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Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica Instalações Elétricas Prediais 2 Projeto de Instalações Elétricas - Introdução 2.1 Consumidor Final Os consumidores finais, conforme visto anteriormente, estão ligados à rede de distribuição secundária (ramal de ligação) que pode ser aéreo ou subterrâneo, com entrada única para luz e força. Luz são circuitos destinados para fins de iluminação e força, aqueles que conectam-se às tomadas. Cada con- sumidor (unidade consumidora) deve possuir um único alimentador (Portaria no 84, de 27/04/1967). 2.2 Simbologia Para facilitar a execução do projeto e a identificação dos diversos pontos de utilização, foram criados símbolos gráficos. Alguns símbolos eram utilizados sem nenhuma padronização, sendo assim, era difícil a compre- ensão de diferentes projetos. A ABNT criou uma padronização para estes símbolos, embora sua utilização não seja obrigatória (NBR-5444). 19 Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 20 Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 21 Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 22 2.3 Normatização Além da NBR-5444 (simbologia), as normas utilizadas para o projeto de instalações elétricas em baixa tensão está especificadas a seguir: • NBR-5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão; • NBR-5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas; • Normas da concessionária de energia; • Outras normas aplicáveis Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 23 O projetista deve atentar para as normas técnicas da concessionária do local em que será executado o projeto. No caso da CEMIG, as NDs. Estas NDs são de acesso gratuito no próprio site da Cemig. Para instalações residenciais em baixa tensão, ND5.1. Além destas normas, deve-se observar as normais técnicas que se apliquem a itens específicos do projeto. É necessário conhecer também as normas e regulamentações do Corpo de Bombeiros do local, visando o atendimento às normas referentes à segurança e combate a incêndios. 2.4 Critérios para Elaboração • Acessibilidade; • Flexibilidade e reserva de carga; • Confiabilidade. 2.5 Etapas na Elaboração de um Projeto É uma das etapas de maior importância, pois dela dependerá o sucesso na concepção e elaboração do projeto. É necessário obter das diversas fontes, todas as informações necessárias para a formação geral do projeto, por meio de: • Planta de situação; • Projeto arquitetônico; • Projetos complementares; • Informações obtidas com o proprietário, arquiteto ou responsável. Já na elaboração do projeto (cálculos e documentos), os passos a seguir descrevem a maneira com que o mesmo deve ocorrer: • Quantificação do sistema (previsão de tomadas, iluminação, cargas especiais); • Demanda - padrão de atendimento; • Desenho de plantas (localização do elementos, quadros, tubulações, etc.); • Dimensionamentos; • Quadros de distribuição e diagramas; • Elaboração de detalhes construtivos; • Memorial descritivo; • Memorial de cálculo; • Especificações técnicas; • Lista de materiais; • ART • Análise da concessionária; • Revisão do projeto, se necessário; • Aprovação da concessionária. Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 24 2.6 Partes Componentes - Entrega do Projeto • ART • Carta de solicitação de aprovação à concessionária; • memorial descritivo; • memorial de cálculo (cálculo da demanda, dimensionamento de condutores, dimensionamento de eletrodutos, dispositivos de proteção); • Plantas (planta de situação e planta dos pavimentos); • Esquemas verticais (prumadas) - elétrica, antena coletiva, porteiro eletrônico, outras instalações complementares (alarme, segurança, iluminação de emergência, etc.) • Quadros (quadro de distribuição de cargas, diagramas multifilares ou unifilares); • Detalhes (caixas de passagem, para raios, aterramentos, outros conforme a necessidade; • Especificações; • Lista de materiais. 2.7 Projeto de Instalações Elétricas - Exemplo Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 25 Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 26 Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 27 3 Potência e Energia Elétrica Exemplo Vamos determinar a potência necessária para fazer girar um motor elétrico cuja tensão é de 220V e a corrente necessária é de 20A: p = v × i = 220× 20 = 4400W = 4, 4kW A energia é a potência realizada ao longo do tempo. Por exemplo, para o motor do exemplo anterior, ligado durante 2 horas, a energia consumida será: W = 4, 4× 2 = 8, 8kWh Exercício: Se em um circuito a tensão é de 127V , a corrente medida é de 10A, somente elementos resistivos. Em oito horas, qual será a energia consumida? 4 Projeto de Instalações Elétricas 4.1 Previsão de Cargas Cada aparelho consome uma carga específica em watts ou VA que o projetista precisa conhecer. Para fins de projeto, deve-se considerar a potência nominal absorvida do equipamento, fornecida pelo fabricante; ou calculada por meio da tensão nominal, corrente e fator de potência (fp) - para cargas puramente resistivas o fp = 1. Em aparelhos fixos de iluminação a potência das lâmpadas, as perdas e o fp dos equipamentos auxiliares (reatores) devem ser considerados. Os critérios a seguir têm relação com cômodo ou dependência de unidades residenciais e nas acomodações de hotéis, motéis, flats, casa de repouso, alojamentos. Locais utilizados como habitação, fixa ou temporária. Na Tabela 1, algumas referências com relação à potência média consumida por aparelhos eletrodomésticos. Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 28 4.2 Previsão de Carga - Iluminação e Tomadas Os critérios são: • Em cada cômodo ou dependência deverá ser previsto pelo menos um ponto de luz fixo no teto, com potência mínima de 100V A, comandado por interruptor - área igual ou inferior a 6m2; • para cômodos com área superior a 6m2, deve ser prevista uma carga mínima de 100V A para os primeiros 6m2, acrescida de 60V A para cada aumento de 4m2 inteiros.1 O número de tomadas (TUG) tem relação com a finalidade do local e dos equipamentos que poderão ser utilizados ali, observando-se os critérios mínimos: • Banheiro - pelo menos um ponto de TUG próximo ao lavatório; • Cozinha, copa, área de serviço, lavanderias ou similares - pelo menos um ponto de tomada para cada 3, 5m, ou fração, de perímetro; sendo que acima da bancada da pia devem ser previstas no mínimo 2 tomadas, no mesmo ponto ou em pontos distintos; • Varandas - pelo menos um ponto de tomada; • Salas e dormitórios - pelo menos um ponto de tomada para cada 5m, ou fração, de perímetro, espaçados tão uniformemente quanto possível. Deve-se levar em consideração a utilização de vários equipamentos no mesmo ponto; • Outros cômodos e dependências: – 1 ponto de tomada se a área for igual ou inferior a 2, 25m2; que pode ser posicionado na área externa do cômodo a até 0, 80m de sua porta de acesso, no máximo; – 1 ponto de tomada para cômodos com área superior a 2, 25m2 e inferior a 6m2; – Para áreas maiores que 6m2, um ponto de tomada para cada 5m, ou fração, de perímetro. Potências Atribuídas às TUG • Banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos - no mínimo 600V A por ponto de tomada,até 3 pontos, e 100V A para os excedentes; • Demais cômodos - no mínimo 100V A por ponto de tomada. Tomadas de Uso Específico - TUE Aos pontos de TUE deve ser atribuída uma potência igual à potência nominal do equipamento a ser alimentado. Quando esta potência não for conhecida, deve ser atribuída uma potência igual à potência do equipamento mais potente com possibilidade de ser ligado. Este pontos de TUE devem ser instalados no máximo a 1, 5m do local previsto para o equipamento a ser alimentado. 1As potências descritas não correspondem à potência nominal da lâmpada. Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 29 Tabela 1: Potência média de referência de aparelhos elétricos em watts.2 4.3 Instalações Comerciais - Quantidade e Potência Prevendo-se 200V A por tomadas, em instalações comerciais a quantidade mínima de TUG deve prever: • Em escritórios com áreas iguais ou inferiores a 40m2 - 1 tomada para cada 3m de perímetro, ou fração, ou 1 tomada a cada 4m2 ou fração de área (adota-se o critério que conduzir ao maior número de tomadas); • Escritórios com áreas superiores a 40m2 - 10 tomadas para os primeiros 40m2; 1 tomada para cada 10m2 ou fração de área restante; • Lojas: 1 tomada a cada 30m2 ou fração, não computadas as tonadas destinadas a itens de vitrine e demonstração de aparelhos. 5 Tipos de Fornecimento Os tipos de fornecimento são definidos em função da carga instalada, da demanda, do tipo de rede e local onde estiver situada a unidade consumidora. 5.1 Classificação das Unidades Consumidoras 5.1.1 Tipo A: Fornecimento de energia a 2 fios (Fase + Neutro) Abrange as unidades consumidoras urbanas ou rurais atendidas por redes de distribuição secundárias trifásicas (127V/220V), com carga instalada até 10kW e da qual não constem: motores monofásicos com potência nominal superior a 2 cv; e máquina de solda a transformador com potência nominal superior a 2 kVA. 2Fonte: ND5.1 - Cemig, 2010 Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 30 5.1.2 Tipo B: Fornecimento de energia a 3 fios (2 Fases + Neutro) Abrange as unidades consumidoras situadas em áreas urbanas ou rurais atendidas por redes de distri- buição secundárias trifásicas (127/220V), que não se enquadram no fornecimento tipo A, com carga instalada até 15kW e da qual não constem: os aparelhos vetados ao fornecimento tipo A, se alimen- tados em 127V; motores monofásicos com potência nominal superior a 5CV, alimentados em 220V; e máquina de solda a transformador com potência nominal superior a 9kVA, alimentada em 220V. 5.1.3 Tipo C: Fornecimento de energia a 4 fios (3 Fases + Neutro) Abrange as unidades consumidoras urbanas ou rurais a serem atendidas por redes de distribuição secundárias trifásicas (127/220V), com carga instalada entre 15,1kW a 75,0kW, que não se enquadram nos fornecimentos tipo A e B e da qual não constem: os aparelhos vetados aos fornecimentos tipo A, se alimentados em 127V; motores monofásicos com potência nominal superior a 5cv, alimentados em 220V; motores de indução trifásicos com potência nominal superior a 15CV; máquina de solda tipo motor-gerador com potência nominal superior a 30kVA; máquina de solda a transformador com potência nominal superior a 9kVA, alimentada em 220V - 2 fases ou 220V - 3 fases em ligação V-v invertida; máquina de solda a transformador com potência nominal superior a 30kVA e com retificação em ponte trifásica, alimentada em 220V-3 fases. Outros tipos de fornecimentos constam da norma ND5.1 - CEMIG; para consumidores rurais ou em áreas atendidas por redes bifásicas. 5.2 Consulta Prévia Antes de construir ou adquirir os materiais para a execução do seu padrão de entrada, o consumi- dor deve procurar uma Agência de Atendimento da Cemig visando obter, inicialmente, informações orientativas a respeito das condições de fornecimento de energia à sua unidade consumidora. 6 Cálculo da Carga Instalada e Demanda 6.1 Carga Instalada O consumidor deve determinar a carga instalada, somando-se a potência em kW, dos aparelhos de iluminação, aquecimento, eletrodomésticos, refrigeração, motores e máquina de solda que possam ser ligados em sua unidade consumidora. 6.2 Demanda O dimensionamento da entrada de serviço das unidades consumidoras urbanas ou rurais atendidas por redes secundárias trifásicas (127/220V ), com carga instalada entre 15, 1kW e 75, 0kW deve ser feito pela demanda provável da edificação, cujo valor será inferior a sua carga instalada. De acordo com a CEMIG (concessionária de nossa região) o consumidor pode determinar a de- manda de sua edificação, considerando o regime de funcionamento de suas cargas, ou alternativa- mente, solicitar à Cemig o cálculo da demanda de acordo com o critério apresentado a seguir. Demanda relaciona a carga instalada com um fator multiplicativo (fator de demanda). Expressão para o cálculo da demanda: D = a+ b+ c+ d+ e+ f (1) Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 31 Onde: D - demanda [kV A]; a - demanda referente a iluminação e tomadas (fatores de demanda na respectiva tabela); Tabela 1: Fatores de demanda para iluminação e tomadas - unidades consumidoras residenciais. Tabela 2: Fatores de demanda para iluminação e tomadas - unidades consumidoras não residenciais. b = demanda relativa aos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento, fatores de demanda na respectiva tabela, aplicados de acordo com o grupo de aparelhos: - b1: chuveiros, torneiras e cafeteiras elétricas; b2: aquecedores de água por acumulação e por passagem; b3: fornos, fogões e aparelhos tipo "Grill"; b4: máquinas de lavar e secar roupas, máquinas de lavar louças e ferro elétrico; b5: demais aparelhos (TV, conjunto de som, ventilador, geladeira, freezer, torradeira, liquidificador, batedeira, exaustor, ebulidor, etc.) Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1) Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete- CES-CL - Engenharia Elétrica 32 Tabela 3: Fatores de demanda para aparelhos eletrodomésticos, de aquecimento, de refrigeração e condicionadores de ar. c - demanda dos aparelhos condicionadores de ar (fatores de demanda na Tabela 3). No caso de condicionador central de ar, utilizar fator de demanda igual a 100%. d - demanda de motores elétricos (fatores de demanda na respectiva tabela que consta na ND5.1); e = demanda de máquinas de solda e transformador, determinada por: - 100% da potência do maior aparelho; 70% da potência do segundo maior aparelho; 40% da potência do terceiro maior aparelho; 30% da potência dos demais aparelhos. No caso de máquina de solda a transformador com ligação Y-Y invertida, a potência deve ser considerada em dobro. f - demanda dos aparelhos de raios-X, determinada por: 100% da potência do maior aparelho; 10% da potência dos demais aparelhos. Após o cálculo de demanda, determina-se o tipo de fornecimento seguindo-se os dados da tabela a seguir: Tabela 4: Dimensionamento para unidades consumidoras urbanas ou rurais atendidas por redes de distribuição secundárias trifásicas (127/220V ). Instalações Elétricas Prediais - (Ap3V1)
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