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MiguelAntonio EnsinoJuridico

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Ensino Jurídico 
. 
Miguel Antonio Silveira Ramos 
 Advogado em Rio Grande/RS 
 Professor de Direito Civil na FURG/RS 
 Doutor em Direito pela Universidad de Buenos Aires/Argentina 
. 
. 
1.Introdução: 
O brilhante trabalho realizado pela Comissão de Ensino Jurídico do 
Conselho Federal da OAB e da Comissão de Especialistas do Ensino de Direito da 
SESu-MEC, ambas formadas por juristas de maior renome nacional, culminou na 
elaboração das novas diretrizes curriculares mínimas para os cursos jurídicos do 
País, levadas a efeito através da Portaria nº 1.886/94, que entrou em vigor em 
25/01/95 e revogou a resolução do Conselho Federal de Educação nº 2/72, que 
dispunha anteriormente sobre o tema. 
Tal portaria prevê, além da especificação do currículo mínimo para os 
cursos jurídicos, disposição sobre o acervo bibliográfico, onde cada faculdade 
deverá ter um número mínimo de 10.000 obras jurídicas atualizadas e relativas as 
disciplinas não jurídicas do curso a disposição dos alunos e professores; disposição 
sobre monografia final de curso, de obrigatória apresentação e defesa, como forma 
de incentivar a investigação jurídica, já nos bancos colegiais; especialização 
facultativa, onde o aluno poderá optar, a partir do quarto ano do curso, por uma área 
de concentração de estudos, nas faculdades em que tal sistema for oferecido; e, 
estágio de prática jurídica, como obrigatório, com o objetivo de integrar o estudante 
de direito para o exercício das diversas profissões jurídicas. 
Este foi o primeiro passo que deveria ser dado com o objetivo de 
enquadrar os cursos jurídicos na realidade do contexto educacional atual. Mas 
muitos outros pontos deveriam ter sido tratados pela Comissão de Ensino Jurídico da 
OAB, e até por uma comissão especial do MEC, visando o aprimoramento do ensino 
jurídico, que não o foram, e espero que num futuro breve, passem a ser tratados. 
Infelizmente, somente apresentar um currículo mínimo para os cursos de 
direito, é modificar os nomes das disciplinas, criar novas disciplinas ou extinguir 
antigas, aumentar ou diminuir a carga horária total do curso, mas não atacar o 
problema pela raiz. Dentro de dois ou três anos, a OAB e o MEC estarão 
preocupados novamente com o ensino jurídico, formarão novas comissões de 
estudos, que, provavelmente, vão propor uma nova mudança curricular, num 
desperdício de tempo e dinheiro. 
Neste ponto permito-me fazer uma crítica aos trabalhos das duas 
comissões: o problema do ensino jurídico brasileiro não é só curricular muitos 
outros fatores levam a conclusão de que existe uma péssima qualidade de ensino no 
país; é necessário que também se faça, principalmente, uma mudança de atitudes por 
parte dos professores, dirigentes de instituições de ensino e Governo Federal, aliada 
a uma revisão nas condições de trabalho, de métodos de ensino e, até mesmo da 
atual estrutura curricular, que há pouco entrou em vigor, mas que deve ser analisada 
em conjunto com uma nova metodologia, para que possa se falar em uma melhora 
no ensino jurídico. 
 
2.Mudança de atitude: 
Um dos pontos que creio seja de maior importância para que se possa 
falar em melhores condições de ensino é que os órgãos responsáveis pela execução e 
fiscalização do ensino jurídico (Universidades, MEC e OAB), proporcionem aos 
professores condições mínimas para a execução de um trabalho de qualidade, 
incluindo nesse aspecto, a realização de congressos, simpósios e encontros com o 
objetivo de refletir o papel do professor de direito dentro da sala de aula. 
Como escreveu José Eduardo Faria1, citando conferência pronunciada por 
Roberto Vernengo, na Universidad Nacional Autónoma de México, em 1977, hoje 
os professores de direito, nos países de sistema romano-germânico adotam métodos 
pedagógicos que se resumem a: 1. Reprodução do que está contido nos livros 
didáticos que existem a disposição no mercado ou nas bibliotecas e que consta na 
bibliografia indicada aos alunos (método Kelsiano); ou, 2. A improvisação retórica e 
informal, que encanta aos alunos, mas em nada contribui ao aprendizado (método 
Orteguiano). Os dois métodos se consubstanciam em uma classe magistral, apenas 
com diferença na formalidade de apresentação do conteúdo. 
Certo é que alguns professores fogem a esta regra, mas a grande maioria 
se limita a esses métodos, e infelizmente, única e exclusivamente ao primeiro, que 
possue como principal ponto fraco a limitação do estudo e o não desenvolvimento de 
raciocínio lógico dentro da sala de aula. 
A classe de cunho magistral, adotada no método Kelsiano, é uma herança 
de um estilo pedagógico arcaico, típico dos países que adotam o sistema romanista, 
desenvolvido em um período em que se descobria e pensava o direito através dos 
doutrinadores, estudiosos do direito, que transmitiam dentro da sala de aula seus 
pensamentos, que mais tarde seriam compilados em livros e postos a disposição do 
público. 
Com o aparecimento no mercado de um grande número de obras jurídicas 
que pareciam esgotar os temas estudados, se tornou mais fácil aos professores, que 
substituíam àqueles, e, conseqüentemente, aos seus substitutos, apenas transmitir a 
matéria recompilada de diversos livros e seguir os seus métodos, do que pensar e 
criar novas fórmulas de transmitir o conhecimento dentro da sala de aula ou nos seus 
livros, que nada mais são do que recompilações de outros manuais. 
O resultado disso é que hoje nas classes onde se adotam este método 
notamos um grande número de ausências, ou alunos que não participam, muitas 
vezes por que o professor não permite, e, até mesmo, um grande número de 
reprovação. O professor, por sua vez, não se preocupa com tal fato, coloca a culpa 
nos alunos que, no seu conceito, são dispersos, não têm interesse ou, até mesmo, 
burros, e se isola no seu mundo irreal de mestre copiador, que já decorou a matéria 
que dá na sala de aula, após anos de trabalho. Cabe destacar que estes professores 
são aqueles que mais temem as mudanças no ensino, principalmente as que se 
referem a métodos. 
Já a de estilo Orteguiano, é herança daqueles que tentaram ou tentam 
modificar o cenário Kelsiano, dando uma visão diferente do conteúdo estudado, de 
forma a procurar torna-lo mais atrativo. 
Por outro lado, se mirarmos uma minoria de professores que hoje se 
destacam por seus métodos de ensino, percebemos que o êxito de seus métodos está 
em adotar uma conduta mais informal, levar casos práticos para dentro da sala de 
aula, mostrar as tendências do pensamento jurídico nos tribunais em relação a 
matéria estudada, através do estudo da jurisprudência atual e da doutrina estrangeira. 
Esse professor se preocupa em buscar uma melhor maneira de transmitir 
seus conhecimentos, incentiva os alunos ao estudo auto-didático, que deveria ser a 
principal função do professor dentro da sala de aula. 
O professor universitário deve ter consciência de que não esta dentro da 
sala de aula com a mesma finalidade que um professor primário ou secundário. Nos 
níveis secundário e primário, a função do ensino é a aquisição de conhecimentos 
elementares básicos, que visam o desenvolvimento de determinadas habilidades, 
para que o aluno possa seguir aprendendo, por isso o ensino é geral, onde aprende-se 
um pouco de tudo. 
Já, no nível universitário, a função do ensino é o conhecimento específico, 
que se não for de forma auto-didática, será impossível de ser alcançado. Portanto, a 
função do professor não é somente ensinar, e sim demonstrar e facilitar os meios 
para que o aluno possa desenvolver os seus estudos, através da bibliografia adotada. 
Esses meios, por conseqüência, se resumem aos métodos que devem ser 
adotados dentro da sala de aula e os meios didáticos e bibliográficos que a 
universidade deve colocar a disposição dos alunos. 
Quanto a estes, meios bibliográficos,a portaria do MEC, nº 1.886/94, 
determinou, no seu artigo 5º, que os cursos jurídicos devem manter um acervo 
bibliográfico de mais de 10.000 obras jurídicas e de referência às matérias do curso, 
além de periódicos de jurisprudência, doutrina e legislação, conforme precitado. 
Ocorre que, infelizmente, a portaria já entrou em vigor a mais de um ano, 
mas as universidades, tanto públicas quanto particulares, não estão atendendo esta 
determinação. 
Neste aspecto há de se analisar duas situações distintas. A primeira diz 
respeito as universidades públicas, que têm seu orçamento determinado de acordo 
com a fatia do orçamento total do MEC, que lhe é destinado, seguindo critérios 
técnicos e políticos. Até agora, conforme anteriormente citado, mais de um dois 
depois da entrada em vigor da portaria, o MEC não efetuou o repasso de verbas 
destinadas a compra de material bibliográfico e não dá sinais de que este fato vá 
ocorrer no próximo ano, limite para que as universidade se adeqüem aos seus 
preceitos. 
A aquisição de conhecimentos neste caso, parte integrante do processo de 
aprendizagem, fica resumida, quase que exclusivamente, ao que o professor fala 
dentro da sala de aula. Sendo que aqueles alunos que têm condições de adquirir 
material bibliográfico, têm acesso a uma bibliografia atualizada, enquanto os que 
não têm, estudam por livros antigos e desatualizados, quando a biblioteca tem o 
material no seu acervo. 
Esse não é um caso isolado. Quase todas as universidades públicas 
passam pelo mesmo processo de degradação. E o Governo Federal o que faz? Até 
agora nada. O que pode-se dizer que é uma vergonha, pois o livro é o principal 
instrumento de trabalho do profissional do direito, que tem na pesquisa bibliográfica 
a aquisição de todo o seu conhecimento. 
Se as universidade federais, que são sustentadas pelo MEC, que 
determina, por sua vez, as normas básicas para o funcionamento dos cursos jurídicos 
no país, não cumprem com as determinações das portarias deste, que obrigação têm 
as universidade privadas de cumprir com tais determinações também, enquanto 
aquelas não a fizerem? Se levarmos em consideração a premissa de que o exemplo 
deve começar pela casa: nenhuma. 
Muito embora se fale muito da péssima qualidade do ensino das 
universidades privadas, estas, ao menos, não dependem de um orçamento anual do 
Governo Federal para a sua manutenção, mas gozam de subsídios especiais em 
decorrência da tipicidade dos serviços prestados, e têm um acervo bibliográfico bem 
maior, e de melhor qualidade que as universidades públicas. Aqui, certamente, será 
mais fácil do MEC exigir o cumprimento da disposição. 
Esse fato produz um grande prejuízo ao ensino, pois no que se refere aos 
professores, estes, não têm os meios necessários para desenvolver suas pesquisas e 
atualizar-se com o próprio salário, nem tão pouco deveriam, uma vez que, muitas 
vezes, não dá nem para o sustento da família. Conseqüentemente o professor deixa 
de realizar pesquisa, e quem perde é a própria instituição que passa a ter uma baixa 
qualidade e avaliação do ensino prestado, os alunos, que pagam através dos 
impostos ou das taxas escolares pelos serviços prestados de péssima qualidade, e os 
próprios professores, que se tornam impedidos de ter uma progressão do quadro 
funcional, por não ter como apresentar uma produção científica de qualidade, 
exigida pela própria instituição que não lhe dá condições de trabalho. 
Enquanto ali ocorre a primeira perda para os alunos, estes, por outro lado, 
ainda encontram a dificuldade de acesso bibliográfico para realizar os seus estudos. 
Muitas vezes, nas pequenas cidades, ou até em cidades de nível médio, mesmo que 
exista uma faculdade de direito, não é comum haver livrarias jurídicas, e, muito 
menos, bibliotecas especializadas, sendo a biblioteca da universidade o único ponto 
de referência para o aluno buscar o material destinado a pesquisa, sem falar nos 
preços exorbitantes dos livros jurídicos brasileiros. 
Por outro lado, dentro deste mesmo tema, se trouxermos a análise a 
obrigatoriedade de apresentação de monografia final, perante banca examinadora, 
disciplinada no artigo 9º da portaria do MEC, verificamos que, a continuar o atual 
estado dos acervos bibliográficos das universidades, será impossível realizar uma 
monografia de boa qualidade científica, pois nem os professores, que na sua maioria 
não estão acostumados com a produção científica, terão capacidade para orientação, 
nem tão pouco os alunos, terão condições de elaborá-la. 
 
3.Métodos de ensino: 
Outro ponto de grande importância, para que se possa começar a falar em 
uma melhora do ensino jurídico no Brasil é uma revisão dos métodos de ensino. 
Os métodos de ensino jurídico estão intimamente ligados e variam de 
acordo com o sistema jurídico adotado em cada país, do qual fazem parte, 
juntamente com a organização legislativa e judiciária, dentre diversos outros fatores 
que compõem este2. 
Nos países ocidentais a doutrina costuma citar que os sistemas jurídicos 
estão classificados em três blocos distintos: 1. O sistema da Common Law, ou do 
Direito Comum, aplicado no Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e suas colônias; 2. 
O sistema de Direito Civil, ou Civil Law, ou ainda, romanista, ou romano-
germânico, aplicado na Europa Ocidental, América Latina, e parte da Asia e da 
África; e, 3 o sistema misto, adotado, por exemplo, em Puerto Rico, Quebéc e 
Escócia. 
Resumidamente, a diferença entre um e outro está no fato de que, 
enquanto nos países que adotam o sistema romano-germânico, o direito esta 
integrado basicamente por normas criadas pelo poder legislativo e sistematizadas em 
códigos, nos países que adotam a Common Law, as normas derivam das decisões 
dos tribunais, que formam os denominados precedentes e vinculam as decisões dos 
juízes. 
Certo é, no entanto, que hoje se pode considerar todos os sistemas como 
mistos, uma vez que as diferenças entre um e outro sistema estão diminuindo. Nos 
países que adotam a Common Law o intervencionismo do Estado na economia e nos 
negócios particulares, além da necessidade de uma maior proteção dos interesses 
coletivos e difusos, dentre outros fatores, fez com que este passasse, através do 
poder legislativo, a editar normas reguladoras de comportamento e tendentes a 
diminuir o poder e eficácia da força vinculante das sentenças dos precedentes 
jurídicos. 
Já no sistema romano-germânico se experimenta um efeito contrário, o 
juiz começa a ter um papel de destaque na criação do direito, dando-se uma 
importância cada vez maior da jurisprudência como fonte de direito. 
Assim, a aproximação que se experimenta entre um e outro sistema 
jurídico abre a possibilidade de que se importem os seus elementos com a finalidade 
de melhorar a sua aplicação. 
Sendo o ensino jurídico parte integrante do sistema, nos dois modelos ele 
também apresenta diferenças. Nos países que adotam a Direito Comum, em especial 
nos Estados Unidos, o ensino jurídico se caracteriza por estar intimamente ligado ao 
método do caso (case study), onde a função principal do professor é formar o 
estudante em uma série de técnicas e habilidades (skills), com o objetivo de 
despertar nele o raciocínio lógico jurídico (legal reazoning), através da aplicação do 
método socrático de Landgell. 
O método de Langdell busca uma maior participação do aluno dentro e 
fora da sala de aula. O aluno deve analisar e resumir (briefing), antes de acudir a 
classe, os diferentes elementos dos casos e sentenças judicias oferecidos pelo 
professor, sendo capaz de identificar: a) os fatos juridicamente relevantes; b) a 
história processual, o planteamento do problema a luz das possíveis normas, 
princípios jurídicos e jurisprudenciais aplicáveis (issues); c) a resposta do juiz as 
questões formuladas; d) o resultado do caso; e)o fundamentopelo qual se aceita ou 
denega as pretensões do apelante; e) a lógica para justificar as decisões adotadas. 
A aplicação do estudo de casos apresenta uma série de vantagens que não 
devem ser menosprezadas, tais como3: 
a) o estudante passa a ter visão clara do direito ao analisar ao mesmo 
tempo seus aspectos substantivos e formais; 
b) aprende técnicas que são fundamentais a todos os juristas; que 
dizem respeito desde o desenvolvimento da lógica jurídica, a aplicação do direito, ao 
caso concreto, a identificação das diferentes partes de dispositivos de uma decisão, 
até a analise dos elementos relevantes do caso, dentre outros aspectos; 
c) a participação ativa do aluno na classe através da discussão do caso 
anteriormente estudado faz com que ele desenvolva as habilidades no sentido de 
despertar a confiança nos seus conhecimentos, na sua capacidade intelectual, além 
de uma visão crítica do direito e perceber o funcionamenteo do sistema jurídico e as 
conseqüências sociais e econômicas de sua aplicação; 
d) oferece uma visão de um direito vivo, que evolui de acordo com o 
momento histórico, político, social e econômico que atravessa a nação, ao contrário 
da visão de um direito estanque transmitida hoje nas escolas brasileiras. 
Por certo que também apresenta desvantagens que seriam suprimidas pela 
aplicação conjunta dos dois métodos, socrático y kelseniano. 
A sua aplicação, no entanto, pressupõe uma preparação maior tanto por 
parte do professor, como por parte dos alunos. Por parte destes a resistência da 
aplicação do novo método se daria no sentido de que seria uma transformação muito 
grande dos seus métodos de estudo. Os alunos acostumados com classes magistrais 
não têm o hábito de estudar e preparar-se diariamente para as aulas (preparam-se 
apenas para os exames, começando a estudar dois ou três dias antes de sua 
aplicação). 
Aqui deveriam estar constantemente estudando, pois o professor lhes 
cobraria a matéria diariamente dentro da sala de aula, sendo parte da avaliação 
também constante. 
Por parte do professor os câmbios pressupõem também uma mudança de 
comportamento, uma vez que este se veria obrigado a abandonar a posição de um 
mero repetidor de conhecimentos anteriormente ministrados ou estudados em 
manuais, muitas vezes mal preparados, e passaria a ter um papel que lhe exigiria 
uma maior preparação tanto para lidar com uma participação mais ativa dos alunos 
dentro da sala de aula, para entender o seu comportamento, instiga-los a participar e 
atender as suas necessidades intelectuais e psicológicas, como no que se refere aos 
estudos para a elaboração do conteúdo a ser ministrado. 
Neste ponto, certamente, qualquer projeto de mudança esbarraria na 
resistência de alguns, quiçá da grande maioria, em modificar o status existente. 
Primeiro em decorrência de que a mudança, conforme precitado, implicaria em uma 
reciclagem por parte do professor, além de mais trabalho na preparação da aula, 
busca de material, estudo de casos a serem aplicados, como também, mais trabalho 
na exposição e aplicação dos conteúdos a serem ministrados, eis que ele passaria a 
se expor mais em relação aos alunos, com uma participação mais ativa destes, 
através de discussões, argumentações e debates, quebrando a segurança tanto tempo 
mantida com a aplicação das classes magistrais. 
 
4.Proposta de currículo para os Cursos de Direito: 
Neste sentido é que proponho o currículo em anexo para os cursos de 
direito, que concilia os dois métodos de ensino, e foi elaborado de acordo com o 
estabelecido pela portaria 1.886/94 do MEC, além do estudo de diversos currículos 
de universidades do Brasil e do exterior. 
Em primeiro lugar, creio que o curso de direito deve ter uma duração de 
seis anos, tempo suficiente para o estudo de todo o conteúdo programático que o 
direito moderno requer. 
Deve ter uma carga horária semanal máxima de 20 horas, sendo cada 
matéria não deve ter aulas com tempo inferior a 1 hora e 30 minutos, ou superior a 
duas horas, no mesmo dia, uma vez que este fato pressupõe uma perda de tempo, no 
primeiro caso porque o professor não tem tempo suficiente para expor o seu 
conteúdo, e no segundo, porque certamente ao completar as duas horas tanto os 
alunos como o professor começarão a sentir o cansaço e a conseqüente perda de 
rendimento. 
O curso deve ser dividido em 3 ciclos, conforme organograma 
apresentado no final: 
1º. Ciclo Básico ou Fundamental, com disciplinas de conhecimentos 
gerais, extrajurídicas, básicas e essenciais para desenvolver a capacidade do aluno 
para começar o estudo do direito. 
2º. Ciclo Institucional ou Profissionalizante, onde o aluno desenvolverá 
o estudo das diversas disciplinas do direito, adquirindo o conhecimento básico para 
o desenvolvimento da atividade profissional. Para ingressar no ciclo institucional ou 
profissionalizante o aluno deverá estar aprovado em todas as disciplinas do ciclo 
básico ou fundamental. 
3º. Ciclo de Habilitação Específica, onde o aluno escolherá um ramo do 
direito para desenvolver seus estudos de especialização e realizar a monografia final. 
Para o ingresso neste ciclo deve o aluno haver aprovado em todas as disciplinas do 
curso profissionalizante. 
Neste ciclo, as aulas deverão ser ministradas, dentro do possível, de 
acordo com o sistema socrático de Langdell. Assim como algumas disciplinas do 2º. 
ciclo também deverão buscar a aplicação deste método. 
A cada ano deverá ser indicada uma disciplina na qual os alunos deverão 
apresentar uma monografia como última avaliação. Ao final do curso o aluno deverá 
apresentar uma monografia final dentro da área de especialização elegida. 
As disciplinas deverão ser semestrais ou anuais, de acordo com as 
necessidades próprias do conteúdo programático de cada uma. 
Deve-se incentivar aos professores que propiciem uma maior participação 
dos alunos dentro da sala de aula, através do debate, estudo de casos ou outros 
métodos de ensino que resultem em uma maior participação de sua parte. A 
participação do aluno deve ser, dentro do possível avaliada. 
Quase todas as universidades mantêm período especial de provas, que 
mesmo sendo mantido, deverá o professor, dentro do possível procurar aplicar 
provas parciais com maior freqüência, buscando uma avaliação constante do 
rendimento do aluno, o que fará com que ele mantenha um estudo constante dos 
conteúdos ministrados. A matéria das provas, dentro do possível deverá ser 
cumulativa. 
Deve-se acabar com a vinculação entre a matéria ministrada pelo 
professor dentro da sala de aula e a matéria exigida no exame, devido ao já 
anteriormente citado acerca da função do professor universitário dentro da sala de 
aula. 
Essas são apenas algumas idéias que tinha a expor sobre o ensino jurídico 
no Brasil. Servem, em um primeiro momento, para provocar a discussão sobre o 
status atual das faculdades de direito e cursos jurídicos e o ensino jurídico de forma 
geral. 
Espero que os debates sobre o tema não tenham parado com a entrada em 
vigor da portaria 1.886/94, e creio que, devido a importância do tema, deveriam ser 
constantes, com a participação do maior número possível de instituições ligadas ao 
direito e por todo o Brasil, oportunizando a participação de todos no processo crítico 
construtivo onde cada um daria a sua colaboração. 
Segue em anexo o organograma de currículo para as faculdades de direito 
que proponho. 
 
 
CURSO BÁSICO (FUNDAMENTAL) 
 
Ano 
1 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
A/S 
S-1 
S-1 
A 
S-2 
A 
S-2 
S-1 
S-2 
Disciplina............................... 
Introdução ao Estudo do Direito 
Filosofia (Geral e Jurídica) 
Sociologia (Geral e Jurídica) 
Economia Política 
História do Direito 
Direito Civil I – TeoriaGeral 
Português 
Metodologia Científica 
Pré-requisito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CICLO INSTITUCIONAL (PROFISSIONALIZANTE) 
 
Ano 
2 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
 
A/S 
A 
A 
A 
A 
S-1 
S-2 
 
Disciplina......................................
Direito Civil II - Obrigações 
Direito Constitucional 
Direito Penal I – Parte Geral 
Direito Comercial I 
Direito Econômico 
Teoria Geral do Processo 
 
Pré-requisito do ciclo
Aprovação em todas 
disciplinas do ciclo 
anterior 
 
 
 
 
 
 
Ano 
3 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
4 
 
A/S 
A 
A 
A 
A 
A 
 
Disciplina.................................... 
Direito Civil III – Contratos e Resp. 
Direito Penal II – Parte Especial 
Direito Comercial II 
Direito do Trabalho 
Direito Processual Civil I 
 
Pré-requisito 
Direito Civil II 
Direito Penal I 
Direito Comercial I 
Direito Constitucional 
Teoria Geral do 
Processo 
 
 
 
Ano 
4 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
 
A/S 
A 
A 
A 
S-1 
A 
S-2 
 
Disciplina................................... 
Direito Civil IV – Família 
Direito Processual Penal 
Direito Processual Civil II 
Direito Processual do Trabalho 
Estágio I 
Direito Internacional Público 
 
Pré-requisito 
Direito Civil II 
Direito Penal II – TGP 
Direito Processual Civil I 
Direito do Trabalho - 
TGP 
Direito Processual I 
Direito Constitucional 
 
 
 
Ano 
5 
 
Créd. 
4 
4 
A/S 
A 
S-2 
Disciplina..................................... 
Direito Civil V – Direitos Reais 
Direito Civil VI – Sucessões 
Pré-
requisito............... 
Direito Civil II 
 
 
 
 
 
4 
4 
4 
4 
 
A 
A 
S-1 
A 
 
Direito Tributário 
Direito Administrativo 
Direito Internacional Privado 
Estágio II 
 
Direito Civil IV 
Direito 
Constitucional 
Direito 
Constitucional 
Direito 
Constitucional 
Estágio I 
 
 
CURSOS DE HABILITAÇÃO ESPECÍFICA 
PRÉ-REQUISTO: APROVAÇÃO DE TODAS DISCIPLINAS DO 
CICLO INSTITUCIONAL 
 
Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito Civil e Comercial 
 
Ano 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
2 
2 
2 
2 
 
 
A/S 
A 
A 
A 
A 
S-1 
S-1 
S-2 
S-2 
 
 
Disciplina.................................. 
Temas de Direito Civil 
Temas de Direito Coemrcial 
Temas de Direito Processual Civil 
Estágio III 
Optativa 
Optativa 
Optativa 
Contato com o orientador para a 
elaboração da monografia 
Optativas............................ 
D. da Criança e do 
Adolescente 
Relações de Consumo 
Direito Imobiliário 
Registros Públicos 
Direito Autoral e Propiedade 
Int. 
 
 
 
 
Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito do Trabalho 
 
Ano 
6 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
2 
4 
4 
A/S 
A 
A 
A 
S-1 
A 
Disciplina...................................
Temas de D. Indiv.l do 
Trabalho 
Temas de D. Coletivo do 
Trabalho 
Temas de D. Proc. do Trabalho 
Optativas..........................
Cálculos Contábeis 
Trabalhista 
Medicina do Trabalho 
Direito do Trabalho 
Especial 
 
 
 
 
 
2 
2 
2 
2 
 
S-1 
S-2 
S-2 
S-2 
 
Direito Previdenciário 
Estágio III 
Optativa 
Optativa 
Optativa 
Contato com o orientador para a 
elaboração da monografia 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito Penal 
 
Ano 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
2 
2 
4 
2 
2 
2 
2 
 
A/S 
A 
A 
A 
A 
A 
S-1 
S-1 
S-2 
S-2 
 
Disciplina............................. 
Direito Penal Extravagante 
Temas de Direito Penal 
Temas de D. Processual Penal 
Medicina Legal 
Estágio III 
Optativa 
Optativa 
Optativa 
Contato com o orientador para a 
elaboração da monografia 
Optativas........................... 
Criminologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito Público 
 
Ano 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créd. 
4 
4 
4 
4 
2 
2 
2 
2 
 
A/S 
A 
A 
A 
A 
S-1 
S-1 
S-2 
S-2 
 
Disciplina..................... 
Temas de D. Administrativo 
Temas de D. Tributário 
Temas de D. Constitucional 
Estágio III 
Optativa 
Optativa 
Optativa 
Contato com o orientador para a 
elaboração da monografia 
Optativas...........................
Direito Municipário 
Direito Eleitoral 
Direito Ambiental 
Direito do Mar 
Direito Urbanístico 
 
 
 
 
 
A = Disciplina Anual 
S-1 = Disciplina semestral – 1º semestre do ano 
S-2 = Disciplina semestral – 2º semestre do ano 
 
 
Notas: 
1. Faria, José Eduardo. Ensino Jurídico: Mudar Cenários e Substituir Paradigmas 
Teóricos, in Ensino Jurídico: Parâmetros para Elevação de Qualidade e Avaliação, 
Conselho Federal da OAB, Comissão de Ensino Jurídico, 1993, Brasília, pp. 51-59. 
2. Segundo Laurence Friedman, in American Law, Stanford University Press, 2ª 
ed.., 1985, pp. 1-8, o sistema jurídico é o conjunto de normas jurídicas, atitudes e 
crenças sobre o direito vigentes em um Estado, composto de tres elementos: 
estrutura, substancia e cultura. A estrutura do sistema jurídico é o seu esqueleto, ou 
seja, a sua organização, que vai desde a composição e função dos 3 poderes do 
Estado, dentre outras instituições e procedimentos, até as faculdades de direito e a 
organização do sistema de ensino jurídico; a substância se reflete nas normas 
jurídicas, que estabelecem o comportamento que debe seguir o seu destinatário; por 
último, a cultura jurídica é formada pelas crenças, valores, ideas e perspectivas que 
os cidadões têm a respeito de como funciona o sistema jurídico a que estão 
submetidos. 
3. Peñueles i Reixach, Lluis, La docencia y el aprendizaje del derecho en España, 
una perspectiva de derecho comparado, Marcial Pons, 1996, págs. 54 a 56. 
 . 
. 
Informações bibliográficas: 
RAMOS, Miguel Antonio Silveira. Ensino Jurídico. In: Âmbito Jurídico, set/1998 
[Internet] http://www.ambito-juridico.com.br/aj/ens0001.html (ao citar este artigo, lembre-
se de colocar a data de acesso). 
	Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito Penal 
	Curso Habilitação Específica – Ramo: Direito Público

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