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Análise das estruturas físicas de unidades de alimentação e nutrição das creches no município de Olinda/PE
Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 3-8
3
Unitermos: 
Desnutrição. Hospitais. Avaliação nutricional. Terapia 
nutricional. 
Keywords: 
Malnutrition. Hospitals. Nutrition Assessment. 
 Nutrition therapy.
Endereço para correspondência: 
Roseli Borghi
Nestlé Health Science Brasil 
Av. Dr. Chucri Zaidan, 246 – 7º andar – Vila 
Cordeiro – São Paulo, SP, Brasil – CEP 04583-110.
E-mail: roseli.borghi@br.nestle.com
Submissão:
17 de dezembro de 2014
Aceito para publicação:
1 de março de 2015
RESUMO
Introdução: Recentemente, o estudo BRAINS (BRAzilian Investigation of Nutritional Status in hospi-
talized patients) revelou que a desnutrição hospitalar é ainda altamente prevalente nos hospitais 
brasileiros. Entre os idosos a situação é ainda mais crítica, uma vez que 69% dos pacientes apre-
sentam risco de desnutrição ou são desnutridos, quando avaliados pela Mini Avaliação Nutricional 
(MNA). No presente trabalho, avaliamos o impacto de um plano de intervenção nutricional (PIN) 
em pacientes hospitalizados, numa subanálise do estudo BRAINS. Método: A amostra constituiu-
se de 3.159 pacientes, sendo 1.199 (38%) acompanhados pela Avaliação Subjetiva Global (ASG) 
e 1.960 (≥ 60 anos) pela MAN. Dos 3.159 pacientes, 1.300 (41%) tiveram o PIN estabelecido 
e devidamente implementado (grupo COM PIN); 1.859 (59%) tiveram o PIN estabelecido e não 
devidamente implementado (grupo SEM PIN). A odds ratio foi calculada para as condições com 
e sem PIN para os pacientes adultos e idosos. Resultados: Entre os pacientes submetidos à 
ASG, a odds ratio foi 2,5 (p = 0,008). Entre os idosos submetidos à MAN, a odds ratio foi 1,64
(p = 0,02). Conclusões: A implementação de PIN em pacientes hospitalizados impactou posi-
tivamente o estado nutricional, tanto em adultos quanto em idosos. Os idosos apresentaram 
1,5 mais chances de melhorar com o PIN do que SEM ele e os adultos 2,5. Nossos resultados 
reforçam a importância do PIN precoce em pacientes internados, particularmente naqueles com 
déficit nutricional, e seu potencial para melhorar o prognóstico dos pacientes hospitalizados, 
reduzir a morbidade, mortalidade e custos em geral. 
ABSTRACT
Introduction: Recently, the BRAINS study (Brazilian Investigation of Nutritional Status in hospitalized 
patients) showed that hospital malnutrition is still highly prevalent in Brazilian hospitals. Among the 
elderly patients, the situation is more critical, since 69% of patients are under risk of malnutrition 
or are malnourished, when evaluated by the Mini Nutritional Assessment (MNA). We evaluated 
the impact of a nutritional intervention plan (NIP) in hospitalized patients in a subanalysis of the 
BRAINS study. Methods: The number of patients studied was 3,159. Of these, 1,199 (38%) were 
followed up by the Subjective Global Assessment (SGA) and 1,960 (≥ 60 years) by the MNA. Of 
the 3,159 patients, 1,300 (41%) had the NIP established and implemented (group WITH PIN) and 
1,859 patients had the NIP established, but not adequately implemented (group WITHOUT PIN). 
The odds ratio was calculated for both groups, adults and elderly patients. Results: Among the 
patients submitted to the SGA, the odds ratio for the NIP group was 2.5 (p = 0.008). Among the 
elderly population submitted to the MNA, the odds ratio was 1.64 (p = 0.02). Conclusions: The 
implementation of a NIP in hospitalized patients positively affected the nutritional status in both adults 
and elderly patients. The elderly patients had 1.5 more chance to improve with NIP than without it, 
and the adults 2.5. Our results point out the importance of early NIP for hospitalized patients, and 
it’s potential for improving patients’ prognosis, diminishing morbidity, mortality and general costs.
Roseli Borghi1
Mônica Mayumi Sassaki Meale2
João Ítalo Dias França3
Maria Alice de Gouveia Pereira4
Adérson Omar Mourão Cintra Damião5
1. Nutricionista, Coordenadora Cientifica Nestlé Health Science Brasil, São Paulo, SP, Brasil. 
2. Nutricionista, Especialista pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), Gerente Nestlé Health Science Brasil, São Paulo, 
SP, Brasil.
3. Estatístico, Laboratório de Epidemiologia e Estatística (LEE) do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil.
4. Nutricionista. Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Especialista em Nutrição Clínica – Associação Brasileira 
de Nutrição (ASBRAN); Docente do Curso de Graduação do Centro Universitário São Camilo (CUSC); Docente do Curso de Especialização 
em Nutrição Clínica do CUSC, São Paulo, SP, Brasil.
5. Médico, Assistente-Doutor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e 
Membro do Laboratório de Pesquisa (LIM-07) da Divisão de Gastroenterologia Clínica e Hepatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. 
Consultor Científico da Nestlé Health Science Brasil, São Paulo, SP, Brasil.
Eficácia da intervenção nutricional em pacientes 
hospitalizados com desnutrição: subanálise do 
estudo BRAINS
Efficacy of nutritional intervention in hospitalized malnourished patients: a subanalysis of the BRAINS 
study
AArtigo Original
Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 3-8
4
Moreira MA et al.
INTRODUÇÃO
Recentemente o estudo BRAINS (BRAzilian Investigation 
of Nutritional Status in hospitalized patients) foi concluído, 
trabalho este que envolveu 19.222 pacientes que foram 
avaliados do ponto de vista nutricional nas primeiras 48 
horas de internação hospitalar1. O estudo utilizou como 
base os princípios do Inquérito Brasileiro de Avaliação 
Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI), publicado em 20012. 
No estudo BRAINS, a ASG foi empregada nos adultos 
(18 a 59 anos)3,4e a Mini Avaliação Nutricional (MAN) 
nos idosos (≥ 60 anos)5,6. Ao todo, 24% dos pacientes 
adultos encontravam-se desnutridos (18,3% moderada-
mente desnutridos ou com suspeita de desnutrição e 5,7% 
gravemente desnutridos). Entre os idosos, os resultados 
revelaram que 69,2% dos pacientes apresentavam déficit 
nutricional (38,4% pacientes sob risco de desnutrição e 
30,8% desnutridos). Nossos dados, portanto, confirmaram 
os altos índices de desnutrição observados no IBRANUTRI 
em que 48,1% dos pacientes foram classificados como 
desnutridos (desses, 12,6% eram desnutridos graves)2. A 
desnutrição hospitalar tem sido amplamente detectada por 
vários estudos em diversos países e impacta direta e nega-
tivamente o curso clínico dos pacientes7, relaciona-se com 
maior incidência de complicações e de mortalidade4,7,8, com 
internação hospitalar mais prolongada, com maior custo 
hospitalar, com atraso na recuperação7-9, com readmissões 
hospitalares mais frequentes e com redução da qualidade 
de vida8. A presença de úlceras por pressão e dificuldades 
de cicatrização são condições comuns nos pacientes desnu-
tridos acamados e prolongam a permanência hospitalar, 
incrementam o custo hospitalar e a taxa de readmissão7,9,10.
No presente trabalho, apresentaremos os resultados da 
intervenção nutricional em pacientes hospitalizados. Os resul-
tados apontam para a importância do plano de intervenção 
nutricional (PIN) precoce em pacientes hospitalizados.
MÉTODO
O “Projeto Jovem Nutricionista”, que gerou o estudo 
BRAINS, está inserido em uma iniciativa de Nestlé Health 
Science (NHSc), o programa “Criação de Valor Compar-
tilhado”. O projeto capacitou 300 estudantes de nutrição 
do Brasil que avaliaram nutricionalmente 19.222 pacientes 
internados1.Participaram dele 110 instituições hospitalares 
do nosso país (39 públicas, 56 privadas, 11 mistas e 4 
filantrópicas). O estudo foi observacional, prospectivo, 
multicêntrico, com o objetivo de determinar a frequência 
de desnutrição nos pacientes hospitalizados. Os estudantesreceberam treinamento intensivo (carga horária de 60 horas/
semana), com várias simulações, durante 2 semanas, em 
Terapia Nutricional Enteral (TNE) e Terapia Nutricional Oral 
(TNO) e na avaliação nutricional por meio da ASG para os 
pacientes adultos (18 a 59 anos) e da MAN para os idosos 
(≥ 60 anos), e nos demais formulários do projeto.
A amostra foi composta por pacientes hospitalizados 
nas unidades de internação e os critérios de inclusão foram 
pacientes com idade ≥ 18 anos, avaliados nutricionalmente 
até 48 horas da internação e que concordaram em assinar 
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Nos 
pacientes classificados como B (moderadamente desnu-
tridos ou com suspeita de desnutrição) ou C (gravemente 
desnutridos) pela ASG e nos eutróficos (A), por indicação 
da EMTN,e naqueles sob risco de desnutrição (8-11 pontos) 
ou desnutridos (0-7 pontos) pela MAN e nos com estado 
nutricional normal (12-14 pontos), por indicação da EMTN, 
foi estabelecido um PIN. O PIN foi estabelecido como 
complementação da alimentação ofertada pela instituição, 
com reavaliações do paciente até a alta hospitalar e a cada 
7 dias em um total de 4 avaliações, se possível, e utilizando-
se o método inicialmente empregado (ASG ou MAN). Para 
o PIN foram determinadas as necessidades energéticas, de 
macro e micronutrientes, além da análise de adequação, 
com cálculos baseados na tabela “on line” TACO (Tabela 
Brasileira de Composição de Alimentos)11no caso da insti-
tuição não apresentar padronizações de suas refeições. 
Foram utilizados os padrões de TNO e TNE comumente 
disponíveis nos hospitais.
Foram excluídos os pacientes com idade inferior a 18 
anos, gestantes, terminais, aqueles internados diretamente 
em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os submetidos à 
terapia parenteral exclusiva e aqueles que não concordaram 
em assinar o TCLE. O projeto foi aprovado pelos respectivos 
Comitês de Ética das unidades participantes.
Para avaliação dos efeitos do PIN foram considerados os 
seguintes pacientes: a) pacientes nos quais foram realizadas 
pelo menos duas avaliações nutricionais (ASG ou MAN); os 
que foram submetidos a mais de duas avaliações, somente 
foram consideradas a primeira e a última; b) pacientes que 
tiveram o PIN implementado de forma correta (o grupo de 
pacientes para o qual o PIN foi feito, porém, não devida-
mente implementado, foi considerados em PIN; pacientes 
nos quais o PIN foi devidamente implementado constituíram 
o grupo com PIN); c) pacientes com avaliação correta (ASG 
ou MAN); c) pacientes que tiveram o PIN estabelecido com 
até 96 horas após a internação.
As variáveis quantitativas foram expressas em média e 
desvio padrão e as variáveis qualitativas foram expressas 
em frequência absoluta e porcentagem. A odds ratio (razão 
de chance) de melhora foi calculada com aplicação do teste 
de McNemar para verificação da significância estatística da 
discordância. A odds ratio foi calculada para as condições 
com e sem PIN. O teste exato de Fisher foi empregado para 
verificar se houve associação. Para o cálculo da odds ratio 
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foi usado o estimador pela distribuição hipergeométrica 
(distribuição utilizada no teste exato de Fisher)12-14. O nível 
de significância adotado foi de 5%. 
RESULTADOS
No período entre fevereiro de 2011 e novembro de 2012, 
foram avaliados 19.222 pacientes internados.Desses, 11.584 
(60,3%) tiveram alta em 7 ou menos dias, não sendo possível 
uma segunda avaliação; 176 faleceram (0,9%) e 4.303 
(22,4%) foram excluídos por falha no preenchimento das 
fichas de avaliação ou por dados incompletos ou por falta de 
estabelecimento do PIN nas primeiras 96 horas de internação. 
Assim, a amostra no presente trabalho constituiu-se de 3.159 
pacientes (16,4%) que preencheram os critérios de inclusão 
e estão descritos na Figura 1. As distribuições por idade e 
sexo e o tempo médio entre a primeira e a última avaliação 
(ASG ou MAN, a depender da idade) estão representados 
na Tabela 1. 
Dos 11.584 pacientes que tiveram alta hospitalar, 42,7% 
o fizeram ainda com déficit nutricional importante (27,9% sob 
risco pela MAN ou B pela ASG e 14,8% desnutridos pela 
MAN ou C pela ASG). Entre os idosos (n=5.573) subme-
tidos à MAN, 67,2% dos pacientes tiveram alta sob risco de 
desnutrição (40,9%) ou desnutridos (26,3%). Entre os adultos 
submetidos à ASG (n=6.011), 20% dos pacientes tiveram 
alta em estado B (15,8%) ou C (4,2%). 
Entre os pacientes que faleceram (n=176), 147 (83,5%) 
pertenciam à população de idosos (≥ 60 anos) e 29 (16,5%) 
eram não idosos. Dos 147 idosos que faleceram 40(27,2%) 
foram inicialmente classificados como sob risco de desnu-
trição pela MNA e 97 (65,9%) como desnutridos. Dos 29 
não idosos, 7 (24,1%) foram inicialmente avaliados como B 
pela ASG e 8 (27,6%) como C. 
Na Figura 2A, são apresentados os resultados da odds 
ratio nos pacientes com e sem PIN avaliados pela ASG. O 
valor da odds ratio para o grupo sem PIN foi 1,51 (uma vez e 
meia mais chance de melhorar do que de piorar), com valor 
de p = 0,07, não significante. O correspondente valor para 
o grupo com PIN foi 3,83 (cerca de quatro vezes mais chance 
de melhorar do que piorar), com valor de p < 0,0001. 
A odds ratio, portanto, foi 2,5 (3,83/1,51), ou seja, duas 
vezes e meia mais chance do paciente melhorar com PIN do 
que sem PIN (p = 0,008).
Na Figura 2B, são destacados os resultados da odds ratio 
nos pacientes com e sem PIN avaliados pela MAN. O valor 
da odds ratio para o grupo sem PIN foi 1,12 (cerca de uma 
vez mais chance de melhorar do que de piorar), com valor 
de p = 0,43, não significante. O correspondente valor para 
o grupo com PIN foi 1,84 (cerca de duas vezes mais chance 
de melhorar do que piorar), com valor de p = 0,0002. 
A odds ratio, portanto, foi 1,64 (1,84/1,12), ou seja, uma 
vez e meia mais chance do paciente melhorar com PIN do 
que sem PIN (p = 0,02).
DISCUSSÃO
O estudo BRAINS foi o maior inquérito nutricional até 
hoje realizado no Brasil, envolvendo 19.222 pacientes 
hospitalizados1. Semelhantemente, a população idosa 
avaliada correspondeu ao maior estudo até hoje realizado 
em nosso meio. Os resultados obtidos no estudo BRAINS 
permitiram-nos concluir que a desnutrição no Brasil é ainda 
altamente prevalente e concordante com os dados descritos 
no IBRANUTRI2, estudo pioneiro nessa análise. A população 
de idosos é mais suscetível à desnutrição por suas peculia-
ridades clínicas, funcionais e nutricionais8,15. Os resultados 
da MAN no estudo BRAINS revelaram um déficit nutricional 
em 69,2% dos idosos hospitalizados (38,4% sob risco de 
desnutrição e 30,8% desnutidos)1. De fato, os idosos possuem 
maior vulnerabilidade à desnutrição hospitalar, independen-
temente do diagnóstico inicial15-18. A desnutrição no idoso, 
associada à sarcopenia, gera resultados precários de saúde 
e qualidade de vida, além de aumento nos custos em geral17. 
A diminuição de ingestão de nutrientes, o aumento dos 
requerimentos energéticos e proteicos por parte da doença de 
base e o aumento das perdas, em conjunto com inflamação, 
provavelmente formam a base para o desenvolvimento 
da desnutrição nessa população7,8,10. A situação pode ser 
agravada durante a hospitalização devido à rotina adversa 
do hospital que leva à ingestão insuficiente de nutrientes7,8. 
Ademais, pacientes idosos, em especial, requerem maior 
cuidado com o suporte nutricional, pois este grupo é hospi-
talizado com maior frequência e apresenta maior risco de 
incapacidade e complicações7,8.
O presente trabalho revelou dados de extrema relevância 
no cenário de pacientes hospitalizados. Dos 19.222 pacientes 
iniciais, 11.584 (60,3%) tiveram alta hospitalar dentro deuma semana. Embora não tenha sido possível reconhecer o 
destino desses pacientes, aproximadamente 43% deles foram 
Tabela 1 – Dados de idade, sexo e tempo médio entre a primeira e a 
última avaliação nutricional nos vários grupos estudados.
Geral
n=3.159
ASG
n=1.199
MAN
n= 1.960
Idade (anos) 62,8 ± 18,4 43,2 ± 11,7 74,7 ± 9,4
Sexo:
(F - feminino; 
M - masculino)
52,6% F
47,4% M
47,4% F
52,6% M
55,8% F
44,2% M
Tempo médio entre a 
1ª e última avaliação 
(ASG ou MAN) (dias)
9,2 ± 4,4 9,1 ± 4,2 9,3 ± 4,4
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Moreira MA et al.
liberados com déficit nutricional. A situação foi particular-
mente grave entre os idosos, uma vez que 67% dos pacientes 
tiveram alta sob risco de desnutrição ou desnutridos (versus 
20% dos não idosos que foram classificados como B ou C 
pela ASG no momento da alta hospitalar). Outros autores 
verificaram que pacientes hospitalizados que recebem alta 
hospitalar com diagnóstico de desnutrição são geralmente 
mais idosos15 e apresentam maior morbimortalidade16. 
Nossos dados reforçam a utilização da ASG e da MAN em 
pacientes hospitalizados e apontam para a necessidade de 
um plano de intervenção nutricional nesses pacientes, que 
pode ser executado no hospital ou em nível ambulatorial. De 
fato, nos idosos nos quais o PIN foi consistentemente imple-
mentado, houve benefício nutricional refletido pela chance 
uma vez e meia maior do paciente melhorar com PIN do que 
sem PIN (odds ratio 1,64; p=0,02) (Figura 2B).Tal benefício 
nutricional foi de magnitude ainda maior (2,5; p=0,008) 
entre os não idosos nos quais o PIN foi devidamente imple-
mentado (Figura 2A). Os resultados com magnitude menor 
entre os idosos quando comparados com os não idosos 
podem ser explicados pela necessidade de maior tempo de 
intervenção nutricional nos idosos, em geral pacientes mais 
graves e com mais comorbidades7,16,17. 
Outro fato que nos chamou a atenção foi o de que 
a maioria dos pacientes (59%) teve o PIN elaborado, 
porém, não devidamente implementado (Figura 1). A situ-
ação agrava-se se considerarmos que no grupo sem PIN 
implementado de idosos (submetidos à MAN), aproxima-
damente 62% encontravam-se sob risco de desnutrição ou 
eram desnutridos (versus 23% no grupo de não idosos). 
Vários foram os motivos para a não implementação do 
PIN, incluindo o jejum prolongado, recusa ou intolerância 
do paciente e demora na implementação. Tais problemas 
podem ser contornados mediante atuação mais eficiente e 
ágil da equipe multidisciplinar, maior diálogo e alinhamento 
entre equipe médica e nutricionistas e maior orientação dos 
pacientes7,10,16. Os pacientes que não tiveram o PIN, de fato, 
implementado, não apresentaram benefícios nutricionais 
significativos quando comparados com os que receberam 
o PIN (Figuras 2A e 2B). Dados da literatura têm revelado 
que cerca de 60% dos pacientes idosos hospitalizados apre-
sentam desnutrição energético-proteica já na admissão e, se 
a ingestão de nutrientes for inadequada durante a hospitali-
zação, a piora da desnutrição contribuirá para sérios déficits 
nutricionais até o momento da alta hospitalar, com piora nos 
índices de morbidade e mortalidade7,15,17.Nesse contexto, 
Figura 1 – Detalhe dos 3.159 pacientes analisados.ASG = avaliação subjetiva global: A=bem nutridos ou eutróficos; B=moderadamente desnutridos ou com 
suspeita de desnutrição; C=gravemente desnutridos. MAN = Mini Avaliação Nutricional: estado nutricional normal (12-14 pontos); pacientes sob risco de 
desnutrição (8-11 pontos); desnutridos (0-7 pontos). PIN = Plano de Intervenção Nutricional.
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Tappenden et al.16, recentemente, observaram que entre 
os pacientes não desnutridos na admissão hospitalar, um 
terço tornou-se desnutrido durante a internação, com conse-
quente aumento do risco de infecção em duas a três vezes 
e, em quatro vezes, o risco de úlceras de pressão. Apesar 
de todo esse conhecimento e da gravidade desse cenário, 
os pacientes idosos sob risco nutricional ou que já apre-
sentem desnutrição não são adequadamente identificados, 
avaliados e tratados7,15,16,18.Muitos deles recebem menos 
nutrientes do que as recomendações preconizam, o que 
contribui para déficits nutricionais graves, que aumentam 
sobremaneira o risco de complicações e morte15. De fato, 
nossos dados mostraram que, entre os pacientes que fale-
ceram (n=176), a maioria era idosa (147; 83,5%) e destes, 
40 (27%) foram inicialmente classificados como sob risco 
de desnutrição pela MNA e 97 (66%) como desnutridos. 
Recente estudo espanhol (PREDyCES) sobre prevalência 
e custos da desnutrição hospitalar, destacou que idosos com 
70 anos ou mais e com diagnósticos de neoplasia, diabetes, 
disfagia, presença de polifarmácia ou alto consumo de 
álcool, possuíam maior risco de desnutrição na admissão7. 
O estudo ainda revelou que, a cada grama de peso corpóreo 
adicional ao peso na admissão, houve redução do risco 
nutricional em 3%7. Além disso, sabe-se que intervenções 
nutricionais com terapia nutricional oral tanto em pacientes 
hospitalizados cirúrgicos como não cirúrgicos, com médio 
ou alto risco nutricional, estão associadas com redução na 
permanência hospitalar, nos custos diários e nas complica-
ções em geral7,8,10,16.
A população idosa é a principal responsável pelos altos 
índices de desnutrição hospitalar, ainda hoje verificados no 
Brasil. Nossos dados reforçam a necessidade de avaliarmos 
precocemente (primeiras 48h) os pacientes internados do 
ponto de vista nutricional e de instituirmos um PIN, em espe-
cial, naqueles com déficit nutricional.Os dados do presente 
trabalho ainda revelaram que a não implementação do PIN é 
ainda muito frequente e isso poderia ser evitado por meio de 
maior interação entre equipe médica e nutricionistas e maior 
eficiência da equipe multidisciplinar. Pacientes que fazem 
uso de PIN apresentam benefícios nutricionais que podem 
contribuir para a redução da morbimortalidade e dos custos. 
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos estagiários de nutrição, aos profissio-
nais dos hospitais participantes, aos professores das Univer-
sidades e aos gerentes e assessores técnicos de vendas da 
Nestlé Health Science que tornaram este projeto possível.
CONFLITOS DE INTERESSE
RB, MMSM e AOMCD são funcionários da Nestlé Health 
Science Brasil.
Figura 2– Resultados da odds ratio nos pacientes com e sem PIN avaliados pela ASG (A) e MAN (B), respectivamente. (A) Pacientes com e sem PIN avaliados 
pela ASG (Avaliação Subjetiva Global). (B) Pacientes com e sem PIN avaliados pela MAN (Mini Avaliação Nutricional).
A
B
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Moreira MA et al.
Local de realização do trabalho: Subanálise do estudo BRAINS, publicado em Rev Bras Nutr Clin. 2013; 28(4): 255-63.
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