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LINGUÍSTICA 2 Revisão AP1

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Linguística II – 2017.1 
Guia de estudos para AP1 – questões e 
exercícios 
 
 Questões comentadas 
 
– AULA 1 – 
 
1) Em que medida a linguagem pode ser caracterizada como 
um fenômeno cognitivo? 
O termo cognição diz respeito a tudo que se relacione a aquisição, 
estocagem, recuperação e uso de conhecimento. A linguagem – 
junto com outros fenômenos tais como percepção, atenção, 
memória, conceitos, crenças, raciocínio, emoções, etc. – faz parte 
da nossa cognição. Podemos caracterizar a linguagem como um 
fenômeno cognitivo na medida que ela é um tipo de conhecimento 
específico (tácito, implícito e inconsciente) a ser adquirido e, ao 
mesmo, permite que novo conhecimento possa ser construído e 
transmitido. Denominamos esse conhecimento da língua 
conhecimento linguístico ou competência linguística. 
 
2) Como podemos definir o que é chamado de faculdade da 
linguagem? 
Chamamos de faculdade da linguagem a disposição biológica que 
todos seres humanos com sua capacidade linguística intacta 
possuem para adquirir, produzir e compreender palavras, frases e 
discursos. 
 
3) O que seriam as ciências cognitivas e porque Linguística 
pode ser considerada como tal? 
O conjunto de disciplinas que têm como objetivo geral compreender 
a natureza e funcionamento da mente humana, são chamadas de 
Ciências Cognitivas. Disciplinas tais como a neurociência e a 
filosofia da mente, dentre outras, fazem parte desse conjunto. 
Podemos dizer que a Linguística forma parte desse mesmo 
conjunto na medida que ela se ocupa de um fenômeno cognitivo: a 
linguagem. A Linguística concebida como uma ciência cognitiva tem 
como objetivos descrever e explicar a natureza, origem e uso da 
linguagem humana. 
 
4) O que é a Teoria Gerativa ou Gerativismo? 
O Gerativismo – também chamado de linguística gerativa, 
gramática gerativa, teoria gerativa, ou, num termo mais antigo, 
gramática gerativo-transformacional – pode ser considerado o 
modelo linguístico mais influente nas ciências cognitivas. Essa 
teoria surgiu no final dos anos cinquenta nos Estados Unidos, a 
partir das ideias revolucionárias formuladas por Noam Chomsky. De 
acordo com essa perspectiva teórica, o papel fundamental da 
linguística é descrever o conhecimento linguístico dos falantes. A 
proposta de Chomsky foi revolucionária já que, até então, o foco da 
linguística estava quase exclusivamente na dimensão social e 
histórica da linguagem humana. 
 
– AULA 2 – 
1) Como podemos definir os conceitos de Língua-E e Língua-I? 
O termo Língua-I (internalizada, intensional) foi proposto por 
Chomsky para fazer referência à língua em sua acepção cognitiva. 
Já Língua-E (externalizada, extensional) é o termo proposto para 
fazer referência à língua como fenômeno sociocultural. A Língua-E 
diz respeito ao conjunto de sentenças geradas por uma gramática 
ou os enunciados efetivamente produzidos. A Língua-I, por sua vez, 
é a gramática interna, ou internalizada na mente do falante. 
 
2) O que se entende por modularidade da mente e como 
podemos relacionar essa noção com a ideia de modularidade 
da linguagem? 
O conceito de modularidade da mente – cunhado pelo filósofo e 
psicolinguista Jerry Fodor – faz referência à ideia segundo a qual a 
mente humana seria constituída por diversos compartimentos ou 
módulos especializados para a execução de tarefas específicas. 
Nessa perspectiva, o que chamamos de inteligência seria, de fato, 
um conjunto de inteligências especializadas e autônomas 
(envolvendo aspectos tais como a linguagem, a visão, a memória, a 
percepção espacial, as relações lógico-matemáticas etc.). A ideia 
de modularidade se opõe à perspectiva generalista ou da 
uniformidade da mente (também chamada de mente holista ou 
inteligência única), que concebe nossa inteligência como um todo 
indivisível. O sistema linguístico pode ser caracterizado como um 
módulo cognitivo autônomo na medida que desempenha uma tarefa 
cognitiva específica. 
Módulos mentais podem ser organizados em outros módulos 
menores (módulos internos ou submódulos). No que diz respeito ao 
módulo da linguagem, essa última ideia é bastante útil para 
explicarmos o fato de que o nosso conhecimento linguístico é, na 
verdade, um conjunto de conhecimentos especializados e 
relativamente independentes entre si. Os submódulos linguísticos 
são: o módulo fonológico, o módulo morfológico, o módulo lexical, o 
módulo sintático, o módulo semântico e o módulo pragmático. 
 
3) Casos de pessoas que apresentam dissociações no 
desenvolvimento de aspectos cognitivos diversos (linguísticos 
ou não) fornecem evidência que permite rejeitar uma hipótese 
generalista da inteligencia. Especificamente no que diz respeito 
ao desenvolvimento linguístico, o comprometimento de um 
aspecto com preservação dos restantes, constitui evidência 
favorável para a hipótese da existência de submódulos nos 
sistema cognitivo da língua. 
Como podemos explicar as ideias anteriores? 
Além de ser um módulo mental, a linguagem é constituída por 
módulos internos, os submódulos. Casos atípicos de aquisição da 
linguagem que mostram dissociações entre diferentes aspectos 
linguísticos (bom domínio de um aspecto juntamente com o 
comprometimento de outro) podem ser tomados como evidência da 
existência de módulos específicos e relativamente independentes. 
Casos como os de Chelsea e Genie (que mostram um bom 
desenvolvimento lexical, semântico e pragmático combinado com 
um comprometimento da sintaxe) e de Antony (que apresenta 
sintaxe, morfologia e fonologia bem preservadas a despeito de 
problemas pragmáticos e semânticos) sugerem que o conhecimento 
linguístico estaria organizado em frações que podem ser 
individualmente afetadas. 
Obs: A seguinte informação NÃO está no material didático, mas é 
um exemplo adicional que pode ajudar a compreender melhor a 
questão. 
O caso de Laura (descrito por Yamada 1990) dá suporte à hipótese 
de uma dissociação entre domínios cognitivos, particularmente 
entre o domínio da linguagem e outros domínios associados a uma 
inteligência mais geral. Tal dissociação questiona a hipótese de 
Piaget segundo a qual o desenvolvimento a linguagem depende do 
desenvolvimento cognitivo mais geral. 
No caso de Laura, um déficit mental coexiste com uma linguagem 
preservada. Embora ela seja incapaz de levar uma vida 
independente, com QI 55 (em teste em que a média costuma ser 
100), Laura utiliza estruturas verbais ricas quanto à sintaxe e à 
morfologia. Entretanto, nem todas as áreas da linguagem estão 
igualmente preservadas em Laura. As habilidades semânticas e 
pragmáticas aparecem prejudicadas: sua fala é repetitiva, pouco 
informativa e muitas vezes não adequada ao contexto. Da mesma 
forma, em tarefas não linguísticas envolvendo classificação, 
construção hierárquica e criação de regras (habilidades muitas 
vezes associadas à linguagem), o desempenho de Laura é muito 
fraco. 
Casos como o de Laura parecem sustentar a hipótese da 
modularidade da linguagem e indicar que a linguagem não seria um 
subproduto (um reflexo) do desenvolvimento da cognição mais 
geral, mas um sistema cognitivo específico. 
 
– AULA 3 – 
 
1) Porque a criatividade é considerada uma propriedade crucial 
das línguas naturais? 
A criatividade – ou seja, a capacidade de criar e compreender 
novas frases diferentes daqueles que já produzimos ou já ouvimos 
– é o que distingue as línguas humanas dos sistemas de 
comunicação animal. Diferentemente dos animais treinados para 
utilizar uma linguagem natural, cada frase que proferimos ou 
ouvimos é sempre uma criação inédita e única, e não uma repetição 
de algo guardado em nossa memória de maneira passiva. A 
produtividade – ou seja possibilidade de sempre falar “coisas novas” 
(o ineditismo do uso da linguagem) – está garantida em boa 
medida, pelo uso infinito de meios finitos. Isto é,temos um número 
finito de palavras ou itens no nosso léxico e um número finito de 
regras para combinar esses elementos, mas a aplicação dessas 
regras não tem limites a priori (é recursiva). Nesse sentido, 
podemos dizer que termos como “recursividade”, “produtividade”, 
“ineditismo”, “infinitude discreta” e “uso infinito de recursos finitos” 
são termos quase-sinônimos de criatividade. 
 
2) O que significa competência e desempenho no contexto da 
teoria gerativa e como se relacionam essas noções com os 
conceitos de língua-I e língua-E? 
A competência linguística é nossa língua-I, ou seja, a capacidade 
de produzir e compreender expressões linguísticas compostas 
pelos códigos da língua-E de nosso ambiente. Essa capacidade é 
usada quando falamos, ouvimos, escrevemos ou lemos textos, mas 
também está armazenada em nossa mente quando estamos em 
silêncio, sem fazer uso da a linguagem. O uso concreto, em tempo 
real, de nossa competência linguística é o que denominamos 
desempenho ou performance, sendo que, esse mesmo uso o 
conforma a língua-E. 
 
3) Em que consiste o chamado problema de Platão e de que 
forma está relacionado com o problema lógico da linguagem e 
com o argumento da pobreza de estímulos? 
O chamado problema de Platão diz respeito à origem do 
conhecimento. Ele pode ser sintetizado na seguinte forma: como é 
que a partir de experiências tão passageiras e fragmentárias os 
seres humanos são capazes de construir vários tipos de 
conhecimentos sofisticados e complexos? Aplicado à questão da 
aquisição da linguagem (lembrando que a linguagem é um tipo 
específico de conhecimento) esse problema pode ser formulado 
como segue: como é possível que uma criança, após pouco tempo 
de contato com a língua de seu ambiente, sem passar por 
treinamento explícito e nem possuir um sistema neurológico 
completamente desenvolvido, seja capaz de adquirir um 
conhecimento linguístico tão completo e complexo? 
Algumas possíveis respostas à questão acima seriam: (i) as 
crianças aprendem a linguagem através da imitação da fala dos 
adultos ou por tentativa e erro; (ii) os adultos ensinam 
explicitamente a lógica do uso da linguagem às crianças (ou seja, 
os adultos “treinam” as crianças); (iii) as crianças são muito 
inteligentes e conseguem encontrar todas as informações 
necessárias para adquirir uma língua nos estímulos do ambiente 
(veja que estamos considerando que tudo o que é suficiente e 
necessário para a construção do conhecimento linguístico está nos 
estímulos do ambiente). Chomsky formulou dois importantes 
argumentos para rejeitar todas essas ideias: o problema lógico da 
aquisição da linguagem e o argumento da pobreza de estímulo. 
Com essas duas ideias, Chomsky salienta que o simples contato 
com os estímulos linguísticos, não pode explicar como chegamos a 
desenvolver um conhecimento linguístico tão específico sobre a 
fonologia, a morfologia, o léxico, a sintaxe, a semântica e 
pragmática de uma língua natural. 
O argumento da pobreza de estímulos diz que os estímulos 
linguísticos do ambiente não contêm todas as informações 
necessárias para a aquisição de todos os detalhes de uma língua. 
Consequentemente, a criança precisa possuir, em sua mente, 
algum equipamento especial para conseguir extrair dos estímulos 
todas as informações necessárias para a construção do 
conhecimento linguístico. 
– AULA 4 – 
 
1) O que seria a hipótese inatista para a aquisição da 
linguagem? 
A hipótese inatista é a resposta que a linguística gerativa apresenta 
ao problema de Platão. Segundo essa hipótese, os seres humanos 
são capazes de adquirir uma (ou mais) línguas naturais porque 
estão geneticamente pré-programados para isso. De acordo com 
essa hipótese, o ser humano é capaz extrair dos dados da sua 
experiência a informação necessária para construir uma 
competência linguística porque essa é uma dotação genética de 
nossa espécie. O inatismo linguístico sustenta a tese de que a 
predisposição para a linguagem é inata, ou seja, uma característica 
biológica da espécie. 
No contexto da linguística gerativa, utiliza-se o termo faculdade da 
linguagem para fazer referência à dotação biológica que a espécie 
humana possui para a aquisição e o uso de pelo menos uma língua 
natural. Essa faculdade inata possibilitará à criança analisar os 
estímulos da língua do ambiente (a língua-E) de forma a construir 
uma competência linguística (a língua-I). 
A hipótese inatista apresenta duas versões, uma fraca e uma forte. 
A versão fraca da hipótese, rejeita a ideia de que todas as 
informações linguísticas que tornam a aquisição da linguagem 
possível estejam pré-detalhadas e assume que os princípios 
linguísticos emergem durante o processo de aquisição da língua do 
ambiente. 
 
– AULA 5 – 
 
1) Como é definida a gramática universal (GU)? 
No contexto da teoria gerativa, a GU é concebida como o estágio 
inicial da aquisição da linguagem. Esse estágio inicial corresponde 
ao estado natural da cognição linguística humana antes do contato 
da criança com a língua-E de seu ambiente. A GU é definida como 
uma propriedade do cérebro humano. Essa propriedade é a 
concretização biológica de nossa faculdade da linguagem. É 
importante lembrar que a GU não é o conhecimento de nenhuma 
língua específica, mas uma disposição biológica, uma 
potencialidade. 
 
2) Em que consiste a Teoria de Princípios e Parâmetros? 
A Teoria de Princípios e Parâmetros (P&P) foi formulada na década 
de 1980 no contexto da linguística gerativa e, basicamente, visa a 
explicar como é a GU. De acordo com essa teoria, a GU está 
composta por dois conjuntos de informações, os Princípios e os 
Parâmetros. Os princípios são responsáveis pelas semelhanças 
que as línguas compartilham entre si; já os Parâmetros estão 
vinculados às possíveis diferenças entre as línguas naturais. Assim, 
a GU deve ser compreendida essencialmente como um conjunto de 
regularidades gramaticais universais (Princípios) e um conjunto 
limitado de variações linguísticas possíveis (Parâmetros). 
A teoria de P&P estabelece que uma língua-I qualquer é o resultado 
da articulação entre um conjunto de Princípios universais e um 
conjunto de Parâmetros formatados pela experiência de um 
indivíduo. Há um grande número de Princípios da GU tais como: o 
Princípio da Subordinação, o Princípio da Dependência de Estrutura 
e o Princípio da Correferência. No que diz respeito aos Parâmetros, 
temos o Parâmetro do Sujeito Nulo, o Parâmetro do Núcleo, o 
Parâmetro QU-, dentre outros. Cada um desses Parâmetros 
determina propriedades sintáticas específicas de uma língua. 
 
– AULA 6 – 
 
1) A que refere o termo “arquitetura da linguagem”? 
O termo “arquitetura da linguagem” refere à forma na qual as 
línguas naturais estão organizadas no 
conjunto das faculdades cognitivas humanas. Estudar a arquitetura 
da linguagem é compreender como a linguagem se estrutura e 
funciona no interior da mente humana. 
 
2) A linguagem é um sistema cognitivo que interage com 
outros sistemas no interior da mente. Explique como essa ideia 
se relaciona com a noção de interface e com o Princípio de 
Interpretabilidade plena. 
Na perspectiva da arquitetura da linguagem proposta pela teoria 
gerativa, a linguagem é apenas um dos componentes da 
inteligência humana. Podemos dizer que ela é um um sistema 
cognitivo que interage com outros sistemas, passando-lhes 
informações relativas a som e significado. Essa interação é 
posssível graças às chamadas interfaces. As interfaces da 
linguagem são duas: o sistema de pensamento e o sistema 
sensório-motor. Essas ideias se relacionam com o chamado 
Princípio da Interpretabilidade Plena na medida que, as informações 
transmitidas pelo sistema cognitivo da língua devem poder ser 
interpretadas pelos sistemas de interface. Assim, o Princípio da 
Interpretação Plena deve ser entendidocomo o conjunto das 
restrições cognitivas que os sistemas de interfaces impõem ao 
funcionamento da linguagem humana. 
 
3) Quais são os componentes da linguagem? 
Os componentes da linguagem são quatro: o Léxico, Sistema 
Computacional, Forma Fonética (FF) e Forma Lógica (FL). O Léxico 
é o componente em que todas as informações sobre som e 
significado dos itens lexicais isolados estão depositadas. O Sistema 
Computacional ou Sintaxe é o encarregadode compor expressões 
complexas (sintagmas e frases) a partir da combinação recursiva de 
itens retirados do Léxico. A Forma Fonética (FF) converte as 
representações geradas pela Sintaxe em informações articulatórias 
e acústicas que podem ser enviadas para a interface sensório-
motora. Por último, Forma Lógica transforma as representações 
geradas na Sintaxe em informações lógicas prontas para ser 
enviadas para a interface conceitual-intencional. 
 
– AULA 7 – 
 
1) A que refere o termo traço na caracterização do léxico e 
quais são os tipos de traços que compõem os itens lexicais? 
As informações conceituais e linguísticas armazenadas no léxico de 
uma língua encontram-se organizadas na mente de maneira 
sistemática e coerente. Cada item do léxico é, na verdade, um 
conjunto de traços, ou seja, um conjunto de informações relativas a 
esse item. Os traços lexicais podem ser de três tipos: traços 
semânticos, traços fonológicos e traços formais ou sintáticos. Os 
traços semânticos presentes num item são aqueles que 
estabelecem relações entre a língua e o sistema conceitual-
intencional, já os traços fonológicos estabelecem relações entre a 
língua e o sistema articulatório-perceptual. Traços formais codificam 
informações a serem acessadas e usadas pelo Sistema 
Computacional. 
 
2) Porque os traços formais – e em particular os traços 
categoriais – são relevantes para o Sistema Computacional? 
Traços formais carregam a informação necessária para que o 
Sistema Computacional possa construir estruturas linguísticas, isto 
é, informam a respeito das relações sintáticas que um dado item 
lexical deve estabelecer com outros itens no interior da sentença 
em que venha a ser inserido. Um tipo específico de traço formal é a 
informação relativa à categoria de um item. Os itens do léxico 
apresentam informações sobre a classe de palavras à qual 
pertencem (verbo, nome, pronome, etc.). Esse tipo de traço é uma 
informação relevante para o Sistema Computacional porque o traço 
categorial de um item determina, por exemplo, a sua posição 
distribucional na frase. 
3) Em que consiste o traço de seleção de um item e como essa 
noção se relaciona com os conceitos de predicador e 
argumento? 
Outro tipo de traço formal diz respeito às propriedades de seleção 
de determinado item. Certos itens apresentam a possibilidade de 
selecionar outro(s) item(ns) com os quais vão obrigatoriamente 
compor a estrutura de uma frase. Quando um item possui traços de 
seleção, dizemos que ele é um predicador (ele pode selecionar 
outros itens para compor uma estrutura). Já os elementos que são 
selecionados por um predicador são chamados argumentos. Um 
verbo (V) como comprar, na frase João comprou uma casa, é um 
predicador com dois argumentos (João e a casa), já um verbo como 
colocar em Marcelo colocou o dinheiro na poupança, seleciona três 
argumentos (Marcelo, o dinheiro e na poupança). 
 
4) O que seria a estrutura argumental de um item? 
Chamamos estrutura argumental ao conjunto de informações 
associadas a um item do léxico que dizem respeito a: o número de 
argumentos que um predicador possui (um, dois, três 
argumentos?), o status do(s) argumento(s) com respeito ao seu 
predicador (o argumento é complemento ou especificador?), as 
restrições semânticas e formais a que os argumentos devem ser 
submetidos no momento da seleção. 
 
5) Porque dividimos os argumentos em internos e externos? 
Os predicadores das línguas humanas possuem limitações quanto 
ao número de argumentos que podem selecionar. O número 
mínimo de argumentos que um predicador seleciona é um e o 
máximo é três. Seja qual for a quantidade de argumentos 
selecionados (um, dois ou três), há somente duas maneiras por 
meio das quais o sistema computacional pode estabelecer uma 
relação sintática entre um predicador e seu(s) argumento(s): 
[predicador → complemento] e [especificador ← predicador]. Ou 
seja, um argumento SEMPRE assume um status em relação a seu 
predicador: complemento ou especificador. O complemento de um 
predicador é também chamado argumento interno, enquanto seu 
especificador pode ser denominado argumento externo. Esses 
nomes refletem a maior imediaticidade (relação interna) da relação 
entre predicador e complemento, por contraste à menor 
imediaticidade (relação externa) estabelecida entre especificador e 
predicador. 
 
6) Qual é a diferença entre argumentos e adjuntos? 
Argumentos são elementos cuja ocorrência na sentença se 
encontra prevista nos traços formais que fazem de certo item lexical 
um predicador. Uma sentença que deixe de realizar um ou mais 
argumentos selecionados por um predicador ou que realize mais 
argumentos dos selecionados redundará em agramaticalidade. 
Diferentemente dos argumentos, os adjuntos não são previsíveis a 
partir dos traços formais de um dado predicador, mas são 
selecionados de acordo com o planejamento de fala dos indivíduos. 
Os adjuntos não tem a ver com a gramaticalidade da sentença. 
 
– AULA 8 – 
 
1) Qual é a diferença entre s-seleção e c-seleção? 
Não é qualquer tipo de palavra ou expressão que pode funcionar 
como argumento de um predicador. Além de selecionar argumentos 
e determiná-los como complementos ou especificadores, os 
predicadores também lhes impõem restrições semânticas e 
categoriais. As restrições semânticas que os predicadores impõem 
a seus argumentos são denominadas traços de seleção semântica 
ou s-seleção; já a c-seleção (seleção categorial) diz respeito à 
categoria sintática do argumento: especifica se o argumento que 
deve ser selecionado é um sintagma nominal (SN), um sintagma 
adjetivo (SA), um sintagma preposicionado (SP), etc. 
 
2) Que são os papeis temáticos e qual é sua relação com a 
grade temática de um predicador? 
Uma propriedade dos predicadores é a sua capacidade de atribuir 
valores semânticos a seus argumentos. Os significados atribuídos 
aos argumentos são denominados papéis temáticos (papéis-θ, com 
a letra grega “theta”). A grade temática diz respeito aos traços que 
determinam que interpretações semânticas (ou papéis temáticos) 
devem ser associadas a cada um dos argumentos de um 
predicador (agente, paciente, tema, alvo, instrumento, são alguns 
dos papeis temáticos que podem ser atribuídos pelos predicadores 
– lembrando que nem todo predicador atribui todos os papeis 
possíveis). 
 
3) Quais são as subcategorias dos predicadores verbais? 
Uma subcategoria é uma categoria dentro de outra categoria. 
Lembrando que V é uma categoria gramatical, 
as subcategorias de V dizem respeito às diferentes subclasses de 
verbos lexicais que existem nas línguas naturais. Predicadores 
verbais podem ser agrupados em três subcategorias: verbos 
transitivos, verbos inergativos e verbos inacusativos. Os transitivos 
incluem os predicadores verbais que selecionam argumento externo 
e um ou dois argumentos internos. Os inergativos são a 
subcategoria de verbos que selecionam apenas argumento externo 
e os inacusativos selecionam apenas argumento interno.

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