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Fontes de Princípios do Direito do Trabalho

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FONTES E PRINCÍPOS DE DIREITO DO TRABALHO
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Conceito:
Fontes são os meios pelos quais se formam ou pelos quais se estabelecem as normas jurídicas. 
Classificação das Fontes
A) FONTES MATERIAIS - As fontes materiais podem ser designadas como os fatores que conduzem à emergência e construção da regra de direito. É a ebulição social, política, econômica que influencia de forma direta ou indireta na confecção, transformação ou formação de uma norma jurídica. 
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B) FONTES FORMAIS: As fontes formais são os comandos gerais, abstratos, impessoais e imperativos. Conferem à norma jurídica o caráter positivo, obrigando os agentes sociais. São impostas e se incorporam às relações jurídicas. 
Se dividem em AUTÔNOMAS E HETERÔNOMAS.
- FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS: São elaboradas pelos próprios destinatários, sem intervenção estatal. Os próprios agentes sociais espontaneamente as produzem; emergem da vontade das partes.
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São elas: a convenção coletiva, o acordo coletivo, os costumes.
A) CONVENÇÃO COLETIVA E ACORDO COLETIVO DE TRABALHO - 
Art. 611 CLT – CONVENÇÃO COLETIVA
A Convenção resulta da negociação entabulada por entidades sindicais, envolvendo o âmbito da categoria. Tem caráter coletivo e genérico.
Art. 611, §1º CLT – ACORDO COLETIVO DE TRABALHO
 O Acordo coletivo é o instrumento firmado pelo sindicato obreiro e uma ou mais empresas de determinada categoria econômica. Os efeitos são somente aplicáveis à empresa (s) e os trabalhadores envolvidos
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B) USOS E COSTUMES : Essas duas figuras são mencionadas na CLT como se ambas fossem fontes normativas, mas há uma diferenciação entre elas.
 Art. 8º CLT
O uso tem caráter de simples cláusula tacitamente ajustada na relação jurídica entre as partes envolvidas.
Ex: determinado procedimento que o empregador, reiteradamente, acolhesse com respeito a certo empregado. Na qualidade de uso, tal procedimento integrar-se-ia ao respectivo contrato de trabalho.
Os costumes têm caráter inquestionável de atos-regra, isto é, normas jurídicas. Aplicável a todos os trabalhadores para o futuro, no mesmo contexto.
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FONTES FORMAIS HETERÔNOMAS
 São aquelas que emanam do Estado, e normalmente são impostas, ou aquelas que o Estado participa ou interfere. Ex: Constituição, Leis, Decretos, Tratados Internacionais, Sentença Normativa (uma espécie de imposição de arbitragem compulsória para a solução de conflitos coletivos de trabalho). 
FIGURAS ESPECIAIS
A) Regulamento de Empresa
Regulamento de empresa é o conjunto sistemático de regras sobre condições de trabalho, prevendo situações a que os interessados se submeterão na solução dos casos possíveis. Tem origem consuetudinária, resultante da prática, na empresa, de uma disciplina interna.
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B) Jurisprudência
Jurisprudência é o conjunto de decisões proferidas por um Tribunal, reiteradamente e de forma a construir uma diretriz de solução para os casos futuros e semelhantes. 
C) Princípios Jurídicos
Os princípios gerais de direito e os princípios próprios trabalhistas têm funções importantes dentro do quadro trabalhista. São DIRETRIZES QUE INFORMAM NORMAS, INSPIRAM DIRETA OU INDIRETAMENTE SOLUÇÕES;EMBASAM APROVAÇÃO DE NOVAS NORMAS; ORIENTAM A INTERPRETAÇÃO DAS EXISTENTES. RESOLVEM OS CASOS NÃO PREVISTOS (Américo Plá Rodriguez)
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As funções dos princípios:
INFORMATIVA – pois são proposições genéricas que sustentam e inspiram o legislador no momento da produção da norma. INTERPRETATIVA – pois orientam o interprete no momento da interpretação.
NORMATIVA – pois podem servir como fonte integradora do Direito, ao suprimir lacunas e omissões do ordenamento.
D) Doutrina
Conjunto de leituras dos estudiosos e juristas do direito que informam a compreensão do sistema jurídico e de seus ramos, institutos e diplomas normativos auxiliando o processo de aplicação concreta do direito. 
E) Equidade: Processo de adequação e atenuação do preceito normativo face as particularidades do caso concreto.
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PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Formalizados por Américo Plá Rodriguez no livro 
“Los princípios del derecho del trabajo”, de 1975.
A relação de disparidade faz emergir um Direito Individual do Trabalho altamente protetivo, caracterizado por métodos, princípios e regras que buscam reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego.
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1. Princípio da Proteção: Princípio fundante do direito do trabalho por sua característica natural de um direito de resistência, cuja finalidade é a proteção jurídica do trabalhador, compensando-se sua inferioridade econômica em face do contrato celebrado com o empregador. É um princípio de equilíbrio do empregado em face de relações desiguais com 
seu empregador.
Para PLÁ RODRIGUEZ, o princípio da proteção se expressa sob três formas distintas a saber: 
 
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(a) a regra "in dubio pro operario", que consiste em um critério de interpretação pelo qual, entre os vários sentidos possíveis de uma norma, deve o juiz ou o intérprete optar por aquela que seja mais favorável ao trabalhador. Ex: na distribuição do ônus da prova; 
 (b) a regra da norma mais favorável, que determina a chamada "hierarquia dinâmica" do Direito do Trabalho: no caso de haver mais de uma norma aparentemente aplicável ao caso, deve-se optar por aquela que seja mais favorável, ainda que não corresponda aos critérios clássicos de hierarquia das normas. Ex: O contrato individual de trabalho que preveja jornada de seis horas diárias e trinta horas semanais prevalece sobre a lei ordinária ou sobre a própria Constituição, caso prevejam duração maior – Art. 444 CLT; 
  
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(c) a regra da condição mais benéfica, a aplicação de uma nova norma trabalhista não pode servir para diminuir as condições mais favoráveis já fruídas pelo trabalhador (as condições antigas só podem ser alteradas pelas novas regulamentações ou por disposições subseqüentes de caráter geral, aplicáveis a todo um conjunto de situações trabalhistas, se, em relação às novas condições, não forem globalmente mais benéficas). Art. 468 da CLT.
2. Princípio da norma mais favorável: se existirem duas ou mais normas aplicáveis ao caso concreto, dever-se-á aplicar aquela que melhor atenda aos interesses do trabalhador. 
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Essa aplicação se dá em três momentos distintos:
 
# no instante de elaboração da regra: age na própria construção da norma agindo como verdadeira fonte material;
# no contexto de confronto entre regras concorrentes: permite eleger, em uma dada situação de conflito de regras, aquela que for mais favorável ao trabalhahdor;
# no contexto de interpretação das regras jurídicas: permite a escolha da interpretação mais favorável ao trabalho, caso antepostas ao intérprete duas ou mais consistentes alternativas de interpretação em face de um regra jurídica enfocada;
Permite afastar a aplicação hierárquica das normas
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3. Princípio Da Imperatividade Das Normas Trabalhistas: aduz que prevalece o domínio das regras jurídicas obrigatórias em detrimento das regras apenas dispositivas.
Não podem as partes, via de regra, afastarem as normas mediante declaração bilateral de vontades, caracterizando, assim, restrição à autonomia das partes no ajuste das condições contratuais trabalhistas.
EX: regra disponível na CLT – ART. 472, §2º
4. Princípio Da Indisponibilidade Dos Direitos Trabalhistas: é também conhecido como “princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas”. 
 Este princípio projeta o anterior, revelando o caráter imperativo das normas trabalhistas.
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A limitação imposta às partes tem o nítido propósito de oferecer proteção ao trabalhador, já que o conjunto de garantias mínimas e essenciais encontra-se assegurado pela Lei: não será objeto de negociação para a concessão e, muito menos, com vistas à supressão ou redução. 
EX: O empregado não pode dispor de suas férias; não pode individualmente firmar acordo que
reduza o seu salário; não pode prescindir de equipamentos de segurança na realização de trabalhos que coloquem em risco sua vida ou saúde e etc. 
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5. Princípio Da Condição Mais Benéfica: garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido. No contrato entre dispositivos contratuais concorrentes, há de prevalecer aquele mais favorável ao trabalhador.
 Guarda as mesmas propriedades contidas no princípio da norma mais favorável, residindo a distinção no fato de que este princípio é aplicável no tocante às cláusulas do contrato, não englobando os dispositivos normativos de lei que regulam determinada situação relativa ao contrato de trabalho. 
Ex: Súmula 51 do C. TST
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6. Princípio Da Inalterabilidade Contratual Lesiva: espelhado no princípio geral do Direito Comum, resumido pelo brocardo pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos – não pode modificação unilateral na vigência do contrato): a intangibilidade contratual restringe-se à proibição de supressão ou redução de direitos e vantagens dos trabalhadores.
Art. 468 da CLT
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7. Princípio Da Intangibilidade Salarial: assegura a irredutibilidade salarial, revelando-se como espécie do gênero da inalterabilidade contratual lesiva. Garante ao trabalhador perceber a contraprestação a que faz jus por seu trabalho, de maneira estável, não sujeita as oscilações da economia e às instabilidades do mercado e assegurar a satisfação de suas necessidades, entre as quais a alimentação. Ex: art. 7º, VI e X da CF.
8. Princípio Da Primazia Da Realidade: Na análise das questões relativas às relações de trabalho, deve-se observar a realidade dos fatos em detrimento dos aspectos formais que eventualmente os atestem. 
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Alguns aspectos que legitimam a imperatividade de tal princípio: 
 
a) Durante a relação de trabalho, dada sua condição de subordinação e dependência, o trabalhador não pode opor-se à formalização de alterações contratuais e práticas que, não raro, lhe são lesivas. Exemplo é a proibição de anotação em cartão de ponto do horário efetivamente trabalhado; 
 
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 b) É bastante comum verificar alterações nas condições de trabalho pactuadas (através de contrato escrito) ao longo do tempo, alterações estas que, salvo raras exceções, não são incorporadas formalmente ao contrato de trabalho; 
c) Os contratos de trabalho podem ser escritos ou verbais. Evidente que nos verbais o contrato só assume condição de efetiva existência com o decorrer do tempo, ditado pelas práticas estabelecidas entre os sujeitos da relação de trabalho. 
 
Em síntese: o fato precede a forma.
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PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO
É de interesse do direito do trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais.
Dois institutos legais que bem expressam a qualidade exponencial deste princípio: o FGTS e a indenização compensatória pela despedida arbitrária. 
São inúmeros os reflexos práticos deste preceito, entre os quais destacamos a sucessão de empregadores, nos termos dos artigos 10 e 448 da CLT. 
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PRINCÍPIO DO RENDIMENTO
Consiste na obrigação que o empregado tem de executar o serviço, esforçando-se para direcionar sua energia ao crescimento da empresa, sempre com diligência, lealdade e boa-fé.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA EMPRESA, OU PRESERVAÇÃO DA EMPRESA OU FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA
Pugna pela prioridade da sobrevivência da empresa em casos de dúvida acerca de sua continuidade ou encerramento, fazendo com que prevaleçam seus interesses a médio e longo prazo, sobre o interesse daqueles que preferem a sua extinção. A manutenção da empresa atende ao interesse coletivo.
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