Capoeira tem criança o futuro da nação

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Capoeira na Educação Física Escolar                                              
Jaqueline Fabrícia
Unitau   (ead)  Campus Ubatuba SP
Introdução
 A capoeira é uma manifestação cultural afro brasileira criada no Brasil colônia pelos negros escravos como forma de luta contra opressão e que durante muitos anos foi condenada e proibida pelos senhores brancos. A capoeira fazia parte da vida dos negros que a praticava nas fazendas e nos terreiros, mas essa pratica se dava de maneira clandestina, pois uma vez que ela era utilizada como arma de luta, os senhores do engenho passaram a proibi-la (MELLO apud FONTOURA;GUIMARES,2002).
Quando falamos em origem da capoeira, muitas são as controvérsias ,principalmente devido a carência de referenciais históricos que tratam da cultura afro; 
Alguns estudiosos defendem a origem indígena da Capoeira, de que os Portugueses, quando do descobrimento do Brasil, teriam presenciado os índios nativos divertindo-se jogando Capoeira. Na obra “arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil”, editada em 1595, há uma citação de que “os índios Tupi-guarani divertiam-se jogando Capoeira”. Porém, esta é a teoria menos aceita.
Outros estudiosos defendem a origem africana da capoeira, afirmando que os negros africanos escravizados e trazidos ao Brasil já carregariam consigo a capoeira como um de seus costumes. Existe quase uma unanimidade entre os pesquisadores de que os primeiros escravos trazidos para o Brasil vieram de Angola. Convém, no entanto, lembrar que vários pesquisadores e até mesmo capoeiristas estiveram na África, principalmente em Angola, e jamais encontraram vestígios de alguma luta parecida com a capoeira; não existem nomes de golpes, nem de toques na língua africana.
A teoria mais aceita pelos pesquisadores e capoeiristas é a de que a capoeira foi criada no Brasil por escravos africanos. Da África teriam trazido seus costumes, música, religião, danças, e crenças, e aqui encontraram somente a escravidão, uma vida sofrida e reprimida, não possuindo armas suficientes para se defender dos inimigos e senhores de engenho. Movidos então pelo instinto natural de preservação da vida, descobriram no próprio corpo a essência da sua arma, a arte de bater com o corpo, tomando como base as brigas dos animais (coices, saltos, botes) e, aproveitando as suas manifestações culturais trazidas da África e criaram a capoeira.
 
A palavra capoeira – “caã puêra” – é um vocábulo Tupi-Guarani que significa “mato ralo que foi cortado, extinto”.
Ouviu-se falar de capoeira durante as invasões holandesas, em 1624, quando escravos e índios, aproveitando-se da confusão gerada, fugiram para as matas. Os negros criaram os quilombos, entre os quais destacamos o famoso Quilombo de Palmares, que foi o maior e mais forte de todos, cujo líder era Zumbi.
Após a abolição da escravatura em 1888, os então ex-escravos foram duramente marginalizados, assim como seus costumes, e a prática da capoeira foi proibida em código penal por diversos anos, liberada apenas na década de 1930, quando Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) conseguiu fundar, na cidade de Salvador, a primeira academia oficial do Brasil.
  A nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) - Lei nº 9.394/96 permite e oportunizam a nós, professores, explorarmos novos conteúdos em nossa disciplina, e, junto a isso, as novas metodologias emergentes da Educação Física escolar solicitam uma disciplina recheada de conteúdos significativos. 
A pratica da capoeira pode ser ensinado em todas as escolas. A capoeira é considerada uma modalidade de atividade física mais completa, que auxilia na formação integral do aluno; ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivos, afetivo e psicomotor dos educando. A sua riqueza estão nas várias formas de ser contemplada na escola, onde o aluno, através de sua prática ordenada, poderá assimilá-la e, assim, atuar nas linhas com as quais mais se identificar.
 Capoeira Cultura: tombada como Patrimônio Histórico Brasileiro em 2008, e reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Mundo pela UNESCO em 2014, seus aspectos culturais se fazem presentes através da música, ritmo, canto, instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um riquíssimo tema para as artes literárias e cênicas.
Capoeira Música: não existe prática de capoeira sem musicalidade; ela está presente em todas as suas manifestações. Sendo assim, o trabalho de ritmo e musicalidade é fundamental para o pleno desenvolvimento da arte.
A dança envolve as aulas, sempre ritmadas, podem ser dirigido no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, indo à busca da coreografia dos alunos, tanto na parte prática como teórica.
Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo Conselho Nacional de Desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para a competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.
A luta representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal genuinamente brasileira. Deverá ser ministrada com o objetivo de combate e de defesa.
A Capoeira como educação aparece com todos esses parâmetros educativos; suas raízes favorecem conteúdos valiosos para a transmissão de valores culturais que atuarão diretamente na educação global das crianças que a praticam. Proporciona ainda um autoconhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites. Na educação especial, a capoeira encontra campo frutífero junto aos portadores de deficiência.
 
  "A  Capoeira pode se integrar aos currículos escolares, sem a conotação de um simples passatempo. Muito pelo contrário. Pode integrar-se como uma atividade que tem um lugar de destaque, porque é um dos jogos que pode desenvolver a criança em seu todo, em virtude de sua riqueza de expressão  e musicalidade. Assim, concorda-se com OLIVEIRA (apud SANTOS, 1990, p.48), quando diz que o jogo é um recurso metodológico capaz  de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural, concorrendo para a descoberta e minimizando a atmosfera predominantemente artificial e tecnicista que impera nos meios educacionais, estimulando a crítica, a criatividade, a socialização e muitos outros aspectos. A Capoeira, como parte integrante da existência de muitas pessoas, é um fenômeno lúdico fundamental". (SANTOS, 1990, p.48).
No lazer como prática não formal, através das “rodas” espontâneas realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo, etc., ela atua como ferramenta de liberação do stress, e confraternização entre amigos.
A capoeira, enquanto manifestação esportivo-cultural genuinamente brasileira, é repleta de significações histórico-social e rica em movimentos, pode contribuir no processo de democratização das nossas escolas e na construção de um comportamento crítico dos nossos alunos. Sua presença nas escolas já é uma realidade, mas, em sua maioria diferente da proposta apresentada neste trabalho. Quanto filosofia de vida: muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma, criando dessa forma uma filosofia própria de vida, tendo a capoeira como elemento símbolo, e até mesmo usando-a para a sua sobrevivência.
O jogo de Capoeira é muito importante para o desenvolvimento da criança como um todo, tanto nos aspectos físico, mental e espiritual, por ser uma atividade muito rica em elementos indispensáveis para o pleno desenvolvimento das mesmas. Entretanto, não podemos deixar de lembrar que as aulas devem ser planejadas e  ministradas buscando sempre alcançar os objetivos destas e não transmitir os movimentos por fazê-los, mas sim, que as aulas possam trazer benefícios para as crianças em sua vida de uma maneira geral.
 
 
Justificativa:
Historicamente a pratica da capoeira sempre foi atribuída como pratica de marginais e malandros as margens da sociedade brasileira fato explicado do ponto de vista cultural com relação aos negros e seus descendentes.A ideia é inserir a capoeira nas escolas agregando valores de nossa cultura que se perderam ao longo dos tempos.
Favorecendo o desenvolvimento integral e harmônico do corpo e mente do educando. Entende-se que educando a criança social, física e psicologicamente, terá ela maior facilidade de inserir-se na sociedade, e de realizar-se plenamente.
Com isso, a prática da capoeira deve propiciar à criança oportunidades de evoluir seu espírito de liberdade com responsabilidade, de adquirir hábitos salutares, de conhecer e reconhecer seus direitos e deveres, de ter a coragem de enfrentar os riscos e de exercer a autoridade para o bem da comunidade; ela também deve oportunizar o espírito criativo e desenvolver aspectos de sensibilidade, para que o educando possa analisar sintetizar e refletir criativamente sobre os desafios.
 
Publico alvo:
Crianças: com idade acima de 02 anos 
Objetivos
 Proporcionar ao aluno, através do jogo da Capoeira, com suas músicas e instrumentos o desenvolvimento das capacidades psicomotoras;
 Aprimorar diversas condutas psicomotoras, destacando-se dentre elas a coordenação motora geral, a lateralidade, e a organização espaço-temporal; assim como qualidades físicas básicas e valências físicas (expressão corporal, resistência, flexibilidade, agilidade, destreza, etc.); de instrumentos; Favorecer e enriquecer a cultura popular Brasileira.
 
 
Objetivos específicos:
Aprender os movimentos básicos da Capoeira;
Desenvolver a socialização e autoconfiança;
Conhecer o próprio corpo e de seus colegas;
Verificar a possibilidade de resgatar a participação da comunidade na escola; favorecendo a interação escola e família.
Aprender os toques instrumentais e cantos básicos;
Desenvolver o espírito místico da Capoeira;
Desenvolver a criatividade com os segmentos corporais.
  
Recursos para Prática:
Com o intuito de um melhor aproveitamento dos conteúdos e objetivos previstos, utilizaremos as seguintes estratégias:
 Escolha de um local apropriado para prática da capoeira; Apresentação de material didático (apostilas, livros, filmes, etc.); Aulas programadas, com formação de grupos subdivididos por faixas etárias; 
Formação de grupos de apresentação na escola e sociedade; Organização de laboratórios para confecção de instrumentos musicais; 
 Intercâmbio entre capoeiristas de diversas localidades, através de festivais e workshops.
Local apropriado para a prática (quadra ou sala); 
 aparelho de som; 
Uniforme para alunos; 
 berimbaus; 
 pandeiros; 
 atabaque;
Cones, bambolês;
Agogôs:
Material publicitário para divulgação das aulas; 
 Local apropriado para guardar material.
 
 
 Recursos humanos:
Professor e colaboradores.
O professor tem um papel fundamental, pois é considerado um intelectual. “É dever dele descoutar as mentalidades adormecidas provenientes do neoliberalismo, viabilizar o desejo pela indignação e aflorar as sutilezas, as loucuras e os sonhos de um possível mundo melhor, mais comum a todos, mais solidário e mais humano”. (JÚNIOR & SOBRINHO, 2002, p.91).
         
 SANTOS (1990) acredita que o trabalho deve ser feito em conjunto tanto os professores como mestres e adeptos devem se unir na busca de colocar a Capoeira em seu verdadeiro espaço na sociedade brasileira:
 
Avaliação:
 
Por analisar criticamente o processo ensino/aprendizagem através da entrega de trabalhos, do compromisso acadêmico/responsabilidade e da participação efetiva nas aulas. A avaliação será de forma contínua, ou seja, acontecerá de forma regular, durante as aulas. No final das aulas (o registro de cada aula será feito por escrito) será feita uma auto avaliação e uma reflexão sobre a aula, observando se o conteúdo foi absorvido pela turma, o que nos indicará novas formas de intervenção. É importante avaliar: se o aluno se empenha em utilizar diferentes elementos em diversas situações; se é capaz de escolher a solução correta para cada situação-problema; se apresenta empenho em corrigir aspectos identificados por si próprio, da técnica ou tático; se o aluno respeita os colegas de equipe e os adversários durante as atividades.
 
 
Referencias:
  (MELLO apud FONTOURA;GUIMARES,2002)
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)
JÚNIOR, L.V.C. & SOBRINHO, J.S. O ensino da Capoeira por uma prática nagô. . In: Revista Brasileira de Ciência do Esporte. Campinas, vol. 23, nº 02, p.89-103, 2002.
 
OLIVEIRA, A.A.B. & SOUZA, S.A.R. Estruturação da Capoeira como conteúdo da Educação Física no ensino fundamental e médio. In: Revista da Educação Física. Maringá, vol. 12, nº 02, p.43-50, 2001.
 
SANTOS, L.S. "Educação. Educação Física. Capoeira". Maringá: Imprensa Universitária, 1990, p.101