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DIREITO INTERNACIONAL - Thiago Borges - Cadereno para a 1a Prova

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DIREITO INTERNACIONAL
Aluno: Joao Felipe Cabral Fagundes Pereira 
NOÇÃO GERAL DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – Direito Internacional não se refere a aplicação do direito estrangeiro (direito interno dos outros estados), podendo haver conexões entre o direito estrangeiro e o brasileiro. Direito Internacional Público é a relação que rege a relação entre os agentes e Estados Soberanos. O Direito Internacional é o resultado da relação entre os Estados Modernos. De acordo com Hart, o direito é o sistema normativo que impõe e orienta as condutas.
BREVE HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL - Após a queda de Roma Ocidental, as formas de poder ficaram muito dispersas e precárias, não havendo nenhum tipo de organização bem estruturada (feudos, pequenos reinados como Poder Temporal e a Igreja como Poder Supraterreno). A forma de poder só foi organizada após a formação do Sacro Império Romano-Germânico por Carlos Magno com ajuda da Igreja. Podemos concluir então que havia direito antes do Estado. Logo, concluímos que Direito Internacional só passou a existir após a formação dos Estados.
-Processo de Formação dos Estados: A partir do Século XIII, os Estados (Países Baixos, Reino Unido, Portugal, Espanha, Prússia, Império Austro-Húngaro etc) se formam e convivem com outras formas de organização política. O aspecto territorial, o limite do poder, foi fruto de diversos conflitos entre os Estados, fazendo com que os Estados entrassem em guerra inúmeras vezes. A partir do Século XV, certo pensadores começaram a tratar da paz com o intuito de resolver o conflito entre os Estados, pois os mesmos só traziam malefícios.
 O direito internacional surge efetivamente quando os Estados começam a se aceitar em termos de coexistência, viabilizando a construção de um ordenamento/normas de convivência. Tais normas seriam o próprio Direito Internacional. Podemos dizer que o Poder de um Estado se justifica quando há o reconhecimento recíproco dos poderes entre os Estados, ignorando todas as outras formas de organização política (As colônias, os bárbaros, a China, Índia, Japão, Rússia, formas de organização ainda primitivas no olhar desses Estados).
-Crescimento da Sociedade Internacional: No início do Século XIX, alguns países americanos e asiáticos foram incorporados a estes grupos, como Pérsia (atual Iraque), China, Japão, etc. O Brasil, após sua independência, passa a ser inserido nesse grupo, ainda limitado, mas que continha um respeito mútuo, pregando o paradigma existencial de reciprocidade. As normas gerais do Direito Internacional nesse período são consuetudinárias (norma baseada na prática e reiteração/costumes) e os tratados eram bilaterais (basicamente um contrato entre dois países). 
OBS: O Costume só aparece quando há um litígio entre as partes, havendo uma consulta a comunidade para decidir qual será o costume. Fora dessa situação, o costume não é discutido, apenas vivido.
 Por influencia da filosofia positivista, o Direito Internacional passa por um processo de positivação. O processo de positivação dos costumes em tratados multilaterais foram responsáveis pela densificação das normas do Direito Internacional Geral. Os temas do Direito Internacional permanecem os mesmos, versando sobre diplomacia, solução de conflitos, proibição de armas de destruição (Tratado de Bruxelas, sobre as armas inflamáveis).
-Pós 2ª Guerra: Já no Século XX, pós 2º Guerra, o panorama é absolutamente fundamental para compreensão do Direito Internacional Contemporâneo. No plano subjetivo, o primeiro fator é (i) a ampla independência de antigas colônias (Paquistão, India, Austrália, Uganda, Vietnã/Indochina, Síria, Tunísia, Argélia, etc), havendo uma grande quantidade de novos países. 
Após (ii) a criação das Nações Unidas (1945), vários países africanos se tornam independentes até o início da década de 70 (Angola, Moçambique, Chade, Lesoto, etc). Este é o momento em que, definitivamente, a forma de poder estatal, iniciada no Século XIII, passa a prevalecer.
 A partir deste momento, a sociedade internacional se torna uma sociedade global (todos os países do planeta). Os processos de reconhecimento acontecem através da cisão ou desmembramento nesse período (Timor Leste, que se separou da Indonésia, o desmembramento da URSS).
 No plano normativo, as normas de direito internacional após a 2ª guerra se expandem além do paradigma da coexistência, pois os Estados percebem que certas questões não podem ficar aprisionadas nas normas de coexistência, (iii) começando a pensar nas normas de cooperação entre os países, como as questões ambientais (Conferencia de Estocolmo de 1972), de desarmamento, hacking, etc.
OBS: No início do Século XX, a China era reconhecido como um Estado, porém ainda adotava o modelo feudal.
OBS: Nos Direitos Humanos, o universalismo e o relativismo é uma temática e paradigma bastante discutidos. Um exemplo é a discussão sobre o que possui maior relevância: a nacionalidade ou a pessoa humana (crise dos refugiados). 
A SOCIEDADE INTERNACIONAL - A antítese da sociedade é a comunidade, que prega que os interesses coletivos sempre estarão acima dos interesses individuais, ou seja, o individuo está disposto a abrir mão de seu interesse para beneficiar a coletividade, diferentemente da sociedade, que os indivíduos se associam diante do um contrato para buscarem certo fim, priorizando os interesses individuais. A dimensão da cooperação do Direito Internacional é um processo de transição de sociedade internacional para comunidade internacional. 
 A sociedade internacional, antes da 2ª Guerra, era um grupo de Estados. Após a 2ª Grande Guerra, além dos Estados, diversas organizações internacionais foram criadas, como a ONU, FMI, OMC, OMS, o antigo GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), OACI, sendo os Estados sujeitos originários do Direito Internacional e as organizações são sujeitos derivados do Direito Internacional. 
 A sociedade internacional, pensada como sociedade civil, inclui outros autores, que não são sujeitos, como as empresas transnacionais (Coca-Cola, Toyota, Ambev, etc), as ONGs (Greenpeace, Cruz Vermelha, etc), associações internacionais (FIFA), grupos terroristas (Al Qaeda, Boko Haram, ISIS, IRA), que é um processo de alta complexidade, pois é o resultado da inadaptação com o sistema de poder estatal, havendo a criação de outras formas de poder.
HISTÓRIA DO DIREITO INTERNACIONAL – É o processo histórico que gerou o Direito Internacional Moderno.
PRÉ-HISTÓRIA DO DIREITO INTERNACIONAL (GRÉCIA, ROMA, IDADE MÉDIA)
-Grécia: Em tempos antigos, como na Grécia, certos aspectos foram absorvidos pelo Direito Internacional, como o acolhimento dos mensageiros, a declaração de guerra e o asilo, por exemplo. Por ser uma sociedade regida pelo direito consuetudinário, quando o líder derrotado não morria, o mesmo era acolhido, cujo nome desse acontecimento é (i) asilo (hoje em dia temos o conceito de asilo político, que difere um pouco do conceito de asilo grego).
(ii) A declaração de guerra, de acordo com os costumes gregos e a religião, era algo comum e formal (obrigação moral), tendo como exemplo o Cavalo de Troia, um artificio que quebrou o costume das declarações de guerra e, por isso, foram castigados pela lei divina, de acordo com os contos.
(iii) A proteção dos mensageiros consiste na ideia de que o mensageiro, independentemente do conteúdo da sua mensagem, deve ser protegido para que as partes conflitassem pudessem manter o contato. Isto serviu de base para as imunidades diplomáticas.
-Contribuições do Direito Romano: Roma possuía um direito de dominação e controle, justamente por ser um Império, indo contra os ideais atuais do Direito Internacional. Porém, eles trazem o conceito de (i) Jus Civilis (direito dos romanos) e (ii) Jus Gentium (direito aplicado para os estrangeiros), sendo uma ideia primitiva de nacionalidade (identificação humana, o vínculo entre o indivíduo e o Estado) e aplicação diferenciada dos Direitos de um Estado para os estrangeiros.
-Alta Idade Média:Com o fim do Império Romano Ocidental, a instituição legatária do poder do Império é a Igreja, que passa a exercer seu domínio, ao ungir os reis, príncipes e duques. Ou seja, todas as formas de organização política (Cidade-Estado, reinos, principados) tem sua legitimidade conferida pela Igreja Católica. Nesse período, todos esses títulos tinham a noção de Direito Privado, pois o rei era dono da terra e, por isso, poderia cobrar impostos dos seus cidadãos.
 No ano 800, a Igreja nomeia (i) Carlos Magno como Imperador do Sacro Império Romano-Gêrmanico, revitalizando o Império Romano, estando a Igreja como representação espiritual e Carlos Magno como representação temporal de Deus. A igreja passa a estimular Carlos Magno a utilizar o Corpus Juris Civilis, pelo fato do mesmo (Direito Romano), ser um direito de dominação. A partir disso, inúmeros clérigos foram para Bolonha para estudar o CJC, passando a ter certas alterações e fontes doutrinárias chamadas de glosas (Magna Glosa de Acúrsio), sendo todas as universidades fundadas por glosadores (Coimbra, Salamanca, Sorbonne, etc).O (ii) Direito Comum, que era o (a) Direito Romano + (b) Canônico (complemento que prevalece diante do Direito Romano), era vigente em toda a Europa. 
Com a (iii) instituição da Liga das Cidades, uma comunicação entre os feudos para facilitar o comércio entre as cidades, garantindo a segurança dos mercadores, passaram a haver tratados e acordos entre os feudos. Caso os mesmos fossem descumpridos, haveria a guerra.
-Criação dos Primeiros Estados (Século XIII-XV): O Estado surge da subversão da logica de dominação imperial, sendo o primeiro Estado que surgiu foi o Estado Português (Século XIII, com o Tratado de Alcanizes de 1297). 
 Após o casamento entre as Famílias de Castela e Leão (Século XII), que começaram a conquistar condados e terras com o apoio da Igreja (atuação excessivamente violenta da igreja, com a Inquisição e perseguição aos “hereges e bruxas”), o Reino da Espanha tentou invadir, sem sucesso, o Condado Portugalense, havendo então uma reação política de Dom Diniz, Rei de Portugal, que declarou que Portugal não reconhecia nenhum outro poder além do Império Português, estabelecendo o primeiro Estado, soberano e detentora do poder, dentro de um território constituído por uma nação. 
 A partir daí, houve (ii) o surgimento de outros Estados (França, Inglaterra, Espanha), que tiveram relações muito conflituosas devido a questões territoriais. 
 No final do Século XV, foi implantado o modelo econômico do (iii) mercantilismo, que consiste na ideia de Estados-Nação fortalecidos através da intervenção na economia 
 Nesse mesmo período, houve o início das (iv) Grandes Navegações (dificuldade de chegar na Ásia devido aos mouros no meio do caminho), expandindo a noção de mundo, com o descobrimento das Américas. A partir disso, surgem as relações coloniais, havendo uma disputa entre os Estados, que buscavam se tornar independentes da Igreja Católica, estabelecendo, inclusive, novas religiões, como o anglicanismo e protestantismo.
SURGIMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL 
-Vitoria, Suarez e a Guerra Justa: No Século XV, dois clérigos (Francisco de Vitoria e Francisco Suarez) espanhóis discutiram a respeito de valores universais que deveriam ser observados pela humanidade, como a paz, pois as guerras só traziam perdas humanas. Ou seja, a busca pela estabilidade das relações entre os povos deve ser considerada como um valor da paz. Vitoria e Suarez, com seus conceitos sobre a Guerra Justa, um modelo de pensamento e um conjunto de regras de conduta que define em quais condições a guerra é uma ação moralmente aceitável, influenciam o “pai do Direito Internacional”, Hugo Grócio.
-Hugo Grócio (1583-1645): É um holandês que residiu na Espanha por conta de conflitos que aconteciam na Holanda e o levaram a fugir de seu país natal. Grócio ingressou na Espanha justamente no período das viagens ultramarinas, já que esse processo de colonização implicou em diversos conflitos entre os povos.
 Sua principal obra foi “Sobre o Direito da Guerra e da Paz”, onde Grócio trata do papel do direito nos conflitos e em Estados pacificados. Grócio é considerado por alguns como o pai do direito internacional, exatamente porque foi a primeira vez em que houve uma obra de cunho filosófico que refletia sobre o papel do direito nesse encontro e conflito de povos. A obra de Grócio descreve o Princípio da Igualdade Jurídica entre os Estados, sendo o princípio matriz do Direito Internacional.
(i) Jus Inter Gentes é o que Grócio diz como o Direito Natural, independendo da norma e sendo próprio dos povos e das pessoas, se refletindo na Reta-Razão. 
(ii) Jus Gentium é o que ele chama de direito entre os povos, criados pelo homem para regular as relações entre diferentes povos, tendo como exemplo os tratados. 
-Tratados de Westfallen (1648): As revoltas religiosas contra a Igreja Católica fomentaram a Guerra dos 30 anos, onde foi assinado o Tratado de Westfallen de 1648, que é considerado o marco de surgimento do Direito Internacional. Os Tratados de Westfallen contém esta premissa de igualdade entre os Estados por Grócio e os ideais de Vitoria e Suarez.
 O Tratado de Westfallen gerou a Paz de Westfallen/Equilíbrio Europeu, um período de um século sem conflitos pautados na lógica de respeito entre os Estados. Durante esse período, (i) houve o crescimento do mercantilismo com a corrida pelo ouro, e a (ii) fomentação de teorias bancadas pela burguesia (Rousseau, Smith, Locke), contestando os Estados Absolutistas. A lógica de estabilidade de Westfallen é quebrada pelas invasões napoleônicas no início do Século XIX, que impôs aos derrotados o ideal liberal burguês. Napoleão contribuiu com o Direito Internacional com suas codificações. 
-Congresso de Viena (1815): Após a derrota de Napoleão, em 1815 foi realizado o Congresso de Viena, que culminou na (i) reinstauração dos antigos Estados conquistados por Napoleão e na (ii) criação de novos princípios dos Direitos Internacionais, que existem até hoje, inclusive previstos na CF/88, que são o (a) Princípio da Autodeterminação dos Povos e o (b)Princípio da Não-Intervenção, garantindo maior estabilidade internacional. Foram medidas de caráter reacionário dos Estados Absolutistas, sendo princípios originariamente hegemônicos. Outros Princípios, como o de (c) Liberdade de Navegação também foram criados, além da (iii) definição dos agentes diplomáticos, que gozam de igualdades e privilégios. 
 Houve também a (iv) Proibição do Tráfico de Pessoas, dotado de ideais iluministas e um viés humanista que, na verdade, tinha como foco uma questão econômica, visando diminuir o mercado escravista dominado pela Espanha, após a independência das Américas.
 OBS: Apesar da proibição de 1831 do tráfico de escravos pela Lei Eusébio de Queirós, o mercado de escravos cresceu muito no Brasil nos 20 anos seguintes a Lei.
-Direito Internacional no Século XIX: No Século XIX, com a positivação dos costumes e densificação de normas de direitos internacionais e tratados multilaterais, o Direito Internacional passa a se desenvolver substancialmente no âmbito científico e acadêmico. 
 Em 1856, todos os Estados europeus e americanos (além de alguns Estados Asiáticos) se reuniram na (i) Convenção de Paris, com o intuito de constituir um tratado para a solução pacífica de conflitos (Antigas Colônias x Antigas Metrópoles), sendo perceptível nessa época o aumento da sociedade internacional. 
 Há também o surgimento do (ii) Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 1863 e o (iii) Tratado de Bruxelas de 1889, que serviu para proibir o tráfico de escravos. 
(iv) As Conferências da Paz da Haia de 1899 e 1907 trataram também sobre a resolução de conflitos e tratou basicamente de estabelecer regras associadas ao comércio internacional, seus procedimentos e sobre a busca de solução pacífica de resolução de controvérsias comerciais, com o objetivo de evitar um conflito de dimensões mundiais.
-Direito Internacional no Século XX eXXI: O início do Século XX foi um período de estabilidade política, havendo a formação e consolidação dos últimos Estados, como a Alemanha e Itália, que logo se extinguiu com a 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Com o fim da guerra, houve o (i) Tratado de Versalhes, que resultou em severas sanções para os países derrotados, principalmente à Alemanha, e na criação da Corte Permanente de Justiça Internacional de 1920, tendo grande participação do Presidente dos EUA Woodrow Wilson. Esse período Pós-Guerra foi um momento de idealismo jurídico.
 A Alemanha se vê fragilizada com as sanções, levando ao ultranacionalismo alemão, (ii) a eleição de Hitler, e a posterior criação do Terceiro Reich/Império. Em 1928, houve o (iii) Pacto de Briand-Kellog, que estabelecia a extinção do uso da força como objeto de política nacional, tendo a guerra como “ultima ratio” para a resolução dos conflitos entre os Estados. A Alemanha descumpriu o Pacto, gerando a 2ª Guerra Mundial.
 Na reconstrução do Pós-2ª Guerra, houve a (iv) criação das Nações Unidas (predominantemente idealista), juntamente com o Conselho de Segurança, dotado de realpolitik/realismo jurídico, trazendo toda a conduta da organização para a realidade em questões de paz e segurança, cujas decisões serão pautadas para a realidade, para manter a estabilidade das relações internacionais. Com a bipolarização das decisões internacionais no período Pós-2ª Guerra, as relações internacionais entre EUA e URSS foram pautadas pela realpolitik/realismo jurídico. 
OBS: Hoje, o Conselho de Segurança é considerado defasado, por não ter se adequado à realidade com o passar do tempo.
FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL - O estudo dos fundamentos do Direito Internacional Público visa a determinar o motivo pelo qual as normas internacionais são obrigatórias. Ele é objeto de debates doutrinários que se concentram principalmente ao redor de duas teorias: a voluntarista e a objetivista. 
TEORIA VOLUNTARISTA - Os fundamentos dos Direito Internacional são ligados a Lógica Voluntarista, ou seja, é Direito Internacional aquilo que os estados aceitam se comprometer e se autolimitar ás normas internacionais em prol da convivência harmônica entre os Estados (Jellinek). É uma tentativa de analisar o Direito Internacional de acordo com a Teoria Geral de Estado. Na ausência de um “Estado Terceiro” capaz de mediar o conflito entre dois Estados soberanos, haveria um enfraquecimento da norma internacional e do direito. O voluntarismo é uma corrente doutrinária de caráter subjetivista, cujo elemento central é a vontade dos sujeitos de Direito Internacional. É também chamado de “corrente positivista”. 
 Para o voluntarismo, os Estados e organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram livremente sua concordância em fazê-lo, de forma expressa (por meio de tratados) ou tácita (pela aceitação generalizada de um costume). O Direito Internacional, portanto, repousa no consentimento dos Estados. A doutrina desenvolveu várias vertentes do voluntarismo, que são as seguintes:
-Autolimitação da Vontade (Georg Jellinek): O Estado, por sua própria vontade, submete-se às normas internacionais e limita sua soberania.
-Vontade Coletiva (Heinrich Triepel): O Direito Internacional nasce não da vontade de um ente estatal, mas da conjunção das vontades unânimes de vários Estados, formando uma só vontade coletiva.
-Consentimento Das Nações (Hall E Oppenheim): O fundamento do Direito das Gentes é a vontade da maioria dos Estados de um grupo, exercida de maneira livre e sem vícios, mas sem a exigência de unanimidade.
-Delegação Do Direito Interno (ou do “Direito estatal externo”, de Max Wenzel): O fundamento do Direito Internacional é encontrado no próprio ordenamento nacional dos entes estatais.
OBS: Kant, ao falar da paz perpétua, vai contra a Teoria Voluntarista, pois crê que na existência de um valor essencial à todos, que é a paz. Portanto, a relação dos Estados sempre busca a paz perpétua, onde os Estados entram em guerra para garantir e causar a paz (guerra como agente da paz). Logo, a paz é um valor absoluto para Kant.
TEORIA OBJETIVISTA - O objetivismo sustenta que a obrigatoriedade do Direito Internacional decorre da existência de valores, princípios ou regras que se revestem de uma importância tal que delas pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade internacional. 
 Nesse sentido, tais normas, que surgem a partir da própria dinâmica da sociedade internacional e que existem independentemente da vontade dos sujeitos de Direito Internacional, colocam-se acima da vontade dos Estados e devem, portanto, pautar as relações internacionais, devendo ser respeitadas por todos. O objetivismo também inclui vertentes teóricas, como as seguintes:
-Jusnaturalismo (Teoria Do Direito Natural): As normas internacionais impõem-se naturalmente, por terem fundamento na própria natureza humana, tendo origem divina ou sendo baseadas na razão.
-Teorias Sociológicas Do Direito: A norma internacional tem origem em fato social que se impõe aos indivíduos.
-Teoria Da Norma-Base De Kelsen: O fundamento do Direito Internacional é a norma hipotética fundamental, da qual decorrem todas as demais, inclusive as do Direito interno, até porque não haveria diferença entre normas internacionais e internas.
-Direitos Fundamentais Dos Estados: O Direito Internacional fundamenta-se no fato de os Estados possuírem direitos que lhe são inerentes e que são oponíveis em relação a terceiros.
IDEALISMO X REALISMO JURÍDICO – São duas vertentes do pensamento do Direito Internacional Público que são antagônicas entre si.
-Idealismo Jurídico: De acordo com o idealismo jurídico, o sistema jurídico internacional é perfeito em suas atribuições, é coeso e representa a forma de regulação dos Estados na esfera internacional. A superação das arbitrariedades, da truculência dos países hegemônicos ocorreria unicamente pela limitação da autonomia da vontade desses Estados com a predominância e o reconhecimento universal da juridicidade do DI. Essa corrente também assevera que a ética, a moralidade, o multilateralismo e o espírito cooperativo dos povos sob a égide do Direito Internacional devem prevalecer sobre as ambições armamentistas alimentadas pela sede hegemônica de países centrais.
 A corrente idealista admite não somente sua completa efetividade e eficácia, como também desvia o foco das reconhecidas deficiências do DI para a irresponsabilidade dos países centrais. Se o DI porventura é falho, é em decorrência não de sua juridicidade, e sim por conta da racionalidade maquiavélica de boa parte dos Estados e de seus políticos na luta pelo poder e na defesa de sua agenda doméstica e externa.
 No Paradigma Idealista, o Direito tem como principal função buscar e satisfazer certas necessidades do ser humano, como a justiça e a segurança. Além disso, outro objetivo e meta crucial do Direito no Paradigma idealista é justamente a transformação de princípios éticos e morais em normas jurídicas, com o intuito de incorporar tais valores às Relações Internacionais, gerando uma sociedade internacional integrada e gestora da paz, que busca sempre o equilíbrio do homem, o pacifismo e o altruísmo entre as nações.
-Realismo Jurídico/Realpolitik: O Realismo é uma linha de pensamento que prega e focaliza as relações internacionais como interestatais, num meio não integrado e conflitivo, se baseando no Estado de Natureza Hobbesiano (somente as estruturas políticas mais fortes conseguem vencer as dificuldades e se tornar hegemônicas no mundo “anárquico” das relações internacionais), interpretando a realidade como um Império da força bruta, onde cada Estado busca constantemente o poder. 
 Tem como bases doutrinárias justamente Thomas Hobbes, Maquiavel, Sun Tzu ,Henry Kissinger e Hans Morgenthau (primeiro a sustentar a Teoria Realista no mundo Pós-2ª Guerra). Todos estes pensadores criam na política de poder com uso da força e violência, servindo de arcabouçoideológico para o idealismo.
 O Realismo rejeita a existência de uma "comunidade internacional". De cunho realista, essa corrente desconhece a juridicidade traduzida em termos de reduzida efetividade e eficácia do DI. A moldura do paradigma realista influencia essa corrente por meio da crença de existência de uma anarquia internacional onde o Direito Internacional não exerce força reguladora significativa.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – Os (i) costumes internacionais, (ii) tratados/convenções e (iii) princípios gerais do direito são as fontes primárias do direito internacional, sendo complementadas pela (iv) jurisprudência e (v)doutrina internacional (fontes secundárias). A doutrina, ao tratar desse assunto, normalmente se remete ao Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (inicialmente Corte Permanente de Justiça Internacional de 1920, criada após a 1ª Guerra e durou até a 2ª Guerra, quando a Holanda foi invadida, sendo absorvida pela ONU, que a incorporou à Carta das Nações Unidas, sendo criada com o intuito de ser competente para julgar qualquer questão de direito internacional.
 A teoria do direito dos estados ocidentais no início do Século XX não atribuía a devida importância aos princípios, que serviam apenas como instrumentos de preenchimento das lacunas normativas. O Artigo 38 do ECIJ estabelece quais são as fontes do Direito Internacional.
Artigo 38 - A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
A. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
B. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
C. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
D. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
 A grande dúvida inicial era se a ordem das fontes estabelecia alguma hierarquização entre as convenções/tratados internacionais, costumes e princípios gerais de direito. Foi definido que estas três fontes estariam no mesmo patamar hierárquico normativo. Após a 2ª Guerra, a Teoria Geral do Direito passou por diversas revisões e reformulações, levando a conclusão de que os princípios não deveriam mais serem vistos como uma mera orientação, mas sim como uma norma que refletiria os valores do ordenamento jurídico, havendo uma transformação na estrutura normativa do Direito Internacional. Tais mudanças acontecem na forma como se lê o texto e não necessariamente em mudanças textuais em si.
COSTUMES INTERNACIONAIS – A ideia de costume tem a ver com uma conduta que se remete a tempos passados (tradição/passar a outro), cuja habitualidade normaliza a conduta, a ponto da mesma ser aceita socialmente, não havendo contestação sobre a mesma. O costume internacional são atos estatais que se reiteram e vão conformando as condutas que são esperadas nas relações entre os Estados. Existe um elemento objetivo, que é a prática reiterada, e outro elemento subjetivo, que é o fato da mesma ser aceita como direito (“opinio juris”). Tal conceito está expresso no Artigo 38, B da ECIJ. A opinio juris estatal é uma ficção do direito, já que é necessário a obrigação de provar que o Estado tem tal prática como Direito. Nem toda prática estatal é um costume.
B. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
 O Costume não tem um período de tempo definido para ser considerado como costume, pois o tempo estatal é diferente do tempo humano, já que o ser humano busca as mudanças durante seu tempo finito de vida. Ou seja, a transformação de valores humanos, guiado pela lógica da finitude, ocorre de maneira muito mais veloz do que a forma de conduta dos Estados. Algo muito antigo para os humanos não é antigo para o Estado, vide o CP/40 e algum tratado internacional, por exemplo. Portanto, podemos ter como um costume internacional, algo que se figura com um acontecimento histórico que se repetiu ao longo do tempo (Acontecimento A aconteceu no Século XVIII e se repetiu no Século XIX, XX e XXI, criando o costume).
-Prova do Costume Internacional: Se for possível provar que os Estados praticaram tal ato pelo fato dos mesmos acreditarem que o ato estava de acordo com o Direito, há a criação de um costume internacional. Um exemplo é o costume internacional altamente reiterado criado no início do Século XXI, que tende a criminalizar os ataques cibernéticos aos sites .gov. O Estado pratica, geralmente, atos formais, dando possibilidades para que haja a percepção da intenção do Estado (se o mesmo queria praticar um ato conforme o Direito ou apenas de acordo com a moral, boa vontade, liberalidade). 
 Os Costumes Internacionais encontram prova nos atos estatais, nos textos legais e nas decisões judiciárias acerca de temas relacionados ao "jus cogens". No plano internacional, busca-se a prova do Costume Internacional na jurisprudência internacional ou nos tratados.
 Os costumes regionais internacionais não estão ligados à questões demográficas, mas sim culturais, pois só se aplicam a certo grupos de Estados, como os costumes regionais internacionais árabes e a prática de asilos políticos em embaixadas na América Latina, sendo outro exemplo de costumes regionais internacionais.
OBS: Há um movimento de positivação dos costumes internacionais através dos tratados multilaterais, para que haja uma maior segurança jurídica do Direito Internacional, para que não seja necessária a constante prova dos costumes. O que não for representado em tratados internacionais multilaterais são costumes e até mesmo os tratados são refletidos em costumes. Os costumes em processo de positivação já servem como argumentos para alguns países, pois os mesmos acreditam que tais costumes já foram incorporados ao ordenamento temporal, não sendo ainda efetivados por uma questão temporal.
-Hierarquia entre Tratados e Costumes: Os costumes internacionais são dotados de enorme relevância e possuem a mesma hierarquia dos tratados. Entre um costume e um tratado, prevalece o posterior. Assim, não é difícil conceber que todo Tratado, e principalmente as jurisprudências internacionais, foram (quase indiscutivelmente) um Costume Internacional generalizado, que eram nada mais nada menos que um Fato, que recebeu um valor pelos sujeitos internacionais, e transformou-se numa Norma.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – Os princípios eram considerados uma fonte hierárquica igual aos tratados e costumes. Com as mudanças do direito internacional, houve a percepção de que os costumes são valores fundamentais ao direito, dando embasamento para as regras costumeiras e para as normas decorrentes dos tratados. Os princípios são valores da sociedade que se refletem no ordenamento. Quando são normas imperativas de direito internacional, os princípios estão acimas dos tratados, dando um caráter sistêmico para o ordenamento.
 Na ordem internacional, assim como nos ordenamentos jurídicos estatais, existem diferentes tipos de princípios (princípios constitucionais obrigatórios e. Os princípios fundantes são chamados de jus cogens (“normas gerais imperativas de Direito Internacional, aceita por todos os Estados da comunidade internacional”), pois são capazes de invalidar uma norma que possua conteúdo que fira ou infrinja tais princípios, como está previsto no Artigo 53 do Tratado de Viena. Nem todos os princípios são jus cogens. O conteúdo dos tratados é limitado pelo “jus cogens”, que podem ser identificados através da análise do ordenamento jurídico e da sociedade internacional.
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito
Internacional Geral (jus cogens) 
Artigo 53 - É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, umanorma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. 
-Igualdade Soberana: Esse princípio presume que todos os Estados são iguais em face da lei. Este princípio certifica o respeito entre os países, seja qual for seu porte, cultura, números de habitantes ou regime de governo
-Autonomia: Princípio que estabelece que o Estado tenha autonomia para se governar de acordo com seu próprio interesse.
-Não ingerência nos assuntos dos outros Estados: Princípio estritamente ligado com o Princípio da Autonomia, neste princípio é estabelecido a não intervenção de um Estado em outro.
-Respeito Aos Direitos Humanos: Princípio que significa que todos os Estados devem proteger os Direitos Humanos. Esse princípio tem grande importância, pois é um pressuposto do direito internacional para o reconhecimento de Estados.
-Cooperação Internacional: Esse princípio estabelece que os Estados devem atuar concomitantemente na busca de propósitos comuns.
JURISPRUDÊNCIA – Ela foi colocada na Letra D do Artigo 38 como uma fonte auxiliar, pois não estabelecem para os Estados direitos e deveres a serem cumpridos. A aplicação do direito internacional pelos Tribunais Internacionais (TPI, Corte Interamericana de Direitos Humanos, etc), embora não criem o direito, delimitam o próprio Direito Internacional, modificam até mesmo a forma de comportamento dos Estados. 
DOUTRINA - Não é primária, mas meramente auxiliar. Um exemplo é quando o autor cria certos princípios. Ele será usado como prova de que um direito existe, um costume por exemplo. É um aparato auxiliar da aplicação das normas.
EQUIDADE (EX AEQUD ET BONO) – O termo equidade é relacionado no Direito Internacional com fairness/justeza (sentido de justiça) e equity (igualdade absoluta e salomônica). Um exemplo foi quando a Corte Internacional de Justiça delimitou exatamente pela metade o território marítimo disputado entre Peru e Chile, Estados recém-soberanos após a independência da Espanha, já que não havia nenhuma norma estabelecendo como haver a divisão. É, na verdade, um senso de justiça em que há um respeito à igualdade de direito de cada um.
OUTRAS FONTES – Com o passar do tempo, foram identificadas outras fontes além das especificadas no Artigo 38, como os: 
-Atos Unilaterais: Atos Unilaterais, que são decisões em situações específicas que criam obrigações para os Estados. As declarações unilaterais de um Estado, que são promessas de condutas, os vinculam à uma obrigação internacional
-Soft Law: Soft Law são normas não vinculantes, que não possuem sanção, sendo uma contraposição às hard laws, onde caso haja um comportamento oposto às soft laws não haverá ilicitude. São atos e recomendações de organizações internacionais relativas a certas matérias. É uma forma de obedecer normas que não ferem e limitam a soberania dos Estados. É um tipo de norma que tem sua juridicidade questionada, mas que regulamenta, de forma não cogente, como os Estados. A OEA tem agido com frequência baseada em Soft Laws, adotando um modelo de norma relativo à responsabilidade social das empresas no plano internacional (norma que não é obrigatória). Porém, o Banco Mundial estabeleceu que certos financiamentos só serão permitidos nos países que tal Soft Law seja adotada. Outro exemplo é uma soft law da OMS, onde a China disse que só importaria carne dos países que adotassem as medidas da OMS.
TRATADOS INTERNACIONAIS – Os tratados, acentuados no Artigo 38 da CIJ, são uma fonte do Direito Internacional. Os tratados se integraram como fonte, inicialmente servindo como contratos entre Estado, principalmente estabelecendo relações bilaterais e obrigações concretas entre eles (interpartes). A partir do Século XIX, influenciados pelo Positivismo Filosófico, os tratados passaram a ter relações multilaterais, estabelecendo através desses tratados normas gerais e abstratas (baseadas em costumes). Kelsen, no Século XX classificou-os em tratados contratos e tratados normativos ( regulariam relações jurídicas abstratas).
 Após a 2ª Guerra, os tratados assumem uma importância fundamental na lógica da estrutura normativa do Direito internacional, pois até então, o DI era essencialmente composto de obrigações negativas, de regras de abstenção, pautados pelo ideal de uma coexistência pacífica. A estrutura normativa passa a ser pautada por obrigações positivas, ou seja, o Estado deve assumir obrigações diante do objeto, seguindo o ideal de cooperação entre os Estados, através de tratados multilaterais, vide os Tratados Ambientais.
-Convenção de Viena: Em 1969, os Estados assinaram a Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados, sendo uma norma arrojada que tem como objetivo positivar todos os costumes existentes em matéria de tratados. Nesse sentido, vale como norma geral de regência dos tratados na ordem internacional. 
 Já no Preâmbulo da Convenção, é ressaltado o papel dos tratados na história do DI, reconhecendo-os como fonte do DI e como principal forma de promover a cooperação pacífica entre as nações. Há também o anúncio dos princípios da boa-fé, livre consentimento e da pacta sunt servana (Princípio da Obrigatoriedade dos Acordos). Também no preambulo, são explicitados os princípios da Carta das Nações Unidas. 
OBS: A Convenção de Viena de 1986 (Tratados sobre os Estados e Organizações Internacionais), servem como um complemento a Convenção de 1969.
-Conceito de Tratado: Tratado será uma norma (pode ter o nome de Pacto, Convenção, Tratado, Protocolo, Acordo, Atos, Carta, etc) criada pelo acordo de vontades entre Estados, Estados e Organizações Internacional e entre Organizações Internacionais. Como acordo, os tratados são compreendidos como negócio, que pode ser bilateral ou multilateral. Essa natureza jurídica dos tratados se pode perceber na flexibilidade da sua modificação bem como na abrangência das possibilidades do seu objeto. Os jus cogens são limitadores dos tratados estabelecidos entre Estados Soberanos. 
Artigo 2 - 1. Para os fins da presente Convenção: a)“tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;
-Tratados Internacionais quanto à Forma: O tratado é sempre um ato formal, se instrumentalizando pelo escrito, que pode ser um instrumento único (convenções multilaterais, todos os Estados se reúnem e assinam o tratado) e um instrumento diverso (tratados bilaterais, quando a troca de notas diplomáticas/comunicações internas através da diplomacia entre países gera um acordo, onde cada país assina em momentos diferentes). Sua nomenclatura não diz sobre sua natureza, mas sim sobre sua finalidade.
OBS: Há a possibilidade entre negócios jurídicos entre Estados e Entidades Internacionais, que não são tratados, mas sim contratos.
 O Direito interno dos Estados não tem nenhuma influência nos tratados internacionais, logo, se um ato é ou não é tratado, depende da Convenção de Viena, uma norma geral do DI (eficácia, validade e vigência), competindo aos Tribunais Internacionais julgar sobre os Tratados. Quando o tratado é submetido a um exame de constitucionalidade pelo STF, o efeito da inconstitucionalidade de um tratado é inválido como norma interna, afetando a declaração de vontade do país, resultando em sua saída do Tratado, pois o mesmo é válido diante do ordenamento internacional , enquanto a de uma norma de direito interno se torna nula. 
Artigo 27 - Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 
-Tratados quanto ao Sujeito (Estados): Não é o reconhecimento que torna o Estado um Estado Soberano, ou seja, o Estado é soberano por uma razão de fato/declaratória,sendo necessária que os outros reconheçam esta soberania. (i) O Ato Declaratório De Reconhecimento, faz com que a relação seja uma relação entre Estados Soberanos (Portugal faz um tratado com o Timor-Leste). A representação dos Estados estão presentes no Artigo 7 da Convenção de Viena, estabelecendo quem são os representantes plenipotenciários, que possuem plenos poderes. 
Artigo 7 – Plenos Poderes 1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se: 
a)apresentar plenos poderes apropriados; ou 
b)a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes. 
2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado: 
a)os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado; 
b)os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; 
c)os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão.
-Tratados Internacionais quanto ao Sujeito (OIs): As organizações internacionais tem sua autonomia no seu próprio ato constitutivo. Ou seja, ainda que de maneira indireta, a organização poderá firmar acordos. Nem sempre isso acontece, pois a CPLP não pode firmar tratados. As OIs são representadas no plano externo pelo Chefe do Órgão Administrativo (no caso da ONU, o Secretário-Geral).
-Tratados Internacionais quanto ao Objeto: Quanto ao objeto, a validade depende da observância do Jus Cogens. O mais importante é que o objeto seja lícito, estando de acordo com o jus cogens e princípios fundamentais do Direito Internacional.
-Tratados Internacionais quanto à Vontade: A manifestação da vontade de um Estado no plano internacional é, geralmente, bifásica, envolvendo a assinatura do texto e uma posterior ratificação. A (i) assinatura só gera dois efeitos jurídicos: a (a) submissão às instâncias internas e a (b)obrigação de não frustrar (praticar atos contra os objetivos) os objetivos do tratado. A obrigação só se inicia com a (ii) ratificação, pois é necessária uma validação democrática dos tratados (consulta ao parlamento), havendo o momento da assinatura e da ratificação. Só excepcionalmente os tratados dispensam ratificação. Caso o Estado resolva não ratificar, deverá informar as outras partes, para não cumprir nenhuma obrigação.
(iii) O processo de assinatura e ratificação de um tratado funciona da seguinte maneira: o Presidente ou qualquer representante (a) assina e emite uma mensagem presidencial ao Congresso Nacional. O Presidente do Congresso Nacional (b) passa a mensagem para a Câmara e depois para o Senado. Caso o tratado seja comum, o quórum é de maioria simples (Art. 47, CF/88). Caso seja de matéria de lei complementar o quórum é de maioria absoluta (Art. 69, CF/88).
(c1) Se o Congresso não aprova o contrato, o Presidente não poderá fazer nova votação, fazendo com que o Presidente, no plano externo, (d1) informe aos outros Estados que não haverá a ratificação. (c2) Se o Congresso aprova, o mesmo emitirá um Decreto Legislativo (não coloca o tratado em vigor no Brasil) aprovando o tratado, conferindo ao Presidente o poder de ratificação do tratado. (e)Após a ratificação, só haverá obrigações caso o tratado entre em vigor. O tratado não se submete a nenhum exame de constitucionalidade, diferentemente do Decreto Presidencial que estabelece que o Tratado está em vigor, podendo ser inconstitucional devido a uma incompatibilidade com a CF. A ratificação é um ato discricionário do Presidente, podendo o mesmo não ratificar, mesmo que haja aprovação pelo Senado.
OBS: Há divergências na doutrina, pois no Artigo 49, I, CF, diz que o Congresso estabelece de forma definitiva a decisão, havendo uma força vinculante que obriga o Presidente a ratificar o Tratado.
-Nulidade dos Tratados Internacionais (Artigos 46-53, Convenção de Viena): São todas elas nulidades relativas ao consentimento, previstas nos Artigos 46-52 (o Artigo 53 trata das nulidades em relação ao objeto). (i) O Artigo 27 da Convenção diz que o Estado não pode alegar seu direito interno para excluir o tratado. Porém, essa regra não impede a aplicação do Artigo 46, que é uma exceção ao Artigo 27, que diz que (ii) A violação da regra tem que ser manifesta e dizer a respeito de norma de importância fundamental, ou seja, uma norma constitucional (sendo que havia a ciência de todos os Estados sobre a violação).
 Um exemplo disso são as situações de Golpe de Estado, pois geram instabilidade institucional, fazendo com que os países possam ou não reconhecer o novo representante do país, podendo haver a nulidade do contrato (no momento pós impeachment, caso Temer assinasse o tratado, é possível que um país não reconheça sua legitimidade)..
Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados 
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 
Artigo 46- Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados 
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.
 Dentro dos poderes que lhes são constituídos, o representante possui certos limites e restrições específicas ao poder de manifestar o consentimento de um Tratado sobre a matéria de certos tratados. Ou seja, de acordo com o Artigo 47 da Convenção (iii) se um ministro assinar um tratado que contenha matéria que não é de sua competência, o Estado pode alegar sua nulidade, contanto que tenha sido notificada aos outros Estados antes da manifestação do consentimento. 
Artigo 47 Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado 
Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato de o representante não respeitar a restrição não pode ser invocado como invalidando o consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados negociadores antes da manifestação do consentimento.
 No artigo 48, o assunto versado é sobre (iv) o erro como fator de nulidade do tratado.
Artigo 48 - Erro 
1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79.
 De acordo com o Artigo 49, se o Estado foi levado a cumprir o Tratado por (v) conduta fraudulenta/dolo por outro Estado, haverá a nulidade do tratado.
Artigo 49 Dolo 
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimentoem obrigar-se pelo tratado.
 Se a manifestação do consentimento de um tratado foi feita através da (vi) corrupção de um representante do Estado por outro(qualquer forma de influência, a indicação manipulada de um representante do Estado, jogo dos poderes e priorização a fatores de ordem pessoa, etc), o mesmo também será nulo, de acordo com o Artigo 50.
Artigo 50 - Corrupção de Representante de um Estado 
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
 Caso Estado assine o tratado sob (vii) coação ao seu representante, por meio de atos ou ameaças contra ele, o mesmo será passível de nulidade do Tratado pelo Estado coagido.
Artigo 51 - Coação de Representante de um Estado 
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
 De acordo com o Artigo 52, caso haja a ameaça a integridade territorial/ de um Estado através do emprego da força para, pela (viii) coação ao Estado, o Tratado será nulo. 
OBS: A pressão econômica como medida de coação, pode ser possível a alegação de causa de nulidade do Tratado.
Artigo 52 - Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força 
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
-Eficácia dos Tratados: O Artigo 25 traz uma hipótese de (i) Aplicação Provisória, que é o fato do tratado de produzir efeitos antes de sua entrada ou vigor, ou seja, antes da sua ratificação, produzindo efeitos apenas com sua assinatura. Por esta razão, o Brasil, quando ratificou a Convenção de Viena, fez uma reserva ao Artigo 25, que não se aplica ao Brasil, por conta das ordens constitucionais, já que a aplicação provisória de um Tratado vai contra a lógica do ordenamento brasileiro.
Artigo 25 - Aplicação Provisória 
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor, se: 
a)o próprio tratado assim dispuser; ou
b)os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado.
Sobre a (ii) Irretroatividade Dos Tratados, ao lermos o Artigo 28, o tratado não é retroativo, a não ser que as partes consintam.
Artigo 28 - Irretroatividade de Tratados 
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, suas disposições não obrigam uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, em relação a essa parte.
 De acordo com o Artigo 29, o tratado presume-se aplicável em todo território de cada Estado. Somente em casos excepcionais que o Tratado se aplica em regiões especificas de cada Estado, vide o Tratado da Bacia Amazônica, que é restrito à área territorial da área amazônica.
Artigo 29 - Aplicação Territorial de Tratados 
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, um tratado obriga cada uma da partes em relação a todo o seu território.
 No Artigo 30, é dito que o tratado posterior prevalece diante do tratado anterior, podendo suspendê-lo, caso seja incompatível e até mesmo extingui-lo, caso as partes consintam.O tratado aplicado numa relação bilateral onde os dois países fazem parte de dois tratados (antigo e novo) é o mais recente, podendo ser alegado o mais antigo, caso seja compatível e mais específico. Caso os países não estejam nos mesmos tratados (Tratado A e B), será aplicado o Tratado no qual os países estejam participando.
Artigo 30 - Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto 
1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações Unidas, os direitos e obrigações dos Estados partes em tratados sucessivos sobre o mesmo assunto serão determinados de conformidade com os parágrafos seguintes. 
2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão. 
3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medida em que as suas disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior. 
4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas a partes no tratado anterior: 
a)nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o disposto no parágrafo 3; 
b)nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado parte apenas em um desses tratados, o tratado em que os dois Estados são partes rege os seus direitos e obrigações recíprocos. 
5. O parágrafo 4 aplica-se sem prejuízo do artigo 41, ou de qualquer questão relativa à extinção ou suspensão da execução de um tratado nos termos do artigo 60 ou de qualquer questão de responsabilidade que possa surgir para um Estado da conclusão ou da aplicação de um tratado cujas disposições sejam incompatíveis com suas obrigações em relação a outro Estado nos termos de outro tratado. 
-Interpretação dos Tratados: O Artigo 31 é um dos artigos mais importantes, pois trata da (i) sistematização internacional, sendo um artigo muito explorado doutrinariamente. O Tratado deve ser interpretado de (a) boa-fé, de acordo com seu (b) sentido; (c) objetivo, que são obrigações que se pretendem criar através do tratado, estando no plano da eficácia jurídica); e (d) finalidade, que são as consequências dos cumprimentos dessas obrigações, sentido teleológico, estando no plano da eficácia social). 
 Ao falarmos sobre interpretação é necessário falarmos sobre (ii) onde haverá a interpretação. O §2º do Artigo 31 versa sobre o fato de que o contexto da interpretação compreenderá os preâmbulos e anexos, além dos textos, como (a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes e (b) qualquer instrumento entre uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado.
 Caso tenha acontecido uma (iii) Disputa Entre As Partes Sobre O Assunto Do Tratado que resultou em um (a) consenso, o mesmo poderá ser alegado, de acordo com o Artigo 31, §3º, A. Qualquer (b) Prática/Costume Posterior que altere a maneira de se aplicar o tratado também serão considerados, havendo a paridade entre os costumes e os tratados (31, §3º, B). Não se pode ignorar o fato de que existem (c) Outras Regras De Direitos Internacionais entre os países dos tratados (31,§3º, C).
 O Tratado será (iv) Entendido Em Sentido Especial caso esteja expressamente dito pelas partes, de acordo com o §4º do Artigo 31 da Convenção, havendo a prevalência da autonomia das vontades do Tratado.
Artigo 31 - Regra Geral de Interpretação 
1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. 
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos: 
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; 
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado. 
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; 
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação; 
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. 
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. 
 O (v) Meio Suplementar De Interpretação é uma forma de complementar a norma geral. De acordo com o Artigo 32 são cláusulas abertas, como os (a) trabalhos preparatórios, que são atos praticados antes da assinatura do contrato (documentos, memorandos, negócios, contratos civis, etc); e as (b) circunstancias de conclusão, ou seja, as circunstâncias de fato no momento em que o tratado foi assinado, devendo ser levado em consideração o momento de assinatura do contrato. 
 Os meios suplementares podem ser usados para encontrar o sentido do Tratado, quando a regra não for suficiente, como está previsto no Artigo 32, B.
Artigo 32 - Meios Suplementares de Interpretação 
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31: 
a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou 
b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.
OBS: A analogia também serve como um meio suplementar de interpretação.
 Sobre a (vi) Interpretação de Tratados Autenticados em duas ou mais línguas, entre as versões autênticas, os textos são iguais, portanto nunca haverá uma língua autêntica (Artigo 85-chinês, espanhol, francês, inglês e russo) que prevaleça sobre a outra. É comum que os estados utilizem uma terceira língua, caso as partes concordem ou haja previsão no próprio Tratado.
Artigo 33 -Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas 
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça um texto determinado. 
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem. 
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. 
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quando a comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos.
-Reservas: Desde que os Estados passaram a formular tratados multilaterais, no século XIX, que se percebeu que a busca da unanimidade nas relações internacionais seria difícil de se alcançar e impediria a concretização do processo de positivação do Direito Internacional. Foi nesse contexto que se admitiu a possibilidade de formulação de reservas, previstas no Artigo 19-23 da Convenção de Viena. Reservas são declarações unilaterais no sentido de não se obrigar parcialmente pelo Tratado. 
 Pela perspectiva contratualista, as reservas dão uma sensação de desequilíbrio, porque enquanto um Estado assume todas obrigações o outro Estado irá apenas parcialmente cumprir as obrigações do tratado, fragilizando a norma. É importante observar que o instituto da reserva é extremamente importante para permitir a adesão à norma multilateral de um maior número de Estados. Como se sabe, quanto maior o número de Estados, maior a abrangência e a força cogente da norma multilateral. Ou seja, ao contrário de fragiliza-la ,a reserva fortalece a norma. Não se aplica a reserva em tratados bilaterais e a mesma não pode ser colocada em qualquer obrigação do Tratado.
Artigo 19 -Formulação de Reservas 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: 
a)a reserva seja proibida pelo tratado; 
b)o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou 
c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado
OBS: Se o tratado for omisso em relação às reservas, aplica-se a alínea C, que prega que a reserva deve ser compatível com o objeto e finalidade do Tratado (Tese de Compatibilidade). O Direito Internacional é um órgão de coordenação e não de subordinação, cabendo aos Estados fazer a análise de compatibilidade da reserva com o objeto e finalidade do Tratado. 
 Se o Estado não se manifesta a respeito da reserva que foi formulada por outro, subentende-se que ele, tacitamente, admite a compatibilidade da reserva, seguindo a regra de que todo Estado pode formular uma reserva. Porém, se o Estado achar que aquela reserva formulada compromete o objeto de finalidade do tratado, ele deverá formular uma objeção fundamentada à reserva. 
 O Estado remete a reserva ao Secretariado da Organização (Secretariado da ONU, OEA, etc) ratificando o tratado com a reserva de certa norma. A informação será notificada à todos os outros Estados pelo Estado que alega a reserva, cabendo aos Estados notificados a objeção ou aceitação da reserva legal. Diante da objeção, outros Estados podem se unir de forma contrária a reserva. Este conflito poderá ser resolvido através da via diplomática ou política e pela via jurisdicional. Pela via diplomática é a maneira mais simples de se resolver, pois há a interpretação autêntica, podendo os próprios Estados votar sobre a compatibilidade ou não da norma. Caso não seja resolvido dessa forma, será aplicada a via jurisdicional, onde o Tribunal Internacional irá decidir se a reserva é incompatível ou não. É mais comum que os conflitos sejam resolvidos pela via diplomática.
 Se a reserva for considerada compatível, o Estado objetor terá que aceitar a decisão. Se ele permanecer insatisfeito, o mesmo pode sair e fazer uma denúncia ao Tratado. As reservas são postas, geralmente, por obras de Direito Interno, porque o Estado vislumbra uma possibilidade de conflito entre uma norma internacional e interna. A denúncia parcial é cabível na mesma forma que são feitas as reservas. Um país pode abrir mão/levantar da reserva quando quiser, sendo que a reserva pode ser feita a qualquer momento posterior a sua entrada.
OBS: O Brasil possui duas reservas na Convenção de Viena: os Artigos 25 (Previamente visto) e 66 (Se houver uma discussão entre os Estados sobre o Jus Cogens e não chegar a uma solução, qualquer parte poderá ser levada para a Corte Internacional de Justiça. Como o Brasil não é signatário a obrigação de litigar perante a CIJ, o Brasil fez uma reserva ao Artigo 66).
-Da Suspensão e Extinção dos Tratados: Boa parte dos casos de extinção também suscitam a possibilidade de suspensão. A forma mais comum seria o (i) destrato, que é quando as partes simplesmente resolvem, por consentimento, suspender ou extinguir os efeitos de um Tratado Internacional. Essa possibilidade, em princípio, depende da concordância de todos os indivíduos. 
 No entanto, o Artigo 58 da Convenção prevê a (ii) possibilidade da suspensão da execução de um tratado multilateral por apenas algumas das partes, caso a possibilidade de suspensão esteja prevista (58, 1, a) e permitida (58, 1, b) pelo tratado, que não prejudique as outras partes (58,1, i) ou seja incompatível com o objeto e finalidade de um tratado (58,1, ii).
Artigo 58 -Suspensão da Execução de Tratado Multilateral por Acordo apenas entre Algumas da Partes 
1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para suspender temporariamente, e somente entre si, a execução das disposições de um tratado se: 
a)a possibilidadede tal suspensão estiver prevista pelo tratado; ou 
b)essa suspensão não for proibida pelo tratado e: 
i)não prejudicar o gozo, pelas outras partes, dos seus direitos decorrentes do tratado nem o cumprimento de suas obrigações 
ii)não for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 
2. Salvo se, num caso previsto no parágrafo 1 (a), o tratado dispuser diversamente, as partes em questão notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo e as disposições do tratado cuja execução pretendem suspender. 
Um tratado posterior pode, expressamente, (iii) extinguir o anterior e dizer que o Estados disseram que a partir do momento de criação do novo Tratado, o anterior será extinto, de acordo com o Artigo 59. 
Artigo 59 - Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Virtude da Conclusão de um Tratado Posterior 
1. Considerar-se-á extinto um tratado se todas as suas partes concluírem um tratado posterior sobre o mesmo assunto e: 
a)resultar do tratado posterior, ou ficar estabelecido por outra forma, que a intenção das partes foi regular o assunto por este tratado; ou  
b)as disposições do tratado posterior forem de tal modo incompatíveis com as do anterior, que os dois tratados não possam ser aplicados ao mesmo tempo. 
2. Considera-se apenas suspensa a execução do tratado anterior se se depreender do tratado posterior, ou ficar estabelecido de outra forma, que essa era a intenção das partes.
 A parte prejudicada por uma (iv) Violação pode considerar o tratado desfeito, como está previsto no Artigo 60. (a) Caso o Tratado seja multilateral, o §2º prevê que as outras partes, de forma unânime, podem suspender ou extinguir o Tratado, resultando na extinção da parte violadora ou do próprio Tratado. (b) Uma parte prejudicada especialmente pela violação pode pedir pela suspensão ou extinção. (c) Qualquer parte pode alegar que a violação substancial altera as obrigações das partes do Tratados, havendo a necessidade de suspensão e extinção do Tratado.
Artigo 60 -Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Conseqüência de sua Violação 
1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte. 
2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza: 
a)as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado, no todo ou em parte, ou a extinguirem o tratado, quer: 
i)nas relações entre elas e o Estado faltoso; 
ii)entre todas as partes; 
b)uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso; 
c)qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado for de tal natureza que uma violação substancial de suas disposições por parte modifique radicalmente a situação de cada uma das partes quanto ao cumprimento posterior de suas obrigações decorrentes do tratado. 
3. Uma violação substancial de um tratado, para os fins deste artigo, consiste: 
a)numa rejeição do tratado não sancionada pela presente Convenção; ou 
b)na violação de uma disposição essencial para a consecução do objeto ou da finalidade do tratado. 
4. Os parágrafos anteriores não prejudicam qualquer disposição do tratado aplicável em caso de violação. 
5. Os parágrafos 1 a 3 não se aplicam às disposições sobre a proteção da pessoa humana contidas em tratados de caráter humanitário, especialmente às disposições que proíbem qualquer forma de represália contra pessoas protegidas por tais tratados.
 De acordo com o Artigo 61, que trata da (v) Impossibilidade Superveniente de Cumprimento, caso a impossibilidade de cumprir o Tratado	seja definitiva, o Tratado será extinto. E caso a impossibilidade de cumprimento seja temporária, o Tratado será suspenso.
Artigo 61 - Impossibilidade Superveniente de Cumprimento 
1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para extinguir o tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desaparecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, pode ser invocada somente como causa para suspender a execução do tratado. 
2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como causa para extinguir um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a impossibilidade resultar de uma violação, por essa parte, quer de uma obrigação decorrente do tratado, quer de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte no tratado.
 Sobre a (vi) mudança fundamental de circunstâncias, no Artigo 62, caso haja uma modificação radical das obrigações ainda pendentes de cumprimento, o mesmo poderá ser extinto ou anulado, seguindo a Teoria da Imprevisão.
Artigo 62 - Mudança Fundamental de Circunstâncias 
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no momento da conclusão de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode ser invocada como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, salvo se: 
a)a existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial do consentimento das partes em obrigarem-se pelo tratado; e 
b)essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das obrigações ainda pendentes de cumprimento em virtude do tratado. 
2. Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se: 
a)se o tratado estabelecer limites; ou 
b)se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja de uma obrigação decorrente do tratado, seja de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte no tratado. 
3. Se, nos termos dos parágrafos anteriores, uma parte pode invocar uma mudança fundamental de circunstâncias como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, pode também invocá-la como causa para suspender a execução do tratado.
 Sobre o (vii) Rompimento de Relações Internacionais e Diplomáticas, no Artigo 63, é dito que o fato de dois Estados entrarem em conflito não é razão, por si só, de deixar de cumprir as obrigações entre eles, com exceção das obrigações diplomáticas e consulares indispensáveis ao Tratado.
Artigo 63 -Rompimento de Relações Diplomáticas e Consulares 
O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não afetará as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado, salvo na medida em que a existência de relações diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação do tratado.
 Sobre as (viii) novas normas de Jus Cogens, o Tratado que estiver em conflito com tais normas se tornará nulo e extinto, de acordo com o Artigo 64. 
Artigo 64 - Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) 
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se.
-Denúncia de um Tratado: A denúncia não é um termo de extinção do Tratado, mas sim de extinção das obrigações. Num tratado multilateral a denúncia não necessariamente extingue o Tratado, mas sim as obrigações por parte do Estado Denunciante. É um instrumento pelo qual o Estado se desobriga ao cumprimento das obrigações de um Tratado Internacional, havendo a retirada da relação. 
 Uma denúncia só produz efeitos após 12 meses, durante os quais o Estado permanece obrigado pelo Tratado. Esse período serve como um prazo para que as outras partes se organizem para a saída da parte denunciante, havendo a possibilidade da alteração do prazo, podendo ter duração menor do que 12 meses ou ser imediata. Até a produção dos seus efeitos, ou seja,durante o prazo estabelecido, a renúncia é retratável. A Denúncia pode ser parcial nas mesmas hipóteses em que couber uma reserva.
OBS: Os Tratados Executados, que já se exauriram, não são passíveis de renúncia, como os Tratados de Fronteira, por exemplo.
Artigo 56 - Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre Extinção, Denúncia ou Retirada 
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que: 
a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada; ou 
b)um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado. 
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.
RELAÇÕES ENTRE O DIREITO INTERNO E DIREITO INTERNACIONAL – É um tema que nos remete á Teoria Geral do Direito. 
DUALISMO - Historicamente, foi no final do Século XIX, que Triepel desenvolveu uma tese explicando que o Direito Internacional consistiria em um ordenamento jurídico distinto e separado do ordenamento jurídico interno dos Estados. Seu discípulo, Anzilotti (Juiz da Corte Permanente de Justiça Internacional no período entre as guerras), completou a sua teoria, dando maior densidade, ao escrever o livro Direito Internacional e Direito Interno, desenvolvendo a Teoria Dualista, ou seja, o Direito Internacional seria um ordenamento diferente do ordenamento interno. O Estado só aplicaria o Direito Internacional caso o mesmo fosse parte de uma norma do Direito Interno.
MONISMO - Hans Kelsen, na década de 30 e 40, sugere que existe um monismo, ou seja, haveria um único ordenamento emanado da soberania estatal que incluiria normas internacionais e de ordenamento interno, havendo apenas um ordenamento. Pela lógica kelseniana, principalmente pela Teoria Geral do Direito e Estado, o Direito Internacional estaria acima do Direito Interno, por estar mais próximo da Norma Hipotética Fundamental, pois representa um consenso humano mais amplo do que qualquer norma de direito interno. Kelsen chega a afirmar que a Carta das Nações Unidas seria o dispositivo concreto mais próximo da NHF. 
DISCUSSÃO CONTEMPORÂNEA - A discussão sobre monismo e dualismo passou pelo Século XX, discutindo qual tese era adotada por cada Estado. O Brasil adota uma tese dualista, que prega que os atos internacionais devem ser internalizados para que haja a sua integração no ordenamento interno. 
 Já a Doutrina Brasileira afirma que o Brasil é dualista com traços de monismo, pois a norma internacional produz efeitos em alguns casos independentemente de sua internalização, tendo como “traços” a Corte Interamericana de Direitos Humanos, cujas decisões devem ser respeitadas e aplicadas no ordenamento jurídico brasileiro e a possibilidade do particular ser julgado diante de um Tribunal Internacional. 
 Não existe um país puramente monista ou dualista, não havendo mais razão do uso desses termos, pois explicam de forma superficial a complexidade da relação entre Direito Internacional e Interno. Cada Estado ainda é livre, de acordo com sua Consittuição, para estabelecer os parâmetros de aplicação do Direito Internacional em seu Direito Interno (Para a Holanda, qualquer tratado internacional tem efeito de emenda, enquanto no Brasil, só os tratados internacionais de acordo com o Artigo 5º,§3º, CF possuem efeito de emenda).
O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E O DIREITO INTERNACIONAL - O Brasil assinou a Lei Uniforme de Genebra, na década de 30, que uniformizava os títulos de crédito internacionalmente, para que os bancos pudessem investir com segurança nos países que não tinham esta atividade desenvolvida. Nos anos 60, quando havia apenas o STF, e não o STJ, houve um Decreto-Lei de que esses títulos deveriam ser registrados em cartórios para serem executados, pois os títulos de créditos passaram a ser usados como agiotagem, passando a dar publicidade para nota promissória, havendo maior controle dos títulos de crédito. 
 Porém, na Convenção de Genebra, não havia nenhuma previsão sobre a publicidade dos títulos de crédito, gerando uma dúvida se a lei interna poderia modificar um tratado internacional.
-RE 80.004-SE: O STF, pelo RE 80.004-SE é, até hoje, o precedente máximo aplicado em leis ordinárias sobre tratados internacionais. Em 1977, os 7 dos 9 Ministros do STF decidiram por 4x3 que a Lei brasileira prevaleceria pois, como na Constituição de 69, no Artigo 105, III, A (antes competência do STF) tratado e lei federal estão no mesmo dispositivo e alínea (julgamento de recurso especial), é sinal de que ambos tem a mesma hierarquia, ou seja, o posterior (lei federal), prevalece sobre o anterior (Tratado de Genebra).
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
OBS: As leis internacionais dão garantia de que não haverão mudanças justamente com o intuito de uniformização e padronização do direito e das normas internacionais.
-Pacto de San Jose e Mudança no Pensamento: Em 1992, o Brasil ratificou o Pacto de San Jose da Costa Rica, sendo levantada a seguinte questão por Cançado Trindade: o Artigo 7º, §7º do Pacto diz que ninguém será preso civilmente em situações de réu como depositário infiel, porém a CF/88 permite a possibilidade, mas não a autorização da prisão civil. O Artigo 5º, §2º cria um direito novo a partir do Pacto, que é o fato de que o depositário infiel não será preso, de acordo com o Pacto de San Jose, que estaria complementando, e não contrariando, a CF. Toda lei que estabelecesse determinação sobre prisão civil depositário infiel seria considerada inconstitucional.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
OBS: A Alienação Fiduciária Em Garantia consiste na transferência feita por um devedor ao credor de propriedade resolúvel e da posse indireta de um bem móvel infungível ou de um bem imóvel, como garantia de seu débito, resolvendo-se o direito do adquirente com o adimplente da obrigação, ou melhor, com o pagamento da dívida garantida. Quando a alienação fiduciária em garantia não é cumprida, a Lei determina que há uma autorização ao banco de fazer uma busca e apreensão. Caso o bem não seja encontrado com a busca e apreensão, a pessoa que deve o bem se torna depositário infiel (mudança de contrato bancário para contrato de confiança), que passa a ter a possibilidade de ser preso, algo típico de um regime autoritário como na Ditadura Militar. 
-Artigo 5º, §3º, CF/88 e RE 466.343-SP: Após a criação do (i) Artigo 5º, §3º, é estabelecido que os tratados de direitos humanos aprovados sobre quórum de emenda constitucional pelas duas casas em dois turnos teriam efeito de emenda. O (ii) RE 466.343-SP, julgado em 2009 pelo STF, estabelece a Supralegalidade dos Tratados de Direitos Humanos aprovados antes da EC45/04, dizendo que os tratados são formalmente infraconstitucionais mas tem matéria constitucional , sendo supralegais, estando acima de qualquer lei, exceto a Constituição, possuindo um Efeito Paralisante, impedindo a produção dos efeitos das leis contrárias, não tornando-as inválidas, mas sim ineficazes. 
-Lei de Anistia de 2010: A Lei da Anistia de 2010, por estar de acordo com a CF, é válida, segundo o STF, ao julgar a ADPF 153. Porém, pelo fato de ir contra o Pacto de San Jose da Costa Rica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos

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