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Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 1 1 INTRODUÇÃO Até agora, apresentamos métodos para formular o modelo matemático de vários tipos de sistemas físicos importantes em engenharia. Também já estudamos os sinais de teste mais utilizados na análise. Nesta apostila, mostraremos a maneira clássica para encontrar a resposta de um sistema de primeira ordem, ou seja, a resposta de um sistema cujo modelo matemático é descrito por uma EDOL de primeira ordem, quando submetido a uma condição inicial ou a um sinal de teste conhecido. Paralelamente, ilustraremos a solução numérica correspondente que pode ser obtida no VisSim. Os sistemas mecânicos de 1a ordem são raros, porque implicam na inexistência de massas. Eles têm, entretanto, um certo interesse matemático, pois sistemas mais complexos podem ser formulados em termos de sistemas de 1a ordem. Já vários sistemas elétricos, hidráulicos, pneumáticos e térmicos podem ser modelados por EDOL’s de primeira ordem. 2 RESPOSTA LIVRE DE SISTEMAS DE 1a ORDEM A resposta livre (ou natural) de um sistema é definida como a resposta que o mesmo apresenta quando solicitado apenas por uma condição inicial imposta ao sistema. No caso de um sistema mecânico de 1a ordem, por exemplo, a condição inicial seria um deslocamento inicial x(o) = x0. Consideremos, inicialmente, o modelo matemático de um sistema mecânico de 1a ordem, conforme foi estudado anteriormente: (1) )t(f)t(kx)t(xc . =+ Como agora não há excitação, f(t) = 0. Além disso, vamos definir a constante de tempo do sistema como (2) k c=τ a qual é um parâmetro do sistema, cuja unidade SI é s. Divi ndo em conta a eq. (2), obtemos: (3) )t(f c 1)t(x1)t(x . =τ+ Para encontrar a resposta livre do sistema, devemos resol 0. Usando o método da Transformada de Laplace: 14 Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem Soluções Analítica e Numérica dindo toda a eq. (1) por c, e leva ver a eq. (3) considerando f(t) = Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 2 0)s(X1)0(x)s(sX =τ+− τ+ = 1s 1x)s(X 0 Voltando ao domínio do tempo, chegamos à resposta livre do sistema de 1a ordem: (4) x(t) = x0 e-t/τ cujo gráfico é ilustrado pela fig. 1, para alguns valores de τ: Examinando a fig. 1, vemos que a constante de tempo τ é uma medida da capacidade de reação do sistema a um deslocamento inicial, ou seja, quanto maior a constante de tempo, mais lentamente reage o sistema à condição inicial imposta. Isso é facilmente compreensível, do ponto de vista físico, se levarmos em conta que, de acordo com a eq. (2), o amortecedor c é mais “forte” do que a mola k. Obs.: embora tenhamos utilizado acima um sistema mecânico de primeira ordem, existem vários outros sistemas físicos de natureza diferente que são modelados pela mesma EDOL (3), a menos, é claro dos símbolos utilizados. São os chamados sistemas análogos, os quais apresentam comportamentos totalmente semelhantes. Estabilidade Se x(t) tende a zero à medida que t → ∞, dizemos que o sistema de 1a ordem é estável. Se, ao contrário, x(t) cresce sem limite quando t → ∞, o sistema é dito instável. Finalmente, se x(t) permanece igual a um valor constante x0 quando t → ∞, o sistema é chamado marginalmente estável. As figs. 2 (a), (b) e (c), respectivamente, ilustram esses três casos. Fig. 1 Fig. 2 Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 3 Simulação no VisSim Para resolver numericamente no VisSim uma EDOL de primeira ordem, inicialmente isolamos a derivada de ordem mais alta do modelo matemático (eq. (3), para f(t) = 0): (5) )t(x1)t(x . τ−= Após, montamos o diagrama VisSim para a eq. (5) e executamos a simulação, conforme ilustra a fig. 3: Observemos que há necessidade de introduzir a condição inicial x0 = 5 m (no exemplo) no interior do bloco de integração 1/S. 3 RESPOSTA FORÇADA DE SISTEMAS DE 1a ORDEM Definimos como resposta forçada aquela que o sistema apresenta quando submetido a uma excitação que permanece após o instante inicial t = 0. Vamos, aqui, utilizar várias funções de teste já apresentadas na Apostila 13. Resposta ao degrau Consideremos o sistema térmico da fig. 4, constituído de um termômetro de mercúrio que se encontra inicialmente à temperatura ambiente _Θ 0C e de um recipiente com água à temperatura _Θ + θb 0C. No instante t = 0 o termômetro é imerso na água e a temperatura do termômetro cresce, sendo o seu valor instantâneo _Θ + θ 0C. Achar a resposta θ(t) considerando que θb se mantém constante. Solução Trata-se de um sistema de 1a ordem submetido a uma excitação em degrau, no caso θb = constante. Fig. 3 10 20c k c / l r k tau 1/S tau dx/dt x -X Plot Time (sec) 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 / l r Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 4 O modelo matemático é dado pela EDOL (6) bdt dRC θ=θ+θ onde C é a capacitância térmica do termômetro e R é a sua resistência térmica. Definindo a constante de tempo (7) RC=τ e substituindo na eq. (6): (8) b 11 dt d θτ=θτ+ θ que é a mesma eq. (3), a menos dos símbolos usados. Portanto, a simulação a seguir também tem o mesmo aspecto que teria a do sistema mecânico considerado anteriormente, se o mesmo fosse submetido a uma excitação em degrau. Para encontrar a resposta forçada do sistema, tomamos as transformadas de Laplace da eq. (8): bb s 11)s(1)s(1)0()s(s θτ=Θτ=Θτ+θ−Θ Como θ(0) = 0, bb 1s 1 s 1 s 1 1s 11)s( θ τ+ −=θ τ+ τ=Θ Voltando ao domínio do tempo: (9) b t e1)t( θ −=θ τ− O gráfico da eq. (9) é mostrado na fig. 5, a qual sugere várias observações importantes: Fig. 4 Fig. 5 Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 5 (a) θ(t) inicia em zero e tende para θb quando t → ∞; (b) Quando t = constante de tempo = τ, a resposta alcança 63,2% do valor final θb; (c) A inclinação da tangente à curva no instante t = 0 é θb/τ; (d) Nos instantes t = τ, 2τ, 3τ, 4τ e 5τ, a resposta alcança, respectivamente, 63,2%, 86,5%, 95%, 98,2% e 99,3% do valor final θb; portanto, embora teoricamente o valor final só seja alcançado quando t → ∞ (conforme obs. (a)), na prática é comum aceitar-se que o valor final é obtido após 4τ (quatro constantes de tempo), com um erro menor do que 2% do valor final. Simulação no VisSim Inicialmente, isolamos a derivada de ordem mais alta do modelo matemático (eq. (8)): )(1 dt d b θ−θτ= θ O diagrama VisSim, em relação ao da resposta livre, deve agora ser acrescido da entrada em degrau θb, conforme mostra a fig. 6, onde foram utilizadas a entrada θb = 80 0C, a resistência térmica R = 1,5 0C/kcal/s e a capacitância térmica C = 2,8 kcal/0C: Resposta à rampa Consideremos, ainda, o mesmo sistema térmico da fig. 4. Agora, entretanto, a temperatura da água não se mantém constante, mas cresce linearmente com o tempo a uma taxa de r 0C/s, ou seja, θb = rt. Desejamos encontrar a resposta θ(t) à rampa. Retornemos à eq. (8), modelo matemático do sistema: (8) b 11 dt d θτ=θτ+ θ onde, agora, (10)θb = rt Logo, rt11 dt d τ=θτ+ θ Passando a transformada de Laplace na equação acima, considerando θ(0) = 0: Fig. 6 1.5 20R 2.8 R C tau 1/S tau dteta/dt teta Plot Time (sec) 0 2 4 6 8 10 0 20 40 60 80 / l r * + - / l r tau Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 6 2s 1r1)s(1)s(s τ=Θτ+Θ +τ τ+τ−= τ+ τ=Θ 1sss 1r s 1 1s 1r1)s( 22 Voltando ao domínio do tempo: (11) τ+τ−=θ τ− t etr)t( A fig. 7 mostra a entrada rt e a resposta θ(t) correspondente: Observando a fig. 7 configurando-se um Simulação no Vi Podemos aproveitar usada a inclinação r Fi Fig. 8 , concluímos que a resposta jamais atingirá a entrada, mesmo quando t → ∞, erro permanente rτ. sSim os mesmos dados do sistema térmico, mudando apenas a entrada(na qual foi = 1), conforme ilustra a fig. 8: g. 7 1.5 20R 2.8 R C tau 1/S tau dteta/dt teta Plot Time (sec) 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 / l r * + - / l r tau Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 7 Resposta à excitação harmônica Vamos considerar novamente o sistema de mecânico de 1a ordem cujo modelo matemático é dado pela EDOL de 1a ordem (eq. (3)), aqui repetida (3) )t(f c 1)t(x1)t(x . =τ+ onde, agora, consideraremos a excitação f(t) como sendo harmônica, ou seja, dada por (12) f(t) = f0 senωt = tsenAktsenkk f0 ω=ω onde ω é a freqüência com que a excitação é aplicada e f0 é o valor máximo (amplitude) da excitação. Na eq. (12), A = f0/k é uma constante real tendo unidades de deslocamento e k é a constante de mola do sistema. Poderíamos, também, ter usado f(t) = f0 cosωt no lugar de f(t) = f0 senωt. Levando a eq. (12) na eq. (3): (13) tsenAk c 1)t(x1)t(x . ω=τ+ Podemos achar a resposta total (transiente + permanente) do sistema usando o método da Transformada de Laplace. Aplicando o método à eq. (13): 22s A)s(X)1s( ω+ ω τ=τ+ donde obtemos (14) τ+ ω+ ω τ= 1s 1 s A)s(X 22 Expandindo o membro da direita em frações parciais e tomando as transformadas inversas, chegamos, após algumas manipulações algébricas, à resposta total do sistema: (15) τ − ωτ+ ωτ+ωτ+ωω−ωτ+ τ= t 22 e)(1 A)tsen1tcos( )(1 A)t(x Em sistemas excitados harmonicamente, a resposta transiente logo desaparece, de modo que nos interessaremos apenas pela resposta permanente. Na eq. (15) podemos identificar a resposta transiente (o último termo, com a exponencial decrescente) e a resposta permanente, xss(t), dada por (16) )tsen1tcos( )(1 A)t(x 2ss ωτ+ωω−ωτ+ τ= Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 8 Podemos expressar a eq. (16) de uma forma mais conveniente. Da Trigonometria: AcosBsenBcosAsen)BAsen( +=+ Associando A ← ωt e B ← φ: tcossencostsen)tsen( ωφ+φω=φ+ω Multiplicando por X: (17) tcossenXcostsenX)tsen(X ωφ+φω=φ+ω Comparando as eqs. (16) e (17), podemos escrever (18) xss(t) = X sen(ωt + φ) desde que (19) φ=ωτ+ cosX)(1 A 2 (20) φ=ωτ+ τω− senX )(1 A 2 onde X e φ são denominadas, respectivamente, de amplitude e ângulo de fase. A amplitude pode ser obtida elevando ao quadrado as eq. (19) e (20): ( )2 2 2 cosX)(1 A φ= ωτ+ ( )2 2 2 senX)(1 A φ= ωτ+ τω− e somando e extraindo a raiz quadrada: ( )[ ] 2 2 22 222 2 2 2 )(1 )(1A )(1 AA )(1 A )(1 AX ωτ+ ωτ+= ωτ+ +τω= ωτ++ ωτ+ τω−= (21) 2 0 2 )(1 k f )(1 AX ωτ+ = ωτ+ = Já o ângulo de fase pode ser obtido dividindo a eq. (20) pela eq. (19): (22) )(arctg ωτ−=φ As eqs. (16) 0u (18) nos fornecem a resposta forçada no tempo. Podemos ver facilmente que se trata também de uma função harmônica, com a mesma freqüência ω da excitação, porém atrasada de um ângulo de fase φ em relação a ela (pois o ângulo de fase é negativo). Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 9 A fig. 9 abaixo tabula sistemas análogos regidos pela mesma EDOL de primeira ordem, logo os seus comportamentos são essencialmente semelhantes quando submetidos às mesmas excitações. Fig. 9 Análise da Resposta no Tempo de Sistemas de 1a Ordem. Soluções Analítica e Numérica 10 EXERCÍCIOS 1 O circuito RC série da figura encontra-se inicialmente em repouso quando a chave S é fechada no instante t = 0. Pedem-se: (a) deduzir o modelo matemático (EDOL); (b) corrente i(t), usando o método da Transformada de Laplace para resolver a EDOL; (c) resolver numericamente a EDOL no VisSim para os seguintes valores: E = 12 v; R = 2 Ω; C = 0,2 F Resp.: (a) ∫ =+ EidtC 1Ri (b) RC t e R E)t(i −= 2 Um sistema dinâmico é modelado pela EDOL t2cos3y2 dt dy =+ . Determinar: (a) constante de tempo; (b) amplitude; (c) ângulo de fase; (d) resposta permanente. 3 Com referência ao Exercício 2, plotar no VisSim a equação da resposta permanente encontrada no item (d). Ainda no VisSim, resolver numericamente a EDOL. Deu o mesmo resultado? 4 Um sistema hidráulico de nível de líquido é modelado pela EDOL )t(qhh2 i . =+ , onde h(t) é a altura do nível de líquido e qi(t) é a excitação dada por uma rampa unitária. No instante t = 0, a altura do nível de líquido é de 1 m. Usando o método da transformada de Laplace, achar a resposta no tempo. Resp.: 2 t e3t2)t(h −++−=
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