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Aula 8 O Planejamento do Processo de Ensino Aprendizagem um Desafio para a Ação Docente I

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Aula 8: O Planejamento do Processo de Ensino- Aprendizagem: um Desafio para a Ação Docente I
[...] para efeito de nosso estudo, estamos adotando a expressão planejamento escolar como referência ao planejamento global da escola, envolvendo um amplo processo de reflexão e de tomada de decisão sobre a proposta político-filosófica, pedagógica, organizacional e operacional e/ou de funcionamento da instituição escolar e que, segundo apresentaremos no próximo item, incorpora diferentes etapas e/ou níveis de detalhamento.
...] Tendo em vista que os nossos estudos sobre planejamento estão centrados no âmbito da escola, optamos - no que se refere aos seus níveis de elaboração – por adotar as categorias utilizadas por Celso Vasconcellos (2000) que prevê a concepção e a elaboração de dois níveis de planejamento, a saber: (1) o Projeto Político-Pedagógico e (2) o Projeto de Ensino-
-Aprendizagem que, por sua vez, abrange o plano de curso, também denominado de plano da disciplina ou plano anual e/ou plano de aula.
A leitura de tais fragmentos nos ajuda a situar o lugar do Projeto de Ensino-Aprendizagem no contexto do planejamento escolar, ou seja, diz respeito à vida da escola, mas, de uma maneira mais específica, busca, ou melhor, tem o papel de orientar a interação professor-aluno e o processo de ensino-aprendizagem propriamente dito.
O Projeto de Ensino-Aprendizagem expressa, de um modo bem mais detalhado, os processos, ações e atividades que vão ser desenvolvidos pelos sujeitos da prática educativa em diferentes momentos e situações. Processos, ações e atividades que serão concebidos, tendo sempre presente respostas articuladas a perguntas como, por exemplo:
O que vamos fazer? 
Como vamos fazer? 
Para que vamos fazer? 
Por que vamos fazer? 
Com quem vamos fazer? 
Onde vamos fazer? 
Em que tempo vamos fazer? 
Com que recursos, vamos fazer? 
Como vamos acompanhar e avaliar o que estamos fazendo?
Cabem aqui três observações que consideramos significativas. A primeira diz respeito ao fato de utilizarmos a palavra Projeto no lugar de Plano na expressão Projeto de Ensino-Aprendizagem. Em consonância com Vasconcellos (2000, p. 97) e embora neste caso os termos projeto e plano possam ser compreendidos como conceitos similares, também preferimos a palavra projeto no lugar de plano:
"Em função do significado mais vivo, dinâmico e potencialmente mobilizador do primeiro: enquanto o plano nos remete mais à ideia de produto, o projeto traz subjacente a ideia de processo-produto, ou seja, o projeto, da forma como estamos concebendo, inclui o conceito de plano e o transcende, na medida em que remete para todo um processo de reflexão, de construção das representações e colocação em prática, e não apenas ao seu registro."
A segunda observação está relacionada ao uso, neste contexto, da expressão Ensino-Aprendizagem, embora seja muito comum a utilização da expressão Plano de Ensino ou Projeto de Ensino. A ideia aqui é reafirmar a relação dialética, de reciprocidade e, até mesmo, de interdependência entre os processos de ensino e de aprendizagem. Em outras palavras, nossa intenção é valorizar o uso do conceito de ensino-aprendizagem, entendendo-o como um processo que se dá entre diferentes sujeitos (professores e alunos), numa relação que envolve troca, reciprocidade e diálogo entre diferentes saberes e conhecimentos.
O terceiro comentário refere-se ao fato da necessidade de se ter sempre presente o Projeto de Ensino-Aprendizagem, além de ser um dos níveis do planejamento escolar que precisa ser considerado, concebido e elaborado em permanente diálogo com o Projeto Político-Pedagógico.
Isso significa que as concepções de educação, escola, currículo, ensino, aprendizagem, conhecimento, do papel do professor, de ofício de aluno, entre outras expressas no Projeto Político-Pedagógica são aquelas que também vão nortear a construção do Projeto de Ensino-Aprendizagem.
Feitos esclarecimentos iniciais nas telas anteriores, você já pode avançar suas reflexões, buscando aprofundar a discussão em torno do plano anual e do plano de aula, ou seja, analisando os conceitos, as abrangências e as finalidades de cada um desses componentes do Projeto de Ensino-Aprendizagem.
	SOBRE O PLANO ANUAL E PLANO DE AULA
Também denominado de plano de curso ou plano da disciplina (principalmente nos segmentos que adotam a organização disciplinar do currículo escolar), o plano anual expressa uma proposta, ainda geral, do trabalho que será desenvolvido por professores e alunos ao longo do ano letivo, em cada uma das séries/anos dos diferentes segmentos (fundamental e médio) da educação básica e da educação infantil. 
Embora algumas escolas adotem a prática de subdividi-lo em planos semestrais ou trimestrais ou bimestrais, no âmbito dessas nossas reflexões, vamos trabalhar com a ideia de plano anual.
O plano anual poderá responder melhor à complexidade da prática educativa hoje e às exigências de uma formação pautada pelas perspectivas crítica e intercultural quanto mais for articulado com:
(1) os princípios e fundamentos da educação que se deseja implementar;
(2) os princípios e fundamentos das diferentes áreas de saberes e conhecimentos, inclusive em uma perspectiva interdisciplinar;
(3) a realidade dos alunos, dos professores e demais participantes da vida escolar;
(4) o contexto intra e extraescolar;
(5) a realidade sociocultural mais geral.
Quanto mais o plano anual for construído também coletivamente (por exemplo: pelo grupo de professores de uma mesma série/ano ou pelo grupo de professores responsáveis pelo primeiro segmento do ensino fundamental ou pelo grupo de responsáveis e dinamizadores da educação infantil), maiores serão as oportunidades de ele se constituir como um espaço de aperfeiçoamento dos professores que, com a troca e o diálogo, enriquecem-se com a pluralidade de experiências, saberes e conhecimentos, bem como um espaço de construção de um processo de ensino-aprendizagem mais significativo para todos os sujeitos que dele participam.
Até mesmo os planos de aula que expressam, de modo ainda mais detalhado, o que vai acontecer em uma unidade menor de tempo (uma aula ou um pequeno conjunto de aulas) e em uma relação mais direta entre o professor e a sua turma pode ser beneficiado pela partilha de ideias e/ou sugestões.
É muito comum encontrar professores que não acreditam na relevância desse procedimento, reagindo, por exemplo, da seguinte maneira:
“Planejar é coisa de quem está começando.”
“Planejar é prever o imprevisível e brincar de Deus.”
“Como planejar se a cada hora nos pedem uma coisa?”
“Tenho muitas turmas. como vou encontrar tempo para planejar?”
“Fazer planejamento é muito complicado e burocrático.”
 “Planejar é se amarrar e é perder a liberdade.”
“Colocar no papel é fácil, quero ver executar tudo que planejou.”
A esta altura de suas reflexões, você já tem várias  respostas para contradizer essas opiniões?
Essas interpretações acerca do planejamento só fazem sentido quando ele é considerado em uma perspectiva meramente instrumental, “descolado” de uma proposta de educação que tem no horizonte a transformação da realidade na direção até aqui apontada.
Assim, “[...] muito sinteticamente, entendemos que a educação escolar é um sistemático e intencional processo de interação com a realidade, através do relacionamento humano baseado no trabalho com o conhecimento e na organização da coletividade, cuja finalidade é colaborar na formação do educando na sua totalidade - consciência, caráter, cidadania, tendo como mediação fundamental o conhecimento que possibilite o compreender, o usufruir ou o transformar a realidade” (VASCONCELLOS, 2000, p. 98).
As reflexões propostas ao longo do nosso curso têm sido no sentido e incorporar o planejamento como uma prática participativa, democrática e que nos ajuda a explicitar e criar condições mais favoráveis para a construção de um currículo e de uma prática educativa que possa de fato contribuir para a formação de sujeitos mais autônomos, críticos e criativos,capazes de compreender, de intervir e de transformar a realidade.
Todavia, não podemos pensar no planejamento de um modo geral e no plano anual e mesmo nos planos de aula em particular como um roteiro rígido, sem nenhuma flexibilidade ou possibilidade de adotar desvios. Ao contrário, é preciso reconhecê-los, sim, como expressão da nossa intencionalidade, mas também como uma indicação de possibilidades que pode acolher o imprevisto, a espontaneidade e os novos desafios que podem surgir ao longo da caminhada.
Os educadores que entendem o planejamento nessa perspectiva, ao contrário daqueles que não acreditam no potencial de tal procedimento, consideram-no uma prática relevante que pode contribuir tanto para organização, realização, acompanhamento e avaliação das práticas docentes e discentes, bem como para dar a elas significado e fazê-los avançar na direção de conquistar seus sonhos e ideais.
Longe de considerar o planejamento como uma varinha mágica, capaz de resolver todos os problemas do cotidiano escolar, acreditamos que ele deve ser também problematizado e incorporado à ação docente de modo crítico, sabendo que tem os seus limites, mas também as suas possibilidades.
Acreditamos na possibilidade de fazer a seguinte síntese:
Construir o plano anual e os planos de aula (objetos específicos desta nossa aula) exige, entre outros cuidados, fazer pesquisas em diferentes fontes, ter informações e conhecimentos acerca da realidade com a qual vamos lidar diretamente, valorizar a articulação entre os diferentes elementos ou partes que vão compor os respectivos planos, acreditar na necessidade de fazer constantes revisões; ter consciência de que não existe um só caminho para atingir metas e os objetivos, compreender essa própria construção como processo que, por sua vez, articula-se e realimenta-se de outros dois processos: o da realização propriamente dita das ações e atividades e o da sua avaliação sistemática.
Para concluir esta aula, fica aqui uma sugestão – até mesmo como preparação para as próximas aulas: levando em conta os conceitos, as abrangências e finalidades do plano anual e do plano de aula, procure construir um roteiro, quer dizer, uma listagem dos itens que devem compor cada um desses planos. Você pode organizar esse roteiro ou listagem da maneira que achar mais adequada – quadro, esquema, simples listagem, etc. Ao lado de cada um dos itens, procure descrever como você o definiria. Registre tudo isso, porque durante as aulas 9 e 10 você vai poder confrontar as suas ideias com as nossas propostas, tendo em vista as características de cada um desses níveis de planejamento.

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