁ A GUARDA ALTERNADA envolve alternância de responsabilidade, direitos, deveres e lares, ou, como coloca Rosângela Paiva Epagnol: "A guarda compartilha de filhos menores, é o instituto que visa a participação em nível de igualdade dos genitores nas decisões que se relacionam aos filhos, é a contribuição justa dos pais, na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, até que estes atinjam a capacidade plena, em caso de ruptura da sociedade familiar, sem detrimento, ou privilégio de nenhuma das partes. (...)
- Não poucas pessoas envolvidas no âmbito da guarda de menores, vislumbram um vínculo entre a Guarda compartilhada e guarda alternada, ora, nada há que se confundir, pois, uma vez já visto os objetos do primeiro instituto jurídico, não nos resta dúvida que dele apenas se busca o melhor interesse do menor, que tem por direito inegociável a presença compartilhada dos pais.
Etimologicamente, o termo compartilhar nos traz a ideia de partilhar + com = participar conjuntamente, simultaneamente. Ideia antagônica à guarda alternada, cujo teor o próprio nome já diz. Diz-se de coisas que se alternam, ora uma, ora outra, sucessivamente, em que há revezamento: uma vez sim, outra vez não.
O modelo de “guarda alternada” não tem sido aceita perante nossos tribunais, pelas suas razões óbvias, ou seja, ao menor cabe a perturbação quanto ao seu ponto de referência, fato que lhe traz perplexidade e mal estar no presente e danos consideráveis á sua formação no futuro. Como nos prestigia o dizer de Grisard Filho (2002 apud SPAGNOL2004 ) "Não há constância de moradia, a formação dos hábitos deixa a desejar, porque eles não sabem que orientação seguir, se do meio familiar paterno ou materno”. [13: GRISSARD FILHO. In: SPAGNOL , Rosangêla P. Filhos da mãe: uma reflexão à guarda compartilhada? Artigo publicado no juris síntese nº 39 - jan/fev de 2003. ]
 Leila T. Britto acrescenta: A autoridade parental exercida em conjunto significa que todas as decisões importantes para as crianças, de ordem médica ou escolar, a respeito de viagens ou sobre religião, devem ser tomadas por ambos os pais, reconhecendo, ainda, que o dever de visita era uma limitação oficial ao relacionamento do pai, que não possuía a guarda, com os filhos. Argumenta-se que a guarda conjunta pode permitir ao pai que não convive com os filhos reforçar os sentimentos de responsabilidade junto a seus descendentes; e interpreta-se que, para o superior interesse da criança, deve ser resguardado o direito de ser educado por pai e mãe? Ou seja, a guarda compartilhada não implica alternância de lares, e sim uma corresponsabilização de dever familiar entre os pais, obviamente, nada impede que a criança ou adolescente resida em dois lares, em um regime que lembre a da guarda alternada.[14: BRITO, Leila. M. T. Impasses na condição da guarda e da visitação? O palco da discórdia. In: Família e Cidadania. O Novo CCB e a Vacatio Legis. Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, p. 444-445, 2002. ]
Exemplo de guarda compartilhada: STEINMAN realizou uma pesquisa com 24 famílias (e suas 32 crianças), na área da Baia de São Francisco nos Estados Unidos, metade das famílias tinha crianças em esquema de rodízio, ou seja, um tempo na casa de um genitor e outro período de tempo na casa do outro genitor, ela cita a experiência de uma das crianças, Judy (8 anos, pais residindo a menos de 5 quilômetros de distância): Aos sábados, Judy era apanhada pelo seu pai na casa de sua mãe e ficava com seu pai até a manhã da próxima terça-feira, quando ela ia para a escola. Judy era apanhada pela mãe após o seu programa de atividades pós-escola (day care programa) com quem permanecia até o sábado. Como a maioria das crianças na amostra pesquisada, Judy frequentava a mesma escola e o mesmo programa de atividades pós-escola independente do fato de estar com o pai ou a mãe.
GUARDA COMPARTILHADA: síntese[15: Senado Federal. Apesar da polêmica a guarda compartilhada é considerada um avanço por pais e especialistas. Disponível em:

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