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Hermeneutica_Juridica_Unidade_5

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NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Disciplina de Hermenêutica Jurídica
Unidade V - Paradigmas para uma Nova 
Hermenêutica Constitucional
NEAD Núcleo de Educação a Distância
2
Sumário (Unidade 5)
EXPOSIÇÃO SINTÉTICA DA UNIDADE•	
PARADIGMAS PARA UMA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL•	
Preâmbulo1. 
Novo Constitucionalismo2. 
Jurisdição Constitucional3. 
3.1. Súmulas Vinculantes
3.2. Repercussão Geral
Características do Método da Nova Hermenêutica Constitucional4. 
4.1. Diferença entre Princípio e Regra
4.2. Princípios e Proporcionalidade
4.3. Princípios de Interpretação Especificamente Constitucional
Fundamentos da Unidade Axiológica da Constituição5. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS•	
NEAD Núcleo de Educação a Distância
3
Exposição sintética da unidade
Olá! Começaremos agora a nossa quinta e última unidade da 
disciplina de Hermenêutica Jurídica. Nesta unidade, iremos 
abordar os paradigmas para uma nova hermenêutica constitu-
cional, explicando qual sua metodologia e os seus princípios.
Para isso, conheça o objetivo desta unidade para saber como 
ocorrerá o nosso estudo:
Objetivo
Explicitar a metodologia e os princípios da nova herme-• 
nêutica constitucional.
NEAD Núcleo de Educação a Distância
4
Unidade 5
TEMA: PARADIGMAS PARA UMA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
1 PREÂMBULO
Todo o estudo da hermenêutica que fizemos até aqui, pri-
meiramente associando-a à vida cotidiana e, em seguida, 
relacionando-a com o contexto social e com o universo ju-
rídico, teve como finalidade última construir fundamentos 
que nos possibilitem a mais legítima interpretação consti-
tucional. Pela sua natureza de lei das leis, a interpretação 
da Constituição assume uma dimensão bem mais ampla e 
profunda do que a interpretação da legislação em geral, 
porque a Constituição é (ou deve ser) a imagem do todo 
social do povo que ela representa. Assim, na Constituição 
se estampam as diversas tendências e diretivas que se agi-
tam no interior das forças sociais em ação, cujo resultado 
se reflete na esfera da juridicidade.
Fundamentado neste ponto de vista, dizemos que a Cons-
tituição é o ponto onde se encontram o social e o jurídico, a 
sociedade e o direito, o cidadão e o jurista, daí porque a in-
terpretação constitucional deve sempre equilibrar essas duas 
dimensões que a compõem. A Constituição Brasileira de 1988, 
lavrada segundo os ditames do Estado Democrático de Di-
reito, seguindo os modelos das mais avançadas experiências 
políticas dos países do primeiro mundo, trouxe para o profis-
sional do Direito a exigência de uma nova postura teórica e 
ideológica frente do seu texto, que é vazado em um conjunto 
de princípios e regras, os quais, por vezes, entram em rota de 
colisão e entre eles não existe hierarquia. Daí que, para a in-
terpretação desse novo modelo de Constituição, os elementos 
interpretativos tradicionais herdados da hermenêutica jurídica 
clássica não são mais suficientes, devendo o seu intérprete 
buscar auxílio nas novas teorias e nas novas alternativas que 
são oferecidas pelas ciências filosóficas e sociais. 
NEAD Núcleo de Educação a Distância
5
Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Neste particular, os pensadores alemães contemporâneos 
Hans Georg Gadamer e Robert Alexy, juntamente com o jusfiló-
sofo norte-americano Ronald Dworkin, vêm oferecendo impor-
tantes subsídios para o desenvolvimento de uma hermenêutica 
jurídica voltada para a interpretação das constituições de cunho 
social, partindo da ideia de que o processo interpretativo não 
busca a descoberta de um sentido “exato” da norma, mas atua 
na busca da melhor compreensão possível e da mais adequada 
solução para os problemas jurídico-sociais, dentro das condições 
concretas em que se coloca a sociedade no momento em que 
eles ocorrem. Destarte, a interpretação constitucional não envol-
ve simplesmente uma questão metodológica, mas uma questão 
relativa a uma realidade existencial dentro da qual se encontram 
a sociedade e o intérprete. Ocorre, assim, um dinamismo per-
manente entre o social e o jurídico, entre o intérprete e o texto 
constitucional, entre a formação do profissional do Direito e as 
necessidades sociais que ele tenta alcançar.
Exsurge aqui o conceito da circularidade da interpretação, 
considerando que nos comandos constitucionais estão conver-
gindo o social e o jurídico, portanto, há um movimento de com-
plementaridade necessária entre a constituição e a legislação or-
dinária. Nesse processo circular, a interpretação das leis requer 
uma interpretação indireta da Constituição, enquanto a interpre-
tação da Constituição levará necessariamente à interpretação da 
legislação que a complementa. Pela interpretação da Constitui-
ção, as leis são melhor compreendidas; pela interpretação das 
leis se compreende melhor a Constituição. Dentro desta com-
preensão do fenômeno interpretativo, toda interpretação legis-
lativa é também, ainda que indiretamente, uma interpretação da 
Constituição e assim a interpretação constitucional passa a ser 
o ponto último de referência da hermenêutica jurídica, o ponto 
para onde todo o estudo da hermenêutica se direciona e o alvo a 
ser constantemente perseguido pelo intérprete do Direito.
Portanto, há uma interligação profunda, uma espécie de trípli-
ce fronteira entre a hermenêutica jurídica, a sociologia jurídica e 
o direito constitucional, na medida em que o instrumental a ser 
utilizado para a interpretação da Constituição deve ser buscado 
nas teorias constitucionais e nos princípios que estão inseridos na 
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Constituição, ainda que não estejam diretamente expressos nela. 
Por outro lado, os conteúdos da interpretação constitucional são 
retirados do contexto histórico-social em que ocorrem os fatos, 
cuja compreensão prévia é necessária, a fim de que se obtenha o 
melhor resultado na aplicação das regras jurídicas corresponden-
tes. Nesse sentido, a Constituição não pode ser vista como uma 
norma isolada, ainda que seja uma norma fundamental, mas deve 
ser sempre considerada no conjunto das diversas normas sociais 
e jurídicas, dentro das quais ela se destaca. Daí porque os consti-
tucionalistas, ao invés de se referirem à Constituição apenas, pre-
ferem alargar o seu conceito para um sistema constitucional, de 
acordo com a visão do novo constitucionalismo, desenvolvido na 
Europa a partir da segunda metade do século XX.
2 NOVO CONSTITUCIONALISMO
Após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus, em espe-
cial a Alemanha e a Itália, passaram a reformular o direito consti-
tucional kelseniano e a concepção do Estado de Direito pautado na 
supremacia da lei, superando os limites estreitos do princípio da 
legalidade restrita e propondo o novo constitucionalismo, pelo 
qual se busca uma maior aproximação entre o Estado e a Democra-
cia. Em consequência disso, na Alemanha, foi promulgada a cha-
mada Lei Fundamental de Bonn (1949) – constituição alemã – e 
criado o Tribunal Constitucional Alemão (1951), e na Itália, ocorreu 
a promulgação da sua Constituição, em 1947, e a instituição do seu 
Tribunal Constitucional, em 1956. Estes fatos deram início a uma 
grande produção doutrinária sobre o novo Direito Constitucional, 
que teve grande repercussão em todos os países onde predomina 
o modelo jurídico romano-germânico, como é o caso do Brasil.
Este novo Direito Constitucional, de acordo com Paulo Bonavides 
(1998), trouxe uma nova visão da Constituição não apenas como uma 
Lei Fundamental, conforme propusera Kelsen, mas como um sistema 
constitucional. De acordo com o famoso jurista cearense, hoje em 
dia, falar em Constituição apenas não basta para exprimir toda a rea-
lidade pertinenteà organização e às estruturas básicas da sociedade 
política. O conceito mais adequado é o de sistema constitucional, uma 
expressão mais elástica e flexível que nos permite perceber o sentido 
tomado pela Constituição em face da ambiência social que ela reflete 
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
e a cujos influxos está sujeita. A Constituição está, assim, inserida 
num sistema constitucional integrado por ela própria, pelas leis com-
plementares e ordinárias, normativos diversos, sentenças judiciais, 
organizações sociais, partidos políticos, movimentos sindicais, enfim, 
todas as forças sociais politicamente organizadas, atuando em con-
junto e de modo harmônico, em busca do mesmo fim, que é a prote-
ção das liberdades e a garantia dos direitos individuais e sociais.
Estas novas ideias repercutiram no Brasil com os movimen-
tos surgidos em meados da década de 1980, clamando pela 
redemocratização do país, seguindo-se as discussões, a con-
vocação, a elaboração e a promulgação da Constituição de 
1988, que redefiniu a organização sociopolítica brasileira de 
acordo com o novo modelo do Estado Democrático de Direito, 
consagrando-o nos seus arts. 1º e 3º.
Estado Democrático de Direito é, pois, à luz da Constituição de 
1988, um Estado baseado no princípio da legalidade (art. 5, II) 
porém, não na legalidade formal e sim material, na medida em 
que está voltado para a realização de uma sociedade livre, justa e 
solidária (art. 3º, I); garantindo o desenvolvimento nacional (art. 
3, II); erradicando a pobreza e a marginalização e reduzindo as de-
sigualdades sociais e regionais (art. 3º, III) e promovendo o bem 
de todos, sem preconceitos de raça, cor, sexo, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação (art. 3º, IV), constituindo-se, en-
fim, em democrático quando preceitua no parágrafo único do art. 
1º que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de re-
presentantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição”.
Este novo constitucionalismo trouxe consigo a progressiva in-
tervenção do Estado em todos os setores da vida da sociedade, 
sempre visando por em prática de forma cada vez mais efetiva o 
texto constitucional, dentro da concepção da Constituição como um 
sistema jurídico-político interno que se fundamenta em princípios 
estruturantes fundamentais, os quais, por sua vez, se fundamen-
tam em princípios gerais e regras específicas, surgindo daí a dis-
cussão teórica sobre a distinção entre princípios e regras, assunto 
que será retomado adiante, nestas notas.
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
De acordo com esse entendimento, a interpretação constitucio-
nal é regida pelo critério valorativo extraído da natureza mesma do 
sistema constitucional e pode variar tanto conforme a modalidade 
da Constituição quanto para atender a modificações impostas pela 
força normativa do fato social ou da realidade política. A atividade 
interpretativa da Constituição não pode olvidar o critério evolutivo, 
através do qual se explicam as transformações que ocorrem no sis-
tema e as variações de sentido que se aplicam ao texto normativo. 
O critério evolutivo acompanha a evolução que, no seio do sistema 
constitucional, ocorre com a norma codificada na Constituição e 
com a realidade que lhe imprime eficácia, vida e conteúdo.
Conforme já foi abordado anteriormente na unidade III, 
na metodologia tradicional, os critérios e princípios her-
menêuticos sempre suscitaram a questão central de saber 
se a interpretação de uma lei deveria levar em conta a 
vontade do legislador (corrente subjetivista) ou a von-
tade da lei (corrente objetivista), sendo predominante 
esta última. O constitucionalismo clássico também sem-
pre optou pela corrente objetivista, por ser a que melhor 
se ajustava aos princípios políticos do liberalismo e à con-
cepção formalista do Estado de Direito.
No entanto, atualmente, desenvolve-se uma nova forma da 
hermenêutica constitucional, levando-se em conta a ativi-
dade do órgão que determina, em última instância, o seu 
conteúdo e o sentido de suas normas: o Judiciário. A dou-
trina criou, então, o conceito de jurisdição constitucio-
nal e elaborou uma teoria material da Constituição e dos 
direitos fundamentais, associados à consciência de ser a 
democracia o princípio estruturador da ordem político-ad-
ministrativa materializada na Constituição. Jurisdição cons-
titucional é todo procedimento jurisdicional destinado, de 
forma imediata, a garantir a observância da constituição.
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Esta nova concepção traz como consequência a flexibiliza-
ção do clássico princípio da separação dos poderes, legitimando 
a possibilidade de pontos de interseção entre a atuação dos 
poderes do Estado, sem que isso venha a se configurar uma 
invasão de competência. Eventualmente e em situações espe-
cíficas, o Poder Judiciário pode atuar produzindo interpretações 
da Constituição com caráter de quase lei, porque a hermenêu-
tica constitucional e a jurisdição constitucional são conceitos de 
mútua implicação, envolvendo uma atividade de determinação 
do conteúdo e do sentido das normas constitucionais, realizada 
por meio de um procedimento específico.
Curiosidade
O art. 52 da Constituição Federal - CF dá ao Senado Federal 
poderes jurisdicionais; os art. 102 e 103 da CF dão ao Supre-
mo Tribunal Federal atribuições de caráter legislativo.
A jurisdição constitucional dos diferentes países é caracte-
rizada por modelos híbridos, constituídos de forma criativa de 
acordo com a heterogeneidade cultural que caracteriza a popu-
lação. O modelo brasileiro de jurisdição constitucional é exem-
plo dessa heterogeneidade e da contínua evolução por que têm 
passado os diferentes sistemas de jurisdição constitucional 
pelo mundo. Na Constituição de 1988, esses procedimentos fo-
ram regulamentados através da Emenda Constitucional - EC 
45/2004, que alterou os artigos 102 e 103, com a introdução 
das figuras jurídicas da Súmula Vinculante e da Repercussão 
Geral, que vieram a se reunir com os demais dispositivos espe-
cíficos de controle da constitucionalidade das normas: as ações 
diretas de inconstitucionalidade (ADIs), as ações declaratórias 
de constitucionalidade (ADCs) e as arguições de descumpri-
mento de preceito fundamental (ADPFs). 
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
3 JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
3.1 SÚMULAS VINCULANTES
A Emenda Constitucional n.º 45/2004, também conhecida como 
reforma do Judiciário, entrou em vigor em 30.12.2004, introdu-
zindo o art. 103-A, que assim determinou:
O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provo-
cação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, 
após reiteradas decisões sobre a matéria, aprovar súmula 
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei-
to vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judici-
ário e à administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual, distrital e municipal, bem como proceder à 
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
Em consequência, foi aprovada a Lei n.º 11.417, de 19.12.2006, 
que disciplina a edição, a revisão e o cancelamento do enunciado 
de súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal - STF.
 Historicamente, o instituto jurídico da súmula é originário do 
Direito Romano, embora os romanos não tenham utilizado esta 
palavra. Na verdade, os pareceres dos jurisprudentes romanos 
foram, com o passar do tempo, transformando-se em pequenos 
enunciados que funcionavam comosíntese do entendimento so-
bre um determinado assunto. Eram uma espécie de “chavões ju-
rídicos”, que sintetizavam em poucas palavras grandes lições de 
Direito. Estes enunciados foram coletados, na idade média, por 
um abade de nome Buckard, vindo daí o que hoje conhecemos 
com o nome de brocardos jurídicos.
Na prática, os brocardos representavam um conjunto de pre-
cedentes judiciários utilizados na solução das lides romanas, 
servindo como parâmetro para julgamentos futuros de matéria 
similar. No direito contemporâneo, o conceito e a utilização das 
súmulas são características dos países que seguem o regime da 
“commom law”, com a predominância do direito consuetudiná-
rio e com o maciço aproveitamento dos precedentes julgados 
pelos tribunais, especialmente a Suprema Corte, para balizar 
os julgamentos nas inferiores instâncias.
Súmula provém do 
latim “summula”, 
diminutivo de “sum-
ma”. Esta significa 
soma, conjunto, to-
talidade, contendo 
a ideia de uma obra 
que abrange todo um 
conjunto de conhe-
cimentos sobre um 
determinado assun-
to. Assim, a Summa 
Theologica, de S. To-
más de Aquino, con-
tém todas as maté-
rias teológicas numa 
só obra. “Summula” 
equivale a uma pe-
quena “summa”, isto 
é, a uma reduzida 
síntese, a um resu-
mo de um conjunto 
de conhecimentos 
sobre um assunto 
determinado.
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Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Conforme o Dicionário do Código de Processo Civil Brasileiro 
(1999), súmula é o resultado do julgamento tomado pelo voto da 
maioria absoluta dos membros que integram o tribunal, condensado 
em enunciado que constituirá precedente na uniformização da juris-
prudência do próprio órgão. Na sua forma clássica, a súmula não é de 
observância obrigatória pelas instâncias jurídicas inferiores, embora 
os magistrados de primeiro grau reconheçam nela um valor quase 
normativo, adotando comumente a atitude de seguir o mesmo enten-
dimento. O magistrado de primeira instância, mesmo tendo consci-
ência de que o entendimento manifestado na súmula do tribunal não 
é de seguimento obrigatório, por uma razão de praticidade, para não 
ver a sua decisão reformada na instância superior e, dessarte, não 
se ver praticando atos inúteis, termina por utilizar a súmula nos seus 
julgamentos, mesmo com a ressalva de seu convencimento pessoal. 
Já segundo Muscari (1999) o que ocorre é que:
Nos dias que correm, poderíamos dizer que a súmula tem 
natureza ‘quase normativa’: serve de paradigma aos opera-
dores do Direito e, se acaso ignorada, conta com uma série 
de salvaguardas tendentes à sua observância. De toda sor-
te, nada há que obrigue os membros do Poder Judiciário à 
sua aplicação (MUSCARI, 1999, p. 36).
Esta tem sido a concepção da súmula nos direitos dos países que 
adotam o sistema legalista, como é o caso do Brasil, pois, conforme 
já mencionamos acima, nos países que adotam o sistema da “com-
mom law”, o caráter vinculativo das decisões da Suprema Corte já 
tem seu reconhecimento consolidado pela tradição jurídica, até por 
não ser necessária uma norma positivada com esta finalidade. A 
instituição do poder vinculante das súmulas específicas do STF é 
uma novidade jurídica que o Brasil, país do sistema da “civil law”, 
está absorvendo do sistema jurídico da “common law”, na tentativa 
de introduzir um remédio processual eficiente capaz de solucionar 
o grave problema do crescente acúmulo de feitos nos tribunais su-
periores. Por se tratar de um procedimento novo, é óbvio que en-
frenta situações totalmente antagônicas de entusiástica adesão por 
parte de alguns, a par de tinhosa rejeição por parte de outros. Por 
este motivo, o STF tem sido bastante cauteloso e moderado no uso 
desta prerrogativa que lhe é dada pelo art. 103-A da Constituição.
NEAD Núcleo de Educação a Distância
12
Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Antes da aprovação da figura da súmula vinculante pela EC 
45/2004, houvera outras tentativas de implantação deste instituto 
no direito brasileiro, as quais não obtiveram sucesso. Na primeira 
constituição republicana, Rui Barbosa, que era entusiasta do direito 
norte americano, tentou mesclar o sistema “common law” com o 
padrão romanista brasileiro, mas não obteve apoio. Outra vez, foi 
em 1961, com um anteprojeto de lei elaborado por Haroldo Vala-
dão, e depois em 1964, com o anteprojeto do Código de Processo 
Civil, da autoria de Alfredo Buzaid. Também essas tentativas não 
obtiveram apoio. No entanto, sem o efeito vinculante, a figura da 
súmula foi introduzida no Brasil nesta mesma época, em 1963, por 
iniciativa do próprio Supremo Tribunal Federal, por sugestão do 
Presidente da Comissão de Jurisprudência, Ministro Victor Nunes 
Leal, que tinha como componentes os Ministros Gonçalves de Oli-
veira e Pedro Chaves.
Nesse sentido, Muscari (1999) ressalta que:
Preocupado com o elevado número de processos distribuí-
dos à Corte [que proferia cerca de 7.000 decisões por ano], 
muitos dos quais versando tema já apreciados e pacificados, 
o ilustre Magistrado idealizou aquilo a que chamaria um ‘mé-
todo de trabalho’, com os seguintes objetivos: introduzir um 
sistema oficial de referência dos precedentes judiciais, me-
diante a simples citação de um número convencional; dis-
tinguir a jurisprudência firme da que se achasse em vias de 
fixação; atribuir à jurisprudência firme consequências pro-
cessuais específicas para abreviar o julgamento dos casos 
que se repetissem e exterminar as protelações deliberadas 
(MUSCARI, 1999, p. 37).
A mudança do Regimento Interno do STF, com a inclusão da sú-
mula, foi aprovada na sessão de 13.12.1963, e as primeiras súmu-
las foram editadas em 1964. A partir de então, os outros tribunais 
também passaram a emitir as suas respectivas súmulas. Embora 
possuindo caráter meramente ilustrativo do entendimento do STF 
e não constituindo efeito vinculante, a edição de súmulas passou a 
orientar as decisões dos magistrados das diversas instâncias, além 
de significar “[...] uma revolução no pensamento jurídico do país, 
importando na melhoria da técnica hermenêutica com os prece-
dentes firmados.” (DAIDONE, 2006, p. 43)
NEAD Núcleo de Educação a Distância
13
Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Como se pode verificar, a discussão jurídica acerca da adoção 
do instituto da súmula vinculante no direito brasileiro vem desde 
meados da década de 1960. Porém, a decisão legislativa da sua 
inserção só veio a ocorrer após mais de quarenta anos de deba-
tes, porque há alguns argumentos contrários muito consisten-
tes, que obviaram a protelação da sua aprovação. Os principais 
argumentos dos opositores são: 
violação do princípio da separação dos poderes, porque o • 
Judiciário estaria invadindo a esfera de competência do Le-
gislativo ao editar normas com força de lei; 
o risco de estagnação ou engessamento do direito, com o • 
impedimento de que determinadas questões venham a ser 
apreciadas pelas instâncias judiciárias superiores.
Efetivamente, tais riscos existem e devem ser considerados. 
Por isso mesmo, o STF vem sendo muito cauteloso na edição de 
súmulas, para aprová-las apenas em matérias que estão bastante 
pacificadas, de modo a não causar polêmica ou surpresa aos ope-
radores do Direito. Foi também para minimizar este risco potencial 
que a mesma regra constitucional criadora da súmula previu tam-
bém a possibilidade de sua revisão ou cancelamento. A esse pen-
samento, Daidone (2006) considera que:
Importante ser dito que a aplicação obrigatória da súmula 
não impedirá que o magistrado faça constar em sua fun-
damentação entendimento contrário, expondo as razões do 
seu convencimento, que poderá servir de base para novos 
argumentosa serem encaminhados aos Tribunais Superio-
res, para que, se for o caso, promova a alteração ou rever-
são do precedente vinculante (DAIDONE, 2006, p. 79).
Importante
Outro argumento também muitas vezes levantados pelos 
opositores da súmula vinculante é que ela retira a indepen-
dência e o livre convencimento do juiz, fazendo com que 
as suas decisões sejam previsíveis demais. Em tese, toda
...
NEAD Núcleo de Educação a Distância
14
Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
...
questão em que uma das partes fundamentar seu pedido no 
precedente da súmula vinculante, o juiz não poderia decidir 
de outro modo, mesmo que entenda diversamente, porque 
ficaria jungido à decisão do STF. No entanto, tal argumento 
não é convincente, uma vez que o juiz não fica adstrito ao 
que é invocado pelas partes para firmar seu convencimen-
to, mas ele deverá apreciar toda a prova e cotejá-la com a 
legislação, com a jurisprudência e com todas as formas de 
expressão do Direito. E se entender que a súmula invocada 
não se coaduna com o caso em análise, poderá fundamenta-
damente deixar de segui-la, tal como faz com o dispositivo de 
lei, nas mesmas condições, em que o juiz pode decidir pela 
declaração de sua inconstitucionalidade “incidenter tantum” 
(controle indireto de constitucionalidade das leis).
A bem da verdade, o grande argumento a favor da súmula vin-
culante não é de natureza jurídica substantiva, mas de ordem pro-
cessual. A descomunal avalanche de recursos que chegam todos os 
dias para apreciação nos tribunais superiores, muitas vezes sobre 
matérias já sobejamente julgadas e, portanto, com intuito mera-
mente protelatório, estava a exigir dos Poderes Judiciário e Legis-
lativo a adoção de uma medida realmente efetiva, sob pena de não 
poderem os Tribunais Superiores, especialmente o Supremo, se 
debruçar sobre as questões verdadeiramente relevantes, enquanto 
ficavam sufocados com os recursos repetitivos.
Curiosidade
Levantamentos estatísticos recentes revelaram que, dos pro-
cessos que chegam ao STF, oitenta por cento tratam de ma-
térias fartamente julgadas pelo Tribunal e em entendimento 
uniforme, o que não justificaria a sua admissão. E o dado 
curioso deste levantamento é que tais recursos, em sua 
maioria, são demandas de procuradores de órgãos públicos, 
ou seja, o recorrente é o próprio governo.
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15
Hermenêutica Jurídica Unidade V - Paradigmas para uma Nova Hermenêutica Constitucional
Em relação à alegada invasão de competência do Judiciário 
sobre o Legislativo, com a edição da súmula vinculante, é escla-
recedor o fato de que, em legislações expedidas recentemente, 
o próprio Legislativo já tem transferido para o STF poderes mais 
amplos de administração do processo, superando a análise es-
pecífica da questão e reconhecendo, na prática, o efeito vincu-
lante das súmulas deste Tribunal. É o caso do art. 38 da Lei n.º 
8.038/90, que assim estabelece:
O Relator, no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tri-
bunal de Justiça, decidirá o pedido ou recurso que tenha 
perdido seu objeto, bem como negará seguimento a pedido 
ou recurso manifestamente intempestivo, incabível ou im-
procedente, ou ainda que contrariar, nas questões predomi-
nantemente de direito, súmula do respectivo Tribunal.
Neste mesmo sentido, também dispõe o art. 557 do CPC, 
com a alteração introduzida pela Lei n.º 9.139/95: 
O relator negará seguimento a recurso manifestamente 
inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto 
com súmula ou jurisprudência predominante do Supremo 
Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.
Portanto, antes mesmo de ser inserido na Constituição Fe-
deral o dispositivo que permite ao STF a edição de enunciados 
com efeito vinculante, a legislação ordinária já vinha anteci-
pando tal posicionamento, através de dispositivos constantes 
em leis específicas. Era o claro sinal de que o amadurecimento 
da ideia estava chegando ao ponto de possibilitar a inclusão 
do dispositivo na nossa Lei Maior.
Convém esclarecer ainda que a inclusão do dispositivo da 
súmula vinculante no ordenamento pátrio não tem o mesmo 
alcance e significado das decisões da Suprema Corte dos países 
da “common law”, pela seguinte particularidade. Naqueles 
países, os precedentes dos Tribunais Superiores prevalecem 
sobre o direito legislativo, diferentemente da súmula 
vinculante do nosso direito, que não tem supremacia diante 
da lei. Na verdade, as súmulas são verdadeiras interpretações
...
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da lei no caso concreto e não podem prevalecer diante de dispositivo 
legal explícito. Em qualquer caso, se uma parte se considerar 
prejudicada por um julgamento baseada em súmula vinculante 
erroneamente aplicada, contrariando dispositivo legal, poderá 
dirigir reclamação ao STF, como ocorre nos demais casos em que a 
decisão judicial vai de encontro a uma norma legal específica.
Não obstante ainda existirem ilustres juristas com opiniões 
divergentes, a postura serena e equilibrada do STF na aprova-
ção das súmulas vinculantes tem deixado a comunidade jurídica 
bastante confiante de que os eventuais males que tal instituto 
poderia trazer estão sendo sabiamente e adequadamente ad-
ministrados pelo Supremo, de modo que a sua aplicação venha 
a contribuir para um maior aperfeiçoamento do nosso sistema 
jurídico. Prova disso é que, inicialmente, foram levantadas no 
STF sete questões largamente repetitivas, as quais poderiam re-
sultar em súmulas vinculantes, e destas, foram aprovadas, num 
primeiro momento, apenas três, reservando-se o Tribunal para 
um mais aprofundado estudo das demais.
Apresentando de uma forma sistemática, os principais argu-
mentos que embasam as opiniões dos juristas favoráveis à sú-
mula vinculante são os seguintes:
dinamização da celeridade dos atos processuais e da instru-1 - 
mentalidade do processo;
uniformização mais efetiva da jurisprudência;2 - 
ampliação da segurança jurídica;3 - 
pacificação dos conflitos existentes na sociedade sobre a 4 - 
matéria constitucional, evitando decisões judiciais antagô-
nicas sobre a validade de determinadas normas;
não violação da função legislativa, pelo fato do próprio Po-5 - 
der Legislativo por força da entrada em vigor da Emenda 
Constitucional n° 45, ter conferido tais poderes.
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Por outro lado, os argumentos que fundamentam as opiniões 
dos juristas contrários à súmula vinculante são os seguintes:
“Engessamento” do Judiciário, evitando, desse modo, a 1 - 
adequação das decisões dos juízes aos fenômenos sociais;
violação à liberdade de criação e independência dos juízes, 2 - 
ficando este obrigado a aplicar o direito conforme entendi-
mento consolidado por súmula;
prejuízo ao princípio do duplo grau de jurisdição;3 - 
violação das funções estatais, ou seja, da divisão dos “Po-4 - 
deres”, na medida em que o Supremo Tribunal Federal es-
taria criando uma nova lei e assim trazendo para si uma 
função incumbida ao Poder Legislativo.
Conforme explicado, os possíveis efeitos negativos da ado-
ção da súmula vinculante podem ser perfeitamente contor-
nados com a prudência e a serenidade que tem sempre mar-
cado as decisões da nossa Suprema Corte, de modo que os 
eventuais malefícios são amplamente superados pelas evi-
dentes vantagens imediatas de saneamento e revitalização 
para os Tribunais Superiores.
Vejamos como se dá a proposição de uma súmula vinculante:
De acordo com a Lei n.º 11.417/2006, a proposta pode ser 
feita diretamente pelo STF ou pelas autoridades e entidades 
listadas no seu art.3º, dentre estas, o Presidente da República, 
as Mesas do Congresso, o Conselho Federal da OAB, o 
Defensor Público Geral da União, as Assembleias Legislativas 
e os Tribunais Superiores. Tanto a edição, quanto a revisão 
e o cancelamento dependem da aprovação por dois terços
...
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dos membros do STF, em sessão plenária. O efeito também 
poderá ser imediato ou ter a sua eficácia a partir de outro 
momento, condição que será decidida novamente por dois 
terços dos membros do STF. Se uma decisão judicial ou ato 
administrativo contrariar uma súmula vinculante, o interessado 
poderá reclamar diretamente ao STF, independente dos 
recursos ordinários cabíveis.
Importa destacar que as súmulas vinculantes iniciaram uma 
nova numeração, diferente das súmulas anteriores que não se 
tornaram vinculantes, mas continuam como a mesma nature-
za jurídica de antes. E caso alguma das súmulas já aprovadas 
anteriormente venha a obter o status de vinculante, deverá 
assumir nova numeração. Portanto, o STF deverá continuar 
editando súmulas gerais, como vem fazendo desde 1963, sem 
efeito vinculante e, quando for o caso, atribuirá efeito vincu-
lante aos enunciados interpretativos de normas acerca das 
quais haja grave controvérsia entre os órgãos judiciários ou 
entre estes e a administração pública, de modo a acarretar 
grave ameaça à segurança jurídica ou significativa multiplica-
ção de processos sobre a mesma questão. É assim que está 
disciplinado no art. 1.º da Lei n.º 11.417/2006.
3.2 REPERCUSSÃO GERAL
Na mesma linha de raciocínio que justifica a instituição 
da súmula com efeito vinculante, dentro do que ficou conhe-
cido como “reforma do judiciário”, foi também criada a figu-
ra jurídica processual chamada de repercussão geral, para 
reduzir o grande volume de processos em grau de recurso 
no STF. Neste sentido, foi aprovada a Lei n.º 11.418/2006, 
publicada no mesmo dia da lei que criou a súmula vinculan-
te, fazendo parte de um conjunto de medidas destinadas a 
aliviar a carga de processos em tramitação na nossa mais 
elevada Corte e possibilitando uma mais acurada análise das 
questões reconhecidamente relevantes.
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Importante
Repercussão Geral, portanto, é o “nomen juris” que se atri-
bui ao procedimento pelo qual a condição de admissibilidade 
de um recurso extraordinário interposto perante o Supremo 
Tribunal Federal, aborde questões adjetivadas como relevan-
tes para toda a sociedade, ultrapassando os interesses sub-
jetivos das partes da causa, e calcados em assuntos eco-
nômico, político, social ou jurídico, permitindo ao Supremo 
Tribunal Federal - STF, em decisão irrecorrível, deixar de ad-
mitir recurso interposto quando a questão constitucional nele 
versada não oferecer esta repercussão social geral
As regras de declaração da existência ou não da repercussão 
geral estão definidas na lei citada acima. De acordo com o seu 
art. 2.º, o recorrente deverá demonstrar, em preliminar do 
recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Fede-
ral, a existência da repercussão geral, ou seja, que se trata de 
questão econômica, social, política ou jurídica de elevada im-
portância, a tal ponto que a decisão do STF irá beneficiar não 
apenas os autores do recurso, mas de modo geral, será bené-
fica para toda a sociedade. Caso o STF aceite os argumentos e 
reconheça a repercussão geral do recurso, este será admitido 
para exame do mérito. Caso contrário, a decisão será irrecor-
rível e valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, 
que serão indeferidos liminarmente, salvo se for o caso de 
revisão de tese, nos termos do Regimento Interno do STF.
Por sua vez, os Tribunais Regionais e Estaduais farão uma triagem 
dos recursos idênticos, selecionando um ou mais representativos da 
controvérsia e os encaminharão ao STF, ficando os demais sobres-
tados até que o Supremo analise e decida a questão. A decisão que 
for dada nos casos tomados como exemplo serão aplicadas aos que 
ficaram sobrestados, sem necessidade de apreciação unitária deles 
pelo STF, cabendo ao próprio Tribunal de origem aplicar a decisão.
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Tanto quanto a súmula vinculante, também o instituto da repercussão 
geral divide as opiniões dos magistrados e doutrinadores, alguns mani-
festando animado apoio, outros revelando insatisfação e preocupação. Os 
principais argumentos contrários são assemelhados aos dos opositores 
da súmula vinculante, sobretudo a arguição de ser um instituto jurídico 
próprio do sistema “common law” e incompatível com o sistema brasileiro 
romanista da “civil law”. Outro argumento contrário é a restrição ao en-
tendimento subjetivo dos Ministros do STF, que não precisam motivar a 
decisão, sendo esta irrecorrível. Tal situação é vista com preocupação, pois 
o sistema jurídico fica submetido ao arbítrio do entendimento do STF.
No entanto, há que se considerar os dados estatísticos do STF, que 
demonstram a absurda repetição de recursos idênticos sobre matérias já 
julgadas, inviabilizando o trâmite processual normal dos processos que 
tratam de causas não repetidas. Além do mais, os mesmos dados esta-
tísticos comprovam que a grande maioria destes recursos extraordinários 
repetidos são originados dos próprios órgãos públicos, cujos procurado-
res são “obrigados” a recorrerem por dever de ofício, porque não lhes 
é dada a discricionariedade para decidir quando devem ou não recorrer. 
Por receio de sofrerem punições decorrentes de eventuais acusações 
de conivência ou desídia, eles terminam impetrando todos os recursos 
possíveis, salvando-se assim de um eventual crime de responsabilidade, 
mas na prática, causando grande avalanche de recursos idênticos.
Reflexão
Há de se atentar ainda para o fato de que uma determinada ques-
tão não ser apreciada pelo STF, ou seja, se algumas questões não 
forem consideradas relevantes no STF, nem por isso significaria 
haver denegação de justiça ou impedimento de acesso ao ju-
diciário, pois as causas respectivas já foram antes julgadas por 
outras Cortes, prevalecendo as decisões sem comprometimento 
da opinião do STF, mas antes aumentando a responsabilidade e 
o prestígio de outros tribunais. Isto porque o STF não é Corte de 
Justiça Ordinária, Corte de Cassação ou Tribunal de terceira ins-
tância, bastando, para a tutela dos direitos subjetivos, a garantia 
do duplo grau de jurisdição, com os recursos ordinários e espe-
ciais (que já são muitos) a ele inerentes e com a possibilidade, 
para casos excepcionais, de utilização da ação rescisória.
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Após a aprovação da Lei n.º 11.418/2006, o Superior Tribu-
nal de Justiça encaminhou ao Congresso um projeto de lei com 
idêntica natureza, a fim de que seja aplicada a mesma disciplina 
aos recursos especiais, que são também repetitivos em elevada 
proporção. Mesmo considerando que a composição do STJ, com 
33 ministros, representa o triplo da força de trabalho em relação 
ao STF, contudo também naquele Tribunal o acúmulo de recur-
sos especiais de teor idêntico causa admiração. A proposta foi 
aprovada, transformando-se na Lei n.º 11.672/2008, conhecida 
como Lei dos Recursos Repetitivos.
A súmula vinculante e a repercussão geral, assim como a lei dos 
recursos repetitivos, são institutos jurídicos que têm como escopo 
responder a uma das maiores críticas que a sociedade faz ao Poder 
Judiciário, que é a sua morosidade. O fator preponderantedesta 
morosidade se encontra sobretudo em duas causas:
os prazos que devem ser cumpridos, sobretudo em pro-1 - 
cessos com muitas partes, além dos privilégios da Fa-
zenda Pública, que sempre tem prazo quádruplo para 
contestar e duplo para recorrer; 
o excessivo número de recursos possíveis, nas diversas 2 - 
instâncias.
É óbvio que os recursos existem para salvaguardar a segurança 
jurídica e a isonomia entre as partes, no entanto, estes recursos 
são artificiosamente manobrados por advogados habilidosos com o 
intuito de protelarem ao máximo a decisão final de um processo, o 
que se torna um procedimento odioso. Com estes novos instrumen-
tos, espera-se conseguir um descongestionamento da pauta de jul-
gamento dos processos no STF, abrindo espaço para a apreciação 
de causas onde exista realmente o interesse público relevante.
Com isso, encerramos assim, o estudo da jurisdição cons-
titucional. Retornemos, agora, ao tema da hermenêutica 
constitucional. Acompanhe!
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4 CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO DA NOVA HERMENÊUTICA 
CONSTITUCIONAL
A principal consequência prática das recentes concepções 
doutrinárias abrigadas sob o título de novo constitucionalismo 
foi a necessidade de se desenvolver um novo método de inter-
pretação da constituição. Os métodos tradicionais, constituídos 
dentro da ótica do estado liberal burguês, que teve na Revo-
lução Francesa sua máxima expressão, com a prevalência da 
estrita legalidade, resultaram insuficientes para a nova feição 
do Estado Democrático de Direito, fundado nos princípios dos 
do novo constitucionalismo.
Esta mudança metodológica foi sendo reelaborada pelas 
mais recentes teorias da hermenêutica jurídica do pós-positi-
vismo, que destacam uma compreensão do Direito orientada 
para os valores sociais, sobretudo a Tópica Jurídica e a Juris-
prudência das Valorações. Isso ganhou forma na substituição 
da clássica maneira de aplicação do Direito entendida numa 
abordagem silogística (lógica formal) para uma abordagem 
valorativa (lógica teleológica e	 axiológica). Segundo Ma-
galhães (2004, p.64) “A aplicação do Direito não consiste em 
mera subsunção do fato à norma, mas, antes, de coordenação 
valorativa do fato à norma.”
Conforme ensina Luís Roberto Barroso (2010), a grande re-
viravolta da interpretação constitucional contemporânea se 
deu a partir de que os doutrinadores se convenceram de uma 
situação que sempre ocorrera, mas nunca fora suficiente-
mente reconhecida: o fato de que as normas jurídicas, tan-
to as legislativas quanto as constitucionais, não carregam 
apenas um único sentido, o qual seria válido objetivamente 
para todas as situações em que incidem, podendo ser com-
preendidas sob diversas perspectivas. Segundo o referido 
doutrinador, isso fez modificar a compreensão do que seja 
norma, problema e intérprete, configurando uma postu-
ra hermenêutica que se denomina de pós-positivista.
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Em relação à norma, na teoria tradicional (liberal-po-
sitivista), acreditava-se na objetividade da interpretação 
e na neutralidade do intérprete, isolando-se quaisquer in-
serção de cunho subjetivo. Na concepção atual (pós-posi-
tivista), esta visão simplista foi transformada para duas 
posturas muito mais dinâmicas. Primeiro, entende-se que 
a norma, em geral, não traz pronta a solução do problema, 
mas aponta para um início de solução e mesmo assim, não 
contém todos os elementos necessários para a determina-
ção do seu sentido, havendo a necessidade da colaboração 
pessoal do intérprete. Em segundo lugar, percebe-se que 
existe uma diferença entre a norma-comando e a norma-
enunciado, ou seja, a norma não se esgota no texto do seu 
dispositivo, devendo adquirir contornos mais apropriados 
no confronto com os fatos.
Em relação ao problema, este deixa de ser um simples 
contexto fático sobre o qual a norma será objetivamente 
aplicada, passando a ser compreendido como um co-
fornecedor de elementos, que irão se materializar no Direito 
aplicado, passando o raciocínio jurídico a ser estruturado 
prioritariamente a partir dos fatos (indutivo) e não a partir 
da norma (dedutivo). Recorde-se aqui a concepção egológica 
do Direito, de Carlos Cóssio, estudada antes, na unidade 
III, e ainda a concepção problemática do Direito, trazida 
pela escola da Tópica Jurídica, estudada na unidade IV. 
Em relação ao intérprete, a sua função deixou de ser 
considerada como meramente técnica (como era na teo-
ria positivista), para tornar-se um participante ativo no 
processo de criação do Direito, completando o trabalho do 
constituinte ou do legislador, no ato de fazer valorações 
de sentido, contribuindo com seu ponto de vista, sua visão 
cultural, sua formação profissional e até com seus elemen-
tos inconscientes, os quais irão influenciar na sua maneira 
personalizada de analisar a realidade social e apreender 
os valores nela contidos.
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Importante
Essas mudanças de concepção metodológica colocaram em 
pauta tanto uma antiga polêmica que sempre movimentou 
os juristas, acerca da força vinculante dos princípios, em 
relação às regras, como também trouxe novas termino-
logias de caráter aberto, como por exemplo, os conceitos 
jurídicos indeterminados, as colisões das normas constitu-
cionais, a ponderação e a argumentação, como novos ele-
mentos norteadores da interpretação constitucional. Con-
ceitos jurídicos indeterminados são, por exemplo, interesse 
público, desenvolvimento nacional, relevância e urgência, 
pluralismo político, os quais exigem boa dose de contribui-
ção do intérprete na sua definição, no momento em que se 
deparam com casos concretos.
Em relação à força normativa dos princípios e sua distinção em 
relação às regras, este tem sido um dos pontos característicos 
do pós-positivismo. De acordo com a doutrina clássica, os 
princípios se constituíam-se “conselhos” ao legislador, no 
sentido de orientar a elaboração das leis, mas não teriam a 
mesma eficácia da legislação, esta sim portadora da força 
coercitiva necessária para torná-la imperativa diante de todos. 
Os princípios teriam, desse modo, um caráter meramente 
político, sem força normativa. A concepção tradicional da 
hermenêutica jurídica, até o início do século XX, prendia-se 
apenas à interpretação e à aplicação das regras.
A partir das primeiras décadas do século XX, em diversos 
países da Europa, essa compreensão foi sendo reformulada, 
sobretudo a partir da Constituição de Weimar (1919), na 
Alemanha, disseminando-se cada vez mais a aceitação da força 
vinculante dos princípios. Conforme ensina Luís Roberto Barroso 
(2010), atualmente prevalece o entendimento de que o sistema 
jurídico ideal deve fundar-se numa distribuição equilibrada de 
princípios e regras, no qual as regras fundamentam o aspecto 
da segurança jurídica, enquanto os princípios fundamentam a 
efetivação da justiça no caso concreto.
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No Brasil, esta nova concepção doutrinária foi incorporada na 
Constituição de 1988, de modo que atualmente não se pode mais 
deixar de reconhecer a força normativa dos princípios, diante do 
que consta no art. 5.º, LXXVII, § 1.º: “As normas definidoras dos 
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.”
O Direito Brasileiro integrou-se, portanto, nessa recente e 
inovadora compreensão doutrinária própria do Estado Demo-
crático de Direito, sendo claro exemplo disso as figuras domandado de injunção e da ação de inconstitucionalidade por 
omissão, quando há omissão do legislador no cumprimento das 
suas obrigações constitucionais.
Com essa nova visão doutrinária e metodológica, a clássica 
definição dos princípios gerais do Direito, reconhecidos como 
mera indicação ou orientação, já não mais se coaduna com a 
natureza dos princípios constitucionais. De acordo com o Pro-
fessor Glauco Magalhães (2004): 
[…] nas chamadas ‘normas constitucionais programáticas’, 
não temos meros conselhos ao legislador ou simples 
consagração de objetivos políticos, mas a interferência 
do jurídico sobre o político, enquanto em outras normas 
constitucionais temos apenas um reflexo da realidade 
material, ou seja, o político determinando o jurídico 
(MAGALHÃES, 2004, p. 83).
Isso demonstra que há uma unidade normativa na Consti-
tuição, surgindo a necessidade de um esclarecimento concei-
tual sobre a especificidade das normas jurídicas, através da 
distinção entre princípios e regras.
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4.1 DIFERENÇA ENTRE PRINCÍPIO E REGRA
Importante
Antes de iniciarmos propriamente esse estudo 
metodológico, faremos uma breve análise etimológica dos 
termos. Princípio deriva do latim “principium”, que por 
sua vez é formado pela junção das palavras primum+capio 
(= o que pega primeiro, o que vem em primeiro lugar). 
Princípio, no Direito, remonta à origem, àquele dispositivo 
fundamental que vem em primeiro lugar e a partir do qual 
diversos outros se irradiam. Regra provém também do 
latim “régula”, que por sua vez deriva do verbo “regere” (= 
reger, governar), estando assim ligada à figura do rei. No 
Direito, regra é um dispositivo que contém um comando 
determinado, um mandamento específico
Princípio
remonta à 
origem
do latim: principium
primum + capio
=
o que pega primeiro, 
o que vem em 
primeiro lugar
no Direito:
Regra
é um mandamento 
específico
do latim: régula
verbo regere
=
reger, governar
no Direito:
Desse modo, numa primeira visão distintiva, verifica-se que o 
princípio atende a um comando genérico, enquanto a regra corres-
ponde a uma determinação mais precisa. Contudo, esta distinção 
vaga e simplista está longe de delinear a complexa problemática 
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que se esconde por trás da discussão sobre o que seria um princí-
pio ou uma regra, seja na Constituição, seja no Direito em geral. A 
discussão deste assunto sempre foi tema de interesse para os ju-
ristas, tendo-se destacado, nos últimos tempos, dois juristas de re-
nome, Ronald Dworkin, norte-americano, e Robert Alexy, alemão.
Na doutrina jurídica contemporânea, prevalece o entendi-
mento de que a expressão “normas” forma o gênero, da 
qual são espécies os princípios e as regras. Assim, tanto 
as normas jurídicas em geral, quanto as normas constitu-
cionais em particular, podem ser classificadas em duas ca-
tegorias distintas: normas-princípios e normas-disposição. 
As normas-princípios, ou simplesmente princípios, são 
aquelas de conteúdo mais abstrato e de maior abrangên-
cia no sistema; as normas-disposição, ou simplesmente 
regras, são aquelas de conteúdo mais prático e se aplicam 
a situações mais específicas. (BARROSO, 1998)
Exemplo
O professor George Marmelstein, Juiz Federal, em seu blog, 
numa perspectiva bem informal, faz uma explanação didática 
para uma melhor distinção entre regra e princípio, a partir de 
duas situações exemplares:
exemplo de regra - “A aula começa às 7:30 da ma-a) 
nhã. O aluno que chegar à sala depois desse horá-
rio não terá direito à presença”;
exemplo de princípio - “A aula começará bem cedo. b) 
O aluno deve chegar o mais cedo possível.”
Vê-se que, no caso “a” existe uma situação bem definida que 
não permite tergiversações. Já o caso “b”, tem-se uma situa-
ção flexível, na qual diversos fatores podem ser considerados.
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Para acessar o blog “Direitos Fundamentais“, do Professor e 
Juiz Federal George Marmelstein, consulte na internet: 
http://direitosfundamentais.net
Numa perspectiva mais acadêmica, vejamos a lição de Norber-
to Bobbio (1999), expondo também de modo bastante didático, a 
referida diferença conceitual. Diz ele:
Os princípios gerais são apenas, a meu ver, normas fun-
damentais ou generalíssimas do sistema, as normas mais 
gerais. A palavra princípios leva a engano, tanto que é 
velha questão entre os juristas se os princípios gerais são 
normas. Para mim, não há dúvida: os princípios gerais são 
normas como todas as outras. […] Para sustentar que os 
princípios gerais são normas, os argumentos são dois e 
ambos válidos: antes de mais nada, se são normas aque-
las das quais os princípios gerais são extraídos, através 
de um procedimento de generalização sucessiva, não se 
vê por que não devam ser normas também eles. […] Em 
segundo lugar, a função para a qual são extraídos e em-
pregados é a mesma cumprida por todas as normas, isto 
é, a função de regular um caso. E com que finalidade são 
extraídos em caso de lacuna? Para regular um comporta-
mento não regulamentado; mas então servem ao mesmo 
escopo a que servem as normas expressas. E por que não 
deveriam ser normas? (BOBBIO, 1999, p. 158-159).
Um outro autor que faz ilustrativa explanação sobre a diferença 
entre princípio e regra é J. J. Canotilho (2000), elencando um con-
junto de critérios de distinção: 
pelo grau de abstração – princípios são genéricos, regras são a) 
específicas;
pelo grau de determinação – princípios são vagos e indeter-b) 
minados; regras são dirigidas a casos concretos;
pelo grau de fundamentação – princípios situam-se no nível dos c) 
fundamentos, regras situam-se no nível da aplicação imediata;
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pelo grau da proximidade – princípios situam-se em posi-d) 
ção mais próxima dos ideais de direito e de justiça, regras 
situam-se no nível mais próximo dos fatos;
pelo grau normogenético – princípios constituem as bases e) 
das regras jurídicas.
Luís Roberto Barroso oferece também uma interessante con-
tribuição para o esclarecimento desses conceitos, tomando como 
referência três critérios:
a) quanto ao conteúdo – regras são relatos objetivos descri-
tivos de condutas a serem seguidas; princípios expressam 
valores e fins a serem alcançados;
b) quando à estrutura normativa – regras se estruturam, 
normalmente, no modelo tradicional das normas de condu-
ta: previsão de um fato – atribuição de um efeito jurídico; 
princípios indicam estados ideais e comportam realização 
por meio de variadas condutas;
c) quanto ao modo de aplicação – regras operam por via do 
enquadramento do fato no relato normativo, com enuncia-
ção da consequência jurídica daí resultante, isto é, aplicam-
se mediante subsunção; princípios podem entrar em rota de 
colisão com outros princípios ou encontrar resistência por 
parte da realidade fática, hipóteses em que serão aplicados 
mediante ponderação (BARROSO, 2010, p.174).
Exemplo
A título de ilustração prática, faremos uma breve enumeração 
de princípios e regras, tomando como referência os temas 
mais conhecidos e estudados. Acompanhe:
Na área dos princípios:
princípios jurídicos – razoabilidade, publicidade, impessoalidade, • 
legalidade, livre acesso à justiça, duração razoável do processo;
princípios políticos – formas de estado e de governo, ordem econô-• 
mica, ordem social, direitos fundamentais;
princípios de garantia – juízonatural, direito adquirido, reserva legal.• 
...
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...
Na área das regras:
regras de organização estatal;• 
regras de competência;• 
regras procedimentais (processos judicial, legislativo);• 
regras de proteção da família, do casamento, da maternidade.• 
Esta forma de apresentação dos princípios, evidentemen-
te, não é única nem exaustiva. Luís Roberto Barroso (2010), 
por exemplo, divide os princípios em fundamentais, gerais 
e setoriais, do seguinte modo:
fundamentais – princípio republicano, princípio da separação • 
dos poderes, princípio da dignidade da pessoa humana;
gerais – princípio da isonomia, princípio da segurança jurídica, • 
princípio do devido processo legal;
setoriais ou especiais – variam de acordo com o tema: • 
tributário (anterioridade da lei que institui ou aumenta tributo), 
administração pública (moralidade, impessoalidade), ordem 
econômica (livre concorrência), ordem social (autonomia 
universitária), dentre muitos outros.
Além desses, há um princípio não expresso, denominado 
na doutrina como princípio da razoabilidade ou da 
proporcionalidade, que é usado comumente na jurisprudência 
como parâmetro da verdadeira justiça, o qual será abordado 
no próximo tópico.
Após essas análises, concluímos com a lúcida explanação de 
George Marmelstein (ON-LINE):
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a) as regras descrevem uma situação jurídica, ou melhor, 
vinculam fatos hipotéticos específicos, que, preenchidos os 
pressupostos por ela descrito, exigem, proíbem ou permitem 
algo em termos definitivos (direito definitivo), sem qualquer 
exceção. P. ex. “aquele que detiver a coisa em nome alheio, 
sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à 
autoria o proprietário ou o possuidor” (art. 62 do CPC);
b) os princípios, por sua vez, expressam	um	valor	ou	uma	
diretriz, sem descrever uma situação jurídica, nem se re-
portar a um fato particular, exigindo, porém, a realização 
de algo, da melhor maneira possível, observadas as possi-
bilidades fáticas e jurídicas (reserva do possível). Possuem 
um maior grau de abstração e, portanto, irradiam-se por 
diferentes partes do sistemas, informando a compreensão 
das regras, dando unidade e harmonia ao sistema normati-
vo. P. ex., “todos são iguais perante a lei”, onde a igualdade 
surge como a instância valorativa adotada pela Carta Magna 
(MARMELSTEIN, ON-LINE).
4.2 PRINCÍPIOS E PROPORCIONALIDADE
A partir dos conceitos desenvolvidos no item anterior, cons-
tatamos que as regras sempre nos dão um comando preciso 
e específico, não deixando margem para o arbítrio de quem 
as executa. Por outro lado, os princípios fornecem diretrizes 
mais amplas e apontam para caminhos diversos na sua exe-
cução. Conforme foi estudado antes, na Unidade III, quando 
duas leis dispõem de modo diverso sobre um mesmo assunto, 
somente uma delas poderá ser seguida, e para determinar 
qual a norma válida, utilizam-se os conhecidos critérios cro-
nológico, hierárquico e especialidade. Ou seja, o sistema 
não tolera duas ou mais normas legais incompatíveis entre si, 
devendo sempre o legislador ter o cuidado de não as permitir 
e o magistrado o dever de eliminá-las.
Já em relação aos princípios, dada a sua maior amplitude, não 
apenas é bastante frequente que eles se justaponham e até se opo-
nham, como este fato não compromete a integridade e a harmonia do 
sistema. Isso ocorre porque, com os princípios, é possível fazer pon-
derações, e desse modo, uma colisão de princípios não implicará em 
destruição de um ou outro, como acontece com as normas legais.
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Por exemplo, o princípio da segurança colide com o princípio 
da liberdade individual; o direito de informação colide com o 
direito de proteção à privacidade; a promoção do desenvol-
vimento colide com a proteção ambiental; a livre iniciativa 
colide com a proteção ao consumidor. Sempre que se dá mais 
espaço para um deles, finda por restringir o outro, ou seja, 
quanto maior a liberdade, menor a segurança, e vice-versa. 
Assim é que o jurista deverá sempre encontrar o modo mais 
equilibrado de prestigiar um sem desatender ao outro.
Entre as várias soluções possíveis, deverá sempre ser mais 
prestigiada aquela que melhor realize o princípio federativo, 
ou a que melhor promova a igualdade ou a que melhor proteja 
a liberdade de expressão, ou seja, diante do caso concreto, o 
intérprete aplicará o conjunto de suas potências intelectuais, 
de modo a viabilizar a solução jurídica que mais efetive a jus-
tiça no caso concreto. A isso dá-se o nome de ponderação ou 
princípio da proporcionalidade.
A ideia da justa medida, da moderação, do prudente arbítrio 
não é tão recente. Ela surge nos tempos modernos com a filosofia 
iluminista, no século XVIII, que foi a base do movimento revolucio-
nário francês de 1789. Montesquieu consagrou a moderação como 
uma virtude para a proteção da liberdade política e defendeu a jus-
ta medida, a proporcionalidade entre a definição e a gravidade dos 
delitos e as penalidades que eles acarretavam. A Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada durante a Revolução 
Francesa, prescrevia que a lei não deve estabelecer outras penas 
que não as estritas e evidentemente necessárias.
Mas foram os juristas alemães que introduziram o princípio da 
proporcionalidade aplicado às matérias constitucionais, já em me-
ados do século XX, doutrina assim sintetizada por Paulo Bonavi-
des: quanto mais a intervenção estatal afeta formas de expressão 
elementar da liberdade da ação do homem, tanto mais cuidado-
samente devem ser ponderados os fundamentos justificativos de 
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uma ação cometida contra as exigências fundamentais da liberda-
de do cidadão. Este se tornou um dos princípios básicos do Direito 
Constitucional, principalmente no que concerne à matéria de direi-
tos fundamentais e suas limitações para a ação do Estado. 
Na Alemanha, na Suíça, na Áustria, na França, o princípio 
da proporcionalidade se tornou no instrumento mais eficaz para 
defender a dependência do indivíduo em relação ao Estado, em-
bora não tenha sido incluído formalmente nas respectivas cons-
tituições. Assim também ocorreu mais recentemente na Itália, 
na Espanha e em Portugal, sobretudo neste último país, onde 
o princípio aparece claramente nos dispositivos da sua Consti-
tuição de 1976. No Brasil, na Constituição de 1988, a previsão 
deste princípio fica implícita em diversos artigos, sendo sua uti-
lização frequente na jurisprudência. O Supremo Tribunal Federal 
o tem consagrado em reiterados julgamentos.
Nesse sentido, na lição de Luís Roberto Barroso (2010), o que 
ocorre é que:
[…] o princípio da razoabilidade faz parte do processo inte-
lectual lógico de aplicação de outras normas, ou seja, de ou-
tros princípios e regras. Por exemplo, ao aplicar uma regra 
que sanciona determinada conduta com uma penalidade ad-
ministrativa, o intérprete deverá agir com proporcionalidade, 
levando em conta a natureza e a gravidade da falta. O que se 
estará aplicando é a norma sancionadora, sendo o princípio da 
razoabilidade um instrumento de medida. Ao admitir o estabe-
lecimento de uma idade máxima ou de uma estatura mínima 
para alguém prestar concurso para determinado cargo público, 
o que o Judiciário faz é interpretar o princípio da isonomia, de 
acordo com a razoabilidade. Nestes casos, como se percebe 
intuitivamente, a razoabilidadeé o meio de aferição do cumpri-
mento ou não de outras normas (BARROSO, 2010, p. 186).
O fundamento do princípio da proporcionalidade encontra-se 
centrado no Estado de Direito, caracterizado pelo princípio da 
supremacia da Constituição, o qual, além de tutelar a dignidade 
dos cidadãos, assume o compromisso de corresponder à realida-
de social mediante a concretização dos objetivos plasmados no 
Texto Fundamental.
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4.3 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ESPECIFICAMENTE 
CONSTITUCIONAL
A hermenêutica constitucional assume, em linhas gerais, a 
mesma forma geral da práxis romanística: o intérprete como um 
terceiro imparcial que decide uma questão entre partes antagô-
nicas. A diferença, porém, está em que, no caso da interpretação 
da constituição, a atividade não se destina à solução de um caso 
concreto, mas à elaboração de normas que servirão de fundamen-
to para a interpretação das demais normas jurídicas (estas, sim, 
tratarão dos casos concretos). A interpretação constitucional será, 
portanto, uma meta interpretação.
Os critérios e princípios da hermenêutica constitucional devem 
ser elaborados, portanto, a partir da própria constituição, mas 
não devem estar contidos nela própria, e sim numa teoria da 
constituição. O sentido normativo da constituição é co-deter-
minado pela compreensão constitucional do intérprete. Devido 
ao fato de que o resultado de sua interpretação irá repercutir 
na realidade social, política e econômica, o que pressupõe uma 
avaliação de suas consequências, isso faz com que o intérprete 
constitucional deva mover-se constantemente entre a norma e 
o contexto social, entre o jurídico e o sociológico.
Embora seja inegável a relevância do componente político da 
hermenêutica constitucional, ele não é o único nem o mais impor-
tante, pois os outros componentes de caráter jurídico e de igual 
magnitude, como o conteúdo semântico de suas normas e o proble-
ma de sua aplicabilidade, também devem influir nesse processo.
Várias são as posições teóricas sobre o tema, porém os princípios 
fundamentais que orientam a interpretação constitucional são:
o 1 - princípio da unidade da Constituição - não se deve 
considerar uma norma constitucional isoladamente, mas 
sempre na totalidade do seu contexto, evitando conclusões 
contraditórias ao seu todo;
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o 2 - princípio da concordância prática - os bens ju-
rídicos constitucionalmente protegidos devem ser co-
ordenados de modo que cada um deles alcance a sua 
realidade, sendo fundamental aqui o princípio da pro-
porcionalidade (os bens devem ser estabelecidos em 
limites recíprocos e necessários para que todos possam 
vir a ter a maior efetividade possível);
o 3 - critério da correção funcional - quando a Constituição 
regula de uma determinada maneira as tarefas dos titulares 
de funções estatais, o intérprete deve se ater ao âmbito das 
funções que lhe são destinadas;
o 4 - critério	da	eficácia	interpretadora - a solução dos prin-
cípios constitucionais deve privilegiar os pontos de vista por 
meio dos quais se preserve a unidade da Constituição;
o 5 - critério da força normativa da Constituição - mais 
importante do que meramente cumprir a Constituição é 
extrair dela a máxima eficácia possível em cada problema 
concreto a solucionar, é ter presente o seu significado na 
experiência vital da comunidade.
Importante
A hermenêutica constitucional se realiza, portanto, em toda a 
sua plenitude, no âmbito da jurisdição constitucional, já ex-
planada acima, observando-se que, como lei fundamental do 
Estado e da sociedade, a Constituição contém, além de sua 
essencial dimensão jurídica, duas outras dimensões: uma di-
mensão política (ideológica) e outra axiológica (cultural). A 
hermenêutica constitucional é, por isso, um tema que deve ser 
sempre abordado com muita ponderação e cautela, porque põe 
em confronto dois representantes do poder do Estado (o juiz 
constitucional e o legislador democrático). Assim, o juiz cons-
titucional, ao obter critérios hermenêuticos no exercício de sua 
função, deve sempre cuidar que suas escolhas não se distan-
ciem das escolhas que o povo, soberanamente, positivou na 
Constituição, princípio e fim de toda atividade do intérprete.
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Como objeto da interpretação, a Constituição tem uma objetivi-
dade diante do intérprete que não tolera a captação de outros sig-
nificados para além daqueles que ela transmite por meio do diálogo 
hermenêutico. Por outro lado, não pode o intérprete assumir uma 
posição de passividade, mas deve tomar parte na produção desse 
diálogo. Nesse momento, nem o intérprete pode agir arbitraria-
mente, pois tem na Constituição mesma o limite de sua atividade, 
nem se pode admitir que a Constituição tenha um certo sentido 
predeterminado, que não possa ser confrontado com a posição do 
intérprete. Trata-se, portanto, de uma relação dinâmica entre o in-
térprete e o texto constitucional, iluminado pelo seu conhecimento 
jurídico e pela sua formação axiológica.
5 FUNDAMENTOS DA UNIDADE AXIOLÓGICA DA CONSTITUIÇÃO
A nova hermenêutica constitucional se caracteriza pela sua 
abordagem axiológica, o que é decorrente da própria axiologia 
presente no texto constitucional. Na carta constitucional mate-
rializa-se a integração entre os planos social, político e o jurídi-
co, caracterizando isso uma unidade interna da Constituição que 
tanto ocorre no plano normativo, quanto no plano axiológico. 
Dada essa característica, o verdadeiro sentido do texto constitu-
cional somente pode ser alcançado quando ele é compreendido 
de acordo com essa visão de unidade, na qual os elementos va-
lorativos presentes na cultura se integram com os elementos po-
líticos e jurídicos, devendo ser considerado o melhor método de 
interpretação constitucional exatamente aquele que tiver a capa-
cidade de encontrar e viabilizar esses três elementos básicos. Ou 
seja, a interpretação constitucional terá sempre esse caráter de 
abertura e abrangência próprio do seu texto, onde predominam 
conteúdos mais dinâmicos, diferentemente da interpretação da 
legislação ordinária, que será sempre mais restrita e limitada.
No artigo 1.º da Constituição Brasileira de 1988, encontram-
se perfeitamente delineados os paradigmas da sua unidade 
axiológica, quando declara a opção do nosso legislador 
constituinte pela forma do Estado Democrático de Direito, tendo 
como valores fundamentais:
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a soberania;1 - 
a cidadania;2 - 
a dignidade da pessoa humana;3 - 
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.4 - 
Reflexão
Se bem observarmos, desses quatro valores básicos, o 
valor primordial é a dignidade da pessoa humana, 
pois os outros três são condições para sua viabilização. A 
dignidade da pessoa humana constitui-se no valor central 
em torno do qual giram todos os demais, porque ele não 
decorre de uma mera decisão dos constituintes, mas de 
um reconhecimento de ser essa uma exigência da própria 
natureza humana, de modo que a razão de ser da socie-
dade e do Estado se fundamenta no fato de serem eles 
meios para a sua realização. Os princípios estruturantes 
do Estado brasileiro (democrático, federativo e republi-
cano) são as formas escolhidas como mais adequadas 
para a concretização daquele princípio básico, que é a 
dignidade da pessoa humana.
Ao mesmo tempo que este princípio estabelece o eixo central do 
texto constitucional,a melhor interpretação da Constituição será 
aquela que mais se ajustar a essa finalidade. A esse pensamento, 
Magalhães (2004) considera que:
Para que seja possível ao intérprete conferir unidade 
de sentido à Constituição, necessária se faz a adoção 
de um método teleológico-sistemático. O aplicador da 
Constituição deve compreender os valores mais especí-
ficos em cotejo com os valores mais gerais, tornando-se 
estes últimos fins a serem alcançados pelos primeiros 
(MAGALHÃES, 2004, p. 91).
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Por outras palavras, a interpretação constitucional, além de 
viabilizar a consecução dos seus próprios fins, fornece ainda os 
elementos necessários para a interpretação da legislação comple-
mentar e ordinária, dentro do conceito já mencionado nestas notas 
sobre a circularidade da compreensão. Daí poder-se afirmar que a 
interpretação da legislação se faz sob a luz da Constituição, deven-
do qualquer outra possibilidade interpretativa, ainda que gramati-
calmente encontrável, ser rejeitada pelo intérprete. 
Resumo
Após estas considerações sobre a hermenêutica constitucional, 
podemos retirar algumas conclusões práticas importantes:
A interpretação constitucional é o princípio e o fim a) 
de toda a hermenêutica jurídica, porque é através 
dela que se realiza a melhor aplicação prática das 
normas vigentes no ordenamento;
A interpretação constitucional é o ponto culminante b) 
da atividade do intérprete do Direito, seja o(a) 
advogado(a), o(a) magistrado(a) ou o membro do 
Ministério Público, porque assim estará realizando a 
autêntica função social do Direito;
A interpretação constitucional é o ponto de partida c) 
de todo o processo da interpretação integradora do 
Direito, nas suas diversas formas de hetero e auto-
integração, na medida em que nenhuma lacuna 
jurídica poderá ser preenchida em desacordo com 
os ditamos emanados da Constituição;
A interpretação constitucional é o ponto de d) 
interseção onde se cruzam os interesses sociais 
com os paradigmas jurídicos que os protegem, 
servindo assim como instrumento de equilíbrio da 
atividade jurídico-social, em obediência ao princípio 
da proporcionalidade. 
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Sendo regras de conteúdo mais amplo, as normas 
constitucionais podem ser mais facilmente adequadas às novas 
situações que surgem com o desenvolvimento da sociedade, 
funcionando desse modo como inspiração para manter atualizada 
a correlação entre a sociedade e o Direito, favorecendo com 
isso a tese da necessária completude do ordenamento jurídico. 
Portanto, nenhum profissional do Direito exercerá com fidelidade 
e plenitude a sua tarefa se não estiver apto a fazer, com segurança 
e competência, este trânsito constante entre a interpretação 
legislativa e a interpretação constitucional.
Com essa reflexão acerca das interpretações legislativa e 
constitucional, encerramos nossa quinta e última unidade da 
nossa disciplina. Espero que nosso estudo tenha sido provei-
toso, e lembrem-se de participar das nossas web-aulas e dis-
cussões do fórum. Nos vemos em nossos ambientes! Até lá!
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Referências bibliográficas
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