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Contabilidade Avançada Prof. Dr. Alex Mussoi Estudo de Caso - Valor Justo (IFRS13) CÁLCULO DO VALOR JUSTO DE PASSIVOS ABORDAGEM DE RESULTADO Extrato retirado de Laudo emitido para avaliação de Valor Justo de Passivo e adaptado para fins didáticos. (...) CALCULO DO VALOR JUSTO DOS EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DA EMPRESA DE ENERGIA ELÉTRICA S.A Os empréstimos e financiamentos da EMPRESA estão segregados no balanço em dois grupos: Empréstimos e Financiamentos de curto prazo, de longo prazo. Cada um destes grupos traz o valor total da Dívida e os Encargos relativos aos Juros a apropriar. O somatório dos grupos remonta ao saldo contábil descriminado no Balanço e respaldado por parecer emitido por auditoria independente, no valor de R$ 363.255.093,65. A composição dos grupos compreende operações de crédito para Capital de Giro, operações de renegociação de dívidas, operações com partes relacionadas e operações subsidiadas com governos de outros países. As dívidas repactuadas, as contraídas com partes relacionadas e as subsidiadas não foram ajustadas pois foram feitas sob condições específicas e atualmente não existem condições similares de mercado para tais operações. Adicionalmente, os empréstimos contraídos no período de até 90 dias da data da mensuração não foram reavaliados a valor justo, pois acredita-se que as condições originalmente pactuadas são muito próximas das condições que poderiam ser obtidas no mercado na data da avaliação, considerando o reduzido tempo para alguma mudança significativa no risco de crédito da companhia. O objetivo da mensuração a valor justo dos Passivos é comparar a atual situação de mercado da dívida da empresa com o seu valor originalmente pactuado. Com isto é possível apropriar os ganhos ou as perdas econômicas da dívida na visão de um participante do mercado. Assim, os empréstimos e financiamentos elegíveis para a avaliação a valor justo são aqueles em que condições de mercado similares podem ser observadas na data de mensuração. As dívidas a serem ajustadas, por apresentam condições de mercado similares na data de mensuração, estão discriminadas na tabela abaixo. Tabela 1. Empréstimos elegíveis para mensuração a valor justo Banco Saldo devedor até o final do Contrato Juros a apropriar até o final do Contrato (incluido no sd devedor) Data Emissão Data Vencto N. dias úteis até Vencto Banco A 8.851.571,09 (1.209.110,66) 24/04/2008 24/05/2014 419 Banco B 1.682.947,55 (503.018,54) 21/12/2010 28/12/2016 1.368 Banco C 2.945.157,80 (880.282,13) 21/12/2010 28/12/2016 1.368 Banco D 631.104,96 (188.631,59) 21/12/2010 28/12/2016 1.368 Banco E 113.281.238,10 (9.871.027,92) 27/11/2012 17/11/2014 596 Banco F 113.718.694,87 (10.884.069,44) 20/12/2012 11/12/2014 620 Total 241.110.714,37 (23.536.140,28) Fonte: Demonstrações Financeiras e dados fornecidos pela companhia Para as demais operações o valor justo é o mesmo valor apresentado pela contabilidade, ou seja, é o valor presente da dívida na data de fechamento do balanço. O cálculo do valor justo dos empréstimos e financiamentos possui como base as premissas estabelecidas pela IFRS13. O modelo selecionado para precificar as dívidas foi embasado na abordagem de receita. A IFRS13 prevê as seguintes abordagens para a mensuração dos valores justos dos Passivos Abordagem Premissas Justificativa Observação direta do mercado É o valor obtido em um mercado líquido para um item idêntico que é mantido por outra parte como ativo. Não foi utilizado pois não existe mercado para esse tipo de dívida no Brasil que pudesse servir como parâmetro do valor justo de uma transação similar ou idêntica. Observação indireta É o valor obtido em um mercado para um item similar nas mesmas condições. Abordagem de resultado Utilizando-se a técnica de valor presente, que leva em conta o fluxo de caixa dos recebimentos esperados de quem possui o título como um ativo Foi a abordagem escolhida para as dívidas com condições de mercado observáveis. Esta abordagem foi escolhida devido a não condição de aplicação das demais abordagens por não haver mercado ativo no país para dívidas. Contabilidade Avançada Prof. Dr. Alex Mussoi Estudo de Caso - Valor Justo (IFRS13) Para o cálculo do Valor Justo pela abordagem de receita é necessário conhecer o Valor Futuro da dívida conforme as condições originais (taxas de capitalização constantes do contrato original). A partir do Valor Futuro, calcula-se o Valor Presente da dívida conforme as condições de mercado na data da avaliação (txs de desconto que reflitam as novas condições de mercado para operações similares, dado o risco de crédito atual da empresa). VALOR FUTURO DO EMPRÉSTIMO (VALOR DO MONTANTE ACUMULADO A PAGAR). Conforme os demonstrativos contábeis e contratos apresentados pela EMPRESA, para se chegar ao valor futuro do principal mais os encargos, a forma de capitalização dos encargos e dos juros foi pró-rata dia. Assim, para capitalizar os juros e os encargos diariamente, as taxas anuais ou mensais previstas nas cédulas de crédito foram convertidas para diárias. As capitalizações também levaram em consideração que a companhia vai seguir o cronograma de pagamentos estabelecidos nos instrumentos de créditos assumidos (não foram considerados juros por inadimplência). TAXA DE DESCONTO As taxas de desconto normalmente são calculadas em função de dois elementos: (i) taxa de retorno livre de risco e (ii) prêmio de compensação pelos riscos específicos envolvidos com o fluxo de caixa avaliado. Para este laudo a taxa que representa mais adequadamente aos itens (i) é a SELIC. A taxa SELIC é a taxa de juros oficial da economia brasileira, ou seja, nela estão embutidos o risco do país e a expectativa de inflação. Grande parte das taxas utilizadas pelo mercado (CDI e TJLP entre outras) variam de acordo com a SELIC, por isto ela é um parâmetro adequado de referência para as transações de mercado. A taxa SELIC utilizada foi 7,50% ao ano. Ela é a meta do Copom para a economia na reunião de Abril/2013, última disponível. O outro ponto (ii) Prêmio pelo Risco é apontado na IFRS13 como de inclusão obrigatória. É, normalmente, o risco de crédito próprio da entidade A EMPRESA não é avaliada por agências de rating atualmente (a última vez que ela foi avaliada foi em 2005 pela S&P e ficou com um rating CCC), o que inviabiliza o cálculo do seu risco de crédito específico. A companhia também não projeta tal informação. Para limitar o viés que pode surgir de tais projeções, optou-se pela utilização do risco de crédito padrão das distribuidoras de energia elétrica calculado de acordo com a resolução 457/2011 da ANEEL. A agência calcula o spread de crédito para as companhias distribuidoras com base na classificação da Moody’s utilizando como benchmarking as melhores classificações disponíveis e os spreads médios de 1995 a 2010. A EMPRESA atualmente está em dia com a maioria das suas obrigações. O uso da taxa padrão do setor foi a melhor alternativa possível para a projeção. A taxa de risco de crédito utilizada foi de 2,14% a.a. Pede-se, a partir das informações anteriores: A. Calcule o Valor Justo dos Empréstimos e Financiamentos da empresa; B. Contabilize o acerto como se a dívida fosse marcada a mercado pelo resultado conforme a IFRS9 (separando o risco de crédito próprio da taxa de mercado).
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