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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - Cristiano Chaves - Caderno para 1a Prova

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DIREITO DAS OBRIGACOES 
Aluno: Joao Felipe Cabral Fagundes Pereira 
INTRODUCAO AO DIREITO DAS OBRIGACOES – No direito romano, os autores do direito retratavam as obrigações através da história dos devedores, que corriam com seus pertences para fugir dos seus credores que, ao alcançá-los, tiravam seus pertences e sua vida, descontando a dívida através da própria personalidade do devedor. Por termos base cultural em Roma (que venceu o outro berço da civilização ocidental, a Grécia), uma sociedade muito mais bélica e patrimonialista, ou seja, nosso Direito é extremamente patrimonialista e pouco humanista, pois os gregos foram derrotados.
 A Lei Poeteria Papiria, editada no Baixo Império Romano, foi a primeira lei que teve uma percepção humanista de obrigação. Antigamente, o devedor respondia sua dívida com sua personalidade (Ex: Lei de Talião) e, após esta Lei, o devedor passava a responder por seu patrimônio. Hoje, o Brasil não adota mais o sistema da Responsabilidade Pessoal e sim a da Responsabilidade Patrimonial (pois as obrigações não devem ferir a dignidade da pessoa humana, de acordo com as garantias constitucionais).
CONCEITO CLÁSSICO DE OBRIGACAO – Obrigação é uma relação jurídica pela qual se confere a um sujeito ativo (credor, uso genérico) o direito de exigir de outro sujeito (devedor, uso também genérico) o cumprimento de uma prestação, economicamente apreciada. 
 O descumprimento das obrigações resulta em uma responsabilidade, sendo esta uma diferenciação entre a (i) obrigação/schuld e a (ii) responsabilidade/haftung feita pelos alemães.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
 No mundo contemporâneo, não basta cumprir as obrigações, mas sim cumpri-las e respeitar os interesses de terceiros e a coletividade. A relação obrigacional estabelece deveres que deverão ser reciprocamente jurídicos e estão explícitos e outras que são decorrentes de valores éticos e morais (Função Social do Contrato/Artigo 421, CC e Boa Fé Objetiva/Artigo 422, CC. Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais, consiste na ideia de que os direitos fundamentais possuem uma eficácia 
POSICAO DAS RELACOES OBRIGACIONAIS NO DIREITO CIVIL – No direito civil, as relações serão patrimoniais ou existenciais.
RELACOES EXISTENCIAIS - Existenciais são as relações jurídicas personalíssimas, que dizem respeito a pessoa em sua essência (relações ontológicas, estudam a essência do ser). Um exemplo são os direitos da personalidade.
RELACOES PATRIMONIAIS - Já as relações patrimoniais tem como âmago a economia, sendo as relações obrigacionais, juntamente com as relações reais (contratos, propriedade) inclusas como categorias no campo das relações patrimoniais. 
-Relacão Real x Obrigacional: A relação real e obrigacional se diferenciam pelo sujeito, pois enquanto os sujeitos da relação obrigacional são determinados ou, no mínimo, determináveis, os sujeitos passivos (propriedade, por exemplo) são a coletividade, que deve se abster de violar a propriedade alheia (Obrigação Pacífica Universal), portanto, é indeterminável. A relação obrigacional é inter partes e a relação real é erga omnes. 
 O objeto da relação real é uma coisa/objeto, enquanto o objeto da relação obrigacional é uma prestação, sendo uma relação humana. A ação obrigacional é dirigida para a pessoa (ação pessoal), enquanto a ação real é dirigida a uma coisa.
Nunca existirá uma relação obrigacional perpétua, pois a mesma sempre será transitória/efêmera ,podendo acabar com o cumprimento da prestação, pelo credor, que pode encerrar a obrigação através da responsabilidade e, caso o mesmo não faca nada, haverá a prescrição. Já as relações reais se perpetuam, como uma casa que passa de geração em geração de uma família.
CATEGORIAS HÍBRIDAS- Obrigações estas que combinam direitos obrigacionais e direitos reais.
-Obrigações Propter Rem: As obrigações propter rem também são chamadas de obrigações ambulatórias, sendo obrigações aderentes a uma coisa. Ou seja, são prestações impostas ao titular (proprietário) de uma coisa. Um exemplo é a taxa de condomínio. Apesar de terem características de uma relação real, a mesma é uma relação obrigacional, pois nosso Codex determina que deve estar expressa na lei os tipos de relações que serão reais (tipicidade é uma característica para que a relação seja real), não sendo o caso da propter rem.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;           (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e         (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje.         (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
-Obrigações com Eficácia Real: São exceções que dependem de previsão legal expressa. Na Itália, França e Portugal, tais obrigações são regras. A obrigação com eficácia real é aquela que deve ser respeitada por terceiros e depende de previsão legal para existir, por se tratar de modalidade excepcional de obrigação.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL – São os mesmos elementos constitutivos de qualquer relação jurídica, que são (i) sujeito, (ii) objeto e (iii) vínculo, ou seja, as pessoas, bens e fatos. 
SUJEITO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL – O sujeito da relação obrigacional pode ser toda e qualquer pessoa, Física e/ou Jurídica, individualmente ou coletivamente, singular ou plural além dos entes despersonalizados. Até os incapazes e nascituros podem figurar como sujeito das relações obrigacionais, como prevê o Artigo 542 do Codex.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
-Instituto da Confusão (Artigo 381): Confusão é a extinção de obrigação por perda da diversidade de sujeitos. Ou seja, é quando o credor e devedor se confundem na mesma pessoa, não havendo como um exigir algo do outro, pois são a mesma pessoa. Haverá confusão, portanto, quando o credor e devedor não tiverem mais diferenciação, pois fundiram-se na mesma pessoa as suas qualidades. 
 Um exemplo de confusão inter vivos é quando uma empresa deve a outra e a empresa credora compra a devedora. Um exemplo de confusão causa-mortis é quando o filho devedor do pai falecido herda sua herança, confundindo então o seu patrimônio com o do pai, havendo a extinção da relação.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. 
-Entes Despersonalizados: É um grupo de pessoas ou uma coisa/conjunto de bens que não se enquadram como pessoa jurídica, ou porque (i) poderiam ser PJ mas não foram constituídos em forma da lei, como as sociedades irregulares ou de fato, ou (ii) porque não exercem atividades típicas da PJ, como o espólio, massa falida, condomínio, etc. Entes despersonalizados não sofrem dano moral, pois não possuem Personalidade Jurídica mas podem sofrer danos materiais.
OBS: O Brasil é um dos únicos países do mundo em que o condomínio, mesmo possuindo CNPJ, é considerado um ente despersonalizado.
-Sujeitos Especiais: O sistema jurídico confere proteção diferenciada para o sujeito, pois alguns sujeitos recebem tratamentos diferenciados e regras diferenciadas, saindo do CC e indo para alguma Lei Especial/Extraordinária, tendo como exemplo o consumidor e o empregado. A própria lei especial (tanto o CDC como a CLT) cria regras para o enquadramentodesse sujeito especial (quem for capaz de cumprir os requisitos, como subordinação jurídica para relação empregatícia, por exemplo). 
OBS: No CDC/90, havia uma grande discussão sobre o conceito de consumidor (apenas uma PF ou PF e PJ) e como se caracteriza uma relação de consumo (é a parte vulnerável, independentemente da sua hipossuficiência). Ou seja, o STJ fixou que o conceito finalística (teoria mitigada) de consumidor é o destinatário final, de acordo com os Artigos 2º e 3º do CDC, ampliando o conceito de consumidor (consumidor por equiparação e vítima consumerista, no Artigo 17 do CDC). 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
        Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento
 
 Há uma questão relacionada ao fato de como interpretar normas gerais do Direito Civil e ramos especiais como Direito do Consumidor e Empresarial, pois existem zonas de interseção entre tais áreas (há a lógica de priorizar as normas especiais diante das gerais). (i) Diálogo das Fontes é uma técnica de interpretação das normas criada por Erik Jaime, que prega a ideia de que sempre que a norma geral contiver um dispositivo mais protetivo ao sujeito do que a norma especial, inverte-se a lógica, sendo aplicada a norma geral no lugar da norma especial. É o uso mais racional das normas visando ampliar a proteção do sujeito especial.
ELEMENTO OBJETIVO – O objeto da relação jurídica obrigacional é a prestação, uma prestação/conduta humana, que consiste em dar, fazer ou não fazer. Toda relação obrigacional é uma conduta humana. Todo objeto da obrigação precisa ser lícito, possível, determinado ou determinável.
OBS: A ilicitude é uma proibição, enquanto a impossibilidade é uma inviabilidade, ou seja veda transitoriamente. Apesar da diferença, o resultado prático é o mesmo, pois a obrigação é nula (Artigo 426/Pacta Corvina, CC/02).
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
-Objeto Imediato: É a conduta humana que é o objeto da obrigação (a entrega de um livro pela vendedora da biblioteca numa compra e venda). Vem da conduta humana de dar, fazer ou não fazer (Construir/fazer uma casa, e não fazer 3 quartos pois no contrato ficou estipulado apenas 2).
-Objeto Mediato: É o bem da vida consistente que é o objeto da prestação (o livro em si). Se trata da própria prestação em si.
 Transindividual é aquilo que transcende uma pessoa, sendo direitos transindividuais aqueles que defendem indivíduos indeterminados e indetermináveis.
OBS: A relação obrigacional admite substituição do sujeito ou substituição do objeto, que é chamada de Sub-rogação Pessoal (sujeito, cessão de crédito e débito) e Sub-rogação Real (objeto, recebi um bem com clausula de inalienabilidade, Artigo 1848, 1º) 
VÍNCULO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL - É a garantia de cumprimento da obrigação. Esta garantia de cumprimento da obrigação é chamada de vínculo jurídico. Todo vínculo jurídico é dotado de coercibilidade, ou seja, a capacidade de imposição. Esta coercibilidade se dá através de execução patrimonial (responsabilidade patrimonial relativa) pelo Poder Judiciário. 
 Há situações em que o patrimônio do indivíduo não será passível de responsabilização, como o bem de família e os instrumentos do trabalhador.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
NCPC Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
-Situações de Responsabilidade Pessoal do Devedor: Está na Constituição (Artigo 5º, LXVII) a possibilidade de responsabilização pessoal do devedor, admitindo a sua prisão civil, nos casos de infiel depositário e devedor de alimentos. A CF apenas autoriza a prisão civil. A prisão do devedor de alimentos está disciplinada nos Artigos 528-533 do NCPC (interpretação de forma restritiva, de que modo haverá a prisão). Já a prisão do infiel depositário está prevista no Artigo 652 do CC. 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
NCPC Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos.
OBS: A Tese da Supralegalidade, criada pelo STF , define que todo tratado internacional de direitos humanos no qual o Brasil é signatário que não forem aprovados em dois turnos por 3/5 das duas casas do Congresso estará abaixo da CF. Ou seja, apesar da constitucionalidade da prisão de depositário infiel, o Pacto de San José da Costa Rica (está acima do CC e NCPC) a proíbe, tornando-a ilícita, como está previsto na Súmula Vinculante 25 do STF. 
SÚMULA VINCULANTE 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
-Efeito do Vínculo: Se estamos diante de sujeito, objeto e vínculo jurídico dotado de coercibilidade patrimonial, temos uma obrigação chamada de obrigação jurídica. O Direito não pode ignorar os diversos sentidos da palavra obrigação, pois existem mais duas categorias de obrigação, além da obrigação jurídica, caracterizadas pelo vínculo subjetivo.
OBS: O cumprimento de uma obrigação jurídica se chama adimplemento, também chamada de pagamento.
(i) As Obrigações Morais são aquelas nas quais está ausente o vínculo jurídico, mas sim um vínculo de ordem moral/não juridicizável (temos sujeito e objeto). O jurista não pode confundir direito com moral. O sistema juridico não considera as obrigações que estão no plano moral, não sendo executáveis pelo sistema jurídico. Todas as obrigações morais não terão coercibilidade. A doação é o cumprimento voluntário de uma obrigação moral, sendo que toda doação, em regra é irrevogável (exceções nos Artigos 557 e 562 do CC/02).
 Um exemplo de obrigação moral é o dízimo pago pelos fiéis a Igreja. As relações familiares entre o pai e um filho maior de 18 anos (um filho menor de 18 anos pode sofrer castigos moderados) são outro exemplo de obrigação moral, não havendo a possibilidade de uma parte vir a juízo contra a outra pelo não cumprimento. A questão de fidelidade em todos os casos, menos o de casamento são obrigações morais e não jurídicas. 
OBS: Cumprida uma obrigação moral, não há a possibilidade de um retorno material ou financeiro. Sendo a doação um exemplo de negócio jurídico gratuito, de acordo o sistema brasileiro e alemão, enquanto no sistema francês, a doação é uma liberalidade
(ii) Obrigações Naturais tem sujeito, objeto e tem vínculo jurídico, porém, o próprio legislador adentrou no vínculo jurídico e, através da norma, retiroua prerrogativa da coercibilidade do PJ. Ou seja, o legislador entendeu que este vínculo jurídico não merecia a execução pelo poder judiciário. As obrigações naturais só existem em casos previstos em lei, pois apenas a norma pode retirar a coercibilidade das obrigações, tornando-as obrigações naturais.
 O cumprimento de uma obrigação natural se chama de pagamento, só que sem a possibilidade do indivíduo de ser coagido a cumprir a obrigação, tendo a natureza jurídica de pagamento. Não é uma questão de moralidade, mas sim de consciência individual. Dois exemplos de obrigações naturais são as (i) dívidas de jogo assumidas no Brasil (apostas entre amigos, por exemplo), exceto os jogos patrocinados pelo governo, e a (ii) dívida prescrita. 
OBS: Se a dívida de jogo for assumida no estrangeiro (sites de apostas, cassinos em Las Vegas/Montevideo, a dívida poderá ser exigida e executada no Brasil. Dívida de jogo assumida no estrangeiro espontaneamente pode ser executada no Brasil diretamente ou por meio de carta rogatória (a ordem de um juiz internacional para o juiz de outro país).
OBRIGAÇÃO COMPLEXA – Também chamada de obrigação comum pelo processo, de acordo com Clovis do Couto e Silva, que disse que o conceito de obrigação é um processo, não no sentido de ciência, mas de movimento. Ou seja, a obrigação não é estática, mas dinâmica, não podendo deixa-la encapsulada no modelo do Direito Romano (um sujeito credor pode exigir de um devedor uma prestação econômica), pois agora existem outros valores. 
OBS: O CC segue a operabilidade, socialidade e a eticidade. Operabilidade significa que o exercício do direito seja algo fácil para todos. Socialidade é a preocupação com a função social dos direitos civis, que colaborem com a sociedade. Eticidade é o comportamento probo, sendo a ética mínima da convivência jurídica.
O NOVO CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO 
-Respeito aos Direitos Fundamentais: O primeiro conteúdo é o respeito aos direitos fundamentais, não podendo exigir bem de família ou a prisão em situação sem ser a hipótese de devedor de pensão alimentícia. Isto se chama de Eficácia Horizontal dos Direito Fundamentais, que consiste na ideia de que nenhuma relação privada pode violar ou atentar contra os Direitos Fundamentais. Embora o fundamento da relação privada seja a autonomia do particular, a ideia de onipotência das partes é limitada pelos Direitos Fundamentais.
-Boa-Fé Objetiva: A Boa-Fé Objetiva, conceituada pelos alemães (“Treu Und Glauben”/Lealdade e Confiança) é o sentimento ético que se espera das partes, ou seja, é estabelecido um padrão mínimo de conduta esperado entre as partes, sendo uma boa-fé principiológica. Boa-Fé é o valor jurídico dúplice, podendo ser objetiva ou subjetiva. A (i) Boa-Fé Subjetiva é psicológica, se prendendo ao conhecimento, sendo o casamento putativo um exemplo de boa-fé subjetiva, que é uma norma regra. A boa-fé objetiva se relaciona com a eticidade do CC/02.
 Cada contrato possui um nível de boa-fé diferente, tendo como exemplo uma relação entre o farmacêutico e o comprador, que pediu um remédio X e o farmacêutico não ofereceu a opção do mesmo remédio X em sua versão genérica e o contrato entre duas gigantes empresas (McDonalds e Coca-Cola), sendo o nível de boa-fé objetiva do contrato entre duas empresas muito maior, pois não é possível alegar a falta de conhecimento de uma das partes envolvidas.
 A boa fé objetiva não é um instrumento para retirar vantagens licitamente obtidas ou para apoiar e proteger os hipossuficientes, mas algo que se aplica em ambas as partes da relação, sendo um instrumento para a construção de uma relação ética. A boa-fé objetiva possui a Tríplice Função do Princípio da Boa-Fé Objetiva, que se divide em:
(i)Função Interpretativa, presente no Artigo 113 do CC, significa que toda e qualquer obrigação contratual deve ser interpretada pelo seu sentido ético. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
(ii) Função Integrativa é diferente de interpretar (buscar o sentido), pois estabelece deveres anexos/de conteúdo ético à boa-fé objetiva. Tais deveres são chamados de deveres implícitos ou laterais, sendo deveres éticos ali presentes independentemente da vontade das partes. 
 Ou seja, podemos concluir que a boa-fé objetiva é fonte autônoma de obrigações, além do (a) negócio jurídico, (b) responsabilidade civil e a (c) proibição de enriquecimento sem causa (884 e 885 do CC, pois estabelecem deveres anexos, ou seja, a boa-fé objetiva é nascedouro das obrigações.
OBS: Violação Positiva de Contrato é quando uma parte cumpre todas as obrigações contratuais mas acaba não cumprindo um dever anexo, havendo inadimplemento. Um exemplo é quando uma empresa de publicidade estabelece no contrato que serão construídos 20 outdoors de um produto de Classe A, mas acaba construindo os 20 outdoors em zonas de periferia e da Classe C, havendo inadimplemento por violarem a boa-fé objetiva.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Súmula 377 STF - No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
(iii) Função Limitadora/Restritiva/De Controle é a antítese da função integrativa, pois limita os direitos reconhecidos às partes que se mostram abusivos. Um exemplo é quando o indivíduo aceita voluntariamente pagar uma taxa abusiva do banco, sendo possível que o mesmo indivíduo entre em juízo para pedir o cancelamento da taxa. Esta função possui uma íntima conexão com o abuso do direito, buscando justamente evitar o abuso do direito.
-Função Social do Contrato: Relatividade dos efeitos da obrigação quer dizer que a relação obrigacional só gera efeitos para as partes. Porém, há situações em que os efeitos da relação podem afetar a sociedade além das partes, e de forma negativa. Ou seja, Função Social do Contrato é a preocupação com os impactos do cumprimento de uma obrigação sobre a coletividade e terceiros. A Função Social do Contrato incorpora a socialidade do CC/02. Da função social nascem dois novos conceitos:
(i) Terceiro Ofensor ou Terceiro Lesante/Cúmplice é aquele que atrapalhou a obrigação entre as duas partes, tendo como exemplo a Brahma no caso Zeca Pagodinho.
(ii) Terceiro Ofendido ou Terceiro Lesado é quando uma relação entre dois sujeitos acaba prejudicando terceiros, podendo ser qualquer pessoa. Um exemplo foi quando o Hospital Aliança recusou os clientes da Sulamerica (maior plano de saúde na Bahia), extinguindo o contrato devido a questões sobre o valor recebido, fazendo com que a extinção da relação particular entre ambos gerasse imenso prejuízo a terceiros (os clientes da Sulamerica, que não integram a obrigação). O MP requereu a permanência do contrato entre a Sulamerica e o Hospital Aliança.
OBS: O terceiro tem legitimidade para ajuizar uma ação contra a relação de partes que estão o prejudicando.

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