Buscar

Aula 7 O Projeto Político Pedagógico Construindo Caminhos na Escola III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 7: O Projeto Político-Pedagógico: Construindo Caminhos na Escola III
Na aula anterior, apresentamos ideias acerca da elaboração dos dois primeiros momentos que envolvem a concepção do Projeto Político-Pedagógico: o marco referencial e o diagnóstico e como você pode observar são momentos que ajudam a configurar o “pano de fundo” sobre o qual ou em função do qual vai ser possível pensar as ações e/ou atividades propriamente ditas, ou seja, a programação da escola. Em outras palavras, são momentos que promovem a explicitação dos ideais e posicionamentos dos educadores que integram a escola (marco referencial), bem como a análise do contexto intraescolar (diagnóstico), aspectos fundamentais e que precisam ser considerados quando da elaboração da programação para que esta seja assentada sobre bases políticas, filosóficas, pedagógicas, operacionais, administrativas, financeiras, entre outras dimensões claramente conhecidas e definidas.
Entendemos que, dessa maneira, é possível construir uma proposta de ação e/ou de atividades que incorpora, discute e, até mesmo, busca avançar e transformar a realidade existente na direção das metas e ideias desejadas de serem alcançadas.
Uma programação concebida, tendo presente, de um lado, os seus princípios e/ou fundamentos e, de outro lado, a realidade na qual está inserida, tende a ser uma proposta com mais condições de responder às exigências dos sujeitos que dela participam, em uma perspectiva não só de transformação e crescimento pessoal e coletivo, como também de transformação e crescimento da sociedade em que vivem.
Sobre a Programação: aprofundando a reflexão
O momento da elaboração da programação é sempre muito esperado, como destaca Vasconcellos (2000, p. 194): a ação da instituição é fundamental, pois é ela que dá vida, consistência, o seu sentido de existir. O problema que se coloca é o tipo e a qualidade da ação que irá se desenvolver. Precisamos chegar a uma ação que de fato seja significativa para a instituição, o que significa dizer uma ação possível e que atenda às reais necessidades.
Todavia, entendemos que também é importante procurar dar saltos qualitativos e avançar em direção à concepção e à realização de ações e/ou atividades que possam ir além e sempre em uma perspectiva transformadora, o que significa pensar em ações e/ou atividades que possam fazer da escola... Um espaço de busca, construção, diálogo e confronto, prazer, desafio, conquista de espaço, descoberta de diferentes possibilidades de expressão e linguagens, aventura, organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política de todo o processo educativo (CANDAU, 2000, p.15).
Acreditamos que pensar a programação da escola, é retomar, portanto, as discussões e definições feitas no momento da elaboração do marco referencial e pensar na possibilidade de reinventar a escola para que ela possa falar a “língua de seu tempo-espaço” (KOFF, 2011).
Nesse sentido, é pensar uma programação que retoma o debate.
"O próprio papel da escola hoje as suas concepções e/ou abordagens pedagógicas, os seus currículos e as suas práticas educativas, refletindo sobre e ressignificando aspectos, como organização espaço-temporal, concepção do processo de ensino-aprendizagem, papel dos/as professores/as, ofício dos/as alunos/as, natureza das relações, saberes, conhecimentos e valores, métodos, técnicas e recursos, linguagens, planejamento, avaliação, formas de gestão, estratégias da formação em serviço entre vários outros estruturantes que a configuram" (KOFF, 2011). Pensar a programação, nesse contexto, é dar sentido ao conjunto de ações e/ou de atividades que a escola planeja levar à diante e que, segundo Vasconcellos (2000), inclui:
linhas de ação; ações concretas; atividades permanentes; determinações.  
Linhas de ação – que expressam muito mais uma atitude e/ou um comportamento e têm um caráter mais estratégico. Por exemplo: durante o ano letivo, vamos buscar envolver os pais por meio de palestras com a coordenação pedagógica e encontros com os professores. Outro exemplo: nossa escola vai buscar parcerias para a realização de atividades educativo-culturais em horários alternativos àqueles destinados ao trabalho na sala de aula. São linhas de ação que, no momento oportuno, poderão se transformar em ações concretas, mas que nesse momento do planejamento ainda não podem ser traduzidas com todos os detalhes necessários à sua execução, mas nem por isso deixam de ser importantes.
Ações concretas – que expressam o quê vai ser realizado, quer dizer, o tipo de ação e para quê, ou seja, com que finalidade. São ações que, já nesta fase do planejamento, podem ser elencadas com claras definições gerais sobre os seus objetivos, o período, os horários e os locais e/ou espaços determinados para a sua realização, os seus responsáveis específicos, os equipamentos e os recursos didáticos necessários, entre outras características.
Atividades permanentes – mais relacionadas às rotinas e/ou atividades que se repetem com frequência, tais como as reuniões das equipes pedagógicas, as reuniões dos professores por ano e/ou por disciplina.
Determinações - têm um caráter normativo e de obrigatoriedade, apontando um comportamento que possa ser observado e avaliado. Por exemplo: no primeiro segmento do ensino fundamental, a acolhida dos alunos em sala na hora da chegada deve ser feita sempre pelo professor da turma. São normas ou comportamentos que devem fazer sentido para todos os envolvidos e na perspectiva de responder às necessidades do bom funcionamento da escola.
Vale reiterar que todos esses elementos que compõem a programação - que podem ser compreendidos como diferentes níveis de ações e/ou atividades - precisam levar em conta tanto o que foi definido no marco referencial como os resultados do diagnóstico. Em outras palavras, a programação precisa expressar o que é relevante e prioritário para a instituição, tendo sempre presente sua realidade,metas e ideais.
E como fazer essa programação?
No contexto de um planejamento participativo, esse momento não é diferente dos demais e, por isso mesmo, todos devem participar de sua construção.
E a metodologia pode ser a mesma adotada nos momentos anteriores, ou seja, a partir de perguntas desafiadoras como o que fazer?, para que fazer?, como fazer?, ou de outra maneira, que ações e/ou atividades?, com que finalidades e/ou objetivos?, com que características gerais?, os professores (que podem ter um momento de reflexão individual) - em pequenos grupos – podem trocar ideias, apontar caminhos, fazer sugestões e assim, por aproximações sucessivas, vão compondo a programação da escola que será então ratificada em plenária.
O registro das propostas também pode acontecer de forma progressiva, quer dizer, os pequenos grupos podem ir construindo sistematizações preliminares até chegarem ao documento final que vai compor o Projeto Político-Pedagógico da escola.
Dependendo do tamanho da equipe e da complexidade da escola, é possível indicar uma equipe responsável pela redação final do documento a ser referendado na plenária. Vale lembrar que o processo de planejamento é flexível e se realimenta a partir da sua própria realização. Por isso mesmo, a programação, isto é, o conjunto de ações e/ou de atividades, sempre pode ser redefinida e/ou ajustada ao longo de sua realização, segundo a sua própria dinâmica e as necessidades da instituição.
Uma palavra final
Depois de todo esse processo de reflexão, debate, registros, sistematizações e consolidação das ideias e propostas em um texto denso e rico que compõe o que estamos aqui chamando de Projeto Político-Pedagógico da escola, sugerimos que ele seja reproduzido e socializado de modo que facilite a consulta, o acompanhamento, a avaliação e a sua atualização sempre que necessário, sempre que a vida escolar assim o exigir.
Cabe esclarecer: entendemos que o Projeto Político-Pedagógico é um plano de médio e de curto prazos. Nesse sentido, consideramos que o marco referencial pode ter um horizonte balizado dentro de um períodode 3 a 5 anos, embora, dada a velocidade com que o mundo gira hoje, ele possa ser revisto e ajustado em um tempo menor.
Todavia, por esse mesmo motivo e em função da complexidade e do movimento que marca a realidade extra e intraescolar, além da própria dinâmica da execução das ações/atividades, todo ano, o diagnóstico precisa ser atualizado e a programação elaborada.
Durante essas três aulas em que nos debruçamos sobre a concepção e elaboração do Projeto Político-Pedagógico, nosso esforço foi no sentido de superar a ideia - já nessa etapa da montagem da proposta geral da escola - de planejamento como uma ferramenta meramente burocrática e administrativa para dar lugar a pensar e fazer um planejamento que seja por excelência um espaço de construção coletiva, de indicação de caminhos alternativos para superar as dificuldades e fazer avançar em direção à realização de sonhos e utopias que ajudem a escola a contribuir para a formação de sujeitos/cidadãos mais autônomos, críticos e criativos.
Nosso esforço foi no sentido de sugerir e até mesmo orientar que a concepção e a elaboração do Projeto Político-Pedagógico não seja entendida apenas como algo pontual que se faz em um dado momento para responder a uma determinação formal. Ao contrário, nossa intenção foi propor que a construção do Projeto Político-Pedagógico seja considerada uma oportunidade de reflexão coletiva e seja entendida como parte de um processo permanente de planejar, agir, avaliar e (re)planejar. Cabe reiterar que o Projeto Político-Pedagógico precisa ser pensado, concebido e realizado como uma “obra aberta”, em constante movimento e que, portanto, implica permanente reflexão, ação, avaliação e novas deliberações sobre a vida escolar.
Como diz o professor Libâneo (2001, p. 126 e 127), "a escola que conseguir elaborar e executar, num trabalho cooperativo, seu Projeto Pedagógico-Curricular (é assim que ele denomina o que aqui chamamos de Projeto Político-Pedagógico), dá mostras de maturidade de sua equipe, de bom nível de desenvolvimento profissional de seus professores, de capacidade de liderança da direção e de envolvimento da comunidade escolar. A elaboração e execução do Projeto Pedagógico-Curricular, nesses termos, é a melhor demonstração de autonomia da equipe escolar e uma oportunidade de desenvolvimento profissional dos professores."
Para concluir esta aula, gostaríamos de sugerir que as ideias sobre a concepção e a elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola que apresentamos ao longo de nossas aulas fossem objeto de reflexão crítica. Isso significa que seria muito importante que você procurasse conhecer como diferentes escolas estão lidando com essa questão. Conhecer quais os limites e possibilidades de elaboração de um Projeto Político-Pedagógico concebido e elaborado nos termos aqui sugeridos. Seria muito interessante também que você procurasse conhecer outros autores que discutem esse tema e analisar como eles se posicionam, procurando desvendar aproximações e distanciamentos em relação às ideias que apresentamos.
É preciso que você tenha em mente que não há uma só maneira de construir um Projeto Político-Pedagógico. Até mesmo o roteiro orientador e a metodologia para a sua elaboração podem ser diferentes [o próprio Libâneo (2001) tem uma sugestão diferente para o roteiro]. Todavia, o que importa perceber é que, seja qual for o roteiro, entendemos que é necessário ter o momento em que os princípios e/ou fundamentos do trabalho sejam explicitados, que a realidade intra e extraescolar seja levada em conta e que as ações e/ou atividades sejam significativas, façam sentido para todos aqueles que dela vão participar, tendo como horizonte a sua formação pessoal e coletiva, entendendo-os como sujeitos dos processos vividos na escola.

Outros materiais