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TCC Desenvolvimento GABI REFEITO.docx

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LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
WERLE, Gabriele ¹
RU 1132130
SOBRENOME, Nome do professor²
RESUMO
Palavras – chave: Ludicidade. Educação Infantil. Importância
1 INTRODUÇÃO
	A evolução lúdica, notadamente, nos primeiros anos de vida mostra que ao brincar a criança desenvolve a inteligência, aprende prazerosamente e progressivamente a representar simbolicamente sua realidade, deixa, em parte, o egocentrismo que a impede de ver o outro como diferente dela, aprende a conviver. O lúdico “não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor, dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói” (OLIVEIRA, 2000, p.10). 
	A Educação Infantil é a fase inicial da vida escolar da criança, onde ela se desperta para um mundo de curiosidade e aprendizagem, sendo o professor o responsável em organizar e incentivar a criança pela busca e pelo interesse. Criar condições para o brincar está sendo transferido, cada dia mais, do núcleo familiar para a instituição mais ampla como creches, escolas, centros de lazer, etc. Entretanto, a criança aprende a brincar desde os primeiros anos de vida, precisando de alguém disponível para brincar com ela e à ensiná-la a brincar. 
O presente trabalho tem como tema: “A importância da Ludicidade na Educação Infantil”, e tem como objetivo primeiramente pela necessidade de refletir sobre o trabalho dos professores que atuam na área e, em especial, fazer um aprofundamento teórico e metodológico, mostrando a importância do lúdico na aprendizagem da criança.
A escolha do tema justifica-se pelo fato das crianças de zero a cinco anos, integrantes da Educação Infantil, possuírem características e necessidades diferenciadas das demais idades, pois estão em um constante momento de desenvolvimento psicológico, físico, intelectual e social.
Segundo Piaget (1978), o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo, o ato de aprender, é um processo de investigação pessoal e as verdadeiras aprendizagens não se faz copiando do quadro, prestando atenção ao professor.
A Ludicidade é vista como fundamental na aprendizagem das crianças na educação infantil e o seu uso como recurso pedagógico ajuda na construção da identidade cultural e na formação de indivíduos, além de desenvolver a atenção, memória e imaginação.
	Como escrevem Imma Marín e Silvia Penón (2003/2004, p. 30), especialistas em brinquedo e educação, 
“Brincar é a principal atividade da infância. Responde à necessidade de meninos e meninas de olhar, tocar, satisfazer a curiosidade, experimentar, descobrir, expressar, comunicar, sonhar… Brincar é uma necessidade, um impulso primário e gratuito que nos impele desde pequenos a descobrir, conhecer, dominar e amar o mundo e a vida.”
 Este trabalho, tendo em vista o fato de que a pesquisa visa discutir a importância da ludicidade no processo de ensino aprendizagem, o tipo de técnica metodológica escolhido foi a pesquisa bibliográfica através de livros e artigos, a fim de atingir os objetivos propostos.
No transcorrer do trabalho veremos a partir de pesquisa bibliográfica num primeiro momento o conceito de Lúdico. Em seguida, veremos as concepções de ludicidade baseados em três teóricos muito importantes como Piaget, Vygotsky e Wallon. Num terceiro momento, veremos a partir de autores como Bomtempo, Cunha, Santos, entre outros, a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem da criança.
2 A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
2.1 CONCEITO DE LÚDICO
 	A ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente na Educação Infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento. 
	A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também a conduta daquele que joga que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do individuo, sem saber, seu conhecimento e sua compreensão do mundo.
	Independente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos, onde a realidade e faz de conta se confundem.
	De acordo com Bettelheim (1998,p.168): “Brincar é muito importante, porque, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina hábitos necessários ao seu crescimento” 
	 O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo. Quando se refere educação, sabe-se que são muitos os desafios a serem enfrentados para que esta área possa ser considerada como geradora dos avanços científicos. 
2.2 ALGUMAS CONCEPÇÕES DO LÚDICO
	Ao permitir a prática do brincar na escola, a criança tem a capacidade de construir representações cognitivas, desenvolver ações motoras e a partir das interações trabalharem a socialização, porque as brincadeiras realizam duas funções importantíssimas: a lúdica que propicia diversão, prazer e a educativa que permite a construção de conhecimentos.
		De acordo com Piaget, o processo de construção do conhecimento envolve três aspectos importantes: o interacionismo, o construtivismo sequencial e os fatores que interferem no desenvolvimento. Na aquisição de novos conhecimentos o sujeito passa pelos processos de assimilação e acomodação, buscando reestabelecer um equilíbrio cognitivo. A assimilação seria o processo de integração de novos conhecimentos em estruturas já existentes. E a acomodação seria a reestruturação dos esquemas anteriores. Sendo assim, para o teórico, o jogo é puramente assimilação predominando sobre a acomodação. 
	Piaget (1998, p. 160) define o jogo como sendo a “atividade intelectual da criança”. Assim, os jogos acompanham o desenvolvimento da inteligência, estando, então, vinculadas aos estágios do desenvolvimento cognitivo. Ele afirma que: 
Cada ato de inteligência é definido pelo desequilíbrio entre duas tendências: acomodação e assimilação. Na assimilação, a criança incorpora eventos, objetos ou situações dentro de formas e pensamentos, que constituem as estruturas mentais organizadas. Na acomodação, as estruturas mentais existentes reorganizam-se para incorporar novos aspectos do ambiente externo. Durante o ato de inteligência, o sujeito adapta-se ás exigências do ambiente externo, enquanto, ao mesmo tempo, mantêm sua estrutura mental intacta. O brincar neste caso é identificado pela primazia da assimilação sobre a acomodação. Ou seja, a criança assimila eventos e objetos a suas estruturas mentais (PIAGET, 1998, p.139). 
	Por fim, Piaget (1998), ao classificar o desenvolvimento infantil em vários estágios, identifica três grandes tipos de estruturas mentais que surgem sucessivamente na evolução do brincar: o exercício (jogos sensórios motores), sendo substituído pelos jogos simbólicos e estes por sua vez, pelos jogos de regras. 
	Os jogos de exercícios representam a forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo. A principal característica desses tipos de jogos é a repetição de movimentos e ações que exercitam as funções tais como andar, correr, saltar e outras pelo simples prazer funcional. 
	Os jogos simbólicos se caracterizam pela habilidade de estabelecer a diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o que ela representa seu significado. “Durante essa segunda fase, o jogo só se esboça ainda na forma de uma diferenciação ligeira da assimilação adaptativa. Somente em virtude do processo contínuo de desenvolvimento é que poderemos até, por recorrência, falar de duas realidades distintas” (PIAGET, 1998, p. 120). 
	O jogo simbólico constitui uma atividade real essencialmente egocêntrica e sua função consiste em atender o eu por meio de uma transformaçãodo real em função de sua própria satisfação. “O Jogo simbólico não é um esforço de submissão do sujeito ao real, mas, ao contrário, uma assimilação deformada da realidade do eu” (PIAGET, 1998, p. 29).
	Os jogos de regras constituem-se os jogos do ser socializado e se manifestam quando acontece um declínio nos jogos simbólicos e a criança começa a se interessar pelas regras. Desenvolvem-se por volta dos 7 a 11 anos, caracterizando o estágio operatório concreto. 
	A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são, por si só uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem à criança comportamentos além dos habituais. “Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se fosse maior do que a realidade, e isto, inegavelmente, contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento” (MULTIEDUCAÇÃO, 1994). 
	Vigotsky argumenta, que a regra é a imaginação. Ao brincar a criança cria uma situação imaginária, com regras próprias, ou seja, não é uma simples recordação do vivido, “mas a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança” (VIGOTSKY, 1990, p.12). 
	O conhecimento que se dá nos processos interpessoais através dos quais são internalizados pelos sujeitos, deve ser compreendido nesse cenário conceitual, inter-relacionado às noções de mediação, de origem sociocultural das funções mentais superiores e de internalização. 
O mais simples jogo com regras transforma-se imediatamente numa situação imaginária, no sentido de que, assim que o jogo é regulamentado por certas regras, várias possibilidades de ação são eliminadas. Assim como fomos capazes de mostrar (...) que toda situação imaginária contém regras de uma forma oculta, também, demonstramos o contrário – que todo jogo com regras contém, de forma oculta, uma situação imaginária (VYGOTSKY, 1990, p. 126). 
	O teórico Vygotsky sagrou a situação imaginária como um dos elementos basilares da brincadeira ao caracterizar o brincar infantil como “imaginação em ação”. Segundo esse teórico, o brincar ao admitir uma situação imaginária também comporta uma regra, obviamente, relacionada ao que se está sendo representado. Assim, quando a criança brinca de ser mãe, busca agir de modo próximo ao modelo que conhece do contexto real, criando e se submetendo às regras da brincadeira de representar o papel de ser mãe. 
	Assim para Vygotsky e para Wallon, a brincadeira se configura como uma situação privilegiada de aprendizagem, à medida que fornece uma estrutura básica para mudanças atitudinais, conceituais e de consciência. Pois, à proporção que imita aquilo que viu o outro fazendo, mesmo sem ter clareza do significado da ação, deixará de repetir por imitação passando a fazê-lo conscientemente, criando, assim, novas possibilidades, novas interações, novos conhecimentos e transformando a realidade. 
	Entretanto, Vygotsky destaca que nem sempre há satisfação na brincadeira, nos jogos, e que quando estes têm resultado desfavorável, ocorre desprazer e frustração. “Definir o brinquedo como algo que dá prazer à criança é incorreto. (...) Primeiro, muitas atividades dão à criança experiências de prazer muito mais intensas do que o brinquedo, (...) segundo, existem jogos nos quais a própria atividade não é agradável” (VYGOTSKY, 1990, p. 121). 
	O autor ainda traz um enfoque do brinquedo ao criar na criança uma Zona de Desenvolvimento Proximal - ZDP, que é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1997). 
	A ZDP, segundo Vygotsky, define funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação. Portanto, é nas interações sociais, em relações assimétricas com o adulto ou com crianças mais competentes, que se estabelecem as Zonas de Desenvolvimento Proximal e se desenvolvem as funções mentais superiores, delineando o estado dinâmico de desenvolvimento do indivíduo.
	Vygotsky considera a ZDP como essencial no processo de mediação para a construção do conhecimento, que não se produz apenas por meio da soma das experiências, mas principalmente pelas vivências das diferentes interações, das relações heterogêneas. A criança menos experiente beneficia-se dessa interação, pois o outro pode ajudá-la em atividades que ela não consegue realizar sozinha, assim como a mais experiente também se beneficia, pois ao “ajudar o outro a desenvolver novos conceitos, isso implica uma organização e estruturação de suas próprias ideias, a fim de sistematizá – las e compartilhá-las com o outro, reestruturando e consolidando, assim, suas antigas concepções” (LIMA, 2000, p. 225).
	 Ao concluir sua discussão sobre o brinquedo, Vigotsky destaca três pontos fundamentais: 
(...) primeiro que ele não é o aspecto predominante da infância, mas é um fator muito importante do desenvolvimento. Em segundo lugar (...) o significado da mudança que ocorre no desenvolvimento do próprio brinquedo, de uma predominância de situações imaginárias para a predominância de regras. E, em terceiro, (...) as transformações internas no desenvolvimento da criança que surgem em consequência do brinquedo (VYGOTSKY, 1990, p. 133). 
	Para Vygotsky, toda brincadeira ou jogo tem regras, que inicialmente podem não estar explícitas, mas que com a evolução da brincadeira estas passam a ser claras; evoluindo do jogo de regras ocultas ao jogo de regras manifestas, e para Piaget a evolução se dá do símbolo para o jogo de regras (NEGRINE, 1994).
	As pesquisas em relação à importância do jogo na infância não são poucas, são várias as concepções, mas, para Wallon, as concepções “se confundem enquanto essa atividade se mantém espontânea e não recebe o seu objeto das disciplinas educativas”(WALLON, p. 75, cap. V).
	Segundo Wallon (2007), o brincar é a atividade própria da criança e que comprova as múltiplas experiências vividas pelas mesmas como: memorização, socialização, articulação de ideias, ensaios sensoriais, entre outras. Sendo assim, o lúdico e a infância não podem ser dissociados, considerando que toda atividade da criança deve ser espontânea, livre de qualquer repressão, antes de tornar-se subordinada a projetos de ações mais extensas e transformadas. Portanto, o jogo é uma ação voluntária, caso contrário, não é jogo, mas sim trabalho ou ensino.
 	Para Wallon (2007), o jogo é importante para desenvolvimento da personalidade humana e está fortemente ligado a motricidade na ação pedagógica. Assim ele acredita que jogo é uma atividade livre que potencializa o desenvolvimento,é fundamental que a criança tenha a oportunidade de brincar, pois é através do corpo que ela estabelece a primeira comunicação com o meio 
	 
		Para o teórico é a partir da imitação da realidade que a criança simbolizará suas observações, expressando seus sentimentos ao assumir papéis com os quais ela se identifica, internalizando conceitos e buscando compreender o mundo que a cerca. Porém, essa imitação não é aleatória, pessoas e/ou situações só serão imitadas se forem importantes para a criança. 
A criança repete nas brincadeiras as impressões que acabou de viver. Reproduz, imita. Para as menores, a imitação é a regra das brincadeiras. A única acessível a elas enquanto não puderem ir além do modelo concreto, vivo, para ter acesso à instrução abstrata. Pois, inicialmente, sua compreensão é apenas uma assimilação do outro a si e de si ao outro, na qual a imitação desempenha precisamente um grande papel. (...) a imitação não é qualquer uma, é muito seletiva na criança (WALLON, pg.67, 2007). 
	
	Segundo Wallon (2007), então, a imitação é a regra do jogo e seu desenvolvimento está ligado ao aparecimento da função simbólica; o desenvolvimento se dará, assim, em uma fusão entre os aspectosbiológicos e o produto social. Deste modo, quanto maior a riqueza de situações e de estímulos do meio, maior será o desenvolvimento da criança.
2.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
	Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia das crianças. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tal como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Bomtempo (1986), ressalta que o brincar na Educação Infantil fornece às crianças a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa.
	Carvalho (1992, p.14 ) afirma que: 
(.. .) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante. 
	É uma atividade gratuita, que favorece um espaço a imaginação que não tem tempo nem lugar para acontecer, mas precisa de muito tempo e de um lugar que seja acolhedor (CUNHA, 2001).
	O lúdico deve permear a prática escolar, fluindo e manifestando – se na criatividade. Portanto, é necessário que os adultos, pais e educadores tenham convicção e levem a sério a importância do brincar, pois a criança em idade pré escolar começa a experimentar necessidades, em que os desejos não realizáveis podem ser realizados por meio do brinquedo, como um mundo imaginário, no qual a criança cria e imagina, e ao imaginar ela brinca, pois o brinquedo proporciona a mediação entre o real e o imaginário (Vygotsky, 1988).
Santos (2002, p . 12 ) relata sobre a ludicidade como sendo: 
“(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento.” 
	Janet Moyles, em entrevista à Revista Pátio Educação Infantil, argumenta a favor da presença do brincar na Educação Infantil. Leiam o depoimento dela e vejam as contribuições das brincadeiras para o desenvolvimento das crianças:
Brincar é uma parte fundamental da aprendizagem e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. As crianças brincam instintivamente e, portanto, os adultos deveriam aproveitar essa inclinação “natural”. Crianças que brincam confiantes tornam-se aprendizes vitalícios, capazes de pensar de forma abstrata e independente, assim como de correr riscos a fim de resolver problemas e aperfeiçoar sua compreensão. Significa que os programas de educação infantil inicial devem estar baseados em atividades lúdicas como princípio central das experiências de aprendizagem. Isso é bastante difícil de conseguir na vigência de práticas excessivamente prescritivas em termos de conteúdo curricular. Crianças pequenas alcançam a compreensão através de experiências que fazem sentido para elas e nas quais podem usar seus conhecimentos prévios. O brincar proporciona essa base essencial. É muito importante que as crianças aprendam a valorizar suas brincadeiras, o que só pode acontecer se elas forem igualmente valorizadas por aqueles que as cercam. Brincar mantém as crianças física e mentalmente ativas. (MOYLES, 2009, p. 19)
	A brincadeira, além de desenvolver uma série de atividades lúdicas, assume uma fundamental importância no processo de aprendizagem infantil, assume a função de promover o desenvolvimento da criança enquanto indivíduo, e a construção do conhecimento. 
	“Brincar é muito importante, porque, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina hábitos necessários ao seu crescimento” (BETELHEIM, 1998, p.168
	Através dos jogos e brincadeiras há o enriquecimento dos esquemas perceptivos visuais, auditivos e dos esquemas operativos como memória, imaginação, representação, síntese, lateralidade, causa e efeito. O pensamento não está separado da linguagem, que passa a ser estruturada e os esquemas verbais, ampliados. 
	Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, além de proporcionarem o desenvolvimento infantil, propiciam a preservação da cultura de uma determinada região e favorecem a socialização inclusive, por meio das regras criadas, aceitas e cumpridas que funcionam como um exercício à interação necessária com o mundo social. 
	A criança constrói, cria desde os seus primeiros momentos de vida e a construção se faz também, principalmente, através da atividade de brincar, quando os aspectos intelectuais e afetivos são desenvolvidos. Além disto, é através da atividade de brincadeira, com jogos ou brinquedos que é proporcionado, à criança, o direito de um crescimento harmonioso, livre e feliz.
	“No mundo lúdico a criança encontra equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida interior, descobre o mundo e torna-se operativa” (SANTOS, 1997, p. 56).
	As crianças fazem do brinquedo uma ponte para o seu imaginário, um meio pelo qual externam suas criações e suas emoções. O brincar ganha densidade, traz enigmas, comporta leituras mais profundas, vivas, ricas em significados. As crianças aplicam no brinquedo toda sua sensibilidade sem duvidar daquilo que é dado, daquilo que é aparente, pois, brincar com uma boneca ou um carrinho não é apenas uma boneca ou um carrinho, é tudo aquilo que sua imaginação desejar, tendo em vista a situação real vivida e vista. O brinquedo é capaz de revelar as contradições existentes entre a perspectiva adulta e a infantil. É através do brinquedo que a criança faz sua excursão no mundo, trava contato com os desafios e busca saciar sua curiosidade. 
	Vygotsky (1988 p.109), afirma que: “é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas e não por incentivos fornecidos por objetos externos”. 
	De acordo com Piaget (1988, p.81) Conquanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito mais difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar ideias ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados. 
	"É através da busca, da descoberta e da apropriação do mundo que os seres humanos inventam e reinventam palavras, atos, ações, objetos, leis e normas. Os brinquedos, historicamente, são criados e recriados pelo homem. E a criança que é um ser em pleno processo de apropriação da cultura elaborada historicamente, precisa participar deles de uma forma espontânea e criativa. Só assim elas serão curiosas, críticas, confiantes e participativas, na resolução de problemas relacionados ao conhecimento necessário para se apropriar do mundo da cultura civilizatória." (SANTOS, 1998:58) 
	É, portanto, na situação com os jogos que as crianças enfrentam problemas e desafios, levantam hipóteses, na tentativa de compreender a realidade, o meio, na qual interagem. Assim, ao brincarem, constroem a consciência da realidade e, ao mesmo tempo, vivenciam a possibilidade de transformá-la. 
	Com o intermédio do brincar desenvolvemos várias capacidades. Exploramos e refletimos sobre a realidade, a cultura na qual vivemos, incorporamos novos valores, questionamos regraras, papéis sociais, amadurecimento emocional, limites, além de adquirir e transferir conhecimento. Assim ultrapassamos a realidade, transformando-a através da imaginação.
	O brincar frente aprendizagem, assegura a sobrevivência de sonhos e promover a construção de conhecimentos vinculados ao prazer de aprender, por manifestar-se de uma maneira naturale agradável. 
2.4 METODOLOGIA
Como o objetivo do presente trabalho foi compreender a importância da ludicidade na Educação Infantil, optou-se pela pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo descritivo onde realizei uma observação sistemática, baseado em Mascarenhas (2012, p.46-52), onde afirma que: 
Utilizamos esse tipo de pesquisa quando queremos descrever nosso objeto de estudo com mais profundidade. Por isso ela é muito comum em estudos sobre o comportamento do indivíduo ou de um grupo social. Objetiva descrever as características de uma população ou um fenômeno, além de identificar se há relação entre as variáveis analisadas. O questionário e a observação são seus principais instrumentos. O observar é usar os sentidos para entender o mundo a nossa volta. Sem a observação a ciência não conseguiria ir muito longe, afinal, não seria possível coletar evidências para testar hipóteses.
Para a realização deste trabalho foram consultados vários livros e revistas relativos ao assunto em estudo e artigos publicados na internet que possibilitaram que este trabalho tomasse forma para ser fundamentado.
Segundo Marconi e Lakatos (1992, p.43 e 44), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como primeiro passo de toda metodologia científica. 
REFERÊNCIAS
BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1988.
BOMTEMPO, E. (Coord.). Psicologia do brinquedo: aspectos teóricos e metodológicos. São Paulo: USP, 1986. 203 p. 
CIA PUBLICAÇÕES: REVISTA CICLO DO CONHECIMENTO. Jogos, brinquedos e brincadeiras. Disponível em: http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2014/06/jogos-brinquedos-e-brincadeiras_26.html. Acessado em 01 de março de 2017.
CUNHA, N. H. da S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Malteses, 2001. 
FRIEDMANN, ADRIANA. O brincar na educação infantil: Observação, adequação e inclusão. 1° ed. São Paulo: Moderna, 2012.
LURIA, Alexandr R. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos culturais e sociais. São Paulo: Ícone, 1990.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Editora Atlas,1992. 4ª ed.
MARÍN, I.; PENÓN, S. Que brinquedo escolher? Revista Pátio Educação Infantil, ano I, n. 3, p. 29-31, dez. 2003/mar. 2004.
MASCARENHAS, Sidnei Augusto. Metodologia Científica. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.
MOYLES, J. A pedagogia do brincar. Revista Pátio Educação Infantil, ano VII, n. 21, nov. – dez. 2009.
NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 1994
OLIVEIRA, V.B. (ORG). Introdução In: O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2000. 
PIAGET, J. A Formação do Símbolo da Criança. Rio de Janeiro: Zahar. 1988. 
PIAGET, J. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e Representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 
SANTOS, Carlos Antônio dos. Jogos e atividades lúdicas na alfabetização. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
SANTOS, S. M. P. dos (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 4. ed. Petrópolis : Vozes, 1997. 
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5 ed. Vozes, Petrópolis, 2002.
SEM AUTOR. Corpo, movimento e ludicidade: uma contribuição ao processo de alfabetização. Disponível em: http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2000/02/a2.htm Acessado em: 26 de fevereiro de 2017.
VYGOTSKY, Lev S. Estudos sobre a História do Comportamento, Porto Alegre: Artmed. 1997.
VYGOTSKY, Lev S.; LURIA, Alexandr R.; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem (coletânea de textos). São Paulo: Ícone, 1988.
WALLON, Henri. A Evolução Psicológica da Criança – Lisboa: edição 70, 1981.
¹Aluno do curso de Pedagogia do centro Universitário Internacional Uninter. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de curso. 03-2017
 ² Professor Orientador no Centro Universitário Internacional Uninter.

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