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Revisão com resposta AP2 LINGUISTICA

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Linguística II – 2017.1 
Guia de estudos AP2 – Aulas 9-20 
 
AULA 9 
 
1) Faça a representaça em árvore sintática ou em colchetes das 
sentenças abaixo. 
 
a) João ama festas de aniversário. 
 
 
[SN João [SV ama [SN festas [SP de [SN aniversário]]]]]] 
 
 SV 
 
 SN V 
 
 N V SN 
 
 João ama 
 N SP 
 
 festas P' 
 
 P N 
 
 de aniversário 
 
 
 
 
b) Maria teve muitos filhos. 
 
 
[SN Maria[SV teve [SN muitos livros]]]] 
 
 SV 
 
 SN V 
 
 N V SN 
 
 Maria teve N 
 
 D N 
 
 muitos filhos 
 
 
AULA 10 
 
1) Qual é a instância que se localiza entre o léxico e o sistema 
computacional? Explique-a. 
A numeração. Ela é uma entidade psicológica que corresponde 
aproximadamente ao nosso planejamento de fala. É a compilação 
dos conjuntos de instruções que serão retirados para uma 
derivação. 
 
 
AULA 11 
3) A Aquisição da Linguagem pode ser caracterizada como um 
fenômeno cognitivo e social complexo. Diferentes perspectivas 
teóricas buscam dar conta dessas duas dimensões do processo de 
aquisição. Desenvolva essa afirmação. 
A aquisição da linguagem envolve tanto um processo cognitivo 
de formação de regras abstratas (construção de uma gramática), 
quanto o desenvolvimento de habilidades de expressão e 
comunicação. Enquanto as primeiras são adquiridas pela simples 
exposição à língua em questão, as segundas dependem em boa 
medida da interação social. Existem diversas abordagens teóricas 
para tentar dar conta do complexo processo de aquisição. Como 
acontece nos estudos sobre a linguagem de um modo geral, 
também no caso da aquisição cada teoria prioriza algum aspecto 
específico em detrimento dos outros. Assim, encontramos a teoria 
gerativista cujo foco é a aquisição da gramática por parte da 
criança e abordagens sociointeracionistas que centram seu 
interesse em aspectos sociais e interacionais da linguagem. 
Ambas as perspectivas estudam o processo de aquisição, mas os 
objetivos específicos são diferentes em cada caso. 
 
4) Explique a distinção entre aquisição e aprendizado no que diz 
respeito à língua falada e a língua escrita. 
A aquisição pode ser caracterizada como um processo de 
obtenção de conhecimentos e habilidades, mas sem a necessidade 
de todos os mecanismos envolvidos no processo de 
aprendizagem. A aquisição é um processo natural, diferente do 
aprendizado dirigido, que precisa da orientação de alguém 
dirigida à criança para que ela aprenda. A língua falada é um tipo 
de conhecimento adquirido pela criança. A língua escrita, por sua 
vez, depende de um processo de aprendizado: a criança passa 
usualmente por um ensino formal ao longo do qual são 
salientadas propriedades da língua, suas regras e exceções. Além 
disso, durante o aprendizado da escrita a criança utiliza um 
vocabulário especializado para expressar suas descobertas a 
respeito desse processo, suas dúvidas e 
questionamentos (Exemplo: “a barriguinha do ‘p’ é para a direita 
ou para a esquerda?”; “se eu falo [gatu] eu deveria escrever 
“gatu”; etc.) e é exposta a correções sistemáticas, que revelam 
padrões inexistentes da língua, para que assim ela os evite. Todas 
essas características permitem distinguir o processo de 
aprendizado da escrita do processo natural de aquisição da língua 
oral. 
 
AULA 12 
5) O desenvolvimento linguístico apresenta aspectos universais 
ou compulsórios e aspectos idiossincráticos, peculiares a cada 
indivíduo. Desenvolva essa afirmação. 
É possível constatar que, partir de experiências diferentes, todos 
os membros de uma comunidade linguística – após o processo de 
aquisição ser completado – falam uma mesma língua. Esse fato 
sugere que, por mais distintas que tenham sido nossas 
experiências no desenvolvimento linguístico, haveria uma série de 
semelhanças marcantes entre nossas trajetórias. A ideia da 
universalidade remete, por sua vez, à ideia das fases na aquisição 
da linguagem: uma vez que as fases existem, toda criança não só 
passaria por elas, mas também passaria aproximadamente na 
mesma faixa etária e numa ordem semelhante. As fases podem ser 
definidas como etapas dentro de um quadro maior que a criança 
deveria cumprir em determinada época da vida. Alguns exemplos 
de fases universais pelas quais todos os bebês têm que passar são: 
a etapa do balbucio durante a qual as crianças testam um extenso 
inventário de distinções sonoras e suas combinações para, mais 
tarde, restringir o que elas vão usar (dependendo da língua em 
processo de aquisição), a ordem na aquisição dos fonemas, a fase 
de uma palavra, de duas palavras de enunciados maiores, etc. O 
processo de aquisição é, no entanto, bastante complexo e envolve 
aspectos cognitivos e sociais. É graças a essas características que 
encontramos também algumas exceções, idiossincrasias, que 
geram certas particularidades mais ou menos individuais (palavras 
ou expressões aparentemente “inventadas”). Contudo, essas 
diferenças ficam por conta das peculiaridades cognitivas e sociais 
do processo e não teriam influência significativa no 
desenvolvimento linguístico. 
 
AULA 13 
6) Em que consiste o chamado Período Crítico da aquisição da 
linguagem? 
De acordo com a hipótese inatista, existiria um componente inato, 
específico para lidar com a linguagem. De acordo com essa 
mesma hipótese as fases e regras universais estariam previstas a 
partir do componente inato, sendo uma questão de tempo sua 
concretização. Haveria então uma programação biológica para a 
aquisição da linguagem: fases e regras estão previstas; a trajetória 
linguística da criança também está pré-estabelecida e tudo isso vai 
“acontecer” em um determinado período, dadas certas condições 
biológicas e ambientais. A esse período, foi dado por Eric 
Lenneberg o nome de Período Crítico e pode ser caracterizado 
como um período de início, formação e conclusão do 
desenvolvimento linguístico; uma “janela temporal” da 
programação biológica para a aquisição da linguagem. Considera-
se o início como sendo o nascimento da criança, a formação como 
sendo o tempo em que ela está exposta à linguagem na infância e 
a conclusão como sendo o momento em que ela internaliza uma 
gramática (sistema de regras) da língua com a qual tem contato. 
Assim, durante esse período crítico, a criança deve estar em 
condições biológicas e ambientais minimamente necessárias para 
que esse processo dê certo. Se não estiver, a aquisição da 
linguagem não se dará de forma satisfatória. Estima-se que o 
período crítico encerraria por volta do começo da puberdade e 
esse fato estaria relacionado com as mudanças hormonais 
(principalmente no nível cerebral) que caracterizam essa etapa da 
vida. 
 
7) Identifique evidências contra e a favor da hipótese do período 
crítico. 
O caso de Genie tem sido apresentado como evidência favorável à 
hipótese do período crítico, pois proporciona uma oportunidade 
de verificar se, de fato, há a necessidade de exposição em 
condições normais à linguagem durante um período pré-
determinado (a infância) ou não. O fracasso de Genie em relação 
à aquisição da linguagem poderia então ser tomado como uma 
evidência a favor dessa hipótese(uma vez que Genie não teve 
exposição à linguagem durante o período crítico). Sabemos que 
Genie conseguia se comunicar, usando palavras isoladas e 
compreendendo o que lhe era dito, mas que apesar do intenso 
treinamento, seu domínio da língua sempre foi incompleto. 
Situações de bilinguismo envolvendo pessoas que aprenderam 
uma segunda língua após a puberdade podem parecer menos 
favoráveis – e até contrárias – à hipótese do período crítico. Ser 
bilíngue significa ser fluente em uma segunda língua e essa 
fluência é caracterizada por habilidades e desempenho de 
produção e compreensão oral e escrita avançadas. O termo 
“conhecimento”, entendido como Competência – conhecimento 
internalizado de regras e do sistema linguístico –, não é 
necessariamente colocado em foco no caso de bilinguismo. No 
caso de pessoas que adquirem uma segunda língua após o período 
crítico, apesar de serem tratados igualmente, os processos de 
aquisição da língua materna e de uma segunda língua seriam 
diferentes. O período crítico parece ser crucial no caso de uma 
primeira língua ou língua materna, mas não necessariamente isso 
se aplica no caso de segundas línguas, embora seja possível 
constatar que crianças são capazes de falar uma segunda língua 
sem sotaque com mais facilidade que adultos. Assim, é possível 
conciliar a hipótese do período crítico com casos de bilíngues que 
adquiriram uma segunda língua após a puberdade. 
 
AULA 14 
8) Identifique as principais características das línguas de sinais e 
correlacione as características do processo de aquisição de línguas 
orais e de sinais. 
As língua de sinais apresentam um conjunto de características 
fundamentais compartilhadas com as línguas orais. Os sinais 
utilizados pelos falantes surdos não são gestos e podem ser 
definidos como signos linguísticos na medida que guardam uma 
relação de arbitrariedade entre forma e sentido. 
Línguas de sinais apresentam ainda uma estrutura própria, regras 
de boa formação de sentenças e os mesmos níveis linguísticos 
encontrados em línguas orais: fonologia, morfologia, sintaxe, 
semântica e pragmática. 
No que diz respeito à aquisição de línguas de sinais, tem sido 
observado que o processo é bastante semelhante ao verificado nas 
línguas orais. Bebês surdos expostos desde cedo a uma língua de 
sinais passam por fases bem similares às observadas nos bebês 
ouvintes. Existem porém, algumas situações em que o contato de 
uma criança surda com uma língua de sinais pode ser enquadrado 
num processo de aprendizagem (e não de aquisição). O primeiro 
fator que pode levar uma criança surda a aprender e não adquirir 
uma língua de sinais é a ausência de contato com uma língua de 
sinais desde sua tenra infância. Outra situação na qual 
encontramos um processo de aprendizado são os casos nos quais é 
decidido que a criança surda aprenda o português (uma língua 
oral) no lugar de uma língua de sinais. Temos então uma situação 
caracterizada como oralismo, na qual o processo natural de 
aquisição de uma língua é substituído pelo aprendizado de uma 
língua oral. Crianças surdas que não têm contato com uma língua 
de sinais em sua infância correm o risco de perder o limite do 
período crítico para aquisição. Nesse caso, o máximo que 
conseguirão fazer é utilizar os sinais tardiamente aprendidos 
mesmo que fluentemente, mas através de um processo consciente 
e demorado, fruto de um processo de aprendizado. 
 
AULA 15 
9) Os animais possuem sistemas de expressão e comunicação. 
Há, contudo, diferenças estruturais sistemáticas entre a 
“linguagem animal” e a linguagem humana. Desenvolva essa 
afirmação. 
Várias espécies apresentam um conjunto de meios de expressão 
que podemos definir como “sistemas de comunicação” – sendo 
alguns deles bastante sofisticados: abelhas fazem uma espécie de 
“coreografia de voo” para a localização do alimento, golfinhos 
são capazes de realizar tarefas mediante comandos verbais ou 
gestuais e alguns tipos de macacos utilizam gritos ou chamadas 
distintas para identificar os predadores. Há, contudo, diferenças 
estruturais e sistemáticas entre as linguagens animais e as línguas 
humanas. Os conceitos de Faculdade de Linguagem em Sentido 
Amplo (FLA) e restrito (FLR), propostos por Hauser, Chomsky & 
Fitch (2002), podem nos ajudar a entender melhor essas 
diferenças. A FLA envolveria os traços que existem em comum 
entre os sistemas de comunicação animal e as línguas naturais: 
servem para a comunicação, utilizam algum aparato fisiológico, 
possuem unidades que transmitem informação. Já a FLR, 
representaria aquilo que seria único à espécie humana: a 
capacidade de utilizar a linguagem de forma criativa em virtude 
da propriedade da recursividade linguística. 
 
AULA 16 
10) Embora as primeiras expressões linguísticas sejam produzidas 
pela criança após seu primeiro ano de vida, bebês com idade bem 
inferior já demonstram ter algumas habilidades linguísticas. 
Como é que tais habilidades podem ser pesquisadas? 
São várias as técnicas que podem ser empregadas para pesquisas 
o conhecimento linguístico dos bebês. A maior parte dessas 
técnicas se baseia fundamentalmente na medição das reações da 
criança frente aos estímulos linguísticos – já que ela ainda não é 
capaz de responder a perguntas explícitas – para descobrir quais 
são as habilidades linguísticas do bebê. Diversos experimentos 
(um experimento é uma situação controlada na qual é possível 
isolar os fatores que podem ser relevantes para a ocorrência de um 
dado fenômeno) podem ser conduzidos a partir de técnicas tais 
como: a sucção não nutritiva, escuta preferencial e a fixação 
preferencial do olhar. Além disso, técnicas de neuroimagem 
também podem ser empregadas na pesquisa sobre aquisição da 
linguagem, principalmente o método de Potenciais Relacionados 
a Eventos e a Magnetoencefalografia, que são técnicas não 
invasivas que podem ser utilizadas com crianças. 
 
11) É possível encontrar um desempenho linguístico normal em 
condições cognitivas fora do normal? 
Situações que envolvam um desenvolvimento normal da 
linguagem independentemente de um desenvolvimento anormal 
de habilidades cognitivas podem ser encontradas no caso da 
síndrome de Down e da síndrome de Williams. Em ambos os 
casos temos condições cognitivas fora do normal, evolvendo um 
QI baixo, mas um desempenho linguístico normal. Isso 
significaria uma total independência no desenvolvimento da 
linguagem e de outras habilidades cognitivas? A definição do que 
vem a ser linguagem deve ser levada em conta para responder a 
essa pergunta. Se entendermos linguagem como um sistema 
abstrato, um conjunto de regras que envolvem categorias, relações 
estruturais, etc., a resposta parece ser “sim”. Agora, se 
entendermos linguagem como uma atividade social, interacional, 
que se constrói em práticas discursivas, os portadores da síndrome 
de Down, revelam algumas limitações nesse sentido. 
 
AULA 17 
12) A aquisição da linguagem envolve aspectos fonológicos, 
lexicais, morfossintáticos e semânticopragmáticos. Mencione 
alguns exemplos desses aspectos diversos que podem ser 
observados no estudo do processo de aquisição. 
No que diz respeito à fonologia, podemos observar que existem 
estágios de aquisição de segmentos e de sílabas. Dentre os 
primeiros sons sons que a criança adquire temos os sons /p/, /t/ e 
/k/ (o “c” de “casa”). Já outros sons como /l/ e o “lh”, /r/ e do /R/ 
(o “rr”) resultam mais difíceis. No que tange às sílabas, as que são 
formadas apenas por vogal já aparece cedo para as crianças, assim 
como sílabas formadas por consoante + vogal. No seguinte 
estágio encontramos sílabasterminadas por consoante (“mar”) e 
semivogais (“pai”). Por fim, a união é interrompida por uma outra 
consoante: temos assim os encontros consonantais com /l/ e /r/ 
(“flor” e “três”, por exemplo); uma sílaba assim é estruturada 
como consoante-consoante-vogal. Essas constatações permitem 
entender melhor porque as crianças em fase de aquisição fazem 
certas trocas de sons, mas não qualquer uma. Com relação ao 
léxico, é possível observar que as primeiras palavras utilizadas 
pelas crianças são substantivos. Posteriormente, começam a ser 
incorporados os verbos e, apenas mais tarde, vão aparecer outros 
tipos de palavras: adjetivos, preposições, artigos, e daí por diante. 
É importante salientar que a atividade de nomear – que é a função 
essencial da classe dos substantivos ou nomes - aparece em 
primeiro lugar. Os verbos, por sua vez, fazem referência a 
acontecimentos, eventos que têm lugar no tempo, diferentemente 
dos substantivos. Embora haja uma preferência inicial pelos 
substantivos e verbos, isso não significa que a criança não utilize 
outras classes de palavras. Ou seja, a ordem não é imutável e pré-
estabelecida. A palavra “não”, por exemplo, é bem comum e 
surge logo no começo do trajeto linguístico da criança. Outro 
aspecto interessante, diz respeito ao fato de que muitas vezes a 
criança utiliza um tipo de palavra valendo por todas de que ela 
precisa(Exemplo: “Bó” por “Quero a bola” ou “Me dá a bola”. 
Palavras não referenciais, tais como artigos, pronomes e 
proposições, parecem ser adquiridas um pouco mais tardiamente. 
Crianças pequenas prestam atenção a partes das palavras, mas não 
a qualquer parte, mas aquelas que trazem um pouco do 
significado total. Podemos afirmar que crianças, mesmo 
pequenas, têm habilidades para lidar com as palavras, suas partes 
e seus significados. No que tange à sintaxe, as crianças possuem 
conhecimentos sobre estruturas da língua que estão adquirindo. 
Assim, elas são capazes de reconhecer que uma estrutura está mal 
estruturada. Ao mesmo tempo, em termos sintáticos, certos tipos 
de frases podem ser bastante complexas para as crianças. Frases 
na voz passiva, com sujeito reversível, do tipo “A menina foi 
beijada pela mãe” são um exemplo de estrutura que não é bem 
compreendida pelas crianças (embora elas mesmas sejam capazes 
de falar frases desse tipo). O caso das orações relativas é outro 
exemplo de sentenças problemáticas. 
Por último, com relação aos aspectos semântico-pragmáticos, a 
criança não apenas precisa conhecer o significado das palavras, 
mas também precisa compreender as relações que existem entre 
os significados das palavras e das frases. Além disso, muitas 
vezes o contexto é fundamental para que certas expressões 
possam ser corretamente entendidas. Ou seja, a criança precisa 
aprender a lidar com essas situações também. Inicialmente, 
estabelecer essas conexões pode ser complicado e difícil e a 
criança vai demonstrar dificuldade para entender certos contextos 
semânticos. O completo domínio das nuances semântico-
pragmáticas só se dá mais tardiamente e, até mesmo falantes 
adultos podem apresentar algumas dificuldades com certos 
significados não literais: ironia, sarcasmo, metáforas, etc. 
 
AULA 18 
13) Em que consiste o bilinguismo? 
O bilinguismo envolve uma situação na qual a pessoa tem contato 
com duas ou mais línguas. Porém, esse contato deve apresentar 
certas características específicas para que a pessoa possa ser 
considerada bilíngue: deve haver interação comunicativa com 
falantes nativos das línguas em questão (isto é, falantes que 
dominam plenamente a gramática dessas línguas), em ambientes 
acessíveis, de modo natural e constante. 
 
14) Qual é a diferença entre aquisição e aprendizado de uma 
segunda língua? 
Basicamente, trata-se de dois processos diferentes: um processo 
de aprendizado não termina com o mesmo produto de um 
processo de aquisição. Podemos salientar as seguintes diferenças: 
enquanto a aquisição é implícita, inconsciente, construída a partir 
de situações informais (e independente de regras gramaticais 
formais) e apresenta uma ordem estável; o aprendizado é 
explícito, consciente, dependente de situações formais e de 
aptidão e – geralmente – segue uma ordem que vai do mais 
simples para o mais complexo (essa ordem não necessariamente 
reflete a ordem da aquisição natural de uma língua). 
 
15) Explique os conceitos de code switching e interlíngua, 
vinculados à aquisição e aprendizado, respectivamente. 
O fenômeno do code switching (mudança de código) ocorre 
quando o falante bilíngue alterna entre uma ou mais línguas em 
uma mesma situação. Muitas vezes, o falante não percebe que 
está em realizando o code switching, já que é tão natural para ele 
acessar uma ou outra língua (= código), que acontece de uma ser 
acessada durante o acesso à outra. Por ambas terem o mesmo 
valor para o falante e constituírem sistemas linguísticos 
igualmente estruturados, o acesso inadvertido pode passar 
despercebido. 
O fenômeno chamado de interlíngua está relacionado ao 
aprendizado de língua estrangeira. Tratase de uma situação em 
que o aprendiz se encontra em um momento intermediário em 
direção ao domínio da língua estrangeira. Segundo alguns autores, 
trata-se de uma tentativa de domínio da língua estrangeira que 
apresenta distância do que se deseja alcançar. O que caracteriza a 
interlíngua é que a incorreção é constante e torna-se quase uma 
marca de um falante, pois ele estabiliza a construção utilizada, e o 
processo de substituição dessa construção incorreta pode 
encontrar resistência. Uma observação bastante comum a respeito 
do fenômeno da interlíngua é a utilização de construções da 
língua materna quando do uso da língua estrangeira. 
 
16) Em que consiste a situação linguística conhecida como pidgin 
e como esse fenômeno se relaciona com o crioulo? Relacione 
esses dois fenômenos linguísticos com o processo de aquisição de 
uma língua natural. 
O pidgin é o resultado do contato de duas (ou mais) línguas. Esse 
contato acontece por algum motivo social ou político; temos um 
exemplo na chegada dos portugueses no Brasil. Pidgin cumprem 
uma função comunicativa: permitir que dois povos se 
compreendam. Seguindo com o exemplo do acontecido no Brasil, 
sem o pidgin (no caso a chamada Língua Geral, que continha 
elementos do português e do tupi), não haveria possibilidade de 
comunicação entre os portugueses e dos índios devido à distância 
entre as línguas. A “mistura” torna a comunicação viável e um 
efeito colateral desse objetivo é a simplificação das estruturas que 
constituem o pidgin. Esse efeito, que pode ser visto de modo 
negativo por um lado, pode trazer o benefício da facilidade da 
aprendizagem do pidgin por novos falantes: quanto mais simples 
em estrutura e vocabulário, mais fácil de aprender e de ser 
difundido. Um pidgin muito difundido começa a extrapolar as 
funções de comunicação entre dois povos e pode passar a cumprir 
outras funções. Um espaço ganho por um pidgin difundido é a 
família: se há contato duradouro entre os povos, se não há 
necessidade de que as línguas que deram origem ao pidgin sejam 
utilizadas em situações informais, então o pidgin pode expandir 
seus espaços. Nesse tipo de situação, quando crianças travam 
contato com o pidgin como único sistema linguístico disponível, 
elas reorganizam esse sistema. Em outras palavras, crianças 
expostas a um pidgin tornam as estruturas e vocabulários 
simplificados em sistemas complexos e ampliados. Esses sistemas 
linguísticos completos, derivados do pidgin recebem o nome de 
crioulos. O Tok Pisin (Papua Nova Guiné) e o Papiamentu, faladono Caribe, são alguns exemplos desse fenômeno. 
Esses dois fenômenos podem ser relacionados com o processo de 
aquisição de uma língua natural na medida que o elemento-chave 
para a transformação de um pidgin em um crioulo não é sua 
expansão e, sim, o fato de o pidgin servir de sistema base para a 
criação de um novo sistema linguístico gerado e criado pelas 
crianças. Em outras palavras, enquanto um adulto aprendendo um 
pidgin para utilizá-lo em situações específicas (comércio, por 
exemplo) terá facilidade e não alterará esse pidgin; uma criança 
adquirindo um pidgin está transformando-o em seu sistema 
linguístico, sua língua materna. Dessas duas situações, podemos 
extrair a seguinte conclusão: o aprendizado possuirá limites que 
não se aplicam na aquisição; pidgin e crioulo são mais uma 
amostra de como os processos de aquisição e de aprendizagem de 
uma língua estrangeira são distintos. 
 
17) Caracterize brevemente as diversas abordagens de ensino de 
línguas estrangeiras. 
Com base num critério de natureza linguística, as diferentes 
abordagens para o ensino de línguas estrangeiras (LE) podem ser 
agrupados em dois grandes grupos: abordagens com foco no 
sistema e abordagens com foco no uso. 
Assim, existem perspectivas nas quais é valorizado o domínio de 
estruturas da língua estrangeira e se procura garantir que o aluno 
possua essas estruturas sistematizadas, mesmo que inconsciente 
disso. Outras perspectivas, porém, valorize principalmente as 
habilidades comunicativas, a possibilidade de compreensão e 
produção, mesmo que o aluno não tenha consciência de estruturas 
e construções da língua estrangeira. Essa divisão é útil para 
visualizar as principais abordagens, embora não permita 
visualizar diretamente os diferentes métodos de ensino utilizados, 
já que existem métodos mistos nos quais ambas perspectivas 
podem ser articuladas. 
 
AULA 19 
18) Desenvolva brevemente as principais características das três 
situações atípicas que envolvem crianças no desenvolvimento da 
linguagem estudadas: gagueira, déficit especificamente linguístico 
e dislexia. 
O tipo de gagueira mais estudado e considerado por 
fonoaudiólogos pode ser caracterizado como um problema na 
atividade de dar início a uma palavra, gerando repetições de sons 
ou sílabas, sendo que a causa desse problema tem raízes 
neurológicas e fisiológicas. Atualmente, uma hipótese linguística 
bastante aceita localiza o problema da gagueira em um momento 
do processamento da produção da linguagem, especificamente no 
componente que cuida de organizar os sons das palavras. 
O quadro denominado déficit especificamente linguístico (DEL) 
pode ser caracterizado como um atraso no desenvolvimento da 
linguagem em crianças que aparentemente não apresentam 
nenhum outro problema evidente. Em outras palavras, crianças 
que, sem apresentar problemas de audição, neurológicos, 
psicológicos e com QI considerado normal, mostram um 
desfasagem no desenvolvimento da linguagem quando 
comparadas com crianças sem problemas na mesma faixa etária. 
O diagnóstico do DEL é bastante complicado já que é realizado 
com base no critério de exclusão, ou seja, se a criança não 
apresenta nenhum dos problemas anteriormente mencionados,mas 
seu desenvolvimento linguístico é atípico, então ela muitas vezes 
é considerada como portadora de DEL. Esse tipo de diagnóstico 
traz dificuldades na medida que o DEL, ao envolver a linguagem, 
pode acabar envolvendo outras áreas, outros componentes da 
mente, como memória, raciocínio, etc. Pesquisas apontam que o 
DEL pode ter uma origem genética. 
O elemento central caracterizador da dislexia é a inabilidade de 
fazer a combinação correta de letras em uma palavra. Para uma 
criança ler corretamente a palavra “prato” é necessário juntar as 
letras “p”,“r”, “a”, “t” e “o” uma por uma. Imagine que uma parte 
do cérebro éresponsável pela ordenação dessas letras e que essa 
parte pode apresentar um defeito. O resultado pode ser a união 
das letras mas em ordens diferentes: de “prato”, a criança poderia 
ler “parto” ou “porta”. Esse é o elemento central da dislexia, mas 
pode haver outros que acompanham certos casos mas não todos 
os casos. Em particular, a leitura de palavras isoladas (fora de 
contexto), raras, e em voz alta, é uma atividade difícil para as 
crianças disléxicas. 
Embora um leitor proficiente não siga um processo de leitura letra 
por letras (mas por segmentos maiores), a leitura por blocos, não 
é um fato que pertença aos momentos iniciais do aprendizado da 
leitura. Começamos aprendendo a ler letra por letra e mais tarde 
passamos a não precisar mais desse mecanismo e o substituímos 
por outro, o da leitura por blocos. Esses três fenômenos envolvem 
situações de desenvolvimento linguístico atípico. A gagueira está 
relacionada à produção da linguagem, a dislexia a um tipo 
específico de compreensão da linguagem escrita (a leitura) e o 
DEL tem um de caráter mais geral. Todos eles, embora se 
restrinjam ao componente da linguagem, têm repercussões na vida 
social de quem possui algum desses distúrbios. 
 
AULA 20 
19) O que é a afasia? Explique brevemente em que consistem os 
tipos de afasia estudados no curso. 
A afasia envolve o deterioro ou comprometimento das habilidades 
linguísticas decorrente de uma lesão cerebral. Os motivos dessa 
lesão podem ser variados (traumatismo craniano, acidente 
vascular cerebral, doenças infecciosas como a meningite, etc.). 
Pacientes com lesão em áreas do cérebro responsáveis pela 
linguagem são chamados de afásicos. 
Segundo uma definição geral, a afasia de Broca envolve 
problemas na produção da linguagem, com preservação das 
restantes faculdades mentais. Pacientes com esse tipo de afasia 
apresentam problemas na construção de frases, mas são capazes 
de articular corretamente os dias da semana ou os meses do ano. 
A área do cérebro afetada corresponde a uma pequena área, a 
terceira circunvolução frontal do hemisfério esquerdo, chamada 
área de Broca em homenagem ao seu descobridor. Inicialmente, 
foi proposto que essa área seria a responsável pela articulação da 
linguagem. 
A chamada afasia de Wernicke, por sua vez, pode ser 
caracterizada por uma fala fluente, mas desprovida de sentido 
como resultado da falta de compreensão daquilo que é dirigido a 
esses pacientes. O local da lesão cerebral nesses casos é a parte 
posterior do lobo temporal esquerdo. Por ter sido descoberta por 
Wernicke, essa área ganhou seu nome e ficou conhecida como a 
área que sedia a compreensão da linguagem. Neste caso, 
aparentemente, as conexões entre conceitos e sons estão 
danificadas e por esse motivo os afásicos de Wernicke não só não 
compreendem o que lhes é dito, mas também produzem frases 
sem sentido. 
A anomia se caracteriza por problemas na nomeação fora isso, o 
afásico anômico possui fala fluente e níveis normais de 
compreensão. Pacientes anômicos podem nomear um lápis como 
“caneta”, um galo como “pato”, e daí por diante, apesar de 
nomear os objetos de forma errada eles não confundem os objetos 
entre si. Os erros encontrados nesses pacientes possuem uma 
explicação semântica (palavras de um mesmo campo semântico) 
ou fonológica (em vez de “lápis”, dizem “lata, laranja, lava”, 
palavras com alguns sons parecidos com os da palavra alvo). 
Um outro tipo é a chamada afasia de condução. Esse tipo de 
afasia recebe esse nome, pois se acredita que pessoas com esse 
problema não conseguem conduzir uma informação armazenada 
para a sua posterior articulação. O problema de um afásico de 
condução é não ser capaz de repetir sequer uma sequência de duas 
palavras como “casa, bola”.Os sons dessas palavras são 
armazenados em sua memória de curto prazo, mas não são 
passados para a articulação, perdendo-se no meio do caminho. 
O último tipo de afasia estudado é o agramatismo. Esse tipo de 
afasia parece afetar diretamente a competência linguística, 
produzindo uma alteração na capacidade de análise sintática, 
gerando construções frasais pobres e compreensão seletiva 
baseada em apenas em pistas semânticas. Agramáticos não 
produzem orações subordinadas nem interrogativas complexas e 
não compreendem frases que apresentam divergência de ordem 
canônica ou de atribuição de papel semântico a seus 
componentes.

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