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A NOVA ESCOLA JURÍDICA DE ROBERTO LYRA FILHO Janilson Bezerra de Siqueira Juiz Federal SUMÁRIO: 1. Introdução 2. Sociologia do Direito ou Sociologia Jurídica? 3. Crítica às Ideologias Jurídicas. 4. Ideologia Jurídica e seus Principais Modelos. 5. A Nova Escola Jurídica Brasileira. 6. A Nova Escola Jurídica e o Direito Internacional; 7. Para um Direito sem Dogmas. 8. Teoria Dialética do Direito. 9. Conclusões. INTRODUÇÃO O presente ensaio não tem maiores pretensões. Visa, modestamente, examinar com a rapidez que o espaço permite, a Nova Escola Jurídica criada por Roberto Lyra Filho, estudo que não se afigura como tarefa das mais simples, especialmente quando se consideram as dificuldades próprias dos países subdesenvolvidos na disseminação de material científico de qualidade, em especial o que tenha por objeto o direito em todas as suas dimensões, no caso a dimensão sociológica. Vê-se, hoje, no Brasil, entretanto, nítida preocupação com o desenvolvimento das ciências sociais, com a retomada de seus estudos e pesquisas, havendo, nesse sentido, toda uma busca visando o desabrochar da disciplina, evidentemente não resumida à reprodução da verborragia dogmática dos manuais, mas sim na busca das fronteiras do conhecimento nesta especial área do saber humano.NR 1 A proposta de se examinar parte do pensamento de Roberto Lyra Filho surgiu do interesse de compreender a chamada “crise do direito”, e a intensidade do desejo de mudança esboçado nos trabalhos do renomado professor, principalmente pela heterodoxia dada sob o prisma ideológico, em sua Teoria Dialética do Direito. Como dito acima, há o enfrentamento de certas dificuldades, particularmente no que pertine à localização de material de pesquisa, como, v.g., as edições da Revista Direito & Avesso, que nem mesmo na Biblioteca da Universidade de Brasília se pode encontrar. Isso, no entanto, não arrefece o nosso ânimo, requerendo-se, desde já, uma boa dose de compreensão do leitor para eventuais, e certas, omissões. Não é novidade que Roberto Lyra Filho representou, juntamente com uma plêiade de pensadores brasileiros no campo da Sociologia e do Direito, um rumo interessante no estudo do fenômeno jurídico, especialmente considerando as contradições da sociedade liberal que ele tanto criticou, pela sua indisfarçável visão socialista, ou, como preferiria o próprio autor, marxiana.NR 2 Procurava Lyra Filho novo caminho para o tratamento de velho problema: o estudo do Direito, questionando as sua fontes tradicionais e, mesmo, os seus fins últimos, o desaguadouro dessa parte da ciência relativamente aos destinatários da norma. De onde provinha, qual a idoneidade das origens do direito, como ainda hoje tem sido estudadas? E onde é que tudo isso vai dar, quais os seus novos produtores e usuários? Eram inquietações recorrentes, que, na modernidade, ou na pós-modernidade, mais do que em qualquer outra época, se revelava com toda a sua gravidade. O Direito, assim, revelar-se-ia pelo caráter dialético de sua prática, desenvolvida nas lutas sociais travadas no seio da sociedade, fruto da tensão constante entre os interesses de classes e grupos, organizados ou não. A forma e a propriedade dos meios de produção desempenhariam fator essencial de identificação do conflito, que jamais se dissiparia, ainda que alterada no seu ponto vital, porque restariam sempre resíduos de desigualdade e injustiça. O conhecimento do direito e de sua inserção na sociedade estaria a indicar uma nova forma de tratamento das relações sociais, com aproveitamento das diversas ideologias em voga, sem se reter na mera contradição entre essas correntes, mas na identificação de fatores de superação, pela dialética, do Direito que respeite a outra face social, que não seja a dominação e a repressão pura e simples contra a maioria. São estas, basicamente, as questões postas a exame. É esse o objeto do modesto ensaio, o objetivo do trabalho, restando por a “mão na massa”, para utilizar mais uma expressão tão ao gosto do Professor, na sua incansável busca por um novo sentido para o Direito e para a Ciência. Para tanto, haver-se-á de partir da sua concepção de Sociologia Jurídica em aparente distinção com uma Sociologia do Direito, que serve de ponto de partida para a compreensão de sua doutrina. SOCIOLOGIA DO DIREITO OU SOCIOLOGIA JURÍDICA Toda convivência humana tem disciplina dada de uma forma ou de outra pelo Direito. Este, segundo Luhmann,NR 3 constitui fato social que em tudo se insinua, e do qual é impossível abstrair. Inexistiria, assim, como distinguir direito e fato social, porque um estaria tão ligado ao outro que a separação descaracterizaria o conjunto, deixando simplesmente a forma, no caso, o padrão legal, em se tratando da esterilização do fenômeno nos moldes positivistas, ou o fato bruto, amorfo, sem significado, se extraído todo o seu conteúdo normativo. Não é à-toa que a Sociologia utiliza-se do fato jurídico, valorado, pois, como objeto de sua ciência, qualificada de jurídica, segundo a disciplina própria a essa área do relacionamento humano. É comum, assim, para designar esse ramo da ciência jurídica utilizar-se, como sinônimos, tanto a expressão Sociologia Jurídica quanto Sociologia do Direito,NR 4 sem que exista qualquer dificuldade ou dúvida quanto ao seu objeto e conteúdo, embora ainda em fase de desenvolvimento essa disciplina.NR 5 Mas, utilizando-se do critério sugerido por Lyra Filho para a distinção entre Filosofia Jurídica e Filosofia do Direito,NR 6 poder-se-ia afirmar que Sociologia Jurídica teria com fim a abordagem sociológica do fenômeno jurídico como uma unidade, e Sociologia do Direito o desentranhamento dos pressupostos sociológicos, inseridos nos diferentes ordenamentos jurídicos e no discurso científico ou técnico sobre eles realizado. Nesse sentido, haveria nitidamente no discurso das normas estatais, tanto na esfera da Filosofia quanto da Sociologia, uma articulação de princípios não direta e pessoalmente elaborados pelo legislador ou pelo jurista, mas apropriados como parte retalhada de uma concepção de mundo funcionando como substitutivo do produto filosófico ou, na formulação acima, sociológico. Seria a hipótese de estudo da Sociologia Jurídica. Na outra ponta, ter-se-ia o estudo dos dogmas travestidos de normas fundadas numa idéia de razão ou de justiça em determinado ordenamento, sob color positivista, historicista ou sociologista, ou, mesmo, psicologista, durante o tempo, dependendo, claro, de cada concepção. Como lembra o próprio Lyra Filho, Sociologia do Direito e Sociologia Jurídica “constituem abordagens diferentes, apesar de interligadas, num intercâmbio constante. Por exemplo, é Sociologia do Direito a análise da maneira por que o nosso direito estatal reflete a sociedade brasileira em suas linhas gerais ... Sociologia do Direito, enquanto se estuda a base social de um direito específico. ...Sociologia Jurídica, por outro lado, seria o exame do Direito em geral, como elemento do processo sociológico, em qualquer estrutura dada.”NR 7 Manifestando-se o direito na sociedade por diversas e distintas maneiras e desde as instituições mais primitivas, qualquer agrupamento humano para manter-se e permanecer como espécie necessita da definição de suas regras de convivência mínimas indispensáveis para a sobrevivência. Segundo Erlich,NR 8 já nos primórdios da civilização a maior associabilidade do homem transforma-se naturalmente em arma de luta pela existência, fazendo com que ocorra gradativa eliminação e decadência dos seres de instintos egoístas e isolacionistas, prevalecendo aqueles fortalecidos justamente pelo caráter gregário decorrente do enfrentamento conjunto das forças da natureza e dos próprios grupos humanos adversários. As relações sociais decorrentes do fenômeno associativo traz, comoconseqüência, a formação de famílias e, no desenvolvimento da história, de tribos e povos. Tudo, evidentemente, regido pelas leis sociais, que impõem o modelo de sociedade de acordo com padrões formativos próprios, ou seja, com o nível de práticas tradicionais de cada sociedade. Quando organizada sob a forma de Estado, a sociedade, ou o poder político utilizado em seu nome, aspira ao monopólio da criação da norma jurídica, criando uma tensão constante pela pretensão à inalterabilidade dessas normas.NR 9 No mundo liberal, ou neoliberal, há forte tendência, quando não a predominância, de que a chamada classe dominante imponha sua norma de conduta como padrão social, visando ou consolidando essa dominação. Segundo a teoria marxista, fortemente refletida na teoria dialética do direito do autor, e como um dos seus sustentáculos, a influência fundamental para a formação do modelo seria sentida pela forma de produção da economia e pela propriedade dos meios inerentes ao respectivo sistema. CRÍTICA ÀS IDEOLOGIAS JURÍDICAS Ideologia jurídica apresenta de início dois significados relevantes para a compreensão da teoria dialética do direito e para a crítica de um direito dogmático. Em princípio, se traduzia como o estudo da origem e do funcionamento das idéias em relação aos signos que as representam; depois, e mais recentemente, passou a designar essas idéias mesmas, ou seja, o conjunto de opiniões organizadas em certo sentido e padrão.NR 10 Parte Lyra Filho de dois modelos básicos da filosofia, que ainda hoje preponderam na formação intelectual de filósofos e juristas: o jusnaturalismo e o positivismo, tidos como o direito à ordem justa, no caso do jusnaturalismo e como ordem estabelecida, quanto ao último. É curioso anotar a negação de autores tradicionais ao enquadramento dentro desses dois sistemas, para, depois, denunciarem a sua construção pelo próprio significado de sua doutrina. É o caso de Miguel Reale, no dizer de Lyra Filho, cuja filosofia estaria centrada na ordem, com adoção do pensamento de Hauriou, segundo quem ordem é justiça, e que não corresponderia à própria expectativa por ele criada.NR 11 Mas também isso vale em relação a Hans Welzel, que se diz não naturalista, mas admite princípios fixos e inalteráveis anteriores e superiores às leis, que outro não pode ser senão o direito natural.NR 12 Citando Radbruch, refere Lyra Filho que o positivismo pressupõe um preceito jurídico básico de direito natural na base de todas as suas construções, ou seja, um princípio jurídico anterior e superior ao direito positivo. Nesse sentido, ou o positivismo se descobre como não jurídico, fazendo derivar o direito do simples fato da dominação, ou, para legitimar pura e simplesmente a ordem e o poder, recorre a um princípio que não é de direito positivo, na norma fundamental. Essa constitui uma das críticas mais fortes ao positivismo, em especial porque estabelecendo um fundamento diverso da positivação, na verdade estará justificando a norma positiva simplesmente na força originária, denunciando a ausência da neutralidade ou objetividade tão caras aos positivistas.NR 13 Uma crítica da dogmática jurídica parte especialmente da negação da crença no direito positivo como entidade capaz de dar solução aos problemas sociais de uma comunidade. Por mais onisciente que sejam todos os membros de determinada sociedade, ou de seus representantes, nos casos em que o direito positivo é formulado pela minoria, inexiste condição de possibilidade de legislar-se sobre todas as situações tendentes ao litígio. Sem falar dos desvios e distorções naturalmente inerentes à condição de legislar. Por outro lado, a vida social é extremamente dinâmica, ágil, fluida, de modo a não se deixar aprisionar dentro da camisa de força da lei, porque o fato social está sempre em desenvolvimento e a lei não pode acompanhar a criatividade humana. O dilema que impõe, logo, sempre será no sentido de superação da norma posta ou o retrocesso pela impraticabilidade do progresso. Confira-se com Galileu. Mas o ponto fundamental da questão reside mesmo na dificuldade, e, mesmo, na impossibilidade de conceder-se à maioria, numa sociedade que tenha o capital como referência, o direito de fazer o seu próprio direito. Aliás, disso também padecem as minorias não contempladas pelo bolo legiferante na espécie de sistema referida por Lyra Filho. IDEOLOGIA JURÍDICA E SEUS PRINCIPAIS MODELOS Um dos principais problemas enfrentados pela sociologia jurídica e pelas ciências sociais em gênero se reflete na forma pela qual se produz o engessamento filosófico dentro das ideologias. Um exemplo claro disso pode-se ter na posição extremada que adotam certas correntes, como, v.g., a positivista, ao conceber o direito como redução à ordem estabelecida, sem admissão de outras normas ou fontes de normas. Nesses termos, qualquer que seja a ideologia, da espécie de positivismo - legalista, historicista ou sociologista, ou, ainda, psicologista -, de jusnaturalismo ou de outra ideologia qualquer, todos eles sempre estarão fechados ou dificultando a recepção de influências externas, do ambiente de luta e do meio social. Isso parece mais verdadeiro quando se verifica que em todas essas correntes ou sub- correntes o destaque fica por conta da invariabilidade das normas positivas. Se no positivismo legalista a lei é apresentada como ordem superior a todas as normas, no historicista ou sociologista tal superioridade é derivada das formações pré-jurídicas e pré- legislativas, produto espontâneo do “espírito do povo” ou dos costumes principais, mores e tradições, que, de forma geral coincide com as tradições da classe dominante, aqui entendida como a detentora e proprietária dos meios de produção. Por outro lado, o positivismo psicologista, ao pretender viabilizar um “direito livre” ou um sentimento do direito, deixa a cavaleiro os detentores da força a impor o seu próprio direito através das mais diversas influências. Como o direito, em qualquer dos casos dados, sempre recebe o beneplácito do Estado para a sua efetivação, e este permanece, em última análise, ligado à classe dominante, que é a detentora do poder econômico na qualidade de proprietária dos meios de produção, sempre a lei, as formações pré-jurídicas ou a decisão propiciada pelo direito livre se confundirá com o direito e este estará a reboque de uma classe.NR 14 A NOVA ESCOLA JURÍDICA BRASILEIRA A Nova Escola Jurídica Brasileira, batizada sob a sigla NAIR, pretende na verdade apresentar-se como uma nova filosofia, baseada em nova abordagem filosófica, sociológica e jurídica do direito. Tem como missão filosófica e política básica restituir a dignidade política ao direito, dentro de uma visão dialética do mundo. Mas também visa instituir uma nova dignidade jurídica da política. Não se confunde com o tridimensionalismo de Miguel Reale,NR 15 porque não se orienta cegamente em busca da ordem ou da justiça, embora aproveite o que de positivo nessa e em outras doutrinas, voltado porém para o progresso e o desenvolvimento do homem nas suas lutas sociais. Lyra Filho enumera, então, cinco proposições estruturais negativas de sua Nova Escola, ao lado de igual número de idênticas proposições também negativas e de combate ao positivismo, para, afinal, formular as suas cinco proposições positivas fundadoras da sua doutrina. Esta procura identificar e harmonizar a herança liberal das garantias democráticas das revoluções burguesas, a dialética de Hegel, a ontologia jurídica do jovem Marx, a sociologia crítica pós-marxiana e da hermenêutica da moral mais recentes.NR 16 Isso, porém, não esgota o conjunto de teses e conceitos da Nova Escola, que visa justamente a estruturação de um direito novo no sentido de que esteja sempre em construção, estabelecendo uma fonte permanente de criação do direito, superando as velhasfórmulas dogmáticas, baseadas na lei, nos costumes, princípios gerais etc. As primeiras proposições negativas, de cunho estruturalista, dizem respeito fundamentalmente à afirmação do que a NAIR não é ou não deseja ser, daí porque proposições negativas. A NAIR não se apresenta, pois, como um sistema fechado de dogmas, forjado ou aderido, isto é, esposado; também não constitui uma revolução copernicana ou adaptação de nenhum modelo anterior, nacional ou estrangeiro, dentro das idéias jurídicas; tampouco visa angariar adeptos sob a forma de partido político ou clube jacobino, de “carteirinha”; não se trata, igualmente, de um conjunto de intelectuais narcisistas incapazes de lidar com as contradições internas não antagônicas, respeitado o elenco mínimo de princípios comuns de que resulta o conjunto posicionamento; e finalmente, nada liga a NAIR a gabinetes ou ambientes fechados, sendo de sua concepção ontológica estar sempre num ir e vir, comprometida com a elaboração teórica e com a práxis avançada. Por outro lado, como dito, rejeita a Nova Escola peremptoriamente o positivismo jurídico, sob cinco argumentos principais, também de índole negativista. Assim, não toma a NAIR como dogma a norma pelo direito, aliás não assume nenhum dogma de natureza positivista; também não define a norma pela sanção, rejeitando no particular a doutrina de Kelsen; igualmente, não reconhece apenas o Estado como a entidade produtora de normas e sancionadora; tampouco aceita o fetichismo do chamado direito positivo, costumeiro ou legal; por último, não toma o direito como um elenco de restrições à liberdade, em que esta se defina como as sobras das imposições restritivas estatais. Mas essa Nova Escola também é afirmação. E tem como perspectiva visualizar uma nova forma de estabelecimento da convivência humana, fundada especialmente no respeito aos direitos humanos e na apropriação do desenvolvimento material e tecnológico pelo povo, enquanto conteúdo material do direito, conforme as cinco proposições positivas que formula. É assim que visa, por primeiro, repor o direito no seu lugar de destaque, no seio da sociedade e das lutas travadas no seu interior, a fim de cancelas as inversões positivistas; a segunda consiste na determinação de critério objetivo, segundo o impulso libertador, na luta constante pela justiça histórica, social e concreta; por terceiro, implica em sustentar os direitos de classes, grupos e povos ascendentes, conforme o vetor histórico indicativo de sua posição vanguardeira, enriquecido pela constante evolução dos direitos humanos, parâmetro fundamental da legitimidade das normas estatais e não estatais; na quarta, e uma das mais importantes, sublinha a NAIR que a práxis transformadora enfrenta limites jurídicos, porque o processo de libertação se desnatura quando pretende sacrificar, paradoxalmente, o seu fim nos meios utilizados para alcançá-los; e finalmente, visa estabelecer e demonstrar como a positivação dialética do direito constitui um processo evolutivo incessante, superior e mais amplo do que a ordem determinada. PARA UM DIREITO SEM DOGMAS OU PARA UMA TEORIA DIALÉTICA DO DIREITO A principal corrente filosófica do pensamento jurídico que hoje se apresenta no mundo dito civilizado, capitalista, se funda no positivismo. Este, como dito, trabalha com pressupostos que, embora não fixos, ou imutáveis, como no jusnaturalismo, tem a pretensão de dirigir a sociedade sob o prisma da classe dominante, utilizando-se do Estado como instrumento da dominação. Nesse especial sentido, reserva-se ao Estado o monopólio da produção normativa e do uso da violência, admitindo-se como Direito tão somente a norma que provém do Estado, sem admissão de qualquer outra fonte. O jusnaturalismo, por sua vez, converteu-se em simples parâmetro de avaliação do positivismo estatal, pretendendo comparar as normas postas com as normas naturais, imutáveis, seja de origem divina ou baseada em outros fundamentos, como a razão. A sociedade humana, porém, deve o atual desenvolvimento do Direito a essas duas correntes da ideologia jurídica. Segundo Lyra Filho, o que impede de fato uma melhor aproximação entre o Direito e a Sociedade não seria o modelo de filosofia em si, mas a dimensão estática do modo de filosofar ou de fazer ciência. Na verdade, tanto o positivismo quanto o jusnaturalismo detém características pautadas no conhecimento do objeto científico da ciência do Direito. O pecado dessas correntes, no entanto, afigura-se na maneira como formulam os seus princípios, como se fossem verdadeiros dogmas. A crença nos princípios imutáveis ou nas teses desenvolvidas em cada desses segmentos tem afrontado a ciência e ido além das próprias convicções religiosas. É sabido que dentro da própria religião há questionamentos sobre os dogmas da fé, especialmente no âmbito do certos posicionamentos de pensadores católicos, formuladores de uma “teologia da libertação”.NR 17 Essa crença exacerbada nos preceitos legais ou normativos extra-estatais tem servido para toda espécie de dominação. As decisões de classe por essa via tem facilitado o domínio de classe sobre classes ou grupo sobre grupos, tornando o Direito algo de injusto, causador de desigualdades. E tudo isso com forte influência do poder dos dogmas. Porque o dogma sempre se impõe pelo interesse da classe hegemônica sobre os “direitos” das classes desfavorecidas da sociedade. Não que essa classe após a tomada da hegemonia pela classe dominante deixe de existir e se anule enquanto titular de direitos e interesses. Mas geralmente os interesses dessa classe são tratados como caso de polícia, quando não de guerra. A luta social, entretanto, permanece latente e viva, sempre ressurgindo como contestação às situações de injustiça. Tal condição, aliás, é o que propicia o direito das revoluções, ou seja, a legitimação do direito que não era Direito pela modificação dos novos titulares do poder. A possibilidade de alteração da ordem social deveria ensinar aos integrantes das cúpulas dos poderes estatais pelo menos a levar em consideração a luta social, a dialética que se esconde por trás dos movimentos que se organizam dentro da sociedade. São esses movimento que oferecem a matéria prima para a construção do direito. São os conflitos que nascem espontâneos do meio popular que dão a tônica do nono Direito, o que não é construído sobre falsas pilastras e que não pode ser abandonado ou tornado inválido pela simples mudança da Lei. Confira-se com a conquista dos direitos humanos, em suas diversas versões durante os diferentes períodos da história. Toda a evolução do Direito, nesse sentido, teve fundamento na inexistência de dogmas, na luta entre interesses do homem na sociedade contra o interesse de grupos ou classes opressoras. Quem ignora que o direito à vida ou o banimento da tortura não favorece às classes menos favorecidas da sociedade, que sempre sofreu na pele a injustiça e o sofrimento? O Direito, pois, deve ser buscado nesse eterno conflito. E o jurista, ou o filósofo, ou, mais, ainda, o sociólogo, haverá de estudar o Direito que vem sendo questionado, partindo da duvidosa capacidade pacificadora dos preceitos da ordem positiva em confronto com a práxis libertadora. Será assim que se encontrará a chave da nova ordem, sem dogmas, sem preceitos absolutos, mas com democracia e respeito aos direitos humanos. Não que inexista a Lei ou outra espécie de norma dentro da sociedade, mas que essa norma seja fruto de nova fonte, legítima e viva, alterável a cada disputa, a cada litígio, sempre incorporando os progressos da ciência e da vida social. É bom relembrar, nesse sentido, que pela simples positivação de certos preceitos, aparentemente aplicáveis a todos, o sistema muitas vezes somente favorece às classes ou grupos dominantes. Como muito bem registra Miguel Pressburger,NR18 tanto a propriedade quanto o direito à vida estão assegurados na Constituição, a primeira evidentemente com maiores garantias, sendo que somente poucos com direito a ela. Não resta dúvida de que a Teoria Dialética do Direito constitui um conjunto de teses sobre uma nova filosofia, baseada fundamentalmente na sociologia jurídica.NR 19 A teoria dialética do direito repele e evita a antítese pura e simples entre direito positivo e direito natural, conservando os aspectos válidos de ambas as correntes, rejeitando as demais, sem aceitar o rótulo de ecletismo. Pretende aproveitar o que há de positivo sem incorrer em positivismo, bem assim admite o direito justo, sem resvalar para qualquer espécie de jusnaturalismo. Tudo isso sem desligar-se das lutas sociais, ponto crucial da construção do pensamento filosófico autodenominado progressista. Nesse rumo, diz-se que busca o “justo, porque ordenado” e o “ordenado, porque justo”. A NOVA ESCOLA JURÍDICA E O DIREITO INTERNACIONAL Embora o Direito não se limite ao aspecto interno do processo histórico, tendo raiz internacional, a correta visão jurídica não pode fazer caso omisso das instituições internacionais sob a alegação de que o Direito Internacional “não é jurídico”. Porque as “soberanias” dos diferentes países não toleram repercussões internas senão quando “aderem” aos pactos internacionais e o princípio de autodeterminação dos povos e as soberanias nacionais não impedem as sanções internacionais, nas hipóteses mais graves de violação de direitos. Afora as comunidades primitivas, de que não se cuidou no estudo, cada sociedade em particular, no “instante mesmo em que estabelece o seu modo de produção”, inaugura, com a sua cisão em classes, uma dialética jurídica também, como é o caso, por exemplo, do estabelecimento da propriedade privada dos meios de produção como princípio, contrapondo-se ao direito dos não proprietários, cujos interesses contradizem o “privilégio” dirigido à burguesia. A oposição começa na infra-estrutura. O direito entre nações luta para não ficar preso ao sistema de forças dominantes, e, em que pesem as felizes contradições, a sua forma inter-estatal reproduz, no âmbito externo, a obstrução quanto ao direito estatal. Daí a expressão jurídica paralela em uma dialética estabelecida pelos povos oprimidos e espoliados, sendo exemplo disso o conjunto de princípios “jurídicos” consagrados na Carta de Argel (1977), em que os povos oprimidos formularam a sua quota de direitos postergados. Mas a organização social, que padroniza o conjunto de instituições ditas dominantes, adquire também um perfil jurídico, na medida em que apresenta um arranjo legítimo ou ilegítimo, espoliativo ou opressor, esmagando direitos de classes e grupos. É assim que se insere o problema jurídico do “sistema”, a questão da legitimidade ou da ilegitimidade da estrutura. Não basta para resolvê-la a existência do simples status quo (a existência nua e crua da dominação), como não basta o “consenso” presumido, que se baseia na passividade da população, quase sempre intoxicada pela ideologia e consultada com restrições, isto é, dentro de leis que não permitem o despertar da consciência libertadora: exclusão de pessoas e correntes de opinião do pleito, restrições à propaganda nos veículos de comunicações de massas, e toda a casuística dos estrategistas e marqueteiros). Mas o controle social global, isto é, a central de operações das normas, do e no setor centrípeto, dinamiza em aspectos não isentos de contradições a organização social militante. Aí é que surgem as leis de todo tipo, inclusive as anômalas, que rompem (para a garantia da organização subjacente) o próprio sistema legal, quando classes e grupos dominantes se assustam com a possibilidade mais ou menos próxima de verem escapar o controle social da mão das “elites do poder”. Persistente a cisão de grupos e classes em dominadores e dominados, a dialética vem a criar, paralelamente à organização social, um processo de desorganização, que interfere naquela, mostrando a ineficácia relativa e a ilegitimidade das normas vigentes e propondo outras, efetivamente vividas, em setores mais ou menos amplos da vida social. No plano político, assim, se estabelece o que os cientistas políticos denominam o “poder atual” (isto é, mais de um poder social na dialética de conflito). A coexistência em conflito de séries de normas jurídicas dentro da estrutura social, faz surgir um pluralismo dialético e leva à atividade de contestação, na medida em que grupos e classes insurgentes procuram o reconhecimento de suas formações contra-institucionais, em desafio às normas tidas como injustas. Radica neste ponto o critério de avaliação dos produtos jurídicos contrastantes, na competição de ordenamentos (as diferentes séries de normas entrosadas). Como o direito, em qualquer dos casos dados, sempre recebe o beneplácito do Estado para a sua efetivação, e este permanece ligado à classe detentora do poder, sempre a lei, as formações pré-jurídicas ou a decisão propiciada pelo direito livre se confundirá com o direito e este estará a reboque de uma classe. CONCLUSÕES A Nova Escola Jurídica Brasileira, concebida por Roberto Lyra Filho pressupõe uma série de formulações que se concentram na própria sociedade, e das quais qualquer filósofo, sociólogo ou jurista poderá lançar mão e fazer uso para compreender e melhor aplicar o Direito. Não se há de necessariamente ser marxista para estudá-la, apresentando-se a dinâmica social como o motor dessa corrente, que não se isola em grupos, gabinetes ou mesas aristocráticas, e procura o justo e o positivo na dialética da luta social. Tudo deriva da concepção dialética, entendendo e priorizando o estudo do Direito como fenômeno inserido na luta de classes, que, embora tido como ultrapassado, ainda constitui o material necessário ao conhecimento do seu objeto. As conclusões sobre o pensamento dessa Escola, que refletem as posições da Teoria Dialética do Direito, tão bem descritos pelo próprio Lyra Filho em seu “livrinho” O Que é Direito -, podem ser resumidos, da seguinte forma: I) O positivismo pressupõe um preceito de direito natural na base de todas as suas construções, ou seja, um princípio jurídico anterior e superior ao direito positivo. Nesse sentido, ou o positivismo se descobre como não jurídico, fazendo derivar o direito do simples fato da dominação, ou para legitimar pura e simplesmente a ordem e o poder recorre a um princípio que não é de direito positivo, na norma fundamental. II) Uma crítica da dogmática jurídica parte especialmente da negação da crença no direito positivo como entidade capaz de dar solução aos problemas sociais de uma comunidade. Por mais onisciente que sejam todos os membros de determinada sociedade, ou de seus representantes, nos casos em que o direito positivo é formulado pela minoria, inexiste condição de possibilidade de legislar-se sobre todas as situações tendentes ao litígio. III) Como o direito sempre recebe o beneplácito do Estado para a sua efetivação, e este permanece ligado à classe detentora do poder, sempre a lei, as formações pré-jurídicas ou a decisão propiciada pelo direito livre se confundirá com o Direito e este estará a reboque de uma classe. IV) A organização social, que padroniza o conjunto de instituições da sociedade e do Estado, adquire também um perfil jurídico, na medida em que apresenta arranjo legítimo ou ilegítimo, espoliativo ou opressor, esmagando direitos de classes e grupos, o que suscita o problema da legitimidade ou ilegitimidade global da estrutura. Não basta para resolvê-la a existência nua e crua da dominação, como não basta o tipo de “consenso” presumido, que se baseia na passividade da população. V) Persistente a cisão de grupos e classes em dominadores e dominados, a dialética vem a criar, paralelamente à organizaçãosocial, um processo de desorganização, que interfere naquela, mostrando a ineficácia relativa e a ilegitimidade das normas dominantes e propondo outras, efetivamente vividas, em setores mais ou menos amplos da vida social. No plano político, assim, se estabelece o que os cientistas políticos denominam o “poder atual” (isto é, mais de um poder social na dialética de conflito). VI) Embora o Direito não se limite ao aspecto interno do processo histórico, a correta visão jurídica não pode fazer caso omisso das instituições internacionais sob a alegação de que o Direito Internacional “não é jurídico”, já que este, entre nações, luta para não ficar preso ao sistema de forças dominantes. E em que pesem as felizes contradições, a sua forma inter- estatal reproduz, no âmbito externo, os mesmos dilemas no plano local. Porque as “soberanias” dos diferentes países não toleram repercussões internas senão quando “aderem” aos pactos internacionais e o princípio de autodeterminação dos povos e as soberanias nacionais não impedem as sanções internacionais, nas hipóteses de mais graves violações do Direito, requer-se a analogia para a situação vivida por cada sociedade. São conclusões polêmicas, que trazem a todos uma reflexão sobre a crise do Direito sob o aspecto suscitado por Lyra Filho. Como se viu, tais conclusões não configuram regras de entendimento de uma determinada sociedade, mas da sociedade pós-moderna como um todo, dos conflitos gerados dentro da sociedade liberal (poder-se-ia dizer, mesmo, neoliberal), e que está a merecer profunda análise, seja porque a solução da crise passa necessariamente pelo conhecimento das bases sociológicas de qualquer comunidade, seja pela exigência de saídas criativas para a manutenção da paz, do Estado e da própria sociedade. Eis o desafio. Vale a pena enfrentá-lo. BIBLIOGRAFIA: EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito (Trad. René Ernani Gertz, revisão de Vamireh Chacon). Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986. GUSMÃO, P. Dourado. Teorias Sociológicas. Rio de Janeiro: Forense, 2a edição, 1968. LYRA FILHO, Roberto. A Filosofia Jurídica nos Estados Unidos da América. Revisão Crítica. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1977. _____. Para um Direito sem Dogmas. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1980. _____. 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OLIVEIRA, Luciano e ADEODATO, João Maurício. O Estado da Arte da Pesquisa Jurídica e Sócio-Jurídica no Brasil. Brasília: Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 1996, p. 47. 2. LYRA FILHO, Roberto. Pesquisa em Que Direito? Brasília: Edições Nair Ltda, 1984, p. 9 e 26. 3. LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito I (Trad. Gustavo Bayer). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, Biblioteca Tempo Universitário, Série Estudos Alemães, 1983, p. 7. 4. MACHADO NETO, A. L. e Zahidé. O Direito e a Vida Social. São Paulo: Companhia Editora Nacional, Editora da Universidade de São Paulo, Biblioteca Universitária, Série 2a, Ciências Sociais, p. 1. 5. SOUTO, Cláudio. “Por uma Teoria Científico-Social Moderna do Direito”. Anuário de Mestrado em Direito (Coord. José Souto Maior Borges). Recife: Editora Universitária da UFPE, nº 5, 1992, p. 138. 6. LYRA FILHO, Roberto. “Filosofia Geral e Filosofia Jurídica, em Perspectiva Dialética”. Cristianismo e História. São Paulo: Edições Loyola, 1982, p. 147. 7. LYRA FILHO, Roberto. O Que é Direito? Brasília: Nova Cultural/Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1985, p. 72-73. 8. ERLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito (Trad. René Ernani Gertz). Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986, p. 27-28. 9. NORONHA, Fernando. A Jurisprudência e a Criação de Direito para além da Lei. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988. 10. LYRA FILHO, Roberto. O Que é Direito? Brasília: Nova Cultural/Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1985, p. 16-17. 11. LYRA FILHO, Roberto. A Filosofia Jurídica nos Estados Unidos da América. Revisão Crítica. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1977, p. 71. 12. Idem, ibidem, p. 16-17. 13. Idem, ibidem. p. 49. 14. Idem, ibidem, p. 8. 15. REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. São Paulo: Saraiva, 4a edição, 1986. 16. LYRA FILHO, Roberto. Pesquisa em Que Direito? Brasília: Edições Nair Ltda, 1984, p. 18. 17. LYRA FILHO, Roberto. Pesquisa em Que Direito? Brasília: Edições Nair Ltda, 1984, p. 7. 18. PRESSBURGER, Miguel. A Propriedade da Terra na Constituição. Rio de Janeiro: Apoio Jurídico Popular/FASE Projeto Educação Popular para a Constituinte, Coleção Socializando Conhecimentos, n.º 2, 1986, p. 17. 19. CHAUÍ, Marilena. “Roberto Lyra Filho ou Da Dignidade Política do Direito”. Direito & Avesso, Boletim da Nova Escola Jurídica Brasileira. Brasília: Edições Nair Ltda, vol. 2, 1982, p. 28, apud LYRA FILHO, Roberto. Pesquisa em Que Direito? Brasília: Edições Nair Ltda., 1984, p. 8. Title: Literatura Jurídica Issue: Nova Escola Jurídica Roberto Lyra Date: 27-12-2000 Janilson Bezerra de Siqueira Juiz Federal
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