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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 389 
ISSN 1517-8595 
 
 
CERA DE CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum officinarum L.) NA FORMULAÇÃO DE 
UM BRILHO LABIAL A PARTIR DE EXTRAÇÃO SIMPLES E POR BIOETANOL 
 
 
Carina Nazato1; Suellen Catarina Urias Ferraz1, Franz Zirena Vilca2, Nádia 
Hortense Torres2, Daniela Ferraz de Campos Silva1, Marcia Nalesso Costa Harder1 
 
RESUMO 
 
As ceras podem ser classificadas em: naturais, animais ou sintéticas, onde estão contidas 
em diversos produtos cosméticos, como o brilho labial, que é considerado um símbolo da 
sensualidade feminina, ocupando o primeiro lugar na preferência delas. No entanto, na 
fabricação deste, são utilizados compostos sintéticos que poderiam ser substituídos por 
materiais vegetais, como a cera de cana-de-açúcar, uma vez que a cera está concentrada 
na torta de filtro, sendo uma opção tecnológica à um produto utilizado como fertilizante. 
Assim, objetivou-se agregar valor a um subproduto da indústria sucroalcooleira, 
empregando-o como substituinte natural ao material sintético (a vaselina líquida e sólida) 
utilizando uma metodologia “controle” cedida por uma farmácia de manipulação. Foram 
preparadas três formulações distintas, onde F1 foi o controle; F2 substituiu a vaselina 
líquida pela cera obtida por extração simples e o aromatizante artificial de morango por 
açaí em pó natural e F3 substituindo a vaselina sólida e líquida por cera bruta extraída da 
torta de filtro com biotetanol e aromatizante alimentício de morango. Foram avaliados os 
parâmetros físico-químicos (pH, umidade e cinzas) e sensorial (aparência e odor). O pH 
das amostras de brilho labial não variou, permanecendo a 5,5. F2 apresentou o maior teor 
médio de umidade na ordem de 3,7 %. O índice de cinzas foi mais significante na 
formulação F3, com 1,6 % de matéria inorgânica. Já na análise sensorial, foram avaliados 
de maneira quantitativa pelo teste Tukey 5% de significância por meio do programa SAS. 
A maior aceitabilidade na análise sensorial foi com a formulação controle, indicando que 
são necessários tratamentos posteriores à extração a fim de adequá-la para redução de 
umidade, caracterização dos componentes das cinzas e atribuição de parâmetros 
organolépticos desejáveis. 
 
Palavras chave: antioxidante, torta de filtro, vaselina 
 
CERAMIDES SUGAR CANE (Saccharum officinarum L.) IN FORMULATION OF 
A GLOSS FOR SIMPLE EXTRACTION AND BY BIOETHANOL 
 
ABSTRACT 
 
The ceramides can be classified as: vegetal, animal or synthetic, which are contained in 
many cosmetic products like lip gloss, which is considered a symbol of female sensuality, 
ranking first in their preference. However in its production are used synthetic compounds 
that could be replaced by plant materials such as wax, sugar cane, since the wax is 
concentrated in the filter cake and that can be a technology option to a product that is 
used as a fertilizer. Thus the objective was to add value to a by-product of sugar industry 
employing it as a substitute natural to the synthetic material (vaseline) using a 
methodology "control" courtesy of a compounding pharmacy. Three different 
formulations were prepared, which was the control F1, F2 replaced by liquid petrolatum 
wax obtained by simple extraction and artificial strawberry flavoring by natural “açaí”
 
Protocolo 
1 Curso de graduação em Tecnologia de Biocombustíveis. Faculdade de Tecnologia de São Paulo – Piracicaba - 13414-141- 
Piracicaba - SP - Brasil. E-mail: cnazato@gmail.com; suellen_ferraz@yahoo.com.br; mnharder@terra.com.br 
2 Departamento de Ecotoxicologia. Centro de Energia Nuclear na Agricultura – Piracicaba - 13400 – 970 – Piracicaba – SP – Brasil. 
E-mail: franz-cena.usp@hotmail.com; nhtorres@cena.usp.br 
390 Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 
 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
powder and F3 replacing petroleum jelly and liquid wax extracted from crude filter cake with 
biotetanol and strawberry flavoring food. We evaluated the physical and chemical parameters 
(pH, humidity and ash) and sensory analysis (appearance and smell). The pH of the samples of 
lip gloss did not change, remaining at 5.5. F2 had the highest average content of humidity in the 
order of 3.7%. The ash content was more significant in the F3 formulation with 1.6% of 
inorganic matter. In the sensory analysis, were assessed quantitatively by Tukey test 5% 
significance level using the SAS program. The greater acceptability in the sensory analysis was 
with the control formulation, indicating that they needed further treatment to extraction in order 
to adapt it to reduce humidity, ash characterization of components and assignment of desirable 
organoleptic parameters. 
 
Keywords: antioxidant, filter cake, vaseline 
 
INTRODUÇÃO 
 
Com a incessante busca por produtos de 
melhores qualidades, como por exemplo, o 
açúcar desprovido de impurezas e com cristais 
uniformes, obtém-se uma diversificação de 
descartes agroindustriais (Cortez et al, 1992), 
os quais uma vez processados corretamente, 
podem atuar como matéria-prima em diferentes 
situações, como o bagaço, a vinhaça, a levedura 
e a torta de filtro. 
Na torta de filtro é observada uma ordem 
média de cera bruta e lipídios entre 5 a 14% sob 
base seca, havendo diferentes propostas para a 
sua utilização porém, elas quase sempre são 
enviadas aos campos como fertilizantes nas 6 
semanas que antecedem o plantio da gramínea 
(Paturau, 1969). Durante o processo de 
moagem da cana, cerca de 40% do material 
lipídico é disperso no caldo como material 
suspenso, enquanto que o restante é retido no 
bagaço após a moagem. 
Em seguida, no processo de calagem, os 
íons orgânicos e inorgânicos contidos no caldo 
são precipitados na forma de sais de cálcio e 
estes ocluem os materiais ceroso e graxos 
presentes no caldo e, em decorrência, a cera é 
concentrada na torta (Paturau, 1969). De acordo 
com Adamenas (1982) sob a torta de filtro seca 
são encontrados de 5 a 17% de cera e uma usina 
com capacidade de moagem 4000 toneladas 
diárias perde em torno de 4 t de cera no período 
da safra. 
Nas plantas elas atuam como proteção à 
perda de água pela superfície, pela 
evapotranspiração e aos ataques 
microbiológicos, as quais podem ser 
classificadas de acordo com sua procedência: 
naturais (animais e vegetais) ou sintéticas 
(petróleo) (Li & Parish, 1998). 
 Assim, junto à superfície das plantas, as 
ceras atuam como uma camada de material fino 
ceroso, formando a interface entre a planta e a 
atmosfera, onde pode controlar os compostos 
voláteis que possam atrair pragas e insetos 
polinizadores, evitando o desenvolvimento de 
doenças, além de promoverem resistência à 
seca (Christie, 2003). 
A cera bruta de cana-de-açúcar é um 
sólido ceroso mole de cor escura, constituída 
por 45% de cera, 35% de matéria graxa e 20% 
de resina, sendo a cera refinada a fração mais 
valiosa por conter 55% de ésteres; 8% de ácidos 
livres; 10% de alcoóis livres; 25% de aldeídos e 
cetonas e 2% de hidrocarbonetos, segundo 
Frutuoso (1989) citado por Gandra (2006) 
 O óleo da cera bruta é encaminhado para 
o preparo de ração animal, utilizado na 
obtenção de fitoesteróis e anti-espumante, na 
fabricação de extintores de pó, entre outros 
usos. Já a cera refinada pode ser utilizada em 
emulsões de revestimentos de frutas,polidores 
de chão; tintas e cosméticos, ao passo que a 
resina possui opções mais restritas para 
industrialização, sendo usada em aditivo 
plastificante e pneus (Taupier, 1988). 
Em Cuba a cera de cana-de-açúcar é 
produzida em larga escala, sendo encontradas 
diversas patentes de seus derivados no país 
(Adamenas, 1982; Vieira, 2003), a exemplo do 
policosanol, um produto derivado da cera de 
cana-de-açúcar eficaz na prevenção de doenças 
cerebrais vasculares, comercializado para mais 
de 30 países como Austrália, México, 
Argentina, Noruega e Canadá, segundo Porto 
Com Cuba (PCC, 2004). 
Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 391 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
Para Adamenas (1982), a maior 
qualidade da cera natural é evidente quando se 
comparada às ceras sintéticas, muitas vezes 
também, insubstituíveis em determinados 
processos, além de os preços serem inferiores e 
a auto-suficiência na obtenção revelarem uma 
conveniência especial para o mercado nacional 
das ceras naturais. 
Sendo assim, o brilho labial é formado 
por cinco propriedades: Corpo branco (cera; 
corpos graxos pastosos e corpos graxos 
líquidos); corantes; fragrância; antioxidantes; 
princípios ativos Pruniéras (1994). Portanto, o 
objetivo deste trabalho foi agregar valor à cera 
bruta de cana-de-açúcar, empregando-a como 
substituinte natural ao material sintético (a 
vaselina líquida e sólida) que são utilizadas em 
uma formulação de brilho labial. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Foram preparadas 3 formulações 
distintas, das quais a formulação 1 (F1) foi o 
controle, na formulação 2 (F2) foi utilizado o 
extrato com ceroso substituindo a vaselina 
sólida e flavorizante natural de açaí 
substituindo a essência de morango. Já na 
formulação 3 (F3) foi utilizada a cera bruta 
substituindo as vaselinas sólida e líquida. 
Os ativos utilizados na formulação 
controle do brilho labial foram adquiridos em 
uma farmácia de manipulação, os quais 
seguem: cera abelha, vaselina sólida, vaselina 
liquida, manteiga de cacau, vitamina e, 
phenobem, BHT. Tanto o açaí em pó natural 
quanto o aromatizante artificial alimentício de 
morango foram utilizados para atribuir aroma 
às formulações. 
 
Obtenção simples do extrato ceroso da cera a 
partir do caldo de cana-de-açúcar 
O extrato com cera da cana-de-açúcar 
destinado à formulação F2 e foi obtido a partir 
da cocção do caldo de cana3, onde o composto 
sobrenadante foi retirado e armazenado em 
 
3 Cana cultivada em sistema tradicional na FATEC, 
Piracicaba - SP e colhida manualmente. 
bequer a 4ºC em geladeira para posterior 
utilização. 
Extração da cera a partir de torta de filtro do 
caldo de cana-de-açúcar 
 
A torta de filtro utilizada para extração da 
cera bruta utilizada em “F3” foi cedida pela 
Usina Pederneiras (município de Tietê,SP), do 
processamento de cana-de-açúcar4 da safra de 
2010/2011. 
Para a obtenção da cera de cana-de-
açúcar, utilizada em F3, seguiu-se os métodos 
descritos em Vieira (2003), com algumas 
adaptações. Para a extração foram organizados 
cartuchos de papel de filtro com 140 g de torta 
de filtro os quais foram submetidos à extração 
em Soxhlet por aproximadamente 2 horas em 
cada batelada. Após este processo, os balões 
seguiram para a eliminação do solvente por 
aquecimento em banho-maria a 90ºC, gerando o 
analito concentrado. 
 
Formulação controle do brilho labial sólido 
 
A formulação do brilho labial foi 
fundamentada na metodologia utilizada na 
farmácia de manipulação, a qual refere um 
produto com a massa final de 8g. Nesse sentido, 
foram preparadas (a) uma amostra com a 
formulação original (F1); (b) uma amostra 
substituindo totalmente a vaselina sólida pelo 
composto ceroso do caldo de cana por extração 
simples e a essência por um flavorizante natural 
de açaí (F2) e (c) uma amostra substituindo 
tanto a vaselina sólida, quanto a vaselina 
líquida pela cera bruta da cana extraída com 
bioetanol (F3), destacado na Tabela 1. 
Tabela 1. Componentes e concentração das 
matérias-primas (%) 
Matérias Primas Função F1 F2 
F3 
Cera Abelha Umectante 11 11 11 
Cera de cana Umectante _ 35 40 
Vaselina sólida Emoliente 35 _ _ 
Vaselina liquida Emoliente 5 5 _ 
Manteiga de cacau Emoliente 41 41 41 
Vitamina E Antioxidante 0,5 0,5 0,5 
Phenobem Conservante 0,1 0,1 0,1 
BHT Antioxidante 0,05 0,05 0,05 
Essência de 
morango 
Aromatizante 10 gotas _ _ 
Açaí Flavorizante _ 7,35 _ 
 
4 Cana cultivada em sistema tradicional e colhida 
mecanicamente. 
392 Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 
 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
 1º Tratamento: Preparo do brilho labial 
controle 
 Em um béquer de 250 mL previamente 
tarado, pesou-se todos os ativos, exceto o 
aromatizante. Em seguida fundiu em banho-
maria a 70ºC, homogeneizando com um bastão 
de vidro. Retirou-se do aquecimento e 
adicionou-se o aromatizante e homogeneizou-
se, o extrato foi acondicionado em geladeira a 
4ºC para as posteriores análises. Após isto, as 
amostras foram retiradas do aquecimento para a 
adição do aromatizante e, posteriormente 
distribuídas em copos plásticos vedados com 
plástico filme. 
 2º Tratamento: Preparo do brilho labial 
substituindo a vaselina sólida pela cera 
Nesta formulação, o composto com cera 
estava reservado na geladeira de forma 
totalmente sólida, o qual foi submetido a 
aquecimento em banho-maria a 70ºC, obtendo-
se uma consistência semi-sólida e esfarelada 
(para facilitar sua manipulação). Feito isso, 
pesou-se tal quantidade em um béquer de 200 
mL e reservou-a. 
Conforme baseado na metodologia 
fornecida pela farmácia pesou-se as respectivas 
frações dos ativos para a formulação 2 e os 
colocou em aquecimento em banho-maria. 
Após a fundição, o extrato foi retirado do 
banho, ao qual foi adicionado o flavorizante 
natural de açaí. 
 
3º Tratamento: Preparo do brilho labial 
substituindo a vaselina sólida e líquida pela 
cera de cana-de-açúcar 
Na terceira formulação, partiu-se de 140 
g de torta de filtro submetida ao processo de 
extração em Soxhlet pelo período de refluxo de 
2 horas. Ao final da operação, foram obtidos 
4,242 g de extrato de cera bruta. Para a 
obtenção do extrato de cera, seguiu-se a 
metodologia padrão da formulação do brilho 
labial, substituindo as vaselinas pelo extrato de 
cera e eliminado o aromatizante, nos quais 
todos os ativos foram para aquecimento em 
banho-maria e, após a fundição foram 
acondicionados em geladeira. 
pH 
O pH das amostragens foi verificado por 
meio de fitas medidoras de pH da Merck®. 
 
Umidade 
 
Para a determinação do teor de umidade 
das amostras utilizou-se o método direto, por 
analisador infravermelho, onde a água foi 
retirada por aquecimento e o teor de umidade é 
obtido pela diferença de peso das amostras de 
início e final expressos em porcentagem, assim 
como descrito por Park e Antônio (2006). 
Programou-se o analisador 
infravermelho, (temperatura de fundição foi 
igual a 155ºC), onde, foram colocadas frações 
das amostras com massas menores que 1g para 
a leiturade umidade total. 
 
Cinzas 
No presente ensaio, as massas dos 
cadinhos foram taradas e após, as amostras 
foram pesadas. Feito isso, os cadinhos seguiram 
para incineração em mufla a ±450ºC, nos quais 
permaneceram até a carbonização total dos 
compostos. Ao término desta etapa, as cinzas 
seguiram para arrefecer em dessecador. E então 
os cadinhos foram pesados novamente para a 
determinação do teor de cinzas contido nos 
brilhos labiais. 
Análise sensorial 
 
Todos os procedimentos utilizados foram 
solicitados ao parecer do Comitê de Ética em 
Pesquisa da Faculdade de Tecnologia de 
Piracicaba. Para tanto foram empregados testes 
de aceitabilidade de escala hedônica, uma vez 
que é indispensável reconhecer o “status 
afetivo” dos consumidores a respeito do 
produto, entendendo sua preferência (Ferreira, 
2000). 
A análise sensorial ocorreu pela 
avaliação dos atributos referentes ao brilho 
labial, como aroma, brilho e textura visual, 
onde foram necessários 40 voluntários (por não 
serem profissionais treinados) com a idade 
Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 393 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
média de 20 anos. Foi organizado um 
formulário apresentado a cada provador, com o 
intuito de expressarem suas preferências 
mediante os produtos (FERREIRA, 2000). 
 Cada voluntário avaliou cada uma das 
três amostras de brilho labial, utilizando os 
sentidos olfativos e visuais, quanto aos atributos 
aroma, brilho e textura, isento do contado direto 
com as amostras, por precaução, já que não foi 
possível determinar sua segurança, caso fossem 
minimamente ingeridos. A análise ocorreu no 
laboratório de operações unitárias onde as 
amostras foram dispostas sobre o papel vegetal 
branco na bancada. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Formulação do brilho labial 
 
A formulação controle (F1) foi 
facilmente incorporada à temperatura de 55ºC, 
constituindo uma miscelânea com aroma de 
artificial de morango, cuja coloração clara, 
uniforme, de consistência sólida e de textura 
gordurosa, em razão da presença das vaselinas 
sólida e líquida. 
 Todavia, em F2, com decorrer do 
aquecimento em banho-maria, o extrato que 
continha a cera ficou denso e não apresentou 
em uma mistura homogênea, decantou no fundo 
do béquer em uma consistência pastosa e densa. 
 Em F3, o produto final incorporou-se em 
um material homogêneo, com coloração verde 
escura, porém menos oleoso, do qual um odor 
forte podendo ser atribuído à possível presença 
de acroleína. A Figura 1 demonstra as três 
formulações: 
 
 
Figura 1. Brilho labial controle (F1), brilho 
labial com extrato com cera + açaí (F2) e brilho 
labial com cera bruta (F3). 
 A formulação de produtos cosméticos 
devem respeitar a integridade da pele, 
mantendo o pH fisiológico (entre 4 a 6,5), ser 
bastante tolerada e de inocuidade toxicológica e 
microbiana, além da textura agradável e de fácil 
emprego (Peyferitte, 1986). Deste modo, o pH 
médio dos três tratamentos mantiveram-se a 
5,5, obedecendo a margem de tolerância. 
Em relação à umidade de produtos 
labiais, não foram encontrados parâmetros na 
literatura para avaliação com os dados obtidos. 
No entanto, pode-se observar que F1 não 
apresentou teor de umidade significativo, o que 
pode corresponder ao caráter lipofílico das 
matérias-primas utilizadas, não indicando a 
presença de água ligada, nem atividade de água. 
 O tratamento F2 demonstrou a presença 
porcentual de umidade em relação a F1 quase o 
triplo, por conta do extrato de cera não ter sido 
extraído com solvente seletivo e coletando, 
portanto, a água presente no caldo de cana, 
além do açaí natural adicionado e açúcares, 
sais, ácidos orgânicos e albuminóides contidos 
no caldo de cana (Meade e Chen, 1977), que 
também pode ter contribuído para a 
heterogeneidade do produto final, tendo maior 
suscetibilidade à contaminação microbiana, 
segundo Yamamoto et al (2004), a 
contaminação patogênica pode comprometer a 
instabilidade, modificar as características físicas 
e inativação dos princípios ativos . 
 Já F3 apresentou uma taxa de umidade 
levemente superior ao controle, onde todas as 
matérias-primas empregadas possuíam caráter 
lipídico, porém é possível ter ocorrido a não 
separação de todo o etanol utilizado na extração 
da cera, e sendo o mesmo da ordem de 96 ºGL e 
uma pequena quantidade de água pode ter 
permanecido, além de seu caráter higroscópico 
sendo possível ter absorvido a umidade 
atmosférica à formulação. 
 
 
 
 
 
F3 F1 F2 
394 Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 
 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
Tabela 2. Análise de pH e teor percentual de umidade e cinzas de F2 comparadas ao controle. 
Formulações pH UMIDADE 
(%) 
CINZA 
( %) 
F1 (5,5 ± 0)1 (0,57 ± 0,4) (0,7 ± 0,08) 
F2 (5,5 ± 0) (3,7 ± 4,1) (0,7 ± 0,35) 
 1Média ± Desvio padrão 
 
Tabela 3. Análise de pH e teor percentual de umidade e cinzas de F3 comparadas ao controle. 
Formulações pH UMIDADE 
(%) 
CINZA 
(%) 
F1 (5,5 ± 0) 1 (0,57 ± 0,4) (0,7 ± 0,08) 
F3 (5,5 ± 0) (0,75 ± 0,31) (1,6 ± 0,11) 
 1Média ± Desvio padrão 
 Tratando-se do material inorgânico 
presente nas formulações, não foram 
constatados parâmetros na literatura referentes 
ao brilho labial e, segundo Atz (2008) não 
existe legislação específica em relação aos 
resíduos de elementos tóxicos como As, Cd, 
Co, Cr, Cu, Ni, Pb e Hg. Segundo as pesquisas 
do mesmo autor para a concentrações destes 
elementos tóxicos em amostras de batom de cor 
prata, foram obtidos um teor médio total de 4, 
225 µg g-1. 
 Foi possível observar com os dados 
obtidos que F1 apresentou uma quantidade 
menor de material inorgânico comparado à F2 e 
F3, atribuindo ao fato de a vaselina sólida e 
líquida serem compostas majoritariamente por 
hidrocarbonetos (e em menor proporção por 
material inorgânico, já que a diferença básica 
entre as formulações foi a substituição da 
vaselina e do aromatizante artificial). 
 O tratamento F2 representou uma 
quantidade maior das cinzas comparado ao 
controle, já que no composto de cera obtido por 
extração simples pode conter fosfatídeos e 
ácidos inorgânicos. O terceiro tratamento 
apresentou o maior teor de cinzas, o que pode 
ser atribuído pela questão de o extrato de cera 
bruta utilizado concentrar matéria inorgânica, 
como os fitoesteróis, iodo, ácidos orgânicos e 
inorgâncos (Taupier et al, 1988), fósforo, ácido 
octacosanóico, oléico e palmítico (VIEIRA, 
2003). 
 Já a análise sensorial (Tabela 5), 
observou-se que a substituição do aroma padrão 
de morango pelo flavorizante natural de açaí em 
F2, pode ter sido confundido com os ativos 
utilizados, dos quais não foram 
homogeneizados. A isenção de cheiro em F3 
diminuiu a intensidade de aprovação alterando 
significativamente (p<5%) em relação à F1. 
 Porém, F2 não constatou diferenças 
mínimas significativas comparadas a F1. Já 
com F3 houve menor aceitabilidade comparada 
ao controle sendo, portanto, alteradamente 
significantes a (p<5%). Correlacionando a 
textura visual dos três tratamentos com o 
aspecto macroscópico homogêneo e com a 
coloração amarela clara, F1 expressoua mesma 
aceitabilidade à heterogeneidade de F2. 
Contudo, F3, de coloração marrom-esverdeada 
intensa foi estatisticamente inferior ao controle. 
A Tabela 4 faz referência à análise estatística do 
teste F de Tukey a 5% de significância e 
demonstra a avaliação das três formulações de 
brilho labial. 
 
 
 
Cera de cana-de-açucar na formulação de um brilho labial a partir de extração simples e por bioetanol Ferraz et al. 395 
 
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.389-396, 2012 
Tabela 4. Média dos atributos sensoriais das formulações de brilho labial1 e 2. 
Atributos 
Formulações Aroma Brilho Textura 
F1 7,88 ± 1,7 a 7,35 ± 1,4 a 7,3 ± 1,8 a 
F2 5,63 ± 2,7 b 6,57 ± 1,9 ab 7,01 ± 2,4 ab 
F3 5,31 ± 2,7 b 6,32 ± 1,8 b 6,06 ± 2,3 b 
DMS3 1,04 0,92 1,07 
1 Média ± Desvio padrão 
2 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (<5%). 
3 DMS: Diferença mínima de significativa do teste de Tukey ao nível de significância 5%. 
 
Perspectivas 
 Na indústria farmacológica, a cera tem 
possibilidade de substituir o material sintético 
do produto e atribuir particularidades anti-
radicais livres e baixo aspecto gorduroso, sendo 
necessários tratamentos posteriores à extração 
para a redução de umidade, parâmetros 
organolépticos desejáveis. 
Para a utilização do F2 é necessária uma 
metodologia do brilho labial que veicule todos 
os compostos contidos no caldo de cana que 
foram carregados com a cera, com os ativos da 
formulação, inclusive o carboidrato e os sais, de 
modo a não ocorrer à separação de fases. 
Necessita de análise que comprove a 
composição da cera bruta, já que HPA podem 
ter sido arrastados na extração com etanol. 
Como a cera bruta de cana-de-açúcar foi 
incorporada à formulação do cosmético sem a 
formação de dupla fase, existe a necessidade de 
remoção do odor intenso da cera e incluir 
processos que lhe atribuam satisfatoriamente o 
brilho e textura convencional. 
Além disso, análises quanto às de 
atribuições do iodo e o fósforo contidos no 
cosmético com a utilização da cera bruta, e 
também de estudos que determinem a 
disponibilidade do policosanol, a influência e 
seu respectivo efeito no referido cosmético. 
 
 
 
CONCLUSÕES 
 Pode-se concluir que a aceitabilidade 
geral dos produtos foi maior em F1, seguida por 
F2 e F3. F1 apresentou maior textura gordurosa 
já F2, por apresentar maior teor de umidade, 
ficou mais suscetível à instabilidade física, 
contaminação microbiana e degradação por 
hidrólise. 
 Apesar de F3 ter apresentado menor 
escala na preferência em brilho, aroma e 
textura, ela apresentou uma resistência física 
elevada sob temperatura ambiente ao final da 
análise sensorial Portanto, a partir dos dados 
deste trabalho, concluiu-se que a cera bruta de 
cana-de-açúcar tem potencial para o emprego 
no brilho labial. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 À Escola Superior Luiz de Queiroz 
(ESALQ) e ao professor Dr. Claudio Lima de 
Aquiar por disponibilizar a utilização do 
equipamento Sohxlet. 
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